Boletim CRA-PR - Junho 2022

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BOLETIM DO CONSELHO REGIONAL DE ADMINISTRAÇÃO DO PARANÁ ANO XXI | No 250 | JUN 2022

LIFELONG LEARNING: APRENDER É PARA A VIDA TODA Pág. 6 e 7

ESG: A SIGLA DO MOMENTO PARA O MUNDO CORPORATIVO Pág. 10 e 11

Boas práticas ambientais, sociais e de governança devem estar no foco das empresas, independentemente de seu tamanho

EMPREENDEDOR OU EMPRESÁRIO? NEM TODO EMPREENDEDOR PRECISA SER EMPRESÁRIO E NEM TODO EMPRESÁRIO CONSEGUE SER EMPREENDEDOR Página 8 e 9

CRA-PR Conselho Regional de Administração do Paraná


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PALAVRA DO PRESIDENTE Adm. Sérgio Pereira Lobo Presidente do CRA-PR

EXPEDIENTE

Evolução, aprimoramento, crescimento, desenvolvimento e atualização. Essas palavras são requisitos fundamentais para profissionais e empresas no mundo moderno e hiperconectado que vivemos. A sobrevivência no mercado demanda cada vez mais que as pessoas e os negócios estejam dispostos a aprender, conhecer novas possibilidades e embarcar em desafios diferentes. Um dos grandes objetivos do Conselho Regional de Administração do Paraná é contribuir para que os profissionais de administração estejam mais preparados para lidar com esse mercado tão competitivo e dinâmico. Por isso, nesta edição do boletim CRA-PR, apresentamos o conceito do lifelong learning, que reforça a importância de buscar aperfeiçoamentos ao longo

SER ADMINISTRADOR É ESTAR EM CONSTANTE EVOLUÇÃO

da vida, de acordo com as necessidades e ambições individuais. Para os profissionais, o desenvolvimento de habilidades e competências socioemocionais está em alta. As soft skills ou habilidades interpessoais estão entre as mais requisitadas pelas empresas. Inteligência emocional, boa comunicação, criatividade, empatia e liderança, por exemplo, são algumas dessas competências que, inclusive, são aspectos imprescindíveis para todo o empreendedor. Para refletir sobre isso, trazemos um conteúdo que fala sobre as diferenças entre o empresário e o empreendedor. Vale a pena conferir! Já para as empresas, manter a competitividade no mercado significa, cada vez mais, estar em alinhamento com as melhores

práticas de ESG. A sigla, que foi amplamente debatida no último Encontro Regional de Profissionais de Administração, é o caminho mais certeiro para que as empresas se destaquem entre os concorrentes. Veja algumas dicas para trilhar um caminho de sucesso nos pilares ESG no texto “ESG: a sigla do momento para o mundo corporativo”. Por fim, trazemos uma reflexão sobre a importância da descentralização nas empresas como forma de alavancar o crescimento dos negócios. Estimular a autonomia e a corresponsabilidade é semear novas ideias e garantir decisões mais acertadas. Esperamos que, assim como as demais iniciativas do CRA-PR, este boletim sirva como um instrumento de reflexão e impulsionador de novos aprendizados. Boa leitura!

CRA Virtual é um informativo do Conselho Regional de Administração do Paraná Endereço: Rua Coronel Dulcídio, 1565 Cep: 80250-100 Curitiba/PR Fone/Fax: (41) 3311-5555 | Internet: www.cra-pr.org.br | E-mail: cra-pr@cra-pr.org.br | Presidente: Adm. Sérgio Lobo | Editoração: V3COM | Jornalista Responsável: Ricardo Voigt (DRT: 2860/11/50 – PR) | Fotos: Supervisão de Eventos e Arquivo. Periodicidade mensal – Distribuição exclusiva pela Internet.


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EVENTOS EVENTOS

EVENTOS REALIZADOS EM MAIO DE 2022

16/05 | Raio X da Administração Pública: Compliance e cultura de integridade no pós-Lava Jato, com os palestrantes Deltan Dallagnol e Carlos Fernando dos Santos Lima e a participação dos administradores Sergio Lobo, Julio Vieira e Fabrizio Meller da Silva. Raio X da Administração Pública

17/05 | Os desafios de ensinar (e aprender)

26/05 | Palestra em Laranjeiras do Sul – O

31/05 | CRA-PR e Jucepar assinam convênio

Educação Financeira, com as palestrantes Bianca Juliano e Regilaine Arruda. O Desafio de ensinar (e aprender) Educação Financeira

mercado de trabalho na área administrativa, com o palestrante José Luiz Nicolelis.

de fiscalização de administradores.

