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Entrevista com David Broza por Ricardo Gorodovits

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David Breakstone

David Breakstone

a identidade cultural israelense em formação

entrevista com david broza

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“A oração é como uma poesia que conduz sua imaginação a lugares diferentes; as palavras escolhidas para os livros de reza, em geral têm um efeito que provoca uma ligação consigo mesmo, você se aproxima de sua alma e se integra aos seus pensamentos.”

ricardo Gorodovits

Um belo dia de sol e a vista da praia de Copacabana serviram de cenário para um encontro com o músico israelense David Broza, que esteve no Brasil há alguns meses.

A primeira vez que assisti a um de seus shows, no longínquo ano de 1981, ele era um jovem de vinte e poucos anos, de farta cabeleira e voz marcante, cuja composição Ihie Tov (“Será bom” ou “Ficará bem”), criada com o poeta Yonatan Guefen, servia de hino, simultaneamente esperançoso e cético, aos que viam oportunidades para a paz que não deveriam ser desperdiçadas. Ao mesmo tempo, sua interpretação de Shir Ahavá haBedui (Canção de Amor Beduína) arrebatava corações, com o vigor de seus acordes e o romantismo de sua letra, trazendo para a moderna música israelense uma batida nova, um quê do flamenco, com sua história árabe e cigana.

Apresentado pelo empresário do artista, Jaime Barzellai, sempre tão amigo de Devarim, David Broza é hoje um cinquentão que não aparenta a idade, simpático e solícito, sem deixar de ser profundo e às vezes duro em suas respostas e comentários. É um ícone da música israelense com projeção mundial, compondo e cantando em espanhol, inglês e hebraico, misturando influências e experiências de vida para nos trazer o melhor do universo musical e poético.

Tendo composto e cantado com Noa (Achinoam Nini, ver entrevista em Devarim 13), Broza foi e é parceiro de alguns mitos como Mercedes Sosa e Jor-

ge Drexler, tendo também um trabalho consistente e contínuo com músicos árabes e palestinos, que ele vê como fundamentais para sua construção harmônica e, por que não, como contribuição para o estímulo ao diálogo político, animado pelo viés cultural.

Mas vamos conversar com ele...

Devarim: Comecemos com um pouco da história da sua vida. Seu avô foi um dos fundadores de Neve Shalom.1 Isso te influenciou de alguma forma?

Broza: Claro, isso me mostrou o caminho... não é necessário repetir Neve Shalom no sentido mais estrito, mas entender sua percepção de mundo, na direção da solução de conflitos. Acredito ser impossível viver num mundo sem guerras. É impossível que existam dois seres humanos que não briguem, mas por outro lado é proibido deixar que pensem que podem viver em conflito sem conversar um com o outro. É preciso educá-los, mostrar que pode-se brigar e, em seguida, reconciliar-se. Depois podem brigar novamente e mais uma vez se reconciliar. Não se pode ter uma situação onde seja necessária a escolha: ou você ou eu. Ou seja, uma situação em que nós dois, juntos, não poderá ser. E isso não se refere apenas a Israel, isso vale também para cá, no Rio, em qualquer lugar. Neve Shalom me causa tristeza e também orgulho. Tristeza porque não há outros lugares como esse no mundo e porque o caminho para o qual aponta raramente é seguido. E orgulho porque o meu avô, que tanto amei, um homem tão sábio e especial, foi um dos seus pioneiros, esse lugar tão importante no Oriente Médio.

Devarim: Você esteve muito tempo morando fora de Israel. Alguma vez pensou em não retornar, simplesmente morar em algum outro lugar?

Broza: Veja, eu morei dos 12 aos 18 anos em Madri, morei uns 17 anos nos Estados Unidos, depois morei mais 3 anos na Espanha, mas sempre voltei... Em primeiro lugar, algo que sempre me fez retornar é a música, eu canto em hebraico e com isso eu sempre preciso voltar a Israel. Em segundo lugar, minha viagem em 1984 para os Esta-

dos Unidos não foi uma fuga de Israel; tinha por objetivo conhecer a música com a qual eu cresci, a cultura com a qual fui educado, a cultura do rock’n’roll, a cultura do jazz, a vanguarda sobre a qual não tive tanta informação antes quanto gostaria.

Devarim: Para ampliar seus horizontes musicais, então?

