Ed 023_Jun a Jul 22_Conteúdo Compartilhado

Page 1


Atuamos através de uma Plataforma de Gestão e Serviços Empresariais, especializada na identificação de cenários e relações nas empresas, com soluções que vão desde o entendimento e desdobramento da estratégia, passa pelo desenho, redesenho, simplificação e otimização de Processos, pela implantação e revisão do modelo de gestão, incluindo Serviços Compartilhados (CSC), e a segurança que todas estas grandes transformações sejam tratadas com apoio da Gestão da Mudança e Prontidão Organizacional (GMO). Para o processo destas entregas contamos com um time de Sócios e Consultores, além de parceiros que complementam nossas entregas, aportando tecnologia e inovação.

SE RVIÇOS

PROCESSOS Desenho, redesenho e mapeamento de processos

CSC Projeto, Revisão e Implantação de Serviços Compartilhados

AVAMA Matriz de Avaliação de Maturidade dos Processos

GMO Gestão da Mudança e Prontidão Organizacional

APOIO A IMPLEMENTAÇÃO DE ERP'S Do mapeamento à jornada de transformação organizacional

ESCRITÓRIOS PORTO ALEGRE / RS (51) 3026 0070

contato@consulpaz.com consulpaz.com

SÃO PAULO / SP (11) 2348 5395 2


EXPEDIENTE

A Revista Conteúdo Compartilhado é uma publicação periódica, gratuita da consultoria ConsulPaz CGP Associates. Sua divulgação ocorre de forma digital e o acesso pode ser realizado internacionalmente. O conteúdo dos artigos e entrevistas de convidados é de responsabilidade dos autores e não reflete, necessariamente, a opinião da empresa.

Idealização Eden Paz Presidente do Conselho e Sócio-Fundador da ConsulPaz

Colaboração Ari Pellicioli CEO e Sócio da ConsulPaz

Caco da Motta CEO Caco da Motta Comunicação

Camila Monteiro Mentora, educadora especial e criadora do Blog e do Canal no Youtube "Tu Viu?"

Diagramação e Criação Juliana Corrêa

Daniela Araújo

Comunicação, Marketing ConsulPaz

Head do CSC Nestlé no Paraguai

Fabio Pesaro

Jornalista Editor Responsável

Sócio e Head de Pessoas da ConsulPaz

Caco da Motta CEO Caco da Motta Comunicação Registro Profissional 7220/91/RS

Guilherme Gondim Comunicação e Marketing da ConsulPaz

Joana Sopper

Edição de Áudio e Vídeo

Sócia-Consultora da ConsulPaz

Von Braun

Luciana Cattony Cofundadora da Consultoria Maternidade nas Empresas

Staff

Pietro Martins

Guilherme Gondim

Professor e Desenvolvedor Blockchain na GoBlockchain

Comunicação e Marketing ConsulPaz

3


CON TEÚ DO

05 | CARTA AO LEITOR 06 | CSC E PROCESSOS Desafios de CSCs globalizados. Entrevista com Daniela Araújo.

NOTÍCIAS | 37

16 | ESG E PESSOAS

Novos projetos.

Nasce uma mãe, nasce uma líder. Entrevista com Luciana Cattony.

ARTIGO | 38 Marketing: a arte de criar valor real para os clientes. Artigo de Guilherme Gondim.

26 | CONSULPAZ NO CALDEIRA Ações e iniciativas Instituto Caldeira.

COLUNA CACO DA MOTTA | 42

28 | TECNOLOGIA E INOVAÇÃO

A importância da acessibilidade na comunicação. Caco da Motta entrevista: Camila Monteiro.

Oportunidades no Metaverso e na Web3. Bate-papo com Pietro Martins.

Clique nas páginas e acesse o conteúdo.

CONTEÚDO COMPARTILHADO

4


CARTA AO LEITOR

TRANSFORMAÇÕES E DESAFIOS NO MUNDO CORPORATIVO Não é segredo que o mundo está em constante transformação, porém, atualmente as novas tecnologias e inovações chegam cada vez mais rápido. Novos meios de comunicação e interação, novas pautas e até mesmo “novas realidades” vêm ganhando força, como o Metaverso, por exemplo. Nesta edição, buscamos entender algumas das transformações que estão acontecendo dentro do mundo corporativo. Relacionado ao tema de Serviços Compartilhados (CSC), tivemos o prazer de conversar com Daniela Araujo, Head do CSC Nestlé no Paraguai, que compartilhou conosco sua experiência liderando um CSC Global, frente às diferentes culturas dos mercados da América Latina, além dos desafios enfrentados para adaptar às novas tecnologias e inovações. Em relação ao mercado brasileiro, conversamos com Luciana Cattony, cofundadora da consultoria Maternidade nas Empresas, sobre a influência da maternidade na carreira das mulheres e como os temas parentalidade e equidade de gênero estão sendo tratados na gestão e cultura das corporações em nosso país. Globalmente, já vemos grandes empresas realizando investimentos significativos no Metaverso. Em um bate-papo muito informativo e esclarecedor com Pietro Martins, professor e desenvolvedor de aplicações blockchain, pudemos entender o cenário atual, quais são as possibilidades para o sistema financeiro e as oportunidades de negócio em diferentes setores da economia. Nessa edição, também abordamos outros temas fundamentais para as organizações. Em seu artigo, Guilherme Gondim, especialista em comunicação, marketing estratégico e inovação, descreve a importância do marketing para a geração de valor real para os clientes. Em sua coluna, Caco da Motta conversou com Camila Monteiro, criadora do Blog e do Canal no Youtube "Tu Viu?”, sobre a importância de uma comunicação inclusiva e acessível para pessoas com deficiência visual.

Quanto à ConsulPaz, nestes dois últimos meses, nos adaptamos às mudanças, tivemos importantes avanços em nossos projetos e conquistamos novos clientes, como a RHI Magnesita e o Grupo Herval. Você pode conferir os detalhes na seção de notícias dessa revista. Esperamos que aproveitem os conteúdos! Boa Leitura!

CEO e Sócio da ConsulPaz

5


CSC E PROCESSOS

ENTREVISTA

11 minutos

CSC Nestlé no Paraguai

Desafios de CSCs globalizados Daniela Araujo é psicóloga, dedicada à gestão de pessoas, atuando há mais de 20 anos como generalista de Recursos Humanos, dos quais 17 foram dedicados à indústria de Centro de Serviços Compartilhados/GBS. Vem aplicando abordagens centradas no cliente e em pessoas, promovendo transformação cultural e realizando gestão de mudanças tanto para as operações quanto para a gestão estratégica do negócio. Desde o início de 2020, está como Head do Centro de Serviços Compartilhados Nestlé, localizado em Assunção, Paraguai, atendendo 20 mercados da América Latina. O CEO, Ari Alexandre Pellicioli e Fábio Pesaro, Sócio e Head de Pessoas da ConsulPaz, conversaram com a Daniela sobre os desafios do Centro de Serviços Compartilhados na América Latina, as suas diferenças culturais, o mercado global e os aprendizados sobre liderança e gestão, em um cenário de constante transformação.

DANIELA ARAUJO

Head CSC Nestlé no Paraguai 6


CSC E PROCESSOS

Ari Pellicioli (Porto Alegre) - Você pode falar da sua experiência com CSC fora do Brasil?

global. Hoje, a Nestlé tem sete Centros de Serviços próprios, localizados geograficamente de maneira estratégica, e dois BPOs.

Daniela Araújo (Assunção, Paraguai) - Eu sou brasileira, natural de Ribeirão Preto, me formei em psicologia e me especializei na área de gestão de pessoas e de Recursos Humanos. O primeiro ciclo da minha vida profissional foi dedicado à área clássica de RH. Foi neste momento que passei a ter contato com a indústria de Centros de Serviços.

Ao longo da minha jornada de carreira, sempre estive conectada com os centros Nestlé localizados em outros países e, muitas vezes, participando de projetos globais. Em 2018, foi inaugurado o Centro de Serviços do Paraguai, como um centro satélite do centro brasileiro. Ambos os centros, Paraguai e Brasil entregam serviços para a América Latina. Toda a experiência que adquiri nessa minha jornada em CSC me trouxe a posição de Head do Centro de Serviços do Paraguai. Estou aqui desde o início de 2020. Cheguei um pouco antes da Pandemia e toda esta experiência fora do Brasil se tornou ainda mais intensa.