EVENTOS REALIZADOS EM JUNHO DE 2022

13/06 | Enade: por que fazer? A importância da pro03/06 | Encontro Regional de Profissionais de Administração.

20/06 | Visita a prefeitura de Londrina para realizar um balanço dos resultados obtidos através dos convênios realizados entre o município e o Conselho e ampliar as parcerias de consultoria na área de Índices de Governança Municipal (IGM).

PRÓXIMOS

EVENTOS EVENTOS

va do Enade para os alunos do curso de Administração, com o palestrante Alexandre Nicolini e a participação dos administradores Sergio Tsuru e Fabrizio Muller. ENADE: Por que fazer?

23/06 | Entrega de láurea acadêmica na for-

29/06 | Palestra O Administrador no Mercado de Tra-

matura ESIC Business Marketing School.

balho Digital, com o administrador Eloi Mamcasz, em parceria com a Unopar. O Administrador no Mercado de Trabalho Digital

XVII Fórum Internacional de Administração “A Ciência da Administração sob a Égide da Ética, Sustentabilidade e Governança” 26 a 28 de setembro, no Hangar Centro de Convenções & Feiras da Amazônia, em Belém (PA)

XXI Encontro Paranaense de Estudantes de Administração 28 e 30 de setembro Inscrições abertas para Instituições de Ensino Superior que desejam sediar o evento


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NOTAS

ELEIÇÕES CFA/CRAS: DEFENDA O FUTURO DA ADMINISTRAÇÃO 2022 também é ano eleitoral para o Conselho Federal e os conselhos regionais de Administração de todo o país. O pleito, que define os representantes da instituição, será realizado de forma virtual, no dia 22 de novembro, de 0h às 22h, pelo horário de Brasília. Os resultados serão divulgados em uma transmissão ao vivo pelo canal CFAPlay, no YouTube, imediatamente após a apuração dos votos. O período de inscrições das chapas será de 01 a 14 de agosto e a relação de adimplentes será divulgada no dia 30 de setembro, no site do CFA. Além disso, as senhas eletrônicas serão enviadas aos eleitores adimplentes até o dia 20 de outubro, por e-mail ou SMS. Não deixe de participar e fazer a sua parte para construir um futuro ainda melhor e mais democrático para a Administração.

ESTÃO ABERTAS AS INSCRIÇÕES PARA O PRÊMIO BELMIRO SIQUEIRA Até o dia 31 de agosto, os profissionais de administração de todo o país podem se inscrever para participar do Prêmio Belmiro Siqueira, promovido pelo Conselho Federal de Administração para promover a divulgação e a valorização da produção científica na área. Neste ano, o tema da premiação é Administração e as novas tecnologias, com três modalidades: artigo científico, artigo técnico e livro. Os vencedores serão certificados e premiados com uma bonificação em dinheiro. Os interessados podem consultar o edital e realizar as inscrições pelo site belmiro.cfa.org. br. Participe!

CRA-PR E JUCEPAR ASSINAM CONVÊNIO DE FISCALIZAÇÃO DE ADMINISTRADORES No fim de maio, o Conselho Regional de Administração do Paraná (CRA-PR) recebeu representantes da Junta Comercial do Paraná (Jucepar) para a formalização de convênio de fiscalização de administradores. Com a assinatura dos termos, a Jucepar passa a fornecer ao CRA-PR uma relação mensal das empresas que foram registradas no estado para a devida verificação do Conselho. “Temos sempre que buscar oportunidades para executar nossa atividade principal: a fiscalização. Esse convênio busca fazer com que as leis sejam cumpridas”, destacou o presidente do CRA-PR, Sergio Pereira Lobo. Na ocasião, Marcos Rigoni de Mello, presidente da Jucepar, apontou o dever que a entidade tem junto à sociedade como órgão fomentador da economia e núcleo de registro de todas as empresas. “Nossa parceria com o Conselho é de longa data e agora está sendo ampliada com essa troca de informações. Temos uma obrigação quanto ao compartilhamento de dados relevantes; é uma ação de grande importância para o exercício da fiscalização”, pontuou Mello. A assinatura do convênio contou com a presença do presidente do CRA-PR, Sergio Pereira Lobo, e do diretor de Fiscalização de Registro do CRA-PR, Sergio Francisco Pedroso. Como representantes da Jucepar, estavam presentes o presidente da Junta, Marcos Sebastião Rigoni de Mello; o vice-presidente Sebastião Mota; o procurador regional Marcus Vinicius Tadeu Pereira; a sub-procuradora Juliane Machado; e o vogal Antônio Romão Montes.