Broza: Exato. Da mesma forma que os pintores israelenses nos anos 1950 buscavam Paris, para conhecer as fontes do cubismo, dadaísmo e tudo o mais. E voltaram. Zaritsky, Steimatsky, Aroch, Rafi Lavi, eles todos, moraram na França, em Paris, durante um tempo. E para mim, viajar quando tinha 26 anos, com meus filhos ainda bem pequenos, fazer essa pesquisa, como você fez quando viajou para seu shnat2, ou como quem vai fazer uma especialização em Harvard por três anos, esse é o momento de fazê-lo, você não faz isso quando tem 40 anos, quando já tem uma família com crianças mais velhas, como você pode deixar tudo para trás? Não dá. Eu vejo minha vida de forma bem pragmática, ainda que eu seja também um sonhador.

Devarim: E quanto à educação das crianças, por exemplo. Sempre imaginou-as morando em Israel?

Broza: Acho que a educação das crianças começa em casa, e a minha casa por um lado é israelense e por outro é muito ligada à cultura mais ampla, sofrendo as influências espanholas que eu tive. Também é uma casa muito assimilacionista, no sentido de que nós queremos lidar com o que nos cerca. Quando viajei para Nova York, para Nova Jersey, minha ideia era que meus filhos se enriquecessem disso, mas quando em casa, sempre preservamos nossa cultura: sexta-feira à noite acendíamos velas, fazíamos uma refeição especial, para a qual convidávamos muitos amigos, judeus e não judeus, comíamos uma ótima comida, falávamos hebraico, cantávamos canções, ríamos, conversávamos...

Devarim: Você frequenta uma sinagoga em Tel Aviv, certo? “Minha viagem em Broza: Sim, uma sinagoga conser1984 para os Estados Unidos tinha por objetivo vadora, um pouco como a BJ em Nova York, o mesmo tipo de visão de mundo, que de forma muito concreta define conhecer a música a identidade judaica, dá sentido às oracom a qual eu cresci, ções, dentro de um momento de integraa cultura com a qual ção pessoal. Muitos não percebem isso, fui educado, a cultura que a oração traz integridade. do rock’n’roll, a cultura Devarim: Você vê alguma ligação endo jazz, da mesma tre rezar e cantar? Você disse que, em esforma que os pintores pecial quanto aos shows em Metzadá3 , israelenses nos anos cada vez que você canta algo, a canção 1950 buscavam Paris, parece diferente. Ainda que letra e melodia sejam as mesmas, você a sente de para conhecer as fontes forma diferente. A mim parece que nas do cubismo, dadaísmo e orações acontece o mesmo, pronunciamtudo o mais.” -se as mesmas palavras, mas a sensação é sempre diferente... Broza: A oração é como uma poesia que conduz sua imaginação a lugares diferentes; as palavras escolhidas para os livros de reza, em geral elas têm um efeito que provoca em você uma ligação consigo mesmo, você se aproxima de sua alma e se integra aos seus pensamentos. E isso é algo que hoje em dia é muito difícil de acontecer. Ou seja, se você define para você mesmo que três vezes ao dia você vai parar, é importante que exista uma moldura, como um sinal de trânsito, vermelho, dizendo: não prossiga, pare agora tudo e reze. Há nisso uma questão de disciplina e uma questão de limites. Eu, na minha vida como artista, defino esses lugares onde quero parar para me encontrar e me unificar, isso é da natureza da minha personalidade e também da minha profissão. Minha religião não é o judaísmo de uma linha religiosa específica ou de um grupo em particular. Mas quando me dá vontade no shabat de participar do serviço religioso, ouvir os comentários do rabino, tenho a minha sinagoga e gosto muito. Devarim: Existe hoje em Israel um problema com o fundamentalismo religioso judaico, que pretende influir cada vez mais na sociedade, nas decisões do governo. Como você se sente em relação a estas questões? Há algo que possa ou deva ser feito para evitá-la? Broza: Todo o mundo atravessa hoje um processo de “fundamentalização”. É parte da evolução natural da civi-

