REVISTA ALGARVE INFORMATIVO #481

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ALGARVE INFORMATIVO

24 de maio, 2025

ALINA HARNASKO foi rainha em Portimão

ÍNDICE

Infralobo promoveu concurso de música no Agrupamento de Escolas de Almancil (pág. 24)

Freguesia de Boliqueime apoia associações e coletividades (pág. 30)

XI OPTO em Albufeira (pág. 40)

Dia da Europa e da Eurocidade do Guadiana celebrados em Castro Marim (pág. 52)

Festa Grande da Mãe Soberana em Loulé (pág. 60)

Taça do Mundo de Ginástica Rítmica em Portimão (pág. 72)

Jorge Palma e filhos no Cineteatro Louletano (pág. 130)

OPINIÃO

Nuno Campos Inácio (pág. 140)

Carlos Manso (pág. 142)

Concurso de música da Infralobo

reúne jovens talentos do Agrupamento de Escolas de Almancil

Participaram no concurso 15 trabalhos, da autoria de 16 alunos, com o grande vencedor a ser a letra «Vamos juntos, a Terra salvar», de Moacir Martins, do 6.º ano, que recebeu um Vale FNAC de 200 euros. Em segundo lugar ficou «Cuidar do Texto: Daniel Pina| Fotografia: Daniel Pina

Infralobo levou a cabo, em parceria com o Agrupamento de Escolas de Almancil, um concurso de música cuja cerimónia de entrega de prémio aconteceu, no dia 16 de maio, na Escola EB Dr. António de Sousa Agostinho, em Almancil. A iniciativa desafiou os alunos a comporem um tema original para esta empresa municipal do

concelho de Loulé, que será depois musicada pela Orquestra do Algarve, e pretendeu incentivar a criatividade, o talento musical e o espírito de comunidade entre os jovens do agrupamento escolar.

Maria Militão, diretora do Agrupamento de Escolas de Almancil, e Carlos Manso, administrador da Infralobo

Planeta, com a Infralobo», de Maria Mara Riço, também do 6.º ano, que levou para casa um Vale FNAC no valor de 150 euros. Já o terceiro lugar foi para «Infralobo no Topo», de Felipe Pinto, igualmente do 6.º ano, a quem foi atribuído um Vale FNAC de 100 euros.

Com esta iniciativa, a Infralobo voltou a reforça o seu compromisso com a promoção da educação, da cultura e do talento local, junto da comunidade escolar.

Freguesia de Boliqueime apoia associações e coletividades com

mais de 33 mil euros

elo segundo ano consecutivo, a Junta de Freguesia de Boliqueime levou a cabo, no dia 9 de maio, mais uma cerimónia de

assinatura de protocolos com as coletividades e associações do seu

território, designadamente: Agrupamento de Escuteiros 1174, Associação Cultural de Boliqueime, Associação de Fado do Algarve, Associação Grupo Motard de Boliqueime, Associação de Pais da Escola Prof. Doutor Aníbal Cavaco Silva, Associação de Pais da Escola Primária de Benfarras, Associação de Pais e Filhos da Escola

Texto: Daniel Pina| Fotografia: Daniel Pina

Primária de Vale Silves, Casa do Povo de Boliqueime, Centro Social e Comunitário de Vale Silves, Clube Desportivo de Boliqueime e Irmandade da Santa Casa da Misericórdia de Boliqueime.

Perante uma sala cheia procedeu-se à assinatura dos protocolos de apoio financeiro a estas entidades sem fins lucrativos, numa cerimónia que pretendeu também enaltecer e agradecer o trabalho por elas desenvolvido, “que é de extrema importância para a nossa

vila de Boliqueime” “É esse trabalho que cria dinâmicas sociais, culturais e desportivas na nossa freguesia. São verdadeiramente um motor para o desenvolvimento de qualquer terra e demasiadas vezes o vosso trabalho não é devidamente valorizado e não vos é dado o merecido reconhecimento”, declarou Nelson Brazão.

