DO REGIONAL AO LOCAL - A dimensão dos Problemas Metropolitanos na condução de hipóteses Projetuais

DO REGIONAL AO LOCAL A dimensão dos Problemas Metropolitanos na condução de hipóteses Projetuais.

Centro Educacional Braz Cubas Faculdade de Arquitetura e Urbanismo

DO REGIONAL AO LOCAL A dimensão dos Problemas Metropolitanos na condução de hipóteses Projetuais.

Trabalho final de graduação Ariel Steidle Castrezano Orientador: José Francisco Xavier Magalhães Banca Examinadora: Fernanda Lemes de Santana Fernanda Kano

Mogi das Cruzes - São Paulo 2020

“A cidade é uma casa.

A casa é uma cidade.”

João Batista VIlla Nova Artigas

AGRADECIMENTOS Dedico este trabalho, bem como o esforço empregado para a realização do mesmo, como forma de agradecimento ao apoio incondicional de minha mãe Vanderleia Steidle, que durante todos esses anos de curso me possibilitou foco integral à minha formação de Arquiteto e Urbanista.

Agradeço também aos queridos professores da FAU Braz Cubas, em especial ao meu orientador José Francisco Xavier Magalhães, que durante um ano completo me acompanhou semana após semana na elaboração deste trabalho.

Agradeço aos grandes amigos que fiz durante essa trilha, por todos os momentos discutindo arquitetura e a vida nos corredores e salas da universidade.

E de igual maneira às pessoas com quem convivo, e que de alguma forma influenciaram na minha formação.

00 - RESUMO / INTRODUÇÃO

PÁG. 07

01 - REGIÃO METROPOLITANA DE SÃO PAULO

02 - SUB-REGIÃO LESTE

PÁG. 10

PÁG. 18

03 - FERRAZ DE VASCONCELOS

PÁG. 28

04 - ÁREA CENTRAL - FERRAZ DE VASCONCELOS

05 - QUADRA

PÁG. 56

06 - INTENÇÕES PROJETUAIS

PÁG. 66

07 - REFERENCIAS PROJETUAIS

08 - PROJETO

PÁG. 74

PÁG. 84

09 - REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

PÁG. 134

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Resumo

ABSTRACT

Este trabalho final de graduação nasce da observação curiosa de padrões precários de ocupação urbana que ocorrem nas cidades da sub-região metropolitana Leste do Estado de São Paulo, bem como do olhar sobre uma população que realiza movimentos pendulares incessantes para manter a metrópole paulista em funcionamento e a negligência da mesma.

This final graduation project comes from the curious observation of poor urban ocupation paterns that ocurres in the sub east metropolitan region cities of São Paulo state, as well from the look in a population that practices unstopables pendular moves to keep São Paulo’s metropolis functioning. From this primordial analisys comes fundamental questions of this monography about factors that lead the cities to be what they are and how architechture can act to emproove people’s quality of life.

Desta análise primordial nascem questões fundamentais desta monografia a respeito dos fatores que levaram as cidades a serem o que são, e como a arquitetura pode influir para melhorar a qualidade de vida das pessoas.

Investiga-se a formação da região metropolitana de São Paulo com enfoque na sub-região Leste, ressaltando as deficiências das cidades que formam essa grande malha urbana conurbada e evidencia-se como o crescimento da metrópole espalhou pobreza e prejudicou as cidades ao seu redor. O estudo sugere o direcionamento para a cidade de Ferraz de Vasconcelos que de maneira geral sintetiza vários dos problemas vivenciados na maioria destes municípios.

Como objetivo final do trabalho, fica o desenvolvimento de um projeto arquitetônico, que incorpora as problemáticas urbanas como suas demandas, as traduz em um programa de necessidades e , por fim, em partido e conceito de projeto.

Busca-se por meio do objeto construído causar ações e reações que beneficiem a cidade de Ferraz de Vasconcelos, seus moradores mais pobres e a região, minimizando seus problemas e potencializando suas qualidades.

It investigates the formation of the metropolitan region of São Paulo focusing in the sub east region, underscoring the deficiencies of the cities that form this great urban conurbated mass and it shows how the Metropolis growing process spread poverty and damaged the cities around it. The study suggests the direction to Ferraz de Vasconcelos, a city that, in a general form, synthesizes plent of the problems lived in the majority of this counties.

As the work’s final objective, stays the development of an architectural project, that incorporates the urban problematics as it’s demands, it translate them in a need program and, at the end, in party and design concept.

It seeks throu the builded object to cause actions and reactions that benefit the city of Ferraz de Vasconcelos, its poorest residents and the region, minimizing its problems and potencializing its qualitys.

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Processo Pessoal A Faculdade de Arquitetura e Urbanismo amplia o olhar do estudante e aguça sua curiosidade frente ao mundo que o cerca, essa incessante percepção de padrões e quase involuntária análise e crítica do meio em que vivemos impulsionou meus primeiros passos para a elaboração deste trabalho, no sentido em que, me parecia óbvio questionar os padrões das cidades por qual passava e instintivamente relacioná-los aos problemas cotidianos que vivencio. Desta forma surgia a dúvida sobre como a configuração das cidades, seus prédios, ruas o próprio local que ela ocupa em um contexto regional, influenciam na qualidade de vida e nas experiências de seus moradores e visitantes.

Figura 01- Percurso nos trens da CPTM linha coral Fonte - acervo pessoal do autor

Os trajetos cotidianos nos trens da CPMT da linha Coral, que corta a subregião leste da região metropolitana Paulista, trouxeram reflexões a cerca das diferenças entre o território da metrópole e as cidades circundantes, pois fazia-se evidente o contraste entre as regiões, os padrões informais de autoconstrução se chocam com os grandes prédios de incorporadoras a medida que se trânsita das cidades menores até a Metrópole Paulista.

Para além da diferença dos níveis de urbanidade, existe a diferença dos níveis sociais, é obvio que cidade de São Paulo contém sérios problemas, mas me instiga como as problemáticas se aglutinam nos extremos da cidade com uma certa indiferença das zonas privilegiadas, como se as cidades da região metropolitana estivessem sempre subjugadas.

Soma-se isso a vivência com uma população de trabalhadores incansáveis que vem das zonas periféricas, sofrendo diariamente com movimentações pendulares e que são indispensáveis para abastecer as engrenagens da cidade de São Paulo.

Figura 02- Percurso nos trens da CPTM linha coral Fonte - acervo pessoal do autor

Figura 03- Percurso nos trens da CPTM linha coral Fonte - acervo pessoal do autor

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Metodologia

Objetivo

Posto o interesse sobre as cidades que ocupam as margens da metrópole, o trabalho desenvolve-se investigando a região metropolitana até a aproximação da quadra de intervenção, usando uma metodologia em que se passa de uma escala regional até uma escala local, neste ínterim listando e apontando os motivos que levam a escolha de um território em detrimento de outro.

O objetivo final do trabalho é a proposição de um projeto de arquitetura que busca em sua abordagem prática respostas para as questões levantadas no âmbito local bem como as que permeiam a análise regional.

O trabalho acaba por desenvolver-se essencialmente em duas partes, primeiro na aproximação e entendimento do território, identificando concomitantemente as problemáticas, e em um segundo momento dedica-se a dar respostas projetuais a essas deficiências apoiando-se em uma gama de discursos teóricos do urbanismo como influências positivas para o desenvolvimento de uma arquitetura de impacto regional.

Entendeu-se durante a prática projetual a necessidade de se propor novos modelos, que encarem os programas com a dignidade que lhes é devida, para ir além do mínimo seja no desenvolvimento de espaços públicos ou em moradias de cunho social e desta forma através de novos modelos de gestão e ocupação do espaço, pressupostos pelo próprio desenho da arquitetura, abrir a discussão que procura um resultado que realmente estimule transformações.

De certa forma, busca-se por em evidência o poder de uma arquitetura pensada para o local que ocupa, ligada aos problemas e necessidades de sua região e que no topo de suas intenções busca causar transformações profundas, mesmo pairando sobre certa prepotência, de certo que um edifício não é o bastante para sanar todos os problemas urbanos, busca-se um ponto de partida.

01 -

Figura 04- Vista aérea da Região Metropolitana de São Paulo Fonte - Google Earth, adaptado pelo autor.

REGIÃO METROPOLITANA DE SÃO PAULO

RMSP Como um trabalho que surge de questionamentos frente as diferenças entre a metrópole paulista e suas cidades periféricas, pobres e faltantes de urbanidade, o ponto de partida da pesquisa é entender a formação destas regiões e suas relações com a metrópole.

A formação do território metropolitano decorre de fatores múltiplos e complexos com questões fundamentais que permeiam os problemas existentes nas cidades periféricas.

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A região Metropolitana de São Paulo A região metropolitana de São Paulo (RMSP) figura-se como a maior mancha Urbana do Brasil integrando a macrometrópole Paulista que é a terceira maior mancha urbana do planeta, ela representa 18% do PIB nacional e contem 47,54% de toda a população do Estado com 21 milhões de habitantes (2014), distribuídos em 39 cidades, com o município de São Paulo passando de 10 milhões de pessoas. Este conjunto de cidades contempla a maior oferta de infraestruturas e diversidades do país, criando uma relação interdependente entre o seu bem estar e o bem estar geral do Brasil.

