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O centenário de um grande herói – Miriam Treistman e Raul Gottlieb
O CENTENÁRIO DE UM GRANDE HERÓI
Entrevista com Ruvik Rosenthal a respeito de Eliezer Ben-Yehuda
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Miriam Gottlieb Treistman e Raul Cesar Gottlieb
Eliezer Ben-Yehuda, nascido Eliezer Yitzhak Perlman, em Lujki (atual Bielorrússia) em janeiro de 1858 e falecido em Jerusalém em dezembro de 1922 (há exatos cem anos) é um dos maiores heróis do Sionismo.
O Sionismo é um movimento político que, devido às circunstâncias, desenvolveu um forte braço militar. Portanto, a imagem de “herói sionista” remete a um militar, como Yossef Trumpeldor, ou a um político, como Theodor Herzl. Mas, antes de tudo, o Sionismo é um movimento cultural e Ben-Yehuda é, talvez, o maior herói cultural do povo judeu dos últimos séculos, a tal ponto que é difícil encontrar uma cidade em Israel que não tenha uma rua, avenida ou praça com o seu nome.
Ele é o maior responsável pelo renascimento do hebraico e pela adoção dele como o idioma nacional do Estado de Israel. E isto foi fundamental para a criação e consolidação do Estado.
Todos os povos convivem com diversas visões políticas, ou seja, todos os povos são politicamente fragmentados. O que une o povo são seus bens culturais, sendo o idioma um dos elementos centrais das culturas.
Ben-Yehuda entendeu que um idioma comum era necessário para criar uma identidade única num povo que emergia de uma longa e vasta dispersão, onde havia criado uma série de socioletos (conjunto linguístico de um grupo ou estrato da sociedade, como iídiche, ladino, hakitia). As diferentes visões políticas já seriam uma área de atrito constante, logo cumpria fortalecer a identidade judaica através de um idioma comum.
Este idioma teria que ser o hebraico, o idioma ancestral do povo judeu. Ao
final do século 19, o hebraico era utilizado principalmente na esfera religiosa e também, de forma limitada, em uso mundano. Contudo, ele não era um idioma capaz de atender todas as necessidades de comunicação de uma sociedade. E Ben-Yehuda postulou, não sem ter encontrado resistências, que o hebraico teria que ser revitalizado para cumprir esse papel. É sua a famosa citação: “o renascimento do povo de Israel acontecerá na terra de Israel e na língua hebraica, pois não há nação sem uma língua comum.”
Para celebrar de forma condigna o centenário de seu falecimento, a Devarim entrevistou Ruvik Rosenthal, ex-chaver kibuts, jornalista, escritor e autor premiado, linguista, presidente da Associação de Pesquisa da Língua e membro da Academia da Língua Hebraica, o organismo governamental israelense que cuida do desenvolvimento e da manutenção da língua hebraica – o תירבע (ivrit).
Ruvik nasceu em Tel Aviv e no começo de sua vida adulta se mudou para um kibuts onde viveu por 24 anos. Ele diz que desde os 10 anos já era jornalista e escritor. Ele se graduou em linguística e sua tese de doutorado focou em como o exército é formado através das palavras lá utilizadas.
Depois dos estudos, e por um longo tempo, ele não atuou na área de linguística. Mas ao sair do kibuts, foi contratado pelo jornal Maariv. Um dia, depois de alguns anos trabalhando no jornal, seu editor lhe pediu que fizesse um texto semanal a respeito do hebraico e assim nasceu a coluna Hazira Haleshonit, A Arena Linguística. A partir daí, o hebraico passou a ser o interesse central de sua vida intelectual. Até o momento da nossa entrevista, ele havia publicado 24 livros, grande parte em torno do uso e da história da língua.
Perguntamos a Ruvik, qual foi o processo adotado por Ben-Yehuda para revitalizar o hebraico. Ele nos contou que Ben-Yehuda foi a força motriz de sete iniciativas dramáticas, conforme seguem:
Ideologia
A primeira iniciativa de Ben-Yehuda foi a implantação da ideologia. Ele foi o primeiro a propor que o idioma do Sionismo deveria ser o hebraico. O Sionismo político nasceu na Europa Central no final do século 19, como um produto da hazcalá, o Iluminismo judaico, e o idioma daquelas pessoas era o alemão.