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CRA-PR E PREFEITURA DE LONDRINA ASSINAM TERMO DE COOPERAÇÃO PARA CONSULTORIA NA ÁREA DE ÍNDICES DE GOVERNANÇA MUNICIPAL

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Em junho, o Conselho Regional de Administração do Paraná e a Prefeitura Municipal de Londrina formalizaram um termo de cooperação que estabelece um trabalho conjunto na implementação da Lei Municipal de Governança Pública e Compliance, sancionada em dezembro de 2021. A partir de agora, o CRA-PR estará acompanhando as ações do município que colocarão a lei em prática, além de prestar consultoria sobre o Índice de Governança Municipal (IGM), métrica que monitora a governança pública nos municípios brasileiros a partir de três dimensões: Finanças, Gestão e Desempenho, além de dados secundários das áreas de saúde, educação, saneamento e meio ambiente, segurança pública, gestão fiscal, transparência, recursos humanos, planejamento, entre outras. “É importante que o Conselho acompanhe a implementação dessa legislação, porque ela exige que seja feito o monitoramento de indicadores relativos a todas as secretarias. Para isso, será utilizado o Índice de Governança Municipal (IGM), que é formado por cerca de 40 indicadores e permite aos gestores municipais fazer um levantamento das suas prioridades, verificar o que deve ser melhorado e o que está funcionando bem. Através do IGM, é possível fazer um comparativo com outros municípios e inclusive comparar indicadores dentro de uma mesma cidade, em diferentes áreas”, explicou Liz Rodrigues, administradora da Secretaria Municipal de Governo (SMG) e integrante do CRA-PR. A assinatura deste termo de cooperação marca uma ampliação na parceria entre o CRA-PR e a Prefeitura de Londri-

na. Além do trabalho com o Índice de Governança Municipal, o CRA-PR já contribui para a elaboração dos planejamentos estratégicos das secretarias de Governo e de Fazenda, da Controladoria-Geral do Município e do Instituto de Pesquisa e Planejamento Urbano de Londrina (Ippul), e agora vai iniciar o da Procuradoria-Geral do Município. Também já foram realizadas palestras e capacitações de gestores municipais com o apoio do Conselho no município. Para o secretário municipal de Governo, João Luiz Esteves, a parceria com órgãos como o CRA-PR vem para somar e possibilitar a melhoria dos serviços públicos. “Pretendemos aprofundar essa parceria e iniciar novos convênios, para qualificar nossos gestores e elaborar planejamentos estratégicos em todas as secretarias e órgãos do Município, buscando melhorar cada vez mais os índices de gestão pública”, frisou. O administrador e presidente do CRA-PR, Sérgio Lobo, lembrou que Londrina se destaca por ser um dos poucos municípios brasileiros que contam com administradores no serviço público, tendo 12 profissionais dessa especialidade em seus quadros e destacou a receptividade da Prefeitura com o Conselho. “Nossa intenção é continuar reforçando os laços com a cidade, com a administração pública e também com a formação profissional. Atuamos diretamente com as instituições de ensino, ajudando inclusive na implantação das novas diretrizes curriculares. Por isso, nossa agenda tem sido bastante produtiva aqui”, finalizou.


