Revista Canto da Iracema - Edição março 2011

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Nº 02 > Fevereiro 2011

UMA PUBLICAÇÃO DO INSTITUTO DE COMUNICAÇÃO SOCIOCULTURAL CANTO DA IRACEMA > ANO 12 > Nº 64 > MARÇO 2011

a cultura cearense pertinho de você!


EDITORIAL

EDITOR

Felicidade. É esta a palavra que traduz o sentimento da equipe do Canto da Iracema-Solar por seu lançamento. A repercussão midiática e também entre o público foi a prova do reconhecimento a este trabalho feito com amor e dedicação à arte e cultura produzidas por aqui. Foram inúmeras manifestações de carinho, felicitações, mensagens, desejo de sucesso, elogios ao conteúdo e aos participantes. Agradecemos a todos e esta é nossa missão mensal, fazer uma revista cada vez melhor. Continuando nossa caminhada, neste número, Audifax Rios e seus comentários de acontecimentos que marcaram fevereiro. Nilze Costa e Silva remete à sua infância para em boa hora homenagear um dos pioneiros da televisão e baluarte das artes cênicas cearense, Ary Sherlock. Em versos e doses de humor, Fernando Neri, tece loas a algumas cidades brasileiras. O olhar urbano de Danilo Amaral em sua primeira participação no Canto da Iracema -Solar. O “prazer” da primeira Coca-Cola do cantador e poeta Acauã é contado pelo querido Augusto Moita, com a gaiatice que lhe é peculiar. Vendo a cidade por outro ângulo, José Maria Damasceno, logo aqui ao lado, nos dá sua impressão e nos faz refletir sobre o que se tem e temos feito de nossa Fortaleza. Na coluna De Ponto a Ponto, conhecemos as ações do Ponto de Cultura Ação Agente e Cultura Viva do Grupo Bailarinos de Cristo Amor e Doações (Becad). A Panela sempre fervente e diversa do rock independente do Ceará tem os lançamentos das bandas Thrunda e o Festival BomJa Rocks. Em ritmo de Carnaval e Maracatu, Calé Alencar fala da figura Zé Rainha e em sua Fulô do Lácio, registra mais uma das pérolas grafadas em placas, muros, paredes, cartazes por aí afora. E o mês de março está repleto de coisas boas: nos dias 18, 19 e 20 de março, acontece o I Ceará das Rabecas, no SESC SENAC Iracema, que vai reunir mestres da rabeca de diversas regiões do Ceará e ainda promove palestras, oficinas e workshops em sua programação. Vale conferir. No dia 26, Descartes Gadelha lança o livro “Lenda Estrela Brilhante”; e a história de Canudos tem sua versão em cordel e graphic novel por Geraldo Amâncio e Kazane no livro “A História de Antônio Conselheiro”. No mais, curtamos as águas de março que certamente banharão nosso estado. Para os que irão cair na folia, se for dirigir não beba – afinal você quer estar vivo no próximo Carnaval. Use filtro solar. E na hora “h”, lembre-se, camisinha não pode faltar!

Há muitos anos moro em Fortaleza, amo esta cidade, mas estão ocorrendo na “bela” o que eu não posso me conformar. Não tenho nada contra a Prefeita pessoalmente (eu nem a conheço!), mas no setor que lhe compete, o executivo municipal, ela, quer queira que não, é responsável direta pela urbe fortalezense. Certo que os mal feitos andam junto com um problema secular e histórico de nosso país, para falarmos “latu sensu”, e este problema crônico se chama “falta de cultura” que afeta quase toda a população brasileira e mais especificamente a cearense e, para não ser injusto, afeta desde os menos favorecidos até os mais graduados. O problema citado é estrutural, quer dizer, diz respeito aos vários setores da cidade (transporte, segurança, educação, saúde, e muito outros), e Fortaleza, realmente, não e uma cidade fácil de administrar; a 5ª capital do país precisa de uma visão macro de seus problemas e de uma supervisão para melhor analisá-los, discuti-los e dar-lhes soluções definitivas. Mas, neste pequeno artigo, eu gostaria de me reportar somente e apenas aos logradouros de Fortaleza, pois a “Fortaleza Bela” não pode ser resumida às praias da cidade (elas realmente são bonitas, são atraentes aos turistas, mesmo sabendo nós que a orla esteja precisando também de uns reparos!). Mas perguntamos: e os logradouros públicos, o que há com eles? Pensando bem, porque será que os prefeitos não gostam de praças bem cuidadas? Onde está a cultura desses administradores?, ou será que as praças não representam cultura? Não se sabe como? A arborização de uma praça não lhe // DIVULGAÇÃO

FORTALEZA BELA... NEM TANTO!

