Revista Canto da Iracema - Edição junho 2011

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Nº 05 > Maio 2011

UMA PUBLICAÇÃO DO INSTITUTO DE COMUNICAÇÃO SOCIOCULTURAL CANTO DA IRACEMA > ANO 12 > Nº 67> JUNHO 2011

a cultura cearense pertinho de você!


Desculpas pelo eco sofrido das palavras que soarão aos Senhores leitores. É o alarme fraco da consciência, mas ainda, resistente aos impostores Mentores da prepotência pelas garras das intenções... (...)... Aos l(ares) É atordoante, angustiante e temente no subconsciente... A manchete que nem enchente assombrante e banalizante... Na audiência da violência contaminante programadamente Além da gente carente à margem dos influentes farsantes A adre(Alina) da balada, viva!... ende(usada) na telinha... Ao vivo... Ao passo do aço no baço e braço da irmãzinha A expl(oração) da “TV” prot(agonizante) na encenaçãozinha Via re(percussão) da batida do i(bope) frente às criancinhas Mais uma tragédia re(velada) até as novas CPIs da vidinha Intenções ocultadas pelas próximas promessas que encandeiam os eleitores Ao cerco da h(ora) no disfarce das armações dos mesmos detr(atores) Pela “mídia” que con(sola) a miséria nas brincadeiras com telespecta(dores) À surdina, a mão que arma propina na saudação para impor aprovação... De re(pente) carregado de conven(cimento) a agrade(cimento) mais munição Depressa... Na mira do próximo eleitor... Dispara... o abração da reeleição So(corro)! Enquanto há tempo do ba(laço) sensacionalista da falação... Feito novela co(movendo) com mais um final feliz para toda a “indig(nação)” Da gente parceira sem eira nem beira que espera a boa vontade dos Ilmos... Reeleitos e donos dos sofrimentos a serem en(rolados), mas jamais resolvidos Dos “decentes” rogantes sob os pés dos recentes arrogantes em seus gabinetes Agora de alienante a imponente como se gente fosse mais um oponente Da fuga ao b(eco) sem saída, indignado, à sombra da insinuação dos bastidores A tortura, ao ouvir no ensaio o livre a(preço) e dis(torção) de mais uma verdade... Que a “mídia” cor(rompe) o resto da pureza pela o(missão) em nome do $enhor.

Homenagem a Frei Tito (1945 -1974) (César Menezes Porto – poeta e professor) Agradecimentos ao meu irmão, Márcio Porto.

// TIRAGEM 5 MIL EXEMPLARES

> QUEM SOMOS! coordenação geral zeno falcão • coordenador adjunto pingo de fortaleza • editora e jornalista resp. joanice sampaio - jp 2492 - ce • produtor executivo arnóbio santiago • assistente de produção tieta pontes • revisão rodrigo de oliveira - tembiu.pro.br • colaboradores audifax rios / augusto moita / calé alencar / fernando neri / kazane / maíra ortins / nilze costa / talles lucena • conselho editorial augusto moita / audifax rios / calé alencar / erivaldo casimiro • diagramação artzen • contatos > canto da iracema rua joaquim magalhães 331 / cep 60040-160 / centro / fortaleza / ceará / (85) 3032.0941 / cantodairacema@hotmail.com > solar av. da universidade 2333 / benfica / fortaleza / ceará (85) 3226.1189 / associacaosolar@gmail.com FOTO CAPA

> FÁBIO LIMA

> as matérias publicadas são de inteira responsabilidade de seus autores!

EDITORIAL

EDITORIAL DA VIOLÊNCIA AO ESPETÁCULO DA HIPOCRISIA (sem censura e antes da “ficha limpa”)

Voltamos! O Canto deste mês está como sempre repleto de coisas boas. Neste número, o retorno de Nilze Costa e sua crônica, um verdadeiro passeio pelas redondezas da Praça da Estação. Fomos a Maracanaú e conhecemos o trabalho do Ponto de Cultura do Instituto Garajal. Resgatando mais um personagem de Fortaleza, Augusto Moita retoma os anos de chumbo para falar de um certo “guerrilheiro” que andava pela Praia de Iracema. Ainda falando do nosso querido lugar de origem, Audifax Rios nos faz conjugar o verbo iracemar. Saiba por que. A prosa, a poesia e a imagem de Calé Alencar e mais uma Fulô do Lácio. Este mês Raul Seixas ganha dupla homenagem. Confira a matéria. Também percorremos o Salão de Abril 2011 e aproveitamos para conversar com Maíra Ortins, responsável pela mostra. É isso aí, confira. Tem muito mais. Boa leitura e até a próxima edição!