Minha história também se mistura à história de implementação de CSC na Nestlé. O primeiro Centro de Serviços da Nestlé foi posicionado em Ribeirão Preto, em 2005, e foi neste momento que cheguei na companhia. Fui contratada como recrutadora para formar o Centro. Ainda no Brasil, deixei as rotinas de RH e me tornei líder de operações e, em seguida, gerente de relacionamento com o cliente. A medida em que fui evoluindo na minha carreira, a rede de Centros de Serviços da Nestlé se tornou

Fabio Pesaro (Ribeirão Preto) - Dentro da realidade que você está vivendo no Paraguai, quais são as diferenças com o Brasil? As rotinas administrativas em um outro país possuem características diferentes das

CONTEÚDO COMPARTILHADO

7


CSC E PROCESSOS

cultura local e às características do mercado de trabalho local. Obviamente, é preciso respeitar os temas legais e sempre seguir os princípios de uma determinada companhia. O grande desafio para um profissional que se dispõe a fazer a gestão de um centro que não está localizado no seu país de origem é o gerenciamento de pessoas, porque o conhecimento da cultura local é essencial para que essa gestão seja efetiva. Já os desafios vinculados aos processos administrativos, tendem a demonstrar pontos comuns, independente de país. Por isso, fazemos bastante benchmarking, gostamos de ouvir pessoas de outros CSCs. Uma mesma solução tende a ser

nossas em função da cultura local? Daniela Araújo (Assunção, Paraguai) - Boa pergunta. Os Centros de Serviços costumam ter rotinas administrativas e fluxos bem definidos, padronizados, além de ter plataformas sistêmicas únicas e integradas. Partindo deste ponto de vista, eu diria que a diferenciação operacional não ocorre em função da localização geográfica do centro, mas sim de quem é o cliente. A customização e a diferenciação de rotinas administrativas estão vinculadas às questões legais, estruturais ou até mesmo culturais do país que está recebendo o serviço. Por outro lado, o maior ativo de um centro de serviços são suas pessoas. Cada povo, cada grupo social tem uma referência cultural, uma determinada proposta de valor. São comportamentos, tradições, conhecimentos característicos, identificados através do idioma, comidas típicas, religiões, artesanato, vestimenta e por aí vamos. Esta cultura influencia muito a dinâmica interna de gestão do centro e as práticas de pessoas. Na prática, estou falando de adaptação de um sistema de compensação e benefícios, de como ocorre o processo de recrutamento, de como se faz a comunicação interna, de como ocorrem as práticas de aprendizagem, de engajamento, de código de vestimenta (dress code), etc. Tudo que é prática de gestão de pessoas, para que seja efetivo, precisa estar adaptada à

CO C O NC TOENÚTDE OÚ DC OO M P AMRPTAI RL TH IAL DH OA D O

8


CSC E PROCESSOS

Daniela Araújo (Assunção, Paraguai) - Considerando o centro de Ribeirão Preto, mais o centro aqui do Paraguai, são 21 países. Considerando apenas o centro do Paraguai, são 20. Não prestamos serviço para o Brasil por uma questão de efetividade de custos. O Brasil não é um ambiente tão favorável com relação à importação de serviços. Temos uma rede de apoio global. Hoje, já conseguimos operar globalmente para alguns processos críticos, independente de país.

aplicável a um determinado processo, independente de país ou empresa porque buscamos muito a padronização, as melhores ferramentas e soluções, os melhores fluxos. Entretanto, o que traz efetividade é a forma de implementação e isso é gestão de mudança, de pessoas. É preciso que se leve em consideração a cultura das pessoas que são impactadas por determinada mudança. Como líderes, temos que garantir que as pessoas que são impactadas com a mudança possam conviver bem e, no mundo ideal, desfrutar da mudança.

Ari Pellicioli (Porto Alegre) - Conhecemos modelos e práticas de CSC e de governança que são utilizados pela maioria dos centros para ter controle, compliance, mensurar os ganhos de produtividade. A Nestlé conseguiu unificar estes conceitos mesmo em países diferentes?

Fabio Pesaro (Ribeirão Preto) - Você presta serviços para outros países além do Paraguai? Quantos são?

Daniela Araújo (Assunção, Paraguai) - A Nestlé está muito bem neste tema. Sempre temos desafios. A questão legal de cada país tem que ser respeitada, mas a Nestlé sempre teve como diretriz que tudo que é legal e tudo o que é Compliance, não é negociável. Isso fortalece muito a busca pela padronização, pela especialização, que são os princípios básicos de um centro de serviços. Existem processos que são mais padronizados e, quanto maior a padronização, mais fortalecidos estão todos estes conceitos. E existem processos que são mais customizados do ponto de vista operacional. Mas mesmo no processo

CONTEÚDO COMPARTILHADO

9


CSC E PROCESSOS

válido em um Centro de Serviços Compartilhados sendo eventualmente limitado pelas questões legais que talvez não justificasse a transferência de determinadas atividades para o centro? Daniela Araújo (Assunção, Paraguai) - Tem muitos parâmetros que são envolvidos nesta discussão. Esta discussão foi muito forte em alguns momentos da evolução do CSC. Hoje, com o nível de maturidade que ganhamos, essa discussão tende a ser muito mais no sentido de buscar soluções que gerem o valor esperado. Os temas legais não deveriam ser um impeditivo. Eles têm que ser parte do fluxo, parte do processo. Este é o grande desafio do centro de serviços. Mesmo com uma especificação de um determinado país, como eu posso fazer a atividade de uma maneira mais efetiva e gerar valor? Hoje, a gente mapeia, busca implementar a melhoria contínua, otimizar o fluxo e automatizar antes de centralizar. Conseguimos assim garantir os parâmetros necessários e trazer a atividade para o centro de serviços. No início, a gente trazia muitas rotinas operacionais que não geravam valor ao negócio, considerando sua atividade-fim. Hoje, deixou de ser uma discussão só operacional e de custos e falamos em entrega de valor e de benefício para o grupo e para a companhia. Temos trazido atividades de marketing digital, que antes eram de mercado, e operações de B2B/B2C para o centro. O CSC aqui do Paraguai tem se

customizado, em função da característica de um determinado cliente, os conceitos de compliance, os conceitos legais jamais podem ser esquecidos. Temos controles que podem ser feitos. Tomando como um exemplo prático, o processo de pagamento de faturas. Cada região ou país tem seus parâmetros tributários. Independente dos parâmetros - e isso tem que estar muito bem mapeado - o fluxo para a realização do pagamento pode ser único e isso deveria estar configurado em sistema, se for um fluxo automatizado. Se for um fluxo mais manual, é muito importante, pela minha experiência, ter o processo devidamente documentado, com um passo a passo bastante detalhado. É preciso uma prática efetiva de treinamento para que o colaborador possa executar a atividade com precisão e efetividade. Mas, em alguns casos, também é necessário a implementação de etapas de controle de qualidade ou até mesmo de controles compensatórios. Fabio Pesaro (Ribeirão Preto) - Até que ponto vocês conseguem considerar que a implementação de algo é

CONTEÚDO COMPARTILHADO

10


CSC E PROCESSOS

movido no caminho de se tornar o centro de atenção ao consumidor Nestlé para toda a América Latina.

lado e agregamos novos serviços por outro lado. Atualmente, temos mais de 200 robôs, distribuídos por cerca de 50% das nossas linhas de serviços e eu me arriscaria a dizer que as principais áreas com robôs são as operações de order to cash, source to pay e record to report. Priorizamos a automatização de atividades que se conectam com a área de supply chain, com a área de finanças, justamente buscando apoiar as prioridades do negócio. Hoje, temos ouvido falar em transformação digital, mas tudo isso não começou agora. A velocidade da transformação é que é muito maior. Cada dia tem uma novidade, o que gera uma ansiedade tecnológica. O grande desafio é entender a aplicabilidade destas inovações frente a necessidade do negócio do cliente.

Ari Pellicioli (Porto Alegre) - Como está o nível de automatização dos processos da Nestlé? Daniela Araújo (Assunção, Paraguai) - Automação e melhoria contínua estão no DNA do centro de serviços da Nestlé. Olhamos a melhoria contínua de uma maneira muito ampla. Estamos falando de ferramentas, metodologias, melhoria de fluxo, de processos, mas também falamos de automação. Quando começamos a formação do centro de serviços, sendo o centro piloto no Brasil, surgiram desafios para incorporar a melhoria contínua. Hoje ela é cada vez mais forte porque é um ponto chave para a sobrevivência e evolução do CSC. Então, buscamos otimizar e automatizar continuamente as atividades e tudo que possa ser melhorado e automatizado. Só assim, um centro pode entregar economia de escala e produtividade e seguir crescendo. Automatizamos por um

Fabio Pesaro (Ribeirão Preto) - Qual foi o impacto da pandemia nas operações da América Latina na Nestlé? Como você vê o cenário atual ao mesmo tempo que muitos países estão em ano eleitoral e há uma guerra na Ucrânia que trouxe entraves comerciais? Como estão lidando com estes desafios que se apresentam? Daniela Araújo (Assunção, Paraguai) - Penso que o mundo está tentando lidar com tudo que vem acontecendo. Antes da pandemia, a gente já falava do mundo VUCA, das adaptações que eram necessárias, da evolução dos mo-

CONTEÚDO COMPARTILHADO

11


CSC E PROCESSOS

delos de gestão. A pandemia nos desafiou sobre inúmeros aspectos. Em geral, as empresas que têm negócios focados em out of home sofreram grandes impactos, já as empresas de produtos in home foram impactadas positivamente. Com o isolamento social, o comportamento do ser humano mudou muito, tanto relacionado ao consumo quanto ao posicionamento do trabalho na vida de cada um.

um processo de aprendizagem. Hoje, estamos sendo capazes de operar com uma rede global, considerando atividades críticas. Isso só é possível porque temos uma base de padronização, de sistemas integrados, de documentação e de processos bastante sólidos. Ari Pellicioli (Porto Alegre) - Como tem sido a transformação das pessoas, das lideranças, neste novo cenário mais digital, automatizado, de inovações e que exigem novas habilidades nos centros de serviços compartilhados?

