REVISTA ALGARVE INFORMATIVO #487

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ALGARVE INFORMATIVO

12 de julho, 2025

ÍNDICE

José Carlos Rolo fez balanço do mandato autárquico (pág. 24)

Ministra do Ambiente e Energia no Algarve (pág. 30)

Festas em Honra do Imaculado Coração de Maria em Altura (pág. 36)

Festas Populares de Boliqueime (pág. 48)

Campeonato Nacional de BMX Race em Portimão (pág. 58)

Marchas Populares em Quarteira (pág. 74)

Campeonato Nacional de Ginástica Acrobática em Albufeira (pág. 88)

«ConCorda» no Cenas na Rua em Tavira (pág. 116)

OPINIÃO

Mirian Tavares (pág. 132)

Sílvia Quinteiro (pág. 134)

João Ministro (pág. 136)

Paulo Neves (pág. 138)

José Carlos Rolo termina mandato

com investimento recorde em obras públicas em Albufeira

Texto: Daniel Pina| Fotografia: Daniel Pina

ntre 2021 e 2025 contabilizam-se 144 milhões de euros investidos pelo Município de Albufeira em obras no concelho, um volume financeiro que não encontra paralelo na história e que corresponde a 277 empreitadas distribuídas por diversas áreas.

Com o final de mais um ciclo autárquico, o presidente da Câmara Municipal, José

Carlos Rolo, fez o balanço do mandato, no dia 2 de julho, no Salão Nobre dos Paços do Concelho de Albufeira, começando por destacar as “dificuldades excecionais que enfrentámos nos últimos anos, fruto dos efeitos da pandemia, das consequências do aumento significativo da inflação, e da escassez de mão de obra especializada”. Embora reconheça que “persistem vários desafios a que é necessário dar resposta”, o autarca salientou “o enorme esforço levado a

cabo pelo executivo para resolver carências em áreas críticas como a segurança, a ação social, a educação e a habitação”

Na sessão foi apresentado o livro «Obras 2021-2025», que contempla informação detalhada sobre todas as empreitadas realizadas ao longo dos últimos quatro anos, dividido em várias áreas setoriais. Com um investimento total de mais de 41 milhões de euros, o setor «Escolas e Equipamentos Escolares» ocupa o topo da lista, seguido do montante canalizado para «Ação Social e Saúde» (25 milhões de euros) e Habitação (24 milhões de euros). No total, foram investidos pelo Município perto de 144 milhões de euros nos últimos quatro anos.

Na lista de 277 empreitadas figuram diversos trabalhos de manutenção com carácter regular, em infraestruturas ligadas à rede viária, ao abastecimento de água, ou aos espaços desportivos do concelho. Neste âmbito, importa realçar obras como a requalificação do Polidesportivo de Ferreiras, bem como o conjunto amplo de intervenções em diversos espaços públicos do concelho –onde se insere, por exemplo, a construção do Cemitérios de Ferreiras (em fase de concurso público, com uma dotação orçamental superior a 1,5 milhões de euros). Além disso, o catálogo de empreitadas inclui também obras de carácter estrutural que vão permitir colmatar lacunas em setores fundamentais.

Na Saúde, o destaque vai para a criação da nova Unidade de Cuidados

Continuados da Guia. Com um investimento superior a 4 milhões de euros, a obra vai contribuir para duplicar a capacidade de prestação de cuidados de saúde a pessoas em situação de dependência. Os trabalhos já se encontram em curso, e espera-se que a conclusão da obra ocorra até ao final de 2025, ano em que será também lançado um novo concurso para a reabilitação do atual edifício do Centro de Saúde de Albufeira, bem como para a edificação de um novo bloco. A obra já está aprovada e conta com um volume de financiamento a rondar os 7 milhões de euros.

No que diz respeito à Ação Social, a aposta passou pela construção do Lar, Creche e Centro de Dia de Olhos de Água, concluída em 2023. O investimento aproximou-se dos 6 milhões de euros, ao qual se junta uma nova empreitada para construção do Lar e Centro de Dia das Fontainhas, por um valor próximo dos 8 milhões de euros. Espera-se que, também neste caso, o equipamento esteja concluído até ao final do ano.