○○○○○○○○○○○○○○○○○○○○○○○○○○○○○○○○○○○○○○○○○○○○○○○○○○○○○○ diz nada? E o meio ambiente, como está sendo tratado na cidade? E o ajuntamento das pessoas (crianças, adultos e idosos, principalmente) que ali se encontram para atividades de lazer, de reuniões para bate-papos e/ ou discussões de assuntos relevantes – os problemas da cidade? Como disse anteriormente, a “Fortaleza Bela” não está somente em suas praias, e a senhora Prefeita sabe muito bem disso. Então, porque não recupera e conserva as praça da cidade? Praça como a Clóvis Beviláqua (Faculdade de Direito), a da Igreja do Carmo e a José Bonifácio, só para citar algumas, que estão em completo abandono? Prefeita, ande nessas praças, veja com seus próprios olhos e sinta a vergonha que a população sente por não contar com praças bem cuidadas e prazerosas para as suas atividades sociais (praças mal cuidadas, abandonadas e relagadas ao esquecimento, denotam a falta de cultura do de um povo, e principalmente de seus dirigentes). Se a senhora olhar com atenção encontrará os “mal feitos” de que falei; que tal uma praça com um piso de pedras de paralelepípedos (Praça José Bonifácio), para os usuários caminharem?; que tal outra praça (Clóvis Beviláqua) com uma quadra de esportes com piso de areia e de um tanque subterrâneo destruidor de inúmeras árvores?, e mais uma (Praça do Carmo) com o piso de mosaico quase todo arrancado? Não!, é demais para nós, fortalezense, não merecemos isso. Fortaleza precisa de praças (no centro e nos bairros), mas que sejam bem cuidadas, vigiadas permanentemente e que mostrem à população que a cultura “andou” por ali!

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// TIRAGEM 5 MIL EXEMPLARES

○○○○○○○○○○○○○○○○○○○○○○○○○○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○>○ J○OSÉ○M○ARIA○D○AMASCENO ○ ○ ○|○APOSENTADO ○○○○○○ > QUEM SOMOS! coordenação geral zeno falcão • coordenador adjunto pingo de fortaleza • editora e jornalista resp. joanice sampaio - jp 2492 - ce • produtor executivo arnóbio santiago • assistente de produção tieta pontes • revisão rodrigo de oliveira - tembiu.pro.br • colaboradores josé maria damasceno / audifax rios / fernando neri / augusto moita / talles lucena / nilze costa e silva / danilo almeida / calé alencar / geraldo amâncio / kazane • conselho editorial augusto moita / audifax rios / calé alencar / erivaldo casimiro • diagramação artzen • contatos > canto da iracema rua joaquim magalhães 331 / cep 60040-160 / centro / fortaleza / ceará / (85) 3032.0941 / cantodairacema@hotmail.com > solar av. da universidade 2333 / benfica / fortaleza / ceará (85) 3226.1189 / associacaosolar@gmail.com CAPA FOTO

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Carnaval do Povo

HEUREKA! FORTALEZA ENCONTROU SEU CARNAVAL. NADA DE CLUBES ELEGANTES OU SUBURBANOS, ESCOLAS DE SAMBA, DESFILES DE RUA REMORANDO O VELHO CORSO. A CIDADE ESVAZIA NO PERÍODO MOMINO. A SEDUÇÃO DE FOLIAS MAIORES, DO FREVO AO SAMBA, DE OLINDA AO RIO DE JANEIRO. DA PAZ DAS PRAIAS PARADISÍACAS À DISTÂNCIA DOS PAREDÕES INFERNAIS. PRONTO. NASCEU O PRÉ-CARNAVAL. E TOME CHARANGA POR TUDO QUE É ESQUINA. E ENQUANTO SE REPETEM CONSAGRADAS E ETERNAS MARCHINHAS, BATIZAM-SE BLOCOS COM CRIATIVOS NOMES, ORA VEJAM: “SANATÓRIO GERAL”, “CONCENTRA MAS NÃO SAI”, “CORAÇÃO BENFICA”, “MATOU A PAU...TA”, “NUM ISPÁIA SINÃO IENCHE”, “QUE MERDA É ESSA?”... E POR AÍ.

