Revista Canto da Iracema - Edição Junho 2013

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UMA PUBLICAÇÃO DO INSTITUTO DE COMUNICAÇÃO SOCIOCULTURAL CANTO DA IRACEMA | ANO 14 | Nº 91 | JUNHO 2013

a a cultura cultura cearense cearense pertinho pertinho de de você! você! CALÇADAO DA PRAIA DE IRACEMA | FOTO>CLAÚDIO LIMA


ÍNDICE

a um o r o P açã jude c u ed nos a e , que nsar s o e a p que n nao ine a ! ens decer obe

JOÃO DO CARNEIRINHO, 4 > SÃO TÃO BONZINHO audifax rios...

6 > O DIA QUE MATEI MEU ANALISTA nilze costa e silva...

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FORTALEZA PRECISA DO PARQUE ECOLÓGICO DO COCÓ E MUITO MAIS maristela crispim...

I MOSTRA INTERNACIONAL DE CINEMA BRASIL-ITALIAMUNDO. camile queiroz... IMAGEM, PROSA, POESIA calé alencar...

Neste mês de junho, como vimos através da grande mídia escrita, televisiva e radiofônica, o país literalmente ferveu com manifestações por todos os lados. A inércia do povo brasileiro, diante da exploração de seus governantes, explodiu através (mais uma vez) pelas vozes da juventude que tomaram a iniciativa de gritar palavras de ordem pelas ruas das capitais e de diversos municípios, essencialmente contra gastos superfaturados da copa das confederações e copa do mundo, contra a corrupção, por transporte coletivo com qualidade, por mais educação, mais saúde, homofobia, contra a PEC 37, e muito mais... Claro que, nós que produzimos este veiculo de comunicação, totalmente alternativo, nos confraternizamos com essas vozes que querem acima de tudo exercer seu direito constitucional de cidadania. Por este motivo, a partir desta edição também iremos levantar bandeiras de uma política mais social e, voltada para todo o povo brasileiro, particularmente para nós cearenses. O Canto da Iracema inicia uma primeira campanha intitulada “MUITO BONITO NÉ?”, na qual partilhamos com nossos leitores e leitoras a iniciativa de mostrar a população uma educação mais cidadã no dia a dia de nossas vidas. Confira na página 14 maiores informações sobre este movimento. Trazemos também, artigos e crônicas de nossos colaboradores fiéis, Audifax Rios, Nilze Costa e Silva e Klevisson Viana, além claro, de divulgação da cultura através de convidados, como a produtora cultural Camile Queiroz que nos convida para a “I Mostra Internacional de Cinema Brasil-Itália-Mundo”, e da peça teatral “A Pequena Sereia - O Musical”, do diretor Carri Costa e sua Companhia Cearense de Molecagem. Não poderíamos deixar de registrar também, que o mês de junho representa por todo planeta o mês internacional do meio ambiente, onde orgulhosamente levamos a tod@s um artigo escrito exclusivamente para o Canto da Iracema da jornalista Maristela Crispim, que é Mestre em Desenvolvimento e Ambiental, que explana a necessidade da cidade de Fortaleza em preservar o Parque Ecológico do Cocó. Por fim, brindamos com uma imagem clicada pelo fotografo Cláudio Lima em nossa capa, a festa de São João com suas bandeirolas expondo bandeiras dos times de futebol que participam da Copa das Confederações, exposta no calçadão de nossa eterna e bucólica Praia de Iracema. Um forte abraço e grande beijo no coração de tod@s. Tenham uma ótima leitura!

QUEM SOMOS! instituto de comunicação sociocultural canto da iracema zeno falcão sonara capaverde audifax rios | calé alencar | camile holanda queiroz | claúdio lima | cia. cearense de molecagem | MTB 6553 audifax rios | erivaldo casimiro | kazane artzen klévisson viana | maristela crispim | nilze costa e silva rua joaquim magalhães 331 | josé bonifácio | cep 60040-160 | fortaleza | ceará | brasil | fone (55 85) 3032.0941 | cantodairacema@hotmail.com

| AS MATÉRIAS PUBLICADAS SÃO DE INTEIRA RESPONSABILIDADE DOS AUTORES | FOTO CAPA> CLAÚDIO LIMA // EDIÇÃO ELETRÔNICA | WEB 2

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SÃO JOÃO DO CARNEIRINHO, TÃO BONZINHO. audifaxrios@yahoo.com.br