Mesmo com os altos números econômicos e demográficos os problemas que figuram na RMSP são diversificados com origens variadas. A desigualdade é presente mesmo com os altos níveis de urbanização, são mais de 4 milhões de pessoas representando no Índice Paulista de Vulnerabilidade, alta ou muito alta vulnerabilidade e que vivem em setores urbanos.

A maior concentração de problemas habitacionais está justamente na RMSP. De acordo com os dados do ‘Diagnóstico dos Assentamentos Precários nos Municípios da Macrometrópole Paulista’, cerca de 800 mil unidades residenciais localizam-se em assentamentos precários, significando mais de 2,8 milhões de pessoas (14,5% da população da região). Há uma distribuição relativamente uniforme desses assentamentos em toda a RMSP, formando um anel periférico à área central do Município de São Paulo.

(PDUI, 2019, p. 38).

Parte significativa dos problemas da RMSP estão ligados ao núcleo principal da região, ou seja, a cidade de São Paulo, essa deu origem aos primeiros vetores de crescimento da Região metropolitana que por sua vez, eram os eixos rodoferroviários. Obtendo destaque primeiramente no desenvolvimento sentido Leste-Oeste, o crescimento veio sem planejamento resultando em diversos problemas conhecidos, e foi intensificado a partir do desenvolvimento das ofertas de mobilidade, trens e rodovias.

O processo de desenvolvimento metropolitano intensificouse na direção Oeste, devido à oferta de terras para o assentamento residencial das classes média-alta e alta, com a implantação de loteamentos que se situaram inicialmente nos eixos das rodovias Raposo Tavares e Régis Bittencourt e depois da rodovia Castelo Branco. (PDUI, 2019, p. 23).

Há ainda uma disparidade curiosa na ocupação Leste e Oeste, onde a diferença dos níveis de renda e qualidade de urbanização são marcantes. “...à oeste encontram-se os melhores níveis de renda com a concentração das faixas maiores, enquanto à leste situam-se as populações que possuem os níveis mais baixos de renda...”(PDUI, 2019, p. 33).

De maneira geral o cenário encontrado é atrelado ao processo de espraiamento e periferização da pobreza no estado de São Paulo que possui relações diretas com a própria formação do território metropolitano, ou seja, sua metropolização, uma consolidação da malha urbana para as regiões ao redor da metrópole pautada e impulsionada através dos eixos de mobilidade, que levou indústrias e a população desfavorecida economicamente em busca de assentamentos menos onerosos e o fez de forma não controlada.

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Figura 05- Mapa do estado de São Paulo com destaque para a Região Metropolitana de São Paulo.

Fonte - Google Earth adaptado pelo autor.

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O processo de Metropolização de São Paulo e irradiação da Pobreza São Paulo é a maior metrópole da América Latina. Metrópole definese pela principal cidade que mantêm influência econômica, funcional e social de um conjunto urbano de cidades menores chamado de região Metropolitana. As metrópoles identificadas por formarem relações complexas e dinâmicas extrapolam naturalmente seus limites municipais.

No Brasil foi verificado um crescimento muito grande dos habitantes em suas cidades, sendo estas pequenas, médias ou grandes durante os anos 1940 e 1996, num processo onde as regiões metropolitanas foram adensadas e consolidadas.

A constituição da Metrópole São Paulo surge de industriais e financeiras acentuadas a partir do com a agricultura e posteriormente no século XX necessitava conectividade pelo território brasileiro transporte.

relações comerciais, século XIX, primeiro com a indústria que através de meios de

O cenário nacional é de uma urbanização latente até meados da década de 80, onde 80% do sudeste brasileiro estava urbanizado, e a partir deste período quando as taxas de crescimento das cidades começam a descer ocorrem os processos de periferização das populações mais pobres justificados pelas dinâmicas de profunda desigualdade da sociedade brasileira, quanto ao acesso de moradia, educação e saúde. As industrias antes concentradas na metrópole se descentralizam através do território metropolitano e junto a elas a população mais pobre em busca de moradia mais acessível caracterizando as já conhecidas ocupações irregulares em áreas de mananciais por loteamentos populares.

Outro ponto que importa ressaltar é que a partir dos anos 90 as industriais voltaram a concentrar-se na metrópole com novos modelos e dinâmicas de postos de trabalho qualificados. Neste processo a alternância de centralidade levou as cidades da região metropolitana a

desenvolver essencialmente os setores de comércio e serviço, porém de baixa qualificação aliados à economia informal, agravando os quadros de pobreza e desigualdade e definindo como reconhecemos hoje, os diversos territórios nomeados cidades-dormitório.

O Crescimento da Região Metropolitana, espraiamento da pobreza.

O desenvolvimento de mobilidade primeiro através da linha férrea em meados do fim do século XIX, agrega valor a áreas mais distantes do centro consolidado da metrópole, começam a surgir então, povoados junto as estações ferroviárias. Em seguida instalam-se indústrias nas regiões mais afastadas, procurando espaços generosos que já não eram encontrados com facilidade no centro consolidado e respaldadas pela via férrea. Ao mesmo tempo uma população carente enxerga nestas periferias a oportunidade de se assentar com menores custos.

“Assim, foram ocupadas as áreas de influência das vias de acesso (estradas de ferro e de rodagem), sobretudo para leste e oeste.”

(PDUI, 2019, p. 25).

Os limiteis municipais começaram a ser ultrapassados sobretudo nos sentidos leste e oeste e da década de 50 em diante as rodovias assumem o protagonismo como eixos indutores de urbanização e industrialização periférica.

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A expansão urbana ao longo da formação da metrópole foi materializada pela proliferação de lotes em direção a áreas sem urbanização, de padrão rural e de baixo valor. Constatase que essa tendência se mantém presente ainda nas últimas décadas, mesmo com a introdução pelo poder público municipal e estadual de formas de regulação do uso e do parcelamento do solo urbano. A continuidade da expansão da mancha visando atender demandas em habitação configura sua forma e sua extensão e acarreta, até os dias atuais, problemas metropolitanos de ordem urbana, social e ambiental. (PDUI, 2019, p. 25).

Uma das consequências diretas das dinâmicas de formação do território com o assentamento de pessoas em cidades periféricas à metrópole são os movimentos pendulares. Os municípios que circundam a metrópole são característicos por realizarem grandes movimentos pendulares que cresceram nos últimos anos, o volume entre 2000 e 2010, passou de 1,1 milhão para 1,9 milhão de pessoas. Estes movimentos são relacionados à configuração territorial da Região Metropolitana, existe uma defasagem na oferta de oportunidades e serviços para a população de locais periféricos, que é em sua maioria de baixa renda.

A dinâmica da expansão urbana na RMSP foi impulsionada por um padrão que apresenta uma área central e um centro expandido adensado no Município de São Paulo, com infraestrutura urbana adequada, onde se concentra a maior parte das ofertas de trabalho, o comércio e os serviços especializados. (PDUI, 2019, p. 23).

Figura 06- Expansão da Mancha Urbana na RMSP Fonte - TRANI, 2017. Adaptado pelo autor.

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O processo de Metropolização de São Paulo e irradiação da Pobreza -FINAL DO SÉCULO XIX ATÉ MEADOS DE 1930 EXPANSÃO DO TERRITÓRIO GRAÇAS A ECONOMIA CAFEEIRA E AGRICULTURA -SÉCULO XX - ASSENTAMENTOS SUBURBANOS IMPULSIONADOS PELA LINHA FÉRREA

-MEADOS DE 1875 - INSTALAÇÃO DAS PRIMEIRAS FERROVIAS PARA O ESCOAMENTO DA PRODUÇÃO AGRÍCOLA-

As expansões periféricas geraram e continuam a gerar diversos problemas, fora e dentro da Metrópole Paulista. A população que vive fora dos grandes centros urbanos sofre com a necessidade de realizar movimentos pendulares e com a distância de infraestruturas essenciais de diversas naturezas, o que acentua o problema da desigualdade social, a cidade de São Paulo vê centros historicamente consolidados sofrendo com o abandono e insegurança por no passado ter ignorado a presença das classes menos favorecidas, adiciona-se a isso os efeitos negativos para com o meio ambiente gerados a partir do momento em que áreas de mananciais e proteção são ocupadas de maneira irregular pela população periférica, este é o panorama dos complexos problemas enfrentados nas cidades da Região Metropolitana.

