REVISTA ALGARVE INFORMATIVO #474

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PANORÂMICA DOS INFINITOS

ÍNDICE

Portugal a Dançar 2025 (pág. 18)

Olhão lança Plano Municipal de Ação Climática (pág. 26)

Infralobo assinalou Dia da Árvore (pág. 32)

22.º aniversário da APEXA (pág. 40)

Ginástica acrobática em Messines (pág. 50)

Colectivo JAT estreou «Panorâmica dos Infinitos» no Teatro das Figuras (pág. 78)

«O meu corpo não é só uma instância» no Cineteatro Louletano (pág. 96)

Mário Lúcio e Chico César no Cineteatro Louletano (pág. 114)

OPINIÃO

Paulo Cunha (pág. 122)

Mirian Tavares (pág. 124)

Ana Isabel Soares (pág. 126)

Fábio Jesuíno (pág. 128)

Sílvia Quinteiro (pág. 130)

Carlos Manso (pág. 132)

Paulo Neves (pág. 136)

Valentim Filipe (pág. 140)

Portugal a Dançar veio a Portimão dar a conhecer as grandes novidades para 2025

TEMPO – Teatro Municipal de Portimão foi palco, no dia 19 de março, da conferência de imprensa onde foram reveladas as novidades da edição de 2025 do Portugal a Dançar, evento que se tem afirmado como uma referência na cena cultural e artística nacional.

Na ocasião, o diretor Bruno Mourato deu a conhecer as principais inovações deste ano, reforçando o compromisso do evento com o desenvolvimento e a profissionalização da dança em Portugal. Também a vice-presidente da Câmara Municipal de Portimão, Teresa Mendes, sublinhou a relevância deste certame para a dinamização cultural da cidade, destacando a crescente projeção que Portimão tem conquistado como palco

Texto: Daniel Pina| Fotografia: Daniel Pina

privilegiado para eventos de grande impacto.

Entre as principais novidades anunciadas destaca-se a introdução de um programa de mentoria nas eliminatórias, proporcionando aos participantes um acompanhamento especializado para potencializar a sua performance. Além disso, a edição de 2025 trará consigo feiras profissionais em diversas localidades, criando novas oportunidades de networking e visibilidade para os artistas e participantes.

Um dos momentos mais aguardados será a 1.ª Gala Portugal a Dançar Awards, que irá distinguir o talento, a excelência e o profissionalismo de coreógrafos, bailarinos e outras personalidades da dança, tanto a nível nacional como internacional, e que irá decorrer em Portimão. A apresentação contou com a atuação da cantora Débora Valente e um momento de dança protagonizado pelas finalistas do «Portugal a Dançar 2024», a companhia DancExpression, todas de Portimão.

Olhão apresentou Plano Municipal de Ação Climática

Município de Olhão deu a conhecer, no dia 12 de março, no Auditório

Municipal Maria Barroso, o seu Plano Municipal de Ação Climática, elaborado pelo CEDRU – Centro de Estudos e Desenvolvimento Regional e Urbano. O PMAC-O segue para consulta pública, período durante o qual todos os munícipes poderão expressar a sua opinião sobre os documentos

apresentados, antes de ser aprovado pela Autarquia.

O Plano foi apresentado por Sérgio Barroso, Diretor Associado do CEDRU, que detalhou as estratégias e medidas previstas para mitigar os impactos das alterações climáticas neste concelho algarvio. Antes disso, Ricardo Calé, vicepresidente da Câmara Municipal de Olhão, recordou que “as alterações climáticas deixaram de ser um chavão que era utilizado, muitas vezes, como arma política, e consoante a estratégia

Texto: Daniel Pina| Fotografia: Daniel Pina

existente e o estado de alma de cada nação e região do mundo onde estaríamos”. “Por vezes dá jeito defender-se um determinado tipo de estratégia e posição, mas as sociedades desenvolvidas encaram as alterações climáticas como uma realidade e como algo que está presente, não apenas no agora, mas também na nossa história”, declarou.

A seca extrema que se viveu nos últimos anos levou os governantes a tomarem medidas drásticas num curto espaço de tempo, nomeadamente com a alocação de fundos próprios para políticas de intervenção no território, de modo a criarem-se outras formas de fornecimento de água potável, como é o caso da dessalinizadora. “Curiosamente, no ano em que vamos lançar esse

projeto, foi necessário efetuar-se descargas das barragens, por haver água a mais, devido às chuvas das últimas semanas. As alterações climáticas são reais e constantes e temos que fazer, cada um, a nossa parte de forma responsável”, defendeu Ricardo Calé.

Olhão é um concelho com litoral e barrocal e estudos indicam que, nas freguesias de Estoi e Moncarapacho, poderá haver períodos de seca extrema motivados pela subida da temperatura média e que terão impacto nas atividades económicas ali existentes. Ao mesmo tempo, o aumento do nível médio do mar é uma preocupação para as freguesias do litoral, mormente para as ilhas barreira da Fuseta e Armona. “A Ria Formosa tinha, se calhar, a maior comunidade de

cavalos-marinhos do mundo e esse cenário mudou em muito pouco tempo. As dinâmicas estão a modificar-se constantemente e temos que estar atentos”, considera o vice-presidente da Câmara Municipal de Olhão, acreditando que o Plano Municipal de Ação Climática “servirá para nos levar a pensar e perceber o que cada um de nós pode fazer, no nosso dia-a-dia, e é também um momento de partida para os próximos passos que se avizinham”.

Atingir a neutralidade carbónico até 2050 é um objetivo comum partilhado também pelo Município de Olhão e Ricardo Calé entende que a Ria Formosa poderá ter um enorme potencial de captação carbónica ainda por estudar. “Poderemos ser um dos concelhos que mais rapidamente atingirá essa meta e este comércio de carbono que se faz em todo o mundo vai alterar a nossa forma de estarmos enquanto consumidores. Em cinco ou 10 anos, o custo do transporte dos produtos terá reflexo no preço do próprio produto e já há nações soberanas que compram produção de carbono. Quando os líderes mundiais converterem esta realidade em regras e leis e começarem a alocar estes custos, de certeza que teremos que modificar a nossa forma de consumo e de estar”, alerta o autarca olhanense. “Temos que pensar nos nossos descendentes e tomar decisões mais responsáveis para sermos uma comunidade mais resiliente e preparada para enfrentar os desafios do futuro”, apontou.

Com 17 medidas e 85 ações prioritárias, o plano visa aumentar a resiliência de Olhão às mudanças climáticas e atingir a

neutralidade carbónica até 2050. No que diz respeito à adaptação climática, serão promovidas medidas para proteger as pessoas, como a sensibilização para a contingência em ondas de calor, prevenção e atuação frente à seca, capacitação para a prevenção, alerta e resposta aos incêndios rurais, cheias e inundações, e a contenção da ocupação em áreas expostas ao risco de subida do mar.