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RAIOS QUE PARTEM DO CÉU – O Brasil guarda outro troféu no pódio dos vencedores: é campeão mundial em raios despencados. Por sua extensão geográfica situada nos trópicos, na patriamada caem anualmente 60 milhões dessas descargas. São Paulo, pra variar, parte na frente, detém o quinhão maior: lá caíram 463 mil raios apenas em janeiro. O Ceará ficou na casa dos cinco mil. Em 2009 foi recorde: cem mil. Só na manhã de 10 de fevereiro foi registrada, na capital, a ocorrência de 724 raios. No Ceará, o ponto mais vulnerável é a Região Norte. Granja, Uruoca, Martinópole. Pra provar que lá não cai apenas chuva de argola. Tudo por conta da onda de nebulosidade que vem dos litorais do Piauí e Maranhão. É o cúmulo! Será que a expressão tem a ver? Essas descargas elétricas só acontecem quando um tipo específico de nuvem (cumulus nimbus) forma-se, anunciando tempestade. Nas cidades, os pracianos são protegidos pelo invento do gringo Benjamim Franklin que, por isso mesmo, foi entronizado numa nota de dólar pra evitar tempestades financeiras. No campo, os matutos têm que entrar em cavernas e locas se quiser se safar do outro corisco, tão terrível quanto o cangaceiro. Aquele prefere carnaubeiras e peladeiros de futebol, porém é de bom alvitre manter distância de tratores, motos, postes, árvores isoladas e pessoas de considerável estatura. Principalmente se elas já foram alvo da praga mais rogada: “Raios que parta!”. DERRUBA-ME OU TE AFANO! – O ex-faraó Tutancâmon sempre esteve na mídia. Desde os hieróglifos papirescos às contas do “facebook”. Das tumbas piramidais aos vetustos desvãos dos museus arqueológicos. Pois aconteceu outra vez. Quando todos os egípcios estavam na Praça Tahir, tentando destronar Mubarak, eis que cairotas inescrupulosos e sem amor herodotino devassaram o sacrossanto pavilhão faraônico do arquivo estatal guardado pelo exército (ocupado com outro estadista e seus súditos) e de lá roubaram peças escolhidas a dedo, se é que ainda não os tinham decepados pela lei. Duas múmias foram danificadas porque não tinham ainda o traquejo cinematográfico; uma estátua de pedra do faraó Aquenáton, um herege que tentou impor a adoração única do Sol, dançou; escultura da sedutora Nefretiti, fazendo oferendas simbólicas, perdeu a majestade; e, finalmente, a vítima mais esplendorosa – o rei menino pescador – cuja escultura segurando um arpão foi surrupiada ao som dos “Fora Hosni!”. Pelo menos preservaram a afamada máscara mortuária que tanto serviu de modelo para fantasias de carnaval. ASCENSÃO E QUEDA – O fenômeno ofuscou após atingir a maioridade. Ronaldo, que começou luzindo no Cruzeiro e foi eleito por três vezes pela Fifa o maior jogador do mundo, cedeu ao cansaço. O corpanzil não mais acompanhou a mente célere depois de nove cirurgias ao longo da brilhante careira de dezoito anos. Foi o maior artilheiro de todas as Copas do Mundo e mostrou sua habilidade vestindo camisetas do PSV, Barcelona, Internazionale, Real Madri, Millan e, finalmente, Corinthians, onde havia até renovado contrato. Fez fincapé, mas não deu. Sai a tempo, antes de sofrer vaias e xingamentos, dores igualmente angustiantes. Cede lugar a novos craques que estão chegando com todo o gás: Patos, Gansos e outros entes voadores. O mais promissor deles, talvez, Neymar, artilheiro (9 gols) do Sul-Americano sub-20 ora conquistado pelo Brasil no Peru. O jovem funqueiro punk santista, que já viu o estrelato subir-lhe à cabeça, parece que amadurece a cada dia que passa. Tomara. É bom pra ele, pra seleção, pros brasileiros, pro futebol

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Ponto a Ponto

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Arte para promover a cidadania!

Quem chega à recepção da sede do Grupo Bailarinos de Cristo, Amor e Doações (Becad), não fica sem desviar o olhar para os inúmeros troféus e fotografias ali expostas, representações de conquistas ao longo de seus 17 anos de atuação em promover a arte e a cidadania na capital cearense. Fundado pela coreógrafa Janne Ruth, hoje, presidente da instituição situada no bairro Bela Vista, a ONG atende anualmente a 450 pessoas entre crianças, adolescentes, jovens e adultos residentes na localidade, e também em outros bairros de Fortaleza e cidades próximas, como Maracanaú. “O Becad surgiu de um sentimento social. Eu achava que a minha arte, a minha dança podia salvar pessoas e eu sabia que eu podia dar isso

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de graça. E Deus me levava até ali aquele momento e eu sabia que podia dividir isso com as pessoas com condições financeiras ruins e eu sabia que podia dar isso de graça”, recorda Janne como tudo começou. Nas atividades desenvolvidas pelo projeto, estão o ballet clássico, a dança contemporânea, teatro, apoio pedagógico, inclusão digital e a prática esportiva do Karatê também inseridas no Ponto de Cultura Ação Agente e Cultura Viva. No projeto, o incentivo à leitura e à escrita com atividades lúdicas, fazem parte do Ponto de Leitura em parceria com o projeto Baú das Letras da Coelce. No Ponto de Cultura acontecem ainda, aulas de violão e audiovisual.Todas as atividades envolvem também os pais das crianças assistidas pelo Becad e a comunidade em geral, nas quais


Os diversos projetos desenvolvidos pelo Grupo entrecruzam-se com os já existentes, tais como, o programa Arte e Construção da Cidadania, que já existe há 16 anos e tem na dança se primeiro atrativo e ponto de partida para o que veio a ser. As meninas e meninos participantes do Becad e também do Ponto de Cultura protagonizaram experiências que talvez nem imaginavam: formando o grupo de dança que dá nome à ong, viajam para se apresentar em palcos dos estados brasileiros e até do exterior recebendo premiações e reconhecimento. Um dos exemplos, é Regilane Fabrício, 14 anos, vencedora do Barcelona Dance Award 2010. Anualmente, é realizado a Mostra de Artes, envolvendo todas as linguagens artísticas e todos os alunos compondo um espetáculo. Em 2010, o espetáculo Somos Marias, baseado no filme de animação Vida Maria, do cineasta Márcio Ramos, encenado no Theatro José de Alencar pôs em cena os 450 participantes do Ponto. Umas das iniciativas para 2011, está na continuidade dos projetos e no final deste ano realizar o encerramento das atividades do Ponto de Cultura novamente no TJA, com a VII Mostra de Arte.