O presidente da Junta de Freguesia de Boliqueime lembrou que, para desenvolverem estas atividades em prol do bem comum, os dirigentes destas associações e coletividades acabam por prejudicar as suas vidas pessoais e profissionais, “mas este executivo, e penso que grande parte da comunidade, está ciente do vosso

esforço e empenho” “Da parte do Executivo e Assembleia de Freguesia, agradecemos-vos todo o trabalho realizado, pelo que temos vindo, de há alguns anos para cá, a envidar esforços para apoiar todas as coletividades o mais generosamente possível, dentro das nossas possibilidades. Em 2023 e anos anteriores atribuímos os apoios possíveis perante a realidade de então. Em 2024, esse apoio foi de 27 mil e 650 euros. Este ano, o valor total de apoios aumentou para 33 mil e 650 euros”, apontou Nelson Brazão. “Certamente desejariam muito mais, e nós também desejávamos atribuir verbas superiores, mas ainda não é possível. Apoiamos também em géneros logísticos, o que é uma enorme mais-valia”, acrescentou.

Albufeira voltou a acolher o maior

Fórum de Educação e Formação do sul de Portugal

Pavilhão

Desportivo de Albufeira voltou a ser o local escolhido para receber mais uma edição do OPTO –Fórum de Educação e Formação do Algarve, organizado pelo Município de Albufeira, em conjunto com a Direção de Serviços da Região Algarve da DireçãoGeral dos Estabelecimentos Escolares e o Instituto do Emprego e Formação Profissional (IEFP). Entre os dias 7 e 9 de

maio, passaram pelo OPTO cerca de 10 mil pessoas – entre alunos do ensino básico e secundário, professores, e encarregados de educação.

Num momento em que milhares de jovens se confrontam com a necessidade de escolher que rumo vão seguir nos próximos anos, o OPTO tem como principal objetivo dar a conhecer aos alunos o conjunto amplo de possibilidades de escolha à sua disposição. Para isso, o espaço acolheu estudantes de várias escolas do concelho,

Texto: Daniel Pina| Fotografia: Daniel Pina

bem como de outros concelhos da região do Algarve e do Alentejo.

Na XI edição do evento, o recinto recebeu mais de 70 entidades de diversas áreas, desde o Ensino Secundário e Profissional e Ensino Superior, passando também pelas Línguas, Mobility e Study Abroad, e muitos outros setores de atividade. As entidades participantes puderam mostrar o seu trabalho nas dezenas de expositores montados no recinto, e esclarecer as dúvidas dos alunos que iam passando pelo espaço.

No final de mais uma edição do OPTO, o presidente do Município de Albufeira, José Carlos Rolo, salientou o “enorme

contributo que eventos como este constituem para os jovens”. O autarca fez um balanço positivo da 11.ª edição e relembrou que “a aposta que o Município tem feito na Educação passa também por atividades que permitam complementar o precioso trabalho que é desenvolvido em contexto de sala de aula”.

Ao longo dos três dias do evento, o recinto acolheu mais de 100 atividades paralelas. Além de várias demonstrações culinárias e de confeção de cocktails, o OPTO recebeu várias atuações musicais e outras performances artísticas. No espaço exterior, o destaque foi para as demonstrações cinotécnicas e de

cavalaria a cargo da GNR, bem como para a já habitual parede de escalada montada por elementos do Exército. Pouco depois da abertura de portas no primeiro dia, o espaço recebeu a visita de uma comitiva composta por elementos do executivo municipal, bem como das entidades organizadoras. Foi lá que o vice-presidente e vereador com os pelouros da juventude e empreendedorismo, Cristiano Cabrita, sublinhou a importância de “continuar a apostar em iniciativas direcionadas aos jovens, procurando capacitar as novas gerações para os desafios do futuro”.

Além das dezenas de atividades que se realizaram durante os três dias do

evento, o OPTO contou também com a atuação do rapper Don Lui, que encerrou a programação do primeiro dia. O músico albufeirense foi o embaixador oficial do evento, e passou também por várias escolas do concelho nas semanas que antecederam a sua realização.

do Guadiana celebrados

na Casa do Sal

Casa do Sal, em Castro Marim, foi palco, a 9 de maio, da celebração do Dia da Europa e do Dia da Eurocidade do Guadiana, precisamente quatro décadas após a assinatura do tratado de adesão de

Portugal e Espanha à Comunidade Económica Europeia.