lização, sem dúvida. O fundamentalismo sumiu, desapareceu durante algum tempo, com a modernização, com a facilidade de acesso às coisas em geral e a qualquer assunto. O mundo ficou realmente muito superficial e materialista. E não sei onde a ordem se encontra de fato. Alguns dizem que está com Deus nos céus (risos), mas eu não posso dizer que penso assim, quer dizer, eu acredito no conceito “Deus”, mas não dessa forma. E no processo evolutivo de repente apega-se de forma radical ao fundamento básico, gerando fundamentalismo. De um lado está o Islã, de outro, os evangélicos radicais, de outro, os conservadores da igreja católica e entre os judeus temos os ortodoxos. Vemos por exemplo partidos que se estabelecem no congresso e propõem verbas para suportar suas soluções fundamentalistas. Paciência, isso faz parte da evolução, do desenvolvimento. Agora, a sociedade laica procura todo o tempo novos caminhos para estabelecer seus valores. Por exemplo, o movimento de protesto das tendas no verão4, o que aconteceu também nos Estados Unidos, ou o 15-M da Espanha, é uma busca de valores novos para a sociedade secular, uma divisão mais igualitária, organizada, dos recursos do país para as classes média e baixa, um cuidado maior com as questões de saúde e educação, uma divisão da riqueza do país. Isso sem abrir mão do modelo capitalista, não se quer comunismo ou socialismo, ainda que haja muito dos princípios marxistas nisso tudo, mas, na prática, é um modo novo e estamos apenas no início do percurso. Então esses temas não me assustam de forma alguma. Isso não quer dizer que se deva sentar e dizer: bem, isso vai passar. A evolução exige que as forças se confrontem.

Devarim: Você esteve nas passeatas?

Broza: Claro!

Devarim: E se apresentou cantando também?

Broza: Sim, escrevemos, Yonathan Gefen e eu, uma nova letra para Ihié Tov, está no YouTube. Busque por “David Broza Ihié Tov 2011” (ver box).

Devarim: Vamos falar um pouco sobre música. Você transparece em seu trabalho todo o tipo de influências musicais: folk5, country, flamenco, jazz, e você é um músico israelense, um dos mais importantes. Como fica e onde se encontra a música israelense? Existe algo que se possa chamar de música israelense?

Broza: Ainda não temos isso em Israel. É um país que se descobre a cada dia, que vem se descobrindo há 63 anos. Vêm brasileiros morar em Israel, vêm franceses, argelinos, egípcios, iraquianos, russos, cada um trazendo sua própria cultura, e vai levar muito tempo até que isso tudo se funda. Nesse meio tempo brotam todo tipo de artistas, como Shalom Hanoch, HaTarnegolim, Naomi Shemer, Mati Caspi, Shlomo Gronich, Ehud Manor, David Broza, Yehudit Ravitz, Ioni Rechter, eles são a música israelense. Então, se eu for para os Estados Unidos e compuser, como fiz durante muitos anos, sobre a poesia

“Israel é um país que americana, e pego Walt Whitman, Elizase descobre a cada dia, que vem se descobrindo beth Bishop, Anne Sexton, todos poetas conhecidos, a música de referência vem de Israel, é lá que meu ouvido está ancohá 63 anos. Vêm rado, cresci com aquela música, sorvi dela brasileiros morar em como do seio materno, como o leite ma-

Israel, vêm franceses, terno. Essa é a minha fonte, meu catáloargelinos, egípcios, go musical. Leio Anne Sexton e entendo sobre o que ela fala. Ela é americana, de iraquianos, russos, cada Massachussets. Quando escreve embaixo um trazendo sua própria de uma árvore, ela está ali, enquanto eu cultura, e vai levar me transporto para algum lugar do Galil muito tempo até que ou na Arava. Mantenho assim uma sintoisso tudo se funda.” nia, há uma fusão. Devarim: Isso foi o que você fez com o seu disco sobre a poesia de Townes Van Zandt... Broza: Exatamente. Ou, por exemplo, Brakim Ureamim, uma das primeiras músicas que fiz quando eu tinha uns 22 anos, é uma música country, uma melodia totalmente americana, mas o contexto é israelense.

Ricardo Gorodovits (à esq.) em entrevista exclusiva com David Broza no Rio de Janeiro.

A nova letra de um hino

Yonatan Gefen reescreveu a letra da música Ihié Tov especificamente como apoio ao protesto das tendas do verão de 2011, em versão que foi gravada por David Broza e que se encontra no YouTube, no site http://www.youtube. com/watch?v=wHTmMcQXl8s. Abaixo, segue a nova letra em hebraico, com sua tradução:

ונקתש תובר םינש רבכ Já nos calamos por muitos anos רפע דע ונלפשוהו E fomos humilhados até as cinzas ףסכ’ת ורפס תולשמממ Governos contabilizaram dinheiro רפס אל ונתוא שיא Mas a nós, ninguém contou.