AUDIFAXRIOS@YAHOO.COM.BR

IRACEMAR... CONJUGAR ESTE VERBO É MERGULHAR NAS BRAVIAS ONDAS VERDES DO INFINTO AÇUDE DO MONSIEUR BORIS. AFOGARSE NOS COPOS DE FUNDO GROSSO, IGAÇABA DOS NOSTÁLGICOS BOTECOS DESTE PEDAÇO SAGRADO ONDE SURFISTAS CRUZAM COM PROSTITUTAS, MACONHEIROS COM POETAS, JANGADEIROS COM DESOCUPADOS EM GERAL. 04


Iracemar é reamar estes sítios sem o mínimo rancor. Deixar o som decibar céu afora e dormir embalado pelo ronco das vagas, vaga pancada quebrada na defensora muralha de pedras ou nas pilastras da ponte dos ingleses, o Porto do Catolé. Iracemar é lavar a roupa suja do coração, enxugar com a bendita cana do sertão, enxaguar com o corpo morno da morena cujos fixos olhos transatlânticos adquiriram matizes verdes, faiscantes, deste pedaço de maroceano, azulado pelo sabão da praia, espumando nestas costas nuas do Ceará. Iracemar é navegar esta imensa jangada, singrando irregulares vielas de pedras toscas que são toras de piúba, recamadas de ciobas e biquaras, banhistas desnudas, prateadas pela maresia, avermelhadas pelo olho brecheiro do sol sob as bençãos de São Pedro e Iemanjá. Iracemar, verbo intransitivo d’Alencar. Transitável Iracema, quero caminhar teu presente e teu infinito. Palmilhar estes chãos preso a ti, sem condicional, e assim morrer e viver mais que perfeito.

Recordemos a Gruta da Praia do Zairton, último remanescente dos tantos balneários que infestavam a nação da filha de Araquem. O mar esperava. A escola, risonha e franca, também. Seríamos aprovados por Netuno, Mestre Jerônimo e outros tantos mártires sepultados neste tenebroso mar que não assusta nossos intrépidos jangadeiros, os quais não trazem sequer carrancas nas proas de suas frágeis embarcações.

A universidade da praia de Iracema nos iniciava nos primeiros goles e já não sabíamos se lá íamos ter para ver a ressaca do mar ou se provocar a nossa. Relógio Lanco, identidade plastificada e o curto dinheirinho grosso, barões assinalados, eram guardados em caixas de charutos Suerdieck ou sapatos Fox. Calças Far-West e camisas Volta-ao-Mundo penduradas numa cruzeta só pra lembrar o baixinho indecoroso que apregoava pelos quatro becos da mágica taba seus cabides de madeira. O calção alugado trazia boa dose de doenças venéreas e populosa fauna de chatos no suporte interno. Era moda usar-se um short de poliéster que, mágico também, se escondia dentro do próprio bolso selado com fecho ecler. O banho de água doce, com chuveiro ou lata, o corpo esfregado a sabão Pavão e uma toalha igualmente coletiva. E haja cachaça para enfrentar tal proeza. Sandálias japonesas sempre eram trocadas por outras mais desgastadas, porque era mesmo impossível atravessar o areal do Morro da Viúva, descalço, sob o escaldante sol das duas da tarde.

Alabama, Lido e Estoril. Chiques restaurantes, conchas da fina flor dos dourados anos. Talvez a culpa não tenha sido a ida do Bayard e sua coluna social, mas o fato é que a decadência reduziu o primeiro a um chatô de terceira categoria. O Lido foi expulso do mercado boêmio pela especulação imobiliária, levando nos escombros sustenidos e bemóis do piano do Carlos Sucupira, meu colega de João Pontes. E as duvidosas imitações do Vitor Portela, alter ego do Eduardo Araújo. O Estoril, reduto da corriola do João Ramos, foi tombado ou tombou de mesmo logo depois. Renasce das cinzas pois que fogo ardente. E ainda povoam na névoa poeirenta os fantasmas dos galos de briga do Neném Pequeno e a servidão humana do Sitônio, os assustados loiros pseudo-heróis da América e, de lambujem, as assanhadas coca-colas nativas. Alemão e Baleia resistiram até o último bastião, muito mais que nós, mansos boêmios da madrugada maresiada. Nas cabeças de frade do velho casarão se atavam os bêbados bostas e no agarrado dos casais não passava nem pensamento. A faxina matinal recolhia calcinhas e camisinhas entre os pedaços de reboco caído. Os coqueiros despencaram um a um e se foram também Rogaciano e Petrúcio. Mas o som do seu piano ficou no ar (ou no mar) e a poesia borbulha no rosário do uísque do Roga, bebamos. Os boêmios optaram fazer resistência no amável gueto do Haroldão ou ancoraram num cais que é de bar. Onde poetam e politicam ou discutem as artes e manhas desta ocara ameaçada por espigões invasores. (Este texto faz parte do livro IRACEMAR, editado em 1996, em parceria com outros autores, em torno da praia dos amores. As ilustrações desta matéria são baseadas em fotografias de autoria do iracemista Cláudio Lima).