-194

-MEADOS DE 1930 - E PERDE RELEVÂNCIA

17

-1990 - INDÚSTRIAS VOLTAM A CONCENTRAR-SE MAIS NA METRÓPOLE PAULISTA

40 A 1980 - MASSIVO PROCESSO DE EXPANSÃO DAS CIDADES AO REDOR DA METRÓPOLE-

ECONOMIA DE AGRICULTURA A-

-1960 - PRESENÇA DA INDÚSTRIA NAS REGIÕES METROPOLITANAS-

- 1990 - FORMAÇÃO DAS CIDADES DORMITÓRIO COMO AS CONHECEMOS

-1960 - PROGRAMAS DE HABITAÇÃO SOCIAL ESPRAIAM A POBREZA PRINCIPALMENTE NA REGIÃO LESTE DE SÃO PAULO -1960 - O SISTEMA RODOVIÁRIO PASSA A SER MAIS RELEVANTE EM RELAÇÃO AO SISTEMA FERROVIÁRIO-

Figura 07- Linha do tempo, desenvolvimento da região Metropolitana de São Paulo e espraiamento da pobreza ao longo das décadas.

Fonte - Elaborado pelo autor.

vV

02 - SUB-REGIÃO LESTE

Figura 08- Vista aérea da sub-região Leste da Região Metropolitana de São Paulo Fonte - Google Earth, adaptado pelo autor.

Sub-região Leste A sub-região leste é a maior área urbanizada depois da cidade de São Paulo, com os maiores índices de crescimento urbano tanto regular como o de agrupamentos subnormais ou loteamentos irregulares.

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A sub-região Leste

Caracterização Geral

A forma conturbada com que cresceram as cidades ao redor do município de São Paulo exemplifica-se no desenvolvimento da sub-região Leste da RMSP, em decorrência de políticas habitacionais adotadas pelo estado e de uma relação forte entre o acesso do território por meios de transporte e da disponibilidade de terras para se ocupar.

A zona leste da Região Metropolitana de São Paulo é composta por 11 municípios, Arujá, Biritiba-Mirim, Ferraz de Vasconcelos, Guararema, Guarulhos, Itaquaquecetuba, Mogi das Cruzes, Poá, Salesópolis, Santa Isabel e Suzano e possui a maior malha urbanizada depois da cidade de São Paulo.

Inserida no contexto da formação da Região Metropolitana de São Paulo, a Zona Leste desenvolveu-se muito em função da linha ferroviária e dos traçados rodoviários irradiados do município de São Paulo. O incremento de mobilidade primeiro a partir da linha férrea, desencadeou vocações suburbanas para as áreas por onde o trem passava e em um momento mais a frente, as rodovias serviram à implantação de industrias em locais que antes eram de acesso limitado. Outro fator importante foi a disponibilidade de espaços físicos tanto para as indústrias como para as pessoas, trabalhadores que se assentaram.

A população que se agregava nas regiões mais distantes da metrópole paulista eram empobrecidas, somando a isso o fato de que o crescimento das cidades metropolitanas foi maior que o da metrópole a partir da década de 70, a periferização foi reforçada, a zona leste era uma alternativa de moradia barata, ao passo que oferecia loteamentos irregulares e nas franjas urbanas, levando as conhecidas conurbações entre os municípios da região.

Paralelo a esta situação, as últimas décadas do século passado foram marcadas pela contribuição de agentes públicos na periferização da pobreza, que direcionavam habitações populares para o leste da metrópole em programas como COHAB e CDHU, gerando as configurações conturbadas e indiferenciadas que conhecemos nestas cidades, reforçando essas áreas mais distantes como áreas mais pobres.

“O padrão de urbanização da zona leste desencadeou uma conurbação que não diferenciou um espaço municipal de outro.”

(PDFV, 2016a, p. 41)

Figura 09 - Desenho conceitual, cidades da Sub-região Leste na Região Metropolitana de São Paulo.

Fonte - Google Earth, modificado pelo autor.

Biritiba-Mirim, Guararema, Salesópolis e Santa Isabel são os únicos municípios da sub região leste a não apresentar a conurbação de seus territórios com outros municípios, para todas as outras cidades listadas ocorre a indiferenciação de seus traçados urbanos a medida que avançam em direção a outros municípios, essa constatação se faz importante, pois, a título de comparação, as unidades municipais reconhecidamente conurbadas estabelecem relações territoriais diferenciadas e sofreram mais os efeitos do espraiamento da pobreza vindos da metrópole.

21

Figura 10 - Mapa contextual da sub-região Leste da Região Metropolitana de São Paulo.

Fonte - Google Earth, modificado pelo autor.

22

Comparação e Análise dos Municípios - Área e População Os menores municípios da sub-região leste são, Poá, seguido por Ferraz de Vasconcelos e Itaquaquecetuba. Os maiores por sua vez, são: Mogi das Cruzes, Salesópolis e Santa Isabel.

Área em Km2 Guararema

270,82

Santa Isabel

363,33

Salesópolis

425

Biritiba Mirim

317,41

Suzano

206,24

Poá

17,26

Mogi das Cruzes

712,54

Guarulhos

318,68

Itaquaquecetuba

82,62

Ferraz de Vasconcelos

29,56

Arujá

96,17 0

Figura 11 - Gráfico de áreas dos municípios da Sub-região Leste.

200

400

600

800

Neste ponto, é importante concentrar a análise nos municípios mais próximos a metrópole São Paulo.

População Santa Isabel

50393

Salesópolis

15624

Guararema

25808

Biritiba Mirim

28540

Suzano

As maiores populações são encontradas em Guarulhos, seguido por Mogi das Cruzes e por fim Itaquaquecetuba. As menores ficam a cargo de Àruja seguido por Poá e por fim Ferraz de Vasconcelos.

262179

Poá

105924

Mogi das Cruzes

387260

Itaquaquecetuba

321329

Guarulhos

1220653

Ferraz de Vasconcelos

Fonte - IMP SEADE, organizado pelo autor.

Uma primeira constatação importante neste momento é, perceber que, verificada a disparidade entre as áreas dos municípios e suas populações, observamos que os municípios de áreas menores são muito mais densos em relação aos de áreas maiores.

168072

Arujá

74758 0

Figura 12 - Gráfico das populações dos municípios da Sub-região Leste.

500000

1000000

1500000

Fonte - IMP SEADE, organizado pelo autor.

23

Comparação e Análise dos Municípios - Densidade Demográfica e IDHM Densidade Demográfica HAB/Km2 Guararema Santa Isabel

A constatação anteriormente mencionada é explicitada através da relação do gráfico ao lado, vemos que Poá, Ferraz de Vasconcelos e Itaquaquecetuba comportam respectivamente as maiores densidades por quilômetro quadrado.

Salesópolis Biritiba Mirim

Suzano Poá Mogi das Cruzes Guarulhos Itaquaquecetuba Ferraz de Vasconcelos

Figura 13 - Gráfico das densidades demográficas dos municípios da Sub-região Leste.

Arujá 0

1000

2000 3000 4000 5000 6000 7000 8000

Fonte - IMP SEADE, organizado pelo autor.

IDHM 0,8 0,78 0,76 0,74 0,72 0,7 0,68

Analisando os índices de desenvolvimento municipal observa-se, ocupando as piores posições entre os municípios conurbados, temos: Itaquaquecetuba seguido por Ferraz de Vasconcelos e por fim Guarulhos.

Ressalta-se nesta comparação, Ferraz de Vasconcelos e Itaquaquecetuba, ambos municípios de pequenos territórios, marcados por uma grande densidade demográfica, exercendo essencialmente divisa com a cidade de São Paulo, e assim, alvos do espraiamento da pobreza da metrópole Paulista citada no capítulo 01.

0,66

Figura 14 - Gráfico dos Indices de Desenvolvimento Humano da Sub-região Leste.

Fonte - IMP SEADE, organizado pelo autor.

24

Comparação e Análise dos Municípios - Produto Interno Bruto PIB em reais Guararema Salesópolis Santa Isabel Biritiba Mirim Suzano Poá

960.959,52 1.353.632,21 704.607,09 10.761.082,01 4.216.622,16

Mogi das Cruzes Itaquaquecetuba

Os números de Produto Interno Bruto, nos revelam de maneira simplificada a capacidade destes municípios de criar economia produtiva e de como estabelecem internamente a oferta de empregos.

200.621,71

14.470.622,98 6.932.298,02

Guarulhos Ferraz de Vasconcelos Arujá

55.743.650 2.989.860,29 5.311.877

Figura 15 - Gráfico dos PIBs em reais dos municípios da Sub-região Leste.

Fonte - IMP SEADE, organizado pelo autor.

PIB per capita em reais Guararema Salesópolis

12.182,52

Santa Isabel

25.184,79

Biritiba Mirim

Poá, ocupando o segundo lugar dentre os piores PIBs dos municípios conurbados, consegue ainda ter um produto interno bruto quase duas vezes maior que o de Ferraz de Vasconcelos. Arujá ocupa a terceira posição por ser assumidamente uma cidade dormitório, que cresceu em uma configuração territorial diferenciada, servindo de moradia a uma população que escolhe permanecer fora da metrópole, não necessariamente mais pobre, o que fica mais claro ao observar a distribuição do PIB per capita.