No centro de serviços, o primeiro desafio foi manter as operações sem ruptura. Como o centro da Nestlé tem uma certa maturidade, padronização forte e trabalha com sistemas integrados, foi possível colocar as pessoas trabalhando desde suas casas. Não houve uma quebra nos serviços, mantivemos os níveis de qualidade e os prazos. O principal impacto, que foi muito positivo para nós, foi descobrir que operar fora dos escritórios é totalmente possível e pode ser eficaz. Esta descoberta tem mudado muito o mercado de trabalho. Aqui no centro do Paraguai, adotamos o modelo de trabalho híbrido e remoto como estratégia de negócio. Hoje, contamos com pouco mais de 400 colaboradores. Temos 5% dos colaboradores que trabalham 100% remoto porque vivem pelo interior do país.

Daniela Araújo (Assunção, Paraguai) - Muitos profissionais estão em um processo muito forte de aprendizagem e de adaptação para sobreviver ou se destacar no mercado de trabalho. A pandemia acelerou as questões digitais. A gente falava de competências como hard skills e soft skills e hoje falamos também de competências digitais - digital skills. São conhecimentos e habilidades relacionadas às novas linguagens digitais, dispositivos eletrônicos, redes, segurança da informação, sistemas de comunicação ou análise de dados, aplicadas a área de atuação de um determinado colaborador, seja ele líder, seja ele um administrativo ou especialista. O mundo está em transformação, os negócios são cada vez mais digitais e nós, como profissionais de CSC, temos que acompanhar tudo isso. No pacote de habilidades digitais, podemos colocar desde o domínio de um Excel, que não

Com relação ao cenário global, a nossa capacidade global de interoperabilidade foi colocada à prova. Este contexto ainda é muito novo, em construção, dinâmico e não estabilizado. Estamos em

CONTEÚDO COMPARTILHADO

12


CSC E PROCESSOS

é algo novo, como linguagens especificas da área de TI ou de Mídias Sociais. Cada profissional tem que entender a aplicabilidade destas linguagens dentro do seu know-how, do seu escopo de atuação e entender como ele tem que se adaptar e em que nível tem que se adaptar.

linguagens possuem as suas devidas aplicações como Inteligência Artificial, analytics, machine learning, robótica, etc. Algumas coisas acabam fazendo parte do guarda-chuva do centro de serviços, outras não, pela própria organização interna da Cia. No CSC, temos equipes que são dedicadas à Analytics e ao desenvolvimento de robôs, a mídias sociais e marketing digital. Isso traz novos perfis profissionais e não, necessariamente, novos cargos. A estruturação de cargos, remuneração e níveis hierárquicos não, necessariamente, muda. Mas o perfil do analista e do líder evolui. Você não deixa de ter o valor do conhecimento prévio e que era necessário antes deste cenário mais forte de digitalização, mas você precisa agregar novos conceitos. Antes, o analista que dominasse Excel avançado tinha uma vantagem competitiva no mercado, hoje o Excel avançado não é deixado de lado, mas ele também tem que conhecer um Power BI, por exemplo. Com relação à capacitação, primeiro você precisa entender o seu nicho de mercado para saber onde vai investir. O Paraguai

A agilidade de aprender e inovar é essencial. Mas as pessoas têm que saber quais são as competências necessárias para a sua área de atuação e o seu momento de carreira. Temos investido bastante em capacitação dos nossos talentos, considerando as linguagens que são relevantes para a entrega dos nossos serviços. Fabio Pesaro (Ribeirão Preto) - Como a Nestlé está na questão de analytics, machine learning, inteligência artificial, Metaverso? Estas novas realidades estão criando cargos dentro da empresa e necessidade de treinamento específico? Daniela Araújo (Assunção, Paraguai) - A Nestlé é muito grande e todas estas

CONTEÚDO COMPARTILHADO

13


CSC E PROCESSOS

é um país importador e não tem um perfil industrial, por exemplo. Então, investimos bastante em capacitação, porque o profissional local, geralmente, não tem todo o conhecimento que precisamos para operar. O recrutamento é mais focado mais em agilidade de aprendizagem, em potencial e a gente se encarrega de dar o conhecimento técnico que este profissional precisa.

Eu tive essa percepção desde que ingressei na Nestlé porque é uma organização global e multicultural. Sempre me senti reconhecida e evoluindo profissionalmente na companhia, mas tive o desafio de entender que viajando para um determinado país, eu precisava saber como me portar. Como as pessoas deste país vão olhar para mim como mulher, pela posição que eu tenho? Tive que desenvolver minha percepção olhando para fora e não para mim mesma.

Ari Pellicioli (Porto Alegre) - Quais os desafios que as mulheres enfrentam como líderes em outro país?

Aqui no Paraguai, 50% dos colaboradores são mulheres e nós já temos 55% de mulheres em posições de liderança. O desafio aqui tem sido equilibrar. O posicionamento da mulher é tão importante quanto o posicionamento do homem. Acredito em um ambiente equilibrado em termos de diversidade.

Daniela Araújo (Assunção, Paraguai) - Sou mulher e sou um pouco suspeita para falar pois estou há quase 17 anos na Nestlé, onde sempre encontrei um ambiente muito favorável ao desenvolvimento da mulher. Sob uma perspectiva mais ampla, eu entendo que a figura da mulher tem um determinado papel em meio à cultura de um povo. Os desafios que ela vai enfrentar estão muito vinculados ao posicionamento da mulher nesta cultura. Como a mulher é vista no Paraguai, no Brasil, na Índia, no México? O desafio está muito vinculado à meta que é atribuída a esta mulher frente a este posicionamento cultural que é inerente ao sistema em que ela está inserida, seja de uma determinada empresa ou de um determinado país. Muitas vezes, como mulheres líderes, estamos inseridas em diferentes sistemas. Uma coisa é a mulher dentro de um sistema que tem favorabilidade, ou num país que tenha este ambiente favorável.

Quando você sai do seu país de origem, você se posiciona numa nova cultura, em um novo contexto e você tem que entender este novo mundo. Ao longo da minha jornada, seja em viagens ou em projetos internacionais ou agora no Paraguai, sempre procurei entender o que essa cultura espera de mim como mulher e o que eu tenho que entregar e as minhas próprias expectativas. A partir daí, fui colocando algumas estratégias em prática para me posicionar, me adaptar e derrubar algumas barreiras. Isso é importante não só no contexto das mulheres, mas pensando também na multiculturalidade e diversidade.

CONTEÚDO COMPARTILHADO

14


CSC Nestlé no Paraguai

Desafios de CSCs globalizados Entrevista disponível também em formato de vídeo e áudio em:

CLIQUE PARA ACESSAR

CLIQUE PARA ACESSAR

Daniela Araújo é psicóloga e atua há mais de 20 anos com RH. Atual Head do CSC Nestlé no Paraguai. Você pode acompanhar Daniela em seu perfil no LinkedIn.

CONTEÚDO COMPARTILHADO

15


ESG E PESSOAS

ENTREVISTA

9 minutos

Maternidade nas empresas

Nasce uma mãe, nasce uma líder. Uma pesquisa de 2016 da FGV mostra que 48% das mulheres, após 12 meses da licença maternidade, não estão mais nos postos de trabalho. As empresas no Brasil começam a perceber que a parentalidade e equidade de gênero passam a ser temas prioritários da gestão e da cultura das corporações, mas ainda há um longo caminho a percorrer neste sentido.

Para entender melhor o assunto, a ConsulPaz foi ouvir Luciana Cattony, publicitária, cofundadora da Consultoria Maternidade nas Empresas, TEDx Speaker e Mestra em Design Estratégico (UNISINOS). Sua pesquisa investiga a maternidade sob a ótica das empresas e do design orientado ao dilema. É professora do primeiro MBA de Diversidade do Brasil e mãe do Henrique. Luciana é também idealizadora do projeto Real Maternidade, que reúne mais de 200 mil seguidores nas redes sociais. Ela falou sobre seu sonho de um mundo mais justo, igualitário e feliz, com oportunidades de desenvolvimento para todas as pessoas com o CEO, Ari Alexandre Pellicioli, e a SóciaConsultora da ConsulPaz, Joana Sopper.

