Edição Especial - Apóstolos da Educação

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MOSSORÓ - maio de 2024 | Ano XXVIII | Nº 124 www.diocesanosantaluzia.com.br | cdslmossoro @diocesanosantaluzia | cdslmossoro

Pe. Sátiro Cavalcanti e Pe. Philipe Villeneuve, APÓSTOLOS DA EDUCAÇÃO
ESPECIAL
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Dois amores eternizados

Dois amores eternizados

Pe. Sátiro e Pe. Philipe

Como pai e lho serão lembrados

Aqui na terra, camos tristes

Saudades, sentiremos sempre

Mas levaremos no coração

Todo o ensinamento repassado

E a certeza da união

Dos laços aqui construídos

De amor, resiliência e perdão

Pauferrenses como eu

Desta terra adorada

Vocacionalmente, ofereceu

Da mesma fonte abençoada

Imaculada Conceição

Dai-nos hoje a consolação

Para seguir esta jornada

Dois apaixonados pelo Diocesano

Assim como todos nós

Vocês levaram para o céu

O que hoje falta em nós

Ficaram a saudade e a lembrança

E a esperança de um dia voltar a ver

A face que tanto emociona

E o amor para nos completar

Fica aqui a minha homenagem

E o sentimento de gratidão

Vocês para sempre estarão guardados

Dentro do meu coração.

PADRES SÁTIRO E PHILIPE NA FUNDAÇÃO

ESCOLINHA DOS SANTOS

POR MARCOS ARAÚJO – Advogado e professor da UERN

Conta-se no mundo celestial que quando Padre Sátiro foi chamado aos céus, poucos dias depois pediu uma audiência direta com Deus, pretendendo fundar uma escola para santos. Inquieto como sempre, justi cou ele junto ao Altíssimo que depois de ter estado com alguns virtuosos de sua devoção, escutara relatos quanto à incapacidade de entender algumas orações, preces e pedidos de intercessão feitos por devotos viventes na terra. Segundo ele, São Francisco teria lhe dito que frequentemente tem sido invocado por meio de mensagens ininteligíveis, como por exemplo uma “velinha” que se acende em aparelhos celulares, substituta da oração. Santa Catarina de Siena, apesar de analfabeta mas reconhecida como Doutora da Igreja pela beleza de suas preces, contou a Padre Sátiro que não entendia quase nada dos pedidos de intercessão que lhes eram dirigidos a partir de apps. Santa Clara e Santa Luzia justi caram a falta de intervenção na cura e milagres na visão de muitos devotos por defeito de comunicação na prece. Simplesmente não sabiam o signi cado dos Emojis. A genu exão não é mais uma prática comum aos cristãos, teria lhe con denciado Santa Rita de Cássia, a santa das causas impossíveis, a quem são remetidas milhares de mensagens de APP´s, como se ela dispusesse de um leitor Android ou IOS lá pelo céu.

Após escutar atentamente Padre Sátiro, Deus relembrou que nem mesmo as missas, memoriais de sua existência, são vivenciadas presencialmente. Muitos católicos dão por cumpridas suas obrigações religiosas com a assistência do ato por um meio digital. Logo mais, pensou, esses éis podem passar a achar que as instituições religiosas já não são necessárias. Assim, mesmo sabendo que os santos têm preclaridade para os assuntos espirituais, mas não são capacitados para os apetrechos tecnológicos da atualidade, nem mesmo ambientados para a linguagem que tem sido praticada entre os mais jovens, com abreviações e termos indecifráveis, anuiu à ideia de Padre Sátiro e criou a primeira escola de educação tecnológica e linguagem para os santos.

Achou que a tarefa seria melhor cumprida se colocasse também um jovem na missão. Prometeu a Padre Sátiro um novo santo para auxiliá -lo. Com sua clarividência, indicou Carlo Acutis como vice-Diretor. Contudo, tendo o nomeado apenas 15 anos, não tinha ainda a vivência técnico-pedagógica adequada. Foi nesse momento que ouviu as preces de centenas de cristãos pela saúde de Padre Philipe Villeneuve, na frente de um hospital, e Ele percebeu que teria um jovem, um novo Santo a quem delegar a tarefa educacio-