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LIFELONG LEARNING APRENDER É PARA A VIDA TODA

O desenvolvimento de novas habilidades é benéfico tanto para a vida pessoal quanto para a vida profissional

Seguindo a flexibilidade e o dinamismo do mundo atual, o conceito de lifelong learning (em tradução livre, “aprendizado ao longo da vida”) está ganhando espaço. Continuar aberto a novos ensinamentos é essencial tanto para a carreira profissional, vez que o trabalhador consegue se atualizar em relação ao mercado e às novas demandas, quanto para a empresa, que cresce junto dos seus funcionários. Ademais, desenvolver novas habilidades é benéfico para a vida pessoal do profissional. Ao contrário do que era proposto décadas atrás, quando sair da faculdade era praticamente sinônimo de estar completamente apto para o exercício da profissão, o lifelong learning traz a ideia de que nunca é tarde (ou cedo) demais para aprender algo novo ou se aprofundar em sua área de atuação. Quando o profissional investe seu tempo e busca incrementar a carreira por meio da educação, seu potencial


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e propriedade no setor de especialização se tornam maiores. Consequentemente, a valorização no mercado de trabalho tende a aumentar. “Profissionais não atentos a esse novo tempo já sofrem com a falta de competitividade e estão sendo substituídos ou por máquinas ou por profissionais mais jovens, muito mais afeitos às tecnologias e preparados para esse novo movimento”, aponta Carlos Borsa, professor de Administração da Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUCPR). Adotar uma visão com base no lifelong learning demanda identificar quais são as competências que podem – e devem – ser fortalecidas. É preciso ser honesto consigo mesmo e buscar melhorar pontos que necessitam ser aprimorados, seja questões técnicas ou de comportamento. Cargos de chefia, por exemplo, necessitam muito mais do que apenas expertise na área. Bons líderes sabem se relacionar bem com outras pessoas e conseguem gerenciar conflitos. Para atingir seus objetivos, até mesmo programas de curta duração, mas com uma matriz curricular de qualidade e corpo docente competente, podem fazer a diferença para a experiência na posição de gerência e para o convívio da equipe. Cursos de qualificação são formas de aprofundar o que se aprendeu na graduação, além de serem uma forma de conhecer outras visões e profissionais da área, promovendo o networking. Quando há esse aprofundamento, as limitações em determinadas funções tendem a ser menores. Assim, é possível ter mais segurança na tomada de decisão e mais produtividade. Nas empresas, valorizar a escolha pela educação continuada é fundamental para que se tenha colaboradores atualizados quanto às novas exigências de mercado e criativos para a resolução de problemas. “É necessário, nesse sentido, informar de forma clara e inequívoca que a atualização profissional é fundamental e necessária para qualquer funcionário interessado em permanecer ou contribuir com o crescimento da empresa”, destaca Borsa.

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“Muitos postos de trabalho irão desaparecer de forma rápida e crescente nos próximos anos, sendo a requalificação profissional, para o desenvolvimento de novas skills, a única porta de saída para a manutenção dos empregos e para o crescimento pessoal, com benefícios para todos”. O estilo de vida lifelong learning é extenso e, por vezes, árduo, mas traz conhecimento profissional e experiências que serão levadas para o resto da vida.


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EMPREENDEDOR OU EMPRESÁRIO? Conceitos costumam ser confundidos como sinônimos, mas a verdade é que nem todo empreendedor precisa ser empresário e nem todo empresário consegue ser empreendedor

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Não é raro que os conceitos de “empreendedor” e “empresário” sejam utilizados como sinônimos, mas é importante ressaltar que há questões intrínsecas que os diferem. Empresário é aquele que gere uma empresa, que conhece as questões administrativas necessárias e garante um bom funcionamento da parte financeira do negócio, além de ter visão acerca da gestão de pessoas. Às vezes, contudo, o empresário pode perder o espírito empreendedor. O empreendedorismo em sua essência é a capacidade de enxergar obstáculos e buscar neles próprios perspectivas de melhorias. O perfil empreendedor é inerente ao fato de se administrar ou não uma organização. Trata-se daquela pessoa que faz a diferença, que tem brio e perspicácia para inovar e resolver problemas. “Um exemplo clássico disso é o que chamamos de ‘intraempreendedor’, caracterizado pelo colaborador de uma organização que possui perfil inovador e, desse modo, propõe ideias que trarão de-

senvolvimento para a organização”, aponta Marcello Romani, professor titular do programa de Doutorado em Administração da Universidade Positivo (UP). Uma postura empreendedora é marcada pela paixão à criatividade e pelo desejo de mudar a vida das pessoas ao seu redor e carrega características como persistência, autoconfiança, liderança, coragem e iniciativa. Por vezes, o empresário se perde no mundo burocrático e se esquece do potencial do empreendedorismo, mantendo-se na zona de conforto, sem promover muitas alterações no andamento de sua empresa. Buscar a inovação, contudo, é fundamental no mundo atual, pautado pelo dinamismo, que está em constante mudança. Dentro da empresa, o perfil empreendedor é de grande auxílio para a resolução de problemas, devendo ser valorizado. A motivação para essas atitudes, no entanto, precisa ser analisada.