Além disso, será dada atenção à proteção da orla costeira e à proteção dos recursos naturais, com ações de sensibilização para a eficiência hídrica, restauro de linhas de água, alimentação de praias e restauro dunar. Serão ainda promovidas iniciativas para adaptar os edifícios, como a promoção da eficiência

hídrica e a adaptação dos espaços urbanos, através do arrefecimento natural dos espaços urbanos e reforço da estrutura verde. As infraestruturas serão adaptadas com vista à melhoria da eficiência dos sistemas de abastecimento de água, aumento da capacidade de armazenamento e reutilização da mesma, adaptação dos sistemas de drenagem e criação de bacias de amortecimento.

Em relação à neutralidade carbónica, o plano visa transformar os edifícios para melhorar a eficiência energética, com foco na eficiência e autonomia energética de equipamentos municipais e do setor social, na eficiência energética e autoprodução no setor residencial, e na modernização dos sistemas de

iluminação pública. Em simultâneo, será promovida a eficiência energética nas atividades económicas.

A transformação da mobilidade será também uma prioridade, com o objetivo de dinamizar a mobilidade elétrica, pedonal e o uso da bicicleta na mobilidade urbana, além de incentivar o uso de transportes públicos. No campo da produção e consumo sustentável, o plano promove a economia local circular, a recolha e aproveitamento de resíduos orgânicos, a criação de um sistema de alimentação local e a dinamização da produção agroalimentar local, bem como a sensibilização para o consumo de alimentos locais.

Infralobo promoveu plantação de árvores e requalificação de espaços públicos em escolas de Quarteira e Almancil

o âmbito das comemorações do Dia da Árvore, a Infralobo levou a cabo, no dia 25 de março, uma ação de plantação de oliveiras, suculentas e sementes, na Nobel Algarve British International School, em Almancil. A iniciativa teve como objetivo promover práticas sustentáveis e a preservação do meio

ambiente, contribuindo para a educação ambiental da comunidade escolar. Antes disso, teve lugar, na Escola Básica de Quarteira 2.º e 3.º Ciclos – São Pedro do Mar, a inauguração de um jardim que foi requalificado pelos serviços da Infralobo, de modo a incentivar práticas sustentáveis e a reforçar os laços com a comunidade local.

Através destas ações, a Infralobo reafirma o seu compromisso com a

Texto: Daniel Pina| Fotografia: Daniel Pina

responsabilidade socioambiental, fomentando a colaboração entre entidades públicas e privadas na promoção de um futuro mais sustentável. “São iniciativas que se inserem no Green Smile da Infralobo e, no caso de Quarteira, numa lógica de economia circular, reutilizamos material que tínhamos no nosso estaleiro. Foi um projeto que a própria escola nos apresentou, o que lhe dá ainda mais mérito, e claro que a nossa resposta tinha que ser positiva”, explica Carlos Manso, presidente do Conselho de Administração desta empresa municipal do concelho de Loulé. “Foi requalificado um espaço público que estava bastante degradado, cerca de 70 por cento dos espaços verdes desapareceram, o que reduziu as suas necessidades de águas, e reabilitou-se uma fonte que agora ficou com água a circular em circuito fechado”, descreveu.

A Escola Básica de Quarteira 2.º e 3.º Ciclos – São Pedro do Mar ganhou, assim, um novo espaço público ideal para o convívio dos alunos, mas que pode ser, inclusive, utilizado para aulas ao ar livre, “ao invés de estarem sempre dentro de quatro paredes”. No caso da Nobel Algarve British International School, tratou-se da plantação de 3 oliveiras e 20 suculentas, principalmente com o intuito de sensibilizar as gerações futuras para os cuidados a ter com o meio ambiente, mas Carlos Manso ficou bastante agradado “com o mindset completamente «fora da caixa» naquilo que é o relacionamento dos alunos com os espaços exteriores”. “Acabamos por aprender imenso sobre formas diferentes de ensinar os adultos de amanhã de como interagir com o meio ambiente”, assumiu o administrador. “É o equilíbrio entre o meio ambiente e a sua correta utilização por parte das pessoas que garante a sustentabilidade do planeta”, finaliza Carlos Manso.

APEXA celebrou 22.º aniversário com foco na Inclusão e Inovação Social

Texto: Daniel Pina| Fotografia: Daniel Pina

APEXA –Associação de Apoio à Pessoa Excecional do Algarve comemorou, no dia 19 de março, o seu 22.º aniversário na Biblioteca Municipal Lídia Jorge, em Albufeira, num evento que destacou as atividades desenvolvidas em 2024 e o impacto social gerado, reforçando o compromisso contínuo com a inclusão e o apoio à comunidade.

A cerimónia iniciou-se com uma apresentação detalhada dos projetos realizados ao longo do último ano,

evidenciando os resultados alcançados e as metas futuras. Seguiu-se uma demonstração de Judo Adaptado, fruto da parceria com o Clube Desportivo das Areias de S. João, que realçou a importância do desporto inclusivo na promoção da autonomia e bem-estar dos participantes. Um dos momentos altos da tarde foi a apresentação da plataforma inclusão.pt e o lançamento da revista semestral inclusão.pt, disponível em formato digital e físico, que reforçam o compromisso da APEXA em disseminar conhecimento e promover a inclusão a nível regional e nacional.

A inauguração da exposição «Voz Visual» trouxe uma perspetiva única ao

público, apresentando obras que refletem as experiências e expressões de indivíduos com deficiência. Uma mostra que estará patente na biblioteca até 1 de abril, convidando todos a uma meditação sobre a diversidade e a inclusão. O evento culminou com um lanche e bolo de aniversário, confecionados pelo «OneBean», um projeto de catering social, sediado em Albufeira, que visa promover a inclusão social e económica de pessoas com deficiência intelectual através da gastronomia, demonstrando que todos têm talento e capacidade para contribuir significativamente para a sociedade.

A celebração contou com a presença de diversas personalidades, parceiros e membros da comunidade, enfatizando a importância da colaboração e do apoio mútuo na construção de uma sociedade mais inclusiva e justa.

A APEXA é uma associação dedicada ao apoio de pessoas com necessidades especiais e/ou em desfavorecimento social, promovendo a sua inclusão nas áreas da educação, formação, saúde, lazer, desporto, trabalho e inclusão social. Com uma atuação abrangente no Algarve, a APEXA tem como missão contribuir para a igualdade de oportunidades e melhoria da qualidade de vida destas pessoas.

Messines acolheu Torneio

de Iniciação, Encontro de Infantis e Torneio de Níveis de Ginástica

Acrobática

Texto: Daniel Pina| Fotografia: Daniel Pina

Associação de Ginástica do Algarve organizou, no dia 15 de março, em São Bartolomeu de Messines, com o apoio da Casa do Povo de São Bartolomeu de Messines, um Torneio de Iniciação, o 1.º Torneio de Níveis e o 1.º

Encontro de Infantis de 2025. Ao todo foram quase 400 ginastas a demonstrar o seu talento e dedicação no praticável, em representação da ACD Che Lagoense, Acro Al-Buhera, AGS – Associação de Ginástica de Silves, APAGL – Associação dos Pais e Amigos da Ginástica de Loulé, Casa do Povo de São Bartolomeu de Messines, Clube Academia Desporto de Beja, CEDF – Clube Educativo e

Desportivo de Faro, GCL – Ginástica

Clube de Loulé, LDC – Louletano

Desportos Clube, e sempre com o apoio efusivo dos familiares que encheram a bancada do pavilhão.