FOGUEIRA, BALÃO, PAMONHA, NAMORO, ADIVINHAÇÃO. SÃO JOÃO, SÃO PEDRO, SANTO ANTONIO. PEDRO NA SOLEIRA DO PARAÍSO COM SUA MISSÃO CARCEREIRA, AQUI EMBAIXO, REVEREBCIADO EM PROCISSÕES MARÍTIMAS, PESCADOR QUE FOI NA GALILEIA, E COM FOGUEIRA NA PORTA DE CADA XARAPIM. ANTONIO, ENCONTRADOR DE COISAS EXTRAVIADAS, CASAMENTEIRO JURAMENTADO, LÁ EM BARBALHA INCENTIVA A DERRUBADA DE ÁRVORES ALTÍSSIMAS PARA QUE AS DONZELAS CASADOIRAS LHE TIREM UMA CASQUINHA. JOÃO, FESTEIRO, CONGREGA AS MAIORES ATENÇÕES NESTE MÊS DE JUNHO. QUADRILHAS E CASAMENTOS MATUTOS FAZEM PARTE DO INTENSO RITUAL ONDE AINDA CABEM SIMPATIAS PARA ARRANJAR MULHER E MARIDO; ORAÇÕES AGRADECENDO A BOA COLHEITA E MUITA FESTANÇA NO ARRAIÁ. A TEMÁTICA DEU GRANDE CONTRIBUIÇÃO AO DESENVOLVIMENTO DA MÚSICA NORDESTINA, LEMBRANDO AQUI O GRANDE LUIZ GONZAGA. E, A BENÇÃO, PATATIVA DO ASSARÉ. 04


MARCAS DE GADO ENTRE ESTRELAS - Patrasmente fogueiras imensas ardiam nos

terreiros para cuiltuar a fertilidade da terra e do homem. Agradecer a boa safra e fazer pedidos aos céus por um futuro promissor para agricultura e a família penhorada. Em volta, o compadrio e a proeza de “sartar” o fogaréu como pagamento das promessas acordadas. E muitos casamentos saíram dali, entre o estampido de coloridos fogos. Como simbologia, o casamento matuto com direito a padre, juiz e delegado. Os noivos, a rigor, acompanhados de grande séquito em trajes típicos bailando numa afrancesada quadrilha. Ao pé da fogueira, batatas e nacos de carneiro ou cabrito assados na brasa. Nas barracas, aluá com tapioca, pamonha, canjica, broa e, de quebra, uma cachacinha, que ninguém é de ferro. Às vezes camuflada em quentão, mais reconfortante que o calor emitido palas labaredas da fogueira de São João do Carneirinho.

DESAFIOS NA NOITE CONSTELADA - As quadrilhas tomam toda a atenção mas havia

terreiros onde o momento maior ainda era uma boa dupla de violeiros. Se possível homem e mulher para sacramentar o tradicional casamento de araque. Os assistentes davam o mote que, geralmente, girava em torno da safra, dos sonhos, do amor, da fartura. Na falta de violeiro um bom sanfoneiro comandava o espetáculo. Acompanhado de triângulo, pandeiro e zabumba. O maioral interpretando xotes e baiões da lavra de Zé Dantas, Humberto Teixeira, José Marcolino, Rosil Cavalcante, Luiz Ramalho e outros mais, imortalizados pelo genial Luiz Gonzaga, o Rei do Baião. A maioria rememorando os santos milagreiros dessa quadra como: São João na roça, Noites brasileiras, Fogueira de São João, Festa do milho, Dança da moda e o clássico Olha pro céu de Gonzagão e Zé Fernandes (1951), que diz: “Foi numa noite igual a esta / Que tu me deste o coração / O céu estava, assim em festa / Pois era noite de São João / Havia balões no ar / Xote, baião no salão / E no terreiro, o teu olhar / Que incendiou meu coração”. BONECA DE CABELO LOURO - Quando as espigas de milho começam a embonecar o

inverno já está pendendo para o final. O feijão já enramado, maxixe e jerimum nascendo ao léu. Há fartura no sertão desde o mês de maio, o mês das noivas, o mês de Maria. Promessas foram feitas, o pagamento dar-se-ia em junho, entre as festas aos santos queridos: Pedro, João e Antonio. Milho cozidpo, assado, bolos de todos os feitios; pamonha, cuscuz, canjica; Até a casca da espiga serve para preparar o aluá. Como também fazer petecas para o jogo da meninada. A bola de rabicho de mão em mão ao cair da tarde entre nuvens de tanajuras. Sabugo e palha seca triturados são boa ração para o gado. Nada se perde. O milho serve até para o enchimento de bonecos de judas na Aleluia e espantalhos esculturados nas cercas dos roçados para afugentar passarinhos pedradores. “Peça pro meu mio dá / Vinte espiga em cada pé”.(São João do Carneirinho, Luiz Gonzaga e Guio de Morais, 1958). APAGARAM O CANDEEIRO - Um homem, uma mulher; um par dançando no terreiro ou