> CONTATO PONTO DE CULTURA AÇÃO AGENTE E CULTURA VIVA GRUPO BAILARINOS DE CRISTO AMOR E DOAÇÕES RUA PARANÁ, 03 – BAIRRO BELA VISTA – FORTALEZA/CE FONE : 85•3482.0510 E 3482.7100

Ponto a Ponto • Ponto a Ponto • Ponto a Ponto • Ponto a Ponto • Ponto a Ponto • Ponto a Ponto

participam de palestras e oficinas de cidadania e desenvolvimento pessoal. Atualmente, mães de alunos participam de um curso de costura, onde algumas já conseguiram colocação no mercado de trabalho. Pró-Jovem e Jovem Aprendiz integram o calendário de atividades.

> Joanice Sampaio E-mail: joanicesampaio@gmail.com Blog: papocult3.blogspot.com

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cidades BRASÍLIA Cidade ave aeronave Ilha sobre planalto Falta o mar revolto CEILÂNDIA P’r ‘aquelas bandas Não se sustenta Sobre a lama E a fama de ser ruim Em miséria se derrama num rosário de precisões. Nos confins do distrito Fede (a) ral(é) Esquecida Como quem nunca Existiu. SÃO P A UL O PA ULO Era um dia de fumaça Como todos Depois descobri E meu amedrontado coração Diluiu-se no concreto Da grande mata Desvairado Declarei o meu ódio Mas entreguei o meu amor À primeira tosse. ARARAQUARA Não tem saída É cana ou cannabis O resto é laranjal. RIO De Janeiro Fevereiro e março... Todos os meses, acho Favelas descendo Arranha-céus subindo Bronze nos corpos Copos de espuma Asa delta na Praia do Pepino Traições em Copacabana Urbanas contradições

SAL V ADOR SALV Africanamente brasileira Baticum de macumbabá Bumbum dendê pelô O rosto da história Tem cara de acarajé. RECIFE Minha sombra magra Augusto em desespero Passeando sobre as pontes Lembra Bandeira: Capibaribe capiberibe Casarões de Freyre Senzalas de Gilberto Suassunas divagações SÃO LUIZ Um templo colonial Em cada pedra Percorrida Porões de onde ressoam Tambores crioulos Bumba-meu-reggae Da Nação festeira JUAZEIRO DO NORTE A fé acesa No olhar sertanejo Viceja esperança Na mortiça realidade Caldeirão de mitos Redivivos Na força Da cultura popular Em romaria Minha incredulidade Se ajoelha E reza ... e reza ... e reza ... F OR TALEZA ORT Quando navego nas ondas Quentes do teu corpo Tenho certeza: - a vida é triste longe do litoral! Por: Fernando Neri Compositor

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A primeira Bosta-Cola O nosso amigo Acauã, que na pia batismal recebeu o sugestivo e artístico nome de Narcélio Araújo, foi um menino como qualquer outro nascido nos confins dos sertões cearenses. Sendo assim, veio ao mundo um pouco afastado da beleza e da fortuna. Magrinho, pequenino, de grande mesmo só as bolachas dos joelhos, a cabeçona e o bucho. Como qualquer criança naquela situação, passou também pelos mesmos problemas, aflições, desejos, sonhos e muitos momentos felizes. Sonhos esses que o subdesenvolvimento nordestino não permitia que fossem realizados tão facilmente.

Seria verdade aquele dizer do seu velho?

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- V’ambora, macho, que eu tenho o que fazer! Deu um pulo de cima desse jumento, que só foi repetido muitas décadas depois por uma menina gaúcha que batizou o salto de “não sei o que carpado”. Ora, naquela época, nesse sertão de meu deus, só quem era carpado era o roxinho.

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Colocou a cédula no balcão e pediu ofegante o seu mais valioso objeto de desejo. O bodegueiro apanha a garrafa não muito gelada (naqueles confins do sertão do Ceará, qual a geladeira que fizesse mais do que quebrar o mormaço?), num gesto mágico, preciso e magnífico, bateu no lado contrário do pauzinho fazendo saltar a tampinha a vários metros de altura.