Nesta edição sai a reportagem do Torneio de Iniciação e Encontro de Infantis, com as fotos do Torneio de Níveis a serem publicadas na próxima semana.

COLECTIVO JAT – JANELA ESTREOU «PANORÂMICA NO TEATRO DAS FIGURAS

Texto: Daniel Pina| Fotografia: Daniel Pina

JANELA ABERTA TEATRO «PANORÂMICA DOS INFINITOS»

FIGURAS

o dia 14 de março subiu ao palco do Grande Auditório do Teatro Municipal de Faro – Teatro das Figuras «Panorâmica dos Infinitos», uma estreia absoluta da responsabilidade do Colectivo JAT –Janela Aberta Teatro que é um poema visual de vidas anónimas cruzadas, interrelacionadas numa rede infinita onde a tragédia e o absurdo da vida têm lugar ao mesmo tempo. “Uma oportunidade de contemplar(mos) na vida dos outros a nossa própria beleza e miséria humana num espaço/tempo ritual coletivo”, indicam os encenadores e dramaturgos Miguel Martins Pessoa e Diana Bernedo.

Este novo espetáculo original do JAT, com produção executiva de Joana Cabrita Martins, inverte a perspetiva do público, num site specific que integra atores e atrizes profissionais, membros da comunidade farense, alunos de escolas e bailarinas. Com o público sentado no

palco e a ação a ter lugar na plateia, «Panorâmica dos Infinitos» contou com a participação de 48 vizinhos e vizinhas/atores e atrizes do Teatro de Vizinhes – Teatro Comunitário de Faro e do Grupo de Teatro Comunitário –Quarteira Fora da Caixa, dirigidos e coordenados pelo JAT, e de 22 alunos do 6.º D, 7.º A e 8.º A do Agrupamento de Escolas de Montenegro, onde o JAT é Artista Residente através do Plano Nacional das Artes, coordenados por Ilda Nogueira. A estes juntaram-se outros 83 atores, numa experiência que se tornou, sem dúvida, inesquecível.

Esta é uma nova criação concebida em coprodução com o Teatro das Figuras, num evento extraordinário que faz parte das comemorações do 20.º aniversário deste que é o mais importante equipamento cultural da região algarvia, e dos mais importantes a sul do país. O JAT – Janela Aberta Teatro é uma entidade cultural que conta com o apoio da República Portuguesa – Cultura / Direção-Geral das Artes e do Município de Faro.

CINETEATRO LOULETANO «O MEU CORPO NÃO É SÓ

Texto: Daniel Pina| Fotografia: Daniel Pina

RECEBEU SÓ UMA INSTÂNCIA»

Cineteatro

Louletano, em Loulé, foi palco, no dia 13 de março, de «O meu corpo não é só uma instância» de Yola Pinto, Simão Costa e João Catarino, um espetáculo de dança, com músicos ao vivo, que vive da alteridade entre a presença dos corpos e as suas imagens projetadas em tempo real e diferido. “Um espectro caleidoscópico de realidades desdobra a própria imagem e presença do corpo em múltiplos lugares, numa analogia que toca os desafios do corpo virtual, polifónico, multireferencial, que todos nós temos vindo a experienciar cada vez mais”, descrevem Yola Pinto e Simão Costa, que, em parceria com o videasta João Catarino, convidam vários artistas a

partilhar o palco, transformado num espaço heterotópico comum.

«O meu corpo não é só uma instância» procura contrapor a hipótese de um corpo como recetáculo e/ou meio de transporte de um intelecto com uma ideia multidimensional desse corpo inserido num sistema de vários reflexos, seguindo várias escolhas de (co)ordenação. “Aqui, a linguagem verbal, premissa basilar que permite catalogar uma visão unívoca e mensurável do mundo, dá espaço a outras formas de perceção e experiência do real circundante, para falar do inefável poder do que está para além das palavras”, explicam os Diretores Artísticos.

Simão Costa (Piano e Eletrónica) é responsável pela Composição Sonora,

com a Coreografia e Dramaturgia a serem da responsabilidade de Yola Pinto e o Vídeo Mapping e Conteúdos Videográficos da batuta de João Catarino. A interpretação está a cargo do bailarino Miguel Santos e da baterista/percussionista Bruna Carvalho. O espetáculo foi uma encomenda da Aveiro Capital Portuguesa da Cultura 2024 / Teatro Aveirense, com coprodução do Museu de Arte Contemporânea da Madeira (MUDAS), Câmara Municipal da

Calheta, Cineteatro Louletano, Teatro Municipal de Bragança.

A MãoSimMão – associação cultural é uma estrutura independente financiada pela República Portuguesa – Cultura / Direção Geral das Artes, contando com os apoios da Companhia Clara Andermatt ACCA, CEA Centro Experimentação Artística da Moita, Estúdios Victor Cordon, CAMA, a.c, MSM studio, Teatro da Voz, PRodança e Cóccix ac.

MÁRIO LÚCIO E CHICO CÉSAR BRASIL E CABO VERDE AO

Texto: Daniel Pina| Fotografia: Jorge Gomes

CÉSAR TROUXERAM SONS DO CINETEATRO LOULETANO

música lusófona esteve em evidência, no dia 9 de março, no Cineteatro Louletano, em Loulé, com o espetáculo «Voz e Violão» protagonizado por Mário Lúcio & Chico César. Falamos de dois compositores e poetas,

expoentes dos seus países (Brasil e Cabo Verde), dois homens de causa, um exSecretário de Cultura de Paraíba, o outro ex-Ministro da Cultura de Cabo Verde, juntos e irmanados. Os dois génios da musicalidade atlântica juntam-se por ocasião dos 50 anos do 25 de Abril e dos 100 anos de Amílcar Cabral e trouxeram a sua digressão a terras algarvias.

Conselheiros, Consultores e Facilitadores Paulo

is master voice» é uma expressão repleta de história e de grande impacto cultural. Originalmente, surgiu como um slogan publicitário da empresa de discos Gramophone Company, fundada por Emil Berliner no final do século XIX. O slogan foi popularizado pelo famoso logotipo da empresa, que apresentava um cão chamado Nipper a escutar a voz do seu falecido dono através de um gramofone. «A Voz do Dono» transcendeu o uso comercial e tornou-se parte integrante da cultura popular. Tendo sido mencionada em diversas obras literárias, filmes e programas de televisão, a imagem do cão a ouvir o gramofone evoca sentimentos de nostalgia, obediência e lealdade.