Na Educação, o período entre 2021 e 2025 coincidiu com a requalificação de vários espaços, com o objetivo de melhorar os equipamentos escolares e as condições proporcionadas aos alunos do concelho. O setor foi mesmo o que maior volume de investimento recebeu, fruto dos trabalhos realizados em diversos estabelecimentos de ensino do concelho. O destaque vai para as intervenções na Escola EB 2,3 Prof.ª Diamantina Negrão (com um investimento na ordem dos 2,3 milhões de euros), e para a ampliação da Escola Básica de Ferreiras (com a alocação de 5,6 milhões de euros).

Prestes a entrar em fase de concurso está também a empreitada de ampliação e remodelação da Escola Secundária de Albufeira, com uma dotação de 15 milhões de euros.

Num momento marcado pelo aumento dos custos de acesso à habitação, o Município procurou também reforçar o investimento canalizado para esta área. Como consequência, encontram-se já

habitados os 40 fogos construídos na Ladeira da Fonte, em Paderne. A empreitada custou quase 5 milhões de euros ao Município, que tem já em marcha concursos públicos para projetos de construção nas Fontainhas (com um investimento de mais de 13 milhões de euros), e na Quinta dos Barros (com quase 6 milhões de euros previstos em orçamento). “O livro que hoje apresentamos é mais do que um

exercício de balanço, é mesmo um ato de transparência que devemos aos munícipes”, explica José Carlos Rolo, que admitiu que “há ainda muito trabalho por fazer, e este livro é também um ponto de partida para a discussão sobre o futuro do concelho, onde queremos incluir todos aqueles que se preocupam com os destinos da comunidade”.

Ministra do Ambiente e Energia

levantou restrições à captação de águas subterrânea para a agricultura e anunciou Barragem do Alportel

Texto: Daniel Pina| Fotografia: Daniel Pina

Ministra do Ambiente e Energia, Maria da Graça Carvalho, deslocou-se ao Algarve, no dia 4 de julho, para uma jornada de trabalho que começou com a assinatura do protocolo «Água que Une –

Estudos para a avaliação do potencial hídrico nas bacias hidrográficas do

Algarve», entre a APA – Agência Portuguesa do Ambiente e a Associação de Beneficiários do Plano de Rega do Sotavento do Algarve, no edifício sede da CCDR Algarve, em Faro, e que prevê a construção de uma barragem na Ribeira de Alportel. O objetivo é que a obra esteja concluída até 2030, aproveitando assim as verbas europeias do Portugal 2030, nomeadamente do Plano Operacional Sustentável.

Na ocasião, a governante anunciou igualmente que as restrições à captação de água subterrânea para a agricultura no Algarve foram parcialmente levantadas, uma decisão que decorre da “recuperação significativa” em massas de água subterrânea verificada nas bacias das ribeiras do Barlavento e do Sotavento, mormente da bacia do Arade, Luz de Tavira, São Brás de Alportel, Peral, Moncarapacho e São Bartolomeu. De acordo com a Ministra do Ambiente e Energia, o levantamento das restrições vai abranger uma área agrícola de cerca de 60 mil hectares, ficando de fora o aquífero Querença/Silves, “o qual manterá a restrição à captação porque não teve a mesma recuperação”. Maria da Graça Carvalho disse ainda que “a APA vai rever em alta em todo o Algarve os títulos de captação de água

subterrânea em função das novas plantações e atualizar também as áreas, o que não é feito há muito tempo”. A governante recordou ainda que esta situação é revista de dois em dois meses, até porque se espera um Verão muito quente, pelo que será necessário continuar a combater o desperdício e a poupar água, mantendose a restrição de 5 por cento ao consumo de água para os setores urbano, turismo, agrícola e golfe.

Da CCDR Algarve a comitiva rumou à Praia de Faro, onde Maria da Graça Carvalho apresentou as medidas tomadas no âmbito da nova época balnear e da proteção do litoral. “Temos, neste momento, cerca de 50 milhões de euros em obras a decorrer em todo o país, que são financiadas a 85 por cento pelo Programa Operacional

Sustentável e cofinanciadas a 15 por cento pelo Fundo Ambiental”, indicou a Ministra do Ambiente e Energia, sendo que a maior de todas é na Figueira da Foz, estando também previstas intervenções para reposição de areias na Costa da Caparica, em Esposende, Furadouro (Ovar), em Espinho e no Algarve. “Vamos ter o contrato pronto ainda este mês para a maior de todas a realizar no Algarve, que é no Garrão e Vale do Lobo, e para a Fuseta saiu, no dia 3 de julho, em Diário da República, o concurso internacional”, adiantou, lembrando que naquela praia do concelho de Olhão já foi feita uma obra de emergência para garantir a sua abertura no início da época balnear, em junho. “Agora vamos fazer uma obra mais completa, de maior dimensão, para que fique uma extensão de 30 metros de largura de areia”, explicou.

