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Resenha de Livros – Raul Cesar Gottlieb
UM VIOLINO DA SHOÁ EM COPACABANA
O Canto do Violino
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Bruno Thys
Editora Máquina de Livros, 2022 À venda em formato livro e ebook na Amazon
Raul Cesar Gottlieb
Um dia de outubro a Devarim recebeu um mail que dizia: “Bom dia! Gostaria de enviar um livro para o Raul Cesar Gottlieb. Qual o melhor endereço? Entrego na portaria da própria da ARI?”
Alguns poucos mails e dias depois o autor do livro, Bruno Thyss, e eu estávamos tomando um café no Jardim Botânico. Depois de achar e celebrar as inevitáveis (e neste caso muitas) conexões naquilo que o Bruno chama de “rede social da comunidade judaica”, conversamos sobre os artigos publicados pela Devarim 44 (abril de 2022) a respeito da música na Shoá e do projeto dos Violinos da Esperança.
Pois o livro de ficção do Bruno, um experiente jornalista com longa e bem-sucedida carreira nas organizações Globo, gira exatamente sobre estes temas, urdidos dentro de uma deliciosa trama de mistério e delicada investigação, ambientada no Rio de Janeiro dos nossos dias. É um livro não muito grande – 152 páginas –, de leitura muito agradável, em que cada capítulo puxa o seguinte, assim que a maior dificuldade que ele apresenta é a de deixá-lo no meio para terminar depois.
Eu adorei a leitura que devorei no fim de semana seguinte ao nosso café. Mas você não precisa, como aconteceu no meu caso, ter se envolvido, por uma feliz coincidência, na pesquisa das mesmas matérias que o Bruno para gostar do livro. Ele está sendo recebido com inúmeros aplausos:
Joyce Niskier, atriz Muito comovente o livro, O Canto do Violino, de Bruno Thys. A história te leva a percorrer caminhos inimagináveis, através de um instrumento musical, símbolo de uma cultura.
Ruy Castro, jornalista, biógrafo e escritor Trinta anos de trabalho em biografias e reconstituições históricas corromperam minha capacidade de ler ficção. Fico o tempo todo em busca de elementos da realidade.
Em “O canto do violino”, nunca pensei que houvesse tanta coisa fascinante em torno de um violino. E, como estou trabalhando num livro que tratará da Segunda
Guerra, peguei dicas que me serão úteis. A ficcionista pura Heloisa Seixas me falou de como a música nos campos de concentração, no capítulo XI, a emocionou. Com isso o livro é vencedor em duas categorias.
Pedro Bial, jornalista, ator e escritor Que beleza de livro! Sinfonia à memória, à vida, à arte. Profundo como só a simplicidade pode alcançar, melodioso, emocionante.
Marcos Shechtman, diretor de TV e cinema Adorei, tive muita fruição na busca do ‘enigma’, quase como se o Carlos fosse uma espécie de D. Quixote moderno conectando pistas ocultas. Especialmente saborosas as conexões musicais e do humor judaico.
Mas, creio, o grande diferencial é o olhar contrastante de um não-judeu para os judeus, o que permite ‘iluminar’ de maneira muito inteligente todo o legado judaico…
Parabéns pelo belo e saboroso livro!!!
Aliás extremamente cinematográfico…:)
Padre Rafael Vieira, trabalhou na Rádio do Vaticano e na assessoria da CNBB Meu Deus. Me emocionei com cada descoberta do seu “Carlos”. Um livro comovente. A música, a maldade, a dor e a morte. A curiosidade, a bondade, a solidariedade, o canto de um instrumento. Nunca tinha visto estas palavras tão bem costuradas umas nas outras. Que lindo!!
Tirei foto de duas páginas … daquela que a diretora de Curitiba cita o Amos Oz… “provavelmente nem Deus era religioso” … e da pergunta que não foi feita ao cliente do escritório“Por que acordar os anjos e perturbar o Criador a esta hora da madrugada e duas vezes por dia?”… sei que esses destaques falam de mim mais do que do seu livro e de você… estou feliz e agradeço o deleite dessa leitura!
Rosa Lima, jornalista A caminho do Estação, parei na Travessa de Botafogo para paquerar os livros e me deparei com o seu “O Canto do Violino”. Pensei: Bruno Thys escrevendo ficção? O título me seduziu (eu canto, fiquei curiosa) e decidi apostar. Que grata surpresa!
O texto claro, as informações precisas, o jeito leve e fluente de escrever são a sua cara. Como também o são os traços da cultura judaica – o humor, o apreço à tradição e o amor à música. Sem falar da informalidade e da carioquice que são sua marca registrada. Tudo no tom certo. Mas além de tudo você conseguiu me encantar com a história do violino e o enorme poder da música. Emocionante! Parabéns!
Oswaldo Carvalho, escritor Acho que foi o Chico Buarque que disse que busca fazer sua literatura soar como música. O texto do Bruno é assim, impecável, redondo, ritmado. E assim a gente é captado pela aventura do protagonista Carlos e descobre, junto com ele, tudo sobre a relação entre música e Holocausto.
É uma história de muito sofrimento, e nunca é demais lembrar quanta dor ideologias totalitárias podem nos causar. Mas há também no livro uma abertura para o sublime, para a vitória da arte sobre o horror. Uma leitura breve e potente que revela um aspecto pouco lembrado de uma tragédia que, mais de sete décadas depois, ainda não foi totalmente digerida.
Ricardo Cota, crítico de cinema Leitura prazerosa e magnética. No livro, a compra de um violino de segunda mão na internet leva o protagonista e o leitor a uma curiosa investigação que vai da Copacabana de hoje à Polônia da Segunda Guerra, com uma escala na Cremona do luthier Stradivari.
Thriller cativante, com toques de erudição musicófila, a estreia no campo da ficção traz muito do espírito do autor: jornalista de prima, pianista supimpa e observador acurado de uma de suas especialidades: o gênero humano. Para ser lido ao som da trilha de A Lista de Schindler. Pinta de que em breve vira roteiro.
A introdução do livro é assinada pelo Rabino Nilton Bonder. Ele diz: “Bruno nos conduz a uma viagem a suas próprias raízes: a herança judaica de seus antepassados no Leste Europeu, a música e o Rio de Janeiro.”
Embarcar nesta viagem junto com Bruno e seus personagens nos enriquece, informa e diverte. Existe uma criação literária judaica no Brasil, feita por filhos, netos e bisnetos de imigrantes, que aborda os mais variados temas, sendo a maioria deles uma combinação de judaísmo com brasilidade. Essa literatura prova a feliz acolhida que tivemos no nosso belo país que, além de não ter nos forçado a abandonar a identidade judaica, na esmagadora maioria das vezes a celebra.