Os maskilim, pessoas que participaram da hascal, escreveram peças de literatura e de jornalismo com o hebraico das escrituras, porém eles não usavam o hebraico como língua falada. Eles faziam jornalismo e literatura não religiosa em hebraico, mas falavam em alemão.
Ben-Yehuda compreendeu que não bastava escrever, era necessário falar, usar palavras (criar palavras quando elas não existiam), reformar a gramática, com o objetivo de capacitar o hebraico a descrever a vida moderna. Em todos seus primeiros artigos esta necessidade está claramente explicitada.
Instituições
Em paralelo, ele entendeu que era necessário criar estruturas que dessem corpo à ideologia. Assim, ele estabeleceu em 1890 o Vaad Halashon, o Conselho da Língua. A comunidade judaica em Érets Israel era mínima e sofria imensos problemas econômicos, mas, mesmo assim, a instituição foi criada.
Em 1953, o governo do Estado de Israel mudou o seu nome para Akadêmia Lalashon Haivrit, Academia da língua hebraica, curiosamente trocando um nome hebraico Vaad para um nome estrangeiro Academia. O motivo da troca do nome foi dar um ar científico e profissional à instituição, que até então era composta apenas por voluntários. Ao se transformar numa instituição governamental, ela ganhou um regulamento legal, além de responsabilidades e métodos bem definidos.
Hoje em dia, ela é composta por um pequeno grupo de profissionais, apoiado por um corpo bem maior de voluntários. Há 15 anos, eu faço parte, como voluntário, de uma das comissões: a de “renovação das palavras”.
Por um lado, nós recebemos demandas da população, de pessoas isoladas ou de grupos de interesse, que querem palavras novas para expressar algo. Por exemplo: recentemente recebemos uma demanda dos profissionais da área de fabricação de chocolates. Eles queriam uma palavra para a sua profissão, tal como “chocolatier” em francês. Nós decidimos por chocoladai, a exemplo de jornalista que é itonai [iton é jornal em hebraico]. Mas não há garantia que a palavra que criamos vá vingar. Se o grupo não gostar da nossa solução e optar por continuar usando “chocolatier” ninguém poderá impedir.
A outra forma de atuação da comissão não depende de demanda da população. Nós mesmos criamos as palavras ao perceber que uma área de atividade usa apenas palavras estrangeiras. Por exemplo, eu, que sou jornalista, propus a criação de um dicionário para a comunicação jornalística, o mass media, e trabalhamos três anos nisso.
Hoje, a Academia tem mais de 300 dicionários específicos para as mais diversas áreas de atividade. Esta segunda forma de atuação é idêntica à que o antigo Vaad Halashon exerceu no tempo do Ben-Yehuda.
Educação
Tendo fundamentado a ideologia e uma estrutura para colocá-la em prática, Ben-Yehuda partiu para criar vínculos com os educadores, instando com eles que ensinassem hebraico em hebraico, algo que não acontecia há milênios. Ele construiu, com Yossef Bachar, um sefaradi de Jerusalém, uma escola com este programa.
Os sefaradim de Jerusalém caminharam com BenYehuda, enquanto que os charedim [ultraortodoxos] de Jerusalém queriam acabar com ele. A primeira vítima do renascimento do hebraico é o cachorro da família de BenYehuda. Seu filho, Itamar Ben-Avi, foi ao correio com o cachorro e alguns charedim atacaram o garoto. Eles não feriram o menino, mas mataram o cachorro a pauladas.
Até hoje muitos ensinam hebraico em inglês ou em português. Mas na visão de Ben-Yehuda, o hebraico só seria internalizado se fosse usado com exclusividade em todas as atividades da sociedade, e isso exigia que o hebraico fosse o único idioma usado em educação, inclusive na aprendizagem do próprio idioma.

Jornalismo
Pronúncia
Ben-Yehuda não criou o jornalismo em hebraico, mas foi ele quem trouxe o jornalismo em hebraico para Érets Israel. Ele criou jornais e entendeu que o jornalismo serve a um propósito mais amplo do que apenas a divulgação de informações e ideias.
A primeira edição do jornal Hatsvi [a gazela] foi impressa em outubro de 1884, como um jornal semanal que evoluiu para um jornal diário. Ele revolucionou a imprensa da comunidade judaica de Érets Israel por introduzir assuntos seculares e culturais não religiosos. O jornal ganhou um grande impulso depois que seu filho Itamar Ben-Avi assumiu a direção e implantou técnicas modernas de comunicação. Em 1914, o jornal foi fechado por ordem do governo otomano, na censura promovida durante a Primeira Guerra Mundial.
