Boletim CRA-PR - Maio 2022

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BOLETIM DO CONSELHO REGIONAL DE ADMINISTRAÇÃO DO PARANÁ

FORTALECENDO A CULTURA ORGANIZACIONAL Página 4

ANO XXI | No 248 | MAI 2022

LIVES PROMOVEM CULTURA DA INTEGRIDADE E SAÚDE FINANCEIRA Página 6 e 7

Reuniões online do CRA-PR contaram com convidados especialistas das áreas e com a participação do público

O PAPEL DOS ADMINISTRADORES EM UM MUNDO ESG Página 8 e 9

CRA-PR Conselho Regional de Administração do Paraná


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PALAVRA DO PRESIDENTE Adm. Sérgio Pereira Lobo Presidente do CRA-PR

EXPEDIENTE

O nosso Conselho tem entre as atribuições, registrar, fiscalizar e disciplinar a profissão de administrador, além de defender os interesses gerais e individuais dessa categoria de profissionais. Essas atividades estão em nosso DNA, mas criamos este canal para adicionar uma atividade fundamental em nosso processo de desenvolvimento do setor, que é de informar. Promover conteúdo e reflexões importantes para os nossos registrado e toda a sociedade. Nas páginas a seguir você vai encontrar matérias sobre temas de grande relevância como a matéria sobre Recuperação Judicial, com a participação do Coordenador da Câmara de Perícias, Marcello C. Padula, que desmitifica esse tema, orienta a melhor condução e reforça sobre o olhar atento do administrador aos sinais do mercado, para

O VALOR DO PAPEL ADICIONAL DO CONSELHO... INFORMAR!

evitar a falência de um negócio. Conectados no modelo híbrido do mercado, continuamos a investir na agenda de eventos online, neste período com destaque para a live, “Raio-X da Administração Pública”, que colocou em pauta a importância do compliance e da cultura de integridade no pós-Lava Jato, e “Os Desafios de Ensinar (e Aprender) Educação Financeira”, que discorreu sobre a importância da gestão do próprio dinheiro. Nesse movimento de disseminação de conteúdo relevante e informação temos dois grandes eventos na agenda, o ERPA SUL, tratado já de forma bem ampla em todos os nossos canais e, já adiantando aqui, será pauta de uma edição extra desse Boletim. E, também, o Hackathon Cidades Sustentáveis, uma maratona de inovação aberta com

o objetivo de incentivar a criação de soluções inovadoras para o desenvolvimento de cidades sustentáveis, tendo como base no Índice de Governança Municipal IGM-CFA e as diretrizes da ODS 11 – Cidades e Comunidades Sustentáveis da ONU. Para finalizar, reproduzo aqui o conteúdo de um artigo sobre ESG, que foi publicado originalmente no Jornal Folha de Londrina, onde discorro sobre o papel dos os administradores naquele que é considerado o primeiro passo para tornar uma empresa, efetivamente, ESG: a definição de indicadores. As organizações têm, hoje, uma oportunidade sem precedentes para transformar o modo como gerenciam, medem e relatam o impacto e o valor de suas prioridades ambientais, sociais e de governança. Boa leitura!

CRA Virtual é um informativo do Conselho Regional de Administração do Paraná Endereço: Rua Coronel Dulcídio, 1565 Cep: 80250-100 Curitiba/PR Fone/Fax: (41) 3311-5555 | Internet: www.cra-pr.org.br | E-mail: cra-pr@cra-pr.org.br | Presidente: Adm. Sérgio Lobo | Editoração: V3COM | Jornalista Responsável: Ricardo Voigt (DRT: 2860/11/50 – PR) | Fotos: Supervisão de Eventos e Arquivo. Periodicidade mensal – Distribuição exclusiva pela Internet.