Maria da Graça Carvalho aproveitou a presença de muitos órgãos de comunicação social no almoço informal para lembrar que o Programa Operacional Sustentável ainda tem bastantes verbas disponíveis, “só estando em obra um terço do financiamento”, sendo que as intervenções têm de estar prontas em 2029 para os montantes serem aproveitados. “Já conseguimos ter projetos no valor de 50 milhões e é preciso executar, é preciso avançar para que não se perca o dinheiro, para que se aproveitem estes fundos para recuperar todo o litoral”, afirmou a governante, esclarecendo que os projetos podem abranger reposição de areias, intervenções em arribas ou melhorias da qualidade de água.

Música, artesanato e juventude atraíram milhares às Festas em Honra do Imaculado Coração de Maria em Altura

Texto: Daniel Pina| Fotografia: Município de Castro Marim

ma programação diversificada com concertos de vários géneros musicais, a Feira de Artesanato com as suas tradições regionais e um

Festival da Juventude foram as grandes apostas da edição deste ano das Festas

em Honra do Imaculado Coração de Maria, que reuniram milhares de pessoas nos dias 4, 5 e 6 de julho, em Altura.

As festas tiveram início com um dia dedicado à juventude, na sexta-feira, 4 de julho, com atividades desportivas como um workshop de padel-surf e torneios de futebol e voleibol de praia, inaugurando

assim o Festival da Juventude de Altura. Ao final da tarde, a praia de Altura acolheu o podcast «Inovação, Algarve e Juventude» com a participação de Maria Magalhães (estrategista digital e fundadora das empresas Flexgrow e BioVisão), Joana Jesus (fundadora do projeto «Poupança Criativa» – Peanuts), Francisco Machado (biólogo marinho e cofundador da Easy Harvest), Ricardo Pedro (project manager e fundador da Flow Productions) e Mariana Santos (educadora e CEO da empresa Segredos da Infância). Com a apresentação de Margarida Madeira (chefe do departamento de comunicação da Young Link) e António Guerreiro (diretor da Algarve Evolution), este podcast contou ainda com a atuação musical de António Cavaleiro e Dânia Gonçalves.

No recinto, localizado no Campo de Futebol, após a abertura da Feira de Artesanato, a Zona Jovem acolheu uma apresentação sobre literacia financeira com Nuno Santiago. À noite, com um cartaz inteiramente pensado e dedicado aos jovens, o Festival da Juventude de Altura prosseguiu com as atuações de DJ Miax, Julinho KSD e Karetus.

No sábado, 5 de julho, depois de abrir as portas da Feira de Artesanato, decorreu na Zona Jovem a apresentação «Go Ahead: Design de carreira com mentalidade empreendedora» com Isabel Costa. O palco principal começou por acolher uma atuação dos Acordeanima, seguida de um grande concerto de Matias Damásio, terminando a noite com o projeto Time Travel, composto por jovens do sotavento algarvio.

No domingo, 6 de julho, o ponto alto foram as celebrações religiosas como a procissão em Honra do Imaculado

Coração de Maria, acompanhada por centenas de crentes. Logo depois houve baile popular com Hugo Madeira e a atuação das ARUTLA, um grupo de dança que muito orgulha a terra e que, este ano, apresentou novas coreografias e trouxe ao palco novas crianças artistas. A festa terminou com um espetáculo de tributo a Marco Paulo, intitulado «Obrigado Marco».

As Festas em Honra do Imaculado

Coração de Maria foram organizadas pelo Município de Castro Marim, em parceria com a Junta de Freguesia de Altura, Clube Recreativo Alturense, Paróquia de Altura, Young Link, Instituto Português do Desporto e Juventude, Algarve Evolution e a Divisão de Empreendedorismo e Transferência de Tecnologia da Universidade do Algarve.