Houve também o grande embate. Como falar? Com a pronúncia sefaradi ou com a pronúncia ashkenazi?
Esta questão tem origem no fato de que não há evidências sobre como era a pronúncia original, dos tempos bíblicos ou talmúdicos, que pudesse ser usada como padrão. O hebraico é escrito sem as vogais, seu alfabeto é composto por 22 letras, todas elas consoantes. O leitor do
hebraico reconhece a palavra por suas consoantes e aplica a vocalização conforme a tradição que recebeu. Assim, a pronúncia depende dos costumes das gerações anteriores.
Contudo, havia mais de uma tradição! Grupos diferentes usavam tradições diferentes, o que não era benéfico à coesão do povo, o objetivo maior de Ben-Yehuda.
O desenvolvimento de várias tradições é natural numa sociedade que, após a dispersão provocada pela perda de sua soberania política, nunca mais foi hierarquizada em torno de um centro único.
Como não havia um “certo” ou um “errado” no qual se basear, Ben-Yehuda acabou fazendo sua escolha pela pronúncia sefaradi por um critério que até hoje não foi desvendado. Existem algumas histórias que tentam explicar os motivos da escolha, mas eu penso que nenhuma delas é verdadeira.
Penso que Ben-Yehuda escolheu o sefaradi porque Érets Israel se situa no Oriente Médio, porque o hebraico é uma língua semita, e sua intuição julgou ser melhor ficar próximo das culturas vizinhas. Não que a vocalização do hebraico sefaradi seja igual ao árabe, mas ela é mais próxima ao árabe que o hebraico ashkenazi.
Não se pode omitir o fato de que, quando Ben-Yehuda chegou em Jerusalém, apenas a comunidade sefaradi queria falar com ele em hebraico. Os ashkenazim consideravam que o hebraico era lashon kodesh [língua sagrada] e não podia ser usada para assuntos mundanos.
Ao mesmo tempo, Ben-Yehuda fez aliá com Bialik e Tchernichovsky [dois grandes escritores], que falavam com a pronúncia ashkenazi. Ou seja, a simpatia pode não ter tido um papel em sua escolha.
Uma curiosidade com respeito à vocalização “correta” do hebraico é que esse embate é milenar. Durante os tempos talmúdicos surgiram três diferentes escolas de vocalização: a de Érets Israel (Eretsisraeli), a da Babilônia (Bavli) e a de Tiberíades (Tabrani), desenvolvida nesta cidade, que fica à margem do lago Kineret [Mar da Galileia]. Essas três escolas combatiam entre si, cada uma querendo que sua tradição prevalecesse.
Finalmente no século 10 da era comum, num
O Sionismo é, antes processo do qual não temos muitas refede qualquer outra coisa, a rências, a escola Tabrani, dos massoretas, mais nova prevaleceu. Era a vocalização mais complexa e também a mais precisa. O sistema construção cultural do de vocalização representa as vogais atramultimilenar povo judeu. vés de pontos e traços sob, no meio e so-
E Ben-Yehuda é um dos bre as letras, e por isto foi chamado de elementos fundacionais desta nova construção. nikud [palavra derivada de nekudá que, em hebraico, significa ponto; em português, muitos denominam o nikud de “si-
Seu centenário merece nais massoréticos]. ser muito celebrado. Contudo, tanto o ashkenazi como o sefaradi usam o mesmo nikud e são evoluções da escola Tabrani. Portanto, não existem o “certo” e o “errado” neste caso. A forma de falar é uma opção do povo e neste momento histórico, o hebraico corrente em Israel segue a versão sefaradi pela escolha pessoal de Ben-Yehuda.