22.587,18

Suzano

38.102,04

Poá

37.374,78

Mogi das Cruzes

34.496,08

Itaquaquecetuba

19.500,03

Guarulhos Ferraz de Vasconcelos

Os piores números de PIB em reais ficam respectivamente em, Ferraz de Vasconcelos, Arujá e Poá.

33.920,21

42.449,72 16.110,55

Arujá

62.283,11

Figura 16 - Gráfico dos PIBs Per Capita em reais dos municípios da Sub-região Leste.

Fonte - IMP SEADE, organizado pelo autor.

Na relação de piores PIB per capita, observa-se respectivamente, Ferraz de Vasconcelos, Itaquaquecetuba e Mogi das Cruzes.

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Movimentos Pendulares na sub-região Leste Como já mencionado existe uma grande quantidade de movimentos pendulares sendo realizados na região metropolitana de São Paulo diariamente. A maioria destes movimentos ocorrem dentro da própria região de uma cidade para outra.

A grande defasagem existente na região entre os locais onde são oferecidas oportunidades produtivas e serviços e aqueles onde vivem as pessoas – em especial as de baixa renda – fazem da área um ambiente especialmente propício para a intensa mobilidade da população. Assim, mais de 85% dos pendulares da RMSP apresentam como destino municípios da própria Região. Destes, a maior parte se dirige para a sede, São Paulo, e para os municípios com maior população.

(PDUI, 2019, p. 20).

No seguinte mapa as movimentações pendulares são ilustradas com flechas e círculos. Observamos primeiramente que entre os municípios da sub-região leste também ocorrem movimentações, mas nas menores escalas, a maior quantidade de movimentos pendulares defini-se pelas movimentações em direção a cidade de São Paulo. Nas viagens em direção a metrópole destacam-se os municípios de Ferraz de Vasconcelos e Itaquaquecetuba.

Figura 17 - Mapa da sub-região Leste da Região Metropolitana de São Paulo e os movimentos pendulares de um município a outro.

Fonte - EMTU, Google Earth, adaptado pelo autor.

26

O Recorte para Ferraz de Vasconcelos.

Destacam-se de maneira negativa, Ferraz de Vasconcelos e Itaquaquecetuba, municípios que, notadamente possuem dificuldades em gerar economia produtiva, possuem baixos índices de desenvolvimento humano e áreas muito adensadas. Cidades estigmatizadas como dormitório, que sofreram com o espraiamento da pobreza indiferente vindo da metrópole São Paulo.

Ao compararmos os dois territórios, observamos que Itaquaquecetuba ainda exerce relações diferenciadas de Ferraz de Vasconcelos, pois, conta com uma área em km2 quase 3 vezes maior, com uma população aproximadamente duas vezes maior e com um Produto Interno Bruto duas vezes maior que o de Ferraz de Vasconcelos.

Essa relação deixa mais evidente para o município de Ferraz de Vasconcelos sua inexpressividade dentro do contexto regional, e tal estigma tende a retroalimentar a situação em que a cidade se encontra.

Ferraz de Vasconcelos sintetiza os problemas causados pelo espraiamento da pobreza de São Paulo, que subjugou os municípios vizinhos e distribui nestes uma população desamparada de forma displicente, resultando nas conturbações urbanas observadas, com destaque especial para este município que recebeu uma população alheia à cultura e história local e que se instalou de forma precária, pautada na autoconstrução e em grande parte irregular, sem as infraestruturas mínimas, compondo o quadro atual de uma cidade que ao longo das décadas vem perdendo sua identidade, autoestima e cultura.

Figura 18 - Fotografias de visuais urbanos a partir da Estação Ferraz de Vasconcelos.

Fonte - Acervo pessoal do autor.

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Figura 19 - Mapa da sub-região Leste da Região Metropolitana de São Paulo com destaque para o município de Ferraz de Vasconcelos, eixos ferroviários e estações de trem.

Fonte - Google Earth, adaptado pelo autor.

vV

03 - FERRAZ DE VASCONCELOS

Figura 20- Vista aérea da cidade de Ferraz de Vasconcelos.

Fonte - Google Earth, adaptado pelo autor.

Cidade Ferraz de Vasconcelos apresenta uma série de problemas de ordem urbana, porém com a identificação destas problemáticas e o elencamento de seus potenciais, surge a possibilidade de se inserir neste território um projeto de arquitetura que leve ou influencie a transformação destes padrões.

30

Breve Histórico A origem da ocupação do território da cidade de Ferraz de Vasconcelos ocorre como na maioria das cidades da região contando com habitantes indígenas, tropeiros, caçadores e bandeirantes. Os indícios de um primeiro povoado datam de 1825 em um local com represamento de água chamado Tanquinho, que funcionava como uma parada para os tropeiros. Ali cresceu um primeiro núcleo de moradores e por este núcleo foi passada a estrada de ferro que ligava São Paulo a Mogi das Cruzes.

A partir dos anos 70 Ferraz de Vasconcelos começou a sofrer com certa estagnação econômica, o que levou o poder público da época a elaborar planos para atrair indústrias para o município. O parque industrial do município chegou a abrigar diversas indústrias, mas a partir daí a cidade começou a mudar drasticamente, deixando o passado glorioso para trás, principalmente com o declínio das atividades de agricultura relacionadas ao cultivo da uva.

A região começa a ganhar destaque a partir da chegada de imigrantes que se inicia em meados de 1890, as famílias de imigrantes se ajudavam mutuamente e tornaram-se grandes produtores de frutas com destaque para o cultivo da uva Itália. Com o passar dos anos a região cresceu inclusive com a presença de comércio imobiliário, lotes e glebas sendo vendidos em um primeiro loteamento chamado Romanópolis, que nos dias atuais é um dos bairros da região central de Ferraz de Vasconcelos.

Na década de 1980 a cidade começou a receber um grande número de novos moradores, pessoas de classes sociais menores, que em um contexto de crise econômica da época tinham dificuldades para garantir moradia própria na capital Paulista e enxergavam Ferraz de Vasconcelos como alternativa de moradia barata, essas ocupações ocorreram sem controle pautadas pela autoconstrução de maneira informal. Esse contexto está relacionado ao espraiamento da pobreza na região metropolitana abordado no capítulo 01. Foi a partir deste momento que Ferraz de Vasconcelos definiu-se de uma vez por todas como um território dormitório, pois, além de não conseguir arcar com as infraestruturas básicas para atender a população em crescimento, já desde a década de 70 encontrava dificuldades em gerar empregos.

Em 1926 a estação Ferroviária do povoado foi inaugurada, levando o nome de Ferraz de Vasconcelos como uma homenagem póstuma a um dos funcionários da companhia responsável pela estrada de ferro na época, mais tarde a cidade receberia o mesmo nome. O eixo ferroviário trouxe as primeiras indústrias, com destaque para a Fábrica de Lixas, sendo a maior delas e que chegou a empregar 500 pessoas mantendo suas atividades até os dias de hoje.

Em 1950 Ferraz de Vasconcelos obteve sua emancipação e autonomia como município, viu nessa época também a chegada de mais indústrias e os trabalhadores das mesmas.

O ano de 1962 foi marcado como o primeiro ano da Festa da Uva, uma importante data para o município onde ocorriam festejos que ressaltavam o orgulho pela cultura da uva e agricultura.

Nos dias atuais a cidade permanece sofrendo os efeitos de um crescimento desordenado que se expressa na imagem da cidade com construções mal feitas, bairros pobres e áreas degradadas.

Sucessivamente a cidade vem negligenciando sua cultura e memória, minando o sentimento de pertencimento e a autoestima urbana de seus habitantes.

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Cidade dormitório Como destaca o Plano Plurianual do Município para o período 2014/2017, o “tamanho excessivamente pequeno da economia municipal em relação a sua população faz com que Ferraz de Vasconcelos seja essencialmente uma cidade dormitório.”

(PDFV, 2016b, p. 30)

Trabalhadores exercendo atividade fora de seu município de origem (em %).

NA RMSP ESTADO SP

Ferraz de Vasconcelos é caracterizada por ser uma cidade dormitório com grandes movimentos pendulares.

A economia municipal, sendo uma das menores da sub-região leste tem baixa capacidade para gerar empregos, agravando a situação dos movimentos pendulares.

Das 43.500 pessoas empregadas com carteira assinada no Município, apenas 19.505 laboram dentro do perímetro municipal. Isso significa que somente 43% dos trabalhadores formais laboram em sua cidade de origem.

Segundo o Censo IBGE 2010, ‘das 75.601 pessoas ocupadas registradas (...) na cidade, 42.566 laboravam fora do município, representando uma porcentagem de 56,3%, valor muito acima da média do Estado de São Paulo, 15,0% e que a Região Metropolitana de São Paulo, 17,3%.’

(PDFV, 2016b, p. 30).

17,30% 15,00%

EM FERRAZ 0,00%

56,30% 20,00%

40,00%

60,00%

Empregos em Ferraz de Vasconcelos

33.035

42.566

Pessoas que laboram fora do município Pessoas que laboram no município Figura 21 - Gráfico que compara trabalhadores que exercem atividade fora ou dentro do município em que vivem.