LUCIANA CATTONY

Maternidade nas Empresas 16


ESG E PESSOAS

Ari Pellicioli (Porto Alegre) - Como surgiu a Maternidade nas Empresas?

zendo isso pelo meu filho, mas hoje vejo que estava fazendo isso por mim. Eu precisava me sentir mãe. A partir desta escolha, criei um projeto em 2012, o "Real Maternidade'' que era um projeto pessoal com o objetivo de levar leveza e alegria para as mães e para as famílias. O que sempre percebi é que a carga sobre as mães era muito alta. Eu pensei: tenho que fazer alguma coisa para amenizar isso e aumentar a percepção de bem-estar das mães que são muito cobradas pela sociedade e por elas mesmas. Criei então o Real Maternidade. Deu super certo, conquistou 200 mil fãs no Facebook na época e percebi que podia fazer disso o meu plano A ao invés do plano B. Então, comecei a trabalhar na Real Maternidade que tem tudo a ver comigo. Fui convidada para fazer parte de uma pesqui-

Luciana Cattony (Porto Alegre) - Meu filho nasceu em 2011 e, em 2012, a partir de um acontecimento bem triste na minha família, quando perdemos uma priminha de 2 anos, comecei a repensar a minha vida. Eu trabalhava bastante em uma agência de publicidade on-line e, a partir deste acontecimento, resolvi que precisava parar, precisava de fato conhecer o Henrique. Ele ficava na creche o dia inteiro, quando eu chegava do trabalho, estava muito cansada e não tinha um tempo de qualidade com ele. Passei a ficar meio horário com o Henrique e meio horário eu dediquei aos meus projetos, porque sempre gostei muito de trabalhar. Fiz esta escolha achando que estava fa-

CONTEÚDO COMPARTILHADO

17


ESG E PESSOAS

sa de uma brasileira residente em Los Angeles sobre a relação entre maternidade e carreira ao redor do mundo. Ela conversou com várias mães... O resultado desta pesquisa tem tudo a ver com o que falamos hoje de que a maternidade desenvolve habilidades nas mulheres e que elas podem levar estas habilidades para o trabalho, fazendo delas profissionais ainda melhores. Eu já conhecia a minha sócia, Suzana, que também trabalhava com empreendedorismo materno na época. Tínhamos uma grande afinidade, pois nós duas viemos do universo corporativo. Estávamos inquietas tentando fazer algo para transformar esse universo. Falei para ela que esta pesquisa poderia ser um insight para espalharmos a ideia no meio corporativo. Fizemos uma palestra piloto nas empresas, falando que maternidade é impulso de carreira. Deu certo e criamos a consultoria Maternidade nas Empresas. Desde 2017, atuamos para fortalecer a equidade de gênero e valorização da parentalidade no universo corporativo. Nem todas as empresas estavam preparadas para falar do tema. Tanto a Suzana quanto eu entramos em um mestrado para poder falar com propriedade a respeito deste tema, porque quando falamos com mães, utilizamos uma certa linguagem, mas quando falamos com uma outra liderança da empresa precisamos oferecer outros dados.

Joana Sopper (Porto Alegre) - Quais são as principais barreiras enfrentadas pelas mulheres que se tornam mães no mercado de trabalho? Luciana Cattony (Porto Alegre) - Infelizmente, as mulheres sofrem ainda hoje, em 2022, com esta questão da maternidade. A FGV fez uma pesquisa em 2016 que mostra que 48% das mulheres, após 12 meses do retorno da licença maternidade, não estão mais nos seus postos de trabalho. Quase metade das mulheres. A Susana Ayarza, em um estudo de 2018, mostra que a maternidade é umas das principais barreiras para a progressão de carreiras das mulheres. Então, a gente vê pelos dados que a maternidade realmente tira as mulheres do mercado de trabalho. Precisamos entender que existe uma coisa que se chama viés da maternidade, que é um viés inconsciente. É aquela crença de achar que a mulher, depois que ela for mãe, não vai

CONTEÚDO COMPARTILHADO

18


ESG E PESSOAS

mais ser comprometida com a carreira, vai querer pensar nos filhos, não vai mais querer aceitar aquele projeto desafiador, por exemplo. Vivemos em uma sociedade que tem muito forte este viés. Mas isso não é verdade, principalmente, nas empresas que a gente circula, em conversas com mães, pais, com lideranças, com RH. Percebemos que maternidade é combustível para as mães porque elas trabalham e, desta forma, se sentem mais inteiras para quando precisam estar com os filhos. Cansamos de ver nas empresas, quando uma mulher é indicada para sucessão e alguém diz: "Ela não vai querer porque tem filho pequeno", "O marido dela ganha bem". Olha o tipo de coisa que escutamos, carregada deste viés. Mas podemos pensar: "Se ela não vai querer, você perguntou para ela?” “Não.". Existem ainda muitas suposi-

ções a respeito das mães. E o melhor que temos a fazer é perguntar. Pode ser que alguma mãe não queira, mas as mulheres querem sim os desafios e precisamos ouvi-las. Viemos de uma sociedade machista, precisamos quebrar alguns estereótipos e a primeira forma de quebrar é saber que eles existem para que possamos agir diferente. Ari Pellicioli (Porto Alegre) - Quem acompanha uma mãe sabe que ela desenvolve uma série de habilidades com a maternidade e isso contribui com o trabalho, pois desenvolve pontos como resiliência, negociação, entre outros aspectos importantes para a carreira. Luciana Cattony (Porto Alegre) Existem várias formas de adquirirmos novas habilidades, não só sendo mãe,

CONTEÚDO COMPARTILHADO

19


ESG E PESSOAS

mas a maternidade nos faz exercitar e desenvolver novas habilidades no dia a dia. O LinkedIn, em 2021, citou algumas das habilidades mais requisitadas no mercado de trabalho. São elas: Habilidade de Resolver Problemas; Pensamento Crítico; Inovação; Criatividade; Lidar com a Complexidade e Comunicação. Todas estas habilidades, que o LinkedIn trouxe como as mais requisitadas no mercado, o exercício da maternidade nos faz desenvolver. Por exemplo, quem é mãe sabe, temos que ter o plano A, B e C. Se um não der certo, tentamos outro caminho, temos que resolver problemas diariamente. Outro exemplo, se um médico te diz uma coisa, você vai analisar criticamente e vai buscar novas informações, o que exercita o pensamento crítico. Em relação à inovação, sabemos que ela só acontece em um ambiente com segurança psicológica. Uma mãe faz com que seus filhos sejam eles mesmos, que não tenham medo de expor sua opinião e, a partir desse exercício, cria-se um ambiente seguro. Maternidade tem tudo a ver com liderança, com esse olhar empático, cuidadoso. A questão de lidar com a complexidade, de se comunicar, quem tem mais de um filho sabe que é preciso ter mais de uma estratégia de comunicação. Conhecemos o público-alvo, conhecemos o contexto e nos comunicamos de maneira assertiva para atingir o que que-

remos. Todas essas características, a gente leva para o trabalho. Nasce uma mãe, nasce uma líder. Ari Pellicioli (Porto Alegre) - A licença maternidade e a legislação são adequadas no Brasil? Existe algum país que trate isso com maior importância e sirva como benchmark para nós? Luciana Cattony (Porto Alegre) - Temos seis meses de licença maternidade para as empresas cidadãs, mas isso é só para as mulheres. Para os homens, são 20 dias. A meu ver, isso não é adequado porque passamos a mensagem de que o responsável pelo cuidado é somente a mulher. Precisamos quebrar estes paradigmas. Felizmente, no Brasil, algumas empresas já estão usando a licença parental, com a mesma quantidade de dias para homens e mulheres. Elas já estão entendendo

CONTEÚDO COMPARTILHADO

20


ESG E PESSOAS

que o cuidado também faz parte da vida do pai e estão incentivando isso. Criar um filho não é uma responsabilidade exclusiva da mulher, mas também do homem, de todas as figuras parentais, da sociedade e das empresas. Ter filho e cuidar de um filho é um investimento que todos precisam. As empresas precisam entender que fazem parte desta rede de apoio. Existem benchmarks na Europa, onde entendem melhor esta mensagem. Na Alemanha, existem dois anos de licença que podem ser compartilhados entre mães e pais. São países mais ricos e mais prósperos porque olham para as crianças, hoje. Precisamos que mais empresas no Brasil entendam esta mensagem.

as pessoas sem filhos olham para este tema, não só conversando com mães, pais e figuras parentais. Como a liderança enxerga a parentalidade? Eu preciso falar com o RH. A partir desta investigação, temos um retrato de como a parentalidade está naquela empresa hoje e mapeamos os principais desafios. Nós apresentamos benchmark do que o mercado no Brasil e no mundo está fazendo em relação àquele desafio. Depois, vamos para uma etapa de cocriação que dá origem a um roadmap de ações que compõem o programa da parentalidade naquela empresa. Recentemente, fizemos esse trabalho na Suzano. Foi maravilhoso, de mergulho, de muitos insights e descobertas até a