Esta iniciativa pretendeu comemorar a Declaração Schuman, que deu origem à União Europeia e defende dois princípios fundamentais – a paz e a solidariedade –e contou com uma atuação musical do violinista Curro Ruiz, que interpretou o Hino da Alegria, que é o Hino da Europa,

Texto: Daniel Pina| Fotografia: Daniel Pina

do Atelier de Arte La Escalera; e anunciada a candidatura da Eurocidade do Guadiana a Comunidade Europeia do Desporto 2026, pelo vice-presidente da Assembleia Geral, o Alcaide de Ayamonte, Alberto Fernández.

O mesmo local acolheu igualmente a exposição das bandeiras dos estadosmembros da União Europeia, a exposição itinerante «Pintar a Europa» e a iniciativa «As cores da Europa», dinamizada pelo Europe Direct Algarve e Clube Europeu da Escola Básica 2, 3 de Castro Marim,

Sintra, do Presidente da Câmara Municipal de Vila Real de Santo António, Álvaro Araújo, do Alcaide de Ayamonte, Alberto Fernández, do presidente da Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional do Algarve e agora presidente da Eurorregião Alentejo-Algarve-Andaluzia, José Apolinário, e do Chefe do Escritório de Representação do Grupo Banco Europeu de Investimento em Portugal, João Fonseca Santos.

Presidente da República juntou-se à comunidade louletana para celebrar Festa da Mãe Soberana

Texto: Daniel Pina| Fotografia: Jorge Gomes

Festa Grande da Mãe Soberana, a maior manifestação religiosa a Sul de Fátima, decorreu no dia 4 de maio e contou com uma presença muito especial. O Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, quis vir até

Loulé para testemunhar a fé e abnegação à Padroeira Nossa Senhora da Piedade, e foi parte integrante da procissão que levou a Imagem de regresso à sua ermida.

Eram cerca das 16h quando o Chefe de Estado chegou ao Largo do Monumento Eng.º Duarte Pacheco para acompanhar a missa campal, presidida pelo Bispo do

Algarve, D. Manuel Quintas. Seguiu-se uma breve passagem pelos Paços do Concelho, para uma receção protocolar e uma conversa com os jornalistas. “Vou até ao fim. Foi uma sugestão irrecusável do presidente da Câmara Vítor Aleixo, de maneira que me incorporarei e penso que irei sentir mais intensamente aquilo que é uma adesão popular com séculos de história. É impressionante. Provavelmente acabarei atrás… Mas desde que acabe, nem que seja dos últimos, o lanterna vermelha, a ideia é acabar”, disse o Presidente da República.

Ao lado do executivo municipal, da Conselheira de Estado, Lídia Jorge, e da Ministra do Ambiente e Energia, Maria da Grança Carvalho, Marcelo Rebelo de Sousa desceu a Praça da República até à Igreja de S. Francisco, sempre seguido de

perto pelos populares, surpresos por estarem lado a lado com o Chefe de Estado. A partir daí cumpriu o percurso mariano naquela que é a grande procissão, logo atrás do andor da Mãe Soberana. No meio da multidão, entre gritos de populares de “Viva a Mãe Soberana! Vivam os Homens do Andor!”, o Presidente subiu a íngreme ladeira ao ritmo acelerado «imposto» pela Banda Filarmónica Sociedade Artistas de Minerva. Cansado, mas feliz, e com o sentido de dever cumprido, foi assim que Marcelo Rebelo de Sousa chegou ao santuário para levar a Imagem da Padroeira de volta à sua «casa».

Foi um dia cheio de emoções para Loulé e para os louletanos que contaram com a primeira figura do Estado na sua maior festa religiosa. “Um dia feliz, com um

suplemento de alegria para todos os louletanos que é ter o nosso Presidente da República a presenciar, testemunhar e a conhecer aquela que é a festa da alma dos louletanos”, descreveu o autarca Vítor Aleixo.