Numa sociedade cada vez mais estratificada, desigual e competitiva, o desejo de ter cada vez mais e assim poder subir mais rapidamente no elevador social faz com que muitos não tenham qualquer prurido em ir comer à mão de quem, sem nunca aparecer, detém o verdadeiro poder. Sem aqui querer deixar transparecer qualquer teoria da conspiração, porque afinal de contas só escrevo sobre aquilo que sei, fico a pensar em quantos «(desconhecidos) donos disto tudo» manietam, orientam e controlam aqueles que, ao abrigo da escolha popular, desempenham hoje

cargos públicos. Longe de mim querer traçar qualquer paralelo ou analogia com alguns episódios políticos da realidade portuguesa. Vem-me apenas à memória aquele título da canção do Sérgio Godinho, «Isto anda tudo ligado».

No mundo corporativo contemporâneo, a busca por excelência e inovação como forma de atingir objetivos, sejam eles quais forem, é incessante. Para alcançar esses objetivos, os organismos públicos e privados recorrem frequentemente a profissionais que, a troco de atrativas e compensadoras remunerações, assessoram, aconselham e facilitam. São consultores, conselheiros e facilitadores que, sem formação específica para tal, se fazem valer da vasta e rica lista de contactos que possuem no seu telemóvel, da presença em determinados convívios onde trocam informações privilegiadas e do lobby constante em que transformam os seus dias. Embora as suas funções possam parecer similares, cada cargo tem um papel único e preciso no intricado xadrez jogado por quem, não dando a cara, pouca-vergonha tem na cara.

É verdade, os Consultores são especialistas em soluções, os Conselheiros são guias de sabedoria e os Facilitadores são catalisadores de mudança! À laia de desenrascanço, aconselho: jovens em início de carreira, agarrem as imensas oportunidades que as periódicas transformações

sociopolíticas estão a trazer a futuros colaboradores, funcionários em part-time e avençados no ramo. São, comprovadamente, ocupações de futuro, basta fazer pouco alarde e «ajudar» quem melhor gratificar. Sigam assim a minha sugestão, mas não o meu exemplo, pois foi coisa que eu nunca fiz. Os meus

conselhos e ajudas foram sempre concedidos «à borla». Atitude da qual não me arrependo, mantendo assim o orgulho e a satisfação de nunca ter tido a obrigação de falar pela cartilha da «his master voice». Escolhas de vida que nos moldam a existência!

Foto: Daniel Santos

Dar tempo ao tempo Mirian Tavares, professora

A mim que desde a infância venho vindo como se o meu destino fosse o exato destino de uma estrela apelam incríveis coisas: pintar as unhas, descobrir a nuca, piscar os olhos, beber.

Tomo o nome de Deus num vão. Descobri que a seu tempo vão me chorar e esquecer. (...) o céu é bruma, está frio, estou feia, acabo de receber um beijo pelo correio. Quarenta anos: não quero faca nem queijo. Quero a fome. Adélia Prado

os 40 anos eu tinha toda a fome do mundo. Fome de viver, de devorar tudo, de sair, de dançar. Um dia eu, literalmente, furei um sapato durante uma noite, que se estendeu até a manhã cedo, em que dancei – desmontando a pouco e pouco os meus parceiros, que iam desistindo e sendo logo substituídos por outros mais resistentes. Eu tinha 40 anos e todos os sonhos do mundo. E tempo – pensava que tinha tempo. Que os 40 eram uma nova juventude, mais sábia e menos angustiada. Apesar do tempo que julgava ter, e que de facto tive, gastava muitas horas a tentar não perder tempo. Tudo tinha de se resolver para ontem. Nada de atrasos, nada de pausas. A vida, pessoal e

profissional, era uma corrida de sprint: sempre veloz. O tempo, que parecia muito, reduzia-se a quase nada. Faltava tempo para nada fazer, que é quando ele, o tempo, dura mais. Quando se deleita em retorcer-se devagar, em espreguiçarse lentamente, em dissolver-se ao longo de um dia que pode durar anos. Quando damos tempo ao tempo, temos a sensação de permanência e de duração. Mas eu andava a correr, a responder a emails, a fazer e a responder a mil telefonemas, a aceitar e a recusar convites, a trabalhar toda a semana sem reservar tempo para os afetos, para as pessoas, para aquilo, ou melhor, para aqueles que verdadeiramente merecem todo o nosso tempo. Alguém entrava no meu gabinete e eu não parava de trabalhar, conseguia, naquela época, ser verdadeiramente multifunções. E

razoavelmente mal-educada. Quando alguém nos entra pela porta adentro, temos de lhe dedicar atenção. Porque estamos ali, naquele instante único, próximos, presentes. Mas isso, do tempo, só fui aprendendo mais tarde, quando cheguei aos 50. Quando concluí que nenhum trabalho do mundo pode estragar o tempo que dedicamos aos nossos, às pessoas que nos são caras. À casa, aos livros, aos filmes, ao nada fazer. Aprendi a não responder a emails depois da hora de trabalho, nem aos fins de semana. A viajar sem culpas, estando de férias, e a me concentrar numa coisa de cada vez. Talvez seja do peso da idade. Talvez esteja a tornar-me mais sábia. O certo é que, a cada dia, valorizo mais o

tempo que escorre lentamente. Lembrome de uma viagem, era janeiro e o trigo apenas uma promessa. O campo verde estava à espera. As cegonhas voavam noutras paragens. Via, ao longe, os ninhos, alguns já desfeitos, empoleirados nas torres altas de eletricidade. O vento soprava devagarinho, sem pressa, e caía uma chuva fina. A paisagem parecia melancólica. Dei-me conta de que gostava desta melancolia, deste tempo recolhido, dos campos ainda prenhes do trigo. Do tempo da espera. Que espera a Primavera, as cegonhas que retornam, as cerejas que se anunciam. O tempo das cerejas é curto. Mais longa é a nossa espera. E vou aprendendo a esperar.

Foto: Isa Mestre

Francisco Guedes (1949-2025)

Ana Isabel Soares, professora

oi um tempo raro, o Verão de 2020. Começou antes de ser, era ainda maio e andava eu (andávamos muitos, os que a doença não derrotou) a sair da toca. Dias de reencontros, reabraços, de sorrisos largos, da bondade da presença. Pleno Verão e era quase o começo de outubro, prolongava os dias de estar com as pessoas, os amigos de antes e os que conhecia naqueles momentos. Um deles foi o Francisco Guedes, um dos tripés da coleção 12catorze da editora húmus, que aceitara publicar um livrinho que eu escrevera, e que eu ia conhecer, num belo almoço em Matosinhos, na «Antiga Casa Castanheira». Já eu estava feliz por ter a ocasião de cumprimentar de viva voz aquela pessoa, de que só sabia o nome, quando me apercebi de que era ele, além do mais, autor dos meus livros de cozinha preferidos: os mais usados, os mais manuseados, os que tenho mais perto do fogão, por serem breves, sem rodriguinhos nem enfeites, folhas de riscar neles o lápis, capas sem pretensão: uma pequenina coleção em que cada volume é dedicado a uma região de Portugal (julgo que apenas continental). À Mesa no Alentejo, À Mesa no Minho, À Mesa nas Beiras, À Mesa Algarve, À Mesa Trás-os-Montes, À Mesa Estremadura (assim mesmo, uns com preposição e artigo, outros a dispensá-los), outro do mesmo formato, mas desenho de capa