Joana Sopper (Porto Alegre) - Existe alguma espécie de treinamento específico dentro das empresas para que haja uma transformação cultural neste ambiente em relação à maternidade? Luciana Cattony (Porto Alegre) - Vemos alguns movimentos. Algumas empresas já entendem que é preciso acolher a parentalidade e nos procuram para fazer a consultoria. Mergulhamos no contexto da empresa para entender quais são os principais desafios a respeito do tema da parentalidade que a organização enfrenta. Para falar sobre estes desafios, preciso entender como

CONTEÚDO COMPARTILHADO

21


ESG E PESSOAS

implementação de ações na companhia. São ações simples, desde uma cartilha de acolhimento até políticas da empresa. Criamos o grupo de afinidade da parentalidade e fizemos um treinamento para as lideranças sobre como acolher a parentalidade. Oferecemos este treinamento para todas as organizações. O acolhimento da parentalidade está na mão de um gestor ou de uma gestora, ainda não está nos processos da empresa. O treinamento é importante para ensinar estas lideranças a acolher da melhor forma para aumentar a sensação de bem-estar das pessoas do time. Nem sempre as pessoas não querem acolher, muitas vezes elas não sabem como acolher. Por isso é importante este letramento da liderança em relação ao acolhimento da parentalidade. Promovemos também rodas de conversa, workshops, e criamos um baralho da parentalidade, que é uma forma lúdica de fomentar discussões sobre o tema.

nectar de fato com o outro, a liderança precisa se expor a esta vulnerabilidade. Percebemos no nosso cenário que tudo isso é muito importante. Quando falamos nas empresas e nas redes sociais, as mulheres se sentem encorajadas porque nós também somos esta voz. Quando o tema começa a ficar latente, já se percebe outras pessoas falando sobre isso. Há uns 10 anos, ninguém falava nas redes sociais sobre maternidade e carreira, sobre parentalidade no trabalho. Felizmente, este é um tema que várias pessoas comentam hoje em dia. Têm celebridades falando a respeito. Por exemplo, a Cris Guerra que agora é Cris Paz, diz: "Eu duvido que exista um treinamento mais eficaz que ter um filho". O Pedro Pitella, da Sanofi,

Ari Pellicioli (Porto Alegre) - O seu trabalho tem encorajado as mulheres a se manifestarem contra o preconceito e as dificuldades que sofrem? Luciana Cattony (Porto Alegre) - Não só no nosso trabalho, mas a pandemia nos mostrou que a vulnerabilidade é muito bem vista. Ela é desejada, inclusive. Se a gente quer crescer, se co-

CONTEÚDO COMPARTILHADO

22


ESG E PESSOAS

fala da parentalidade como autodesenvolvimento. Quem se desenvolve como pessoa, leva isso para o profissional. A Paula Pascoal diz que ser mãe a ajuda a ser uma profissional melhor e ser uma profissional melhor, ajuda ela a ser uma mãe melhor.

2018, que fala que a maior paridade de gênero no topo das organizações faz com que elas tenham 21% a mais de chance de terem resultados acima da média. Por isso, as empresas estão investindo num maior número de mulheres na alta liderança e incluindo a equidade de gênero às metas. A gente precisa entender que equidade de gênero não é que as mulheres querem mais que homens. A palavra equidade se refere a oportunidades de desenvolvimento para todas as pessoas. Por exemplo, se forem criados horários flexíveis, não podem ser só para as mulheres, senão elas serão marginalizadas. Também é preciso considerar as questões de diversidade, precisamos olhar para as interseccionalidades. Precisamos entender a realidade da mulher negra que é muito diferente da realidade da mulher branca. Temos que entender questões de mães solo. A diversidade traz inovação, traz resultado para o negócio.

Joana Sopper (Porto Alegre) - Vocês se colocam como parceiras das empresas no alcance da equidade de gênero e valorização da parentalidade. Como isso funciona? E qual é o papel dos pais na parentalidade? Luciana Cattony (Porto Alegre) - As empresas estão olhando para este tema não porque elas são boazinhas, mas porque isso traz resultado de negócio. Existe um dado da McKinsey, de

Não dá para falar de equidade sem o diálogo com os homens. Eles precisam estar nesta pauta, precisam entender o seu papel. Existe um estudo bem legal do sociólogo americano, Michael Kimmel, especialista nas questões de gênero, que diz: "Quando homens e mulheres compartilham de forma igualitária as tarefas domésticas, as crianças vão melhor na escola, têm menos chances de ter síndromes co-

CONTEÚDO COMPARTILHADO

23


ESG E PESSOAS

mo TDAH. As mulheres vão menos à terapia, fazem menos uso de medicamentos, são mais felizes, vão mais à academia. Os homens fumam menos, bebem menos, vão ao médico como prevenção e usam menos medicamentos. A saúde de todos da casa melhora.". Então, a equidade de gênero faz bem para família, para empresa e para a sociedade. É também uma questão social.

a nossa consultoria fazendo este trabalho. Hoje, vemos várias consultorias falando deste tema, o que é muito bom se queremos transformar. Quanto mais agentes de mudança, melhor. Temos parceiros que trabalham como coach de carreira para mães. O cenário está cada vez melhor nesta questão da parentalidade. Existem homens criando cursos de como ser pai, por exemplo. Existem contas no Instagram levantando esta causa. E, dentro das empresas, temos vários aliados. Muitas vezes, quem nos contrata não é mãe nem é pai, mas tem isso dentro de si. É um trabalho muito de formiguinha e de muitas formiguinhas. Felizmente, cada vez mais tem pessoas nos ajudando a levantar esta bandeira.

Joana Sopper (Porto Alegre) - Vocês se sentem sozinhas levantando esta bandeira ou existem outras iniciativas e vozes que defendem algo semelhante com o que vocês fazem? Luciana Cattony (Porto Alegre) Quando abrimos há 5 anos, só existia

CONTEÚDO COMPARTILHADO

24


Maternidade nas empresas

Nasce uma mãe, nasce uma líder Entrevista disponível também em formato de vídeo e áudio em:

CLIQUE PARA ACESSAR

CLIQUE PARA ACESSAR

Luciana Cattony é cofundadora da Consultoria Maternidade nas Empresas e TEDx Speaker. Você pode acompanhar Luciana em seu perfil no LinkedIn.

25


ConsulPaz em Pauta

BOLETIM CALDEIRA insights, conexões e ideias O mês de junho no Instituto Caldeira foi marcado por ações voltadas para diversidade, inovação e tecnologia.

roda de conversa sobre mudanças climáticas, pandemia, impacto e propósito no contexto em que estamos vivendo. Outro momento importante foi o GX2 Talks que trouxe a palestra “Visibilidade que queremos”, com Gabriella Meindrad, Secretária Adjunta da Cultura do Estado do Rio Grande do Sul.

Missão “Vale do Silício” Além das atividades em Porto Alegre, pudemos acompanhar a missão internacional Vale do Silício que tinha como objetivo buscar inspirações e aprendizados com empresas que são referências em inovação para assim fomentar ainda mais o ecossistema no Rio Grande do Sul. Algumas das empresas visitadas foram: Zendesk, Google, IBM e Apple.

Tecnologia Brasileira e Esporte Outro destaque do mês de junho foi a apresentação do Case Grafeno pela Vulcabras/ Olympikus em que o diretor de desenvolvimento de produto, Evandro Kollet, e o diretor de marketing, Marcio Callage, falaram sobre a tecnologia brasileira que vem mudando o cenário da corrida. Após a conversa, aconteceu um treino guiado comandado por Ademir Paulino, atleta campeão mundial de aquathlon e treinador.

Diversidade, Impacto e Propósito A maior plataforma de empregabilidade para a população LGBTQIAP+ da América Latina, Feira DiverS/A, proporcionou uma

CONTEÚDO COMPARTILHADO

26


Inauguração Campus Caldeira

grama Nova Geração, que tem o apoio da Google, Microsoft, Oracle, Salesforce e Amazon Web Services para oferecer trilhas de capacitação técnica, enquanto o Sebrae apoiará com educação empreendedora. O programa tem como objetivo preparar e inserir no mercado mais de 500 jovens alunos ou exalunos da rede pública de ensino. É um passo muito importante para a educação, a economia e a sociedade.