Festas Populares de Boliqueime

encheram Largo do Adro da Igreja de tradição e animação

Texto: Daniel Pina| Fotografia: Daniel Pina

eza a história que o povo de Boliqueime

saia à rua, no início de julho, para celebrar as suas raízes, pelo que a Junta de Freguesia voltou a cumprir esta tradição com a 34.ª

edição das Festas Populares de Boliqueime, nos dias 4, 5 e 6 de julho, no

Largo do Adro da Igreja, contando para tal com o apoio da Câmara Municipal de Loulé e do Clube Desportivo de Boliqueime, Irmandade da Santa Casa da Misericórdia de Boliqueime, Associação Cultural de Boliqueime e Agrupamento de Escuteiros 1174 de Boliqueime.

Durante três dias, Boliqueime transformou-se num palco de alegria e

muito convívio, com destaque para a música ao vivo, a gastronomia local, os trajes típicos e a animação de rua que refletem o melhor da identidade e cultura da freguesia. As noites foram marcadas por concertos para todos os gostos, com Nuno Florindo e João Paulo Cavaco (4 de julho), Ruben Filipe e Duo 64 (5 de julho) e Emanuel & Tânia e Filipe Romão (6 de julho).

A animação estendeu-se às ruas da freguesia, com arruadas a cargo de Filipe Romão e Luís Parente, bem como momentos de humor e interação com a Ti Gregoire e a Ti Marquinhas, figuras muito

acarinhadas pela população. As associações e coletividades locais assumem um papel central, assegurando o funcionamento das tasquinhas com petiscos tradicionais, doces regionais e bebidas típicas, proporcionando a todos os visitantes uma verdadeira experiência de sabores e tradições da região. “Estas festas resultam de um esforço conjunto de toda a comunidade que em muito contribui para manter a identidade e cultura desta freguesia, reunindo os boliqueimenses de raiz e de coração”, declarou Nelson Brazão, presidente da Junta de Freguesia de Boliqueime.

Renato Silva e Ambre Beato sagram-se campeões nacionais de BMX Race em Portimão

Texto: Daniel Pina| Fotografia: Federação Portuguesa de Ciclismo

enato Silva (Team BMX Quarteira) e Ambre Beato (DN Joué-lès-Tours)

sagraram-se, no dia 30 de junho, campeões nacionais de BMX Race, nas categorias elite masculina e feminina, respetivamente, no Parque da Juventude de Portimão.

Na prova masculina, Renato Silva confirmou o favoritismo e conquistou o

lugar mais alto do pódio, revalidando o título de campeão nacional. A Team BMX Quarteira dominou a corrida de elite, com Bernardo Rocha a terminar no segundo posto e Édi Barradas (Núcleo Bicross de Setúbal/Knowledge Inside) a fechar os lugares de honra.

Na categoria feminina, Ambre Beato impôs-se na pista algarvia, superando a concorrência de Rita Xufre (Núcleo Bicross de Setúbal/Knowledge Inside), segunda classificada, e de Íris Moraru

(Clube Bicross de Portimão), que completou o pódio. Nos escalões jovens, os títulos nacionais foram conquistados por Francisco Sousa (Team BMX Quarteira) em sub-19, André Muller (Clube Bicross de Portimão) em sub-17 e Francisco Correia (Clube Bicross de Portimão) e Mafalda Piedade (Team BMX Quarteira) em sub-15.

Entre os mais novos, destacaram-se

Miguel Pinto (Casa do Povo de Abrunheira) e Laura Lima (Clube Bicross de Portimão) em sub-13, César Castro

(Núcleo Bicross de Setúbal/Knowledge Inside) sub-11, Ze Franquinis (Team BMX Quarteira) e Maria Rebelo (Núcleo Bicross de Setúbal/Knowledge Inside) em sub-9 e João Paulino (Team BMX Quarteira) em sub-7. Já na categoria master, o título foi conquistado por André Martins (Team BMX Quarteira). Nos cruisers, Marco Amaral (Team BMX Quarteira) venceu em 30/39, enquanto Carlos Rosado celebrou em cruiser 40+ e Alexandra Loureiro (Prafit Club / Altitech) como cruiser feminina.