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Por: Joanice Sampaio

...de Ponto a Ponto

O PERMEIO DO GARAJAL Ponto de Cultura contribui para a valorização da cultura popular, mantendo a tradição e promovendo a cidadania através da cultura

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Maracanaú, na Região Metropolitana de Fortaleza, é o quarto município mais populoso do Ceará e segunda maior economia do estado, conhecido principalmente por sua vocação industrial. Mas em meio às atividades econômicas, a cultura tem o seu lugar. Desde as tradicionais manifestações da cultura popular, com as quadrilhas juninas, reisados e maracatu até a realização do FestCine Maracanaú, que este ano irá para a segunda edição. Some-se a isto também as inúmeras bandas de rock – é, Maracanaú é uma cidade roqueira –, o movimento Hip-Hop e o audiovisual já trabalhado por iniciativas como o ABC Digital. Nas artes cênicas e circense, se destaca o Grupo Garajal. Formado por jovens da cidade, o grupo foi criado em 2003, durante os cursos de capacitação em técnica teatral, montagem e artes circenses, promovidos pelo núcleo do PROARES – Programa de Desenvolvimento Social do Governo do Estado, em Maracanaú. O grupo surgiu com o objetivo de contribuir e viabilizar o fortalecimento da memória e história da cultura popular. A partir daí, os jovens participantes sentiram a necessidade de continuar e o Teatro foi o ponto de partida. Passaram a desenvolver técnicas de resgate da cultura popular com o Teatro de Rua, Teatros de Bonecos, percussão, figurinos, confecção de máscaras, culminando na figura do palhaço, esta sua principal característica. O grupo luta pela preservação da Tiragem de Reis e a Festa do Dia de Reis e conta com a participação da comunidade na confecção do figurino, adereços, ensaios das danças e músicas. “A partir do primeiro dia do ano até o dia 05 (de janeiro) o Reisado sai com músicos, cantores e brincantes que percorrem as ruas da comunidade, de porta em porta, anunciando a chegada do Messias, pedindo prendas, cantando e fazendo louvações aos donos das casas por onde passam. E no dia 06 de janeiro ganham cores e formas das suas tradicionais o Mateus, Catirina, Jaraguá, Burrinha, guerreiros com suas espadas e a principal figura: O Boi. Assim, seu mestre convida a todos para que no meio da rua venham fazer parte desse espetáculo. O Reisado é uma das tradições populares mais ricas do folclore brasileiro e, assim, há sete anos o Grupo Garajal vem mantendo a tradição e fortalecendo a promoção da cidadania pelo caminho da Cultura”, declara, Mario Jorge Marinho, o Maninho, coordenador do grupo. Com o passar do tempo e as atividades crescentes, o Garajal se tornou a ONG Instituto Garajal de Arte e Cultura Popular e em 2009, foi instituído o Ponto de Cultura Permeio – Na Escola de Teatro Renasce uma Cidade. As atividades gratuitas contemplam a comunidade seja em formação artística e formação de plateia, contribuindo para o capital cultural dos habitantes do Conjunto Jereissati I, em Maracanaú. Participam das oficinas gratuitas, jovens de 15 a 29, residentes no município e que sejam estudantes de escola pública. Os participantes recebem camiseta para identificação e lanche. As oficinas ofertadas são de iniciação teatral, arte circense, acrobacias, malabares, pernas de pau, pirofagia (técnica de engolir e cuspir fogo), palhaço, Teatro de Rua, danças populares, figurino e maquiagem, montagem de espetáculo e produções. As vagas são permanentes. “Não tem inscrição, você chega e faz”, atesta Maninho. Aos que não podem fazer parte do Ponto, os alunos ensinam o que aprendem no Permeio. Ainda entre as ações estão o Reisado Mantendo a Tradição, a Queima do Judas e o Garajal de Portão Aberto, onde se apresentam atrações para a comunidade nas mais diversas linguagens, fomentando a formação de plateia. Segundo o coordenador Maninho, no primeiro ano foram capacitados 35 jovens de cinco grupos de teatro. Cada grupo montou seu próprio espetáculo encenado por dois sábados na sala Nadir Papi Sabóia do Theatro Jose de Alencar. Em 2011, as atividades continuam, sempre com as mesmas oficinas.

> SERVIÇO | GRUPO GARAJAL RUA 18, CASA 119 - JEREISATI I - MARACANAÚ/CE (85) 8792.7355 | 3382.2430 07


> BRUNO VIEIRA - A JANGADA DA MEDUSA

// FOTOS DIVULGAÇÃO

SUBJETIVIDADES E INEDITISMO

> FLAVIA JUNQUEIRA - COM UMA CASA NA CASA SUBJETIVIDADES DAS FORMAS DO EU, foi o tema do Salão de Abril 2011 que este ano chegou à sua 62ª edição. A mostra tomada por uma ampla representatividade da arte contemporânea brasileira, com pinturas, fotografias, instalações, intervenções urbanas, esculturas, desenhos, performances, objetos e vídeos apresentou obras dos 30 artistas e grupos selecionados, entre os quais dois cearenses – o artista plástico Diego dos Santos e o Grupo Ácidum. Ao todo, foram inscritas 613 obras de artistas de 14 estados. A exposição ficou em cartaz de 15 de abril até o dia 31 de maio na Galeria Antônio Bandeira e homenageou o artista plástico cearense Zé Tarcísio. O artista que este ano completa 50 anos de carreira ganhou espaço exclusivo para expor suas obras. Além desta ação, algumas das obras selecionadas foram expostas fora da Galeria, ocupando as ruas Senador Alencar e Major Facundo, no Centro.