diferente, com o claro título Bacalhau de Cem Maneiras. Todos da mesma autoria: Francisco Guedes. Preparei-me, pois, para o encontro, com muito pouco de bagagem literária e levei de Faro para o Porto o peso mínimo daqueles caderninhos de receitas que o Público editara em 1996 e 1997 e que estão comigo desde essa altura. Deixei em casa, porque a autoria era de uma «Dulce Salgado», um oitavo volume, de receitas de petiscos, chamado Depressa e Bem. Conhecer um editor era uma boa razão para subir ao Norte – mas conhecer o autor daquelas preciosidades que me viam a preparar o comer, que me confirmavam sequências e ingredientes, ou com as quais debatia diferenças entre o meu saber e o que nas páginas me aparecia, isso sim, tornava-me a viagem verdadeiramente especial. De bónus, o Francisco oferecia-se para me dar boleia desde o centro do Porto, onde eu estava alojada (perto da belíssima Capela das Almas). Combinámos que o ponto de encontro seria na esquina da Sá da Bandeira com a Rua de Fernandes Tomás, do lado do largo, e lá o esperei. Quando vi chegar um carro idêntico ao meu (o mesmo modelo, o mesmo ano, a mesma cor, as mesmas rugas) e me apercebi de que era o Francisco que o guiava, exultei – e a nossa conversa, logo alegre, logo familiar, começou por aí, pelos automóveis e pelo gosto de conduzir, pelos lugares onde já nos tinham levado os carros que

conduzíamos. Quando chegámos ao restaurante, esperámos quase meia hora pelos outros convivas: eu sentia-me a mais privilegiada do planeta, porque tinha ali, uns instantes, só para mim aquele herói. Falou-se de tudo, de coisas mínimas e dos grandes assuntos do mundo, de doenças, de guerras, e da magia de ser avô. Que pessoa!, pensava eu, que momentos tão largos num momento tão breve! O Francisco assinou cada um dos livrinhos que levei, dedicou com palavras diferentes cada um deles, enquanto conversávamos, sem perder jamais o sorriso de rosto inteiro. No final, disse-me que só ali faltava um, uma brincadeira em que se metera com uma

amiga nas tardes de um Verão e para o qual tinham decidido inventar um pseudónimo que dava conta da autoria dupla e da qualidade dos comeres que se descreviam, petiscos doces e petiscos salgados. A vida é mesmo isto tudo, querido Francisco: os entusiasmos e as distrações, os ganhos e as perdas, o lado doce dos encontros e o lado mais áspero das despedidas que não se querem.

NOTA: A editora húmus fez publicar em 2020, precisamente na coleção 12catorze (inaugurada nesse ano), ainda um outro livro de receitas de Francisco Guedes: Sopas, Açordas e Migas: 123 receitas da cozinha portuguesa).

Foto: Vasco Célio

Do escritório ao mundo: O triunfo dos nómadas digitais

Fábio Jesuíno,

empresário

os últimos anos, o mundo do trabalho passou por uma transformação sem precedentes, impulsionada pela revolução tecnológica e pela crescente aceitação do trabalho remoto.

Vivemos numa era marcada pela interligação global e pela digitalização acelerada da economia, onde o trabalho remoto e o nomadismo digital se tornaram símbolos de uma transformação profunda nas dinâmicas laborais. Este fenómeno, que já vinha a ganhar expressão antes da pandemia, consolidou-se nos últimos anos como uma alternativa viável ao modelo tradicional de trabalho, redefinindo o conceito de produtividade e mobilidade.

A pandemia de COVID-19 foi um catalisador inesperado para esta mudança. Milhões de pessoas foram forçadas a trabalhar remotamente, descobrindo as vantagens de um modelo mais flexível e descentralizado. Embora inicialmente motivado por necessidade, este paradigma revelou-se eficaz para muitos profissionais e empresas, que optaram por manter ou evoluir para o nomadismo digital. Estima-se que o número de nómadas digitais já ultrapasse

os 35 milhões em todo o mundo, impulsionado por avanços tecnológicos e pela crescente aceitação do trabalho remoto como norma.

Portugal tem-se afirmado como um dos destinos preferidos para nómadas digitais. Com uma combinação única de qualidade de vida, clima agradável e infraestrutura tecnológica robusta, cidades como Lisboa e Porto destacam-se em rankings internacionais. Regiões como o Algarve e a Madeira têm atraído milhares de trabalhadores remotos com programas dedicados e incentivos fiscais. O visto para nómadas digitais, introduzido em 2022, reforçou esta posição ao permitir que profissionais remotos vivam legalmente no país enquanto contribuem para a economia local.

Este estilo de vida não se limita ao setor tecnológico. Profissionais das mais diversas áreas, desde consultores a criadores de conteúdo, adotaram o nomadismo digital em busca de um equilíbrio entre trabalho e qualidade de vida. A liberdade geográfica oferecida por este modelo permite-lhes explorar novas culturas enquanto mantêm carreiras estáveis. Contudo, esta revolução também traz desafios: desde questões legais relacionadas com vistos até à gestão da solidão ou do equilíbrio entre trabalho e lazer.

O impacto económico do nomadismo digital é significativo. Comunidades locais beneficiam da presença destes profissionais, que dinamizam o comércio local e fomentam a inovação através da partilha de conhecimentos. Cidades como Chiang Mai na Tailândia ou Lisboa em Portugal tornaram-se hubs globais para nómadas digitais, promovendo um ecossistema vibrante que combina empreendedorismo local com perspetivas multiculturais.

Apesar dos benefícios evidentes, há questões que merecem atenção. A sustentabilidade deste estilo de vida é um tópico cada vez mais relevante, com muitos nómadas a procurarem opções ecológicas para minimizar a sua pegada

ambiental. Além disso, a competição entre países para atrair estes profissionais intensifica-se, levando à criação de políticas cada vez mais favoráveis.

Em última análise, o nomadismo digital representa uma adaptação às exigências do século XXI: flexibilidade, inovação e conectividade global. Para países como Portugal, esta tendência pode ser uma oportunidade única para estimular o crescimento económico e promover uma integração cultural enriquecedora.

Num mundo em constante transformação, a capacidade de abraçar estas mudanças será determinante para moldar um futuro mais inclusivo e resiliente.

Esgotou em 20 minutos

Sílvia Quinteiro, professora

ão há como contornar o assunto do momento. E desengane-se quem pensa que vou falar da América de Trump, das eleições na Madeira, da guerra na Ucrânia ou da tempestade Martinho. O que realmente ocupa os pensamentos dos portugueses, a origem do palpitar descontrolado dos corações, é o inexcedível chocolate do Dubai.