Santos Populares de Quarteira terminaram em apoteose em homenagem a São Pedro

Texto: Daniel Pina| Fotografia: Junta de Freguesia de Quarteira

os dias 12, 23 e 28 de junho, a cidade de Quarteira reviveu a tradição dos Santos Populares com fantásticos desfiles das Marchas

Populares no Passeio das Dunas. Nestas três quentes noites, os bairros e ruas de Quarteira apresentaram os seus grupos, cada um com trajes elaborados, coreografias ensaiadas ao detalhe e letras originais que celebram a cultura local, os

três Santos — Santo António, São João e São Pedro — e a alma da comunidade.

A iniciativa é organizada pela APROMAR, com o apoio do Município de Loulé e da Junta de Freguesia de Quarteira e atraiu ao Passeio das Dunas milhares de residentes e turistas, demonstrando que esta é uma das tradições mais enraizadas na cultura portuguesa e sempre um motivo de grande festa e confraternização.

Campeonato Nacional de 1.ª e 2.ª

Divisão de Ginástica Acrobática disputou-se em Albufeira

Texto: Daniel Pina| Fotografia: Daniel Pina

Campeonato

Nacional de 1.ª e 2.ª divisão de Ginástica

Acrobática disputou-se em Albufeira, contando com a participação de centenas de atletas de 36 clubes para disputar os títulos nacionais em várias categorias. De facto, passaram pelo Pavilhão Desportivo

de Albufeira quase 500 atletas, incluindo praticamente todos os que representaram a seleção nacional no último Campeonato da Europa de Ginástica Acrobática.

O praticável montado no recinto recebeu as provas das diversas categorias e escalões, desde Iniciados até Seniores e o presidente do Município de Albufeira, José Carlos Rolo, não escondeu a

satisfação pela forma como decorreram os campeonatos, realçando “a importância de trazer cada vez mais eventos de referência para o concelho” “Albufeira é hoje um ponto de encontro nas mais diversas áreas, e isto é fundamental para combatermos os efeitos na sazonalidade da nossa indústria turística”, reforçou o autarca. Também o vice-presidente da Câmara Municipal e vereador com o pelouro do Desporto destacou a “capacidade instalada no Município para o acolhimento de eventos desportivos em diferentes modalidades”. Em vésperas de Albufeira se tornar Cidade Europeia do

Desporto 2026, Cristiano Cabrita considera que “estão reunidas as condições para mostrarmos que estamos à altura de receber as competições mais importantes”.

Os Campeonatos Nacionais de 1.ª e 2.ª Divisão de Ginástica Acrobática foram organizados pela Federação de Ginástica de Portugal, com coorganização do AcroAlbuhera – Clube de Ginástica de Albufeira e o apoio institucional do Município de Albufeira, do IPDJ e do Plano Nacional de Ética no Desporto.

CENAS NA RUA APRESENTOU «CONCORDA» DE CATARINA

E MARIANA FRAZÃO EM

Texto: Daniel Pina| Fotografia: Daniel Pina

APRESENTOU O MARAVILHOSO

CATARINA GAMEIRO EM TAVIRA

XIX Festival

Internacional de

Teatro e Artes na Rua de Tavira –Cenas na Rua realizou-se, entre 5 e 12 de julho, marcando, uma vez mais, o pontapé de saída do programa cultural «Verão em Tavira». Durante este período, Tavira transformou-se num vibrante palco a céu aberto, afirmando-se como uma referência no panorama nacional e internacional das artes na rua.

A programação deste ano incluiu companhias de referência oriundas de França, Espanha, Itália e Portugal, com mais de 10 apresentações em vários locais do centro histórico da cidade. No

dia 7 de julho, no Largo Abu-Otmane, o público deslumbrou-se com «ConCorda», das portuguesas Catarina Gameiro e Mariana Frazão, que conquistou o Prémio Mais Imaginarius 2024 e o Prémio Teatro – Mostra Nacional de Jovens Criadores. Trata-se de uma performance multidisciplinar maravilhosa que cruza dança, teatro físico e manipulação de objetos e que se revela um jogo de pesos e contrapesos, corda em tensão e distensão, corda que amarra e desamarra, corda que envolve, solta ou agarra. No equilíbrio por um fio, os performers alternam entre o suspenso e a quase queda, alimentando um jogo que sustém a respiração de quem observa e aguarda e que arrancou fortes aplausos no final… e totalmente merecidos.

