6 minute read

Oficinas da Bauhaus

A Bauhaus possuiu diversas oficinas para abranger todas as áreas artísticas e de design, várias delas tendo grande importância para a criação de obras que se viriam a tornar icónicas e símbolos deste movimento.

Dirigida por Marcel Breuer, de 1924 a 1928, a oficina de carpintaria esteve entre as mais populares da Bauhaus e revolucionou o próprio conceito de mobiliário, tentando afastar-se das formas convencionais dos objetos para realçar a sua essência. As peças de mobiliário projetados na Bauhaus são consideradas clássicos do mobiliário moderno e fonte do design atual até hoje. São objetos funcionais, com formas simples e geométricas, destinados a fazer parte da vida quotidiana das pessoas comuns.

Advertisement

8.

7. Marcel Breuer na sua cadeira Wassily. 8. “Unknown woman in tubular steel chair”. Todos os objectos nesta fotografia, como a cadeira, as roupas e a máscara de teatro foram produzidas na Bauhaus. Esta fotografia tirada por Erich Consemüller em 1926 tornou-se famosa e num símbolo da Bauhaus, tendo até sido usada para propaganda da escola.

10. 11. 12.

A oficina de tecelagem foi uma das mais produtivas e bem sucedidas da Bauhaus. Os alunos estudavam a teoria da cor e design, assim como os aspetos técnicos da tecelagem. Gunta Stölzl, a designer dirigente desta oficina, incentivou a experimentação de materiais não convencionais, como por exemplo celofane, fibra de vidro e metal. Os tecidos aí criados, juntamente com a pintura de parede arquitetónica, decoravam os interiores dos edifícios da Escola.

A oficina de metalurgia, que teve origem em 1919, trabalhou inicialmente com ouro, prata e cobre, e os seus projetos foram liderados pelo mestre e pintor Johannes Itten, que foi substituído em 1922 por Christian Dell. Foram criados objetos belos e modernos, entre os quais equipamentos de iluminação e louça. Alguns destes objetos eram ocasionalmente utilizados na Bauhaus tanto no edifício como em algumas moradias de estudantes. A partir de 1923 os protótipos começaram a ser produzidos em massa em vez de apenas peças individuais, como por exemplo o candeeiro de mesa de Karl Jacob Jucker e Wilhelm Wagenfeld, o infusor de chá de Wolfgang Tümpel e os cinzeiros de Marianne Brandt, a primeira mulher a fazer parte da oficina de metalurgia. Um exemplo dos seus trabalhos é a sua famosa chaleira projetada com especial atenção para a funcionalidade e facilidade de uso, desde o bico anti-gotejamento até à alça de ébano resistente ao calor. Este é um dos vários projetos seus que se tornaram ícones da estética da Bauhaus.

A oficina de tipografia ganhou importância graças a Moholy-Nagy e ao designer gráfico Herbert Bayer, influenciando significativamente o design gráfico futuro. Entre 1919 e 1925 existiu na Bauhaus uma oficina de impressão gráfica, que em conjunto com as oficinas de impressão e encadernação publicou portfólios de arte gráfica da autoria de estudantes e mestres. No entanto as vendas destes portfólios não atingiram os valores esperados, e esta oficina não foi restabelecida após a mudança da Bauhaus para Dessau. Em 1925, Gropius nomeou Herbert Bayer como mestre junior da recém-estabelecida oficina de impressão e publicidade. Bayer dedicou-se ao uso de formas geométricas simples com o objetivo de criar uma presença tipográfica uniforme, simples e pura para a Bauhaus. Esta tipografia utilizava o tipo sem serifas, acreditando que a sua forma geométrica simples era mais apelativa e útil do que os tipos normais usados na Alemanha na época. O estilo tipográfico da Bauhaus tem um layout equilibrado baseado em formas geométricas harmoniosas, letras sans-serif, maiúsculas ou minúsculas, que são simples mas fortes, tendo assim o impacto

13. 14.

pretendido. O layout não era apenas vertical e horizontal, mas também angular, e as cores limitavam-se às primárias, especialmente o vermelho e o preto. A conjugação de todos estes aspetos transmite a mensagem do design de forma eficaz. A inovação na organização e inclinação do texto perdura até aos dias de hoje, mostrando-se uma forte influência nos cartazes e posters, por exemplo.