Apesar da ameaça de chuva ao longo do dia, foram milhares os fiéis e turistas que

estiveram em Loulé para participar nesta festa que é já um dos principais cartazes turísticos do Algarve. Até porque nesta manifestação de fé existem duas vertentes distintas: a religiosa, no seu mais sentido significado, e a profana, na mais ampla e liberal exteriorização popular.

ALINA HARNASKO E BRASIL DO MUNDO DE GINÁSTICA

Texto: Daniel Pina| Fotografia: Daniel Pina

BRASIL DOMINARAM TAÇA RÍTMICA DE PORTIMÃO

hegou ao fim em apoteose mais uma edição da Taça do Mundo de Ginástica Rítmica de Portimão, disputada entre 9 e 11 de maio, numa organização da Federação de Ginástica de Portugal com o apoio da Câmara Municipal de Portimão. Foram três dias em que o Portimão Arena foi palco da elegância, talento e competição ao mais alto nível que são inerentes a esta modalidade olímpica e algumas das melhores ginastas da atualidade

protagonizaram exercícios repletos de cor, ritmo e movimento.

Alina Harnasko, atleta neutra, foi a estrela maior da final individual realizada no dia 11 de maio, ao conquistar a medalha de ouro nos quatro aparelhos: arco, bola, maças e fita. No que toca aos conjuntos, domínio também total para a equipa do Brasil, que, depois de já ter obtido o ouro na competição All-Around, venceu nas 5 fitas e na série mista de 3 bolas + 2 arcos. As restantes posições do pódio foram para as seleções da Espanha e Estados Unidos da América

JORGE PALMA E FILHOS CINETEATRO LOULETANO

Texto: Daniel Pina| Fotografia: Jorge Gomes

FILHOS ESGOTARAM LOULETANO

Cineteatro

Louletano

esgotou, no dia 2 de maio, para assistir ao concerto de Jorge Palma, Vicente Palma e Francisco Palma, sob o mote «3 Palmas na Mão», o nome de uma das canções do disco «VIDA», o mais recente álbum de originais de Jorge Palma. E, ao ouvir a canção, consegue-se descortinar facilmente a familiaridade dos timbres e da mensagem, ficando claro que Jorge Palma compôs uma canção que é um abraço musical entre si e os seus dois filhos.

Ao vivo, a canção cumpriu o seu propósito na sua plenitude: uniu através da música essas «3 palmas», que “nada nem ninguém irá separar”, e o público sente isso em cada concerto, devolvendo

em emoção e aplausos a força daquele momento. Jorge, Vicente e Francisco Palma não ficaram indiferentes a essa manifestação e decidiram ir além da canção, arquitetando um espetáculo integral que fez vibrar o Cineteatro Louletano.

Vicente, músico de profissão, que já acompanha o pai há mais de 20 anos em palco, e Francisco, que o começou a fazer com regularidade, precisamente a partir do lançamento de «VIDA», juntam-se agora para um espetáculo único que junta pai e filhos ao redor das canções. No alinhamento não faltaram os temas de Jorge Palma que a todos tanto dizem, mas também repertório das suas influências comuns, canções de terceiros que lhes são familiares e que serão adaptadas às suas vozes, guitarras, teclados e piano.

Depois do incêndio, o rescaldo

Nuno Campos Inácio, editor e escritor

ortugal é, tradicionalmente, um país onde nada pode ser analisado e discutido no tempo certo. Os resultados eleitorais das últimas

Eleições Legislativas fizeram-me recordar, por analogia, o que acontece na época dos incêndios, que flagelam um pouco por todo o país: ninguém se preocupa em olhar para o território florestal como um todo, limpá-lo, organizá-lo por parcelas, criar barreiras de contenção, diversificar espécies, evitar o crescimento de matas densas. Toda a gente sabe que tudo isto terá de ser feito para termos menos incêndios, mas ninguém faz nada para que tais medidas sejam implementadas. Por isso, quando chega o Verão, os portugueses andam com o coração nas mãos a pedir a proteção divina para que não haja incêndios nos arredores das suas casas e, invariavelmente, ano após ano, assistimos ao drama de quem tem de arriscar a vida para proteger o que é seu. Depois, enquanto o país está a arder, ninguém pode falar nas causas, porque a concentração de todos tem de estar no combate; no final do incêndio não vale a pena falar nas causas, porque o que era para arder já ardeu…

O cenário político português transformou-se numa destas florestas caóticas, que arderá eleição após eleição.