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“Sabemos que a inovação é fortemente influenciada pelo ambiente onde as pessoas se encontram. Nesse sentido, se o ‘espírito da inovação’ está em baixa, precisamos olhar com cuidado para a organização”, destaca Romani. “Devemos procurar respostas para a questão: o clima organizacional é favorável para a inovação ou trata-se de um ambiente inibidor?”. Colocando na balança, o empreendedor pode se perder na idealização e deixar de lado a prática e questões corporativas, enquanto o empresário pode ter medo da inovação e do risco a ser tomado. Aos administradores, é preciso trazer a paixão do empreendedor para a profissão de empresário e vice-versa. Ter o

lado realista é preciso, saber analisar tabelas e números, pensar no planejamento e no futuro de curto e longo prazo. Mas ser empresário sem ter a paixão pela inovação pode ser um empecilho para o negócio e para a profissão em si. Identificar o seu próprio perfil, ao reconhecer as qualidades e pontos de melhoria, é importante para o futuro da empresa, permitindo a busca pelo suporte nas áreas mais vulneráveis. Por isso, muitas companhias se estabelecem com sócios que trazem esses dois perfis: um criativo e outro com visão empresarial. Essa união auxilia na consolidação do negócio como inovador e gerencialmente coeso.

Devemos procurar respostas para a questão: o clima organizacional é favorável para a inovação ou tratase de um ambiente inibidor?


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ESG

A SIGLA DO MOMENTO PARA O MUNDO CORPORATIVO Boas práticas ambientais, sociais e de governança devem estar no foco das empresas, independentemente de seu tamanho

Três letras têm dado o tom dos negócios atualmente: ESG. É certo que a preocupação com políticas ambientais (environmental), sociais (social) e de governança corporativa (governance) não é nova, mas ganhou força nos últimos anos, em especial após a pandemia de Covid-19, que acendeu o alerta para a necessidade de se viver em um mundo mais justo e sustentável. Segundo dados da primeira edição do ranking ESG Consumer Index, pesquisa sobre práticas ESG e reputação empresarial realizada pela agência Lew’Lara TBWA em parceria com a DCode, a questão ambiental é a que mais impacta os brasileiros na hora de optar por fazer negócios com uma empresa. O levantamento contou com a participação de dois mil consumidores, aproximadamente, que avaliaram 160 marcas, de diversos setores. O estudo apontou que 42% dos brasileiros acreditam que o meio ambiente é o fator mais importante para escolher uma companhia. Já 32% destacaram as causas sociais e 25% ressaltaram a governança, ligada à ética e à transparência. Mas como promover práticas ESG no ambiente empresarial? É preciso, antes de tudo, compreender a importância dos critérios ambientais, sociais e de governança corporativa não somente como forma de agradar os stakeholders, mas como princípios a serem levados em conta quando planos são estabelecidos.


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“Esses critérios são o jeito de ser da organização, e não é da noite para o dia que ela poderá dizer que utiliza práticas ESG”, destaca Cristiano Venâncio, diretor da Ora Estratégia, Governança e Inovação. “A empresa deve passar por um processo de transformação cultural e do seu modelo de negócio, o que requer grandes mudanças”, acrescenta, reforçando que um plano com objetivos claros é indispensável. Criar um conselho para a implementação dos conceitos ESG é uma boa forma de começar a organizar a estratégia que será adotada pela companhia. Unificar representantes de diversas áreas, minorias e ampliar a diversidade de olhares e pontos de vista é fundamental. Assim, um panorama mais abrangente pode ser formado, criando metas e estipulando objetivos e prazos. É essencial revisar as políticas internas do negócio a fim de analisar se todos os pontos estão de acordo com as novas práticas da empresa. A partir dessa revisão, pode-se compreender as atitudes já tomadas