no salão. Arrastado na base da chinela. Os dois, agarradinhos, grudados, não passa nem pensamento. No fundo, o fole de um sanfoneiro tirando mais um sucesso gonzagueano. Numa sala de reboco, Carolina, Desessete légua e meia, Danado de bom, No Ceará tem disso... e por aí. A sanfona hoje em dia é de grande porte, de muitos baixos, como negro empareado. Outrora, um pequeno fole de oito baixos como o do Luizinho Calixto que arrasta seu som maravilhoso entre as paredes de taipa do Kukukaya. Na penumbra do salão brilha, acanhado, o clarão do lampião de querosene. Ou a moderna Petromax com camisinha de cinza. Ou o lampião Primus à gás butano. Mas o toque insiste em repetir “Eu nesse coco não vadeio mái / Apagaro o candeeiro, derramaro o gái”. (Zé Dantas e Luiz Gonzaga / 1956).

PERIGOSOS BALÕES - O céu, é certo, ficava lindo com a corrida dos coloridos balões de papel de seda. Tirados do ar por força de lei, a fim de evitar incêndios nas plantações ressequidas ou mesmo nas cidades. Ficaram as arraias (pipas e papagaios) nas tardes ensolaradas. No escuro noturno dos céus só a pirotecnia. O colorido ficou mesmo nas tradicionais e resistentes bandeirinhas, hoje de plástico. E na chita das saias e camisas dos foliões roceiros. Mas a cor verdadeira está presente no olhar dos sertanejos, na contagiante alegria. O cenário reflete este contentamento, mesmo, como agora, em tempos de inverno escasso. Porque ficou o verde da esperança olhando para o ano vindouro. “Hoje longe muitas légua / Numa triste solidão / Espero a chuva cair de novo / Pra mim vortar pro meu sertão”. Asa Branca, composição de Gonzaga e Humberto Teixeira, desde 1947 é oração da volta.

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O DIA EM QUE MATEI MEU ANALISTA! // FOTOSDIVULGAÇÃO

> Por: NILZE COSTA E SILVA

Ele ri das minhas dores de cabeça e do meu desânimo. Ri, depois fica sério, circunspecto. A cabeça faz viagem. Sei que não existo ali perto, apenas falo. Ele não se mexe, num silêncio devastador. Finalmente se resolve e as palavras resvalam num vazio sem paredes e tetos. Entro na sala silenciosamente e observo as cortinas dançando ao vento. Deponho um bilhete na mesa. Pouco me expresso falando e penso que isso o irrita. Óculos na ponta do nariz, ele quer parecer mais velho. Olha-me enviesado e finalmente se resolve a ler: “Para o diabo com essa verdade mais verdadeira. Fique com ela. Ela é sua. Não precisa me devolvê-la, tenho defesas outras”. 06

O olhar é longo e me alfineta. O olhar é um estilete de lâminas quase microscópicas que só me penetra e não me resolve. O silêncio do olhar me endoidece. Dou porradas na mesa como dou nesses diabinhos que me perseguem. Um olho me absolve e o outro me ordena que eu tome o meu devido lugar. Deito-me no divã e sinto-me lúcida, quase feliz. Divago. À noite ligo e pergunto se ainda é válido o convite para o jantar. Do outro lado uma voz se alegra e confirma. Sinto e vejo o gesto da boca falando em câmara lenta. A morenidade é do rosto do analista, os cabelos dispersos, o rosto imberbe. Dele é aquele olhar


omisso que me anula e me hipnotiza as esperanças. Meu analista é assim: essa coisa inalcançável, que eu necessito domar para me sanar de corpo e mente. Um ser estranho que apenas me olha e me ouve. Só lhe vejo o movimento dos lábios e não sei lê-los. Disserta sobre as coisas mais impossíveis e inoperantes, como realidade, princípios certos, coisas exatas, autenticidades, representação fiel de uma coisa qualquer que ele julga existir. Verbalismos sem nexo que se perdem no tempo e no espaço. Meu psicanalista é assim desalmado, distrai-se ao falar, tergiversa. Quer me rebuscar, me revolver. Quer-me presa. Um verdugo de mentes, um carrasco, o que ele é.

Sei que abri os olhos e sorri de felicidade. Levantei do divã e olhei em direção à janela. Sentia-me flutuar. Novamente o vento. Novamente fazia com que dançassem as cortinas. O analista me olhou espantado e eu lhe fechei os lábios com os dedos, para que nada mais acrescentasse àquele momento divino. Despedi-me dele para sempre, sem cansaço, sem agonia.