Fonte - IBGE 2010, organizado pelo autor.

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Centralidade O desenvolvimento da cidade de Ferraz de Vasconcelos segue nos moldes do desenvolvimento da Região Metropolitana impulsionado primeiro pela Ferrovia e Rodovia no contexto regional e depois pela mudança das áreas agrícolas para assentamentos urbanos. Desta forma a cidade desenvolveu-se ao redor da estação Ferraz de Vasconcelos, o entorno imediato, principalmente ao sul da linha ferroviária concentra a maior oferta de infraestruturas do município. Ali estão os grandes equipamentos da estrutura municipal e a centralidade comercial.

A linha ferroviária representa o principal eixo de mobilidade do município, acompanhada paralelamente pela Av. Gov. Jânio Quadros ao norte e Avenida Brasil ao sul que conectam no sentido leste e oeste, Guaianazes a Poá cruzando o município de Ferraz de Vasconcelos. Esse eixo representa um fator de divisão da área municipal, entre as porções norte e sul, que contam somente com duas transposições para os veículos e cinco passarelas para pedestres, contando com as estações de trem.

Figura 22 - Mapa contextual da cidade de Ferraz de Vasconcelos inserida na sub-região Leste da Região Metropolitana de São Paulo, com destaque para sua região central e relação com as estações ferroviárias.

Fonte - Google Earth, modificado pelo autor.

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Densidade Demográfica A análise da distribuição demográfica dentro do território do município como demonstra o seguinte mapa, leva à outra reflexão, pode-se verificar uma situação onde as pessoas se distribuem através do eixo ferroviário, mas ao mesmo tempo a maior concentração demográfica está afastada do centro onde a oferta de serviços, comércios e equipamentos públicos é a maior de todo o município.

Nas regiões periféricas a densidade é de 22843,77 até 68155,32 habitantes por km2 por exemplo na divisa com Guaianazes a oeste, enquanto na região central, o entorno imediato à estação Ferraz de Vasconcelos tem uma densidade de 133,58 a 7956,43 habitantes por km2.

No centro de Ferraz de Vasconcelos existe uma dualidade de situações dispares, provisão de infraestrutura junto às melhores condições para o assentamento e ao mesmo tempo a baixa densidade demográfica.

Figura 23 - Mapa da cidade de Ferraz de Vasconcelos e a densidade demográfica.

Fonte - Google Earth, IBGE 2010, organizado pelo autor.

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04 - ÁREA CENTRAL FERRAZ DE VASCONCELOS

Figura 24- Vista aérea do centro da cidade de Ferraz de Vasconcelos.

Fonte - Google Earth, adaptado pelo autor.

Região Central O trabalho procura relacionar oportunidades encontradas na área central, pois observado sua pouca densidade e respaldado pelo discurso de que o adensamento na cidade é positivo, leva o ato de gerar diversidade como uma das chaves para o incremento de vida e portanto, a criação de uma cidade mais segura e prospera principalmente para a população de menor renda, assim, as problemáticas relacionadas anteriormente são discutidas com um olhar direcionado ao núcleo do município, que considera suas potencialidades para dar as respostas necessárias.

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Perímetro de estudos O entendimento da região central parte da demarcação do perímetro de estudos que inicia-se analisando superficialmente a área central destacando seus pontos de influencia local e regional. Assim ficam descritos os seguintes locais:

Raios de Influencia Como exemplificado no mapa, a partir de cada área demarcada são criados círculos com raios de 300m, considerando esta, uma distância confortável ao caminhar e uma área que sofre influencia direta dos equipamentos que ela circunda.

-A estação ferroviária Ferraz de Vasconcelos – considerando a mobilidade como elemento chave, estruturador do centro da cidade desde os primórdios de sua ocupação, e portanto, a importância latente deste equipamento para grande parte da população Ferrazence.

-O cruzamento das ruas Otávio Rodrigues Barbosa, Juvenal Guerra Avenidas Dep. Pedro Franganiello e Quinze de Novembro. – levando em conta que este cruzamento é de principal importância para a definição da centralidade comercial, onde estas quatro vias contemplam ofertas variadas de comércio e serviço que atendem a população.

-O centro de convenções de Ferraz de Vasconcelos – considerando o potencial desta quadra não aproveitado e os problemas que este equipamento abandonado gera para o centro da cidade.

-A prefeitura municipal de Ferraz de Vasconcelos – tomando como essencial a presença do poder municipal e de outros equipamentos correlatos nos arredores.

Figura 25 - Mapa da região central de Ferraz de Vasconcelos principais equipamentos definidores da centralidade. | Fonte - Google Earth, modificado pelo autor.

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Definição A partir do desenho viário e das quadras, foi delimitado o traçado de análise, o limite de abrangência dos levantamentos em quadras bem demarcadas.

Figura 26 - Mapa da região central de Ferraz de Vasconcelos, perímetro de análises bem definido. Fonte - Google Earth, modificado pelo autor.

O conjunto de quadras em questão apresenta uma diversidade enorme de usos e de situações urbanas que por vezes tornam-se conflitantes dentro das dinâmicas da cidade. Essas situações diferenciadas serão colocadas em evidência nos próximos mapas temáticos.

Figura 27- Mapa da região central de Ferraz de Vasconcelos, quadras definidas.

Fonte - Elaborado pelo autor.

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Equipamentos O seguinte mapa levanta e pontua os equipamentos municipais presentes na área demarcada, visando demonstrar assim o grau de urbanização desta área e sua grande oferta de aparatos públicos, de mobilidade, cidadania e educação que reforçam seu caráter centralizador e importância no município.

1 - Estação Ferroviária CPTM Ferraz De Vasconcelos 2 - Centro Médico Santo Antônio 3 - Centro de Convenções (Abandonado) 4 - Base do Corpo de Bombeiros 5 - Câmara Municipal de Ferraz de Vasconcelos 6 - Secretária Municipal de Saúde 7 - Prefeitura Municipal 8 - Sabesp - Ferraz de Vasconcelos 9 - Biblioteca Municipal 10 - Escola Estadual 11 - Escola Estadual 12 - Ginásio Municipal 13 - Secretária Municipal de Desenv. Social 14 - Estacionamento de Ônibus Municipais 15 - Fórum de Ferraz de Vasconcelos 16 - Fórum Trabalhista 17 - Futuro Terminal Para BRT 18 - Cartório de Registro Cívil

Figura 28 - Mapa da região central de Ferraz de Vasconcelos, destaque e numeração dos principais equipamentos urbanos. Fonte - Google Earth, modificado pelo autor.

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Equipamentos em Destaques Estação Ferroviária Ferraz de Vasconcelos A estação Ferraz de Vasconcelos é um dos pontos de maior importância do município, não só com o seu significado enquanto mobilidade pública, mas também como importante estrutura para o cruzamento de pedestres na linha férrea, além disso o equipamento é um símbolo da fundação da cidade que recebe o seu nome, na época os moradores da região se uniram para exigir uma parada de trem no local junto as exigências de autonomia como município.

Centro de convenções - antiga Praça dos Trabalhadores

Figura 29 - Vista aérea Estação Ferroviária Ferraz de Vasconcelos.

Fonte - Google Earth, modificado pelo autor.

O centro de convenções abandonado ocupa uma quadra onde até meados de 2010 existia a chamada Praça dos Trabalhadores, ali encontravam-se os principais prédios da prefeitura municipal, a quadra foi integralmente transformada com os prédios existentes demolidos, para abrigar o novo edifício que em pouco tempo tornou-se um problema não obtendo sucesso em sua proposta e acarretando sérios prejuízos ao meio urbano em que se insere. Os edifícios municipais foram espalhados para os arredores, alguns departamentos seguem em locais provisórios enquanto as obras para seu assentamento definitivo encontram-se abandonadas a alguns anos.

Figura 30 - Vista aérea Atual quadra do Centro de convenções abandonado.

Fonte - Google Earth, modificado pelo autor.

Figura 31 - Vista aérea Antiga praça dos Trabalhadores - Antiga Sede da Prefeitura de Ferraz de Vasconcelos|Fonte - Google Earth, modificado pelo autor.

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Equipamentos em Destaques Base do Corpo de Bombeiros A base do Corpo de Bombeiros tem seus portões de acesso para a rua Engenheiro Jorje Allen e a divide com a quadra do Centro de Convenções, até meados de 2018 essa rua sofria com graves alagamentos sempre que passava por períodos de chuva mais fortes, essa situação deve-se principalmente ao Córrego da Piscina, como é chamado, que passa pela área e segue canalizado na quadra do centro de convenções.

Garagens de Ônibus

Figura 32 - Edifício Corpo de Bombeiros e rua Engenheiro Jorje Allen.

Fonte - Google Earth, modificado pelo autor.