Do voltar para casa Mirian Tavares, professora

Há tempo, muito tempo que eu estou longe de casa

E nessas ilhas cheias de distância

O meu blusão de couro se estragou (…)

Até parece que foi ontem minha mocidade

Com diploma de sofrer de outra universidade

Minha fala nordestina

Quero esquecer o francês

E vou viver as coisas novas que também são boas

O amor, humor das praças cheias de pessoas

Agora eu quero tudo

Tudo outra vez. Belchior

ntem alguém me disse: “Pensas em voltar para o Brasil?, com muita surpresa na voz. Como se voltar fosse uma espécie de falha, de loucura, de falta de rumo. Ano passado, foi a ideia de voltar para casa que me fez reagir e ganhar ânimo. Não voltei, ainda estou aqui, que é também minha casa. Aliás, Faro é a cidade onde vivi mais anos e já estou em Portugal há mais de 20, o que é quase metade de uma vida inteira. Vou embora para Pasárgada, dizia o poeta. Sei que Pasárgada é um mito, nada nos espera do mesmo jeito. Quem sai, alimenta, muitas vezes, um sempiterno desejo de voltar, mesmo sabendo que, depois de algum tempo a viver fora, já não se volta, se vai. Quanto mais tempo passamos longe, mais a nossa casa é o lugar onde estamos e aquela que ficou para trás é uma memória e, como

todas as memórias, pode ser falseada. Tendemos a pensar no que está longe como algo doce e aconchegante. Como algo que nos falta, porque já não o temos aqui e agora. Mas ao voltarmos podemos perceber que o que nos falta ficou, outra vez, para trás. É o problema das aves migratórias, que andam de um lado para o outro, enquanto o seu desejado e distante lar sofre transformações. Quando decidem voltar, constatam que já não é a mesma casa. Talvez a casa daqueles que, como eu, foram nómadas, seja a viagem, o estar entre… o caminho. As cegonhas, que vivem nas torres altas desta cidade, que o digam. Pensaram que já não valia a pena voltar. Pensaram que sequer valia a pena ir. E se deixaram ficar. Foram arrumando seus ninhos, aqui e acolá, e tornaram-se paisagem. Eu talvez não queira ser paisagem. Mesmo que voltar esteja longe no tempo. Mesmo que voltar seja um novo ir.

Foto: Isa Mestre

Passam-te já as peneiras! Sílvia Quinteiro, professora

ma colega envia-me uma mensagem a perguntar que romances escrevi. Respondo que nenhum.

Pouco depois, chega-me um recorte de ecrã com a minha fotografia de perfil, o meu nome e, à frente, a referência: «Romancista».

Digo-lhe que só pode ser engano. Que, por certo, trocaram a imagem.

Entretanto, intrigada, procuro a romancista minha homónima e... nada. Afinal, a autora dos romances cujos títulos não encontro... sou mesmo eu.

Telefono à minha amiga. Por entre muitas gargalhadas, aventamos a possibilidade de os meus romances vencerem prémios literários ou, quem sabe, virem a ser adaptados ao cinema. Isso é que era! Rica e famosa, sem escrever uma linha.

Concordamos que sou um fenómeno: a primeira romancista que nunca escreveu um romance.

Mas bem podia agora escrever um. O tema? O brilhantismo do algoritmo, claro.

Comento o facto com a família, que inicia prontamente uma investigação minuciosa e descobre que, imagine-se, o

Google tem também para mim outra classificação: «Figura pública».

Esta, na verdade, não me choca. Até nem está mal vista. Considerando que, de vez em quando, saio à rua e que não ando dentro de um saco... é um critério como qualquer outro.

E estava eu de peito cheio — o ego inflado — quando, numa quase nota de rodapé na imprensa cá da terra, me deparo com quatro linhas sobre uma tal de Silvina Quintero.

A semelhança com o meu nome chamame a atenção. Um bonito nome, sem dúvida. A puxar ao espanhol. Con salero! Quase solto um Olé!

Leio o brevíssimo texto e percebo que podia mesmo referir-se a mim. Há ali uns ecos que me soam familiares. Estivessem as referências ao “o quê?”, “quem?” e “onde?” corretas e seria em cheio. Mas não. Apenas parecenças: Dina, em vez de Dora; Estácio, em vez de Estanco; Flores e Cinza, em vez de Flores de Cinza. Outro evento, outras personagens.

