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Apreciação infantil

Cleni Guimarães

É preciso ser dotado de muita percepção e sensibilidade,

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além de uma comunicação oral aprimorada, coisa que posso deduzir de uma garotinha que, em visita à minha casa, sentada no chão, ignorou os brinquedos próprios para sua idade, coloridos e sonoros, e teve sua atenção capturada por um quadro na parede, pintado a óleo, em tons pastéis, retratando uma cena comum de pescadores em sua labuta diária, alguns atirando a rede ao mar, outros com caniço em punho, seguindo pela praia, como a procurar um bom local para pescaria. Pelas cores utilizadas pelo artista, via-se que era um dia nublado, os tons eram tão suaves que era necessário ficar parado alguns minutos para poder entender e contemplar aquela obra. — Eu queria estar ali — disse a garotinha com o dedo em riste, apontando a gravura do quadro.

O que me surpreendeu é que tantas pessoas, professores, vendedores, alunos, ex-alunos, jovens e idosos já estiveram em minha pequena sala, sentados em poltronas confortáveis, e jamais fizeram qualquer comentário, nem sequer ergueram os olhos para aquela pintura. E o quadro não passa despercebido, mede 1,10 x 0,60m numa parede em que somente ele está posicionado.

E aquela garotinha, de pouco mais de dois anos, expressou espontaneamente o desejo de estar naquele lugar imaginado pelo artista.

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