REVISTA - COOPERBOM em campo Ed. 22

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INFORMATIVO MENSAL EDIÇÃO 22 | SETEMBRO 2022

FIDELIDADE!

O“agroépop, étech”eatrai ajuventude qualificada.

Reflexõessobre oleite:Peru.

Técnica permite segunda safraeamplia oportunidade parao produtor.

Novasfórmulas decalageme gessagem.

Foto:DavidFragoso

COOPERATIVA AGROPECUÁRIA DE BOM DESPACHO

Av. das Palmeiras, nº 180

Fone: (37) 3521-3131

Contato: secretaria@cooperbom.com.br

DIRETORIA EXECUTIVA: (Mandato 2020 até A.G.O. 2024)

Presidente - Fúlvio de Queiroz Cardoso

Neto

Diretor Administrativo - Carlos Humberto de Araújo

Diretor Comercial - Enes Custódio Fialho

CONSELHEIROS ADMINISTRATIVOS:

EFETIVOS: Elda Maria da Silva Alves

Santos, Everaldo Eustáquio Oliveira Melo, Itamar Silva, Marco Aurélio Rodrigues

Costa, Terezinha Aparecida Rangel Silva, Wilian Diniz da Silva Rezende.

SUPLENTES: Amintas Pinto da Silva, José Mauro da Silva, Maurício da Costa Cardoso.

CONSELHEIROS FISCAIS 2022/2023:

EFETIVOS: Geraldo Elias de Oliveira, Joaquim Geraldo Campos, Ricardo Luís

Campos

SUPLENTES: Custódio de Oliveira Neto, Édson Longuinho, Haroldo de Oliveira Costa.

CONSELHO EDITORIAL:

Fúlvio de Queiroz Cardoso Neto

Carlos Humberto de Araújo

Enes Custódio Fialho

Elda Maria da Silva Alves Santos

Renato Fragoso

PALAVRADOSDIRETORES.

CooperadaseCooperados, De acordo com informações da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA): “Nos últimos 40 anos, a produção agropecuária brasileira se desenvolveu de tal forma que o Brasil será o grande fornecedor de alimentos do futuro. Temos, hoje, uma agricultura adaptada às regiões tropicais e uma legião de produtores rurais conscientes de suas responsabilidades com o meio ambiente aliadas à produção de alimentos. Essas pessoas compõem o setor produtivo mais moderno do mundo, que vem transformando a economia brasileira.

Produzindo excedentes cada vez maiores, o agro expandiusuasvendasparaomundo,conquistounovosmercados, gerando superávits cambiais que libertam a economia brasileira. O efeito transformador da revolução agrícola dos últimos 40 anos é certamente o fato mais importante da história econômica recente do Brasil e continua abrindo perspectivas para o desenvolvimento futuro do país.

Oagronegóciotemsidoreconhecidocomoumvetorcrucial do crescimento econômico brasileiro. Em 2020, a soma debenseserviçosgeradosnoagronegóciochegouaR$1,98 trilhão ou 27% do PIB brasileiro.”

PRODUÇÃO:

Publicação: Cidade’s.com Editora de Jornais e Revistas

CNPJ - 16.634.399/0001-00

Editor: Renato Fragoso - 17.434/MG

Fone: (37) 99856-0290

Projeto Gráfico: Central de Ideias - CCPR

Diretor de Arte: David Fragoso

Revisão: Thalita Martins

TIRAGEM: 2.000 EXEMPLARES

Impressão: RONA EDITORA

Os artigos assinados e publicidades não refletem necessariamente a opinião desta revista e são de inteira responsabilidade de seus autores.

Na edição de setembro da Revista COOPERBOM em campo homenageamos a fidelidade de um produtor rural ao cooperativismo, especialmente à COOPERBOM. Trata-se dosenhorDimasBatistadeAraújo.Ele,nodia16dedezembro deste ano, completa 61 anos como associado da cooperativa.Contamosahistóriadecomoele,commuitalutaeresiliência, venceu as duras batalhas da vida.

Em outra matéria, o jornalista e consultor José Luiz Almeida Costa, especial para a Revista COOPERBOM em campo, escreve sobre o agronegócio e como ele está absorvendo rapidamente novas tecnologias e se tornando um atraente mercado de trabalho para jovens qualificados.

AprofessoraMônicaCerqueirafalasobreCCSaltaeoque esse índice pode indicar em relação ao manejo da propriedade. O médico veterinário Tales Lelis Resende, em viagem pelo continente americano, visitou propriedades leiteiras e registrou suas impressões. Desta vez, ele nos conta suas observações sobre o mercado do leite no Peru. O engenheiro agrônomo, professor e doutor em Fitotecnia Vinícius Teixeira Lemos aborda de forma muito oportuna o tema “novas fórmulas de calagem e gessagem para construção do perfil do solo:abaseparaaltasprodutividades”. Boaleitura!

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DIMASBATISTADE ARAÚJO,COOPERADO FIEL!

Como se conta a bela história de vida de um grande homem, senão sendo fiel aos fatos, sem floreios e sem meneios?

A Cooperativa Agropecuária de Bom

Despacho (COOPERBOM), através da Revista COOPERBOM em campo, conta essa história de trabalho, amor, resiliência e fidelidade, nesta homenagem ao senhor

Dimas Batista de Araújo. Natural da localidade do Engenho do Ribeiro, o senhor

Dimas Araújo nasceu no dia 28 de agosto de1936,massomentefoiregistradonodia 2 de setembro do mesmo ano. Independentementedadatadeseuregistro,ofato é que o provecto associado da cooperativacompletou86anos,gozadeboasaúde, tem memória prodigiosa e durante todos esses anos foi sempre fiel à COOPERBOM, à qual se associou em 16 de dezembro de

1961, cinco anos após a fundação da organização, portanto vai completar 61 anos de estreito, profícuo e fiel relacionamento comaCOOPERBOM.“Nessesquase61anos como associado da cooperativa, deixei de fornecer leite por apenas dois meses. Utilizo a COOPERBOM para tudo”, assegurou.

“Com idade de 15 anos, meu pai me entregou um carro de boi. Foi assim que comecei minha vida, trabalhando como carreiro. Carreávamos lenha da Fazenda doCortadoparaaextintaestradadeferro Paracatu, no povoado da Garça. Fui carreiro por muitos anos”, acrescentou.

Dimas Araújo casou-se com dona Maria Mercedes (foto) quando tinha 22 anos – e ela, 19 –, no dia 13 de maio de 1959. São 63 anos de um relacionamento exemplar, no qualsempreimperaamor,respeito,confian-

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Foto:DavidFragoso

ça, amizade e cumplicidade. Sobre esses pilares criaram os sete filhos (Pedro Roberto, Arlete,Antônia,Ronilson,Efigênia–inmemoriam–,HermelindaeCarla).Aindasobraram bons exemplos e boa educação para nove netos e quatro bisnetos. Dona Mercedes sempre esteve ao lado do marido e participou de decisões importantes que deram rumoàvidadocasaleaofuturodosfilhos.