nal. Foi por tal razão que Philipe foi chamado. Amado, inteligente, vocacionado, talentoso, virtuoso, fez-se santo por convocação emergencial. Padre Sátiro nada sabia. Quando viu Philipe chegar no céu, questionou, argumentou, se insurgiu, lastimou...Foi à entrada e quis convencer São Pedro a devolvê-lo. “Pedro, ele é muito jovem! Tem muita coisa a fazer lá na terra. A Diocese de Mossoró, o Colégio Diocesano e Padre Charles necessitam muito de sua ajuda”. Turrão como sempre, São Pedro nem titubeou diante dos apelos, só respondeu que era determinação do Altíssimo. De inopino, enquanto Padre Sátiro fazia aceno para Philipe voltar, São Pedro puxou-lhe pelo braço para que ele entrasse de vez. Insurreto por momentânea surpresa, Padre Sátiro quis desistir da Escola de Capacitação da Linguagem para Santos, recém-aberta. Colocou uma placa na porta dizendo “Fechada”. Porém, não tinha mais jeito. Deus gostara da ideia. Obediente, Philipe não relutou. Já está trabalhando. Na primeira aula de recepção, já agradou. Padre Sátiro resignou-se. A Escola renderá frutos santi cantes... P.S. Às vezes, são tão insondáveis os mistérios de Deus, que somos forçados a imaginar um desígnio maior para os seus atos. Resta confortarnos no texto de São Paulo em carta aos Romanos: “Ó profundidade da riqueza, tanto da sabedoria como do conhecimento de Deus! Quão insondáveis são os seus juízos, e quão inescrutáveis, os seus caminhos! Quem, pois, conheceu a mente do Senhor? Ou quem foi o seu conselheiro? Ou quem primeiro deu a ele para que lhe venha a ser restituído? Porque dele, e por meio dele, e para ele são todas as coisas. A ele, pois, a glória eternamente. Amém”! (Rm 11.33–36).

Padre Sátiro nada sabia. Quando viu Philipe chegar no céu, questionou, argumentou, se insurgiu, lastimou... Foi à entrada e quis convencer São Pedro a devolvê-lo. “Pedro, ele é muito jovem! Tem muita coisa a fazer lá na terra.

Expediente
DA
2 Mossoró, maio de 2024
CONTO
Pe.
ILUSTRAÇÃO @SANYLLIK.A
| Textos:
Evelyn
Cavalcante Revisão: Vírginia Barreto | Produção: Jéssica Fernandes, Neto Damasceno e Pedro Vale Projeto Gráfico e Diagramação: Canário Comunicação e Emmanoel Linhares | Impressão: Impressão
Direção: Pe. Charles Lamartine
Marcos Araújo,
Chaves, Manoel

“Philipe”,

Um olhar que acolhia. Uma presença que iluminava. Uma palavra que abraçava. Um abraço que confortava. Poucas pessoas foram e são uma poesia de ser humano feito você, meu amigo. Sobre muitas coisas conversávamos. História, literatura, educação, fé, poesia, compartilhávamos dores, angústias, frustrações, alegrias, vibrações festivas. Lembro de quando falamos sobre a volta do Desfile Cívico-Militar em Pau dos Ferros, lembro de quando falamos sobre as escolas militares. Você era um ser político maravilhoso. Eu lhe mostrava meus textos, de possíveis obras, para sua aprovação. Lembro de nossos desencontros, de eu não poder presenciar sua ordenação, de como ríamos disso. Você sempre representou uma luz para os jovens, um caminho para as pessoas se reconhecerem no credo,

uma esperança para a vocação religiosa genuína. Uma alma de luz. Talvez a única explicação, se é que existe, para a sua partida, é essa estação terráquea não merecer sua candura, sua bondade, seu espírito elevado. Ficamos pobres. Muito pobres. Farão falta o teólogo e filósofo laureado, fará falta o coordenador pedagógico do Diocesano Santa Luzia, fará falta o padre inspirador e vocacionado, mas, meu amigo, para além de tudo isso, fará falta o filho de Zeca e Cleide. Você foi poesia, inspiração, humanidade, inteligência, sabedoria, você foi o que nenhum poeta do mundo conseguirá descrever. Você nasceu como deveria nascer todo ser humano, puro e simples. Você se foi como nenhum ser humano deveria ir, de forma muito precoce.

Nós te amamos! Seja luz pra gente, mais do que sempre foi.

Tenho refletido muito sobre o amor, não como sentimento, mas sim compromisso com as pessoas, com a vida, com o vínculo de humanidade que temos.

