Bauhaus

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Vertente política 1931- 1933 Após o encerramento da Bauhaus em Dessau, houve duas cidades a oferecerem-se para alojar a Escola: Leipzig e Magdeburg. Contudo, Mies van der Rohe (último diretor da Bauhaus) já tinha decidido transformar a Bauhaus numa escola privada, em Berlim e, após encontrar o local ideal, os mestres e estudantes da Bauhaus deram continuidade aos trabalhos numa fábrica de telefones abandonada em Birkbuschstrasse, Steglitz. O programa passaria a ser formado por cursos com uma duração de seis semestres, e as propinas foram aumentadas. Esta reformulação de estatutos, obrigou a que todos os alunos fizessem um exame de readmissão, de modo a excluir todos os estudantes que contestassem.

Mies anunciou as suas intenções pragmáticas: «É nosso objetivo formar arquitetos que dominem todas as áreas de arquitetura, de pequenos apartamentos a planeamento urbano- não meramente a construção em si, mas do “design” de interiores até aos tecidos». O curso de publicidade ficou sem professor, uma vez que Mies van der

Rohe não levou consigo os mestres Alfred Arndt e Joost Schmidt.

Nesta nova fase da Escola, Mies, teve dois pilares financeiros: as taxas das licenças de produtos no valor de aproximadamente 30 000 marcos e os salários dos professores que Dessau tinha aceitado pagar até 1935.

Mais uma vez, a política interferiu com os planos da Bauhaus. O gabinete do Ministério Público de Dessau indicou uma comissão de investigação para juntar provas incriminatórias contra Fritz Hesse por ter fomentado a Bauhaus. Este acabou por receber cortes na pensão e salário após ser-se provado que a Escola era comunista através da vistoria. A GESTAPO (polícia secreta do Estado) selou o local de ensino após uma rusga que tinha sido notoriamente encenada a partir de Dessau, visto que foram tiradas inúmeras fotografias do momento. Quer Mies van der Rohe, quer os estudantes, contactaram inúmeras vezes as autoridades estatais para que a Escola fosse reaberta. Houve várias soluções propostas para que isso acontecesse, sendo duas delas:

a recomendada por Lilly Reich e Kandinsky que propuseram a adesão ao “Kampfbund” e outra foi que um comissário estatal aceite pelo governo fosse nomeado como diretor. Entretanto, entrou em vigor uma nova lei que colocava todas as escolas privadas sob a alçada do Conselho Provincial Escolar à qual Mies van der Rohe pediu permissão para abrir uma escola de arte privada.

Semanas mais tarde, recebe a confirmação de que a GESTAPO estaria de acordo com a reabertura da Bauhaus sob algumas condições: Kandinsky e Hilberseimer não podiam continuar a lecionar na Bauhaus, o corpo docente não podia ter judeus, recomendava que alguns professores se juntassem ao partido nazi e a GESTAPO exigia um plano com orientação nacional-socialista.

Antes destas condições terem chegado à Bauhaus, uma nova lei, que dava às autoridades de Dessau o pretexto para pôr fim ao pagamento de salários até então prometidos. Várias empresas já tinham cortado laços com a Bauhaus. Quando as condições chegarem à Bauhaus, os mestres juntaram-se no atelier de Lilly Rei-

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Bauhaus by David Nunes - Issuu