Dois anos após terem se casado, senhor Dimas e dona Mercedes se mudaram da Fazenda do Cortado, às margens do rio Picão, para a Fazenda do Estreito, onde permanecem até hoje. Foi ali que o casal constituiu família e viveu, e ainda vive, dias de intensa felicidade. “Quando nos mudamos, nossa mudança foi toda carregada em carro de boi”, contou.

Senhor Dimas e dona Mercedes sempre enfrentaram, corajosamente, as agruras da vida sem esmorecer. Pouco tempo depois de se mudarem do Cortado para o Estreito com o filho Pedro, primogênito, entãocom2anos,umraioatingiuafazenda e matou um cavalo e cinco vacas. Foi episódio marcante, pois tiveram que recomeçar a vida do praticamente do zero.

O proprietário da Fazenda do Estreito iniciou suas atividades de produtor de leite, fornecendo creme para o Laticínios Bom Despacho. “Quando me associei à COOPERBOM em 1961, a cooperativa recebia somente o creme do leite. Foi então

que tomei emprestado uma desnatadeira com o Tonico Araújo para trabalhar. Com muita dificuldade, ajuntava o creme e levava na garupa do cavalo 10 L por semana. Com o passar do tempo, a COOPERBOM comprou o espaço onde hoje é o supermercado para começar a captar o leite. No início, entregava 30 L de leite por dia. Criei minha família com a renda

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Foto: David Fragoso Foto:DavidFragoso

desse leite e com o que plantava em minhas terras. A duras penas, consegui um empréstimo junto ao Banco do Brasil para comprar dez vacas de meu irmão Agostinho. Assim, consegui aumentar um pouco aprodução.Transporteioleitedecharrete por muitos anos até a captação passar para o bairro Ana Rosa. Foi assim que consegui comprar o meu primeiro refrigerador de água para colocar o leite, que nessa época já havia aumentado. A partir daí, o caminhão da cooperativa passou a recolher o leite. Nessa época, minha esposa, Maria Mercedes, fazia manteiga e vendia para o antigo Bar do Xavier, aumentando um pouco mais nossa renda. Algunsanosdepois,adquirimosumacasa na cidade para os filhos poderem estudar e trabalhar”, narrou emocionado.

O filho Pedro Roberto (foto), também associado da cooperativa, assumiu há 15 anos a administração da fazenda, associando-se ao senhor Dimas. Atualmente, a Fazenda do Estreito possui área irrigada, implantadaatravésdoprojetoBaldeCheio, e participa do Coopergenética, através

projeto Mais Leite Saudável, que é patrocinado pela CRV e pela COOPERBOM. Hoje, a fazenda produz em torno de 650 L de leite diários.

Por detrás de seu semblante com ares de sisudez, há um homem gentil, amável, com um enorme e emotivo coração. Bastou contar a ele sobre esta matéria para o homenagear que seus olhos marejaram e uma lágrima furtiva escapou-lhe, lhe escorrendo pela face vincada pelo sol e pelos anos trabalhados na lida dura de produtor rural, enquanto, num gesto moderado, o dorso da mão forte e áspera pelotrabalhoaconteve.Aindaemocionado, falou da importância da COOPERBOM para os produtores rurais e destacou o papel fundamental dos diretores na condução da cooperativa pelos bons caminhos do desenvolvimento.

Dimas Batista de Araújo é um desses homens incansáveis e resilientes, que, apesar de toda rudeza da vida no campo, não conseguiu endurecer seu coração.

Foto: David Fragoso Foto: David Fragoso

O“AGROÉPOP, ÉTECH”EATRAI AJUVENTUDE QUALIFICADA.

Asatividadesruraisabsorvemintensamente novastecnologiasesetornamummercadode trabalhoparajovensempreendedoreseque gostamdedesafiosprofissionais. Aparticipaçãodajuventudenoagronegócioé umaquestãoestratégicanacional.

No Brasil, 18,5 milhões de pessoas trabalham no campo, conforme pesquisa da Esalq-USP. Esse número cresce em média 5% ao ano, acompanhando o ritmo de crescimento do setor rural.

Estrategicamente, é necessário prestar atenção na idade média dos produtores rurais.

Comparando países competidores no mercado internacional do agronegócio, o Censo Agropecuário de 2017 revelou que a idade média do produtor rural brasileiro é 46 anos, enquanto nos EUA é de 58.

No entanto, segundo o

Censo, os jovens na idade média de 30 anos representam apenas 5% das pessoas que trabalham no campo.

Tomando Bom Despacho como exemplo, o último Censo Agropecuário realizado em 2017 colheu as seguintes informações sobre as faixas etárias dos produtores rurais:

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JOSÉLUIZALMEIDA COSTA Especial para a Revista COOPERBOM em campo

Passadoscincoanosdocenso,oretrato éoutro.Oagronegócioestácadavezmais tecnológico, o que atrai o jovem qualificado. Aliar a sabedoria do produtor rural tradicional com o conhecimento científico-tecnológico não é só um projeto atrativo, mas uma necessidade desafiadora para a juventude qualificada no mercado profissional. O uso de tecnologias de ponta é uma das maneiras de rejuvenescer a idade média do produtor rural.

Os jovens nativos digitais, a geração que desde a infância já lida com equipamentos inteligentes, têm mais propensão para trabalhos com sensoriamento remoto, telemetria, automação, robótica e tecnologias de mapeamento por laser. O futuro do agronegócio passa por essas tecnologias.

Outra opção é o Programa de Residência Profissional Agrícola (AgroResidência), do governo federal, que tem por objetivo fornecerbolsasajovenscomidadesentre 15 e 29 anos participantes e egressos de cursos dedicados às ciências agrárias.

O“AGROÉTECH”:

O conhecimento não é estático – é

necessário observar o que acontece em outros países.

O drone atrai muitos jovens para o agronegócio. Esse tipo de aeronave facilita diversas atividades no campo, tais comopulverizações,semeaduras,vigilância, contagem e localização de animais. Também reduz os custos dos serviços de mapeamento territorial e de captação de informações agronômicas de valor agregado na prática da agropecuária de precisão.

Porém, se comparada à da China, a utilização de drones no agronegócio no Brasil é tímida, com apenas 2.000 aeronaves profissionais cadastradas – os chineses operam mais de 100 mil só para serviços de pulverizações.

Já Israel, o país que notoriamente sabe transformar suas dificuldades em oportunidades,utilizaaagronomiaorientadapor dados,imagensdigitais,sensoreseplataformas de inteligência artificial, tornando aatividaderuralcadavezmaispreditivae menos sujeita a fatores inesperados.