E me preocupa que, no Cristianismo, o amor, mandamento primário e essencial, passe a ser barganha de salvação. Sim, alguns fazem qualquer gesto amoroso pensando naquilo que receberão em troca.

As relações são utilitaristas: usamos os outros para aquilo que queremos obter e ainda buscamos impressionar Deus, achando, nós, que Ele irá ver o externo, não o coração.

Amar não deveria ser uma moeda de troca, mas sim uma pulsão de vida, uma naturalidade do coração. Amamos porque é bom amar, nos faz bem, faz-nos mais humanos, sentimos-nos mais na essência do que somos.

“Padre, devemos amar para alcançar o céu”. A eternidade não precisa de amor interesseiro, para lá

vão os que amaram com gratuidade de coração.

Jesus nos mandou amar como Ele amou. Ora, Ele não morreu para ganhar algo, sua entrega é um gesto de amor gratuito e desprendido. E basta.

Amar não deveria ser uma moeda de troca, mas sim uma pulsão de vida, uma naturalidade do coração.

Por Pe. Philipe Villeneuve (in memoriam em 10 de março de 2024)

Seus sonhos são nossos sonhos

Se o amor é um compromisso com as pessoas e com a vida, o sonho é um exercício de nos vincula à humanidade e à esperança que nos vincula. Para Pe. Philipe Villeneuve, os sonhos são ferramentas transformadoras e revolucionárias, capazes de difundir entre todos a fé cristã. Foi por meio dele que muitas ações e projetos, no Colégio Dioce-

sano e ao redor do estado, puderam continuar a dar frutos, como o Projeto Humanize-se, o Bom Dia Dió, ações sociais para crianças e idosos em comunidades e a liderança na gestão da Creche Erondina Cavalcanti Dantas e da Escola Estadual Padre Sátiro Cavalcanti Dantas. Que possamos continuar a sonhar em sua memória!

3 Mossoró, maio de 2024
Arquivo

Pe. Philipe Villeneuve, memórias e afetos

Nas paragens provisórias da poética da vida, enquanto escrevo sinto as palavras gestadas no coração encharcadas por lágrimas, uma profunda nostalgia inunda o meu ser, contudo, ela não diminui a força das boas lembranças, os traços dos mapas afetivos na compreensão que a saudade é uma propriedade de quem ama. E como te amo, Philipe, te amo como irmão, amigo, mas especialmente como lho. Já dizia Padre Antônio Vieira: “o lho natural ama-se, porque é lho; o lho adotivo é lho, porque se ama”. Uma fala que endossa a composição deste espaço de amor/gratidão e acentua o desa o de continuar a vida sem você.

Nos caminhos ladrilhados por entre dores, inquietações e alegrias, sinto-me deveras privilegiado e reconheço o quão generoso foi Deus por permitir termos condividido tantos sonhos. Se um poema pudesse estampar a grandeza do seu modo de ser e existir no mundo seria cravejado de linhas enredadas de um profundo amor para com todos. Cúmplice nas veredas deste caminhar, você foi um Príncipe na realeza dos sentimentos, na concretude de uma educação desejosa pela captura das sensibilidades. O pulsar do seu viver intenso ressoa como ecos que propagam o sentido da boniteza ética e estética, de uma vida dedicada a transformar outras vidas.

Hoje “o vento trouxe de longe tantos lugares em que estivemos”. Sentir os aromas e texturas da nossa história me faz percorrer as veredas do nosso chão, território de suas mais profundas paixões. Dois pauferrenses gerados no ventre de Nossa Senhora da Conceição, catequisados nos colos carinhosos das mulheres devotas de nossa terra e pelas Irmãs da Caridade, que nos ensinaram não apenas a doutrina da Igreja, mas a tradução do melhor da fé, da essência e do absoluto de Deus, que é ser amor. Ensinamento que precedeu nossa formação sacerdotal e nos inspirou a colher igualmente na teologia de João, o discípulo amado, os nossos lemas vocacionais. Para vo-

cê, “Deus é amor” (1 Jo 4,8); para mim, o nosso chamado é “Permanecer neste amor” (Jo 15,9). Assim como eu, foste ordenado no dia 04 de agosto, lembro da sua vibrante alegria ao me comunicar esta feliz providência.