Pois confesso ter aceito desta vez o convite para jantar. Nem jantamos. O carro deslizou pelo asfalto uma fita do Caetano, “Você me deixa a rua deserta, quando atravessa e não olha pra trás...” Olho de soslaio o meu psicanalista. Depois, sem medo, resolvo olhá-lo de frente. Ele não se toca, não se deixa penetrar. Irritam-me a arrogância e o despotismo dos gestos. Um cínico... Não há muito o que contar sobre o que acontece depois. Um freio brusco, uma lua grande falando de manchas antigas e de uma geometria perturbadoramente exata a olho nu. De um lado, colunas de areia. Rodeia-nos ainda um nigérrimo e imenso mar e mais dois segmentos opostos de estradas mal iluminadas. Entre gestos que se avizinham, um beijo excessivamente molhado. Duas mãos ávidas acariciam as costas largas e bem torneadas do psicanalista. Entre os dedos, a lua se faz refletir no canivete afiado. Não há como descrever esse momento sublime. Eu tinha ali, nos meus braços, o sangue e o corpo do meu analista, agora rendido, repousando em meus ombros. Tinha as dunas, a lua e o barulho do mar. O vento varrendo os nossos cabelos e nos acariciando o rosto. NILZE COSTA E SILVA > é escritora, integrante da AJEB (Associação de Jornalistas e Escritores Brasileiros), fundadora e coordenadora do grupo Poemas Violados. Autora de vários livros de contos, crônicas e romances, entre eles A Mulher sem Túmulo, biografia romanceada da beata Maria de Araújo, protagonista dos milagres de Juazeiro em 1889. Integra o dicionário de Mulheres Brasileiras de Nelly Novais Coelho.

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FORTALEZA PRECISA DO PARQUE ECOLÓGICO DO COCÓ E MUITO MAIS O Rio Cocó se estende por aproximadamente 50 quilômetros, desde a sua nascente, na Serra da Aratanha, em Pacatuba; passando também pelo município de Maracanaú; até a sua foz, entre as praias do Caça e Pesca e Sabiaguaba, em Fortaleza. Mas sua bacia hidrográfica tem uma área aproximada de 485 quilômetros quadrados, com grande influência em toda a região. Historicamente, a preservação do ambiente natural da sua área de RIO COCÓ influência, na Capital do FORTALEZA | CEARÁ Ceará sempre foi o objetivo dos grupos ambientalistas cearenses radicados em Fortaleza, já que foi praticamente única área verde natural preservada nesta metrópole de aproximadamente 2,5 milhões de habitantes. Após intenso movimento, iniciado no fim dos anos 70 e marcado pela criação do Movimento SOS Cocó, em 1985, de oficial, tivemos o Decreto Nº 20.253, de 05 de Setembro de 1989, que declarou de interesse social para fins de desapropriação as áreas de terra compreendidas no contorno do Projeto do Parque Ecológico do Cocó e o Decreto N° 22.587, 08 de Junho de 1993, que declarou de interesse social, para fins de desapropriação, as áreas destinadas à ampliação do Parque Ecológico do Cocó. A área do Parque Ecológico do Cocó abrangida pelos decretos compreende o trecho da BR-116 à foz do Rio Cocó, o que soma 1.155,2 hectares. Ele ainda está em processo de adequação ao Sistema Nacional de Unidades de Conservação (Snuc), com proposta de denominação de Parque Estadual do Cocó. 08

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> Por: MARISTELA CRISPIM

Seu objetivo é “proteger e conservar os recursos naturais existentes, de forma a recuperar e manter o equilíbrio ecológico necessário à preservação da biota terrestre e aquática e propiciar condições para atividades de educação, recreação, turismo ecológico e pesquisa científica”, segundo a Superintendência Estadual do Meio Ambiente (Semace).

Ainda de acordo com a Semace, a criação do parque também objetiva proporcionar o contato direto da população com o ambiente natural, envolvendo-a nas suas ações de preservação e controle, despertando o espírito conservacionista na população da Cidade.

| CARACTERÍSTICAS O Parque está inserido apenas no município de Fortaleza e inclui as áreas de maior fragilidade do ponto de vista ambiental. Nele, podemos identificar várias unidades geoambientais, como planície litorânea, planície flúvio-marinha e superfície dos tabuleiros litorâneos. A planície litorânea está caracterizada por duas feições geomorfológicas distintas, mas intrinsecamente relacionadas: as praias e as dunas fixas e móveis. A planície flúvio-marinha, ocupa desde os trechos do rio localizados na BR-116 até a sua foz, onde forma um estuário. Nessas áreas, pelas condições adversas, com alta salinidade da água e do solo, níveis muito baixos de oxigênio no solo, frequentes inundações pela maré alta, as


espécies vegetais mais dominantes são os mangues. O manguezal do Rio Cocó, em seus trechos preservados, formam uma mata de mangues de rara beleza, situada no coração de Fortaleza, onde várias espécies de moluscos, crustáceos, peixes, répteis, aves e mamíferos compõem cadeias alimentares com ambientes propícios para reprodução, desova, crescimento e abrigo natural.