,עשפ אל אוה ינועה, אל Não, a pobreza não é crime, םילשנ אל ונחנאו E nós não vamos descansar עשרה ןוטלש דריש דע Até que o governo cruel desça .םילהואל םילדגממ Das torres para as tendas.

בור היהנשכ ,בוט היהיו E ficará bem, quando formos maioria רוצח דעו תליאמ De Eilat a Chatzor ךרדה הכורא םא םג E ainda que seja longo o caminho .רוצענ אל ,נצעד Seguiremos, não pararemos.

םיגוגמדל בישקנ אל Não ouviremos os demagogos דיחפי אל ונתוא שיא Ninguém nos amedrontará םולכ ול ןיאש ימל יכ Porque para aquele que nada tem .דיספהל המ ןיא םג Também não há nada a perder.

תחלשנ התא תולקב Quão fácil foi nos mandar תומל תומחלמב Morrer nas guerras התיבה רוזחת יח םא ךא Mas voltando vivo para casa, .תוריד ןיאו םייח ןיא Não haverá nem vida nem onde morar.

בור היהנשכ ,בוט היהיו E ficará bem, quando formos maioria ארומ אלל דעצנו E seguiremos sem medo להואל םיחא תובבר Inúmeros irmãos para a tenda .הרירב ןיא תמחלמב Numa guerra não temos escolhas.

Devarim: Você esteve na escola de Jorge Drexler, que, aliás, foi do movimento juvenil do qual fiz parte, a Chazit. E você tem um histórico familiar de ligação com o Ichud Habonim e veio agora numa turnê organizada pelo Habonim Dror. Você tem alguma atividade com jovens? Broza: Sempre que me pedem. Em especial quando viajo tento me encontrar com jovens em escolas, fico uma hora, hora e meia conversando com os alunos e com professores, um pouco eu falo, depois fazemos rodadas de perguntas e respostas. Não estou ali para ensinar, o importante é o encontro, a troca. Meu ofício é a música e o que quero é trazer a música e a arte, a partir da qual também há uma aproximação com a ideologia que é muito importante para o meu público, principalmente o público judaico. Isso não é explícito, mas está lá.

Devarim: Um pouco sobre a música Belibi, que você compôs e toca com Said Murad, do grupo palestino Sabrin. Você faz ou fez shows com ele?

Broza: Não. Já trabalhamos juntos desde 1999. Somos amigos muito próximos, gravamos, escrevemos coisas juntos, nos divertimos juntos, mas no que tange aos shows, ele

não pode ainda subir no palco comigo de forma tranquila; no futuro próximo isso vai acontecer, eu acho. Não é uma questão como a de Mira Awad (ver entrevista em Devarim 13), ainda que eu acredite que se ele fizesse os shows comigo não iria acontecer nada. Mas ele é da comunidade palestina, está ligado à Ramallah. Mira Awad é uma árabe cidadã israelense. Mira tem muita coragem, uma personalidade fantástica, e ela diz: se for necessário quem precisa me defender é a polícia israelense. Said não é israelense e ele não será israelense jamais, ele é palestino. Então eu preciso respeitar esse fato e por isso não há pressão. Ele não pode se apresentar em shows comigo? Ok, não faremos shows juntos, então. Se acessarmos a internet, veremos um vídeo onde aparecemos juntos, no fundo não há diferença, todos podem nos ver juntos ali. Já trabalhamos juntos há bastante tempo: com ele, os irmãos dele, os amigos dele... Devarim: Então é algo que terá sequência...