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FORTALECENDO A CULTURA ORGANIZACIONAL O papel do administrador no desenvolvimento de uma cultura empresarial sólida Parece óbvio para quem ouve de fora, mas o funcionamento das engrenagens internas de uma organização é tão importante quanto o produto final que ela oferece ao mercado. Já quem está dentro desse organismo sabe o quão difícil é criar uma relação saudável e uma cultura organizacional sólida entre todos os colaboradores e stakeholders. Difícil, mas não impossível – e os administradores têm um papel fundamental nessa caminhada. A cultura organizacional nada mais é do que o complexo conjunto de valores, crenças e ações que definem a forma como uma empresa conduz seu negócio. De acordo com o administrador, doutor em Educação e professor da Escola Negócios da Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUCPR) Marciano Cunha, diversos fatores impactam a cultura organizacional de uma empresa, sendo que cada corporação tem a sua, como se fosse uma “impressão digital” que a diferencia das demais. “Cultura é tudo aquilo que o ser humano produz e compartilha. Então, a cultura organizacional de uma empresa é composta por tudo o que é compartilhado e assimilado por pessoas que fazem parte desse grupo”, explica Cunha. “Ela é fortemente influenciada pelo local em que a companhia está inserida, por quem a compõe e pelo tempo de funcionamento. Quanto mais antiga, mais sua cultura organizacional é estabelecida”, afirma. O professor explica que, apesar de muitas pessoas a considerarem algo teórico e sem aplicação prática na rotina das empresas, a cultura organizacional é como “o ar que

respiramos”, já que não pode ser vista, mas é fundamental para o funcionamento de um empreendimento. “E as vantagens são inúmeras. Uma cultura solidificada vai impactar na produtividade e na entrega do trabalho, já que o colaborador se sentirá mais satisfeito e motivado, com uma rotina com mais qualidade, mais engajado nas metas da equipe e mais inserido no pertencimento à corporação”, acrescenta. Por outro lado, quanto mais consolidada no mercado e mais “antiga” uma empresa for, mais difícil será a empreitada de implementar mudanças em culturas que, muitas vezes, não são mais indicadas ou apropriadas para aquele específico momento do negócio. É aí que entra a importância do administrador, que vai atuar como uma espécie de “embaixador” durante o processo de manutenção ou de transformação da cultura organizacional. Sem ele, a equipe pode sofrer com a falta de comunicação ou até mesmo de compreensão dos objetivos e metas a curto e longo prazo. O professor universitário ainda salienta que, para um trabalhador, nada é mais frustrante do que atuar em uma companhia que prega certos valores e preceitos, com uma suposta cultura organizacional moderna e atualizada, mas com uma rotina burocrática e desalinhada com o que se espera de uma companhia contemporânea. “Não se esqueça: muitas vezes, choques culturais podem ser vistos como oportunidades para o crescimento organizacional”, completa.


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RECUPERAÇÃO JUDICIAL

DESMISTIFICADA O que fazer para evitar o colapso financeiro de sua empresa

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Um dos pesadelos de todo administrador é encarar a tão temida recuperação judicial, decretada com o objetivo de renegociar dívidas de empresas junto a seus credores, colaboradores e fornecedores, para que a companhia continue economicamente viável para cumprir sua função social e econômica. Mas como evitar que as contas e a situação financeira cheguem nesse ponto extremo? De acordo com o professor e coordenador do curso de Comércio Exterior da Universidade Positivo (UP), João Alfredo Lopes Nyegray, alguns cuidados são essenciais. “O primeiro deles é, sem dúvida, evitar que as finanças pessoais e as finanças da organização se confundam. Em atividades de consultoria, já vi casos em que o próprio empresário retirava valores do caixa da empresa para quitar suas obrigações pessoais. Esse é um erro terrível que deixa nublada a fronteira entre o próprio patrimônio e o patrimônio da empresa. Outro ponto que posso destacar é o controle: controlar entradas e saídas previstas. Com isso, pode-se ter maior perspectiva sobre a saúde financeira da organização”, explica. De acordo com a legislação brasileira