Que presunção, a minha!

Quatro linhas foi quanto bastou para me reduzir à minha insignificância. Ao que parece, ninguém sabe quem sou. O malandro do algoritmo não só anda enganado... como anda a enganar-me. Ou então o jornalista até sabe. Encontrou-me

na internet referida como «romancista» e «figura pública» e decidiu pôr-me no meu lugar.

— Toma lá, ó Silvina! Passam-te já as peneiras!

E passaram. O ego está mirradinho, mirradinho. Encolhido que dá dó, coitado.

A calmaria antes da tempestade

João Ministro, engenheiro do ambiente e empresário

Écom maior regularidade que vão surgindo relatórios, notícias, estudos e opiniões especializadas sobre as consequências de um turismo desregulado sobre os destinos, as comunidades aí residentes e os valores territoriais. Nas últimas semanas vários organismos chamaram a atenção para os efeitos perniciosos do turismo de massas e do overtourism, bem como da degradação de ambientes naturais por excessiva pressão de visitantes. A realidade hoje é tal que não há como o ignorar ou escamotear o fenómeno.

O Conselho Mundial de Viagens e Turismo (WTTC), num novo relatório dedicado à gestão de massas em destinos turísticos, veio apelar a uma abordagem “mais equilibrada” da actividade turística, sobretudo em regiões muito populares. Sugere mesmo um conjunto de passos a tomar pelas entidades reguladoras, nomeadamente ao nível do estudo e da monitorização da visitação, da criação de grupos de trabalho, da

elaboração de planos de acção ou ainda da capacitação dos residentes, como forma de lhes dar o poder da palavra nas decisões a tomar.

Na Grécia, em ilhas como Chios, Thassos, Rhodes ou Mykonos, o impacto de um turismo pouco responsável está a revelar-se dramático na perda do coberto arbóreo e na mudança da actividade económica local. A intensidade de desflorestação atingiu níveis alarmantes -

em apenas 28 anos a área florestal perdeu 14 mil hectares - e a impermeabilização dos solos, devido à enorme expansão urbano-turística, está a resultar na perda de água nos solos e nos aquíferos. Por outro lado, o próprio modo de vida das comunidades está a transformar-se e o que no passado recente eram actividades populares, como a agricultura e a pesca, estão hoje em declínio. Actualmente, em várias ilhas, mais de metade dos solos agrícolas estão ao abandonado. Tudo indirectamente causado pela indústria turística que «puxou a si» o domínio da actividade económica, com as referidas consequências sociais e ambientais.

O apelo à gestão, ao regulamento ou ao equilíbrio são cada vez mais notórios. E muitas cidades europeias estão a agir. A figura (fonte: Euronews 2025) elucida quanto ao tipo de medidas em curso em várias delas. A questão, no entanto, permanece: serão suficientes? Terão os efeitos desejados? E por cá? Bastará aplicar taxas turística (actualmente apenas em vigor nalguns concelhos)? Ou coimas por comportamentos indevidos? Há um debate eminente e, sobretudo, a necessidade de planear com objectivos preventivos. Porém, para já, tudo continua como nada se passasse. Vive-se uma calmaria digna das tardes de Verão no Algarve. Mas a tempestade está no horizonte e lentamente aproxima-se. Veremos como nos afectará.

Paulo Neves, «ilhéu», mas nenhum homem é uma ilha

ive oportunidade de me deslocar, de propósito, a Sevilha para apreciar o concerto de JeanMichel Jarre. Senhor que tem a idade que está no título.

Como ele, conheço outros com aquela idade e +. Fazem-me ficar com inveja já, ou medo daqui a quase 20 anos não conseguir manter qualidades físicas ou mentais que aprecio.

Foco, organização, método, criatividade e respeito pelas suas responsabilidades perante os outros como este e outros Senhores, fazem vincar e impor-se nas suas atividades.

Vibrante, dominando não só os instrumentos, mas deixando que os outros (nós) acompanhem o que está a fazer e como. Fazendo-nos por isso mais estranhos ao que consegue por estar na vanguarda do que faz e vai aperfeiçoando.