Na inovação tecnológica, existem no Brasil pouco mais de 400 startups ligadas ao agronegócio. Embora seja um número ainda baixo se comparado ao tamanho

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do setor rural, demonstra que existem inúmeras oportunidades aos jovens que gostam de desafios empreendedores.

Investidores financeiros gostam de apostar nas startups. Em 2021, foram investidos R$ 109 milhões em startups do agronegócio, um crescimento de 60% em apenas um ano.

REVERSÃODOÊXODORURAL,AGORA QUALIFICADO:

Boa parte dos descendentes das famíliasquemigraramdocampoparacentros urbanos nas décadas entre 60 e 70 adquiriram qualificação profissional. Como o êxodo rural foi motivado pela busca de melhores oportunidades, ele pode ser revertido. Com as cidades populacionalmente inchadas e o custo de vida sendo maiscaroquenocampo,oretornoécada vez mais propício.

Graças à internet, ao home office, à educação a distância e à telessaúde, o diaadianocamposeequiparoutecnologicamenteaodoscentrosurbanos,sóque com melhor qualidade de vida.

Jovens urbanos que herdaram a vocação rural de seus avós e pais podem encontrar na cadeia do agronegócio o propósito de suas realizações profissionais,

podendo ser na administração de cooperativas, no design da moda sertaneja, na produção de eventos, na prestação de serviços logísticos, no comércio e na assistência técnica de máquinas e equipamentos, na especialização em comércio exterior e até na obtenção de créditos de carbono.

Algumas iniciativas inovadoras pretendemtrazerocampoparaacidade.Emum shoppingdeBeloHorizonte,foiimplantada uma horta urbana, o que só é possível se o produtor rural urbano tiver experiência de campo.

Outra experiência aposta na agricultura vertical, no plantio em prateleiras sobrepostas, o que exige conhecimentos agronômicos avançados, de engenharia de iluminação e de climatização para o controle da luz adequada e da qualidade do ar interior.

Ambos os segmentos são oportunidades para jovens qualificados introduzirem novos nichos de negócios ao setor rural.

A participação da juventude qualificada no agronegócio é uma questão estratégica nacional. Mas isso tem que ser pensado e praticado desde já.

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PorJoséLuizAlmeidaCosta EspecialparaaRevistaCOOPERBOMemcampo

CCSALTA:

A contagem de células somáticas (CCS) é um parâmetro muito importante de qualidade de leite. Quando alta, ela reduz a produção, piora a qualidade do leite e acarreta sérios prejuízos para a fazenda e para a indústria.

Avaliar os resultados mensais da CCS do leite do tanque é muito importante, pois os números podem nos dizer muito. Primeiramente, é importante lembrar que a legislação brasileira estabelece uma CCS máxima de 500.000 cels/mL. Sabemos que quanto maior a CCS do leite do tanque, há mais quartos mamários infectados e mais perdas na produção deleite. Mas, quando esta contagem está alta, o que pode estar acontecendo? O que podemos fazer para diagnosticar as causas do problema? Quais vacas estão contribuindo para a alta CCS do leite do tanque?

Geralmente a alta CCS está relacionada a falhas de manejo como ordenha não higiênica, presença de vacas infectadas por bactérias altamente contagiosas como, por exemplo, Streptococcus agalactiae e/ou Staphylococcus aureus, presença de animais com mastite crônica no rebanho e de muitas vacas mais velhas que podem produzir leite com CCS mais elevada.

Para identificar as causas dos problemas, precisamos fazer uma avaliação criteriosa do manejo, rever o manejo de ordenha, identificar os animais segundo a CCS individual do leite, fazer cultura microbiológicadosanimais.

As ações gerais devem se pautar em:

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Oquepodeestaracontecendoemsuafazenda.

Para saber quais são os animais que estão impactando na CCS do leite do tanque, precisamos fazer regularmente a CCS do leite individual das vacas. Para tal, devemos coletar todo mês, no dia da pesagemdoleite,umaamostrarepresentativadetodaordenha,utilizandomedidor doequipamentodeordenha.Alémdeenviar as amostras de leite das vacas para

análise de CCS, é importante informar também a produção de leite medida no diadapesagemecoleta. Quanto maiora produção de leite e maior a CCS, mais o leite desta vaca impacta na CCS do leite dotanque.

A possível causa, falha, efeito, consequência e ação recomendada estão descritas no quadro abaixo.

É importante saber interpretar o resultado da CCS do leite. O que queremos na fazenda é o maior número de vacas com CCS≤200.000cels/mL, ou seja, maior número de vacas sadias. Para isto, precisamos garantir práticas adequadas de manejo, bem-estar animal e um bom programa de monitoramento e controle da mastite. A CCSdo leitedotanquefazadiferençanaprodução,naqualidade enobolso!

Fiqueatentoprodutor!Procureorientaçãotécnicapara reduzir a CCS do leite de sua fazenda. Só controla quem monitora e os resultados com certeza virão!

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REFLEXÕESSOBRE OLEITE:PERU.

TALESLELIS RESENDE

Hoje continuarei nossa crônica com reflexões sobre o mercado leiteiro feitas por mim durante algumas viagens que realizei. No último texto, falamos sobre as grandes e produtivas fazendas dos Estados Unidos – caso não tenha lido, sugiro buscar a última edição da revista para que entenda melhor.

Hojequerorefletirsobreomercadoperuano, que talvez seja um modelo diametralmente oposto ao norte-americano. No ano de 1969, o governo peruano à época promulgou uma lei dando início ao processodereformaagrária.Apartirdaquele ano, inúmeros imóveis rurais foram expropriados, e o governo peruano assumiu o pagamentodesuasterrasem20,25ou30 anos. Todas as terras expropriadas foram divididas em “fundos”, ou seja, pequenas propriedades que foram distribuídas a famílias ou cooperativas agrícolas formadasporpopulaçõesrurais.Comareforma agrária estabelecida, o governo conseguiu alocar diversas famílias em propriedades rurais e acabou com o mercado de compra e venda de terra, já que todas as propriedades naquele momento pertenciam ao governo. Mas qual o impacto dessa ação hoje?

Nãoquerojulgarseareformarealizada foi boa ou ruim, mas durante minha visita consegui perceber três aspectos diretamente ligados a ela.

TAMANHODASPROPRIEDADES:

Hoje, no Peru, todas as propriedades ruraissãodepequenoporte,tendoemalgumas regiões terrenos de apenas cinco hectares. O impacto disso na economia é a incapacidade do produtor de se sustentar apenas com sua propriedade. Com a limitação de terra, os produtores são incapazes de alcançar redução no custo de produção baseado na economia de escala;emoutraspalavras,porplantarem pouco, compram poucos insumos, e com isso possuem pequeno poder de barganha, pagando mais caro nos insumos, elevando os custos de produção e diminuindo a competitividade de seu produto. Em resumo, o produtor produz pouco e produz de forma onerosa.

AUMENTODOPREÇODATERRA:

Devido à limitação do tamanho das terras e da baixa capacidade de se sustentarem, alguns produtores deixaram a atividade. Os produtores mais capitalizados, que normalmente não dependem da atividade para sobreviver, iniciaram um processo de arrendamento dos vizinhos buscando aumentar a escala de produção. Com esse novo movimento de arrendamento, empresas começaram a ingressar no ramo da pecuária, elevando o preço das terras, sendo mais interessante ao pequeno produtor arrendar seu terrenoaalgumaempresaemvezdeficar se desgastando na atividade de baixa rentabilidade.

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Médico Veterinário

MONOPÓLIODOMERCADO:

Para finalizar o impacto gerado na reforma agrária peruana, as pequenas associações e cooperativas criadas na década de 70 para ajudar o pecuarista a ter sustentabilidade não foram eficientes, e muitas faliram. O governo novamente assumiu o controle e, durante o mandato deAlbertoFujimori,essascooperativasforam vendidas ao Grupo Gloria, que hoje é responsávelpormaisde80%dacaptação deleitenopaís.Umlaticínioqueéresponsável por 80% de captação detém quase que o monopólio da atividade, podendo fazer a política de preços como bem entender, já que não há concorrência pela compra do leite.

Fazendo um paralelo com o Brasil, podemos observar algumas grandes vantagens competitivas de nosso país. Como a terra aqui é propriedade privada em sua maioria, observamos que o movimento de compra e venda é regulado pelo próprio mercado. Terras mais produtivas e próximas a centros urbanos consumidores terãovaloresmaiselevados,enquantoterras menos produtivas e distante apresentarão menor investimento para aquisição. O que regula o preço da terra será a disponibilidade de venda e o interesse de compra (lei da oferta e da demanda). Em nossa Bom Despacho, por exemplo, observamos um aumento no preço da terra com o aumento do interesse nas lavouras de soja e milho, competindo com o uso pela pecuá-

ria.Dessaforma,produtoresineficientesou seminteressenaatividadepuderamceder suas terras, através da venda ou do arrendamento, para atividade agrícola pressionandoovalordaterra.E,emcontrapartida, as atividades pecuárias remanescentes tiveram que buscar maior rentabilidade com a tecnificação e a escala, partindo para confinamento no caso do corte ou estabulaçãonocasodoleite.

Ainda possuímos em nossa cidade propriedadesdepequenoporte(sendoeu mesmo um exemplo), porém nossos produtores buscam a máxima eficiência em seus terrenos e como o mercado de terras está aberto, não sendo regulado pelo governo, temos grande liberdade de buscar a ampliação de nossas atividades.

Por fim, temos o privilégio de estarmos cercados de opções para a venda do leite que produzimos. Diferentemente do caso peruano, nosso produto pode ser vendido adiversoslaticínios,gerandoconcorrência e auxiliando o mercado a regular o preço. Imagine você produzindo leite com apenasumaopçãodelaticínioparaentregar? Se hoje está difícil para nós, imagine viver em um mercado onde temos apenas um comprador decidindo o preço que vai pagar no seu produto.

Fazendo o contraponto entre os mercados leiteiros peruano e brasileiro, penso que somos privilegiados por termos liberdade. Liberdade de investir ou desinvestir, de comprar e de vender. A capacidade de gerar rentabilidade em nossas atividades depende grandemente de nós, produtores. Buscar eficiência, aumentar a escala, buscar atividades alternativas e complementares. Tudo isso se resume em oportunidade.

Busquemos,atravésdenossacooperativa,ampliarnossacompetitividade,tendo maior poder de compra para reduzirmos os custos e demandar suporte técnico para sermos mais eficientes da porteira para dentro.

Obrigado por ter chegado até aqui. Caso tenha alguma pergunta ou comentário, ficaria feliz em escutar. Um abraço e até a próxima edição.

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Foto:
TalesLelisResende MédicoVeterinário.
TalesLelis/ arquivopessoal

ENCONTROESTADUALDEJOVENS COOPERATIVISTAS2022.

O Sistema Ocemg reuniu mais de 270 participantes para o Encontro Estadual de Jovens Cooperativistas, realizado entre 4 e 6 de agosto, no Hotel Tauá Caeté. Diversos jovens cooperados, colaboradores ou filhos de cooperados, com idade entre 18 e 35 anos, de várias cidades mineiras, participaram do encontro. O objetivo do evento foi encorajar e estimular a participação nos debates relativos às cooperativas nas quais estejam envolvidos, visando reconhecer a importância do seu papel no contexto da promoção do desenvolvimento e da sustentabilidadedessesempreendimentos.Foramtrêsdiasde muito conhecimento, interação e renovação.

JUVENTUDE,COOPERATIVISMOE EMPREENDEDORISMO:

Os participantes tiveram oportunidade de dialogareassistirapalestrasqueabordaramtemascomo empreendedorismo, inovação e transformação digital, além de proporcionar momentos para networkingetrocadeexperiências.Satisfeitocomaretomadadoeventoapósumhiatoparareformulação, o presidente do Sistema Ocemg, Ronaldo Scucato, falou sobre a necessidade de o público jovem se envolvernarotinadacooperativaouestimularqueseus pais cooperados estejam próximos da organização. Para o futuro, desejou a todos: “Que tenham saúde e uma vida longa, repleta de realizações, fazendo o bem e fazendo bem-feito; que tenham sabedoria, se cuidem, se preparem e ajam com decência; e, por fim,quetenhammuitoboasorte!”.

Fonte:OCEMG

“Foi muito importante ter participado do Encontro. O evento abordou temas como inovação, tecnologia, saúde mental e, principalmente, sobre espírito cooperativista. Conhecemos jovens de todos os cantos de Minas Gerais e cooperativas das mais diversas áreas. Agradeço à Cooperbom pela oportunidade de aprender tanto e representar a nossacooperativaagropecuária.”(MarianaSilveira Costa-Mavero)

“O evento nos proporcionou ampliação de co-

nhecimentos sobre cooperativismo, onde é muito importante reconhecer o nosso papel no meio o qual estamos inseridos. Os três dias de encontro tivemos palestras e dinâmicas voltadas ao tema principal, que nos incentivou a tentar, não ter medo de errar, acompanhar as inovações, tecnologias e tendências desse mercado, para inseri-las e propagá-las em nosso dia a dia na empresa. Foi uma grande oportunidade!” (Pedro Augusto FerreiraMarketingCOOPEROM)

“Foram três dias muito proveitosos, interativos e de muito conhecimento, com o intuito de incentivar os jovens nas cooperativas nas quais estejam inseridos, objetivando a grande importância de seu papel no avanço dessas empresas.” (Lorene de Souza Rodrigues-DACCOOPERBOM)

“O encontro estadual de jovens cooperativistas foi uma oportunidade ímpar, onde debatemos assuntos relacionados ao nosso cotidiano, tais como inovações tecnológicas, desenvolvimento sustentável e função social que as cooperativas exercem em nossa sociedade, cada uma com o seu negócio e sua particularidade, porém todas com o mesmo propósito, de levar desenvolvimento e melhorias sociaisaomeioemqueestáinserida.” (PedroCouto -FábricadeRaçõesCOOPERBOM)

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PedroAugusto(MarketingCOOPERBOM),AdalgisaCardoso, LorenedeSousa(DACCOOPERBOM),MarianaSilveira (Mavero),PedroCouto(FábricadeRaçõesCOOPERBOM)

ENERGIASOLARPARA OAGRONEGÓCIOESEU IMPACTONAECONOMIA

DAPROPRIEDADE.

A Evoluir Engenharia é uma empresa especializada em gerar energia limpa e renovável, focada em energia solar. Instalada em Bom Despacho, a empresa atende toda a região Centro-Oeste de Minas e região metropolitana de Belo Horizonte.

Oartigoabaixofoiumcasedesucesso defendido por Eric Andrade, sócio-proprietário da Evoluir Engenharia, em sua tese de pós-graduação na USP-Esalq sobre a instalação do sistema de energia solar fotovoltaica na pecuária leiteira.

O estudo foi realizado a partir dos dados coletados na fazenda do cliente Paulo Cesar Resende, proprietário da Fazenda Estreito, situada na zona rural do município de Bom Despacho, em Minas Gerais. A propriedade possui uma área de 100 hectares, dos quais 67,58 hectares são destinados a atividades de pecuária leiteira e agricultura.

O projeto consistiu na análise de viabilidade financeira a partir de indicadores econômicos. No ano de 2018, a fazenda realizou um investimento de R$ 750 mil na construção de um galpão de confinamento de gado utilizando o sistema de compost barn a fim de ampliar sua produção. Esse sistema possui um galpão de 3.500 m² com capacidade nominal para 200 animais em lactação no confinamento. Atualmente, o sistema opera com 85% da sua capacidade nominal,

possuindo 170 animais em confinamento. Desta forma, foi proposto um sistema de geração fotovoltaica para suprir a demanda energética dessa propriedade.

Para dimensionar o sistema de energia solar necessário para atender a demanda energética, foram consultadas a última fatura de energia elétrica da propriedade e a média anual de consumo, além de ter sido feita a análise da possibilidade de aumento do consumo energético futuro em razão de aquisições de novos equipamentos elétricos e sua utilização.

O sistema projetado possui as seguintes características:

•CapacidadeNominaldoSistema: 88,3kWp(CC);

•MódulosFotovoltaicos:110módulos TRINA410We120módulosCANADIAN 360W;

•InversoresFotovoltaicos:4

InversoresFroniusPrimo8.2KWe5

InversoresRefusolREFUone7KW;

•ValordoProjeto:R$330.000,00.

A partir dos dados de geração de energia da usina solar, do valor da tarifa de energia elétrica e do capital inicial do investimento, foi possível realizar o estudo da viabilidade econômica a partir de seus indicadores que retratam a qualidade do investimento. Com intuito dessa

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análise, foram utilizados os indicadores Fluxo de Caixa (FC), Valor Presente Líquido (VPL), Taxa Interna de Retorno (TIR) e Payback Descontado.

A fim de deixar claros os valores obtidos dos indicadores da análise de viabilidade econômica, apresentam-se os parâmetrosdeentradaconsideradosnos modelos de cálculos, conforme inflação do custo de energia elétrica: a projeção futura para o valor da energia gerada pela consumida ao longo da vida útil de 25 anos do sistema fotovoltaico consideraataxadeaumentode2,5%aoano.Esse valor é a aproximação da média considerando o histórico de reajustes da tarifa de 2008 a 2019.

Custo com seguro: Cotado um valor de R$ 2.000,00 para o primeiro ano e um aumentode2%aoano.

Custo de manutenção preventiva: A composição do valor total do custo de manutenção anual tem como base a ação a ser realizada e da periodicidade ehorasgastasemcadaatividade.

O objetivo ao se construir o sistema de compost barn pôde ser verificado na coleta de dados na fazenda, na qual foi relatado o aumento na produtividade média, de 18 L de leite por animal para 25 L por animal, ou seja, um ganho de 38,8%, incluso também o aperfeiçoamento no manejo e na melhora da nutrição animal.

No sistema de confinamento, o ganho de produtividade do leite está relacionado também ao aumento na demanda de energiaelétricadapropriedade.Paraque esse sistema possa operar, foi necessária a aquisição de vários novos equipamentos elétricos com ciclos de operação constantes, promovendo, assim, um aumento significativo no valor gasto com a energia elétrica – considerando-se apenas os equipamentos elétricos destinados às atividades da produção leiteira.

Dessa forma, é possível reduzir os custos de energia à taxa mínima. Tendo como base o valor de R$ 0,69 cobrado por kWh e o consumo médio mensal da fazenda, é possível reduzir a fatura de energia na média de R$ 7.519 para R$ 69, o que representa uma economia de

aproximadamente 99%. Verifica-se que esse sistema é capaz de produzir, em média, 11.321 kWh ao mês.

A análise de investimento consistiu em determinar o fluxo de caixa com apuração da produção de energia esperada, periodicidade de manutenção, inflação do custo da energia ao longo do período, depreciação dos equipamentos, custo financeiro sobre o capital investido e retorno financeiro ao longo da vida útil dos equipamentos.

Para o cálculo do payback descontado, foram necessários 3,52 anos para recuperar o investimento inicial proposto de R$ 330 mil. Nota-se ainda que o VPL acumulado ao final do 25º ano será de R$ 2.354.512,44, e a TIR, de 30%.

EricAndradeéformadoemAdministraçãopela Fumec,pós-graduadoemmarketing,recémpósgraduadoemAgronegóciopelaUSPESALQcom vastaexperiêncianaáreacomercialeprodutor rural.

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SISTEMAANTECIPE: TÉCNICAPERMITE

UMASEGUNDA

SAFRAEAMPLIAA OPORTUNIDADEPARAO PRODUTORNAREGIÃO

CENTRALDEMG.

OQUEÉ?

O sistema Antecipe – cultivo intercalar antecipado, é uma tecnologia que permite realizar a semeadura antecipada de espécies como o milho, sorgo e/ou forrageiras nas entrelinhas da soja, antes da colheita da oleaginosa. Este sistema de cultivo permite a adequação da época de semeadura em segunda safra, possibilitando incrementos de produtividade quando comparado a épocas de semeadurasquesãorealizadasforadocalendário agrícola preconizado pelo Zoneamento Agrícola de Risco Climático (ZARC).

Considerando as condições climáticas restritivas na região Central de MG devido a deficiência hídrica principalmente ao final do período de verão, prejudica a implantação de culturas em segunda safra (também conhecida como safrinha). A busca por sistemas produtivos resilientes, com técnicas que proporcionem o uso racional dos recursos naturais, com menor perda de água e nutrientes sem prejuízo à produtividade, torna-se essencial para garantir a eficiência produtiva e de mercado destas duas culturas.

Nestatemática,osistemaAntecipe,surge como uma oportunidade, pois permite aantecipaçãodasemeaduradomilhoem até 20 dias antes da colheita da soja, possibilitando incrementos de produtividade das culturas em relação às semeaduras tardias ou que são realizadas fora do calendário agrícola preconizado pelo Zonea-

RESENDE

mentoAgrícoladeRiscoClimático(ZARC).

COMOOSISTEMAANTECIPEFUNCIONA?

O sistema Antecipe é composto por um conhecimento agronômico cientificamente comprovado na cultura do milho, e sua implantação só é possível com uma semeadora-adubadora desenvolvida para este modelo de semeio.

O equipamento foi inicialmente desenvolvido pela Embrapa Milho e Sorgo (depósito de patente BR 10 2020 009566 8, referente a protótipo de semeadora-adubadora para uso no sistema intercalar), com a finalidade de realizar a operação mecanizadadesemeioeadubaçãosimultaneamente nas entrelinhas da soja, sem provocardanosmecânicosàsplantas,tais comoamassamento,perdadeáreafoliare vagens,ououtroprejuízoquecomprometa aprodutividadedaoleaginosa.

O sistema vem sendo desenvolvido ao longo de 15 anos agrícolas de testes à campo, e as premissas técnicas de viabilidade do sistema estão descritas no portal do Antecipe na internet. Atualmente, a semeadora-adubadora encontra-se disponível aos produtores através da cooperação técnica com a empresa Jumil – Justino de Morais Irmãos S/A (Figura 1).

A semeadora-adubadora é de uso múltiplo, ou seja, pode ser empregada para o semeiodasojanoverão,comavantagem de ser a única semeadora-adubadora disponível para a realização do Antecipe.

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JÚLIA OLIVEIRASILVA Engenheira Agrônoma, Mestranda em Fitotecnia

Dois pontos merecem ser destacados em relação ao Antecipe: 1. Este sistema de cultivo não visa a substituição do cultivo do milho segunda safra hoje implantado no Brasil. Todos os resultados gerados até agora sobre o Antecipe demonstram que esta técnica visa a redução de riscos do milho semeado fora do calendário agrícola preconizado pelo ZARC. Os ganhos apresentados pelo sistema, em todas as regiões onde o Antecipe vem sendo implantado,demonstramqueaprodutividadedegrãosémaiornestesistemaquando comparado à semeadura tardia. Assim, o milho semeado em melhores condições declimapoderáterprodutividadesuperior ao Antecipe; e 2. O planejamento do Antecipe deve ser iniciado na cultura de verão (neste caso, a soja). A escolha da cultivar de soja, observando algumas características agronômicas importantes (como altura de planta, inserção da primeira vagem, engalhamento, crescimento e ciclo) são extremamente importantes, para que não ocorra perda de produtividade da

soja quando o milho for semeado através do Antecipe. Outros pontos importantes, como o rodado do trator que permita o trânsito do conjunto trator-semeadora sem danos à soja, altura do vão vertical e potência também devem ser obrigatoriamente observados pelo produtor antes da semeadura. Todas estas informações estão disponíveis em publicações que estão no portal do Antecipe na internet.

QUAISASVANTAGENSDOANTECIPE?

Entre as várias vantagens do sistema estão:

1- pode não haver a necessidade do uso de herbicidas de contato na soja visando antecipar a colheita, uma vez que o Antecipe já adiantará a semeadura do milho segunda safra;

2- pode ser utilizado nas regiões com maior experiência em safrinha, permitindo o uso de cultivares de soja de ciclo mais longo, notadamente mais produtivas do que as cultivares precoces, sem prejuízo

23

em produtividade do milho na sequência; 3- favorece a implantação do milho safrinha em regiões agrícolas onde a segunda safra ainda não foi plenamente estabelecida, como na região Central de Minas Gerais. No campo experimental da Embrapa Milho e Sorgo, os trabalhos à campo (em dimensões que simulam uma propriedade agrícola, com todas as operações mecanizadas) são realizados há mais de 13 anos, permitindo uma amplitudederesultadosquepode-seinferirquea segunda safra de milho nesta região tem viabilidade técnica e econômica através deste sistema de cultivo, não só com o milho, mas com outras culturas que podem favorecer tanto o produtor de grãos como o pecuarista (através da produção de silagem).

REDEDEVALIDAÇÃONACIONAL:

Atualmente, o desenvolvimento do sistema Antecipe conta com uma rede de parceiros que incluem cooperativas,

empresas de pesquisa regionais, além de áreas já semeadas por produtores nos Estados de Minas Gerais, Goiás, Bahia, Paraná e Tocantins.

A Tabela 1 mostra resultados obtidos em municípios de Minas Gerais onde o sistema Antecipe já foi implantado. Na média,nascondiçõeseanosagrícolasem queostrabalhosforamconduzidos,aprodutividade média no Antecipe pode chegar a 2 sacas de milho a mais por hectare paracadadiadeantecipação

Dentre os fatores importantes para a obtenção desses resultados estão as condições climáticas, sobretudo o maior (e melhor) aproveitamento das chuvas, pois o Antecipe é uma estratégia de semeadura para diminuir os riscos de perda de produtividade por questões climáticas. Mesmo o milho sendo cortado e amassadopelacolhedoranomomentodacolheitadasoja,osresultadosdemonstradosna Tabela1evidenciamoaumentodeprodutividade quando comparado à semeadura do milho tardio, após a colheita da soja.

Para a região Central de Minas Gerais, existem outras opções de cultivo nas entrelinhas da soja já validadas pela Embrapa Milho e Sorgo. Com o Antecipe podem ser cultivados o sorgo (granífero ou forrageiro), milheto, braquiárias e panicuns nas entrelinhas da soja. Outras espécies seguem em estudo, permitindo ampliar a produçãodegrãose/ouforragensdemaneira sustentável e otimizando o uso de recursos naturais, sem a necessidade de abertura de novas áreas ou, ainda, possibilitando a recuperação de pastagens degradadas nesta região.

Maiores informações sobre a tecnolo-

gia,seusresultadosedetalhessobreasemeadora-adubadora desenvolvida para o Antecipe encontram-se disponíveis em https://www.embrapa.br/sistema-antecipe.

PorJúliaResendeOliveiraSilva(Eng. Agrônoma,MestrandaemFitotecnia,Universidade FederaldeViçosa.Viçosa-MG),DécioKaram(Eng. Agrônomo,Dr.PesquisadordaEmbrapaMilhoe Sorgo,SeteLagoas-MG),EmersonBorghi(Eng. Agrônomo,Dr.PesquisadordaEmbrapaMilhoe Sorgo,SeteLagoas-MG),MarianaNogueiraDiniz (GraduandaemAgronomia,UniversidadeFederal deSãoJoãodel-Rei,SeteLagoas-MG),PauloCésar Magalhães(Eng.Agrônomo,Dr.Pesquisadorda EmbrapaMilhoeSorgo,SeteLagoas-MG)

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NOVASFÓRMULASDE CALAGEMEGESSAGEMPARA CONSTRUÇÃODOPERFILDO SOLO:ABASEPARAALTAS PRODUTIVIDADES. VINÍCIUSTEIXEIRA

Hoje, com o progresso de estudos na ciência dosoloenutriçãomineraldeplantas,muitosestudiosos práticos desenvolveram novasfórmulas para cálculo de calagem e gessagem para acelerar a construção do perfil do solo, através, primeiramente, da correção e condicionamento adequado do solo e, com isso uma produtividade maior nos primeiros cultivos quando se faz a aberturadaárea.

PRIMEIROSPASSOSPARASEOBTERALTAS PRODUTIVIDADES:

Adequaçãodascondiçõesquímicasdesolos inicialmente ácidos e pobres em nutrientes. Tal adequaçãoocorrepormeiode:

• Calagem: tem por objetivo fazer com que o alumínio seja neutralizado, aumente o pH do solo, aumentando assim a disponibilidade dos nutrientesparaasplantasalémdefornecerCálcioeMagnésio;

•Gessagem: temporobjetivofornecercálcio eenxofre,alémdeformarpariônicocomalguns nutrientes para levá-los para camadas na subsuperficíe do solo e ainda neutralizar o alumínio tóxico em profundidade, para, assim, promover maior crescimento radicular das culturas em profundidade e evitar grandes perdas de produtividade em situações de veranico, principalmente em solos mais arenosos e cultivos de safrinha;

PARAMANEJARSOLOSTEMOSQUEELENCAR PRIORIDADES:

A figura 1, abaixo, exemplifica a importância de fazermos uma base bem-feita e elencarmos acalagemeagessagemcomopráticasagrícolas prioritárias para obter o resultado de aprofundamentoradicular.

MuitosestudiosospráticosdaCiênciadoSolo, como o Dr. Silvino Moreira, professor da UFLA e commuitosanosdeconsultoriapelaRehagro,explicitaemsuaspesquisas,aulasepalestrasNova Fórmula para cálculo de calagem para acelerar a construção da fertilidade do solo, através, primeiramente, da correção adequada do solo e, comissoumaprodutividademaiornosprimeiros cultivosquandosefazaaberturadaárea.

Com os mesmos princípios de inovação, o professor Eduardo Caíres e a professora Alaine Guimarães também estudaram o melhor ajuste de doses de gesso para construir o perfil do solo em profundidade, pois as duas práticas de gessagemecalagemsecomplementam.

NOVAPROPOSTADEFÓRMULADECALAGEM:

Observações da Nova Fórmula: o Y não mudaria, o X seria o valor 5,0 ou 70% do valor da CTC potencial (T) e o m% que é a saturação de alumíniotoleradanãoéconsiderada,pois,ofoco ézerarele!

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LEMOS
Doutor em Fitotecnia, Engenheiro Agrônomo NOVASFÓRMULASDECALAGEMEGESSAGEM: Figura1–Práticasagrícolas,objetivoseresultados esperadosparaseobtersolosdefertilidadeconstruída. (Resendeetal,2012).

Oquemudaemrelaçãoàfórmulaantigado métododeMinasGerais:

GESSAGEM:

A gessagem que tem por objetivo fornecer cálcio e enxofre, além de formar par iônico com alguns nutrientes para levá-los para camadas na subsuperficíe do solo e ainda neutralizar o alumínio tóxico em profundidade, para assim, promover um maior crescimento radicular das culturas em profundidade e evitar grandes perdas de produtividade em situações de veranico, principalmente em solos mais arenosos e cultivosdesafrinha.

Incorporarocalcárioprofundamentenosprimeiros anos para se ter sucesso com o calcário aplicado em superfície nos solos sob SPD (sistemadeplantiodireto)!

• Cálculo para elevar a Saturação por Bases a 70% camada de 0-20cm): =>Se houver possibilidade de incorporar na camada de 0-30 e 0-40cm, multiplique a dose por pelo menos 1,5X e2X,respectivamente;

• Maiores cuidados em solos ácidos e argilosos do cerrado, com V% abaixo de 30: Nesses, possivelmente não se conseguirá correção da acidez“total”nosprimeirosanosdecultivo;

• Equipamentos essenciais: grades pesadas, subsolador e distribuidor de calcário adequado (se possível: gravitacional, evitando os centrífugos).

Alguns estudos do Dr. Silvino Moreira e seus orientados pode-se observar um grande incremento de 21 % de produtividade de soja com altas doses de calcário (10 ton/ha de calcário) devidamenteincorporadoparaaberturadaárea vistos na figura 3, além de excelentes incrementos em milho, deixando o sistema radicular mais profundocomopodeservistonafigura4.

NOVASFÓRMULASDEGESSAGEM:

Critériopararecomendação:Fonte:Caires,E. F.,&Guimarães,A.M.(2018).

*Camadadiagnóstico:20-40cm;

*Recomenda-segessoquandoasaturação porCa2+estiverabaixode54%;

*Objetivo: Elevar a saturação por Ca2+ na CTCefetivaa60%.

FATOS IMPORTANTES SOBRE O USO PRÁTICO DECALAGEMEGESSAGEM:

SOBREAINCORPORAÇÃODECALCÁRIOS:

•Calcário:dependedaáguaparasersolubilizadoeapresentabaixamobilidadenosolo;

• Para ser mais reativo deverá ser fino (partículas menores que 0,3 mm podem reagir completamenteemtrêsmeses)Xderiva;

• Após aplicado na superfície do solo tem pouca mobilidade no perfil: Antes do SPD (sistemadeplantiodireto),deveser“incorporadoprofundamente” e “bem misturado ao solo”, exige entãoequipamentos.

QUALAMELHORÉPOCADEAPLICAR CALCÁRIO?

Problemasassociadosàépocadeaplicação:

•Deriva(épocadeventos);

•Umidade(problemas:excessoefalta);

•Dificuldadedeincorporaçãoouerosão;

• Equipamentos: Incorporação profunda de calcário na implantação do sistema de plantio direto;

•AradoouGrade.

EQUIPAMENTOS:

•Gradespesadasouarados,visandoaincorporação profunda de calcário na implantação dosistemadeplantiodireto;

• Grades intermediárias/niveladoras e/ou subsoladoras/escarificadores para quebrar tor-

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Figura2–Algunsdetalhesqueforamretiradasda fórmulaantigadeNecessidadedeCalagempelométodo deMinasGerais. Figura4–Fotosdesistemasdeplantiodiretocom manejodapalhadasobreosoloemostrandouma trincheiracomsistemaradiculardomilhoaquase2 metrosdeprofundidade,reforçandoaimportânciados novosconceitosemcalagemegessagememsolosde Cerrado.(Fotos:SilvinoMoreira) Figura3-Efeitodacalagemnaprodutividadedesoja (kg/ha)naFazendaMuquém–Lavras-MG,emum LATOSSOLOVERMELHO-AMARELO.

rõesepromoverummaiorcontatodosoloácido comocalcário(lembrardaépocadaoperação);

•Adequadosdistribuidoresdecalcário.

PROBLEMASCOMADISTRIBUIÇÃODO CALCÁRIONOCAMPO:

• Na prática muitas vezes o calcário é “jogado”nossolossemadequadadistribuição;

•Osdosadoresfuncionambem,masadistribuiçãoédepéssimaqualidade.

EQUIPAMENTOSCOMDISTRIBUIÇÃO GRAVITACIONAL:

• Equipamentos de médio porte: arrasto ou autopropelidos;

• Alta capacidade de carga e média largura detrabalho;

• Permite distribuição mais uniforme (figura 5–A);

• Médio rendimento operacional, porém, tem menosderiva.

Na figura 7, pode-se observar o comportamentodopercentualderaízesdemilhoaolongo doperfildosolocom6,0t/hadegessoagrícolae sem aplicação em um Latossolo vermelho argi-

QUANDOFAZERAGESSAGEM?

Emáreadeabertura,apósacalagem,aqual aumentaCTCefetiva(“segura”oscátions); Gessonuncasubstituiacalagem; Na figura 6, observa-se que por o gesso se dissociar e formar par iônico com Ca e Mg, ele leva esses dois nutrientes para camadas abaixo de20cmdeprofundidadeatéem75cm,fazendo com que as plantas possam absorver tais nutrientes em camadas onde se tem mais umidadeemcasosdeveranico,soloarenosoouaté mesmo em cultivos de safrinha onde a quantidadedechuvasémenor.Aindanamesmafigura 6, observa-se também um aumento no teor de SO4- nas camadas de 20 cm até 75 cm de profundidade,fazendocomqueeleconfiramais resistência das plantas a pragas, doenças e ao estressehídrico.

CONSIDERAÇÕESIMPORTANTES:

Calagem é o alicerce para a construção da fertilidadedosolo,seguidadagessagem; Incorporarocalcárioprofundamentenosprimeiros anos para se ter sucesso com o calcário aplicadoemsuperfícienossolossobSPD!

Após a calagem é importante atentar para elevar os teores dos demais nutrientes. No entanto,édesumaimportâncialembrardaimportância de se colocar palha no sistema e raízes emprofundidade!

Enfim, premissas para altas produtividades: construção do perfil do solo começando pela calagemeagessagem!!!

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losodeCerrado. Figura5–Distribuidordecorretivosgravitacional (A)egradede34”polegadas(B)numafazendano municípiodePainsparamelhorincorporarocalcárioem profundidade. Figura6-DistribuiçãodoSO42-edeCa2+eMg2+ trocáveisemdiferentesprofundidadesdeumLatossolo Argiloso,semaplicaçãoecomaplicaçãodegesso, depoisde39meses. Fonte:Sousaetal.1995 Figura7-Distribuiçãoderaízesdemilhoem profundidadenaausênciaepresençadegesso, experimentodaEMBRAPACerrados,1995.

NOVOSASSOCIADOS MÊSDEAGOSTO-

TOTAL:

5 associados

•DanilodeAraújoSoares;

•EduardoTallesRodriguesVaz;

•GilbertoFernandesFerreira;

•JoséFranciscoBernardes;

•RafaelBessasdoCouto.

LEITEENTREGUENA COOPERBOM

PERÍODO: Julho/2021 Agosto/2021 Setembro/2021 Outubro/2021 Novembro/2021 Dezembro/2021 Janeiro/2022 Fevereiro/2022 Março/2022 Abril/2022 Maio/2022 Junho/2022 Julho/2022 VOLUME(emlitros): 4.843.684 5.067.861 4.981.664 4.994.561 4.724.559 4.775.078 4.527.690 3.925.105 4.375.826 4.161.652 4.339.451 4.191.637 3.853.693
*LeiterecebidoemBomDespachoe EstreladoIndaiá.

NOTA OFICIAL: ELEIÇÕES 2022

Bom Despacho, 22 de agosto de 2022

O Sindicato Rural de Bom Despacho, entidade fundada em 1955, tem como função principal a representa vidade política, econômica e social do produtor rural e sua família. Inspirando-se na livre iniciativa, no direito de propriedade, na economia de mercado e nos interesses do país.

E por isso, e atendendo aos anseios dos produtores rurais, decidimos nas ELEIÇÕES 2022, apoiar oficialmente candidatos que tem reais compromissos com a agricultura, a pecuária, e a todo complexo do agronegócio.

É preciso esclarecer aos produtores o que é bom, e o que é ruim. E claro, tendo a consciência de votar em candidatos que tenham a percepção da importância do AGRO para MINAS, e o BRASIL.

É preciso determinação e coragem. Temos que ter a clareza de ter governantes que defendem a bandeira do “AGRO FORTE”, da família, do direito de propriedade, da modernização da política agrícola, da desburocra zação para o fomento do aumento da produ vidade no campo, do incen vo de políticas públicas para a ampliação das áreas irrigadas e da liberação de outorgas d’água, e de um seguro rural eficiente, garan ndo estabilidade financeira e produ va a nós, produtores rurais.

Diantede tudo isso,não nos resta qualquer dúvida, que o melhor caminho para continuarmos avançando nos sucessivos recordes de produção de safras, e na estabilidade do país, é a orientação aos produtores rurais e suas famílias, de votarem nos seguintes candidatos:

PRESIDENTE DA REPÚBLICA:

- JAIR MESSIAS BOLSONARO , número 22

GOVERNADOR DO ESTADODE MINAS GERAIS:

- ROMEU ZEMA , número 30

SENADOR DA REPÚBLICA:

- MARCELO ARO, número 111

E candidatos a DEPUTADO FEDERAL e DEPUTADO ESTADUAL, com um histórico de atuação pelo setor RURAL, e que estejam apoiando oficialmente o presidente Bolsonaro, e o Governador Zema.

PRODUTOR RURAL, VOTE EM QUEM APOIA VOCÊ!

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