| AMEAÇAS Por estarem localizadas nas áreas mais nobres de Fortaleza, uma das principais ameças sofridas por esses ecossistemas é o crescimento urbano em sua direção. Além da convivência, comum a grandes centros urbanos, incapaz de evitar que esgotos e lixo contaminem a área, a cobiça por uma moradia “com vista permanente para o Cocó” ameaça a sua existência de forma permanente. Daí a pressão dos movimentos ambientalistas e do Ministério Publico Estadual (MPE) para que essa Unidade de Conservação (UC) seja consolidada e a natureza continue prestando o importante serviço de manter essa Cidade habitável.

| IMPORTÂNCIA A arborização urbana é de vital importância, principalmente nos grandes centros urbanos. Quanto maior a maior área verde na cidade, menor é a temperatura. Essa é uma prevenção às ilhas de calor, formadas rapidamente em grande metrópoles com urbanização intensa. Se esses ambientes são naturais, melhor ainda, já que o equilíbrio dos ecossistemas fornece uma outra série de serviços ambientais, como a oferta de de peixes e a preservação dos recursos hídricos da cidade e a balneabilidade do rio e das praias da Capital. Fortaleza precisa deste verde e de muito mais. Garantir o Parque do Cocó em sua integridade é uma necessidade de todos os habitantes desta Cidade, sem exceção.

PARQUE ECOLÓGICO DO COCÓ Av. Pontes Vieira, SN | Dionísio Tôrres Fones: 85 3101-5550 | 3271-6589

O Rio Cocó tem sua nascente na vertente oriental da Serra da Aratanha, no município de Pacatuba. Tem a Foz na região do Caça e Pesca, no Litoral Leste de Fortaleza. Tem 29 afluentes na margem direita e 16 na esquerda, além de 15 açudes e 36 lagoas. Área total em 443,96 km². Área em Fortaleza (km): 215,9 km² sendo a maior bacia do Município de Fortaleza, drenando os setores Leste, Sul e Centro. Extensão do seu traçado 45km dos quais 25km em Fortaleza. A Bacia Hidrográfica do Rio Cocó é a mais extensa e de maior área física na Região Metropolitana de Fortaleza com cerca de 19.100,85ha (correspondendo a 60,28%da área municipal). A área total de vegetação ocupa 1.877,48ha da bacia, correspondendo a 9,83. Possui vegetação de mangue (2,97%da bacia), de dunas (1,17 da bacia) e de cerrado (0,13%da bacia). A fauna na Bacia Hidrográfica do Rio Cocó aloja-se sobretudo na área central da mesma, contemplando principalmente os ambientes do manguezal e da vegetação do tabuleiro pré-litorâneo. Há fauna estuarina, fauna florestal e fauna urbana. No estuário e manguezal do rio Cocó guarda uma excelente área verde imprescindível para a sobrevivência da fauna regional, onde se pode observar: guaxinins alimentando-se de crustáceos e anfíbios; maçaricos e gaivotas ao longo de sua rota migratória, sericoias e carões vocalizando ao entardecer; garças, socós e demais aves lacustres alimentando-se; martins-pescadores capturando sua alimentação. | Passeios de Barco aos domingos Duração de 20 minutos | Adultos: R$ 4,00 | Crianças: R$ 2,00 (imperdível)

MARISTELA CRISPIM Jornalista e mestre em Desenvolvimento e Meio Ambiente (UFC)

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I MOSTRA INTERNACIONAL DE CINEMA BRASIL – ITÁLIA – MUNDO 22 a 28 de Julho – 2013 | Caixa Cultural Fortaleza Fortaleza – Ceará - Brasil Alessandro Battisti nasceu em Roma, Itália. Formado em Direito, exerceu cargos políticos, sendo inclusive eleito para o Senado em Roma. Porém, direcionou sua carreira para o cinema, e foi presidente da Cinecittà Holding, presidente da Mediaport SpA (gestão pública dos cinemas), membro do Conselho de Administração da Cinecittà Studios (gestão público-privada de estúdios de cinema), membro do Conselho de Administração da Cinecittà Entertainment (incorporado na produção e promoção de eventos audiovisuais) e presidente do Comitê Ministerial para a promoção do cinema italiano no exterior. Sua trajetória profissional lhe possibilitou a formação de uma grande rede internacional de contatos, o que desde já garante a visibilidade do evento no meio cinematográfico mundial. O Diretor da Mostra: Alessandro Battisti O evento reunirá em uma mostra competitiva 15 filmes provenientes de diferentes países, apresentando o melhor da produção cinematográfica contemporânea mundial. | Seminários Durante o evento, ocorrerão debates sobre as várias problemáticas da indústria cinematográfica. Serão convidados profissionais da área representando diversos nichos e elos da cadeia do audiovisual, justamente para ir de encontro com a individualização dos problemas e discutir as possíveis soluções. | Confira a programação: 23.07 (terça) - Economia do Cinema 24.07 (quarta) - Co-Produção e Relações Internacionais 25.07 (quinta) - Distribuição e Difusão 26.07 (sexta) - As Novas Fronteiras do Audiovisual 27.07 (sábado) - Formação e Intercâmbio 28.07 (domingo) Políticas Públicas do Audiovisual Acompanhem todas as novidades da Mostra na nossa página do Facebook. Estão todos convidados!