A norte da linha férrea nas proximidades da estação, existem grandes espaços ocupando quadras inteiras destinados ao abrigo dos ônibus da linha municipal, estes espaços conformam contrastes interessantes com a região ao sul da linha férrea, onde um grande número de comércios e serviços é oferecido. Área do Futuro Terminal BRT Em uma quadra próxima às garagens de ônibus municipais a Empresa Metropolitana de Transportes Urbano EMTU, junto a prefeitura de Ferraz de Vasconcelos determinaram uma grande desapropriação de lotes para a implantação de um terminal de transporte por BRT, o BRT Perimetral Alto Tietê que determina um eixo norte e Sul de mobilidade que irá cruzar a Sub-Região Leste.

Figura 33 - Quadra ocupada por Garagem de ônibus municipais Fonte - Google Earth, modificado pelo autor.

Ferraz de Vasconcelos possui diversos problemas urbanos atrelados a decisões municipais precipitadas e mal debatidas com a população além disso as gestões municipais enfrentam grandes dificuldades em continuar projetos e decisões tomadas pelas gestões anteriores. Este primeiro panorama será melhor ilustrado com as análises que seguem.

Figura 34 - Quadra destinada ao terminal BRT Ferraz de Vasconcelos Fonte - Google Earth, modificado pelo autor.

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Uso dos Solos por predominância na quadra.

O conjunto de quadras de cor amarela conforma o único centro comercial expressivo de Ferraz de Vasconcelos e sua existência é diretamente ligada a estação Ferroviária.

Observa-se também a presença de quadras de usos industriais em áreas de predominância residencial, isso ocorre por fatores relacionados a forma com que se expandiu a região metropolitana, com o assentamento de industrias em áreas fora da metrópole paulista, mas de qualquer forma demonstram o fato de Ferraz de Vasconcelos não ter implementado leis de zoneamento eficientes nas últimas décadas.

A região ainda conta com grandes quadras de equipamentos que não necessariamente são condizentes a região central, como é o caso da já citada garagem de ônibus municipais.

Figura 35 - Mapa da região central de Ferraz de Vasconcelos, uso dos solos por predominância.

Fonte - Google Earth, modificado pelo autor.

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Principais Eixos de Mobilidade Destacam-se a Avenida Brasil, maior eixo viário da cidade e o traçado do futuro terminal BRT Ferraz de Vasconcelos, projeto que encontra-se em fase de planejamento e que pretende ligar a cidade de Ferraz à cidade de Arujá criando um corredor de transporte público que cruzará a sub-região leste no eixo norte e sul, gerando grandes impactos ás dinâmicas urbanas atuais.

Mais uma vez é possível observar a influência regional que este ponto da cidade exerce, relacionando os diversos modais de transporte.

Figura 36 - Mapa da região central de Ferraz de Vasconcelos, hierarquia de vias e traçado do futuro BRT Alto Tiete. | Fonte - Google Earth, modificado pelo autor.

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BRT Perimetral Alto Tietê O BRT Perimetral Alto Tietê é um grande empreendimento de mobilidade em fase de implantação e projeto que afetará diretamente a cidade de Ferraz de Vasconcelos principalmente em sua região central, que receberá o terminal extremo sul deste novo eixo viário criado na sub-região leste para atender a demanda de movimentações sentido norte e sul.

Este equipamento de caráter regional consolidará ainda mais a região central de Ferraz de Vasconcelos como polo de mobilidade, comércios e serviços, ampliando os potenciais de transformação existentes e criando novos.

Figura 37 - Mapa do traçado regional do futuro BRT Alto Tiete, estações e terminais.

Fonte - EMTU, organizado pelo autor.

A previsão da EMTU - Empresa Metropolitana de Transportes Urbanos é que passem diariamente 47 mil pessoas no novo traçado de 21 km de extensão. O BRT atenderá as cidades de Arujá, Itaquaquecetuba, São Paulo, Poá e Ferraz de Vasconcelos.

Além de prever a integração com os trens da CPTM, estima-se uma redução de 28% de tempo nos deslocamentos neste percurso.

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Terminal BRT Perimetral Alto Tietê - Ferraz de Vasconcelos O terminal será estrategicamente localizado próximo à estação Ferraz de Vasconcelos, a quadra prevista para a sua implantação sofrerá grande transformação de usos e diversos lotes serão desapropriados para que se complete o projeto.

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O orçamento para o terminal de Ferraz de Vasconcelos está estimado em 33,6 milhões de reais, sendo 8,2 milhões para desapropriações na área que receberá o equipamento.

Figura 38 - Situação existente quadra do futuro Terminal Ferraz de Vasconcelos BRT Alto Tietê, situação projetada sem escala.

Fonte - Autor.

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Figura 39 - Terminal Ferraz de Vasconcelos BRT Alto Tietê, situação projetada sem escala.

Fonte - EMTU. Adaptado pelo autor I

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Figura 40 - Perspectivas do terminal Ferraz de Vasconcelos BRT Alto Tietê.

Fonte - EMTU.

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Hidrografia e topografia Este mapa relaciona a presença hidrográfica com o traçado da cidade, e da mesma forma o faz com a topografia, apresentando também as áreas passíveis de alagamento identificadas através do relatório cartográfico do plano diretor de Ferraz de Vasconcelos 2016.

Aspectos interessantes são observados, a ação municipal de tapar e canalizar os córregos contribui para criar áreas alagáveis, correlacionando, as áreas de risco de alagamento são também os pontos onde a topografia é mais baixa, onde encontra-se a linha férrea.

Na quadra do Centro de Convenções abandonado passa canalizado o chamado Córrego da Piscina, que vem do sul da quadra por uma área que conta com a relativa preservação de sua mata ciliar.

CÓRREGO DA PISCINA

Figura 41 - Região central de Ferraz de Vasconcelos, levantamento hidrográfico e topográfico.

Fonte - Google Earth, modificado pelo autor.

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Terrenos desocupados, praças e áreas livres Este levantamento visa identificar e apresentar áreas potenciais não ocupadas ou subutilizadas tratando-as como oportunidades, já verificada a oferta de infraestruturas e um nível alto de urbanização.

Com destaque para os grandes descampados a sul, próximos a prefeitura de Ferraz de Vasconcelos. Percebe-se também uma presença modesta de praças públicas, o que pode estar relacionado ao crescimento urbano não planejado.

Figura 42 - Região central de Ferraz de Vasconcelos, Praças, áreas livres e lotes não ocupados.

Fonte - Google Earth, modificado pelo autor.

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Vegetação O seguinte mapa demonstra as áreas cobertas por vegetação, árvores e gramados.

Ferraz de Vasconcelos não é uma cidade que investe para garantir vegetação no meio urbano, a presença maior de árvores acontece no bairro residencial na porção sul, verifica-se pouca ou quase nenhuma presença de árvores na área do centro comercial passando pela estação.

Uma mata ciliar considerável está ao sul na região por onde passa o Córrego da Piscina.

Figura 43 - Região central de Ferraz de Vasconcelos, massas de vegetação.

Fonte - Google Earth, modificado pelo autor.

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Levantamento Fotográfico O seguinte mapa demonstra de forma esquemática os ângulos e vistas em que foram capturadas as imagens para o levantamento fotográfico, que objetivou fomentar uma ideia geral a respeito da configuração espacial do território estudado.

O levantamento fotográfico será apresentado em duas partes, primeiro por um percurso de fotografias na escala do olhar e depois por imagens áreas de autoria da FUNDEPASA, capturadas para a elaboração da Revisão do Plano Diretor de Ferraz de Vasconcelos.

Fotografias ao nível da rua

Fotografias aéreas

Figura 44 - Região central de Ferraz de Vasconcelos, focos do levantamento fotográfico.

Fonte - Google Earth, modificado pelo autor.

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Percurso Fotográfico Fotografia 01 Cruzamento da Av, Quinze de Novembro com a Rua Otávio Rodrigues Barbosa, importantes eixos do centro comercial de Ferraz de Vasconcelos, com destaque para a tipologia de ocupações, com gabaritos de até 4 pavimentos, sem recuos laterais ou frontais e a pouca presença de áreas verdes.

Figura 45 - Região central de Ferraz de Vasconcelos, cruzamento da Av, Quinze de Novembro com a Rua Otávio Rodrigues Barbosa.

Fonte - Acervo pessoal do autor.

Fotografia 02 Vista frontal da Praça Independência que contém a entrada ao Sul para a estação Ferraz de Vasconcelos, destacam-se os comércios de fachadas abertas para a praça e o mesmo tipo de ocupação observado na foto número 01.

Figura 46 - Região central de Ferraz de Vasconcelos, Praça Independência.

Fonte - Acervo pessoal do autor.

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Percurso Fotográfico Fotografia 03 Aponta sentido leste, revelando a estação Ferraz de Vasconcelos ao centro da foto, a esquerda temos a quadra onde será construído o Terminal BRT de Ferraz de Vasconcelos, onde encontram-se ocupações precárias, de uso predominante comercial. Nota-se também a barreira física que a linha férrea representa neste trecho, separa este local dos apresentados nas fotos anteriores.

Figura 47 - Região central de Ferraz de Vasconcelos, quadra onde será construído o Terminal BRT de Ferraz de Vasconcelos.

Fonte - Acervo pessoal do autor.