Não é por falta de todos sabermos que Portugal está dividido em duas realidades paralelas: o paraíso dos políticos e a realidade da população anónima portuguesa. Aqueles que estão sentados nos gabinetes, analisando e governando o país a partir de escalas macro, esquecem-se que esse macro é composto por treze milhões de micros, entre eleitores, portugueses ainda sem capacidade eleitoral e estrangeiros. Esquecem-se, igualmente, que os quadros macro não conseguem mostrar que este retângulo chamado Portugal tem uma divisão natural, chamada Tejo, que divide o país populoso, industrial, das oportunidades e dos serviços, do quase desértico, rural, abandonado, sem investimento nem perspetivas de futuro.

Este meio país mal representado (sem o distrito de Setúbal elege 17 Deputados num universo de 230 e com o distrito de Setúbal, ou seja, contabilizando precisamente este meio país, são 36 Deputados), sem voz, sabe que, enquanto mantivermos este modelo político, será sempre marginalizado, esquecido, desinvestido, desértico e sem futuro. Nenhum Governo, seja de que partido for, se tiver de optar entre gastar 250 milhões de euros num hospital em Lisboa, no Porto, ou em Braga, ou o mesmo valor num hospital no Alentejo ou no Algarve, dará prioridade a estas últimas regiões, porque, acima de tudo, está a garantia da reeleição e a

manutenção do poder. Quem fala no hospital, pode falar nas vias de comunicação, nos transportes, na salubridade, nos serviços públicos e, por arrastamento, nos próprios investimentos privados.

Recordo-me de que, quando andava no ensino secundário, o meu professor de economia dizia frequentemente que se os turistas votassem, o Algarve seria uma Riviera. Os turistas não votam. Da mesma forma que os imigrantes, que têm sido chamados, ou que por iniciativa própria têm vindo para Portugal povoar as regiões que foram ficando despovoadas por falta de investimento, também não votam.

Aqueles que efetivamente votam, eleição após eleição, são confrontados com os mesmos dilemas dos incêndios. Podem confiar na sorte e esperar que não arda, ou tomar uma atitude prática para garantir que não volta a arder.

A maioria do eleitorado deste meio país já se manifestou, mais do que uma vez, no sentido de que quer a implementação de medidas concretas que evitem «que volte a arder», ou seja, querem que estas regiões recebam do poder central a atenção que merecem e recuperar das décadas de atraso provocado pelo desinvestimento. O Tejo tem servido de travão a este incêndio que deflagra e se agiganta, com contornos cada vez mais enegrecidos, mas, com ventos de Sul, não está fora de questão que trespasse essa barreira natural.

No início de Outubro, pela primeira vez desde o início deste grande incêndio político, o eleitorado será chamado a se pronunciar sobre a gestão do seu próprio quintal, ou condomínio. Os efeitos deste panorama nacional no poder autárquico são ainda desconhecidos e imprevisíveis. Uns municípios estarão mais limpos, outros contaminados por maior matéria combustível, mas, para já se adivinha que o incêndio propague, deixando muitos municípios sem condições de governabilidade, uma nova realidade a que a política portuguesa terá de dar resposta.

Não será mais fácil olhar para o problema de frente, tratar dos micros, dar condições de vida ao país real e evitar incêndios, do que andar a fazer rescaldos inconsequentes?

Taxa Municipal Turística: Instrumento Fiscal ou Ferramenta de Sustentabilidade Territorial?