pela organização e quais precisam ser ampliadas ou adicionadas. Se for o caso, acione um profissional para amparo e ajustes nas estratégias ESG. É preciso não somente adequar políticas internas, mas conscientizar os colaboradores. Desta forma, as pautas de meio ambiente, social e governança são estabelecidas não só na teoria, mas também na prática. A consciência coletiva auxilia a manter o projeto de ESG a longo prazo dentro e fora da empresa. Por fim, dividir os resultados com os consumidores é uma ótima forma de criar transparência – uma das prioridades do ESG – e fazer com que o público-alvo veja sua marca como uma organização consciente. “Compartilhar os resultados pelos principais canais da marca é uma ótima iniciativa, mas também é necessário desenvolver um relatório de sustentabilidade, prática que vem ganhando cada vez mais aderência nas organizações”, comenta Venâncio, complementando que o recorte pode ser anual ou bianual.

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DESCENTRALIZAR PARA CRESCER Setorizar decisões pode ser a chave para impulsionar um negócio

As empresas brasileiras têm uma característica bastante particular: segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), cerca de 90% dos negócios do país têm perfil familiar. Nessas organizações, é bastante comum que o fundador concentre em si todas as decisões e responsabilidades corporativas diárias, deixando de lado o plano de negócios e a análise de oportunidades de mercado. Nesse cenário, uma gestão descentraliza-

da deve ser considerada, a fim de dividir responsabilidades e organizar melhor o negócio, pois adotar tal modelo permite que os líderes tenham uma visão mais ampla da empresa e analisem pontos de melhoria e crescimento. Ainda, esse tipo de gestão permite ações simplificadas, já que cada setor fica responsável por tomar decisões que estejam de acordo com suas necessidades, sem ter que consultar o dono a todo momento, que ganha tempo para focar no planejamento estratégico.


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É preciso ter uma cultura organizacional voltada à inovação de processos e compreensão de novas ideias. É saber errar, saber recomeçar e ter a responsabilidade de entender que as decisões impactam a vida de todos na empresa “É comum ver empresas que possuem cargos médios, como gerentes de setores, mas ainda centralizam as decisões no dono”, aponta Juliana Costa, professora do curso de Administração da Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUCPR). “Por vezes, isso acontece devido ao medo de perder o controle da empresa que o fundador idealizou e viu crescer”. A autonomia de cada área é fundamental porque auxilia na descoberta de novas soluções, já que amplia as perspectivas na medida que os colaboradores podem expor suas opiniões, gerando um diálogo rico para o futuro da companhia. Além disso, um ambiente mais flexível, com potencial para debates e criatividade, gera maior bem-estar para a equipe, que sabe que está sendo ouvida – e não apenas comandada. Para aplicar a gestão descentralizada em um negócio, por mais que cada empresa tenha características próprias, há alguns passos essenciais. Primeiramente, deve-se estabelecer uma boa comunicação com a equipe e as lideranças, tomando cuidado para que os objetivos, metas e informações estejam claras para todos. Ainda, conhecer bem o time é necessário para que se tenha bons resultados, a partir do aprimoramento da convivência e da fluidez dos processos. Ademais, a confiança é extremamente importante, tanto dos chefes em relação aos funcionários quanto o contrário.

Para isso, capacitação, feedbacks constantes e acompanhamento do processo são necessários. “É preciso ter uma cultura organizacional voltada à inovação de processos e compreensão de novas ideias. É saber errar, saber recomeçar e ter a responsabilidade de entender que as decisões impactam a vida de todos na empresa”, destaca Juliana. Outro ponto crucial é a capacitação das lideranças, que devem saber se relacionar bem com os colaboradores e gerir a tomada de decisões. Identificar líderes em potencial e investir em seu aperfeiçoamento é uma ótima estratégia. Criar um ambiente agradável, que promova o sentimento de pertencimento da equipe na empresa, também é necessário. Assim, as tarefas serão realizadas de forma dedicada e as decisões sempre serão tomadas buscando o crescimento contínuo do negócio. “Estabelecer uma gestão descentralizada traz inúmeras vantagens. Quando as tomadas de decisão são centralizadas em uma única figura, o processo se torna muito mais burocrático. A descentralização auxilia no crescimento, pois são mais cabeças pensantes com direitos de decisão e, consequentemente, com responsabilidades”, esclarece a professora da PUCPR. O dono da empresa pode priorizar detalhes e planejar o futuro da companhia, enquanto os colaboradores se sentem motivados para dar cada vez mais o seu melhor.