Em julho, destacamos a inauguração do Campus Caldeira, que tem como propósito transformar o Estado por meio da educação de jovens talentos. Essa é uma iniciativa muito importante e significativa que vai conectar e contar com o apoio de diversos agentes importantes para a mudança, como grandes empresas, instituições de educação e o poder público. Durante o evento, foi lançado o Pro-

27


TECNOLOGIA E INOVAÇÃO

ENTREVISTA

8 minutos

Finanças no Metaverso

Oportunidades no Metaverso e na Web3 O Metaverso está desafiando as empresas a ter um olhar inovador, disruptivo e conectado com as futuras gerações. O mundo dos games, que movimenta bilhões de dólares anualmente, comprova que o entretenimento tem muito potencial neste mercado. Mas existem outras oportunidades na indústria, na ciência, nas corporações e nos serviços. Como funcionará o sistema financeiro no Metaverso? Será descentralizado, com criptomoedas, blockchains e cripto ativos? Poderá ser centralizado sem perder a capacidade de gerar novas oportunidades? Ari Alexandre Pellicioli, CEO da ConsulPaz, e Joana Sopper, Sócia-Consultora da ConsulPaz, conversaram sobre essas questões com o professor Pietro Martins, mestre em Ciência da Computação e docente em disciplinas como: Programação Orientada a Objetos, Bancos de Dados, Programação WEB, entre outras. É instrutor, consultor e desenvolvedor de aplicações blockchain na GoBlockchain. Coordena a Pós-graduação em Direito dos Cripto Ativos e Blockchain e da Pós-graduação em Privacidade e Proteção de Dados na Escola da Magistratura Federal do Paraná (ESMAFE/PR).

PIETRO MARTINS

Professor e Desenvolvedor Blockchain 28


TECNOLOGIA E INOVAÇÃO

Ari Peliciolli (Porto Alegre) - Antes de entrarmos no tema de finanças e economia no Metaverso, é possível traçar um cenário desse ambiente virtual? O que ele é, onde ele está e como as empresas estão se preparando para este novo ambiente?

ção entre a empresa, que é "dona" daquele ambiente digital, com os usuários. Então, eu tenho um pouco de medo de encaixotar o Metaverso em uma só definição. Eu vejo como um ambiente digital ou digitalizado onde o mundo real pode se mesclar através de tecnologias como a realidade aumentada e as pessoas se unem para criar ou cocriar produtos, serviços e/ou ambientes.

Pietro Martins (Maringá - PR) - A pergunta que eu faço antes da gente definir o que é o Metaverso, é a seguinte: Será que nós estaríamos discutindo o termo Metaverso se o Facebook não tivesse mudado seu nome de Facebook para Meta? Porque, se olharmos para trás, já vemos muita tecnologia nestes Metaversos. Existe a realidade virtual e aumentada com os óculos específicos, plataformas e ambientes digitais com avatares e mapas digitais, com cocria-

Joana Sopper (Porto Alegre) - A operação da economia e das finanças no Metaverso é exclusivamente movida por criptomoedas? Como funciona este mercado, as relações comerciais e seus potenciais? Pietro Martins (Maringá - PR) - Não é exclusividade das criptos serem a grande cola financeira dos Metaversos.

CONTEÚDO COMPARTILHADO

29


TECNOLOGIA E INOVAÇÃO

Quando a gente olha para a tecnologia cripto e blockchain, podemos definir tudo como Web3. Eu sou um entusiasta de blockchain, tanto que a minha atividade principal é trabalhar com isso. Mas será que a gente pode ou deve utilizar cripto ativos, blockchains ou descentralização em todos os negócios? Não, porque vai ter momentos em que vou optar por uma solução centralizada do meu servidor, da minha empresa, nas minhas mãos, onde ele vale muito mais que jogar ao vento e esperar que as coisas aconteçam na base da cocriação. É possível ter finanças em um ambiente "metaversado" de forma centralizada. Eu posso ser o próprio banco do meu Metaverso. Eu já joguei um game de primeira pessoa chamado Counter-Strike, onde você tem cenários de guerra. Dá para chamar isso

de Metaverso? Não sei. Ali dentro se comercializam itens, armas, avatares. Tem um comércio que independe das criptos. Quando, então, a gente vai querer usar uma cripto? Colocar um token que equivale a um dólar, por exemplo, ou um token que equivale ao seu ambiente. Você vai fazer isso quando quiser explorar as características de transparência, descentralização, eliminando intermediários para redução de custos. Você pode dar maior poder ao seu usuário de transacionar sem depender da sua existência porque a cripto que você criou, em blockchain na Web3, vai continuar existindo. Empresas do mesmo mercado podem criar parcerias e uma rede de NFTs específicos para compra de seus itens a fim de valorizar o seu mercado. Um produto

CONTEÚDO COMPARTILHADO

30


TECNOLOGIA E INOVAÇÃO

do Counter-Strike, por exemplo, pode ser portável para outro game como o Call of Duty. O mercado todo ganha com isso e os players individuais também tendem a ganhar. Esse é um exemplo de onde os metaversos poderiam se conversar usando como cola principal, a Web3, blockchain, nfts e criptomoedas. Porém, em um primeiro momento, será que faz sentido já ir para a cripto? Se eu sou um negócio que há muito tempo trabalho com sistemas centralizados, será que eu vou querer entregar aquilo que eu tenho na minha mão para os meus concorrentes? Entretanto, olhando para um futuro não tão distante, as próximas gerações, que já nascem nestes ambientes, vão exigir do mercado este maior poder de descentralização e privacidade que a Web3 entrega para gente.

ria, por exemplo, já tem arquiteto fazendo a modelagem de ambientes, com design de interiores, que são capazes de demonstrar para os clientes sem necessidade de uma visita. Já tenho amigos que fazem e vivem disso em startups. Existe um mercado de Serious Games, onde são criados jogos de simulação, de treinamento virtual para coisas sérias, para trabalho, serviços e produtos. A Microsoft é a empresa que está mais avançada neste segmento, já adquiriu empresas de games e possui maior experiência que o próprio Meta, na minha opinião. Metaverso é a Meta? Temos outros players de olho e bem preparados neste mercado. Se comparar a Meta com a Microsoft, os games do Facebook eram games de terceiros, aplicativos instalados na plataforma. A Meta ainda está construindo o seu caminho

Ari Peliciolli (Porto Alegre) - O Metaverso ganhou fama na área do entretenimento, dos games e da diversão. Mas existe uma série de possibilidades de aplicação de negócios na indústria e na ciência. Quais são os potenciais nestas áreas e se existem outras que podem ser exploradas? Pietro Martins (Maringá - PR) - Realmente, o entretenimento tem puxado o mercado. O óculos de realidade virtual nasceu para o pessoal jogar. Hoje em dia, podemos sair dos games e pensar como podemos usar estes óculos de realidade virtual. Na indústria imobiliá-

CONTEÚDO COMPARTILHADO

31


TECNOLOGIA E INOVAÇÃO

para este mundo. Talvez a Microsoft vá mais para esta linha de trabalho e a Meta, como já tem expertise em ambientes sociais, talvez vá mais para o entretenimento. E eles podem futuramente interagir como serviços compartilhados. Joana Sopper (Porto Alegre) - Toda operação financeira no ambiente online se valoriza quando possui segurança, além da necessidade de adequação legal e tributária. O que muda neste aspecto no Metaverso? Pietro Martins (Maringá - PR) - Segurança leva a gente para a responsabilidade. Quem é responsável pela segurança do quê? Quando a gente fala de transações financeiras, deposita no banco a confiança de que ele vai correr atrás e se articular para evitar fraude, lavagem de dinheiro e golpes de modo geral. No mundo cripto, vemos muito disso com faraós sendo presos. No sistema financeiro tradicional, eu entrego toda esta responsabilidade para o banco. Utilizo as ferramentas que o banco me dá para eu ter segurança, como os aplicativos, e o banco vai implementar tokens de segurança com acesso criptografado, senhas, autenticação em dois fatores e outras ferramentas. O banco já tem experiência, existe uma regulação e a tributação também está enraizada. Quando a gente vai para o mundo cripto, a coisa fica bem mais difícil para os reguladores, para a tribu-

tação e para a segurança. Quem inventou as blockchains não confia tanto assim nos bancos, como o Satoshi Nakamoto. E no caso do cripto, a segurança está toda na minha mão. Eu tenho que ter responsabilidade com as minhas senhas, fazer backup das minhas chaves privadas, se eu transacionar errado vou perder o dinheiro, não tem como estornar. O usuário não quer se preocupar tanto com tudo, quer facilidade e comodidade. Mas a gente tem visto esta geração mais nova trabalhando com isso nativamente, construindo as suas próprias soluções cripto. Em relação à tributação e regulação, o mundo cripto não tem muito disso, ainda está