(Lei número 11.101/2005), qualquer instituição cadastrada no sistema de CNPJ e ativa há pelo menos dois anos pode recorrer à recuperação judicial. Produtores rurais, ainda que exerçam a atividade por meio de pessoa física, também estão aptos a acionar esse instrumento jurídico. “Também é necessário não ter passado por outra recuperação judicial há menos de cinco anos desse novo pedido. Para recuperar a empresa, pode-se conceder novos prazos de pagamento das obrigações vencidas ou a vencer, modificação da sociedade, alteração no controle societário, aumento do capital social, venda parcial de bens ou ainda outros meios elencados no artigo 50 da lei”, acrescenta Nyegray. Mas como perceber que as finanças da empresa estão “indo para o vinagre”? “Talvez os sinais mais evidentes sejam: queda no faturamento, rentabilidade abaixo da média do setor e queda nos lucros. Ainda, alto endividamento, em especial de dívidas grandes parceladas, em parcelas que, na somatória, consistem num valor substancial. Atrasos nos salários, baixa produtividade, reclamações de clientes e rotatividade de funcionários também são sinais importantes de que algo não

está certo. Nem sempre, no entanto, esses sinais apontam para a necessidade de recuperação judicial; muitos deles podem alertar para a má gestão. A partir do momento em que muitos credores buscam o Poder Judiciário e uma série de ações de cobrança começam a ser ajuizadas contra a empresa, aí, sim, pode ser a hora de cogitar a recuperação”, explica o professor da Universidade Positivo. Ainda, o presidente da Associação dos Administradores, Tecnólogos e Técnicos do Paraná, Marcello C. Padula, afirma que perceber os movimentos do mercado também é fundamental para evitar a quebra da empresa. “Um erro muito corriqueiro no mercado são os empresários que fazem uma gestão ‘caseira’ e não percebem o crescimento das dívidas e a recessão do mercado e tomam medidas desesperadas para manter a empresa em funcionamento, resultando num alto endividamento junto às instituições financeiras”, relata. “É comum não fazer um planejamento financeiro e orçamentário ou não reavaliar o plano original constantemente, observando o mercado e o cenário econômico nacional”, acrescenta.


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LIVES PROMOVEM CULTURA DA INTEGRIDADE E SAÚDE FINANCEIRA Reuniões online do CRA-PR contaram com convidados especialistas das áreas e com a participação do público

Buscando promover discussões e reflexões importantes à sociedade, o Conselho Regional de Administração (CRA-PR) realizou, em maio, as lives “Raio-X da Administração Pública”, que colocou em pauta a importância do compliance e da cultura de integridade no pós-Lava Jato, e “Os Desafios de Ensinar (e Aprender) Educação Financeira”, que discorreu sobre a importância da gestão do próprio dinheiro. A reunião “Raio-X da Administração Pública” contou com dois convidados para incentivar o debate: Deltan Dallagnol, ex-procurador da República que ganhou notoriedade por integrar e coordenar a força-tarefa da Operação Lava Jato, e Carlos Fernando dos Santos Lima, advogado, consultor em compliance e ex-procurador regional da República. O encontro começou com Dallagnol citando uma frase do empresário Richard Branson, fundador do Virgin Group. “Toda história de sucesso é um conto de constante adaptação, revisão e mudança”, afirmou o ex-procurador para ilustrar a importância da transformação empresarial de acordo com novos ambientes. Anteriormente à Lava Jato, a necessidade de mudança e de implementação da cultura da integridade já estava sendo concretizada no exterior e se aproximava das companhias brasileiras. Depois da operação, o compliance se tornou prioridade nas empresas do país. Mas antes de pensar em programas de integridade ou compliance, é preciso entender o que causa o comportamento antiético nas pessoas. Foi revelado que existem quatro tipos de pressão que podem influenciar alguém a agir de forma imoral: pressão da situação, do contexto organizacional, do mercado e da sociedade. Os administradores podem atuar principalmente dentro da pressão organizacional, que enquadra a ausência de regras claras, formação de um ambiente de competição, existência de metas irrealistas, entre outros pontos. Tais fatores podem criar situações nas quais a dimensão ética é ignorada.