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Nosso vitorioso herói agarra com as duas mãos aquela deusa espumante, representante do império americano, e duma golada só joga pra dentro do seu tão solicitante buchão todo aquele líquido quente e impregnado de gás. Meus amigos, imaginem o que possa ter acontecido. Aquilo formou uma bola gasosa, que ao bater no estômago do infeliz incauto, voltou, alojando-se mesmo no meio dos peitos do rapazola. Deu-se uma falta de ar, seguida de terrível dor que lhe subia entre as entranhas até o couro da testa. Por sorte que a bicha explodiu lançando o famigerado líquido por todos os orifícios que o ser humano possui na parte superior do corpo.

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Primeiro veio aquele calafrio, depois a tremedeira. Aquele não acreditar, torcendo que não fosse apenas um sonho. Naquele tempo não existia aniversário, dia da criança, natal, porra nenhuma.

Mas, você sabe bem, caro leitor, que tudo nessa vida acontece. Pois não é que num belo dia vinha aquele cabeção barrigudo em cima da cangalha entre dois surrões de farinha, quando o seu amável pai estacou o roxinho em frente à bodega, mais surtida do pequeno povoado e lhe disse: “Desça, pegue esse dinheiro e vai tomar essa tal de bosta-cola”.

Passou a aporrinhar seu pai de todas as maneiras possíveis a cada ida sua à feira sabatina, o que lhe rendeu como fruto umas boas e vigorosas pisas, com cipó de marmeleiro.

Nosso futuro poeta e exímio cantador das coisas nordestinas passou a ter uma verdadeira fixação pelo apreciável líquido, e, quando alguns dos colegas do grupo escolar, muito poucos diga-se de passagem, que tiveram a extrema felicidade de experimentar, disseram-lhe quão prazeroso era o sabor, tornou-se para ele o desejo mais profundo, que faria de tudo para alcançá-lo.

Que maravilha! Que preciosidade! Aquela garrafinha redondinha cheia de ranhuras, com letras brancas alegres contrastando com o líquido amarronzado, um verdadeiro manjar. Pena que a situação fosse apenas visual, jamais seu pai permitiria que ele tivesse o prazer de degustar aquela soberba garapa. Primeiro, pela preservação da saúde familiar e depois pelo custo financeiro que tal empreitada deveria acarretar.

Todo sábado seu amoroso genitor ia à cidade próxima, mais ou menos três bem empoeiradas léguas, para fazer a imprescindível feira semanal. E foi exatamente em uma vez que fora escolhido para acompanhá-lo, que o pequeno Narcélio travou, pela primeira vez, conhecimento com uma garrafa de “bosta-cola”.

Seu pai, homem rude, porém muito cônscio na educação dos filhos não consentia aos seus rebentos um contacto muito direto com as modernidades alimentares que por ventura surgissem.

Coisas que Conto...

Por: Augusto Moita | Compositor

O trauma marcou tão profundamente sua infância, que, passado quase meio século do ocorrido com nosso poeta, ainda lhe sai água dos olhos só de lembrar da primeira “bosta-cola”. 09


PARA PENSAR

Por: Talles Lucena | talleslucena@paneladiscos.com

O quê você vai ouvir durante seu carnaval? (E ao longo do ano, também.) Aos longo dos meus 31 anos de idade, já mantive diversas e singulares relações com esta que é, certamente, a maior festa brasileira: o carnaval. Já gostei, desgostei, sem nunca participar mais “ativamente” dele. Sou um mineiro nascido em Belo Horizonte que morou cerca de 10 anos na cidade de Feira de Santana, na Bahia, estado cuja festa é uma das mais fortes do país. Vale ressaltar que, em Feira, a festa ocorria, na verdade, em abril, sendo chamada de “micareta”; a pioneira festa de carnaval fora de época do Brasil. Naquela época, ao lado de minha casa, saíam todos os trios-elétricos que minutos depois invadiriam a avenida Getúlio Vargas, principal via da cidade, e tomariam a cidade , arrastando a multidão. Da minha janela, via passar o Chiclete com banana, em formação original, ainda passando o som em cima do trio. De lá, também via os mais antigos trios da Bahia: o Top 69, Tapajós, o primeiro bancado por uma rede de super mercados chamada “Hiper Paes Mendonça” com atrações desconhecidas do grande público, como a franzina e descabelada Daniela Mercury. Assim, ao longo de toda a tarde, até escurecer, eu ficava viajando naqueles aparelhos fantásticos que conseguiam amplificar som de uma maneira que eu nunca havia presenciado. Os blocos não existiam, apenas em Salvador já se conhecia os “Internacionais”, o Ilê aiê, tradicionalíssimos. E de carnaval em carnaval, micareta a micareta, mais artistas foram surgindo. Hoje, é impressionante ver que maioria desses mesmos caras continuam ae, pelas ruas de Feira ou Salvador, ou então em qualquer lugar do Brasil que possa pagar para vê-los. Os trios são mais imponentes e possuem uma tecnologia muito mais poderosa (mesmo admitindo que, para mim, nada superará a imagem eternizada do fantástico TRIO ESPACIAL, do Dodô e Osmar, criadores destes carros, cruzando as ruas de Feira com um trio cujo palco se deslocava enquanto recebia jogos de luzes e raio-laser, isso sem contar com os solos de guitarra bahiana do Armandinho). A galera do axé music detém a façanha de se perpetuar como uma das maiores forças da música popular brasileira , mantendo um mercado que gera lucros descomunais ao longo de todo o ano, em todo o país. A micareta se popularizou e todo o Brasil já tem o seu carnaval fora de época. Não quero entrar no mérito da qualidade da música, pois isso realmente não faz diferença alguma. O que realmente me importa é saber como, e em que momento, nós da produção musical independente , nós da contra-cultura, poderíamos nos apropriar de alguma dica preciosa desses senhores do entretenimento. Nunca me esqueço de estar em uma loja 10