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Abaixo as primeiras participações já confirmadas nos seminários. Vem mais gente por aí... NICOLA BORRELLI é atualmente responsável pela Direção Geral de Cinema do Ministério de Bens e Atividades Culturais (MiBAC) da Itália. É formado em Economia, com mestrado em Gestão da Inovação Tecnológica na Administração Pública.

FRANCESCO GESUALDI nasceu em Roma, Itália. Possui bacharelado em Gestão da Comunicação. Atua como jornalista free lancer desde 1980. Desde 2006, é Membro da Comissão de Cinema para o reconhecimento de filmes de interesse cultural nacional, do Ministério do Patrimônio e Atividades Culturais. Entre alguns dos cargos que já exerceu, foi Diretor de Relações Institucionais da Cinecittà Luce SpA, Presidente da Fundação Roberto Rossellini para o Audiovisual, Membro do Conselho de Administração da Fondazione Cinema per Roma, Presidente do RomaFictionFest, Presidente da Cinecittà Cinema SpA, Secretário Geral da Cinecittà Holding SpA (empresa atuante na produção, distribuição, exibição e promoção de filmes na Itália e no exterior), Diretor da CineRomaCittà Filmcommission (estrutura de serviços para cinema e audiovisual), Membro do Conselho da Cinema Italiano Ltd. (sociedade para a promoção do cinema italiano no exterior), Membro do Conselho do Instituto Luce Spa (empresa de produção, distribuição, exibição e arquivo de filmes), entre outros.

FRANCESCO RANIERI MARTINOTTI nasceu em Roma, Itália. É roteirista, produtor e diretor premiado. Em 2009, ele fundou em Florença o FRANCE ODEON, o principal festival de cinema francês na Itália, e atualmente é o diretor artístico. Escreveu junto com Steve Della Casa o livro-entrevista sobre o diretor italiano Mario Monicelli, “O Ofício de Fazer Cinema”. De 2008 a 2010, foi membro do conselho de administração da Academia de Cinema Europeu, presidida por Wim Wenders. Nascido em São Paulo, REMIO XIMENES cresceu em Fortaleza - onde aprendeu a amar o cinema. Formado em Ciências Sociais pela UECE e Turismo pela UNIFOR, encontrou na volta à sua cidade natal a oportunidade de trabalhar com o que sempre sonhou. Foi editor do site CineNET por cinco anos, Assessor de Imprensa e Assistente de Marketing da Paris Filmes por um ano, e há dois anos é Coordenador de Programação de Filmes e Séries da Turner Broadcasting Inc. para o canal Space.

HALDER GOMES é cearense, formado em Administração de Empresas e Pós-Graduado em Marketing. Iniciou sua carreira cinematográfica como dublê em Los Angeles, Califórnia, nos anos 90. Em 2004, fez sua estréia como diretor e produtor no longa-metragem “Sunland Heat” (Casablanca Filmes), co-produção Brasil/EUA. Escreveu, produziu e dirigiu o curta “Cine Holliúdy – O Astista Contra o Caba do Mal” (Ocean Pictures do Brasil), vencedor de 42 prêmios e exibido em mais de 80 festivais de 20 países. Em 2007, realizou o documentário “Loucos de Futebol” (Ocean Pictures do Brasil), outro grande sucesso em festivais, exibido em 25 países nos 5 continentes. Fez sua estréia como diretor em Hollywood no longa “The Morgue” (Lionsgate Filmes). Em 2008, foi co-produtor do longa “Bezerra de Menezes – O Diário de um Espírito” (Fox Filmes), sucesso de bilheteria nos cinemas que iniciou a produção audiovisual nacional no gênero. Em 2009, foi produto executivo, co-produtor e co-autor do argumento de “Área Q” (Fox Filmes), co-produção EUA/Brasil. Em 2010, dirigiu (em parceria com Glauber Filho) o longa “As Mães de Chico Xavier” (Paris Filmes), que levou mais de meio milhão de espectadores aos cinemas. Escreveu, produziu e dirigiu o longa “Cine Holliúdy”, a ser lançado nos cinemas em breve. FABIO PORTA nasceu na Sicília, Itália. É Deputado eleito na América do Sul pelos italianos que residem no continente. Formado em Sociologia Econômica, se especializou em Educação de Adultos. É autor de numerosas publicações e artigos para jornais italianos e estrangeiros. Foi professor de Sociologia da Comunicação da Universidade Popular de Roma (UPTER). É membro da Comissão Permanente de “Relações Exteriores e Comunitárias” e VicePresidente do Comitê Permanente para os Italianos no Exterior. | Direção de Produção Camile Holanda Queiroz | (85) 9981 4026 camileholanda@yahoo.com.br 11