CONTEÚDO COMPARTILHADO

32


TECNOLOGIA E INOVAÇÃO

das das pessoas, as necessidades e oportunidades profissionais para quem quer investir neste mercado? Pietro Martins (Maringá - PR) - Se tratando de Metaverso e ambientes digitais, temos as big techs Google, Amazon, Apple, Facebook (Meta) que já ditam as regras do mercado. Se queremos surfar a onda desses caras, precisamos dançar a música deles. Primeiro, precisamos saber como nos posicionar em ambientes digitais. O Metaverso nasce para estender um pouco o braço mais textual para um ambiente mais imersivo. Mesmo sendo avatarizado, com uma interface entre as pessoas, as relações humanas devem ser mais naturais do que em texto, vídeo e áudio. Estas são habilidades que precisamos desenvolver. Entretanto, já estamos preparados para isso, tanto os mais jovens de 10 a 20 anos como as gerações das pessoas próximas dos 70, 80 anos. Em um segundo momento, devemos dominar as ferramentas, os softwares que constroem este novo mundo. O Metaverso talvez faça mais sentido quando houver cocriação. Tem um jornalista que acompanha o Second Life desde os primórdios. Ele conta a história de uma mulher americana que perdeu tudo. Ela só tinha um laptop, de onde invadiu um imóvel no mundo real e começou a morar neste ambiente, sem água, sem nada. Puxou um gato de energia e começou a criar no

discutindo o que é privacidade, segurança no mundo digital. Primeiro você precisa educar uma geração de juízes, advogados, procuradores, promotores que entendam o que é a coisa, para então criar um ambiente tributário e regulatório coerentes capaz de atrair mais dinheiro e atração positiva. Os problemas que nós temos hoje em web3, cripto, linkando para o Metaverso, são solucionáveis, gerando oportunidades na segurança, regulação e tributação. Ari Peliciolli (Porto Alegre) - Se existe uma demanda grande de negócios no Metaverso para os próximos anos, quais são as habilidades exigi-

CONTEÚDO COMPARTILHADO

33


TECNOLOGIA E INOVAÇÃO

Second Life aquilo que ela não tinha na vida real. Começou a modelar carros e mansões em 3D. Com esta cocriação no Metaverso, ela conseguiu ganhar dinheiro no mundo virtual para a vida real. Ela precisou se inserir, aprendeu a usar a ferramenta, soube se posicionar no ambiente digital fazendo um marketing digital orgânico e passou a ganhar dinheiro. Se eu sou uma pessoa que gosta de desenhar, posso investir em um programa de modelagem 3D como o Blender, Autocad e o 3Ds Max. Existem outras atribuições que vamos poder dominar para ganhar dinheiro e fazer negócio nesses ambientes como marketing, tributação, compliance, jurídico, gestão de finanças, administrativo. Você pode ter uma experiência de

Metaverso entrando no decentraland.org, um ambiente digital virtual onde você pode comprar um terreno, criar uma mansão, um jogo, um museu, uma festa. Ela pode criar o que ela quiser com as ferramentas sem necessidade de dominar um software específico. Joana Sopper (Porto Alegre) - A gente percebe o comércio de imóveis, artes, roupas e eventos virtuais no Metaverso, representados pelos NFTs. São transações milionárias, marcas investindo em seus produtos digitais, empresas fazendo testes. Qual a dimensão deste mercado? Pietro Martins (Maringá - PR) - O mercado de NFTs é um mercado extremamente volátil, tem muita mentira sendo

CONTEÚDO COMPARTILHADO

34


TECNOLOGIA E INOVAÇÃO

vendida, tem que ficar atento ao que representa aquele NFT. Muitas soluções que estão indo ao mercado e captando milhões de dólares não estão se preocupando muito com as habilidades, estão mais pelas hypes. É preciso nos educarmos para entender nos mínimos detalhes e ver se vale a pena ou não construir ou investir em algo. Vamos usar o exemplo dos bored apes yacht club, que são aquelas figurinhas dos macacos que o Neymar comprou uma e a Madonna comprou outra. Este NFT surgiu de um fórum da Internet em que o pessoal queria colocar um avatar em vez do rosto no perfil. Criaram esta coleção de avatares, começaram a comprar, a cocriar e a empresa que criou isso perdeu o controle. Até que perceberam e criaram um Metaverso com criação de vídeos e uma série de outras coisas. Um bored ape hoje custa milhões de dólares. Chutar um valor do mercado de NFTs é difícil. Daria para falar do mercado cripto em geral de cripto ativos fungíveis e não fungíveis. Existem ferramentas para consultar uma coleção específica de NFTs e ter uma ideia do que chamamos de floor price, o preço mínimo de um NFT. Você multiplica o floor price pelo número de NFTs e consegue estabelecer um valor gerado pelo negócio. Existem ferramentas para realizar consultas de blockchains como uma busca do google com palavras-chave que traduzem estes dados com perguntas já respondi-

das sobre aquele termo. Tem NFTs que representam um imóvel, um carro, uma jóia. Cada NFT está inserido no mercado que ele representa. Cada um tem o seu Market Cap. O mercado de games é mais fácil de dimensionar porque todo ele poderia ser transformado em NFTs. Hoje, o mercado de games gira em torno de US$ 200 bilhões.

Ari Peliciolli (Porto Alegre) - Como o Brasil está inserido no Metaverso na sua visão? Pietro Martins (Maringá - PR) - Quando falamos de Metaverso e ambientes digitais, é difícil ficar em um cercadinho. Sempre vamos pisar na jurisdição do outro. Eu vejo o Brasil como um ambiente extremamente complexo para empreender. É difícil empreender no Brasil com tributação complexa, cenário político instável, muitas ameaças. Alguns segmentos são mais ousados que os

CONTEÚDO COMPARTILHADO

35


outros. Muita gente do mercado imobiliário tem tentado metaversar os seus negócios, jogar na Web3, tokenizar imóveis para o imóvel ter maior liquidez. Na logística da cadeia de suprimentos, como a soja, por exemplo, todo um lote de soja poderia ser transformado em NFTs. Poderia rastrear a soja desde o cooperado, do transporte, da certificadora em um único banco de dados global que é a blockchain desta NFT. É um ambiente virtual, sem óculos 3D. É uma espécie de Metaverso onde modelamos o que existe no mundo real para extrair valor dessas transações e tirar

os gastos com a descontinuidade da informação. O setor Agro no Brasil é muito forte, imobiliário também. O governo e os legisladores estão de olho no Metaverso, mas não sei se a ideia de alguns passarem um projeto de lei não é apenas para ganhar capital político em cima do termo Metaverso. Comparando com o resto do mundo, a gente tem um trabalho pela frente, mesmo que no meio acadêmico haja muitas soluções de tecnologia e pesquisadores excelentes. Mas a gente poderia, mesmo assim, estar mais à frente se o cenário aqui não fosse tão complexo.

Finanças no Metaverso

Oportunidades no Metaverso e na Web 3 Entrevista disponível também em formato de vídeo e áudio em:

CLIQUE PARA ACESSAR

CLIQUE PARA ACESSAR

Pietro Martins é professor, instrutor, consultor e desenvolvedor de aplicações blockchain na GoBlockchain. Você pode acompanhar Pietro em seu perfil no LinkedIn. 36


ConsulPaz em Pauta

NOTÍCIAS Iniciamos o projeto de Mapeamento e Redesenho de Processos da Brasil Tax Regime na RHI Magnesita. Iremos contribuir com a análise do cenário atual, revisando e otimizando os processos para simplificar e acelerar a implementação das melhorias na empresa.

Em julho, integramos o time do projeto Conexão de nosso novo cliente, o Grupo Herval. Apoiaremos a Jornada de Transformação da empresa durante a implantação do novo ERP por meio de uma mentoria das melhores práticas de Gestão da Mudança.

Fale com um consultor 37


ARTIGO

ARTIGO

8 minutos

MARKETING: A ARTE DE CRIAR VALOR REAL PARA OS CLIENTES Por Guilherme Gondim

O termo Marketing sempre foi muito resumido a vendas de produtos e serviços. E, com a pandemia, ele se tornou a "galinha dos ovos de ouro", pois, empresas que se sobressaíram com lucro ao longo dos anos de 2020 e 2021, usaram das estratégias digitais para se promover e se posicionar no mercado de maneira diferenciada. Isso fez com que uma das estratégias de Marketing, o Marketing Digital, ganhasse força em um cenário que era ascendente, mas que foi acelerado com a necessidade global do isolamento físico-social. Com isso, aquelas empresas que já estavam minimamente preparadas e com uma sólida presença digital, puderam nadar em um Oceano Azul de oportunidades. O fato de já estarem preparadas e presentes no ambiente digital as favoreceu, pois já estavam atentas às tendências de mercado e já possuíam processos estruturados e maduros. Isso fez com que pudessem aproveitar melhor as possibilidades que o caótico cenário de pandemia gerou. Isso é Marketing. De maneira bem simples e direta, Marketing é você conhecer bem o mercado, ou seja, quem é o seu cliente, definindo quais são as suas necessidades e como você gera valor.