Na verdade, não sabemos se é inexcedível, nem ao menos se é bom, mas consta que sim. Esgotou em todo o lado. É caríssimo. Tão desejado, só pode ser uma delícia. Acredito, no entanto, que a ansiedade que assola a nação pouco tenha a ver com questões do palato. O que realmente deixa as pessoas à beira de um ataque de nervos é não poderem dizer que já provaram, não terem como exibir nas redes sociais as invejadas tabletes. Mordiscadas. O interior do retângulo castanho revelado. Recheio verde a escorrer, espesso como um resto de creme de legumes com aletria que ficou no prato de um dia para o outro. Irresistível, sem dúvida!

É fácil compreender que alguém perdido no deserto tenha alucinações com água, que alguém com fome sonhe com banquetes. Já a febre do chocolate do Dubai é um fenómeno bastante mais

difícil de explicar — pelo menos, isoladamente. O que desencadeou este delírio coletivo? O mesmo que desencadeou o, até hoje, incompreensível e anedótico açambarcamento de papel higiénico. O mesmo que leva milhares de pessoas a aguardarem em fila à porta de uma cadeia de supermercados espanhola para comprarem… nem sabem bem o quê. Mas é extraordinário.

Impressiona a facilidade com que se manipula a turba com uma simples frase: “Esgotou em 20 minutos”. É tudo quanto basta para levar à histeria, para que o que quer que seja se transforme num objeto mais desejado do que o elixir da eterna juventude. Ninguém quer ficar de fora. Ninguém quer ser o último e, mais importante, ninguém está disposto a assumir que caiu num golpe publicitário.

A ida a um dos supermercados nas bocas do mundo por ter tido à venda a dita guloseima permitiu-me constatar que a loucura é maior do que tinha imaginado. As pessoas aglomeram-se no corredor dos chocolates. Famílias inteiras viram e reviram as prateleiras, na esperança de encontrarem algum exemplar que tenha ficado caído a um canto. Crianças esgaravatam nas prateleiras de baixo. Adultos, em bicos de pés, quase desatarraxam os braços para tentar chegar, com as pontas dos dedos, onde os olhos não alcançam. Nunca se

sabe… Nada de deixar que outros passem à frente e, para que não haja dúvidas, encostam-se os carrinhos às prateleiras e lançam-se olhares ameaçadores a quem se aproxima.

Lembram-me hienas em torno de uma carcaça. Não é uma imagem bonita, mas os olhares de fome e desconfiança são os mesmos.

Chego em segurança à caixa e, enquanto aguardo, um jovem com ar apressado aproxima-se. Deita-se sobre o tapete, espalhando tudo o que se lhe atravessa no caminho, gesticula para

chamar a atenção da funcionária e pergunta:

— Já não têm o chocolate de pestanácio?

— Não, desapareceu logo. Eu nem provei! — lamenta ela.

O rapaz desaparece. A conversa na fila foca-se de imediato no chocolate que todos estão desolados por não ter encontrado. A senhora da caixa, apesar de não ter provado, garante que é uma maravilha:

— Olhe que, quando chegaram, até porrada houve… Vamos lá ver se vem mais...

Pago a conta e saio, a pensar no que será pior: a irracionalidade, a violência ou o pestanácio. Ou se a irracionalidade, a violência e o pestanácio têm exatamente a mesma origem.

No café em frente, encontro consolo num fiel e despretensioso pastelinho de nata — tão fora de moda por estes dias, nunca me deixa ficar mal.

O Algarve: Região em números pelo INE

Carlos Manso, Economista

e Membro da Direção

Nacional da Ordem dos Economistas

oi publicado, pelo Instituto Nacional de Estatística, o documento «REGIÃO ALGARVE EM NÚMEROS 2023» que analisa profundamente a região do Algarve em 4 vertentes fundamentais: o Território, as Pessoas, a Atividade Económica e o Estado. Tratando-se de um documento essencial para percebermos o resultado das decisões no âmbito das políticas públicas e empresariais, não se conhece qualquer reação por parte dos responsáveis. E o que o documento nos diz é que a economia do Algarve é um dos exemplos mais claros das fragilidades estruturais que marcam algumas regiões portuguesas. Apesar de ser uma das áreas mais prósperas em termos turísticos, a sua dependência excessiva deste setor compromete a sustentabilidade e a resiliência do crescimento económico. Os resultados económicos e sociais mais recentes mostram que o Algarve continua a apresentar uma estrutura produtiva desequilibrada, baixa diversificação e uma fraca integração na economia global

O Algarve registou um PIB de 13,1 mil milhões de euros, representando 4,9% da economia nacional. No entanto, o PIB per capita regional (27 mil euros)

continua abaixo da média nacional (45 mil euros), evidenciando uma produtividade reduzida e um modelo económico pouco sofisticado.

A principal explicação para este desfasamento reside na monocultura do turismo. O setor representa uma parcela significativa da economia regional, absorvendo grande parte do emprego e da atividade empresarial. 72% dos hóspedes na região são estrangeiros, e a sazonalidade do setor afeta fortemente os indicadores económicos e sociais, criando flutuações no emprego e nos rendimentos das famílias.

O turismo é, sem dúvida, um ativo estratégico do Algarve. No entanto, a questão central é: até quando a região conseguirá sustentar-se quase exclusivamente com base nesta atividade? A dependência excessiva do turismo torna o Algarve vulnerável a crises económicas, pandemias, mudanças no comportamento dos turistas e até a desafios ambientais, como a escassez de água e o aumento das temperaturas, que podem comprometer a atratividade da região.

O Algarve tem uma taxa de emprego elevada (75,5% na faixa etária de 16-64 anos), mas esconde um problema crónico: a qualidade do trabalho gerado.

O mercado laboral da região é marcado por Sazonalidade elevada, com forte concentração de empregos precários no turismo e serviços associados, Baixa qualificação da mão de obra, o que reduz o potencial de crescimento da produtividade e dos salários e Rendimentos médios inferiores à média nacional, resultado da especialização em setores de baixo valor acrescentado.

A taxa de desemprego jovem (20,8%) é alarmante e demonstra a dificuldade de retenção de talento qualificado na região. Muitos dos jovens que estudam em universidades fora do Algarve acabam por não regressar, devido à falta de oportunidades em setores inovadores. A solução passa por diversificar a base

económica da região. É fundamental criar incentivos para atrair novas indústrias, investir em formação especializada e impulsionar o empreendedorismo em áreas de maior valor acrescentado.

O Algarve contribui com apenas 0,4% das exportações nacionais, uma percentagem irrisória para uma região com potencial agrícola, pesqueiro e de serviços. A taxa de cobertura das importações pelas exportações é de apenas 53%, revelando um elevado défice comercial.

Este cenário é reflexo da baixa diversificação do tecido empresarial e da falta de competitividade da região no

mercado global. Sem uma estratégia clara de internacionalização das empresas e de captação de investimento estrangeiro, o Algarve continuará a ser uma economia fechada e dependente do consumo interno e do turismo externo.