> MARIA MATTOS - NO AR

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A mostra teve a curadoria de Agnaldo Farias (SP), Andrés Hernandez (SP) e Ana Valeska Maia (CE) e realizou uma atividade inédita: um presídio foi local de exposição com a apresentação de seis obras de arte na área interna do Instituto Penal Professor Olavo Oliveira II (IPPOO II), em Itaitinga, Região Metropolitana de Fortaleza. Essa ampliação das atividades é resultado das reflexões desencadeadas pela expansão territorial de ocupação dos espaços expositivos do Salão de Abril, proposta essa que teve início há três anos, com a inserção de obras de arte em terminais de ônibus de Fortaleza. “Ocupando os espaços públicos sem deixar de passar pelos espaços tradicionais, o Salão de Abril chega cada vez mais perto da população em geral e toma para si o desafio dar visibilidade e sentido à cidade, seus usos e bens simbólicos, constituindo diálogos e deslocamentos que extrapolam as fronteiras territoriais”, explica Maíra Ortins, Coordenadora Geral do Salão de Abril e Coordenadora de Artes Visuais da Secultfor.


A respeito do Salão de Abril 2011, a artista visual e coordenadora da mostra, Maíra Ortins, conversou com a nossa reportagem. Confira: CANTO DA IRACEMA (CI) – Quais mudanças aconteceram nesta edição da mostra? MAÍRA ORTINS (MO) – A mudança

pontual deste ano foi o fato de o salão ter tido todas as suas inscrições on line, ou seja, foi tudo feito através de um sistema disponibilizado pelo site do salão. Mas de modo geral, a grande questão do Salão de Abril, desde que ele tornou-se nacional é a continuidade de um projeto que visa o amadurecimento de seus conceitos básicos. O salão tem buscado afinar seu discurso e conceito com o que há de mais atual na produção de arte contemporânea no Brasil. É um salão atual, que visa transpor barreiras e formatos tradicionais de salões de arte. Pensando coerentemente sobre o projeto de continuidade é que levamos também o salão para um presídio, o IPPOO II, que foi este ano, a questão mais polêmica levantada pelo salão, que é o sistema carcerário no Brasil. Ou seja, o salão cumpre seu papel social ao instigar também a produção contemporânea, quando estimula esta a pensar o mundo e suas relações de conflito.

mostraram surpresos com a nossa ação, pois muitos dos que ali estão nunca viram uma obra de arte ou mesmo tiveram contato com este tipo de processo. Eles não só tiveram acesso às obras ali, mas também participaram da elaboração, criação e montagem das obras. Isso faz do processo todo algo bem mais importante, pois não é a obra pronta, sem diálogo que chega ao espaço e o ignora, mas foi um trabalho interessante e longo. Muito antes dos artistas chegarem, nós realizamos várias visitas e explicamos toda a questão deste projeto lá dentro. Eles deram depoimentos, conviveram com alguns artistas e creio que vivenciaram coisas importantes para a vida deles. Muitos dos internos sequer sabem ler e outros aprenderam a ler na cadeia. Isto também configura e evidencia a questão grave da exclusão social e o perfil de pessoas que em sua maioria estão presos no Brasil. O Salão proporcionou, com esta ação, que um grupo social, os artistas e os agentes culturais, gestores, galeristas, críticos, curadores, adentrassem nesse universo por nós pouco conhecido. CI – As mostras de artes visuais saíram de seus locais

CI – Como foi a escolha do homenageado? Vocês

haviam pensado em outros nomes?

habituais e buscam a proximidade popular. Como surgiu esse pensamento de tornar essa proximidade possível?

MO – Zé Tarcisio este ano está completando 50 anos de carreira e é

um artista importante na cena nacional, este ano a Pinacoteca de São Paulo também irá realizar uma mostra especial em sua homenagem, ou seja, em homenagem aos 50 anos de carreira deste importante artista cearense. Esta homenagem é bem mais ampla que a sala a ele destinada na galeria Antônio Bandeira, durante a realização da 62º edição do Salão de Abril, porque pretendemos em agosto realizar uma grande exposição sobre vida e obra do artista, além de lançar também um almanaque sobre Zé Tarcísio para ser distribuído nas escolas. Observe que o Salão de Abril vai além de um evento pontual, ele é um evento catalizador de ações, desencadeando formação e reflexão. CI – Já há algum tempo o Salão se estende para alémgaleria. Já aconteceu em terminais de ônibus e nesta edição o local escolhido foi o IPPOO II. Como foi a receptividade dos internos? MO – Os internos tiveram grande interesse na atividade e se

MO – Surgiu da evidência de que o Salão de Abril ou qualquer

outra mostra de artes visuais tem cada vez mais perdido público em seu território tradicional de visitação. A sociedade mudou, mudaram as formas de percepção da arte também e, por isso, cada vez mais os artistas buscam outras formas de apresentar sua obra; buscam a rua, o muro, espaços abandonados ou mesmo a internet para se manifestar. O Salão apenas acompanha este movimento comportamental previsível da sociedade contemporânea. CI – Em 2012 será a 63ª edição. Então o que vemos é uma mostra de longevidade. O que teremos para o próximo Salão de Abril? MO – O Salão de Abril do ano que vem só será definido quando

abrirmos mais uma vez as discussões na internet e no Fórum de Artes Visuais de Fortaleza as questões de formato, mudanças ou não em seu tema etc., pois toda a construção desta mostra é pautada na coletividade. O que virá, quem decidirá são os artistas. 09