No percorrer desta travessia, tecida em movimentos de um profícuo aprendizado humano, outro bem-querer habita o meu, o seu coração: o nosso olhar de apaixonamento pelo Diocesano. A experiência por nós alicerçada neste território de afetos, emoções, sonhos e esperança fagulha versos em aromas suaves que encantam e me impelem a viver. Recorrendo ao sentimento poético da canção: “É tão bonito quando a gente sente que nunca está sozinho por mais que pense estar…” Gonzaguinha)

Agora, eis-me aqui, Philipe... Ofício duro o da despedida. Neste instante tomo de empréstimo os versos de Guimarães Rosa pela densidade de sentido: “Viver é um rasgar-se e reemendar-se”. Sinto-me rasgado, meu coração não está inteiro, uma parte levaste contigo. Busco alento na fé para compreender os desígnios de Deus e sigo caminhando na esperança de que “qualquer dia, amigo, eu volto a te encontrar, qualquer dia, meu lho, a gente vai se encontrar”. Despeçome com os versos de um dos seus poemas, escritos naquele caderno que encontramos: “Deus não nos quer sementes [...], pois ser semente é viver para si, germinar é viver para o outro [...] é superar os limites da semente”.

Muito obrigado, meu lho!

Abraço em poesia

Eu cheguei nessa escola sem nem saber andar

Sem ao menos entender o que era um “B” ou um “A”

Sou pequena, incomparável às madrugadas

Que são gastas pra planejar aula

Mas uma coisa é inegável:

Eu tenho história pra contar

Eu cresci aqui, cada dia mais perto

De sair desse ninho, como um passarinho

Agora, eis-me aqui, Philipe... Ofício duro o da despedida.

PE. CHARLES LAMARTINE

Conquistando a independência

E aprendendo a voar

Vi gente sair e chegar, vi datas a se comemorar

Vi humanidade e cultura, vi uma bondade pura

Ouvi até barulho de furadeira

Modificando esse lugar

E de todas as pessoas

Que essas paredes azuis centenárias

Já viram aqui passar

Existe uma especial

Da qual eu vim aqui falar

Uma alma rica, uma preciosidade

Um presente que Deus nos trouxe

Pra provar sua generosidade

Pincelava corações da forma mais sutil

Que essa casa me induziu

A ser capaz de enxergar

Ele estampava aquele sorriso

Tão belo e tão forte

Depois de refletir

Sobre o amor e o amar

Padre Philipe,

Tu és a mais bela parte do meu poema

A mais doce arte que incluí nessa cena

Nós guardaremos numa sala, é nítido de se ver

Dentro da nossa memória

Existe um paraíso feito de você.

4 Mossoró, maio de 2024
Padre Philipe Villeneuve recebe de Padre Charles Lamartine a Láurea Acadêmica pelo melhor desempenho da história do curso de Teologia da Unicatólica – Registro que reforça sua dedicação em tudo que tocou. Padre Philipe Villeneuve deixa como legado o olhar humano em cada ser que tocou através dos mais diversos projetos em que esteve envolvido com zelo dentro e fora do Colégio Diocesano Santa Luzia. Arquivo Arquivo POR EVELYN CHAVES – Aluna do Ensino Médio

Padre Sátiro fez da sua vida uma devoção à causa da educação; não somente a formal, que titulariza pessoas e as envaidece. O legado dele é na educação como força de transformação social. A educação como elemento do trabalho, da ocupação funcional. O seu

legado se viu também no campo da educação para a cidadania, para a solidariedade, para o serviço e seguimento a Deus. Seu maior magistério foi em função do amor, para a caridade… Teve uma vida consagrada ao Deus que vive no homem, horizontalizado, com pés no chão e olhar xo no céu”.

Advogado e professor da UERN

Querido Mestre

Mal rompe a manhã e o esplendor silencioso do nascer do sol é interrompido pelo barulho das boas lembranças ecoantes em minhas memórias. Reconheço quão generoso foi Deus ao me presentear com a sua presença nos últimos 11 anos de minha vida, condividindo sonhos, lutas e esperanças nos muros azuis do nosso amado Dió, território dos nossos densos enlaces afetivos. Na hermenêutica da minha e da sua vida, ou seja, na leitura interpretativa das nossas histórias, os benfazejos que se adensam: dois pauferrenses, dois devotos de Santo Agostinho, amantes da sua teologia, loso a e sua literatura. As lições da faculdade em Roma, estudamos na mesma instituição. Dois inspirados e combativos pela causa da educação, apaixonados pelo Diocesano, um amor de todos os dias, amor que permeia os nossos feitos, ações, amor como ordem do dia. Vivemos uma relação que transcende o limite de uma única vida. Guardo na memória o dia de minha ordenação sacerdotal. Numa quintafeira 04/08/2011, na Matriz da Imaculada Conceição, o senhor Pe. Sátiro me