A análise ao nível municipal revela uma forte concentração económica em três municípios principais, Loulé (20% do VAB) – Centro comercial e de serviços da região, com uma base económica mais diversificada, Faro (11,2%) – Capital administrativa e hub de transportes e Albufeira (10,3%) – Principal destino turístico, altamente dependente da sazonalidade. Outros municípios, como Olhão (3,4%), têm um papel mais modesto na economia regional, refletindo a concentração de riqueza e investimento nos polos urbanos mais fortes. Esse desequilíbrio dificulta o desenvolvimento harmonioso do Algarve e limita as oportunidades económicas para áreas menos dinâmicas.

O Algarve não pode continuar a ser uma economia monocultural, fechada sobre si mesma e refém da sua sazonalidade. Para garantir um futuro mais resiliente e sustentável, é necessário adotar um novo modelo de desenvolvimento, baseado em três pilares estratégicos: Diversificação Económica (Desenvolvimento de polos tecnológicos e científicos ligados à economia azul, Aposta na agricultura sustentável e na valorização da produção agroalimentar e Incentivos à instalação de empresas de serviços avançados e indústrias criativas); Qualificação e Inovação (Reforço do ensino profissional e superior em áreas estratégicas, Atração de talento

qualificado e retenção de jovens licenciados na região e Criação de hubs de inovação ligados ao turismo, tecnologia e sustentabilidade); e Internacionalização e Investimento (Reforço das exportações de produtos e serviços regionais, Atração de investimento estrangeiro para setores inovadores e Desenvolvimento de infraestruturas que tornem a região mais competitiva a nível global).

O Algarve tem um potencial imenso, mas continua prisioneiro de um modelo económico que apresenta dificuldades em melhorar as condições de vida da população, sendo imperativo um choque de modernização e inovação para se tornar verdadeiramente competitiva e sustentável. Essa excessiva dependência, indica que existe a necessidade urgente de reforçar o peso dos restantes setores no desenvolvimento económico e social da região.

Temos que saber onde estamos, para percebermos o caminho a percorrer para chegarmos ao destino. O silêncio e a falta de análise crítica aos resultados apresentados por este relatório a todos nos devem preocupar. Pensem nisto.

Nota: Este artigo de opinião apenas reflete a opinião pessoal e técnica do Autor e não a opinião ou posição das entidades com quem colabora ou trabalha.

A região que faltava para estender Portugal até ao mar1

Paulo Neves, «ilhéu», mas nenhum homem é uma ilha

stima-se que um total de 3.500 homens, a pé e mais 1.500 a cavalo, terão saído de Ourém, em fevereiro de 1249, entrando por Almodovar e Salir atravessando a serra pelas Cortiçadas. Uma armada naval também saiu de Lisboa para se posicionar frente a Faro, a principal cidade do Algarve Ocidental e onde estaria o maior bastião dos mouros resguardados pelas defesas de taipa e as muralhas até à Ria Formosa (sete hectares bem caracterizados por Al Idrisi).

Os cristãos montaram cerco durante quase um mês, com o próprio monarca a comandar as operações que cercaram a cidade e inviabilizaram o envio de reforços de Niebla/Sevilha ou por mar. Até que os sitiados, com o Alcaide mouro, negociaram a rendição a Dom Afonso III que tinha entrado no Castelo apenas com 10 cavaleiros a acompanhálo. A partir daqui e nos meses seguintes, as praças de Loulé, Porches, Silves, Aljezur, Porches, passaram para o campo da cristandade, sem saques ou massacres. Paderne, Tavira e outras localidades já haviam sido conquistadas.

Seguiu-se uma incessante negociação com o Rei de Leão e Castela, Alfonso X,

para que reconhecesse estas como novas terras de Portugal. Leão e Castela reivindicou-as como suas, pois que antes da rendição a Afonso III já o Reino de Niebla (de onde o Alcaide de Faro era dependente) se tinha tornado vassalo da coroa de Castela. E é interessante, por isso, como nas armas da atual coroa de Espanha consta ainda o escudo do Algarve.

Nesta parte estou tentado a seguir a escrita ainda naquele tempo e lembrar que a Santa Sé excomungou o nosso Rei por… ter aceite casar com a filha do Rei de Leão e Castela, Beatriz de seu nome, para assim resolver duas questões, por um lado a Rainha consorte (D. Matilde, repudiada em 1250) não lhe conseguia dar descendência e, por outro, Alfonso X (O Sábio) prometeu-lhe o Algarve «em doação» se deste casamento nascesse filho varão que atingisse a idade de 7 anos. O avô castelhano deste neto assim nascido, o nosso D. Dinis, antecipou o cumprimento da promessa e o nosso Afonso III (de facto), assim como D. Dinis, de direito, (tratados de Badajoz 1267 e de Alcanizes 1297) vieram a designar-se já Rei de Portugal e do Algarve2 e, na segunda data, com a fixação dos limites fronteiriços entre os dois reinos.

Tal como «O sábio» que das letras lembramos as Cantigas de Santa Maria (ver armas da cidade de Faro), também do seu neto «O Trovador» conhecemos a fundação da Universidade de Lisboa/Coimbra (Estudos Gerais), de ter sido patrono das artes e também uma centena de composições poéticas e musicais. Também foi D. Dinis que criou a Ordem de Cristo (1318) com sede, aqui, em Castro Marim (sucedânea, nos bens, da Ordem dos Templários).

As relações entre conquistas de territórios de forças de Portugal que vinham rumo ao sul e dos mouros ou muçulmanos (não são completamente sinónimos) que o ocupavam e das relações destes, com Castela, são muito interessantes e, hoje, relevo outras poucas, mas relevantes, ocasiões (antes da primeira conquista de Silves) e que traz a este texto o nosso Fundador, que encontrou acordo com os mouros (1173) para uma incursão nestas terras para a trasladação das relíquias (os restos mortais) do mártir de S. Vicente, desde o nosso cabo Sacro, para Lisboa, onde se tornou o seu santo padroeiro (vide a marca da capital com a barca e os nossos corvos que daqui o acompanharam).

Assim como, antes, o acordo3 com Ibn Qasî (1147) e troca de ofertas de cortesia e respeito (um cavalo, lança e escudo) com este Senhor do Al-Andaluz (do Gharb até Évora e até mesmo Sevilha, que tomou por breves meses) supõem-se, para que Lisboa fosse tomada sem massacres dos mouros locais (o que se tornou, afinal, impossível dada a participação dos Cruzados do Norte da Europa que reivindicaram os bens do

saque). Ibn Qasî perdeu a cabeça (literalmente) por revolta dos seus seguidores que a exibiram, em Silves, como a do traidor que fez amizade com «Ibne Arrique» (como designavam o nosso I de Portugal).

Este último (o acordo com Ibn Qasî), faz-nos questionar, recuando ainda mais no tempo, a 1139, se no episódio da Batalha de Ourique, em que aquele não participou, onde Dom Afonso Henriques foi aclamado Rei de Portugal, poderá ter uma interpretação que a ter-se mantido poderia ter transformado a nossa História (a do Algarve) pois que D. Afonso Henriques estaria, a partir dessa vitória, parando e sustendo aí no Sul, interessado em progredir mas para o norte peninsular (Galiza) integrando-a no Reino de

Foto: João Neves dos Santos

Portugal (desejo que o perseguia desde a conhecida contenda com a mãe D. Teresa por ter tomado o partido dos interesses dos galegos)…

O filho de Dom Afonso Henriques, Dom Sancho I, voltou-se, afinal, para o Algarve (Silves) logo em 1189.