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O espetáculo musical infantil “A Pequena Sereia”, é a mais nova montagem da Cia. Cearense de Molecagem, com texto e direção de Carri Costa, uma livre adaptação do conto homônimo de Hans Christian Andersen, que serviu de base para a criação do desenho animado da Disney. A sereia Ariel, filha do Rei dos Oceanos, se apaixona por um príncipe que acidentalmente cai no mar. Para conquistar seu amor, a pequena princesa contrariando seu pai, que não confia nos humanos, se arrisca ao cruzar os limites entre as águas e a terra graças a um pacto com sua tia, uma terrível bruxa das profundezas do reino marinho. Com ajuda de seu amigo o peixinho Linguado e do Caranguejo Sebastião, ela viverá aventuras entre a terra e o mar. Emoção e aventura são os principais ingredientes da montagem, que também traz cenas cômicas. A peça fala do rompimento de limites na busca da felicidade. Ariel corre todos os riscos para chegar à terra e ficar ao lado do príncipe. A montagem é pontuada por belas músicas com a intenção de transportar as crianças para os ambientes da peça. Os cenários criados pela “Oficina de Arte” situam a peça em três ambientes: a superfície do mar, o fundo do mar e a terra. O fundo do mar, onde grande parte da história acontece, é destacado com recursos de luz negra que cria um efeito misterioso e destaca alguns elementos do cenário. | FICHA TÉCNICA DIREÇÃO: Carri Costa FIGURINO, CENÁRIOS E ADEREÇOS: Oficna de Arte COREOGRAFIA: Rayan Monteiro CONTRARREGRA: Niw Teixeira, Ana Beatriz e Adriano Pessoa PRODUÇÃO: Socorro Amarante, Derllanio Heulle e Carri Costa ELENCO: Luca Ravache, Webster Macedo, Rachel Oliveira, Frances Morim, Igor Reis, Ytalo Tomaz, Priscila Cavalcante, Clara Reis, Karol Reis, Cristiano Marques, Rayan Monteiro, Lydia Aquino, Lidya dos Anjos, Carri Costa e Henrique Araújo

| CONTATOS 85 - 3219.9493 | carricosta@hotmail.com.br

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> Por: CALÉ ALENCAR

Ponte velha é a ponte metálica, porto de onde o Acioly saiu voado. Ponte dos Ingleses é a outra, erguida para substituir o porto da Praia dos Amores e estancada por conta da construção do Porto do Mucuripe. Praia do Peixe d’água doce do sal estrela do mar Matias go back. Caminho das índias moinhos de Holanda Marajaitiba a mina de prata a curimatã. Caraya, Algodão, o âmbar-gris, o chão. Forte curumim Iracema Fortaleza Marajaig.

| Ponte Velha da Praia de iracema

Quantas ondas beijaram a areia da praia até que o mar furioso avançasse sobre o casario. Agora são 86 anos no papel passado e lei aprovada pra criar o bairro Praia de Iracema, onde moraram Verônica e Zairton, o jovem Portugal e sua conversa de horas a fio pela janelinha da Gruta da Praia. Iracema, estação fronteira, santuário do mundo, a noite é de cristal na esquina do Brasil. Eu dou um doce pra quem achar a cabeça de cimento do Luiz Assunção e ainda ajudo a botar de volta no Largo com o nome do maranhense mais cabeça-chata, torcedor do mais querido, morador do Jardim América, sendo ele o que estremeceu o assoalho dos cabarés de Fortaleza com talento de pianeiro, espelhinho e pente Flamengo no bolso porque malandro mesmo não dá bobeira e São Benedito é crioulo e é um santo de fé. Ó, meu São Benedito, olhai para este preto na cor, olhai para este preto filho do rei nagô. Ponte velha ponte nova ponte para o céu, Tacacá, Estoril. Gamelas de cabaça cuias de coité arroz com ervilhas em prato de papelão. Sitônio, Baleia, Zé Pequeno, o trio de ouro e o Jeep 54 poleiro de galos, noites e quintais, o pé de castanhola testemunha de poemas mijadas discursos peidos canções e múltiplos orgasmos. Ainda hoje soa a canção no meio da noite, além do cansaço, a que faz sumirem polícias e cães no meio da noite no meio do galope da meia-noite quando a rua a casa e a porta não mais falem de ir ou chegar. No meio da noite ainda se ouve a canção canto pra subir pra sumir com a milícia dali na marra na força da música. Faz escuro mas eu canto eles cortam um verso eu escrevo outros montado num cavalo ferro com a se escreve amor