Guilherme Gondim ConsulPaz e HP38Transportes Coletivos


ARTIGO

Gosto sempre de fazer uma correlação às metodologias modernas de inovação, associando o marketing ao processo de empatizar com o cliente, identificando as suas reais necessidades, propondo soluções, elaborando a proposta de valor, testando e validando no mercado para, assim, transformar essa solução em processo. Lembrando que esse deve ser um fluxo contínuo, sendo reavaliado continuamente através de pesquisas, estudos e feedback dos consumidores. Outro ponto importante e fundamental para qualquer negócio é saber quem não é o seu cliente. O sonho de todo empreendedor é

conseguir ampliar seu market share, mas, muitas vezes, ele acaba querendo atender públicos que não fazem parte da proposta de valor do seu produto/serviço e, com isso, não gera o market fit, ou seja, atender a real necessidade do mercado. O fato de querer “agradar a todos” eleva os custos e reduz o valor agregado. Por isso, ter clareza de quem não é o seu cliente é fundamental para estabelecer o seu Posicionamento de Mercado e otimizar recursos. Segundo Kotler, o marketing é tão importante que não deve ser responsabilidade de apenas um departamento na empresa, mas que deve transpassar por todos da organiza-

39


ARTIGO

ção. Empoderar colaboradores a pensar marketing é fator crítico de sucesso para a sustentabilidade do negócio. Por isso, estar atento às mudanças sociais através da presença digital e abrir canais de comunicação com os clientes é mais do que um diferencial, é essencial. Em resumo, o marketing vai muito além de “apenas vender”, mas em tornar o processo de vendas apenas a consequência de todo um trabalho realizado ao longo da cadeia produtiva do negócio.

Guilherme Gondim é Especialista em Comunicação, Marketing Estratégico e Inovação. Você pode acompanhar Guilherme em seu perfil no LinkedIn.

40


www.eventocoffeenet.com.br

41


COLUNA CACO DA MOTTA

COLUNA Caco da Motta com Camila Monteiro, pedagoga, educadora especial, criadora do Blog e do Canal do Youtube "Tu Viu?" e mentora para adaptação e acessibilidade de deficientes visuais.

5 minutos

A importância da acessibilidade na comunicação Não esqueço de quando uma jovem cega procurou a redação da TV em que eu trabalhava e se colocou à disposição para ser comentarista de variedades. Trouxe vídeos e entregou ao responsável pelo programa. "Imagina, como vou colocar uma pessoa que não enxerga no ar? Ela vai ter dificuldades, nós não estamos preparados para isso", disse ele. Recentemente, a Camila Monteiro, deficiente visual, me procurou para ser seu mentor de comunicação em seu canal do Youtube, no qual fala de acessibilidade, inclusão e cidadania. Logo percebi que, realmente, muitos de nós não estamos preparados para ser inclusivos porque estamos excluídos da realidade do deficiente em geral. Muitas pessoas que enxergam têm dificuldades de lidar com as ferramentas digitais e de se comunicar. A Camila não. Mexe no smartphone, escreve e lê textos, se conecta com autonomia, cria roteiros, improvisa a fala e só precisa de ajuda quando realmente não tem como fazer sozinha. Trouxe aqui a percepção da Camila em relação à comunicação e como pessoas e empresas podem evoluir em relação à inclusão e acessibilidade. Para conhecer melhor a história dela, é só se inscrever no Canal “Tu Viu?” e acompanhar o Blog.

Canal “Tu Viu?”

LinkedIn

Blog

Instagram

Camila Monteiro Mentora e Educadora Especial 42


COLUNA CACO DA MOTTA

“As imagens e seus efeitos são fundamentais para uma comunicação interessante e eficaz, porém, só atingirá seu principal objetivo se for compreensível para todas as pessoas. ” Caco da Motta (Porto Alegre) - Como é se comunicar com as pessoas em um Canal do Youtube, como faz para gravar, criar o canal? Camila Monteiro (Porto Alegre) - A comunicação precisa ser clara, em um tom correto e agradável, passando a informação real e com toque das próprias experiências. Para mim, falar sobre o que penso e vivo é um prazer, além de achar necessário o conteúdo reflexivo que chama a atenção. Tento trazer as pessoas para minha vida, da maneira mais simples possível. Na técnica, meu irmão, Andrei Severo, me ajuda nas postagens e foi quem criou o Canal. Você, como meu parceiro de trabalho e Mentor, grava, edita, coordena o Canal e o Blog, e avalia sempre como me expresso, além de me auxiliar na busca da expansão das ferramentas. Caco da Motta (Porto Alegre) - Qual é a linguagem utilizada para as pessoas que não enxergam te entenderem melhor? Camila Monteiro (Porto Alegre) - Tudo é explicado de forma detalhada, pois, quando falamos com o DV (deficiente visual), devemos ter em mente que é através do que descreve-

mos que ele verá o que ocorre ao seu redor. Caco da Motta (Porto Alegre) - As empresas que produzem conteúdo de vídeo, tanto institucionais, de marketing ou comerciais, podem melhorar de que forma a comunicação com as pessoas com deficiência visual? Camila Monteiro (Porto Alegre) Sempre ser o mais descritivo possível, dizendo tudo o que é óbvio para o vidente, como medidas de ingredientes em receitas e posições do corpo em exercícios, por exemplo. Na apresentação de um produto não basta mostrar, tem que descrever, na empresa de prestação de serviço, aqueles clipes e vídeos emocionantes só com imagens e música, são vazios para nós. Caco da Motta (Porto Alegre) - Existem diversos níveis de deficiência visual. Como as empresas e as pessoas devem se referir às pessoas que enxergam mal, pouco ou nada? Fica sempre aquela dúvida, usamos a expressão cego ou deficiente visual ou as duas? Camila Monteiro (Porto Alegre) - A pessoa é deficiente visual ou DV

CONTEÚDO COMPARTILHADO

43


COLUNA CACO DA MOTTA

que comece a se comunicar melhor no ambiente interno e externo. Sempre pensando que ele também possa estar falando para pessoas que não enxergam, sendo mais descritivo e criando um ambiente melhor adaptável?

quando porta um problema de visão que não se corrige com o uso de óculos ou lentes de contato. Portanto, cegueira e baixa visão são os níveis da Deficiência Visual. Chamamos quem é diagnosticado com cegueira de “pessoa com cegueira”, “DV total” ou “cega” em momentos mais informais, apesar de ser um termo mais usado pelo próprio DV. Nos referimos a quem tem baixa visão como “pessoa com baixa visão ou visão reduzida” ou “DV baixa visão”.

Camila Monteiro (Porto Alegre) - Apostar no detalhe e na descrição é o caminho, tendo em mente que todos nós temos diferenças e que, uma delas, pode ser a Deficiência Visual. Pequenas ações como, por exemplo, vendar a equipe antes de finalizar o trabalho em questão para que se tenha certeza sobre a clareza e qualidade da comunicação, ultrapassando o que é visível são muito úteis para que os serviços sejam melhores para o DV. As imagens e seus efeitos são fundamentais para uma comunicação interessante e eficaz, porém, só atingirá seu principal objetivo se for compreensível para todas as pessoas. Pensar e agir desta forma quando nos comunicamos é pensar e agir com empatia, inclusão e cidadania.

Caco da Motta (Porto Alegre) - Pensando na mobilidade e na autonomia do deficiente visual, quais as práticas básicas que uma empresa deve ter para facilitar o dia a dia dele? Digamos que o DV é colaborador em uma indústria. Que tipo de avisos, comunicados, alertas e ferramentas de trabalho são necessários para o Deficiente Visual interagir e ser incluído?

Camila Monteiro (Porto Alegre) - Sinais sonoros e alarmes ajudam, mas, a comunicação através do tato como forma de alerta pode ser mais rápida, eficaz e barata, visto que os materiais seriam bem simples. Isopores, toalhas, marcações com fita adesiva ajudam a sinalizar as partes mais perigosas das máquinas e ambientes com muito fluxo de trabalho. Sejam eles colocados no chão ou em botões de intensidade. Explicar toda e qualquer mudança de lugar ou equipamento é primordial, pois, tudo o que é óbvio visualmente, é desconhecido e confuso paro o DV. E, ao sinal da mínima dúvida, desconforto ou insegurança, o DV precisa se comunicar para que equipe e empresa ajam com acessibilidade. Assim, todos ganham.

Caco da Motta é jornalista, especialista e mentor em comunicação criativa. PWB.NEWS/Mentoria WhatsApp: +55 51 99999 0192 LinkedIn: @cacodamotta

Caco da Motta (Porto Alegre) - Qual é o teu recado para um líder, um gestor de uma empresa refletir sobre o tema para

CONTEÚDO COMPARTILHADO

44


COLUNA CACO DA MOTTA

45


contato@ConsulPaz.com ConsulPaz.com

46


Issuu converts static files into: digital portfolios, online yearbooks, online catalogs, digital photo albums and more. Sign up and create your flipbook.