O que seria o ocidente Andaluz (o Algarve) se Alfonso X não tivesse acordado com Afonso III a sua integração na coroa portuguesa? A ponte ferroviária já estaria a ligar as duas margens e o eixomediterrânico de velocidade alta estaria a chegar a Lagos? Os nuestros hermanos não conheceriam a nossa gastronomia fantástica e nós frequentávamos os tradicionais chiringuitos

Sinceramente, apesar desta tentativa de gracejo, prefiro gostar do curso que a nossa História tomou.

Esta minha brevíssima intromissão na História, pedindo muita indulgência dos verdadeiros historiadores, que respeito, pretende apenas aproveitar a coincidência da data da publicação deste meu texto no Algarve Informativo com a comemoração da tomada de Faro aos Mouros, repetindo a proposta que esta data seja declarada, pela AMAL, o Dia do Algarve4. Viva o Algarve!5

Ainda assim, não perco esta oportunidade de Vos convidar a conhecer, com enlevo, a relação assumida do nosso Afonso III com a filha do Alcaide Mouro Ben Bakr (Madragana Ben Aloandro) em Faro que deu linhagem, de gerações, até à princesa

Carlota (do norte da Europa) que veio a casar com o Rei de Inglaterra e ser avó da Rainha Vitória. Viva Faro! Viva Portugal!

Estou a acreditar, depois desta, que os leitores do Algarve Informativo preferirão que volte a escrever só sobre Política e atualidades…

1 História Militar de Portugal, Nuno Severiano Teixeira (Coordenador), A esfera dos Livros, 2017

2 Sem descurar que, pela conquista de Silves, em 1189, já D. Sancho I, filho de D. Afonso Henriques, se tinha acrescentado ao título de Portugal, também o do Algarve (que veio a perder logo depois com a retomada dos mouros). Já depois, mas no reinado de D. Sancho II, este terá entrado pelo Baixo Guadiana (no Gharb al Andaluz) tendo conquistado Ayamonte.

3 Pode ter consistido afinal por não haver reforços a partir de Évora em auxílio de Lisboa e por troca de o Al-Andaluz não ser atacado. De facto, foi o Alcaide de Évora (Al Mundhir) que terá mandado chacinar o seu Senhor Ibn Qasî, que o substituiu também em Silves e fez dispersar os seus seguidores no Ribat da Arrifana, em Aljezur.

4 Em boa hora assinalado, hoje e pela terceira vez, pelo Corpo Consular acreditado no Algarve em honra aos algarvios que tão bem têm acolhido as comunidades de cidadãos estrangeiros residentes que representam e os que nos visitam nesta atividade que assumimos como a indústria da Paz.

5 Hino já temos aprovado pela AMAL (composição do Maestro Armando Mota e letra de José Carlos Barros). A bandeira regional, sugiro a que a história nos deixou, conhecida, com os 2 reis cristãos e os 2 mouros em respeito à cultura e identidade da terra, com as cores ocre que nos marcam.

Concertos ao vivo, a mentira da verdade Valentim Filipe, músico, professor aposentado e dirigente associativo

uarteira anos 70. Na famosa esplanada de Quarteira, hoje Praça de Mar, acontecia um espetáculo organizado pelo cantor e empresário José Cheta onde iriam desfilar vários artistas.

Eu fazia parte do elenco, tendo sido convidado para abrir o concerto executando dois instrumentais em acordeão.

Ainda antes de começar e na zona dos camarins, eis que a minha atenção é atraída por um diálogo entre um dos cantores que iria participar no espetáculo e um outro indivíduo.

Dizia o cantor enquanto segurava umas cassetes: Esta tem voz, mas a outra é só instrumental e portanto aqui eu canto…. Está aqui tudo escrito no alinhamento a ordem em que as tens de pôr.

Que confusão para mim moço iberbe naquele mundo e, de repente, na minha cabeça cresceu uma azáfama de questões: Então só canta algumas músicas e as outras apenas finge cantar?

Passados uns bons pares de anos e numa digressão que fiz pelo continente australiano, na cidade de Brisbane

contaram-me que, num concerto no mesmo auditório onde atuei, anos antes aquele mesmo cantor em plena atuação e ao tentar passar o microfone de uma mão para outra (gesto que era comum nas suas atuações), acabou por deixar cair o mesmo, tendo no sistema sonoro continuado a ouvir-se a sua voz enquanto ele se baixava, tentando desesperadamente agarrar o microfone. Tal situação provocou uma gargalhada geral, tendo mesmo várias pessoas (sobretudo estrangeiros) abandonado a sala ao se sentirem enganadas.

O surreal da questão é que este cantor até cantava muito bem, mas, como um dia mais tarde me confidenciou quando lhe pus a questão, é que quando cantava num concerto estava sempre a pensar no seguinte e, como tal, havia de defender a voz, não fosse enrouquecer. Se utilizava tal estratagema qual o problema de enrouquecer….?

Cantar bem e afinado nos discos/cd sempre foi fácil, pois no estúdio as máquinas tratam de tudo corrigir. O playback total foi o modo que se adotou para tudo bem sair depois nos espetáculos que se seguiam ao lançamento dos discos (não precisas de cantar, nem sequer assobiar, com certeza que não vais desafinar...), só que o público cansou-se de ver apenas o cantor no palco acompanhado da cassete (nem mesmo

com o recurso a bailarinas?) e começou a exigir a presença dos músicos. Ora aí a respetiva cassete/cd/minidisco, etc. deixou de fazer sentido. E agora? Como acertar a voz com os músicos que tocam afinadinhos? Como fazê-los tocar desafinados no momento em que o cantor também o faz? Não é possível. Mas… MILAGRE !!!! Eis que acontece a salvação… Inventou-se o Auto Tune, um aparelho afinador automático por onde passa a voz antes de chegar ao público e assim podermos continuar a enganar o Zé Povinho que já fica satisfeito se bater muitas palmas.

Aí está a continuação na rua do trabalho (desonesto) de estúdio.

Esta é uma prática utilizada sobretudo pelos cantores da área pop/rock, onde segundo os promotores o saber cantar é o menos importante para um cantor, pois a imagem é que é importante para vender o produto.

E no fado isso não acontece? Pode perfeitamente acontecer, mas não é prática corrente. Vale a pena referir algumas «barracas» protagonizadas por uma fadista do nosso mercado, de onde de vez em quando vêm cá para fora momentos nada abonatórios, situações estas muito divulgadas nas redes sociais.

Mesmo assim prefiro ouvir de vez em quando uma ou duas «ao lado», do que sentir que estou a ser enganado por pseudo cantores que de talento apenas têm a maneira como se vestem e maquilham.

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