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Os convidados enfatizaram que é preciso que os colaboradores das empresas entendam o sentido do que fazem. Toda organização tem alguma função social que transcende o lucro – e os funcionários devem focar nela. Um forte senso de propósito provoca resiliência e até mesmo uma melhora nos resultados, ou seja, mais lucro. Carlos Fernando dos Santos Lima afirmou que o grande problema do nosso país é que as classes política e empresarial foram um exemplo negativo por muito tempo, fomentando a ideia de que o sucesso não estaria ligado à ética. Por isso, a alta administração e a média gerência devem trazer exemplos para que as pessoas saibam que vale a pena ser honesto, seja como funcionário de uma empresa ou como cidadão. “As empresas são a grande esperança do Brasil”, finalizou o advogado. A segunda reunião, “Os Desafios de Ensinar (e Aprender) Educação Financeira”, contou com duas convidadas que são referência na área: Bianca Juliano, administradora, sócia da XP, especialista em carreiras financeiras e assessora de investi-

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mentos, gestão e liderança; e Regilaine Arruda, administradora, assessora de investimentos e sócia da SAL Investimentos. As administradoras começaram o debate afirmando que não é necessário ser um especialista, mas todos devem ter um conhecimento básico sobre a própria gestão financeira. Existem quatro tipos de saúde: mental, física, espiritual e financeira. Cuidar do próprio dinheiro, portanto, é uma questão de saúde. A falta desse cuidado pode afetar a identidade, a autoestima e a segurança. Ao responder às perguntas do público, uma dúvida muito comum foi esclarecida: não é preciso ter muito dinheiro para investir. As profissionais afirmaram que é possível começar uma aplicação com apenas R$ 50 mensais. Cada investimento é adaptado de acordo com o cenário, então é certo que, usando esse valor, as opções e a rentabilidade não seriam tão altas, mas com disciplina e constância, os mesmos R$ 50 vão crescer e o investidor poderá acessar outras opções de aplicação. “Investimentos são democráticos, são para todos”, concluiu Regilaine.


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ARTIGO

O PAPEL DOS ADMINISTRADORES EM UM MUNDO ESG

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Em tempos pautados pela valorização das relações humanas e pela urgência em cuidar do meio ambiente por meio de ações como a preservação dos recursos naturais e redução da emissão dos gases de efeito estufa (GEE), não há mais dúvidas sobre a importância da temática ESG para as organizações, sejam elas privadas, públicas, com ou sem fins lucrativos. A sigla inglesa que se refere à boas práticas ambientais (Environmental), sociais (Social) e de governança corporativa (Governance) de uma instituição já é considerada uma prioridade para grande parte das empresas brasileiras, como demonstrou, por exemplo, a pesquisa “ESG e sua Comunicação nas Organizações no Brasil”, realizada pela Associação Brasileira de Comunicação Empresarial (Aberje) com o patrocínio da Arcos Dorados. 95% das agendas corporativas das companhias que participaram do estudo têm o ESG como uma prioridade, sendo que em 22% o tema é considerado prioridade máxima.

Ainda, 93% dos respondentes de outro levantamento interessante – “Visão do Mercado Brasileiro sobre os Aspectos ESG”, da Bravo Research – pontuaram que boas práticas de sustentabilidade são capazes de garantir ganhos à empresa como valorização da companhia, fortalecimento da cultura e proximidade e conexão com os stakeholders. Ao mesmo tempo, 54% ainda não contam com uma área interna dedicada ao ESG, tampouco sabem quantificar os investimentos necessários ao setor (63% dos participantes). Esse também foi o cenário revelado por estudo do divulgado pelo Instituto Brasileiro de Governança Corporativa (IBGC) que constatou que as companhias do país não buscam liderança contra as mudanças climáticas, ligadas a práticas como medição e redução da pegada de carbono, ações de compliance focadas em mudanças do clima e transição para uma economia considerada mais verde, entre outras.