abraçou e disse algo que jamais esqueci: “Charles, os nossos destinos se encontrarão”. E, de fato, encontraram-se no lugar do nosso amor em comum: o Diocesano. Partilhando comigo o que o senhor tinha - amigos, conhecimento e o território centenário do Santa Luzia – generosamente, percebeu que não estaria perdendo, mas construindo o futuro. O senhor, para mim, foi Pai, Mestre, Padre, Amigo, Irmão.

Chegamos ao momento mais difícil da nossa história, despedirmo-nos nessa vida mortal. Todavia, a fé que nutrimos nos permite acreditar na vida de ressuscitados, e sei que nos encontraremos no céu para o nosso grande abraço.

Por tanto que plantastes no esteio da pedagogia humanizadora de Jesus, permita-me mais um pedido: Interceda por nós para que continuemos seu legado, sobretudo, de amor e serviço à educação, nos caminhos ladrilhados com pedrinhas do esperançar.

O senhor deixou marcas indeléveis na minha vida, no prumo dos valores de respeito aos princípios da fé, dignidade humana e ética. O senhor conseguiu imprimir caráter no meu ser homem, educador e padre. Presença terna e eterna.

Obrigado, Pe. Sátiro. Te amo!

Legado de pai para filhos, o amor pela educação permeou a união da fé em cada ação desse encontro divino.

Referência de humanidade, sensibilidade e inteligência, Pe. Sátiro Cavalcanti Dantas idealizou e concretizou projetos coletivos que beneficiaram milhares de pessoas.

Pe. Sátiro

PASSADO PELO PRESENTE, RUMO AO FUTURO

Procuro sempre referenciar, numa linha agostiniana, a realidade passada, personalizada em instituições, doutrinas, construções e exemplos de vida ao decorrer dos tempos cronológicos xados em datas comemorativas. Por isso, nos mais de 120 anos do Colégio Diocesano Santa Luzia, dentro de uma gama de celebrações, é importante dar destaque nesta apresentação in memoriam a todos os que zeram parte, com muito esforço e dedicação, da construção da história da nossa escola. Pessoas que, às vezes, com prejuízo da própria saúde, com suas equipes auxiliares, dentro do respeito ao pluralismo de ideias e concepções pedagógicas, conforme sua crença, valores, loso a e princípios, vivenciaram os objetivos da verdadeira educação, encontrando guarida e apoio em nossas famílias, em exercício de diálogo de construção de pontes e vínculos, como sentencia o próprio Papa Francisco, educando crianças e jovens para toda a vida.

Passam-se os anos, sucedem-se as gerações, e a vida existencial do educandário Diocesano em cada momento se enriquece nas pessoas que o fazem um monumento piramidal da educação potiguar. Quase como os instantes agostinianos, fortalecem os fundamentos intencionais de seus objetivos. Diante dessa realidade, con amos que o futuro acrescente outros frutos nessa comunidade educativa. Tudo isso devemos à união de esforços de uma equipe coesa e consciente, empenhada em um exercício pedagógico humanizado. Que os anos a porvir sejam abençoados e felizes sob as bênçãos de Santa Luzia, para todos nós que constituímos o Colégio Diocesano, o “Colégio dos Padres”, que há mais de um século educa gerações de Mossoró e de todo o Rio Grande do Norte. Que possamos viver o “Passado pelo Presente, rumo ao Futuro”. Deus e Pátria, eis o nosso lema!

Por Pe. Sátiro Cavalcanti Dantas (In memoriam, em março de 2015)

5 Mossoró, maio de 2024
POR PE. CHARLES LAMARTINE
Arquivo
Arquivo

UniCatólica do RN concretiza sonho de Pe. Sátiro Sátiro

AUniCatólica do Rio Grande do Norte nasceu sob os auspícios da história do Colégio Diocesano Santa Luzia. Há 14 anos se destacando pelo seu ensino de excelência, surgiu como Faculdade Diocesana de Mossoró, transformou-se em Faculdade Católica e agora atinge um novo patamar para a concretização do sonho idealizado por Pe. Sátiro Cavalcanti.