de cds em Paris, e passar a vista em uma prateleira de discos e lá encontrar a sessão “axé music” ao lado de “música brasileira”. Para aquela loja, pelo menos, a música feita na Bahia merece um destaque, não se comparando mesmo a nada mais feito aqui no Brasil. Será que nada das coisas que eu particularmente ouço e gosto e trabalho não tem alicerçe o bastante para atingir a condição de estilo musical sustentável e que gera lucros absurdos? Bem, realmente não sei. Mas nem o samba tem um calendário tão lucrativo e extenso quanto o axé music. E particularmente desconheço qualquer migração que o samba, ou qualquer outro estilo, tenha feito para uma região diferente da sua, que gere tamanhos lucros. Só sei que a qualidade da música continua a despencar (cada ano temos a impressão de que a coisa não pode ficar pior) , os cachês só aumentam, assim como a agenda das bandas. O mais forte nisso tudo é, na verdade, a vontade do povo: essa é a força motriz de toda a engrenagem. Claro, aliado a um senso de organização e coletividade que eles, os artistas bahianos, têm. Não raro se vê um grande ícone do axé apresentando em seu trio o próximo (a) cantor (a), ou banda, que irá pertubar os ouvidos desavisados ou embalar os relacionamentos da moçada embriagada pelas praias desse país. E isso não apenas durante o carnaval, mas ao longo do ano. Mas quantas importantes insurreições musicais brasileiras, particularmente organizadas, já se foram na mesma rapidez com que apareceram? Ou pelo menos, não se tornaram nada parecido com o fenômeno axé? A máquina existe, e é forte. E com ela, eis que já surgem alguns filhotes, como o forró e o sertanejo universitários. Acabo, melancolicamente, admitindo que a proliferação e o aumento desses mercados de música está inversamente proporcional ao aumento do nível cultural (quiçá intelectual) do povo, que parece so decrescer. Claro que qualquer um pode e, se realmente o quer, DEVE consumir o que bem entender; mas é importante ter a consciência do leque de variedades que constroem nossa cultura, e isso não parece ser regra. No final das contas, fico feliz de ainda encontrar com um número satisfatório de pessoas que, mesmo ainda inconformadas com o status quo, conseguem passar por cima (ou ao lado) da máquina e construir importantes bunkers de resistência musical/cultural, seja no rock, blues, música clássica, maracatu, pé de serra ou mpb. O que ouviremos nesse carnaval? O de sempre: músicas que são feitas para durar. Será que tudo que devemos fazer em música tem de ser, necessariamente, descartável e feita única e exclusivamente para suprir as necessidades da música pra pular brasileira?


DISCOS

Lançament os Lançamentos

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THRUNDA

Lançament os PANELA Lançamentos

Nós do PANELA DISCOS e estúdio, orgulhosamente, apresentamos a vocês a banda de punk rock alencarino THRUNDA! A Banda teve início no ano 2000 pelas mãos de adolescentes do bairro Otavio Bonfim, que na época, ouviam muito Punk/HC dos anos 70, 80 e 90.

FESTIVAL abril O PANELA DISCOS estreou o projeto BOMJA ROCKS, no Centro Cultural Bom Jardim, no mês de fevereiro, com shows de importantes bandas de Fortaleza, como o THE GOOD GARDEM, FULL TIME ROCKERS, INERVE, ABW,SÁTIROS, dentre outras. O projeto segue agora em março com shows da PLASTIQUE NOIR, FLOR AZUL (dia 19) e AMORFO+ ARTIGO 19 (dia 26). Ambas as datas começando às 18hs. Porém, o grande momento será mesmo em abril, com a oficialização do FESTIVAL BOMJA ROCKS, evento com formato diferenciado, contando com 4 bandas por sábado, divididas em 2 palcos, apresentando bandas de Fortaleza, cidades do interior do CE e também de outros estados! Continuem acessando nosso site regularmente, em breve divulgaremos a escalação oficial desse grande evento na periferia de Fortaleza: parceria do CENTRO CULTURAL BOM JARDIM com nós do selo PANELA DISCOS.