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Nesse contexto, os administradores têm um importante papel a exercer, em especial quanto àquele que é considerado o primeiro passo para tornar uma empresa, efetivamente, ESG: a definição de indicadores. As organizações têm, hoje, uma oportunidade sem precedentes para transformar o modo como gerenciam, medem e relatam o impacto e o valor de suas prioridades ambientais, sociais e de governança. Para fortalecer as companhias que ajudam a gerenciar e torná-las, de fato, inovadoras, os administradores precisam, em conjunto com outras lideranças, colaboradores, fornecedores e até mesmo clientes, definir objetivos que estejam

alinhados ao negócio, que façam sentido para todos os envolvidos. Isso porque a preocupação não é, simplesmente, parecer, mas ser. É necessário ser rigoroso quanto a pontos como impactos ambientais, transparência, meritocracia, igualdade de oportunidades e equidade salarial e de gênero. Deve-se trabalhar rumo a uma mudança substancial de cultura, com o fortalecimento do propósito embasado na confiança e identificação. São questões que sempre estiveram por aí, mas que agora são mais relevantes do que nunca. Os administradores precisam abraçar essa responsabilidade e conduzir as empresas para o futuro.

Sérgio Pereira Lobo Presidente do CRA-PR


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RUMO À PROSPERIDADE Administradores exercem uma função essencial para conduzir as empresas ao sucesso A vida do empreendedor brasileiro não é fácil. Mesmo antes da pandemia de Covid-19, a tarefa era árdua, com diversos empecilhos jurídicos e burocráticos, de mão de obra sem qualificação a entraves tributários, sem contar toda a bagagem do já famoso “Custo Brasil”. O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) estima que cerca de 1,4 milhão de empresas fecharam suas portas apenas em 2021, um aumento de 34,6% em comparação com o ano anterior. Nesse cenário caótico, o papel do administrador inserido em uma empresa se faz ainda mais necessário, desde a abertura do negócio até a consolidação da marca, passando por uma eventual crise financeira. Mas tal tarefa é difícil: segundo o IBGE, cerca de 50% dos empreendimentos brasileiros fecham suas portas ainda nos três primeiros anos de existência. Por isso, um planejamento consciente se faz fundamental para que todo o esforço de uma vida inteira não seja desperdiçado por falta de estudo e organização de ativos. De acordo com o administrador, especialista em Desenvolvimento Gerencial e Marketing e professor da Escola Negócios da Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUCPR) Carlos Augusto Candêo Fontanini, o principal desafio do profissional é buscar o lucro para os novos negócios. “A principal tarefa de um empreendedor é fazer a gestão do negócio de forma com que ele dê lucro a todos. Então, esse administrador deve ter a visão, saber fazer uma planejamento estratégico e ter muito bem traçados os objetivos, a missão, a visão e os valores da companhia, pois tudo isso vai contribuir para desenvolver a instituição. Ter uma estrutura sólida faz toda a diferença”, explica o professor. Fontanini acrescenta que antes mesmo de “dobrar as mangas” e ir ao trabalho, uma análise da viabilidade do negócio é imprescindível. E o momento, ao contrário do que parece, mostra-se favorável: o boletim do Mapa de Empresas, ferramenta do Governo