Renovação
Diferente do que muitos imaginam, Ben-Yehuda não foi a única pessoa a inventar palavras e nem foi quem mais inventou palavras. O próprio filho dele, Itamar, trouxe mais palavras novas do que ele. Mas foi ele quem definiu o método para a criação de novas palavras. A principal regra, que se mantém firme até hoje, é que nunca se cria uma palavra do nada. As palavras não podem nascer do zero, do mesmo modo como os famosos radicais de três letras do hebraico não podem nascer de uma nova sequência aleatória de letras. Todas as palavras devem ter um embasamento em palavras que já existem. Ele também definiu que o primeiro lugar em que devemos buscar palavras é a Torá [o Pentatêuco]. O texto da Torá deve ser a nossa maior fonte de inspiração para a criação de palavras. Dessa forma, diversas palavras da Torá que já estavam em desuso ou que nós não sabemos exatamente o que dizem, ganharam novos significados no vocabulário dos israelenses. Acontece que na maior parte das vezes, não se encontrava na Torá uma opção relevante para o termo, então o segundo caminho era pegar um dos 1.500 radicais do Tanach [a Bíblia Hebraica] ou do Talmud [a literatura
rabínica] e colocar dentro de uma das fôrmas do hebraico (veja o que é fôrma no box anexo). Esse foi o caminho mais usado na renovação da língua e é, até hoje, o principal modo de criação de novas palavras pela Academia da Língua Hebraica.
Um exemplo que ilustra esse método é o nome das cores que seguem uma fôrma encontrada no Tanach: vermelho é adom, amarelo é tsahov e preto é shachor. Todas elas têm o mesmo formato: x-A-x-O-x. Os radicais mudam, mas as vogais são sempre A-O. Contudo, existem cores que não estão descritas no Tanach, tais como cinza, lilás e laranja. Era preciso criar palavras para elas! E aí entrou a rica e muito informada inventividade de Ben-Yehuda. Ele reparou que a palavra para a cor cinza em árabe vem das cinzas do fogo [observem que isso também acontece em português: cinza e cinzas]. Ele pegou o radical da palavra que significa cinzas em hebraico, efer, e a colocou dentro da fôrma das cores e pronto! Nasceu o nome da cor cinza: afor. A cor lilás, sagol, vem do nome da flor violeta: sigal. A cor laranja vem de uma expressão do livro Shir Hashirim do Tanach, que descreve uma pessoa cuja cabeça é “uma mancha dourada” (ketem paz). Ben-Yehuda imaginou que a pessoa tinha cabelos ruivos e daí nasceu o nome para a cor laranja: katom.

Ruvik Rosenthal é ex-chaver kibuts, jornalista, escritor e autor premiado, linguista, presidente da Associação de Pesquisa da Língua e membro da Academia da Língua Hebraica
Dicionário
Fechando a conversa
O último elemento que definiu como Ben-Yehuda seria lembrado foi o seu maior trabalho, seu Opus Magnum: o dicionário!
É muito interessante a ideia de um líder que define palavras. Trata-se de um líder cultural e também político. Em Malta, por exemplo, o líder político foi a pessoa que escreveu o dicionário Maltês há algumas centenas de anos.
Ben-Yehuda resolveu que ia ler tudo o que já tinha sido escrito em hebraico até o momento. Ele passou longas horas nas bibliotecas lendo de tudo, menos interessado pelos assuntos, mas sim em encontrar palavras.
Ele dedicou os dez últimos anos da sua vida à organização de um dicionário. Ele já estava muito doente, viveu apenas até os 64 anos de idade; sua fiel esposa, Hemda, foi uma figura muito significativa no processo. Ele não conseguiu terminar a obra, pois preferiu trabalhar sozinho – ele dizia que um dicionário se escreve sozinho, sem equipe.
Ruvik conclui dizendo que Ben-Yehuda ganhou o título de “Recriador do Idioma Hebraico” com toda a justiça, apesar de que mesmo sem ele as coisas teriam acontecido. Segundo Ruvik, a força do impulso histórico daquele momento teria provocado o renascimento do idioma, ou seja, é o povo que cria os heróis e não o contrário. Ben-Yehuda foi a pessoa certa que, no momento certo, estava no local certo.
Mas essa feliz localização cobrou um preço amargo. A vida de Ben-Yehuda e de sua família não foi nada fácil. A insistência dele para que seus filhos só falassem hebraico trouxe imenso sofrimento às crianças pela dificuldade de socializar sem ter uma língua comum com as demais crianças da vizinhança. Os filhos eram zombados e perseguidos, como a história da morte do cachorro [contada acima] evidencia.



Proibidas de frequentar as escolas na Alemanha nazista, crianças judias aprendiam hebraico para imigração para a Palestina na escola fundada pela educadora Leonore Goldschmidt em Berlim. Cenas gravadas em 1937 e exibidas no Documentário “Goldschmidts Kinder” em 2017
E não apenas os filhos sofreram, ele também suportou enormes doses de sofrimento pessoal. A primeira esposa faleceu de tuberculose, deixando-o viúvo com cinco filhos pequenos para criar. O último desejo dela foi que ele se casasse com sua irmã, o que ele obedeceu. Logo após a morte da esposa, três de seus cinco filhos morreram de disenteria num intervalo de dez dias.
