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O ciclo do bem
by eba_pucpr
Fazer o bem é uma via de mão dupla. Exemplos são o que não faltam quando o assunto é ajudar o próximo.
Amanda Bedide Guilherme Liça Hellen Ribaski
Otrabalho voluntário tem quebrado barreiras e instigado cada vez mais pessoas a se envolverem em causas em prol de instituições, comunidades, crianças, jovens e adultos que precisam de ajuda. É por meio dessas atividades não remuneradas que muitas histórias têm trilhado um caminho feliz e recompensador.
O mais interessante é que pesquisas revelam que quem ajuda os outros acaba ajudando a si mesmo. O ditado “o feitiço volta contra o feiticeiro” é verdadeiro, mas num bom sentido. Aquele que dedica parte do tempo a fazer o bem a outras pessoas melhora a própria saúde, beneficiando o coração e o sistema imunológico. Entre os pesquisadores, estavam professores da universidade de Harvard, nos Estados Unidos, que entrevistaram cerca de 2.700 pessoas durante dez anos.

Além dos benefícios para a saúde registrados pelas pesquisas, histórias do dia a dia As idealizadoras da Tranforme Sorrisos encaram a ONG como a missão de suas vidas.




de quem vive essa realidade mostram o quão gratificante tem sido trabalhar pelo bem-estar do próximo, trazendo ainda maiores benefícios para o crescimento pessoal. É isso o que duas instituições de trabalho voluntário destacam.
Sorrindo para a vida
A Transforme Sorrisos é uma organização não governamental (ONG) que tem como objetivo principal suprir crianças e adolescentes, de baixa renda e em situação de vulnerabilidade social, com atividades culturais e educacionais. Por meio de trabalho voluntário, a proposta é levar às comunidades e instituições em que atua um pouco de lazer e atividades que proporcionem um crescimento social mais adequado para o futuro dos jovens. De maneira lúdica e divertida, a Transforme Sorrisos age por meio das áreas de música, circo, literatura, artes visuais e educação ambiental.
Sob a orientação das fundadoras, a jornalista Vivian Escorsin e a ilustradora Ana Nisio, o projeto tem crescido bastante. No último ano, a ONG atendeu mais de 2.370 crianças e adolescentes, de 0 a 18 anos, em seus diversos projetos. E, permanentemente, mantém atendimento a cem crianças. Para elas, esse resultado é um tanto surpreendente e gratificante. “Quando nós começamos com esse projeto, não fazíamos ideia de que tomaria a proporção que tem hoje, ainda mais por temos começado de uma maneira inesperada”, conta Vivian.
Em um momento descontraído durante um jantar entre as amigas Vivian e Ana, em outubro de 2010, surgiu a ideia de fazer o Natal de algumas crianças mais feliz naquele ano. Para arrecadação de alguns brinquedos destinados à doação, elas decidiram fazer uma festa para seus amigos, para a qual a entrada seria um brinquedo. “Com ajuda do Facebook para a divulgação, nós arrecadamos mais de 300 brinquedos e pudemos doá-los no Natal, como havíamos planejado”, relembra.
Com o resultado positivo e as fotos publicadas na página do Facebook, mais pessoas quiseram participar da ação e da entrega dos presentes. Dessa maneira, elas fizeram mais uma festa para arrecadação de agasalhos e mais pessoas foram junto fazer a entrega. Conforme os meses foram passando, o projeto tinha uma demanda maior, e, em junho de 2013, elas decidiram se dedicar exclusivamente ao Transforme Sorrisos, em tempo integral. E, desde então, o projeto é reconhecido como uma ONG e vem crescendo cada vez mais.
Para Ana, se dedicar ao projeto é muito mais do que realizar um simples trabalho voluntário. “Essa é uma missão que nós assumimos com bastante garra e prazer. E precisamos de pessoas que se envolvam completamente com essa causa, porque é um bem que se faz não somente aos ajudados, mas principalmente a nós mesmos, que dedicamos grande parte do nosso tempo a isso”, afirma. Vivian concorda

com o pensamento da companheira. “Quando decidimos deixar nossas profissões, foi por amor e cuidado ao que fazemos, sem contar a tamanha felicidade e bem-estar que isso tem nos proporcionado. Nós procuramos aplicar toda a nossa bagagem profissional no Transforme Sorrisos e aprender sempre mais com o que estamos fazendo aqui”, finaliza.
“É um bem que se faz não somente aos ajudados, mas principalmente a nós mesmos.” - Vivian Escorsin, da Transforme Sorrisos
Ana Nísio e Vivian Escorsin, fundadoras da ONG Transforme Sorrisos.
O projeto Kmuflados, idealizado pelo administrador Eduardo França Xavier, tem como objetivo dar visibilidade àqueles que muitas vezes passam despercebidos aos olhos de quem transita pela cidade: os moradores de rua.
A iniciativa surgiu a partir das observações de Eduardo, que no trajeto para o trabalho, entre uma pedalada e outra, começou prestar atenção à triste realidade de quem está ao relento nas ruas. “Eles estão camuflados e esquecidos e, em meio à agitação e correria do dia a dia, se tornam invisíveis”, relata Xavier.
A ideia de despertar uma ação para ajudar os moradores de rua deu vida ao Kmuflados. Atualmente, oito pessoas auxiliam no projeto, que utiliza de um blog para propagar a iniciativa. “O objetivo é mostrar a história dessas
pessoas, que precisam de auxílio para recomeçar a vida”, comenta Xavier.
O primeiro morador de rua a ter sua história contada pelo Kmuflados foi Ronaldo Chaime Macedo, que vive embaixo de uma ponte no bairro Guabirotuba, e tem como companhia seus cinco cachorros. Depois de estabelecer um laço de confiança com o morador, os jovens publicaram um vídeo com o depoimento de Ronaldo, contando sua trajetória nas ruas.
A partir daí, a história de Ronaldo tomou um novo rumo. “Procuramos saber quais eram as necessidades dele. Ajudamos com comida, roupa, com o concerto da carroça que ele usa para trabalhar. Conseguimos um local para ele ficar e um novo emprego”, comenta o idealizador.
Com a divulgação da história de Ronaldo nas redes sociais, e com a repercussão do projeto, outras pessoas se mobilizaram e decidiram ajudar o morador. “Uma professora ofereceu aula de dança, outra pessoa vai dar aulas de violão. Nós queremos ajudar o Ronaldo a mudar sua história de vida”, ressalta.
Uma das dificuldades enfrentadas pelo projeto é a falta de parcerias. Para mudar isso, a iniciativa abre inúmeras possibilidades de ajuda que vão desde trabalhos voluntários, doações financeiras, criação de atividades socioculturais até a indicação de outro morador que esteja precisando de ajuda. “O Kmuflados mudou a minha vida, e ajudou a mudar a história desse morador de rua, nós queremos fazer a diferença na vida de outras pessoas”, comemora o idealizador do projeto.
“Eles estão camuflados e esquecidos.” - Eduardo Xavier, fundador do Kmuflados
Ronaldo e seus melhores amigos.