Há quase 10 anos na estrada, o grupo fez várias apresentações, das quais, todas as edições do Rock Pró Cultura, a Feira da Música, o Rock Cordel, Calouradas da UFC(inclusive Gerais), algumas Sextas Rock da ACCR(da qual a banda faz parte), participação no Festival NOIA 2009 e no Ceará in Rock 2009 são as mais importantes. Em 2007 lançou sua primeira Demo, intitulada de “Punk Rock na Veia!!!”, e em 2009 gravou e lançou o vídeo clip da música “Nunca confie em um homem de terno e gravata” pelo Curso Rock.Doc, realizado pela produtora Incartaz e pela ACCR. Após algumas mudanças na formação, a atual é composta por: Rodrigo (vocal), Otavio (guitarra), Ivan (guitarra), Chuck (baixo) e Hermes (bateria). O THRUNDA faz parte do nosso cast, e está com lançamento do novo single “Subversão”, que pode ser conferida junto com entrevista exclusiva e mais 4 músicas gravadas ao vivo em nosso estúdio na edição de fevereiro do PODCAST PANELA DISCOS. Acessem nosso site, procurem pelo post correspondente ao podcast e apóiem mais uma banda da forte cena de rock de Fortaleza. Para entrar em contato direto com a banda, favor mandar email:

thrunda@paneladiscos.com

ROCK AND ROLL E FOMENTAÇÃO CULTURAL EM FORTALEZA! TEM INTERESSE EM NOSSAS ATIVIDADES? ACESSEM:

www.paneladiscos.com 11


PERSONAGENS MARCANTES DA NOSSA CIDADE

SE ELE NÃO FOSSE ATOR O QUE SERIA? NÃO DÁ PARA IMAGINAR. Começo da década de 60. Rua Dragão do Mar e a casa misteriosa da D. Santa Porto, enorme, que terminava na Rua José Avelino. Um dia ou dois na semana a meninada aguardava os artistas que viriam para o ensaio teatral. Era o pessoal da TV Ceará, Canal 2. Na rua, só uma televisão. Era lá onde os vizinhos se acotovelavam para ver as novelas muitas vezes adaptadas de grandes obras da HERLOCK Literatura, como Oliver Twist (Charles Dickens). Quando os atores chegavam, a garotada, pré-adolescente, se acotovelava. Eu roía as unhas de tanta ansiedade. À frente, meu grande ídolo: Ary Sherlock. Ele chegava barulhento e sorridente, nós batíamos palmas e ele acenava. Junto, Emiliano Queiroz, Cleide Holanda, Karla Peixoto. Mas eu só via o Ary, bonito, longa e negra cabeleira, olhos azuis, gestos amáveis. Eu não tinha coragem de me aproximar, ficava só admirando, de longe, aquele maravilhoso ator de quem eu assistia todas as novelas. Vinte anos depois, encontrei-o num evento, cara a cara, olho no olho. Avancei e lhe falei da minha paixão. Ele lembrou da rua, dos ensaios e ficou perplexo quando eu cantei a música da órfã, interpretada por Cleide Holanda, numa novela da TV Ceará: “Quando o tempo passa/deixa a fumaça/da recordação/quando o amor termina/deixa uma mágoa no meu coração”. Cantei a música inteira. Eu estava feliz por finalmente encontrar o meu ídolo. Repeti a pergunta de todos: por que não fora embora? Estaria brilhando nas redes nacionais de TV. Sugeri que escrevesse uma autobiografia, contando sua trajetória artística. Ousada, ainda pedi que fizesse a apresentação de um dos meus livros, o que fez com muita gentileza. Ficamos amigos até hoje, quando soube que este ano o menino talentoso, que não sabe fazer outra coisa senão teatro, completa este ano de 2011, 81 anos. Parabéns meu grande ator, morador eterno das minhas recordações de infância e juventude.

// FOTO JORNAL O POVO - REPRODUÇÃO

Por: Nilze Costa e Silva - Escritora.

ARY SHERLOCK - ETERNO ÍDOLO

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Por: Danilo Amaral - Jornalista

OLHARES URBANOS Um relógio na parede. O primeiro encontro matinal. O olhar semi-serrado. Pelas pálpebras, o flerte com a hora. Os raios do sol que passam pelas frestas da janela se alongam, lambendo o piso do quarto, os lençóis da cama e os rostos. O banho. O café. O olhar sobre aquela que ainda dorme. A saída e o caminhar por entre árvores - tão poucas; entre pessoas – tão distantes; entre automóveis – tão frios. Um banco de ônibus. “Olha o troco!” Estranhos dividem o mesmo espaço, o mesmo quadro; o mesmo olhar sobre a mesma paisagem, diariamente. Rostos familiares, asseados, sonolentos, buscam um motivo que os impulsione, que os faça perseverar naquela rotina. Trocam-se olhares. Banco duro e vazio do lado da janela. “Com licença?” Desconforto democratizado. Olhos tombam vencidos ainda pelo cansaço do dia anterior. Olhar a hora. “Que horas, por favor?” O canto dos pássaros, o som do vento que assanha as árvores. O riso das crianças. Um olhar para o passado. A cidade que cresce. Não, a cidade que incha; que se derrama e invade. O olhar sobre o presente. Mas não um presente qualquer, o presente do modo subjuntivo: “que eu olhe um mundo melhor”. O canto das buzinas, o som dos motores, as vozes que reclamam. Olhando o meu mundo. O banco, a janela emoldurando a paisagem de ontem, de amanhã e, quem sabe, do mês que vem; do ano que vem. Os olhares não se cruzam mais. Viraram cativos dos devaneios, das leituras ou simplesmente do sono. A luz, o sol e o calor participam da leitura. Eu, o sol e entre as mãos, um Fernando Sabino com folhas soltas, gastas e amareladas. O olhar que passeia pelas estradas literárias, pelos campos de verbos, sujeitos e predicados sempre bem iluminados pela manhã, numa terra de sol, de luz e de mar. A minha terra.