VIVA A SOCIEDADE KAVERNISTA! Junho marca o nascimento de Raul Seixas e da gravação de um dos discos mais ousados da MPB. Salvador, Bahia, 1957. Morando ao lado do consulado americano, o menino Raul tem os primeiros contatos com uma sonoridade importada. Era o rock n’ roll e com ele, Elvis Presley e Bill Halley encantaram o garoto que dois anos depois criou a banda The Panthers e foi fazer rock pelas ladeiras da capital baiana. O grupo, anos depois aportou no Rio de Janeiro. Época da Jovem Guarda, gravam o primeiro e único disco já com outro nome, Rauzito e Os Panteras. O álbum não aconteceu comercialmente, mas abriu outras portas para Raul Seixas. As portas da indústria fonográfica. Antes de se tornar o ícone do rock brasileiro, Raul Seixas foi produtor responsável de discos e compositor de sucessos de Wanderley Cardoso, Jerry Adriani, Wandelea, Leno e tantos mais da música que habitavam a mídia da época. E foi como produtor que o músico disse ao que veio. Ousado e criativo, aproveitando a viagem da alta direção da então CBS – atual Sony Music – em 1971, realizou um dos álbuns mais ousados e experimentais da história da MPB: Sociedade da GrãOrdem Kavernista Apresenta Sessão das 10. O disco, uma espécie de manifesto em que se criticava a sociedade de consumo, o caos urbano e os hippies de butique, trazia então, cantores do underground e em início de no mundo do disco: a sambista paulista Míriam Batucada (1947-1994), o baiano Edy Star e o capixaba Sérgio Sampaio (1947-1994), além de Raul Seixas que interpretavam suas composições e as de Sérgio. Quase todo o instrumental também era de Raul.

Considerado o “Sargent Pepper’s tupiniquim” para uns e esquisito para outros, o Sociedade da Grã-Ordem Kavernista foi concebido sob o signo das influências do rock, soul, frevo, Jovem Guarda, do samba, chorinhho, Frank Zappa, Tropicalismo. Resultado: ecletismo carregado de bom humor que trazia em suas faixas o clássico bolero Sessão das 10, interpretado por Edy Star e o xaxado Eu Vou Botar Pra Fervê. A produção contou com gente da rua para fazer o coro e o transporte de uma harpa egípcia para fazer somente um acorde no final de uma música, com um investimento de 23 milhões de cruzeiros. Estes últimos os motivos de indignação da diretoria que mandou recolher os discos das lojas que então fazia relativo sucesso. A partir daí virou objeto de colecionador e disco cult para anos depois ganhar novas reedições ainda em vinil e posteriormente em CD. Na era do MP3 é fácil encontrá-lo para download. E para comemorar os 40 anos do álbum e o aniversário de Raul Seixas que se estivesse vivo completaria no dia 28 de junho, 66 anos, os integrantes do Raul Seixas Rock Club, fã-clube criado para preservar a memória musical do Maluco Beleza, realizará no dia 02 de julho no restaurante Dona Chica, no Benfica, o Tributo a Raulzito. No evento, vídeo-tributo, homenagens, exposição, performance, lançamento literário e a estreia da banda Oco do Mundo que executará as canções do Sociedade da Grã-Ordem Kavernista Apresenta Sessão 10.

Servico

RAUL66

Tributo a Raulzito Dia 02 de julho A partir das 19h Local: Espaço Cultural e Restaurante Dona Chica (Av. da Universidade 2475 – Benfica) Informações: (85) 3454-1182

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...coisas que conto!

Houve uma época em que para se comer alguém nessa cidade era necessário ao conquistador inventar que fora da guerrilha do Araguaia, combatera a ditadura de diversas maneiras, inclusive sequestrando vários embaixadores, mas que felizmente conseguira recentemente voltar ao Brasil após a Lei da Anistia. Era o final dos setenta, início dos oitenta, a Praia de Iracema fervilhava de bravos e destemidos ex-insurgentes de todos os naipes. Não se sabia como era que o exército brasileiro havia conseguido vencer aquela batalha. Tinha-se comunista para satisfazer qualquer exigência: marxistas, leninistas, maoístas, albaneses (esses os mais radicais), alguns que estiveram com Lamarca na Bahia (mas que infelizmente nada puderam fazer), outros que desceram a Serra Maestra com Fifo (só não subiram porque a tenra idade não combinava com a estória). Enfim, valia tudo para se aplicar uma boa e certeira cantada. Mas o quente mesmo era ter algo que se dizia ter pertencido ao Guevara. Aí o sujeito comia até as verdes. O mulherio ia à loucura. Cada um tinha seu codinome do tempo de luta armada e muitos foram orgulhosamente torturados pelo famigerado Sérgio Paranhos Fleury. Para provar, qualquer cicatriz adquirida na infância tinha fé pública. Numa certa noitada no velho Estoril de guerra, estava o inesquecível Pom-Nhón-Nhón a ciceronear uma sua prima, que tinha vindo de Belém do Grão-Pará para curtir as férias em nossa Fortaleza de Nossa Senhora da Assunção. Formosa morena, longos cabelos negros, combinando em graça e beleza com a vila que deu nome ao bar. Um belo exemplar da raça marajoara, anjo perfumado de patchuli, uma santa de batom. Mulher de fechar o quarteirão. O nosso dedicado consorte cuidava enciumadamente de protegê-la dos assediadores de plantão, que, diga-se de passagem, não eram poucos, zelando para não encostar na mesa nenhum aventureiro mais ousado. E como com prima não era proibido se fazer determinadas coisas, estava propenso a usufruir dos encantos que aquele ser escultural poderia lhe proporcionar. Apesar da marcação colada, o que tanto lhe temia aconteceu. Um seu