Broza: Eu espero que o meu próximo disco vá ser gravado lá, junto com minha banda, Gadi e Alon6, e com a banda dele também. “Os palestinos nos Devarim: Você tem ideia se os palestiterritórios não ouvem em hebraico, pelo gosto nos ouvem a sua música, por exemplo? Broza: Eles não ouvem em hebraico, pelo gosto pessoal deles, mas a música Bepessoal deles, mas libi sim, ouvem, inclusive na rádio Haa música Belibi sim, mas de Gaza! Há um público ali. O que ouvem, inclusive na rádio espero é receber licença para shows em Hamas de Gaza! Há um Ramallah. Eles virão ouvir. público ali. O que espero Devarim: Você já fez shows ali, nos teré receber licença para ritórios, de forma geral? shows em Ramallah. Os Broza: Sim, já fiz alguns, apenas ainpalestinos virão.” da não com Said. Devarim: Algo que eu não tenha perguntado e que você gostaria de comentar, algo que em geral não perguntam... Broza: No meu último disco, Safa Shilishi (Terceira Língua), foi a primeira vez que escrevi todas as letras também, não somente as músicas; resolvemos comercializar via internet, não por meio de uma gravadora. Por incrível que pareça, 80% das compras vieram da América do Sul e dos Estados Unidos, gente que quer ouvir um disco em hebraico!!! Isso foi uma coisa nova. O jeito que o fizemos, com tecnologia e modelo inovadores, recebemos até um certificado pelo movimento financeiro dos mais altos

no mundo digital. Isso foi incrível, se ainda fosse um disco em inglês, mas todo em hebraico, foi mesmo incrível. A música é uma linguagem universal.

A ótima conversa poderia se estender por muitas horas, mas chegou o momento de encerrá-la. Mais tarde, a ideia da música como linguagem universal ecoava, se alternando com a visão de um país ainda em formação, buscando uma linguagem própria, que o representasse e identificasse. Lembro-me de quando criança ouvir um disco de Yaffa Yarkoni, recentemente falecida, com músicas folclóricas judaicas (algumas em ídiche), a maioria composta ainda antes da criação do Estado de Israel. Recordo o impacto que tive ao ouvir o grupo liderado por Arik Einstein, Chalonot Hagvohim, no final da década de 1960. Seguiram-se a anarquia musical do Caveret, a força do rock do Tamuz, a qualidade do jazz do Platina, ainda em meados da década de 1970. Este cenário que não parou de crescer e evoluir foi somando estilos e tendências e aos poucos tem criado uma personalidade que, como deixou claro David Broza, gira em torno da língua e das vivências que Israel propicia aos seus artistas. A música é universal, mas já se distingue um sotaque israelense.

Notas

1. Neve Shalom – Sob o nome “Oasis de Paz” a vila foi fundada ainda nos anos 1970 pelo padre Bruno Hassar, sendo Wellesley Aron, avô de Broza, um de seus pioneiros. Neve Shalom é referência como centro de convivência entre árabes e judeus e ali vivem hoje cerca de 60 famílias. 2. Shnat Hachshará (ano de preparação) nome que se dá à experiência de passar um ano em Israel promovida para jovens de movimentos juvenis. O autor do texto fez shnat pela Chazit Hanoar, em 1978. 3. Shows em Metzadá – David Broza protagoniza há anos shows em Metzadá, que se iniciam de madrugada e vão até o nascer do sol. Diversos destes shows podem ser acessados pelo YouTube e pelo menos um deles foi gravado num espetacular

DVD: “David Broza The Sunrise Concert at Masada”. 4. Protesto das Tendas – Ao longo do verão do ano passado, Israel assistiu a uma de suas maiores manifestações populares, à qual se denominou “movimento das tendas” por manter seu núcleo em tendas colocadas em praça pública, em Tel Aviv, por pessoas que protestavam contra as dificuldades de obter moradia. O movimento se expandiu para tornar-se um apelo por uma sociedade mais preocupada com a solidariedade e o bem-estar de seus membros. Uma passeata com cerca de 500 mil participantes em Tel Aviv e em diversas outras cidades em toda

Israel marcou o auge do movimento, em setembro passado. Hoje ainda estuda-se o impacto gerado sobre o ambiente político-econômico israelense, sem estar claro que ganhos efetivamente foram gerados a partir das inúmeras pautas reivindicatórias apresentadas. 5. Folk – Sharona Aron, mãe de David Broza, foi uma das primeiras cantoras de música folclórica israelense nas décadas de 1940 e 1950. 6. O percussionista Gadi Seri e o baixista Alon Nadel tocam habitualmente com David Broza e vieram ao Brasil para acompanhá-lo em seus shows.

Ricardo Gorodovits faz parte do grupo editorial da Devarim, é membro do Conselho da ARI e ex-boguer da Chazit Hanoar.

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