e arma a vida quer um jeito de resistir é o amor que move a Terra all we need is love yo tengo tantos hermanos que no los puedo contar. Iracema ponte pela praia pedra canto de primeira sol entardecer. Praia dos amores dos pinhões mercado feira sexta-feira cinzas baixa-pau. Ê poço da draga ê dragão do mar ê negro da noite bênção saravá. Canto para a praia de Iracema canto para Fortaleza canto até viver canto a vida canto aqui praia Formosa canto o peixe a ponte a paz a luz o ser. Praia do peixe ponte velha poesia. Areia pedra onda mar anil do céu. Tabajarinos guanacéicos cariús. Tremembelenses potiguatas janduís. Groairados tupináceos cariris. Arariúnicos, tigipiônicos tapebas. Pacajus tapuias, guaranis tupis. Os meninos na ponte gotas de amor na ponte beijos na face oculta da lua. A lua oculta na face dos beijos na ponte o amor em gotas na ponte dos meninos.

| FULÔDOLÁCIO...

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Com o título MUITO BONITO NÉ?... o Instituto de Comunicação Sóciocultural Canto da Iracema inicia esta campanha de educação cidadã em nossa capital, com a esperança de levar para todo o estado do Ceará e, quem sabe para o país, esta inicativa que nos levará a uma convivência mais digna e respeitosa para com o próximo. Abrace essa idéia, participe, divulgue, compartilhe e faça a diferença. Contamos sinceramente com o apoio de tod@s, para que nossas cidades fique realmente - MAIS BONITO NÉ!

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FEITO arte

Fronteiras Fronteira é como o limite De Nação para Nação E pode ser o encontro — Ou ponto de união —, Onde um mundo mais fraterno Bata, num só coração.

O destino está traçado! Numa verdade mais pura, Nossa terra se equilibra: Segue com desenvoltura, Se houver respeito mútuo A toda e qualquer cultura.

Trate o próximo como irmão: Seja brando, humilde e terno! Vire a página da discórdia Como a folha de um caderno, Dê espaço à tolerância Num mundo livre e fraterno.

O mundo não mais atura O ódio, a ira e o rancor De quem detém o poder E se vê superior: Pra esse, a face da Paz Não mostrará sua cor!

Só peço que seja eterno O respeito pela vida — A defesa do Planeta Seja o ponto de partida — Fazendo, assim, o futuro Tem aurora garantida. Que a mente mais instruída Propague o saber profundo, Respeite a diversidade Num diálogo mais fecundo: Ensine o bem, faça o bem Para melhorar o mundo.

A Fronteira é o fator Que separa e une os povos: Aqui, a pomba da Paz Está chocando seus ovos, Para que a Paz floresça Trazendo filhotes novos. Lutemos por tempos novos, Onde reine a liberdade E das lutas populares Vem o exemplo da igualdade, Para que o mundo inteiro Propague a fraternidade!

De onde o mal é oriundo, O bom-senso é aviltado: O homem segue o caminho Tal um barco naufragado, Como quem põe um remendo Num lençol que está rasgado... > Por: KLÉVISSON VIANA

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Há quase trinta anos o povo de Fortaleza luta pela garantia de preservação dos ecossistemas (Rio, Mangue, Dunas etc.) do Cocó, que constitui a maior área verde da cidade. De lá para cá, o processo de criação do Parque do Cocó nunca foi concluído, e, no ano de 2008, um estudo coordenado pelo CONPAM (órgão responsável pela Política Ambiental do Estado do Ceará) definiu que a área ideal para a criação do Parque do Cocó é de 1.312,30 hectares. Essa área é defendida pelo Movimento Ambientalista, e também pelo Ministério Público Federal – MPF, o qual recentemente ajuizou uma Ação Civil Pública pedindo que seja garantida a preservação dessa área. Manifestamos apoio irrestrito à iniciativa do MPF acima mencionada e exigimos que o Governo do Estado cumpra seu papel de garantidor da preservação ambiental, protegendo em definitivo a mais importante área verde de Fortaleza. Senhor Governador, garanta a criação legal do Parque do Cocó Já!

SALVE O RIO COCÓ AINDA HÁ TEMPO!


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