No entanto, como acontece com os heróis, ele superou tudo isso por conta da grandiosidade da obra que seu ideal colocou diante dele, bem como pela felicidade de ter encontrado na segunda esposa a companheira ideal.
A entrevista transcorreu num clima de imensa simplicidade e simpatia, num agradável apartamento da rua Achad Haam em Tel Aviv, a poucos metros da praça que abriga tanto o imponente prédio do teatro Habima (literalmente “o palco”) como o não menos imponente prédio do Eichal Hatarbut (literalmente “o palácio da cultura”).
Achad Haam foi contemporâneo de BenYehuda e é considerado um dos fundadores do sionismo cultural. Foi impossível deixar de perceber a conexão entre os personagens da entrevista, o nome da rua e os edifícios da praça. O Sionismo é, antes de qualquer outra coisa, a mais nova construção cultural do multimilenar povo judeu. E Ben-Yehuda é um dos elementos fundacionais desta nova construção. Seu centenário merece ser muito celebrado.
Miriam Gottlieb Treistman é pedagoga, com pós- gradução em ensino de hebraico para estrangeiros, e criadora do método “Hebraico Simples” que desenvolve videoaulas para o aprendizado do hebraico por brasileiros.
Raul Cesar Gottlieb é engenheiro, diretor da revista Devarim; chair da UJR-AmLat (União do Judaísmo Reformista da América Latina), uma das regiões da WUPJ (World Union for Progressive Judaism) e presidente do IIFRR (Instituto Iberoamericano de Formação Rabínica Reformista).
Entenda a criação de novas palavras em hebraico
Conceito 1 – O que é o radical
A grande maioria das palavras (verbos, substantivos e adjetivos) tem um radical de 3 consoantes. Este radical aponta para o grupo semântico (significado) ao qual a palavra pertence, formando uma família de palavras. Por exemplo, com o radical ב ת כ temos as palavras:
Conceito 2 – o que é a fôrma
Fôrmas são padrões de composição de palavras que pertencem a uma mesma categoria. Para perceber a fôrma, devemos nos atentar principalmente às vogais das palavras. Por exemplo, há uma forma para os nomes das ocupações, caracterizada pelas vogais A-A. escrever lirrtov ב ֹתּ ְכ ִל carta mirrtav ב ָתּ ְכ ִמ escrita ktivá ה ָבי ִת ְכּ endereço ktovet ת ֶב ֹתְ כּ reportagem katavá ה ָב ָתּ ַכּ
(a letra כ tem som de “rr”, com o ponto dentro tem som de “k”)
Cozinheiro tabach ח ָבּ ט Pintor tsabá ע ָבּ ַצ Cabelereiro sapar ר ָפּ ַס Soldado chayal ל ָיּ ַח
Em hebraico, há duas formas de criar palavras: a partir de radical e a partir de nome

Radical + Fôrma “a palavra a partir de radical”
Assim são formadas a grande maioria das palavras, inclusive todos os verbos. Por exemplo, para criar a palavra “restaurante”, os linguistas pegaram o radical ד ע ס (de seudá – refeição) e o colocaram na forma para os lugares: MI-A-A, compondo assim a palavra “Missadá” (ה ָד ָע ְס ִמ). Outras palavras desta fôrma são: Esquerdista smolani יִנ ָל א ֹמ ְשׂ Direitista yemani יִנ ָמ ְי Espiritual ruchani י ִנ ָח וּ ר Manual yadani יִ נ ָד ְי
Palavra + Sufixo “a palavra a partir de nome”
Algumas palavras não têm radical, ou porque são as únicas da família ou porque são estrangeiras ou por qualquer outro motivo. A partir de palavras completas, podemos simplesmente agregar o sufixo correto e formar uma nova palavra. Por exemplo, o sufixo MI é característico de adjetivos, assim temos: Floricultura mishtalá ה ָל ָתּ ֶשּׁ ִמ Delegacia mishtará ה ָר ָט ְשׁ ִמ Túnel min-hará ה ָר ָה ְנ ִמ Enfermaria mirpaá ה ָא ָפּ ְר ִמ