amigo discípulo da arte de Lumière, muito criativo por sinal, conseguiu furar-lhe o bloqueio. Apresentando-se mui gentilmente para a curiosa morena, primeiro demonstrou o quanto gostava do seu primo e logo em seguida atacou de guerrilha do Araguaia. Pois como descobrira a origem da silvícola ninfeta, lembrara-se do seu tempo de guerrilheiro em Caxiobá. Aí foi bala muita, bomba muita, correria muita, um arsenal de peripécias capaz de desbancar qualquer outro “Marighela” que por ventura aparecesse. Quanto mais a morena se empolgava com a lábia do destemido subversivo, mais o nosso diligente escudeiro ficava preocupado. Viu ele que se aquela guerra continuasse, perderia uma comida que já estava quase certa. Foi quando lhe ocorreu uma ideia brilhante: – Companheiro, você vai nos desculpar, mas nós temos de ir. Prometi a minha prima lhe mostrar a beira-mar e já está ficando tarde... – Não tem problema, eu vou com vocês.

Por: Augusto Moita | Compositor

Pom-Nhon-Nhon Vence Temivel Guerrilheiro

Dirigiram-se até o fuscão do valete tupiniquim que estava tranquilamente estacionado debaixo dos coqueiros. Adentra logo o perigoso terrorista ocupando bem o meio do banco traseiro, local estrategicamente escolhido para continuar contando, agora colado no cangote da morena, as bravatas e bravuras ocorridas em solos amazonenses. Distraído com a aplicação da conversa que há muito já derrubara a prima do amigo, mesmo tendo um apurado senso de localização devido às muitas batalhas travadas nas selvas tropicais, não se apercebeu o endiabrado guerrilheiro que a viatura estava parando exatamente em frente à sua casa, com o condutor escancaradamente chamando pelo nome de sua esposa. – Fulana, vim trazer aqui este exausto combatente. Atônito, sem esboçar reação alguma, desceu do carro com a perplexidade estampada no rosto. Ainda sem entender nada saiu cambaleante em direção à esposa que o aguardava no portão. Pom-nhón-nhón vendo enfim o perigo dissipado, colocou a cabeça para fora e vitoriosamente bradou: – Morreu, guerrilheiro “véi”! 11


// FOTO SALVINO LOBO

A ANTIGA CADEIA PUBLICA Por: Nilze Costa e Silva - Escritora

“Mãe, ladrão nunca foi adulto. Ladrão foi sempre criança”. (Aline Costa e Silva) A frase em epígrafe foi dita por minha filha, Aline, quando tinha cinco anos. Fez-me recordar uma época da minha infância. Quando eu era pequena, tinha muita pena dos presos da Cadeia Pública. Esta não tinha muros, como as de hoje. Era um casarão enorme, com grades que davam para a rua, através das quais os presos pediam esmolas aos transeuntes. Costumava ir a uma feira que ficava na Praça da Estação, junto com uma amiguinha, a Lastênia, e sua mãe, D. Irene. O percurso a pé não era longo, pois íamos conversando. Saíamos pelos nossos quintais (Rua José Avelino) e seguíamos pela rua do quartel (10ª Região Militar). Num instante estávamos no Passeio Público, Santa Casa e, antes de chegar à Praça da Estação, seguíamos pela calçada da antiga Cadeia Pública. Neste percurso, o que mais me impressionava eram os detentos. Colocavam latinhas penduradas num cordão e jogavam aos passantes, para que lhes dessem algumas moedas. Não se viam os rostos, só os braços pendurados. Imaginava aqueles pobres lá, sem comida e com privação de liberdade. Da primeira vez que os vi, perguntei à D. Irene: “o que é aquilo?” – Ela respondeu que era uma cadeia, uma prisão. Perguntei o que eles tinham feito para se encontrarem daquele jeito, como animais presos em jaulas, implorando numa latinha a caridade alheia. “São pessoas más, ladrões”, minha amiguinha dizia. Já na idade adulta, caiu-me às mãos o livro de autoria da Desembargadora Auri Moura Costa, intitulado “Mazelas da Casa de Detenção”. O que vi dos braços pendurados na minha infância, não chegava à décima parte do que estava relatado neste livro sobre a referida cadeia. O prédio, que foi erguido com a mão de retirantes chegados a Fortaleza com a seca de 1877, quem sabe não abrigou em suas celas alguns de seus próprios construtores, caídos no mundo da criminalidade pela situação perversa da seca. Após tantos anos, a antiga Cadeia Pública ainda está lá e mantém sua fachada quase inalterada. Com a construção de cadeias afastadas do centro da cidade, os detentos se foram para que a sua antiga “casa” se transformasse num Centro de Atividades Turísticas, a EMCETUR. Os lugares das celas foram transformados em boxes, onde podem ser encontradas as variedades do artesanato cearense, como maneira de estimular o turismo naquela área histórica. Na parte superior do prédio funciona o Museu de Arte Popular, com motivos religiosos e folclóricos.