Fotografia 04 Revela o centro de convenções, é notável a presença positiva deste “vazio” dentre as tipologias precárias de ocupação antes apresentadas, tal qual um respiro dentre as fachadas alinhadas no passeio.

Figura 48 - Região central de Ferraz de Vasconcelos, centro de convenções abandonado.

Fonte - Acervo pessoal do autor.

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Percurso Fotográfico Fotografia 05 Apresenta uma vista do edifício ocupado pela prefeitura e seu entorno não ocupado, são locais com potenciais de transformação por ocupação não aproveitados.

Figura 49 - Região central de Ferraz de Vasconcelos, edifício ocupado pela prefeitura municipal.

Fonte - Acervo pessoal do autor.

Vistas Aéreas Vista Aérea 01 A vista apresenta um ângulo aproximado no centro de convenções, com destaque para as ocupações imediatas e a área verde que vem do sul, rodeando o traçado do córrego “da piscina” que é encanado ao chegar próximo à quadra do edifício abandonado.

Figura 50 - Região central de Ferraz de Vasconcelos, centro de convenções abandonado.

Fonte - PFV, 2016c.

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Vistas Aéreas Vista Aérea 02 A imagem mostra do lado direito a estação ferroviária Ferraz de Vasconcelos, e no canto superior direito o centro de convenções abandonado.

O destaque fica para a tipologia de ocupação no centro comercial que ocupa a maior parte da fotografia, lotes ocupados em sua totalidade sem áreas permeáveis, inexistência de recuos e baixos gabaritos.

Figura 51 - Fotografia aérea, região central de Ferraz de Vasconcelos.

Fonte - PFV, 2016c.

Vista Aérea 03 Panorama de ocupações que rodeiam o centro de convenções. Destacase a quadra em frente ao edifício abandonado, com a presença de uma das industrias mais antigas do município e que atualmente caracteriza um uso não compatível com a região central, a quadra no canto inferior direito também apresenta uso não compatível, sendo ocupada por um grande estacionamento de ônibus municipais, já citado durante o levantamento de equipamentos.

Figura 52 - Fotografia aérea, região central de Ferraz de Vasconcelos.

Fonte - PFV, 2016c.

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Vistas Aéreas Vistas Aéreas 04, 05 e 06 As demais fotografias revelam a tipologia de ocupação espaçada que circunda a sede da prefeitura e que destacam a configuração de um dos bairros mais nobres da cidade, enquanto os bairros mais pobres são condenados às ocupações características de assentamentos irregulares, este foi favorecido por ser uma das primeiras áreas loteadas da cidade onde a autoconstruções é menos presente havendo uma padrão melhor para a tipologia residencial e grande quantidade de árvores e áreas verdes.

Figura 53 -Fotografia aérea, região central de Ferraz de Vasconcelos, bairro Romanópolis.

Fonte - PFV, 2016c.

Figura 54 - Fotografia aérea, região central de Ferraz de Vasconcelos, bairro Romanópolis.

Fonte - PFV, 2016c.

Figura 55 - Fotografia aérea, região central de Ferraz de Vasconcelos, bairro Romanópolis Fonte - PFV, 2016c.

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Conclusão Geral e recorte.

A área central de Ferraz de Vasconcelos destaca-se pela grande oferta de serviços, comércios e equipamentos públicos, ainda assim não se ausenta de sérios problemas, que de certa maneira são característicos para a maioria das grandes cidades, porém a área destaca-se pelo potencial de transformação, ela agrupa a oferta de mobilidade com o dinamismo de uma zona comercial, apresenta também áreas não ocupadas e usos não condizentes com a região central de uma cidade em crescimento.

Este ponto de vista torna inegáveis as oportunidades perdidas com a quadra abandonada do Centro de Convenções, que estabelece boas relações com as principais ruas, boa distância em relação a estação Ferroviária e proximidade com o centro comercial, além de mediar o caminho entre o centro e o prédio da prefeitura de Ferraz de Vasconcelos.

O diagrama ao lado mostra a relação espacial destas áreas de potenciais com a quadra abandonada do centro de convenções.

55 MODAIS DE TRANSPORTE DE ALTA CAPACIDADE

COMÉRCIOS E SERVIÇOS

CENTRO DE CONVENÇÕES ABANDONADO

ÁREA RESIDENCIAL CONSOLIDADA

Figura 56 - Região central de Ferraz de Vasconcelos, áreas potenciais e sua relação espacial com o centro de convenções abandonado.

Fonte - Google Earth, modificado pelo autor.

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05 - QUADRA

Figura 57 - Região central de Ferraz de Vasconcelos, centro de convenções abandonado.

Fonte - PFV, 2016c. Adaptado pelo autor.

Local de Intervenção O Centro de Convenções abandonado é um grande problema na região central de Ferraz de Vasconcelos e da mesma forma é visto como uma grande oportunidade, no sentido de se ter uma área pública livre esperando para ser devidamente aproveitada em um local com muitas potencialidades.

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O Centro de Convenções Abandonado.

O centro de convenções de Ferraz de Vasconcelos foi um projeto idealizado para se tornar um importante polo cultural regional, o edifício possui uma área construída de aproximadamente 4.770 m2 e está implantado sozinho em uma quadra de 13.761 m2.

A obra enfrentou dificuldades em diversos aspectos e foi inaugurada com um orçamento de 2,5 milhões no ano de 2012. Já em sua inauguração o prédio apresentava-se incompleto e com diversos problemas relacionados ao acabamento e impermeabilização.

Figura 60 - Matéria Jornalística, Falta de manutenção no Centro de Convenções de Ferraz incomoda moradores. Fonte - G1, 2019.

Pouco tempo depois de inaugurado o espaço foi embargado, pois laudos atestavam que sua estrutura de concreto estava comprometida devido á má execução, sabe-se que grande parte da verba para a construção foi desviada num esquema de corrupção que permanece sob investigação.

Figura 61- Matéria Jornalística, Centro de convenções de Ferraz continua abandonado.

Fonte - G1, 2015.

Figura 58 - Matéria jornalística, Centro de convenções de Ferraz de Vasconcelos é inaugurado sem acabamento. Fonte - G1, 2013.

Figura 59 - Matéria Jornalística Centro de convenções de Ferraz de Vasconcelos deve ser demolido. Fonte - G1, 2016.

Figura 62 - Matéria jornalística, Abandono transforma Centro de Convenções de Ferraz em ruínas. Fonte - DIÁRIO DE SUZANO, 2020.

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O Centro de Convenções Abandonado A utilização do complexo permanece embargada desde 2013, nem mesmo a área pavimentada e modestamente servida de aparelhos urbanos permaneceu ao alcance da população devido aos riscos que a estrutura oferece aos ocupantes, o que faz com que o estado de conservação da área piore ao longo do tempo.

Figura 63 - Fotografia Centro de convenções abandonado.

Fonte - Acervo pessoal do autor.

Figura 64 - Fotografia Centro de convenções abandonado.

Fonte - Acervo pessoal do autor.

Figura 65 - Fotografia Centro de convenções abandonado.

Fonte - Acervo pessoal do autor.

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O Centro de Convenções Abandonado.

Sua deterioração é completa quando a região sofre com alagamentos, de certa forma comuns na área e entendidos como o resultado da ocupação de uma topografia de vale junto a diversos córregos canalizados, as grelhas de escoamento estão constantemente entupidas, as peças de piso intertravado chegam a desencaixar-se, isso em meio a mata que cresce descontrolada.

Pareceres técnicos a respeito da condição da estrutura indicam que a demolição seja a solução menos onerosa, tornando reforços e uma eventual reforma opções a serem descartadas.

Figura 67 - Fotografia Centro de convenções abandonado.

Fonte - Acervo pessoal do autor.

Figura 66 - Fotografia Centro de convenções abandonado, detalhes em áreas degradadas.

Fonte - Acervo pessoal do autor.

Figura 68 - Fotografia Centro de convenções abandonado.

Fonte - Acervo pessoal do autor.

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Potenciais relativos A área do centro de convenções permanece como um entrave no desenvolvimento municipal com o seu abandono sendo prejudicial à população. Entretanto, são diversos os fatores que contribuem para que este local seja privilegiado em seu contexto urbano e de relação com a cidade, há uma soma de fatores que revelam oportunidades que não podem ser perdidas, visto que o local é de posse do poder público e sua função social ainda pode ser explorada.

Ocupa-se uma área de aproximadamente 13.796,65 m2 com um edifício que se deteriora sem uso definido ou pretendido.

O prédio condenado encontra-se em uma região estratégica em vista à acessibilidade dos meios de transporte estando a duas quadras da estação Ferraz de Vasconcelos já citada como importante equipamento utilizado por grande parte da população.

Figura 69 - Diagrama de potenciais relativos à quadra do Centro de Convenções Abandonado.

Fonte - Elaborado pelo autor.

A área em que a quadra se encontra possui o maior número de equipamentos públicos encontrados na cidade, como escolas, ginásios, cartório entre outros.