O palco e o recinto são projetados (acreditei) até Marte e é sucessivamente preenchido pela(s) sua(s) Arte(s) de modo que nem nos permite aplaudir, tal é a atenção que faz prender cada um de nós aos pormenores avassaladores e surpreendentes que uma pessoa, sozinha num palco e com uns «teclados».

Ao invés de se tornar um elemento no vazio, torna-se, ao contrário, um monstro da produção e interpretação orquestral com todos os instrumentos eletrónicos, visuais e sonoros que nos deixam tontos de admiração pelo ritmo e preenchimento do todo luminoso durante quase duas horas.

Conheço, como referi, outras pessoas, até com mais idade, que surpreendem pela memória, pela liderança, pela confiança no conhecimento que nos (e)levam a um nível superior.

No mundo da cultura, do turismo, da saúde, conheço e conheci profissionais, políticos, cidadãos comuns que me deixam atónito e fazem-me pensar que além das suas capacidades e cuidados consigo próprios, se outros, com a mesma idade tivessem acesso aos mesmos cuidados permanecessem ativos, nos surpreenderiam outro tanto ou ainda mais.

Os portugueses sãos dos que, agora, atingem maior longevidade, mas infelizmente, consoante progridem com sucesso nos seus aniversários, vão perdendo qualidade de vida e a saúde porque não conseguimos ainda dar-lhes a atenção e cuidados para a manterem, tais como as virtudes do SNS que está conseguindo aumentar os anos aos mais anos que já atingimos e ultrapassámos.

Este artista deixou-me surpreso e aos milhares que se deslocaram para assistir, numa capital repleta de calor e fiquei «soterrado» por, só no mesmo local (Praça de Espanha), durante estes dois meses se sucederem, desde há 5 anos

consecutivos, grandes eventos que fazem deslocar a Espanha até lá milhares de turistas de toda a Europa (e não é pela praia que não têm).

Basta ver as variações de preços do alojamento. A animação «fora de horas»,

Foto: João Neves dos Santos

as empresas que se associam e consorciam para apoiar as organizações e o respeito pela língua e seus atores/interpretes locais sempre e acima de tudo, misturados com tantos outros de renome mundial.

Penso que a nossa região, ora anda para a frente ora volta atrás e nunca mais mantem uma política de promoção turística e cultural e de eventos com impacto consistente que os agentes culturais, turísticos e públicos compreendam e possam acompanhar.

Só o Moto Clube de Faro teimosamente (e não me lembro de mais), com os seus próprios recursos, é reconhecido nacional e internacionalmente por todos saberem o que faz e quando faz, sempre, todos os anos, em Faro.

Nesta mistura de temas na mesma crónica quero afinal marcar uma linha comum: somos bons, conseguimos fazer e atingir objetivos fantásticos em pouco tempo, mas inconstantes na sua prossecução.

Temos dos melhores profissionais, dos melhores e mais experimentados cidadãos interessados, mas pouco valorizados.

Sim, dos melhores exemplos de desempenho para o mundo, mas ficamonos a meio das tarefas mais importantes. Não conseguimos decidir e quando decidimos não mantemos e voltamos para fazer outra coisa qualquer.

Os Jean-Michel Jarre fazem-nos compreender que além do talento, do

saber, é preciso manter a surpresa para quem nos faz ser importante. Ser persistentemente o melhor e continuar a progredir para se ser o que faz movimentar, ao nosso encontro, as outras pessoas por desejo, necessidade ou utilidade no que fazemos na diferença entre os demais.

As marcas e empresas unem-se por interesses a outras que as fazem ser ainda mais e mais bem notadas. Se fazemos algo que é importante devemos manter e melhorar de forma teimosa até a perfeição se tornar um hábito e surpreender sempre até que nos olhem (ao nosso destino, à nossa cultura, ao nosso património), com o desejo de saber o que mais acontecerá aqui da próxima vez.

Orgulho e afirmação. Temos produto pois temos valores naturais e humanos que fazem com que sejamos, décadas a fio, um caso de sucesso, mas temos mesmo de ser sempre melhores ou passaremos a ser apenas recurso.

Eu gostava de trazer cá os Jean-Michel Jarre para os da mesma idade (e +) surpreenderem e fazerem inveja aos da minha idade e mais novos, do que somos todos capazes, porque «velhos são os trapos».

Cansado e revigorado ao mesmo tempo. Cuidemos de nós.

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