Federal, estima que 351 mil empresas foram abertas somente em março de 2022. No ano passado, foram 4 milhões de novos empreendimentos, um recorde para o país, mesmo em tempos de crise econômica e sanitária. “É necessário realizar um estudo de mercado e pesquisas de perfil do consumidor, para entender se há demanda para o serviço. Na parte financeira, será necessário apresentar dados como fluxo de caixa e demais indicadores financeiros, que mostram se o negócio será viável a longo prazo ou se vale a pena investir em outra área”, relata. Mas e para aquelas empresas que já estão no mercado mas possuem problemas financeiros ou operacionais? “É preciso analisar os diversos fatores que ‘medem’ a saúde financeira de uma empresa. É crucial perceber se houve queda no tíquete médio, se há reclamações de clientes, se o mercado mudou e se novos concorrentes fazem parte do jogo. Mas também é recomendável evitar chegar a esses problemas: não busque um administrador apenas na crise; tenha alguém especializado também nos bons momentos, para que eles nunca acabem”, finaliza.


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FORMAÇÃO MAIS

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Como a graduação em Administração se adaptou ao novo momento do mercado

A transformação digital mudou a forma de as pessoas se relacionarem, da vida pessoal ao mercado de trabalho. E no campo acadêmico não é diferente. Nos últimos anos, cursos de graduação precisaram se readequar e levar para seus currículos a realidade de um mundo cada vez mais tecnológico, digital inovador. Nesse contexto, os cursos de Administração no Brasil também se “reinventaram” para oferecer uma qualificação atualizada aos futuros gestores no país. “Ensinar competências digitais, lógica de startups, sustentabilidade e DEI [Diversidade, Equidade, Inclusão] foram as grandes mudanças ocorridas nos cursos de Administração nos últimos tempos. Essa tem sido uma agenda atual que teve início em 2010 e deve se estender até 2030. As empresas públicas e privadas se adaptaram aos novos modelos de negócios digitais por meio do uso massivo de tecnologias como smartphones, Inteligência Artificial, social media. Esse tem sido o desafio atual”, comenta o doutor em Administração pela EAESP/FGV e coordenador do curso de Administração da Universidade Positivo (UP), Luiz Pinheiro. O especialista explica que a popularização das startups no mercado e o impulsionamento de conceitos como “sustentabilidade” e “ESG” (Ambiental, Social e Governança) mudaram a forma como a academia e as empresas têm olhado para os universitários. “A sustentabilidade é necessária e está no DNA do administrador, pois precisamos atingir os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável [os ODS da Organização das Nações Unidas] para que tenhamos um planeta melhor e possamos garantir o futuro de todos. A boas práticas de DEI são uma demanda de todo o mundo, e as organizações estão se adequan-

do a isso. Esse movimento gera reflexos nos cursos de Administração”, afirma Pinheiro. | GRADE CURRICULAR Mas como desenvolver uma grade curricular por meio da qual os acadêmicos possam estar conectados de forma assertiva com o mercado? “Por meio de benchmarking. Estudamos as melhores escolas de Administração do mundo, como Harvard Business School, MIT Sloan e Stanford. Na sequência, analisamos escolas brasileiras de referência, como FGV, Insper e FEA/USP. Trazer boas práticas alinhadas com o mercado de trabalho nos proporcionou conectar o curso com startups e indústrias locais, por meio de egressos que estão atuando em empresas como MadeiraMadeira, Ebanx, Volvo, entre outras”, acrescenta o coordenador da UP. Segundo Pinheiro, as principais competências de um administrador no século 21 devem ser: analisar finanças e métodos quantitativos, liderar pessoas e organizações e ser inovador, empreendedor e sustentável. | PERFIL DO FUTURO ADMINISTRADOR Para quem deseja iniciar uma carreira no amplo e rico mercado de administração, o professor ressalta que estar “aberto a novidades” é, atualmente, um grande diferencial. “Sugiro que o interessado seja curioso, goste de pessoas, de ler e fazer cálculos. O perfil do administrador tem sido de pessoas que vão liderar outras pessoas. Elas precisam, no entanto, estar abertas a novidades, compreender cálculos analíticos e liderar com um espírito inovador”, conclui Pinheiro.


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