o gato

Com sua leveza de pena Um gato passeia Preguiçoso Dentro da tarde morena

Longa é a paciência que nos ensina Em cada gesto De misteriosa calma Na incompletude da noite Ele atravessa as horas sobre um muro Vagarosamente Sem desespero Como se sete vidas fosse uma eternidade Como se o tempo fosse uma miragem. 12

Por: Fernando Neri | Compositor

Sempre que vou lá, pareço ouvir os sons das latinhas batendo nos muros.


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Quantas ondas beijaram a areia da praia até que o mar furioso avançasse sobre o casario. Agora são 86 anos no papel passado e lei aprovada pra criar o bairro Praia de Iracema, onde moraram Verônica e Zairton, o jovem Portugal e sua conversa de horas a fio pela janelinha da Gruta da Praia. Iracema, estação fronteira, santuário do mundo, a noite é de cristal na esquina do Brasil. Eu dou um doce pra quem achar a cabeça de cimento do Luiz Assunção e ainda ajudo a botar de volta no Largo com o nome do maranhense mais cabeça-chata, torcedor do mais querido, morador do Jardim América, sendo ele o que estremeceu o assoalho dos cabarés de Fortaleza com talento de pianeiro, espelhinho e pente Flamengo no bolso porque malandro mesmo não dá bobeira e São Benedito é crioulo e é um santo de fé. Ó, meu São Benedito, olhai para este preto na cor, olhai para este preto filho do rei nagô. Ponte velha ponte nova ponte para o céu, Tacacá, Estoril. Gamelas de cabaça cuias de coité arroz com ervilhas em prato de papelão. Sitônio, Baleia, Zé Pequeno, o trio de ouro e o Jeep 54 poleiro de galos, noites e quintais, o pé de castanhola testemunha de poemas mijadas discursos peidos canções e múltiplos orgasmos. Ainda hoje soa a canção no meio da noite, além do cansaço, a que faz sumirem polícias e cães no meio da noite no meio do galope

da meia-noite quando a rua a casa e a porta não mais falem de ir ou chegar. No meio da noite ainda se ouve a canção canto pra subir pra sumir com a milícia // FOTO CALÉ ALENCAR dali na marra na força da música. Faz escuro mas eu canto eles cortam um verso eu escrevo outros montado num cavalo ferro com a se escreve amor e arma a vida quer um jeito de resistir é o amor que move a Terra all we need is love yo tengo tantos hermanos que no los puedo contar. Iracema ponte pela praia pedra canto de primeira sol entardecer. Praia dos amores dos pinhões mercado feira sexta-feira cinzas baixa-pau. Ê poço da draga ê dragão do mar ê negro da noite bênção saravá. Canto para a praia de Iracema canto para Fortaleza canto até viver canto a vida canto aqui praia Formosa canto o peixe a ponte a paz a luz o ser. Praia do peixe ponte velha poesia. Areia pedra onda mar anil do céu. Tabajarinos guanacéicos cariús. Tremembelenses potiguatas janduís. Groairados tupináceos cariris. Arariúnicos, tigipiônicos tapebas. Pacajus tapuias, guaranis tupis. Os meninos na ponte gotas de amor na ponte beijos na face oculta da lua. A lua oculta na face dos beijos na ponte o amor em gotas na ponte dos meninos.

> FULÔDOLÁCIO

// FOTO CALÉ ALENCAR

Ponte velha é a ponte metálica, porto de onde o Acioly saiu voado. Ponte dos Ingleses é a outra, erguida para substituir o porto da Praia dos Amores e estancada por conta da construção do Porto do Mucuripe. Praia do Peixe d’água doce do sal estrela do mar Matias go back. Caminho das índias moinhos de Holanda Marajaitiba a mina de prata a curimatã. Caraya, Algodão, o âmbar-gris, o chão. Forte curumim Iracema Fortaleza Marajaig.

Por: Calé Alencar - Cantor e Compositor

MAR VERDE-LUZ DESLIZANDO POR ENTRE LONGARINAS E A PONTE VELHA AINDA NÃO DERRUBADA, GRAÇAS AOS DEUSES.

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THE GOOD GARDEM lança CD e manifesto em noite histórica para a música independente de Fortaleza. No último dia 15 de maio, a banda THE GOOD GARDEM, grupo fundador da cooperativa CUNDER, lançou o manifesto GODZILA, junto com seu primeiro CD ao vivo intitulado “Para quando Godzila voltar a atacar o planeta dos macacos sem pêlos”. O registro, sem maiores enfeites técnicos, é uma prova da força da música feita na periferia de Fortaleza e, seu manifesto, derrama ideologias para muito além do Rock!