OLHARES URBANOS 12


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PAGINA TREZE A N I G A P PAGINATREZE

Tantas foram nossas viagens de ônibus para fazer o maracatu bailar por tudo quanto é canto desta loura desposada do sol, tempo de abrir a cabeça do povo e botar dentro dela o bem querer aos batuques e loas de brancos, índios e pretos.

Foi assim que Zé Rainha usando o cavalo José atravessou mais de quatro décadas com a incumbência deser rainha de maracatu, Az de Ouro e Rei de Paus os principais. Zé Rainha é do tempo de Benoit, de Afrânio de Castro Rangel e de Geraldo Rainha. Um dia juntou-se com o Juca e foi acordar um maracatu adormecido, o primeiro de todos no desfile do corso carnavalesco, incluído nesse ambiente por Ponce de Leon, aqui lembrado como Rei Momo do quilate de Javeh, o primeiro e único. Zé por querer ser realeza nos bailados ganhou nome de rainha e fez escola, tamanha a enfieira

de seguidores de seu caminhar e bailado. Para cada praça do José uma praça do Ferreira e o desfile caminhando de um lado a outro da cidade buscando lugar na Heráclito Graça, na Aguanambi, na Duque de Caxias e na Domingos Olímpio. O Zé lá vai com seus cordões de pérolas e esplendor no alto. Bate maracatu bate ferro tambor chocalho tanto baticum tocado pra coroar a rainha. Bate uma saudade danada do gingado do José do riso farto e alegria se derramando no brilho de seu olhar. A pedra brilha deixa rastros da coroa toda pluma vira pena tudo fagueiro pavão soberana realeza Zé Rainha rei princesa baiana e batuqueiro pajem negra do cordão.

Por: Calé Alencar - Cantor e Compositor

// FOTOS CALÉ ALENCAR

ZÉRAINHATEMCOMOCAVALOJOSÉFERREIRADEARRUDA

Maracatu baliza balaieiro loa tanto bate até que soa marcando no passo certo Zé escravo Zé liberto madeira de dar em doido sustenta o fardo e o manto sustenta lá na macumba sustenta cá na pisada sustenta tambor e canto, tambor trovão batucada. Deu meia-noite, clarão de lua no céu, senhor rei dom Cariongo mandou dizer que contassem lendas de Ana Ginga e mais três três passarás, se Zé não for o de antes há de ser sempre Rainha.

> FULÔDO DO LÁCIO DOLÁCIO

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FEITO arte

CANUDOS EM QUADRINHOS ATUALMENTE A LITERATURA CORDEL GANHOU ‘’ STATUS’’

DE DE

LIVRO DE LUXO OU GRAPHIC NOVEL.

COMO

EXEMPLO, O RE-

CENTE LANÇAMENTO DA HISTÓRIA

ANTÔNIO CONSELHEIRO, ESCRITO PELO POETA G ERALDO AMÂNCIO, ILUSTRADO PELO ARTISTA PLÁSTICO KAZANE E EDITADO PELA EDITORA IMEPH. DE

A

PROPOSTA É CONTAR A VERDA-

DEIRA

SAGA

DOS

‘’CONSELHEIRISTAS’’ EM CANUDOS, UMA RESISTÊNCIA QUE SERIA A PRIMEIRA GUERRA DO BRASIL NO FINAL DO SÉCULO XIX, COM CORES FORTES E ACABAMENTOS PRIMOROSOS. COLABORADOR DO C ANTO DA IRACEMA, KAZANE ILUSTRA OUT RO S

TÍTULOS

IMEPH

DA

EDITORA

A PARTIR DO TEXTO EM

SEXTILHA, SEPTILHAS E DÉCIMAS, COMO A BIOGRAFIA DE

JOAQUIM

NABUCO, A LUTA DE ZUMBI DOS PALMARES, O ABC DO CEARÁ, SALVADOR EM CORDEL, CAIXINHA DE MEMÓRIA DO CEARÁ E OUTROS.

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GERALDO AMÂNCIO E KAZANE 15



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