Encontramos assim mais uma prova da importância e impacto da Bauhaus no design atual, podendo comprovar isso com as influências nas mais diversas áreas artísticas e de design. A Bauhaus e vários dos tipógrafos que a frequentaram influenciaram aquele que viria a ser um dos tipógrafos e designers mais importantes do século XX, Jan Tschichold.

Este homem esteve entre os imensos visitantes da exposição da Bauhaus em Weimar e ficou profundamente impressionado. Figuras importantes na tipografia da Bauhaus, como László Moholy-Nagy, El Lissitzky e Kurt Schwitters influenciaram a sua maneira de pensar e Tschichold aderiu ao movimento radical e revolucionário contra a tipografia convencional. Acabou por criar “A Nova Tipografia”, defendendo o objetivo funcional do design. Ornamentos e decorações eram inúteis, e a clássica estrutura simétrica e rígida dificultava a transmissão da mensagem pretendida, e o uso de tipos sem serifa e a organização do espaço assimétrica e prática tornaram-se princípios do modernismo tipográfico. Apesar destes desenvolvimentos, Tschichold traiu esta filosofia radical enquanto viveu na Suíça, onde passou a idealizar estruturas tipográficas conservativas.

Mas mesmo assim não deixa de ser um dos tipógrafos mais importantes do século XX, que foi influenciado e impulsionado pelos ideais inovadores da Bauhaus.

15. 16. 17.

Na Bauhaus de Dessau a fotografia era usada para documentar de forma criativa os produtos, a arquitetura e a vida na Bauhaus, e era promovida principalmente por Lucia Moholy e Erich Consemüller, até à intervenção de László Moholy-Nagy. Este construtivista húngaro inovou o conceito de fotografia e integrou-a nos cursos da Bauhaus, vendo-a como um meio artístico independente, e criou na Escola um interesse pela junção da fotografia com a tipografia. Acreditava que o design gráfico, principalmente de cartazes, iria evoluir a partir da comunhão da fotografia e da tipografia, resultando na tipofoto, e que a junção de palavra e imagem comunica de forma imediata com as pessoas. Chamou a essa interação de “A nova literatura visual”. Moholy-Nagy trabalhou também em colagens criando fotoplastias, usando a interação entre luz e sombra sobre papel fotossensível e objetos com boas propriedades de modulação de luz para criar peças com novas formas de expressão, mais criativas e funcionais que a fotografia. Após a partida de Moholy-Nagy, em 1928, a fotografia na Bauhaus passou a ser principalmente usada na publicidade, e em 1929 Hannes Meyer, o segundo diretor da Bauhaus, criou a oficina de fotografia com Walter Peterhans como mestre. Aí foi ensinada fotografia de produtos, com especial atenção para a estética e capacidades técnicas.

A Bauhaus revolucionou o design de forma permanente, incentivando os seus alunos a levar em consideração os aspectos psicológicos, linguísticos, económicos e visuais dos seus projetos. 10.Tapeçaria de Gunta Stölzl, de 1927-1928. 11.Candeereiro de mesa Wilhelm Wangenfeld, projetado em 1924. 12.O cinzeiro com apoio de cigarro de Marianne Brandt,, desenhados em 1924. 13.Icónico cartaz da exposição Bauhaus de 1923, desenhado por Joost Schmidt. 14.Fonte universal desenhado por Herbert Bayer, de 1925. 15.Fotograma de Moholy-Nagy. 16.Cartaz para uma marca de pneus, desenhado por Moholy-Nagy, combinando de forma inovadora a imagem com a tipografia. 17.Fotograma de Moholy-Nagy.

This article is from: