Somos uma Consultoria em Gestão e Serviços Empresariais, especializada na identificação de cenários e relações nas empresas.
Nossas soluções vão desde o entendimento e desdobramento da estratégia, passa pelo desenho, redesenho, simplificação e otimização de Processos, pela implantação e revisão do modelo de gestão, incluindo Serviços Compartilhados (CSC), apoiando todas estas grandes transformações com a Gestão da Mudança e Prontidão Organizacional (GMO).
Contamos com uma equipe altamente qualificada, além de parceiros que complementam nossas entregas, aportando tecnologia e inovação
SERVIÇOS
PROCESSOS
Desenho, redesenho e mapeamento de processos
CSC Projeto, Revisão e Implantação de Serviços Compartilhados
GMO
Gestão da Mudança e Prontidão Organizacional
AVAMA
Matriz de Avaliação de Maturidade dos Processos
APOIO A IMPLEMENTAÇÃO DE ERP'S
Do mapeamento à jornada de transformação organizacional
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2 ESCRITÓRIOS PORTO ALEGRE / RS (51) 3026 0070 SÃO PAULO / SP (11) 2348 5395
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Idealização
Eden Paz
Presidente do Conselho e Sócio-Fundador da ConsulPaz
Colaboração
Adilson Neuhaus
Diretor de Serviços Compartilhados da UnidaSul
Alex Winetzki
CEO da Woopi e diretor de P&D do Grupo Stefanini
Ari Pellicioli
CEO e Sócio da ConsulPaz
Caco da Motta
CEO Caco da Motta Comunicação
Edimilson Ortiz
Mentor Sistêmico - Sócio e Diretor na Prehvenir Saúde Integral
Silvia Grecco
Secretária Municipal da Pessoa com Deficiência - SP
A Revista Conteúdo Compartilhado é uma publicação periódica, gratuita da consultoria ConsulPaz CGP Associates. Sua divulgação ocorre de forma digital e o acesso pode ser realizado internacionalmente. O conteúdo dos artigos e entrevistas de convidados é de responsabilidade dos autores e não reflete, necessariamente, a opinião da empresa.
Comunicação e Marketing ConsulPaz
Jornalista Editor Responsável
Caco da Motta
CEO Caco da Motta Comunicação
Registro Profissional 7220/91/RS
Staff
Guilherme Gondim Comunicação e Marketing ConsulPaz
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EXPEDIENTE
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CARTA AO LEITOR
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TECNOLOGIA
Impactos da Inteligência Artificial e o ChatGPT Entrevista com Alex Winetzki.
16 | INCLUSÃO SOCIAL
CON TEÚ DO
Uma lição de amor e inclusão: é preciso enxergar o mundo com o coração Entrevista com Silvia Grecco.
16 | SERVIÇOS COMPARTILHADOS
CSC e o impacto na eficiência operacional Entrevista com Adilson Neuhaus.
30 | ARTIGO
O papel da Gestão da Mudança nas implantações de tecnologias Artigo por Ari Pellicioli.
38 | COLUNA CACO DA MOTTA
A trajetória inspiradora do jornalista que virou empreendedor Caco da Motta entrevista Edmilson Ortiz.
Clique nas páginas e acesse o conteúdo.
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CONTEÚDO COMPARTILHADO
INTELIGÊNCIA ARTIFICIAL – INCLUSÃO SOCIAL - CSC E EFICIÊNCIA OPERACIONAL
Nos dias atuais, a temática da Inteligência Artificial tem recebido grande destaque, principalmente após o lançamento de diversas inovações que prometem transformar significativamente a maneira como nos comunicamos e interagimos com a tecnologia.
Para falar sobre o tema, conversamos com Alex Winetzki, CEO da Woopi e Diretor de P&D do Grupo Stefanini. Ele compartilhou sua visão sobre a evolução da Inteligência Artificial, incluindo inovações como o ChatGPT e o Dall-e, além de destacar as possibilidades de uso, que são impressionantes e, ao mesmo tempo, assustadoras. Confira o bate-papo para entender o cenário atual e as perspectivas para o futuro.
Nesta edição, também tivemos o prazer de entrevistar Silvia Grecco, Secretária Municipal da Pessoa com Deficiência da Cidade de São Paulo e vencedora do Prêmio FIFA FAN AWARDS 2019, sendo considerada a maior torcedora do mundo pela narração de jogos de futebol para seu filho Nickollas. Referência na luta pela inclusão, Silvia compartilhou as iniciativas e os desafios da inclusão social no Brasil, além de trazer insights sobre como a sociedade pode apoiar essa causa.
Por fim, entrevistamos Adilson Neuhaus, Diretor de Serviços Compartilhados na UnidaSul, sobre o impacto do modelo de Serviços Compartilhados na eficiência operacional das empresas. Adilson destaca a importância das pessoas nos processos de implementação do CSC, mesmo em um ambiente com sistemas automatizados. Ele enfatiza a necessidade de engajamento dos profissionais para obter benefícios significativos.
No artigo desta edição, compartilho a importância e o papel da Gestão da Mudança em processos de transformação digital nas empresas.
Em sua coluna, Caco da Motta conversou com Edmilson Ortiz tor da Prehvenir Saúde Integral, sobre comunicação e a jornada dele no empreendedorismo.
Aproveitem os conteúdos.
Boa Leitura!
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Carta ao Leitor
Tecnologia
Impactos da Inteligência Artificial e o ChatGPT
As empresas e os profissionais utilizam cada vez mais a Inteligência Artificial como ferramenta para otimizar processos, tomar decisões assertivas e criar soluções inovadoras. Para entender melhor essa realidade, o CEO da ConsulPaz, Ari Pellicioli, entrevistou Alex Winetzki, CEO da Woopi e diretor de P&D do Grupo Stefanini. O jornalista Caco da Motta, parceiro da ConsulPaz, também participou da conversa.
Alex compartilhou sua experiência e suas opiniões sobre como a IA vem sendo utilizada e quais são as perspectivas para o futuro. Um dos assuntos abordados foi o ChatGPT, ferramenta capaz de compreender o que é dito e responder de maneira coerente e natural, além de ser uma das promessas para revolucionar o mercado. A entrevista também pode ser acessada na íntegra em formato de podcast nas plataformas de streaming de áudio e em vídeo no canal do Youtube da ConsulPaz.
ENTREVISTA 15 minutos
ALEX WINETZKI
CEO da Woopi e Diretor de P&D do Grupo Stefanini
Ari Pellicioli (Porto Alegre) - Alex, a gente gostaria que você falasse um pouquinho da sua trajetória até fundar a Woopi Stefanini. Como a Inteligência Artificial chegou na tua vida profissional? O que a Woopi faz hoje e que pretende ainda fazer nesse mundo de IA?
Alex Winetzki (Porto Alegre) - Eu sou do Mato Grosso do Sul, me formei em economia na Universidade Federal do Mato Grosso do Sul, em Campo Grande. É um estado agrícola. Acho que a maioria das pessoas imaginam isso, né? O Mato Grosso é um lugar meio como o Acre, assim ninguém tem muita certeza de como é e tal. Mas é um estado agrícola, um estado pequeno. Quando me formei, meu sonho era trabalhar com tecnologia, particularmente, com videogames. Isso há 25, 30 anos e, obviamente, não é o lugar ideal pra fazer isso até hoje. É, basicamente, um estado que planta soja e cria gado, então eu precisava sair do Mato Grosso do Sul. Acabei indo para a Inglaterra. Fiquei lá sete anos, consegui trabalhar com videogame, fiz uma carreira nesse mundo e foi aí que comecei a trabalhar com Inteligência Artificial. Na época em que comecei, havia muito pouco uso efetivamente para a Inteligência Artificial. Um dos usos era em videogame, no que a gente chama de NPCs, nonplayer character, que são os caras que não são você no jogo. Então é o zumbi
que você vai matar, o carro de Fórmula -1 que você vai ultrapassar. Naquela época eles eram meio bobões e pouco inteligentes. Hoje, a gente precisa baixar a inteligência deles, senão você não ganha de nenhum. Depois de alguns anos, voltei para o Brasil, achei uma moça brasileira para casar e decidimos que aqui era um lugar melhor para viver. Eu queria continuar trabalhando com tecnologia. Por isso, criei uma empresa pequenininha, que fazia algo com Inteligência Artificial. Era uma fábrica de software que se sustentava, mas tinha um núcleo ali que continuava trabalhando com IA. Em 2013, fomos adquiridos pela Stefanini. Deixamos de ser uma empresa pequena do interior e passamos a ser parte de um grupo muito maior. A Stefanini já era a maior empresa de tecnologia brasileira naquela época. Hoje, é muito maior. Só nesses dez anos, ela multiplicou o tamanho por cinco. A Inteligência Artificial foi ganhando importância. Começou como uma curiosidade, passou a ser uma necessidade e hoje ela é um imperativo. Você tem que ter no seu negócio. Passamos a ser o núcleo da empresa na Stefanini, nos estabelecemos no Brasil e fora do Brasil. Hoje, temos por volta de 150 clientes do mundo todo. A maior parte do nosso faturamento hoje vem de fora do país, inclusive muitos profissionais nossos estão morando e trabalhando fora do Brasil. Mesmo tendo visto essa evolução ao longo dos
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anos, existe uma Inteligência Artificial antes do ChatGPT e outra depois do ChatGPT. O ChatGPT, que é tecnicamente o que a gente chama de IA generativa, mas é uma tecnologia transformadora como eu nunca vi na minha carreira inteira em tecnologia.
Caco da Motta (Florianópolis) - Como você percebe a mudança no mercado de trabalho com a introdução de novas profissões baseadas em IA? Profissões que acabam, novas que surgem. Qual o impacto disso tudo?
Alex Winetzki (Porto Alegre) - O objetivo do uso corporativo de Inteligência Artificial ao longo dos últimos anos tem sido o aumento de eficiência. Porém, você tem aí forças que se correlacionam e trabalham de maneiras diferentes. A primeira pergunta que todo mundo tem é se a Inteligência Artificial causa desemprego. Eu digo com muita tranquilidade que não. Eu trabalho especificamente em aumento de eficiência via Inteligência Artificial e o que tenho visto é que você acaba levando pessoas e profissionais cada vez mais para funções mais nobres, que exigem pensamento, articulação, decisão, e você vai deixando os fluxos operacionais mais simples para a Inteligência Artificial. Além disso, tem o outro fator de que você tem hoje um crescimento populacional muito baixo na maioria das grandes locomotivas populacionais do mundo. Então, toda a Europa Oci-
dental, Alemanha, Japão e China são lugares em que você já não tem mais crescimento populacional. O Rio Grande do Sul não tem crescimento populacional. Quem viu as estatísticas de crescimento do RS, notou que o estado teve um aumento de 20 mil pessoas em 11 milhões de habitantes em 2022 e, portanto, você não consegue mais ocupar todas as vagas de emprego. Tanto que, mesmo vivendo em uma recessão, os Estados Unidos têm a menor taxa de desemprego em décadas, Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Paraná e Mato Grosso são estados que hoje têm pleno emprego e o mercado vai ficar cada vez mais complexo. Então, a gente precisa de automação. Se a gente não tiver automação, nós não vamos ter pessoas para colocar em todos os empregos. Isso é uma boa notícia. A segunda pergunta é: O mercado vai mudar? Vai. Eu acabei de dizer que não haverá desemprego em massa em razão da Inteligência Artificial e reafirmo o que eu disse. No entanto, isso não quer dizer que a natureza de certas profissões não vá mudar. Você tem uma série de profissões como motorista de carruagem, pessoa que coloca carvão no navio, linotipista de jornal, taquígrafo que mudaram. As pessoas precisam e vão se capacitar. Então, a reeducação é muito importante. Uma das últimas profissões que apareceram no mundo e que já está se tornando importantíssima, é o engenheiro de prompt. Sempre que você
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TECNOLOGIA
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pensa em gerar texto ou imagem, é preciso escrever um comando. Chamamos isso de prompt. Serve para que a IA atue sozinha e, conforme a qualidade desse prompt, a resposta é melhor ou pior. Bom, o engenheiro de prompt é uma profissão que não existia há 60 dias atrás e agora é uma das profissões mais buscadas do mundo. Como essa, muitas outras aparecerão. Então, se você quer se preparar para alguma coisa, prepare-se para ser engenheiro de prompt. Já tem cursos sobre, mas não são muitos. Você vai ter que sentar na frente do ChatGPT, do Dall-E ou algum sistema desses de criação de imagem, e treinar muito para entender o tipo de saída que você vai conseguir a partir do comando que você der.
Caco da Motta (Florianópolis) - Tem uma coisa meio intuitiva nessa engenharia ou é mesmo uma técnica a ser aprimorada e compreendida?
Alex Winetzki (Porto Alegre) - Não é nada intuitivo. Tem uma técnica para fazer o prompt e é, principalmente, em imagem. Os melhores prompts de imagem são aqueles que incluem uma série de elementos muito profissionais. Tipo de iluminação, tipo de abertura de câmera, paleta de cores, estilo artístico, estilo de fontes. Eu não sou artista gráfico, mas os melhores artistas gráficos fazem os melhores prompts porque eles sabem exatamente como pedir tecnicamente uma imagem, tipo de luz, de cromo. Você consegue, desta forma, uma resposta muito mais efetiva do que uma pessoa como eu que não entende nada disso, que diz, por exemplo, “me mostre um pinguim pulando na piscina”. É a mesma coisa para o texto. A gente tem trabalhado com documentos legais. Quando você tem um advogado trazendo o que ele precisa, tem uma clareza muito maior. Você tem uma evolução do ferramental, mas também vai exigir um
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nível de qualificação. É uma transformação de uma profissão em outra que antes não existia, mas usando o mesmo conjunto de habilidades.
Ari Pellicioli (Porto Alegre) ranças e as pessoas nas empresas estão conseguindo acompanhar esse ritmo de transformação da Inteligência Artificial? Qual é a sua percepção? E como você vê o Brasil, como ele está inserido nesse contexto de mudança cultural?
Alex Winetzki (Porto Alegre) - Acompanhar a velocidade de mudança, ninguém consegue. Sou especialista e trabalho com isso há 2 décadas. É muito difícil, pois toda semana tem alguma coisa nova muito importante acontecendo e não é hype. São coisas realmente relevantes, modelos novos. Acredito que esta tecnologia vai ter um poder transformador em quase tudo, nas empresas, nas relações, na maneira como trabalhamos e enxergamos o mundo. E, absolutamente, ninguém entende o que vai acontecer, nem os criadores dessas tecnologias. Eles entendem que têm na mão algo muito poderoso, mas se surpreendem a cada dia com a quantidade de novas utilizações. Agora, existem lideranças que são mais interessadas, outras menos interessadas. Porém, existe um nível de curiosidade gigantesco. A minha sensação é que há cinco anos, a gente era uma banda que tocava em uma garagem em uma festi-
nha de aniversário de 15 anos. Depois, passamos a tocar em um bar underground do centro da cidade e, de repente, fomos catapultados para o palco do Rock in Rio. Todo mundo quer saber sobre isso. Existe uma demanda brutal para conseguir compreender o caminho. Não faço ideia do que vai acontecer e a maioria de nós não faz. Sei que vão acontecer mudanças muito radicais porque a gente tem visto nos experimentos. A cada dia, vemos possibilidades enormes de utilização dessas tecnologias. Certamente, como em qualquer grande mudança tecnológica, do ponto de vista corporativo, haverá vencedores e perdedores. E, muitas vezes, os vencedores vão ser os que tiveram a coragem de embarcar nisso, inclusive, de cometer erros antes, porque erros serão cometidos. Ninguém entende muito bem a natureza da tecnologia, então você vai ter que errar
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para acertar, necessariamente.
Caco da Motta (Florianópolis) - O que tem de novidade em relação ao ChatGPT? O que ele já conseguiu transformar? São ferramentas de texto, de design, de produção de conteúdo. O que mais?
Alex Winetzki (Porto Alegre) - O ChatGPT é uma ferramenta conversacional que se baseia em uma tecnologia que é chamada de IA generativa. É generativa porque ela cria coisas, fundamentalmente. Então, não é o ChatGPT que altera tudo, é a tecnologia de IA generativa. Assim, da mesma maneira que existe o ChatGPT, que é uma ferramenta otimizada para diálogo, temos ferramentas como o Dall-E, de processamento de imagem. Você tem uma capacidade enorme de produzir peças com alta qualidade gráfica em série, imagens, fotogramas, alteração e edição de imagens. A gente fez uma apresentação e aconteceu uma coisa muito engraçada. Nós estávamos em um auditório e tiramos uma foto de trás do auditório. Cortamos um pedaço da imagem e pedimos para a ferramenta completar a imagem. Aí a gente pegou, riscou um pedaço do chão, e falamos para ela colocar um pato assistindo a palestra. E ela colocou pato, inclusive com quatro versões diferentes do pato. Uma pessoa normal levaria algumas horas para conseguir fazer aquilo. Aferramenta fez em minutos. Produção de texto,
faz em minutos. Comparação de contratos para você saber se um contrato que foi assinado é mesmo o contrato que foi negociado, era uma coisa complicada de fazer. Produção de peças padrão, peças legais, press-releases, baseados em dados específicos da coluna de dados. Você tem uma capacidade de potencializar determinadas coisas. Daqui alguns meses, você não vai fazer mais uma apresentação de PowerPoint. Você vai dizer assim: Faça a apresentação de PowerPoint para mim com dez slides. Cria um fundo que você ache legal. Me dá quatro opções. Está aqui o que eu preciso que você coloque lá e ele vai fazer. Tem um monte de gente já produzindo qualquer tipo de texto, produção de imagem, edição de vídeo. Criação de voz que até pode ser um negócio perigoso. Existe uma outra tecnologia, que pega 3 segundos da sua voz e ele cria a sua voz. Então, ela
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TECNOLOGIA
pode criar você falando coisas que possam te comprometer. São muitas maneiras que você tem de usar essa tecnologia, porque a gente está só no começo. A versão quatro do ChatGPT vai ser uma plataforma multimídia. Ele vai conseguir enxergar coisas, você vai mostrar para ele alguma coisa e pedir para ele transformar aquela coisa.
Ari Pellicioli (Porto Alegre) - Alex, como você disse, ninguém consegue prever o futuro e ele já está aí. Acho que esse é o grande ponto. Simplesmente incrível essas opções que você compartilhou com a gente aqui, algumas são até assustadoras.
Alex Winetzki (Porto Alegre) - São assustadoras mesmo.
Caco da Motta (Florianópolis) – É, isso porque a voz é uma assinatura nossa que chancela o que dizemos. Imagina colocar essa voz, de repente, em uma mensagem de WhatsApp para alguém? Claro, não é o meu WhatsApp, mas pode estar em um grupo, no Facebook ou em alguma rede social com uma foto minha e a minha voz dizendo algo perigoso.
Alex Winetzki (Porto Alegre) - Não precisa ser uma foto sua. Consigo fazer um deepfake a partir da sua imagem no YouTube. Corto isso e faço você falar alguma coisa com o teu rosto.
Caco da Motta (Florianópolis) - É impressionante. Eu pedi para o Dall-E
fazer uma imagem que misture Pelé com o Mbappe e ele criou um novo personagem. Quais são as melhores ferramentas para texto, para edição de vídeo? E existe algum local em que isso esteja concentrado para quem começar nessa área?
Alex Winetzki (Porto Alegre) -AOpen AI, que é a empresa que lançou o ChatGPT, tem um marketplace. Ele ainda é fechado, mas dentro dele você tem uma porção de outras ferramentas. Porém, o ChatGPT e o Dall-E são de uso público. Tem um site chamado de Prompt Hero que é bem legal. Ele te mostra imagens que foram criadas e o prompt exato que criou essas imagens. Está bem interessante e para várias tecnologias, não só pelas tecnologias da Open AI, que são tecnologias gráficas, imagino que você vai encontrar isso em muitos fóruns de como fazer e como fazer da melhor maneira, como utilizar cada uma dessas tecnologias. Você vai começar a ver isso em absolutamente todos os lugares. Então é só procurar no Google e certamente aparecerão coisas legais.
Ari Pellicioli (Porto Alegre) - Muito legal! Me recorda um pouco daqueles filmes de ficção científica que a gente assistia na infância.
Alex Winetzki (Porto Alegre) - Eu acho que, pela primeira vez, a tecnologia da Inteligência Artificial alcançou o arquétipo que a gente tinha naqueles
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filmes como Guerra nas Estrelas, na Jornada das Estrelas, dos Jetsons. É uma Inteligência Artificial que interage com a gente. Até hoje isso era uma promessa, não tinha acontecido. Você tinha ali o chatbot, que era uma coisinha muito limitada, robotizada. Não é mais o que está acontecendo, nem o que vai acontecer daqui para frente. Tudo o que virá daqui para frente será mais moderno, mais impressionante, mais desafiador do ponto de vista e da maneira como a gente se posiciona com relação a essas tecnologias.
Ari Pellicioli (Porto Alegre) - Como que você vê, especificamente, o impacto da IA nas tecnologias de automação? Machine learning, robótica estão muito presentes na indústria e em todos os ramos, no agronegócio.
Alex Winetzki (Porto Alegre) - Em primeiro lugar, você tem essa tecnologia como facilitadora. Ao invés de você se
preocupar, dentro de um sistema qualquer, em escrever, buscar em uma janela ou buscar em um menu, você simplesmente vai falar para ele: "Eu preciso que você faça tal coisa". Você já corta um caminho muito grande de treinamento, de inclinação a erro. E em segundo lugar, o tempo gasto com cada processo certamente vai mudar. Uma série de processos, inclusive os que exigem o intelecto, vão ser automatizados e, portanto, as pessoas vão ter que ser treinadas em processos diferentes. Eu não consigo dizer o que vai acontecer em cada indústria nem na Educação que, até dois meses atrás, era escrever textos para mandar para o professor. Isso não vai mais ter valor nenhum, porque nenhum aluno vai escrever texto nenhum. O aluno vai simplesmente colocar ali no sistema que vai escrever e acabou. Então, o que a gente chama de ensinar vai ter que mudar. Em que direção vai? Não sei. Eu acho
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que só isso abre um debate infinito. A maneira como você se relaciona com as pessoas. Primeiro, você tem as redes sociais e agora você tem entidades digitais que são tão inteligentes, agradáveis e interessantes quanto uma pessoa. E você tem hoje centenas de milhares de pessoas que preferem se relacionar com uma entidade digital do que com uma entidade real. Você tem um mundo digital fora do escritório e um mundo real dentro do videogame. Para o seu filho que cresceu dentro do videogame, aquele mundo virtual e esse aqui são do mesmo valor. Aqui você encontra os amigos, lá ele encontra amigos, aqui você tem entretenimento, lá ele tem entretenimento. Só que tem uma diferença. Aquele mundo, ele é desenhado para te gerar satisfação, valor e recompensa. Este aqui não. Então, em algum momento, quando este indivíduo precisa escolher entre o mun-
do A, que gera recompensas continuadas, e o mundo B, que traz um monte de problemas e decepções, qual mundo essa pessoa vai escolher? Tem alguma maneira de mudar isso nesse momento? Eu acho que não. Eu acho que a gente vai caminhando na direção dessa tecnologia sem nenhum tipo de regulação mais clara. Esse é um assunto muito importante também.
Caco da Motta (Florianópolis) - A próxima pergunta é sobre a relação homem e máquina. Mas é interessante que, através da máquina, da tecnologia, nós mudamos a nossa relação. A gente tem que mudar um pouco o nosso mindset em relação a isso? Talvez exista um preconceito de que a máquina pode nos destruir. Ela vai tomar conta das nossas vidas? Nós vamos ser comandados pela máquina de alguma forma? Qual o limite para isso?
Alex Winetzki (Porto Alegre) - Eu penso que são muitas coisas assustadoras. Acho que rede social é assustador. Entendo que a rede social muda a relação das pessoas com o universo ao redor delas e isso vai ser potencializado agora. Ser superado por máquinas em uma série de tarefas cognitivas já está acontecendo. Então, quando você pega, por exemplo, uma linha de inspeção da indústria, com uma máquina é muito mais eficiente do que uma linha humana. Se você pegar a identificação de um rosto
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na multidão, a identificação da máquina também é muito mais eficiente do que uma identificação humana. E, a partir agora, dessas tecnologias, o ChatGPT vai escrever um texto de 500 palavras sobre, por exemplo, as plantações de banana na Serra Gaúcha em 5 segundos. A gente vai levar horas pesquisando e fazendo. Provavelmente, o texto dele será bastante coerente. Você vai poder fazer uma alteração ou outra, mas vai ser bastante coerente. Então, uma série de tarefas realmente vão passar para as máquinas. Como é que a gente se posiciona nesse mundo? Eu acho que muitos bons sociólogos e psicólogos vão começar a se debruçar nisso a partir de agora. Mas há uma mudança fundamental no nosso papel. Por enquanto, a gente ainda tem a visão de como era o mundo antes e como vai ser o mundo depois disso. A partir de agora, você vai ter uma geração inteira que não vai conhecer o mundo sem essas tecnologias. E as tecnologias, em grande parte, já nos comandam. Se você pegar um feed, seja do LinkedIn, do Instagram ou de qualquer outra rede social, quem decide o que vai aparecer não é você, é o algoritmo. Quando você entra lá no portal de um grande e-shopping como a Amazon, quem decide o que está na primeira página são eles, não é você. A gente chama isso, tecnologicamente, de falsas escolhas. Então, você entra lá na Amazon para ver um livro e vão apa-
recer lá os 10 primeiros livros. Você não escolheu aquilo! Você vai colocar no Google: Quero saber quem é o melhor cabeleireiro da zona norte de São Paulo. Vão aparecer 10 opções. Você vai escolher uma daquelas porque você não vai procurar a 11ª. É assim em grande parte das coisas, como as músicas que você ouve, os filmes que você vê no Netflix, porque eles já vêm de indicações digitais. Os textos que a gente escreve não vão mais ser escritos pela gente. As apresentações que a gente faz vão ser organizadas por uma outra coisa. Então, ela vai cada vez mais tomar conta da nossa vida. O que sobra da gente depois disso? Eu não sei. Tenho grande curiosidade. Eu sei que vai acontecer, mas não faço a menor ideia do que vai acontecer.
Ari Pellicioli (Porto Alegre) - Eu não imaginava todas essas opções, mas um ponto que você já comentou e eu acredito que mereça atenção é a educação. O nosso modelo é muito tradicional e existe uma necessidade de revisão e de adaptação a esta jornada de transformação acelerada. E, falando até em profissões do futuro, quais seriam as habilidades de quem vai ocupar este novo mercado?
Alex Winetzki (Porto Alegre) - Eu vou dar uma resposta mais rápida e outra que vai te surpreender. A primeira é que eu acredito que para as profissões do futuro você tem que se preparar para
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ser flexível, porque profissões e funções vão aparecer e desaparecer e o valor de um diploma formal em uma determinada área é muito pequeno. Para mim, a educação não tem que mudar em direção ao novo modelo, ela tem que retornar a valores muito mais tradicionais. E vou dar um exemplo que eu gosto muito de dar. A Universidade de Oxford ensina da mesma maneira há mais de 100 anos. Então, você tem um conjunto de alunos que tem um tutor durante um ano, dividido em três trimestres. No intervalo entre cada trimestre, você tem um mês de férias. O objetivo de cada uma das turmas é criar um trabalho sobre algo, tem uma série de coisas, mas, independentemente do que seja, você pode falar de savanas africanas ou de microbiologia. O objetivo desses grupos é ensinar a pensar. Eu, que sou um cara que trabalha com tecnologia, sou tremendamente des-
confiado de ensino digital, de tablets. Ainda acredito que o maior valor que as pessoas precisam ter é aprender matemática, aprender a escrever e a ler de verdade, não ler de resumo na internet. Quem souber essas três coisas, estará apto para tudo. Acho que todas as modernizações que aconteceram no ensino nos últimos 20, 30 anos, com tablets e computadores, foram uma grande besteira. A melhor escola do Brasil é o colégio Visconde de Rio Branco no Rio de Janeiro. Não tem computador, não tem tablet, você lê livro, você escreve. É duro, é chato. Mas é isso que faz um ser humano. Então, se eu tivesse que falar de educação, seria radicalmente conservador sobre o modelo. Você até pode aprender por vídeo no YouTube, mas a função do professor é discutir na sala com o aluno, ensinar a pensar e a conseguir apresentar esse pensamento de forma clara e estruturada.
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CONTEÚDO COMPARTILHADO TECNOLOGIA
Tecnologia
Impactos da Inteligência Artificial e o ChatGPT
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Alex Wineztki é CEO da Woopi e Diretor de P&D do Grupo Stefanini.
Você pode acompanhar Alex no LinkedIn e a Woopi em woopi.com.br.
Inclusão Social
Uma lição de amor e inclusão: é preciso enxergar o mundo com o coração
Como a sociedade pode ser mais inclusiva para as pessoas com deficiência? Silvia Grecco, Secretária Municipal da Pessoa com Deficiência da Cidade de São Paulo, viu sua vida se transformar quando adotou Nickollas, um menino com deficiência visual e autismo.
A história deles ficou conhecida após serem vistos no estádio do Palmeiras enquanto ela narrava o jogo para Nickollas. Logo, ganharam as manchetes e, em 2019, receberam o prêmio FIFA FAN AWARDS, de maior torcedor de futebol do mundo. Desde então, eles vêm fazendo história dentro e fora dos estádios como referência na luta pela inclusão no Brasil. No bate-papo, Silvia compartilhou alguns insights sobre como o setor público, as empresas e as pessoas em geral podem apoiar a causa.
A entrevista também pode ser acessada na íntegra em formato de podcast nas plataformas de streaming de áudio e em vídeo no canal do Youtube da ConsulPaz.
SILVIA GRECCO
Secretária Municipal da Pessoa com Deficiência - São Paulo
ENTREVISTA 13 minutos
Ari Pellicioli (Porto Alegre) - Silvia, todos nós ficamos impressionados com sua dedicação em narrar jogos de futebol para seu filho Nickollas. Como você começou a sua trajetória de apoio à inclusão? Como foi a sua experiência narrando estes jogos que levaram vocês a um prêmio da FIFA, principalmente, o jogo contra o Corinthians?
Silva Grecco (São Paulo) - Eu sempre estive nos jogos com o Nickollas. O primeiro dia que ele foi ao jogo, aliás, fez 11 anos agora. Foi em março de 2012, quando nós fomos ao jogo do Palmeiras e São Caetano no Pacaembu. Ainda não estava muito bem definido para que time ele torceria, mas saiu de lá gritando “Porco!”. Daí em diante, todos os meses, durante esses 11 anos, continuei levando o Nickollas para assistir aos jogos do Palmeiras. Se tornou uma paixão para ele. No começo, eu colocava um radinho ou um fone de ouvido, mas ele ficava muito entusiasmado com a torcida e tirava. Aquilo me incomodava um pouco pelo fato de ele estar pulando e não saber por que ele estava ali naquela torcida, com todo mundo na hora que gritava gol ou não. Então, comecei sutilmente a narrar aos poucos tudo o que estava acontecendo. Foi passando o tempo e ele dizia “Pode falar mais”. Eu precisei até me aprimorar um pouco para saber o que é um tiro de meta, um escanteio, uma lateral, para poder falar realmente
o que estava acontecendo naquele jogo. Isso se tornou uma rotina na nossa vida durante todo esse tempo. Até que um dia nós estávamos no jogo do Palmeiras e Corinthians. Mero detalhe que o Palmeiras ganhou por 1 a 0. Foi um jogo polêmico porque o Deyverson deu aquela piscadinha quando fez o gol. Era um jogo tenso. Clássico é clássico. No campo tinha o jornalista gaúcho Marco Aurélio Souza, da Rede Globo, que estava transmitindo ao vivo o jogo e percebeu que eu estava narrando para o Nickollas. Então, no intervalo, ele se aproximou e perguntou se eu estava narrando o jogo, se o Nickollas tinha alguma deficiência porque estava demonstrando isso. Eu disse que sim, que ele era cego, autista, e que era comum estarmos ali no estádio. Logo que voltou a partida, o narrador Cléber Machado, conversando com Marco Aurélio, contou sobre a cena que tinha visto e então não se falou mais da partida de Palmeiras e Corinthians. No outro dia, a mídia nacional e internacional começou a nos procurar para saber quem era aquela mãe que estava narrando o jogo para o filho Nickollas. Isso teve uma repercussão muito grande. Fiquei até um pouco assustada, porque passei a noite recebendo mensagens do mundo inteiro, de todos os jornais. Grandes jornais esportivos estavam querendo saber a nossa história. Pensei que seria uma coisa rápida, que teria um fim. Entretanto, teve uma re-
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CONTEÚDO COMPARTILHADO INCLUSÃO SOCIAL
percussão tão grande que depois de dois anos viemos a receber o título como maior torcedor do mundo pela FIFA. Eu digo que é graças ao Marco Aurélio porque ele nos viu como o Nickollas nos vê, com o coração.
Caco da Motta (Florianópolis) - De que forma essa visibilidade, este prêmio da FIFA e a repercussão toda contribuíram para que você carregasse a bandeira da acessibilidade, da deficiência, até a gestão pública em uma cidade tão importante como São Paulo? Era uma trajetória natural na sua visão, ou este fato impulsionou a sua posição de liderança neste setor?
Silva Grecco (São Paulo) - Eu tenho dois filhos: a Márjori, filha biológica e o Nickollas, filho nascido do coração, embora eu não goste de rotular porque o amor é o mesmo. Desde a chegada do Nickollas em nossas vidas, já comecei a trabalhar mesmo com a causa.
Participei de várias discussões para a elaboração da Lei Brasileira de Inclusão. Já havia trabalhado nesta secretaria que estou hoje em duas gestões como assessora. Eu já estava envolvida diretamente na causa. Lógico que com uma bandeira pensando nos direitos do meu filho, como uma mãe que luta muito pelos direitos de seu filho com deficiência. Mas eu não tenho dúvida de que a visibilidade facilitou para eu poder assumir essa cadeira. Porém,
por outro lado, também é uma responsabilidade muito maior, porque aí não é só a gestora, é a mãe. As coisas se complementam, mas também aumenta muito a responsabilidade de assumir um cargo público trabalhando com políticas públicas. Aquilo que eu sempre lutei, hoje estou aqui sentada para poder resolver muitos problemas numa cidade como São Paulo. É um desafio gigantesco, mas a vontade de fazer eu acredito que seja ainda bem maior.
Ari Pellicioli (Porto Alegre) - Como você enxerga a inclusão social das pessoas com deficiência no Brasil? Quanto que a gente precisa evoluir para que se mude a cultura e tenha uma maior adesão?
Silva Grecco (São Paulo) - Você falou tudo: mudar a cultura. Quando eu olho para trás, eu vejo que nós conquistamos muito. Quando eu olho para frente, eu percebo que nós temos muito para conquistar e mudar mesmo a questão cultural. As pessoas se preocupam muito quando falam, por exemplo, de acessibilidade, em falar de uma acessibilidade arquitetônica: precisa de calçada, precisa de rampa, precisa de banheiro acessível. O que é extremamente importante, mas não é só isso. A acessibilidade vai muito além, como a acessibilidade comunicacional, atitudinal. Hoje, a questão digital tem ferramentas importantíssimas para inserir as pessoas na sociedade. Quanto à
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questão de empregabilidade, nós temos cotas para serem cumpridas. Entretanto, queremos muito que não seja mais uma obrigação e sim uma oportunidade igual para todas as pessoas. E quando eu falo de pessoas, eu acho que é um termo muito especial de dizer por que é a pessoa com deficiência, a pessoa vem antes da deficiência, é um sujeito de direitos. Então não pode ter dó, piedade, "coitadinho". Tem que dar respeito e oportunidade para essas pessoas. Vejo que nós conquistamos muito, mas temos muito a conquistar. Ainda temos aquela cultura de entrar na vaga da pessoa com deficiência dizendo que é só um minutinho. Aquele minutinho pode ser um transtorno para aquela pessoa que precisa estacionar o carro. Tem que mudar culturalmente, não só a questão de políticas públicas, mas a sociedade de um modo geral tem que dar oportunidade igual para a pessoa com deficiência. Antigamente, as famílias ficavam um pouco escondi-
das e não apareciam tanto. Então, acho que essa foi uma surpresa quando eu narrava os jogos lá no estádio. Porque o Nickollas nunca sofreu preconceito, porém, quando deu toda essa repercussão mundial, muitos diziam assim: não é mais fácil ficar em casa com TV, radinho, fone de ouvido? Eu não estou procurando aquilo que é mais fácil. Estou procurando aquilo que deixa o meu filho feliz e que ele esteja incluído na sociedade. É uma união de esforços para que a gente torne o Brasil uma referência na questão da inclusão, porque ela deveria ser um direito natural da pessoa com deficiência. A nossa luta, a nossa bandeira, continua firme e forte para que a gente possa conquistar mais direitos e não perder os direitos conquistados também.
Caco da Motta (Florianópolis) - O que tem acontecido de políticas públicas, de evolução, podes dar alguns exemplos? Não sei se a senhora concorda, mas muitos de nós,
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Silvia Grecco narrando um jogo de futebol para seu filho Nickollas. Fonte: site Torcedores.
INCLUSÃO SOCIAL
pessoas sem deficiência, estamos excluídos da realidade das pessoas com deficiência. São duas vias.
Silva Grecco (São Paulo) - Aprópria existência da lei de inclusão fez com que houvesse várias mudanças e quebra de paradigmas e barreiras atitudinais. Foi um avanço grande. Agora, as políticas públicas precisam ser mais efetivas. Por exemplo, não dá para falar de educação sem falar de uma educação inclusiva em que a pessoa com deficiência possa frequentar a mesma sala de aula, com as mesmas condições, ferramentas, com toda a equipe educacional preparada para isso. Então, nós temos que cada vez mais capacitar os profissionais para poder receber os alunos com deficiência. São alunos, são estudantes, isso vem antes da deficiência. Hoje, nós temos ferramentas legais para proporcionar. Mas nem sempre o fato de existir uma lei significa que ela está sendo respeitada e executada. Então, por isso que cabe a nós, com políticas públicas, cada vez mais, cobrar e fazer com que isso seja efetivado. A nossa secretaria, por exemplo, aqui em São Paulo, é uma secretaria meio. Ela é uma secretaria que trabalha com todas as demais secretarias. Temos orçamento específico, mas temos serviços que a gente trabalha em comum com todos. Não dá para falar, por exemplo, de cultura, se não pensar na pessoa com deficiência, no palco e na plateia. Todos precisam ter
os mesmos direitos. Então eu entendo que a Lei Brasileira de Inclusão foi um avanço, pois percebo que aqui na cidade de São Paulo ela serve de referência para muitas outras cidades e até estados que vêm até nós para poder aprender um pouco, porque aqui começou bem antes, antes de existir a secretaria. Há 30 anos, já existia na cidade de São Paulo uma comissão permanente de acessibilidade que discutia a questão da acessibilidade na cidade. Depois aconteceu a criação da secretaria, do selo de acessibilidade, arquitetônica e digital. Nós estamos assim, um passo à frente em muitas questões. Então, que sirva de exemplo para que outras cidades possam buscar aqui a nossa expertise e implementar em todo o país. Se uma cidade como São Paulo tem dificuldades, em algumas regiões a própria questão da acessibilidade arquitetônica deve ser nula. Não tem o direito de ir e vir, uma cadeira de rodas,
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Silvia Grecco entregando o Selo de Acessibilidade para a Japan House São Paulo. Fonte: site da Secretaria Municipal da Pessoa com Deficiência de São Paulo.
ou até para adquirir essa cadeira de rodas. Muito bom o que você falou. É uma via de mão dupla, tem que pensar assim e você também deve se sentir incluído na questão da pessoa com deficiência. Para mim até fica mais fácil, porque no meu dia a dia eu convivo. Eu aprendo muito mais com o Nickollas do que ele comigo. Diariamente, é um aprendizado, tanto na questão da deficiência visual, como do autismo. São duas deficiências totalmente diferentes, mas no dia a dia elas acabam se complementando. Ele precisou aprender a conviver com as duas. Eu aprendo todos os dias com ele.
Ari Pellicioli (Porto Alegre) - Qual é o papel do setor privado na inclusão social e no mercado de trabalho? Em São Paulo sabemos que existem algumas legislações quanto a isso. Como podemos evoluir?
Silva Grecco (São Paulo) - Na cidade de São Paulo nós temos cerca de 1 milhão de pessoas com deficiência. Quando a gente fala de empregabilidade não podemos esquecer que eles também são consumidores em potencial. Então, quando uma empresa também investe em ferramentas para que esse consumidor possa comprar o seu produto, frequentar, por exemplo, um restaurante ou um teatro, isso traz um número grande de consumidores. As empresas precisam pensar que não é simplesmente fazer uma rampinha ou
ter um banheiro acessível para receber o funcionário. Como eu disse no início, a acessibilidade é muito mais que isso. É atitudinal, é se colocar também no lugar do outro. É comunicacional. Eu contrato uma pessoa com deficiência auditiva, como vai ser o relacionamento com ela? Temos várias ferramentas importantes de tecnologia assistiva. Então, cumprir cota é o básico. É preciso dar oportunidade, porque as pessoas têm o mesmo potencial. Tem que buscar talentos, não simplesmente colocar ali num setor para separar uma pasta, trabalhar no arquivo. Tem que dar oportunidade igual. Nós temos muitas pessoas formadas, universitários. Aqui na secretaria, por exemplo, nosso procurador, é uma pessoa cega de nascença e ele passou no concurso público aqui no município de São Paulo em terceiro lugar. Ele veio com cão guia trabalhar. Ele nem é da cidade de São Paulo, veio do interior e mora sozinho. Se vira com transporte público. Temos que incentivar que as empresas possam dar empregabilidade para essas pessoas. Aqui nós temos um programa que se chama Contrata SP. Nós fazemos no ano várias edições de feiras de empregabilidade para poder buscar a vaga já com o perfil da pessoa. Mas eu não deixo de falar sempre da questão comercial. Por exemplo, um cego entra para uma loja de material esportivo para comprar um tênis. Como que aquele funcionário vai che-
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INCLUSÃO SOCIAL
gar e oferecer o tênis? Além de falar o preço, ele precisa falar o material, a cor, ver se é o que a pessoa está buscando. Essa pessoa, se for bem tratada, ela volta para consumir naquele mesmo lugar porque ali teve uma questão atitudinal importante para o seu dia a dia, para sua vida.
Caco da Motta (Florianópolis) - Existem muitos projetos de inclusão na área esportiva?
Silva Grecco (São Paulo) -AParalimpíada é um evento mundial e as pessoas se surpreendem com a capacidade dos atletas. E não é só uma questão de superação, é uma questão de as pessoas terem a oportunidade de serem treinadas. O esporte transforma a vida das pessoas, totalmente. Tanto da arquibancada como na prática esportiva. Aqui na cidade de São Paulo tem o Centro Paralímpico Brasileiro que é referência. Vêm pessoas do mundo inteiro para treinar ali. Aliás, eu e o Nickollas somos padrinhos da Apadevi, que é uma instituição de jogos de futebol 5 para cegos de Campina GrandePB. Nós precisamos incentivar muito as atividades esportivas. Aqui na secretaria temos uma parceria gigantesca com a Secretaria de Esporte, com diversas atividades. Eu vi uma apresentação de skate de um rapaz que era cego e não acreditei. Sabe que na equipe do Palmeiras feminino, a gente tinha a Stefany, uma jogadora que é
surda. Eles fizeram uma adaptação, era tudo uma combinação entre todos porque ela não ouvia o apito. Como seria essa comunicação para ela saber, por exemplo, que era uma falta. Então é assim, todo mundo se unindo e buscando formas para que essas pessoas sejam integradas e incentivadas ao esporte, porque o esporte é transformador. Com ele se aprende a trabalhar em equipe e é importante porque, normalmente, a deficiência torna a pessoa um pouco solitária, principalmente naquelas famílias que acabam deixando a pessoa com deficiência em casa, ao invés da rua. Assim como eu disse que na cultura a gente precisa colocar as pessoas com deficiência no palco e na plateia, no esporte também precisamos colocar na arquibancada e nas quadras. É fundamental incentivar políticas públicas na área esportiva e buscar talentos que vão trazer cada vez mais medalhas para o Brasil nas Paralimpíadas. O Brasil é um sucesso nas Paralimpíadas mais que nas Olimpíadas.
Ari Pellicioli (Porto Alegre) - A gente fica muito lisonjeado em ter você aqui conversando com a gente sobre esse tema que é emocionante. Quem teve a oportunidade de assistir nos canais do YouTube um pouco dessa história do prêmio da FIFA viu como é emocionante, é de bater o coração muito forte.
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Silva Grecco (São Paulo) - Padrão FIFA é padrão Fifa. Nem nos meus melhores sonhos imaginei chegar na Itália e apresentar tantas celebridades para o Nickollas.
Caco da Motta (Florianópolis)Quem ele conheceu, Silvia?
Silva Grecco (São Paulo) - Nós recebemos o prêmio e logo em seguida aparece aquela fila de jogadores. Nós estávamos nos bastidores quando eles estavam prontos para entrar. E aí, quando o Alisson e o Marcelo, que também faziam parte, nos viram, eu pedi para tirar uma foto. O Marcelo disse: "De jeito nenhum, quem quer tirar foto aqui somos nós.". Imagina na hora que o Messi chega perto? Eu fiquei muito feliz, mas a emoção do meu filho não tem preço, devo essa ao Marco Aurélio pelo resto da minha vida. Além disso, teve o meu discurso. Eu confesso que eu não sabia que eu teria que
falar. Na hora em que recebi o prêmio e a moça me apontou o microfone, meu joelho batia um no outro. Eu sempre dou o meu braço para o Nickollas como apoio e naquele momento eu segurei no braço dele. Falei “e agora, o que eu faço?”, falar para o mundo todo, o mundo do futebol. Mas ali eu realmente deixei falar a voz do coração e deixei o recado de que a pessoa com deficiência precisa ser amada, respeitada e incluída. Foi uma oportunidade única e até hoje temos contato com a FIFA, eles convidam para eventos, já participamos de reunião para falar sobre estádios acessíveis no mundo. A nossa história continua reverberando para falarmos sobre a causa para o mundo inteiro. Isso é o que mais importa.
Caco da Motta (Florianópolis) - O Prêmio Puskas, de maior gol da temporada de 2022, foi para um jo-
INCLUSÃO SOCIAL CONTEÚDO COMPARTILHADO
Silvia e Nickollas Grecco durante o Prêmio FIFA. Fonte: site UOL.
INCLUSÃO SOCIAL
gador que teve a perna amputada em um acidente de carro. Marcin Oleksy, da Polônia, fez um gol de bicicleta com a muleta. Assim, já vemos a questão da inclusão no prêmio Puskas, que é o gol mais bonito da temporada. Ele ganhou de golaços como o do Richarlison, do Brasil, na Copa do Catar.
Silva Grecco (São Paulo) - O futebol de amputados aqui na cidade de São Paulo é muito interessante. Tem equipe aqui na cidade e é o máximo. Gostei muito de saber que a FIFA deu este prêmio. Quando todos imaginavam qualquer outro gol, o dele foi escolhido.
Ari Pellicioli (Porto Alegre) - Qual é a mensagem que você gostaria de dar para as pessoas que estão acompanhando a entrevista e têm interesse em promover a inclusão social na sua cidade, na sua comunidade?
Silva Grecco (São Paulo) - Quando eu disse que eu aprendo muito mais com meu filho do que eu ensino, é uma realidade. Na época da pandemia aconteceu um fato muito marcante para mim, é uma mensagem que eu gosto de contar para as pessoas. Houve aquele caso de racismo com o George Floyd. Nós estávamos confinados na pandemia. O Nickollas é muito atento a tudo o que ele ouve de reportagens. Ele mesmo questionou o que estava acontecendo, sobre o que se tratava. Foi uma saia justa na minha vida. Co-
mo eu iria explicar ao meu filho que nasceu cego, o que é uma questão de racismo? A intolerância, o desamor, que hoje ainda existe na humanidade de pessoas que têm esse tipo de atitude em relação a isso e até em relação a pessoa com deficiência. Eu precisei respirar para poder explicar para ele do que se tratava. Foi uma lição de que talvez a humanidade precise enxergar com os olhos do coração, como ele enxerga. Para ele não existe o branco e o preto, o gordo e o magro, o homem e a mulher. Existem pessoas que tratam bem e que têm uma outra forma de aproximação com ele. É assim que ele enxerga as pessoas. É isso que a humanidade precisa, enxergar como ele enxerga, com o coração. Se fosse assim, tenho certeza de que hoje não precisaríamos falar sobre inclusão. Seria uma coisa natural na sociedade. Essa é a mensagem que gostaria de deixar como um grande aprendizado.
CONTEÚDO COMPARTILHADO
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Silvia e Nickollas Grecco em visita à Academia do Futebol do Palmeiras. Fonte: site do Palmeiras.
Inclusão Social
Uma lição de amor e inclusão: é preciso enxergar o mundo com o coração
Entrevista disponível em formato de vídeo e áudio em:
Silvia Grecco é Secretária Municipal da Pessoa com Deficiência - São Paulo.
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Serviços Compartilhados
CSC e o impacto na eficiência operacional
Ari Pellicioli, CEO da ConsulPaz, entrevista Adilson Neuhaus, diretor de serviços compartilhados da UnidaSul. Com formação em administração de empresas, MBA em gestão empresarial pela FGV e Extensão em Finanças pela UFRGS, o executivo começou a sua trajetória profissional nas áreas financeira e contábil, com experiência em empresas como o Grupo Gerdau e a Vivo.
Adilson tem uma visão interessante sobre os desafios e benefícios da implantação de um modelo de serviços compartilhados nas organizações, pois faz questão de destacar o papel importante das pessoas nos processos. Mesmo num ambiente com sistemas automatizados, enfatiza como é fundamental o engajamento dos profissionais. A entrevista também pode ser acompanhada na íntegra em formato de podcast nas plataformas de streaming de áudio e em vídeo no canal do Youtube da ConsulPaz.
ADILSON NEUHAUS Diretor de Serviços Compartilhados
9 minutos
ENTREVISTA
Ari Pellicioli (Porto Alegre) - Adilson, você poderia compartilhar conosco um pouco sobre sua experiência profissional? Como chegou à posição de diretor de serviços compartilhados da UnidaSul e quais os processos de sua responsabilidade, só para termos uma visão da envergadura?
Adilson Neuhaus (Porto Alegre) - Eu sou formado em administração de empresas pela Universidade Luterana do Brasil e fiz um MBA em gestão empresarial pela Fundação Getúlio Vargas, além de uma extensão em finanças pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Minha carreira foi pautada especificamente nas áreas financeira e contábil. Comecei na administração de uma loja de tecidos tradicional em Porto Alegre, onde tive o primeiro contato com a parte contábil e financeira de uma empresa. Depois, recebi uma oportunidade interessante no Grupo Gerdau, onde participei de processos bem definidos, alinhados e com indicadores de controle nas áreas financeira e contábil. Foi um aprendizado bastante interessante para a minha carreira. Logo após a privatização da telefonia no Rio Grande do Sul, recebi um convite da Celular CRT para montar uma área de gestão de contratos de toda a companhia, onde aprendi a centralizar atividades e adotar procedimentos padrão de processos. A empresa se transformou na Vivo, onde assumi a gerência
financeira da companhia no Rio de Janeiro por três anos. Depois, fui diretor nacional de risco e crédito da companhia, tendo mais uma vez uma boa experiência com a centralização de processos. Por questões pessoais, voltei para o Rio Grande do Sul, onde assumi a gerência financeira da UnidaSul, seis meses após a união de duas empresas familiares supermercadistas. Depois de dois anos, fui convidado a assumir a diretoria administrativa, que contempla até hoje toda a parte financeira, controladoria, TI, Recursos Humanos, benefícios, Departamento Pessoal, assessoria jurídica e segurança patrimonial.
No ano passado, iniciamos dois projetos correlatos: o programa PRIUS, que é a implantação de um novo ERP, e um trabalho de governança corporativa, em que revisamos toda a parte estrutural e societária da companhia, incluindo o organograma. Como resultado, minha função se transformou em diretor de centro de serviços compartilhados, o que me encanta bastante porque tem muitos desafios a serem desenvolvidos daqui para frente.
Ari Pellicioli (Porto Alegre) - Na sua opinião, qual valor o modelo de Serviços Compartilhados gera para as empresas? Pode ser considerado como um parceiro de negócios?
Adilson Neuhaus (Porto Alegre) - Nós estamos em um mercado cada vez
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SERVIÇOS COMPARTILHADOS
mais competitivo em todos os segmentos. Todos nós sabemos que as empresas que sobrevivem e vão sobreviver são aquelas que efetivamente vão trabalhar nos seus processos. Pensando no nosso ramo supermercadista, estamos enfrentando muita concorrência nos últimos anos. São concorrentes que vêm de fora, inclusive de fora do Estado. Existem algumas leituras para se fazer. Primeiro: aqui no Estado tem muita oportunidade ainda para crescer. Segundo: Além de olhar para fora, tenho que olhar para dentro. Então, preciso ser muito eficiente porque o cliente está lá na porta do meu supermercado tomando a decisão. Eu entro ou não entro? Ou entro na porta do vizinho? Primeiro, preciso fazer com que o cliente entre, tenha uma boa experiência de compras e que ele retorne. Como é que eu faço isso? Como é que eu meço essa experiência dele? Com dados. Como é que eu vou capturar esses dados? A nossa rede tem 45 unidades. Imagina se eu tivesse que capturar os dados loja por loja. Quanto tempo levaria? Se tenho esses dados consolidados dentro de um CSC, tenho uma informação mais rápida, mais assertiva. Me proporciona tomar uma decisão mais rápida também. Então, sim, o CSC é um parceiro de negócios da companhia. Ele tem que ser encarado dessa forma, pois agiliza a informação e a tomada de decisão. Outro ponto: Com 45 unidades, se cada processo administrati-
vo é desenvolvido nas lojas, cada unidade pode fazer do seu jeito e aí nós não temos uma padronização. Ou seja. se não tem uma padronização de processos, não tem padronização de informação e, assim, também não tem padronização de decisão. Então, isso torna o CSC estratégico e importante para toda a companhia.
Ari Pellicioli (Porto Alegre) - Considerando a implantação do SAP S/4Hana na UnidaSul e as iniciativas de Serviços Compartilhados, na sua opinião, qual dos três pilares - processos, pessoas ou tecnologia - deve receber maior atenção das lideranças para garantir a sustentabilidade do crescimento da empresa?
Adilson Neuhaus (Porto Alegre) - Os três pilares são muito importantes e nenhuma empresa sobrevive sem um de-
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les. Não tem jeito. Entretanto, no meu entendimento, as pessoas são o mais importante desse processo. Em tecnologia, não adianta ter um S4/Hana, totalmente automatizado, gerando dados, se não tiver pessoas treinadas e capacitadas para analisar os dados e informar os dados para os executivos, para os estratégicos, para tomada de decisão. O sistema te informa os dados, mas quem vai trabalhar com esses dados são as pessoas.
A mesma coisa para os processos. Não adianta ter um processo muito bem definido, um fluxograma bem detalhado, uma apresentação, se não tiver as pessoas para executar bem feito. Então, tem que ter pessoas capacitadas, treinadas e engajadas. Principalmente, engajadas para fazer com que os processos rodem da melhor forma possível. Esse é o diferencial das empresas e essa é uma dificuldade também. No nosso setor, temos uma dificuldade bastante grande de mão de obra. Imagina uma empresa como a nossa, com praticamente oito mil funcionários, em quarenta e cinco locais diferentes. Então, a informação tem que chegar na ponta, em cada um dos oito mil funcionários para que o processo que foi definido rode da melhor forma possível e o próprio sistema também.
Ari Pellicioli (Porto Alegre) - O modelo de Serviços Compartilhados tem como foco garantir padronização e o
SERVIÇOS COMPARTILHADOS
compliance, e isso acontece através do uso de tecnologia, do controle de indicadores. Acredito que muda até um pouco a cultura de prestação de serviços para as áreas de negócios.
Adilson Neuhaus (Porto Alegre) - Muda totalmente a cultura da companhia em todos os níveis da organização. Partindo do Conselho de Administração, até o empacotador, a operadora de caixa. Muitas vezes, pode-se ter uma percepção equivocada, em um primeiro momento, de que a centralização de determinadas atividades vai engessar o processo. Ou aquela sensação de perder a autonomia: "Vai engessar o meu processo, não vou conseguir ter informação em tempo hábil". Pelo contrário, pois à medida que a gente vai centralizando e padronizando determinadas atividades, começamos a ter um padrão de informação e eliminamos aquelas duplicidades. Já passei por reuniões com diretores em que um apresenta um número e o outro contesta. Quando você padroniza a informação através de uma área centralizada em um CSC, é inquestionável porque já passou por todas as etapas de compliance, de checagem e aquela informação é verdadeira. Assim, você consegue tomar uma decisão mais assertiva.
Ari Pellicioli (Porto Alegre) - Traz maior visibilidade, esse é o grande ponto. Traz a visibilidade para que a gente tenha um fato e o dado quanto
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à qualidade de serviços, a volumetria. Então, assim, coisas que de certa forma dificultam para quem não tem esse modelo implementado.
Adilson Neuhaus (Porto Alegre) - E quando você começa a trazer informações mais estruturadas, essa percepção inicial começa a cair por terra, porque você começa a ter credibilidade na informação. Você estrutura muito bem os dados e não tem como contestar. Assim, as pessoas passam a ter mais segurança naquilo que está vindo de forma centralizada.
Ari Pellicioli (Porto Alegre) - A gente sabe que há uma mudança de cultura e de processos quando se implanta um ERP. Você acredita que esse modelo de Serviços Compartilhados contribui para a adesão das pessoas a este novo modelo de trabalho com a implantação de um novo ERP?
Adilson Neuhaus (Porto Alegre) –Aqui, eu tenho dito a todos que nós estamos passando por um processo de mudança de cultura. A mudança de sistema é a ferramenta que vai me proporcionar essa mudança de cultura. São duas ferramentas que nós trabalhamos. O SAP vai nos ajudar efetivamente a mudar a nossa forma de trabalhar. Somos uma empresa que, no final do ano de 2022, chegou a um faturamento de R$ 3 bilhões. Nós comemoramos muito o resultado. Porém, esses R$ 3 bilhões
têm que ser sustentável. E ele tem que ser sustentável através de um ERP robusto que é o SAP. Além disso, é importante ressaltar que a implantação de um sistema com novas funcionalidades e processos não é suficiente se as pessoas não estiverem engajadas com isso. O engajamento vem através da mudança de cultura, e sabemos que isso pode ser difícil, pois muitas vezes as pessoas têm receio de perder o controle sobre as atividades que já dominavam. Por isso, é essencial que cada um esteja engajado para que possamos ter sucesso. A comunicação sobre o projeto também é crucial e precisa alcançar cada um dos 8 mil funcionários da UnidaSul. Estamos trabalhando arduamente nessa premissa de comunicação para garantir que todos estejam cientes das mudanças e engajados no processo. Acredito que com uma mudança de cultura e um forte engajamento dos colaboradores, poderemos garantir o sucesso da implantação do nosso novo modelo de trabalho.
Ari Pellicioli (Porto Alegre) - Acompanhamos que a UnidaSul tem se preocupado muito com a comunicação, sendo transparente e visível em qualquer nova iniciativa para todos os públicos. A ConsulPaz tem apoiado a empresa e percebido que essa é uma cultura muito presente dentro da UnidaSul. No ano passado, tivemos a implantação de uma Central
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de Cadastros. Qual foi a motivação da UnidaSul para essa implementação e quais foram os desafios que o time e o próprio Adilson tiveram neste processo?
Adilson Neuhaus (Porto Alegre) - A Central de Cadastro realmente foi um desafio. E aí começou o início da mudança de cultura na companhia. Nós sentimos a necessidade da criação dessa central à medida que o projeto foi andando. Aprendemos como é que o SAP trabalha de forma integrada e percebemos a necessidade de criar essa central de cadastro. Com o mapeamento, começamos a perceber também que existia uma descentralização total com relação a isso. Tinha uma área que estava ligada inicialmente à área comercial. Ela focava muito mais no cadastro de produtos e fornecedores, mas tinha outras áreas que faziam o cadastro das suas necessidades. E
foi aí o início de uma mudança de cultura porque é no cadastro onde tudo começa. No momento em que você tiver um cadastro assertivo, a tendência do processo andar de uma forma mais tranquila é muito maior. Percebemos que nós tínhamos muitas divergências em termos de dados. Conseguimos atravessar por essa etapa. Ainda tem alguns ajustes a fazer, mas nós já tivemos um grande ganho nesta centralização, mesmo que ainda a gente não tenha virado a onda 1 do SAP. Mas já tivemos um ganho muito significativo, principalmente, em padronização de dados. Dados como um todo: dado aos fornecedores, de produtos, mercadorias, clientes. Tivemos aí também alguns embates, em algumas áreas. "Agora, estou perdendo meu poder de cadastrar o meu fornecedor, meu cliente". A gente conseguiu reverter também esse pensamento inicial. Hoje, se nota que a
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informação está mais correta e depois que a informação é mais eficiente e mais rápida. Se imaginava que iria demorar muito para fazer um determinado cadastro de um cliente ou de um produto e isso, de fato, não ocorre. Aliás, nós criamos indicadores dentro dessa central para que a gente possa adotar sempre o trabalho de melhoria contínua. Então, alguns indicadores ali nos permitem analisar como é que está o tempo de resposta, a quantidade de itens que se cadastra, qual o motivo, se houve erros e onde podemos corrigilos. Foi um ganho bastante grande e toda a companhia já percebeu os ganhos com a centralização.
Ari Pellicioli (Porto Alegre) - Com base em todas suas experiências, o que você deixaria de recomendação para as empresas que estão avaliando a implementação desse modelo de Serviços Compartilhados - CSC?
Quais foram as lições aprendidas?
Adilson Neuhaus (Porto Alegre) - Primeiramente, Ari, não pode faltar um planejamento muito bem feito. Não importa o tempo que leve, o mais importante é planejar e ver quais as etapas efetivamente precisamos elaborar. O segundo ponto importante é o engajamento das pessoas. Fazer com que as pessoas entendam qual é o objetivo da implantação de um CSC. Quais são os benefícios, o que vai agregar de valor para a empresa e para os funcionários
também. Assim, para que as pessoas saibam disso, é necessário que tenha uma comunicação assertiva, ou seja, a informação tem que chegar lá na ponta. As pessoas precisam saber do projeto, para que serve o projeto, de que forma eles serão afetados e de que forma poderão contribuir. O terceiro ponto é o treinamento. A capacitação é muito importante. É preciso ter ferramentas para fazer com que 100% dos funcionários sejam treinados. Mesmo aqueles que por ventura participarão remotamente de um determinado processo. Por último, é importante estabelecer os indicadores na área. Se não tem a medição, não tem condições de tomar a ação. Então, tem que estabelecer indicadores para que você possa também rodar o PDCA (Planejar, Executar, Verificar e Agir). Esse é o recado que eu posso dar para as empresas. E não tenham medo porque, muitas vezes, as empresas podem não implantar por achar que algum determinado processo pode se perder. Não se perde, se qualifica.
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CSC e o impacto na eficiência operacional
Entrevista disponível também em formato de vídeo e áudio em:
Adilson Neuhaus é Diretor de Serviços Compartilhados na UnidaSul.
Você pode acompanhar Adilson no LinkedIn.
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O PAPEL DA GESTÃO DA MUDANÇA NA IMPLANTAÇÃO DE TECNOLOGIAS
A importância e o papel da Gestão da Mudança em processos de transformação digital nas empresas é cada vez mais evidente para as lideranças. Empresas de todos os tamanhos e segmentos já passaram, estão passando ou irão passar por um projeto de atualização e/ou implantação de novas tecnologias. Para se adaptarem às constantes mudanças do mercado, é preciso investir em ferramentas que apoiem de forma mais eficiente, integrada e segura, as áreas de negócio. Assim, é possível otimizar a execução das atividades e alavancar a gestão dos processos.
Dessa forma, gradativamente, através das lições aprendidas de implementações anteriores, ficou clara a importância de se conduzir um processo estruturado de Gestão da Mudança. Existem inúmeros relatos de implementações que tiveram baixa adesão na utilização das funcionalidades disponibilizadas aos usuários. Ou seja, mesmo investindo em uma tecnologia de ponta, os resultados não foram positivos. Por outro lado, vemos relatos positivos de empresas que utilizaram a Gestão da Mudança como apoio e aliada na condução da sua jornada de transformação.
ARTIGO
8 minutos
Ari Pellicioli Sócio da ConsulPaz
Por Ari Pellicioli
ARTIGO
Mas afinal, o que é a Gestão da Mudança, para que serve e como ela contribui para a implantação de novas tecnologias e sistemas?
A definição e o papel da Gestão da Mudança
Gestão da mudança é um processo estruturado e planejado que visa gerenciar as mudanças em uma organização. Isso é feito através de metodologias, ferramentas e abordagens, para ajudar os indivíduos, equipes e a organização como um todo a se adaptarem às mudanças.
A gestão da Mudança proporciona ampliar as chances de os resultados esperados serem atingidos ou superados, através de ações de gestão do fator humano.
Ela é uma parte essencial do proces-
so de implementação de novos sistemas ou tecnologias, pois a mudança geralmente afetará a maioria dos aspectos da organização, referente ao modo de ser e fazer.
Principais contribuições da Gestão da Mudança
Destacamos como principais contribuições que fazem parte do escopo das ações de Gestão da Mudança:
1. Engajar as lideranças para assumir o protagonismo de serem os principais agentes de mudanças junto as suas equipes;
2. Identificar e apoiar na condução de ações para mitigação dos impactos organizacionais decorrentes das mudanças dos processos durante a implantação do novo sistema ou tecnologia;
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3. Alinhar a cultura organizacional com o novo sistema, garantindo que a mudança seja aceita e incorporada à cultura da organização de maneira efetiva.
4. Garantir uma comunicação de forma clara e constante, sobre os motivos da mudança, os benefícios do novo sistema e a forma como a mudança afetará os colaboradores, a empresa e os fornecedores externos;
5. Aumentar a aceitação do sistema pelos usuários, tendo em vista que uma das maiores barreiras para o sucesso da implantação de novos sistemas é a resistência, geralmente natural e faz parte dos estágios da mudança, quando ainda se tem o desconhecimento de como será o novo;
6. Elaborar uma estratégia e metodologia para a execução das capacitações que contemplem a melhor forma de absorção do conhecimento pelos usuários ;
7. Mensurar o nível de prontidão da organização para a mudança através de pesquisas e apresentações de indicadores de gestão;
8. Assegurar a saúde física e
emocional dos times envolvidos no projeto através de ações estruturadas durante as fases de execução da implementação;
9. Maximizar o uso pleno do sistema disponibilizado e a execução dos novos processos reduzindo a memória corporativa passada dos processos e sistemas descontinuados.
Pontos de atenção
Cabe ressaltar que as ações acima são alguns exemplos e não existe uma receita pronta para atender na plenitude todas as empresas. Isso porque sempre devemos elaborar as ações de acordo com a cultura organizacional e com a validação das principais lideranças para amenizar as dores da mudança e proporcionar os melhores resultados.
No entanto, é preciso ter atenção na fase de planejamento. O processo de implementação pode se tornar difícil e desafiador caso não sejam contempladas todas as frentes de trabalho, além dos responsáveis pelas atividades técnicas, de negócio e de gerenciamento para implantação, nas atividades de gestão das mudanças.
Para conhecer mais sobre este tema, entre em contato conosco!
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COLUNA Caco da Motta
A trajetória inspiradora do jornalista que virou empreendedor
Quem nasce comunicador, jamais deixa de ser comunicador. Nesta entrevista da coluna, converso com Edmilson Ortiz, que começou a carreira como jornalista e hoje comanda diversos negócios. Uma jornada que começa como estudante de jornalismo, que chega a uma Copa do Mundo como repórter até se tornar um empreendedor de sucesso. Foram 23 anos de carreira jornalística, sendo 21 anos na TV Globo no RS e SC. Como a experiência como profissional de comunicação o ajudou em sua carreira? Edmilson também fala de seus novos desafios, que incluem treinamento em comunicação, liderança e vendas, além de atuar até em um negócio diferente, de saúde e suplementos. Por fim, enfatiza a importância da autenticidade na comunicação, principalmente no mundo digital atual.
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Edmilson Ortiz Prehvenir Saúde Integral
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Caco da Motta (Florianópolis)Como a comunicação começou a fazer parte da tua vida como uma profissão, você sempre quis ser jornalista?
Edmilson Ortiz (Florianópolis)Meu pai era radialista, embora eu tenha pouca lembrança disso, mas hoje percebo que a paixão pela comunicação foi semeada naquela época, na infância. Quando se aproximava o vestibular cheguei a pensar em Direito, mas escolhi Jornalismo e fui estudar na Universidade Federal de Santa Maria. Anos depois, quando vim para a RBS TV de Florianópolis, tive que transferir e finalizar o curso aqui. Também foi uma ótima experiência porque aí já havia na Estácio de Sá disciplinas voltadas ao empreendedorismo na comunicação, o que foi muito importante na minha carreira.
Caco da Motta (Florianópolis)Como jornalista, cobriu Copa do Mundo, foi repórter, apresentador, gestor e agora é um empre-
endedor. Quais os aprendizados, os desafios. O que mudou?
Edmilson Ortiz (Florianópolis)Tenho convicção de que a experiência ampla e diversificada como jornalista é de extrema utilidade na vida como empreendedor. A comunicação é a força que impulsiona todos os relacionamentos, pessoais ou profissionais. Quando temos habilidades de comunicação bem desenvolvidas tudo flui com mais leveza nos desafios de gestão, de vendas, de consolidação de parcerias e da conquista de novas oportunidades. No meu caso ainda colho frutos de ter construído uma imagem pública, que facilita acesso a pessoas e eleva a credibilidade. Minha história na TV acaba sendo um grande atalho para estabelecer conexões de confiança também no mercado.
Agora, sobre o que mudou, a resposta poderia ser muito longa. Vou focar no essencial: o mundo mudou demais nos últimos anos e a adap-
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tabilidade nunca foi tão importante. No empreendedorismo, a dificuldade em se adaptar é fatal. Então, como empreendedor, eu descobri que a própria comunicação me ofereceu novos desafios. Como repórter ou apresentador nós apuramos informações e levamos ao público da forma mais compreensível e atrativa possível. Mas é sobre outros personagens. Hoje, como um treinador de comunicação e liderança, o que eu transmito num vídeo, por exemplo, expõe meus sentimentos e conhecimentos. Ou seja, o alcance é menor, mas na verdade a exposição é maior. Não é sobre um atleta, sobre um time ou sobre um evento esportivo que tem data de validade. Agora é sobre a forma como eu quero impactar as pessoas. Nesta perspectiva tudo mudou!
Caco da Motta (Florianópolis)Quais são teus negócios hoje e que outras habilidades desenvol-
veu além da comunicação?
Edmilson Ortiz (Florianópolis)Hoje, eu tenho basicamente três atuações profissionais. Duas delas digamos que são conectadas mais diretamente com minha carreira jornalística. A outra surpreende as pessoas. Já falo sobre ela. Bom, desde 2013, quando eu ainda estava na TV, comecei a fazer várias formações na área de desenvolvimento humano, como Constelações Familiares e Comunicação Não Violenta, mas inicialmente sem pretensões profissionais. Hoje, estas e outras formações são conhecimentos decisivos nos meus treinamentos e mentorias de Comunicação, Liderança e Vendas. Dou imersões em grupo ou individuais, trabalhando a autoconexão para que as técnicas de comunicação sejam mais efetivas e sustentáveis. Também já dei aula de pós-graduação e hoje estou concluindo uma pós em
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Neurociências, Psicologia Positiva e Mindfulness. O segundo ramo de atuação é que ainda apresento vídeos para empresas e eventos, inclusive como celebrante de casamento, um desafio que me deixou encantado. A outra atividade costuma surpreender porque aparentemente não tem conexão direta com minha história, mas tem sim. Sou proprietário da Prehvenir Saúde Integral, uma clínica com serviços como Naturopatia e Acupuntura, além de sermos distribuidores de suplementos nutricionais com biotecnologia japonesa, da Anew. Esta marca japonesa eu conheci ainda na adolescência, numa palestra, e indiquei à minha mãe. Ela se tornou consultora, depois abriu uma distribuidora e há cinco anos fizemos a sucessão.
Caco da Motta (Florianópolis)Qual a importância da comunicação na nova economia, cheia de transformação do mundo digital tanto para profissionais como para as empresas e para as pessoas mesmo em geral?
Edmilson Ortiz (Florianópolis) - Aí está um assunto complexo e necessário. Um dos pontos que eu faço questão de ressaltar é a necessidade de ter autenticidade. Basta observar as redes sociais, um universo de vidas editadas. No fim é o autêntico que se destaca. E ao se destacar é preciso estar preparado para as consequências que não são apenas positivas. Vivemos num mundo com ex-
cesso de opinião. Mesmo que chovam elogios, nunca foi tão desafiador lidar com as críticas. Mas não tem saída. Elas virão. Um profissional ou uma empresa em destaque jamais estarão imunes. Só os irrelevantes conseguem passar despercebidos.
Outra perspectiva que não podemos ignorar é que o autoconhecimento é cada vez mais necessário, a ponto de salvar vidas. Precisamos nos conhecer cada vez mais profundamente para sermos capazes de impor limites até a nós mesmos. Quem se perde de si mesmo corre sério risco de sucumbir às pressões de alta performance, de necessidade de aprovação e de autocobrança. Aí é caminho livre para a depressão ou a Síndrome de Burnout, esta epidemia silenciosa.
Caco da Motta (Florianópolis) - Fale mais sobre teus cursos e como as pessoas interessadas entram em contato?
Edmilson Ortiz (Florianópolis)Agradeço à ConsulPaz pelo carinho e pelo espaço . Estou à disposição para pessoas que querem desenvolver suas habilidades de expressão, relacionamento e liderança através da comunicação. Costumo dizer que minha missão é ajudar pessoas dispostas a estabelecerem conexões verdadeiras com elas mesmas e com os outros. Este mundo tão digitalizado precisa de menos opinião e mais acolhimento. Por isso, a maior habili-
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dade de comunicação é saber ouvir. Deixo um convite para me acompanharem e interagirem comigo no Instagram: @edmilsonortiz. A propósito, estou sempre abrindo novas turmas da imersão presencial em Comunica-
ção e Oratória Digital, ideal para quem quer ter mais impacto e autenticidade na sua comunicação por redes sociais. Forte abraço!
Caco da Motta é jornalista, especialista e mentor em comunicação criativa.
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