Carlos Manso, CEO da Infralobo, Economista e Membro da Direção Nacional da Ordem dos Economistas

erminei o anterior

artigo sob o tema

«Economia Circular no

Turismo: Quando a Estratégia Pública

lidera a Transformação

Sustentável» com a sugestão de que a aceleração dos investimentos associados à sustentabilidade poderia ser financiada pela Taxa Municipal Turística (TMT). E começo este artigo onde acabei o anterior.

Em 2025, vários Municípios da região do Algarve já implementaram a cobrança da TMT, na tentativa de encontrar respostas fiscais para os crescentes desafios do turismo. Mas estará a TMT a ser corretamente interpretada e, mais importante, aplicada com visão estratégica?

O Algarve, região de excelência turística, regista todos os anos um fenómeno de explosão populacional sazonal que duplica ou até triplica a população residente, sobretudo entre junho e setembro, pressão essa que acarreta custos significativos para os municípios, nomeadamente no reforço

da limpeza urbana, aumento do consumo de água e energia, intensificação da recolha de resíduos, sobrecarga das infraestruturas viárias e até necessidade de reforço dos serviços de segurança e saúde pública.

Supostamente estes custos não eram devidamente compensados pelas receitas ordinárias municipais, nem pelos impostos partilhados com o Estado central, sendo este o argumento principal para a justificação económica da TMT, isto é, trata-se de um mecanismo de internalização de custos, permitindo que quem usufrui do território – os visitantes – contribua para a sua manutenção. O que parece ser justo.

No entanto, o verdadeiro valor da TMT não reside na sua capacidade angariadora de receita, mas na forma como a receita é planeada e canalizada, pois importa assegurar que a aplicação da TMT não se esgota na sua incorporação na receita corrente municipal. Deve antes ser orientada para objetivos específicos e mensuráveis, como os mencionados anteriormente, por exemplo.

Um dos riscos mais relevantes da TMT é a sua possível banalização, se for aplicada apenas como um novo imposto, sem critério de afetação. E o País tem imensos exemplos de impostos e taxas criadas para determinado fim, mas que na prática a cobrança da receita não cumpriu a sua tarefa, em que um exemplo é o IUC (Imposto Único de Circulação). Outro risco prende-se com a assimetria entre municípios, podendo originar desvantagens competitivas entre territórios vizinhos se não houver uma abordagem coordenada, pelo menos a nível intermunicipal, como tudo indica que é a realidade da região do Algarve, dificultando projetos em que intervenham vários Municípios.

Como forma de minimizar os riscos, é fundamental uma cultura de transparência e responsabilização na gestão das receitas da TMT para reforçar a confiança dos cidadãos, dos operadores económicos e dos próprios visitantes quanto à legitimidade desta contribuição. Quando a aplicação dos fundos é clara, monitorizada e afeta projetos diretamente ligados à melhoria da experiência turística e à sustentabilidade do território, reforça-se a perceção de

justiça fiscal e de boa governação. Além disso, a divulgação pública dos montantes arrecadados e das iniciativas financiadas promove uma cultura de prestação de contas e incentiva a participação cívica na definição das prioridades de investimento.

Mas os desafios são também oportunidades e os Municípios podem aprovar veículos promotores de investimento, tal como a criação de um Fundo Municipal para Turismo Sustentável, com regras claras de governação e participação dos diversos players dos variados setores, desde a hotelaria, comércio, cultura, academia até à sociedade civil ou a criação de um Fundo de Emergência para eventos extremos, tais como incêndios, secas ou pandemias. A TMT, assim concebida, deixa de ser um encargo e passa a ser um pacto de corresponsabilidade pela qualidade do território.

Concluo afirmando que o sucesso da TMT dependerá menos da sua cobrança e mais da inteligência na sua aplicação. Um território turístico sustentável constrói-se com visão, participação e investimento qualificado, em que a TMT pode — e deve — ser mais do que uma fonte de receita: deve ser uma ferramenta de desenvolvimento territorial integrado e sustentável. Será que é o que está a acontecer? Talvez matéria para uma reflexão futura. Pensem nisto.

Nota: Este artigo de opinião apenas reflete a opinião pessoal e técnica do Autor e não a opinião ou posição das entidades com quem colabora ou trabalha.

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