Para nosso querido diretor emérito, não era surpresa que a Católica tenha se expandido e implementado tantos cursos e êxitos em tão pouco tempo. Símbolo de educação em Mossoró e no Rio Grande do Norte, Pe. Sátiro atribuía esse feito às diretrizes de formação cristã e humana, que acreditava serem um fator essencial para o funcionamento da instituição.

Reconhecida com nota máxima pelo MEC em seu recredenciamento, obtendo também notas máximas nos seus diversos cursos e agraciada com o Selo de Qualidade “OAB Recomenda”, a UniCatólica gura hoje em 2º lugar no ranking das melhores Instituições Católicas de Ensino Superior do Brasil. Pe. Sátiro acreditava, com muita fé, que a então Faculdade Católica do Rio Grande do Norte logo chegaria à condição de universidade. É com a contribuição do nosso eterno mestre que podemos, passo a passo e na certeza da sua torcida e entusiasmo ao lado do Pai, chegar mais perto da sua visão para a educação superior em Mossoró à luz da ética cristã, do respeito, da solidariedade e da humanidade.

Além da participação fundamental na criação da Unicatólica, entre as obras de Pe. Sátiro se destacam: a Fundação Socioeducativa do RN (Funsern), Mosteiro de Santa Clara e FM 105, instaladas numa das áreas mais periféricas de Mossoró; direção do Colégio Diocesano de Santa Luzia por 60 anos, sendo diretor emérito; e sua gestão à frente da Universidade do Estado do Rio Grande do Norte, sendo o reitor que liderou a luta pela estadualização da Universidade em 1987.

Perdemos um grande ser humano que nos ensinou muito e vai continuar ensinando com seu exemplo, sua trajetória, energia, entusiasmo, coragem e conhecimento. Ele nos ensinou que vale a pena acreditar na educação e lutar por ela. Base importante na história da Universidade do

Estado do Rio Grande do Norte (UERN) e na luta para que ela fosse fortalecida, Padre Sátiro deixa para todos nós a lição do amor pela vida e por uma educação justa e igualitária para todas as pessoas. Gratidão, Padre Sátiro por tanta dedicação à educação, à igreja, à nossa Uern e a todos que buscavam uma palavra amiga ou um conselho.”

dos pilares humanos da Uern e do Estado do

Sátiro sempre foi presença rme e

ajudando em outras conquistas como o

em

autonomia nanceira e conquista dos Planos de Cargos, Carreiras e Remunerações.

6 Mossoró, maio de 2024
Um Rio Grande do Norte, Pe. atuante defesa da Universidade, reconhecimento, Padre Sátiro também multiplicou seus sonhos na implantação do curso de Direito na então Faculdade Diocesana, sendo, àquela época, um dos grandes passos que fariam da Unicatólica uma referência para toda a região. Arquivo Arquivo Arquivo Arquivo

Para sempre em nossos corações

Para a religião cristã católica, maio é um período de especial devoção a Maria, mãe de Jesus. Para todas as crianças, professores e equipes do Colégio Diocesano Santa Luzia, esse é um período de particular celebração, quando nos agraciamos com a presença cuidadosa de Nossa Senhora, todo o seu afeto e carinho maternal.

Compartilhamos e aprendemos tamanha devoção a Maria com a excepcional espiritualidade de dois dos nossos maiores professores: Pe. Sátiro Cavalcanti e Pe. Philipe Villeneuve. Naturais de Pau dos Ferros, ambos tinham em Nossa Senhora da Conceição um dos maiores exemplos de fé e humanidade. Maio parece, então, uma oportunidade única para honrarmos o legado desses dois queridos mestres e toda a história deles na nossa escola e em nossas vidas. A comunidade escolar se reúne em devoção ao exemplo da mãe e el discípula de Cristo, Maria, como símbolo de proteção, amor e fé constantes e inndáveis! Rezemos para que Nossa Senhora da Conceição possa receber de braços abertos e coração caloroso Pe. Sátiro e Pe. Philipe.

SÁTIRO E PHILIPE,

O mais velhor e o mais jovem, Pedro e João que correm juntos ao túmulo. Filhos de Pau dos Ferros, discípulos do torturado, morto e gloriosamente ressuscitado Filho de Maria dos Cinco Anjinhos. Ambos anunciam a vitória da Páscoa; em sua vida, são círios de Jesus!

PE. GLEIBER DANTAS

7 Mossoró, maio de 2024
Glauber Soares Arquivo
8
2024
Mossoró, maio de
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