FEITO

arte

por Georgiano de Castro (goodgardem@paneladiscos.com) “Para quando Godzila voltar a atacar o planeta dos macacos sem pêlos” é uma resposta malcriada e nonsense que damos aos questionamentos sobre por que agente continua fazendo rock ´n roll underground, sem perspectivas fáceis e depois de tanto tempo. Ora, senão vejamos: por que as pessoas, mesmo sabendo dos crimes cometidos pela igreja na história, ainda continuam católicas? Não é fácil responder, né? Então entenda que o “Rock and Roll” é a nossa religião. Godzila nessa nossa relação representa o apocalipse. O planeta dos macacos sem pêlos é aqui. Então continuar fazendo rock é a nossa salvação. Como o nosso nome já sugere, somos da região do Grande Bom Jardim, periferia mais afastada do centro de Fortaleza e que faz divisa com a região metropolitana. Assim como nosso bairro, desde o princípio, sabíamos que as coisas não seriam fáceis para nós e que apoio seria muito difícil, como no início foi. Fomos driblando as adversidades e conquistando nosso espaço na marra. Auto-produzindo-nos, participando de licitações culturais (mesmo sem ganhar nenhuma!) fundando a CUNDER (Cooperativa Underground), onde se reúnem as bandas da região para trabalhar em cooperação, produzindo e discutindo juntas as soluções viáveis às nossas realidades, escrevendo-nos em festivais, mostras, feiras e debates. Sempre ignorando os preconceitos e ficando cada vez mais dispostos a cada “não” recebido. Investindo muito mais em atitude que em aparências, sempre representamos os rocker’s, não aderindo a modismos nem fazendo esforços para soar iguais às bandinhas de rádio. O PQGVAPDMSP (Para quando Godzila voltar a atacar o planeta dos macacos sem pêlos) é uma prova disso. Queríamos soar verdadeiros, não maquiados. Daria pra gente se trancar no Panela Estúdio, que tem os recursos necessários, quebrando a cabeça do Pablo, para lançar um “CDzinho” correto e agradável, mas sem a verdade do ao vivo no underground da cidade, onde as dificuldades são todas: desde equipamentos até a conscientização dos produtores que preferem pagar melhor aos trabalhos covers. Mais uma vez damos nossa cara à tapa, pois no PQGVAPDMSP o que vale é a atitude, não a correção, a qualidade é o registro, não o agradável. Não há “overdub” algum, nem tampouco partes refeitas em estúdio, é do jeito que saiu do palco. Seja da boca do lixo ao Boca Rica, ou da periferia mais lascada ao anfiteatro do Dragão do Mar. É um trabalho que se preocupa em demonstrar uma verdade, como a Karine Alexandrino e seus clipes auto produzidos exibidos na TV local ou o R.D.P com o lançamento de “Periferia 1982”, registro histórico que, quando adquirimos, foi uma tapa na cara também. PQGVAPMSP é um registro fiel, ou quase, desses oito anos de paupérrimas apresentações ao vivo. Por isso, avalie a nossa atitude e se possível seja uma agente nessa guerra para conseguir espaço e dignidade para o rock no Ceará.

agenda JUNHO panela discos Junho será de muitas atividades para o Panela Discos. É o mês em que gravaremos o primeiro registro coletivo, em DVD, do rock cearense: MOSTRA PANELA DISCOS: O NOVO ROCK CEARENSE é o título do DVD ao vivo, que será gravado no Centro Cultural Bom Jardim, durante todo o mês! O projeto é fruto de parceria nossa, Panela Discos, com o CCBJ, assim como da produtora de vídeo Abel Musical. Todo material será em Full HD e já é, antes mesmo de começar, histórico. Confiram as datas, horários e shows programados e, se puder, faça parte desse nosso projeto, aparecendo e conferindo os shows! JUNHO Dia 03* - Falácia, Artigo 19, Sátiros, Boró. Dia 11 - Bonecas da Barra, Zenois, Same Old Shit, Thrunda, Chicones. Dia 17* - Flor Azul, The Good Gardem, Atomic Bomb Watcher, Rafael Vasconcelos. Dia 25 - Inflame, Estado Anestesia, Eutanazia, Full Crasher, Full Time Rockers, Land Of Lemuria. As datas marcadas com (*) sempre começando às18h. Demais datas começando às16h. SERVIÇO: Gravação do DVD “Mostra Panela Discos: O Novo Rock Cearense”, dias 03, 11, 17 e 25 de junho, no Centro Cultural Bom Jardim (Rua Três corações, 400. Próximo ao ABC). Informações sobre o projeto e assessoria: talleslucena@paneladiscos.com - Entrada franca. SERGUEI e ROCK ROCKET agitando o THE PUB! Em nosso site, vocês poderão conferir todas as informações acerca dos shows do Serguei e da banda paulista Rock Rocket. Os paulistas desembarcam por aqui dia 4 de junho, e o divino do rock brasileiro, Serguei, toca na festa Rock in Rio, dia 18 de junho! Acessem: paneladiscos.com

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