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MUNDO CORPORATIVO

EM CENA

Confusão, intrigas e humor são a essência de séries que têm o ambiente empresarial como pano de fundo; confira nossas dicas

SUCCESSION Vencedora de três prêmios na edição de 2022 do Globo de Ouro, a série acompanha o turbulento processo de sucessão do conglomerado de mídia fictício Waystar Royco, comandado com mão de ferro pelo fundador da companhia, o octogenário Logan Roy (Brian Cox). Chefe de uma família de quatro filhos e vários agregados, o já idoso Logan, que também enfrenta problemas de saúde, tem a missão de escolher quem será seu sucessor nos negócios quando a sua aposentadoria chegar. O problema é que parece que ele não quer “largar o osso” tão cedo. A trama, ora bastante dramática, ora engraçadíssima, é repleta de manipulação, esquemas e intrigas. No ar desde 2018, a série tem três temporadas até o momento e todas estão disponíveis na plataforma de streaming da HBO, a HBO Max.

Estar inserido no mundo corporativo envolve desafios diários, da gestão da empresa ao trato com colaboradores e colegas, passando pelo relacionamento com todos os stakeholders e até mesmo concorrentes. Com tantos dramas em potencial, não é à toa que diversas séries são ambientadas em empresas. Afinal, a arte imita a vida ou é o contrário? Confira nossas dicas para se inspirar, ver como não se deve agir ou apenas se divertir!

THE OFFICE A renomada versão americana da série britânica homônima traz ao público, em forma de mocumentário (documentário falso), a partir do registro das situações vividas pela equipe e dos depoimentos dos colaboradores, a rotina de uma empresa de papel que não vive seu melhor momento. A série é uma sátira, então espere situações que beiram o absurdo. Com personagens excêntricos, como o gerente regional da empresa, Michael Scott (Steve Carell), que acredita ser o melhor chefe do mundo, e seu assistente, Dwight Schrute (Rainn Wilson), e ambientada em um espaço propício a monotonia, a produção é repleta de tiradas cômicas e de exemplos de como não administrar uma empresa. Todas as nove temporadas estão disponíveis nas plataformas HBO Max, no Star+ e Amazon Prime Video.


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MAD MEN Vencedora de diversos prêmios e considerada por muitos críticos uma das melhores séries de todos os tempos, a dramática “Mad Men” traz autenticidade e um design de produção impecável para mostrar ao público a Nova York dos anos 1960. O protagonista, Don Draper (Jon Hamm), é um renomado publicitário que carrega consigo um grande segredo. Mas apesar de ser um profissional de sucesso durante a maior parte do seriado, vivencia dúvidas quanto à carreira, além de falhar na administração de sua vida pessoal, em especial em relação à esposa e aos filhos. Ambição, disputa por clientes e transformações políticas e sociais são pautas da série americana, que chegou ao fim em 2015, com sete temporadas. É possível assistir a “Mad Men” no Globoplay, HBO Max e Amazon Prime Video.

NOTA

INSTITUIÇÕES DE ENSINO SUPERIOR PODEM SE INSCREVER PARA SEDIAR O XXI EPEAD Entre os dias 23 a 25 de setembro, o Conselho Regional de Administração do Paraná vai promover a 21ª edição do Encontro Paranaense de Estudantes de Administração. O evento é uma forma de contribuir para a integração dos acadêmicos dos cursos de Administração e tecnologias em gestão e para incentivar questionamentos, num espaço de aprimoramento de conhecimentos por meio de palestras, workshops, minicursos e visitas técnicas. As Instituições de Ensino Superior sediadas no Paraná que oferecem cursos de Administração ou tecnologia em gestão podem inscrever projetos para manifestar o interesse em receber o evento. Para isso, as instituições devem dispor de um espaço de recepção para cadastramento dos participantes, um auditório com capacidade para 300 pessoas, cinco salas para a realização de oficinas, um espaço para coffee-break e pessoal para suporte técnico durante o evento. O período de inscrição dos projetos vai de 27 de junho a 26 de julho e o resultado da seleção será divulgado até o dia 09 de agosto. O edital com mais informações está disponível no site do CRA-PR.


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CRA-PR Conselho Regional de Administração do Paraná

CRA-PR.ORG.BR


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