Há também uma relação espacial direta com o centro comercial característico por ser o único conjunto de quadras que abrigam comercios e serviços variados no município, uma área indispensável aos habitantes. A relação com o contexto urbano positiva não se faz somente pelo contato com o centro, mas também por estar na Avenida Brasil, importante eixo de circulação leste e oeste intermunicipal.

Figura 70 - Planta, quadra do Centro de Convenções Abandonado, inserida na malha urbana.

Fonte - Elaborado pelo autor.

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Relação entre construções e vazios A relação de cheios e vazios demonstra primeiramente o grande espaço vazio que a quadra representa na malha urbana, depois, o padrão de ocupação das edificações, que apresentam volumes de dimensões uniformes no geral, demonstram através de sua disposição uma falta de regularidade, que pode ser interpretada como o resultado de uma cidade sem uma grande preocupação com o planejamento urbano.

Figura 71 - Levantamento de cheios e vazios, quadra do centro de convenções abandonado.

Fonte - Elaborado pelo autor.

Uso do solo urbano O uso do solo na área é marcado por uma grande diversidade que vai da oferta de serviços até usos industriais. É notável a transição gradual de usos entre os que conformam a centralidade, no canto superior direito, e os que caracterizam áreas residenciais no canto inferior esquerdo e direito.

RESIDENCIAL INDUSTRIAL COMÉRCIO SERVIÇO MISTO (COMÉRCIO / SERVIÇO E RESIDENCIAL Figura 72 - Levantamento de uso do solo, quadra do centro de convenções abandonado.

Fonte - Elaborado pelo autor.

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Gabaritos Os gabaritos de maneira geral são baixos, os maiores edifícios apresentam somente 4 pavimentos, a área central é pouco adensada.

1 PAVIMENTO 2 PAVIMENTOS 3 PAVIMENTOS 4 PAVIMENTOS

Figura 73 - Levantamento de gabaritos, quadra do centro de convenções abandonado.

Fonte - Elaborado pelo autor.

Sistema Viário e Arborização A área é servida de grande acessibilidade por transporte público, não somente o ferroviário, mas o transporte por ônibus, o que se evidencia pelo número de paradas.

Os níveis de topografia descem a medida que se chega junto à linha férrea, e por essa topografia desce o córrego da Piscina que passa encado pelo centro do lote.

As direções do trânsito por vezes entram em conflitos, principalmente nas esquinas ao norte do lote.

As porções mais notáveis de vegetação limitam-se aos lotes privados e aos terrenos desocupados, não havendo portanto boa arborização viária.

Figura 74 - Levantamento de curvas topográficas, sistema viário e massas de vegetação, quadra do centro de convenções abandonado.

Fonte - Elaborado pelo autor.

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Histórico do Regramento Urbano em Ferraz de Vasconcelos Em 1969 Ferraz de Vasconcelos teve pela primeira vez em sua história um plano ordenador urbano que dividia a cidade em zonas e implementava índices urbanísticos para orientar seu crescimento.

Em 2006 o município viu-se obrigado a atualizar seu plano diretor graças ao estatuto da cidade. Contudo, o Plano diretor de Ferraz de Vasconcelos de 2006 nunca foi aplicado na prática, pois além das ações incompletas e comprometedoras durante sua elaboração, o documento não possuía bases cartográficas elaboradas para que se fizesse valer os zoneamentos determinados em lei. Sendo assim a cidade permaneceu sobre o regramento de leis antigas que continuaram a reger o crescimento urbano de maneira antiquada, isso quando o fazia, pois em muitos pontos a cidade cresceu de maneira irregular e sem a fiscalização necessária.

Ainda que a dinâmica da expansão metropolitana tenha sido um fator relevante para Ferraz, a ausência do regramento urbanístico efetivo do plano de 2006 contribuiu para o agravamento das condições do processo de apropriação dos espaços do município, que já vinha ocorrendo há décadas.

Isso porque a utilização desregulamentada do solo e a intensa produção de padrões construtivos precários, localizados em áreas impróprias à urbanização e/ou protegidas ambientalmente, tornaram-se regra e definiram, grosso modo, a paisagem urbana de Ferraz de Vasconcelos.

(PFV, 2016b, p. 51).

Em 2014 iniciaram-se os processos e levantamentos necessários para a elaboração da revisão do plano diretor para o ano de 2016, passados dez anos desde a tentativa falha de regramento urbano descrita pelo plano diretor de 2006. Ainda assim a revisão do plano diretor de 2016 continua no ano de 2020 a transitar pelas diversas repartições públicas de Ferraz de Vasconcelos sem previsão de aprovação, o documento desta forma, perde anos valiosos para se fazer valer de seus conceitos

e a cidade continua ainda sem o ordenamento necessário não somente para suas questões urbanas mas para suas questões sociais.

Este contexto de vácuo legislativo se apresenta diante a intenção projetual deste trabalho como uma oportunidade de contestação, se por um lado temos válidos índices urbanísticos com zonas urbanas antiquadas, por outro há uma proposta de plano diretor que se apresenta incompleta, determina suas zonas mas as descreve de maneira muito vaga, visto que a elaboração de uma lei de uso e ocupação solo é prevista pelo plano apenas após a sua aprovação.

Plano de ordenamento urbano 1969 e lei complementar 1978 Determina para a quadra do centro de convenções a chamada zona residencial, permitindo comércios de pequeno porte, habitações, quando coletivas de até 4 pavimentos e até mesmo industrias de pequeno porte. Os índices aplicados ao lote em relação a habitações, são taxa de ocupação máxima de 50%, coeficiente de aproveitamento de 2,0, recuos em relação a via de 4,00 metros e afastamentos laterais de no mínimo 1,60m, não há menção quanto a área permeável.

-HABITAÇÕES T.O = 50% C.A DE 2,0 A 6,0 PARA HABITAÇÃO MULTIFAMILIAR GABARITO MÁXIMO DE 2 PAV. E ATÉ 4 PARA HABITAÇÃO MULTIFAMILIAR. -COMÉRCIOS E SERVIÇOS EM ESQUINAS T.O 90% C.A DE 2,0 GABARITO DE 2 PAV. -PERMITE PEQUENAS INDUSTRIAS EM LOTES DE NO MÍNIMO 1000m2 T.O = 70% C.A 1,0

Figura 75 - Zoneamento Ferraz de Vasconcelos.

Fonte - PMFV 2019. Adaptado pelo autor.

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Situação Adotada Plano Diretor 2016 - Revisão - ainda não aprovado Ao dividir as macrozonas da cidade, classifica toda a porção urbanizada ao longo do eixo ferroviário como Macrozona Urbana e determina de maneira geral coeficientes de aproveitamento básico de 2,5 e máximo por outorga onerosa de 5,0. A zona onde encontra-se a quadra do centro de convenções abandonado é nomeada “Zona Mista Adensável 2 – ZMA-2”, assim descrita “Correspondente às parcelas do território ocupadas por bairros residenciais, providas de infraestrutura básica, com ocorrência de comércio e serviços locais.”

Observamos pelo mapa de zoneamento que a quadra encontra-se no limite com a zona mista adensável 1 que é encarada como parcela do território que apresenta comércios e serviços, e neste contexto possui dinâmicas mais condizentes com a centralidade e que vão refletir nos índices urbanísticos que serão elaborados para a mesma, provavelmente mais progressistas, no sentido do crescimento da cidade, em relação aos índices que serão formulados para a Zona Mista Adensável 2.

COEFICIENTES DE APROVEITAMENTO BÁSICO DE 2,5 E MÁXIMO DE 5,0 OUTROS ÍNDICES NÃO DEFINIDOS

Figura 76 - Zoneamento Ferraz de Vasconcelos.

Fonte - PMFV, 2016d. Adaptado pelo autor.

Como exposto, o regramento urbano aprovado no ano de 1978 segue em regimento no município, essa situação é extremamente negativa, pois além de ser um plano urbano antiquado que é incapaz de considerar as novas dinâmicas de crescimento da cidade, deixa margem para que os detentores do poder público ordenem implantações da maneira que os convêm.

O Plano diretor elaborado para o ano de 2016, além de já ter perdido anos preciosos para se fazer valer, não trata a quadra do centro de convenções como parte integrante de dinâmicas do centro de Ferraz de Vasconcelos, o que também não é visto como positivo haja vista a coleção de potenciais que a área soma e a possibilidade de transformação desta quadra em um equipamento de impacto regional, o que implicaria na adesão de índices urbanísticos maiores, condizentes à centralidade.

Por fim o que se adota é uma postura que tenta moldar o edifício dentro do que se considera, a partir das análises e levantamentos o melhor para a cidade. Adiantando, o único índice que acaba por ser extrapolado dentro da antiquada lei que vigora, é o número máximo de pavimentos, o que de certa forma já é comum por parte de outros empreendimentos no município. Dentro do conceito do projeto, a altura do edifício, superando os gabaritos ao redor, se justifica por seu caráter de marco e pela intenção de adensamento desta área central.

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06 - INTENÇÕES PROJETUAIS

Figura 77 - Região central de Ferraz de Vasconcelos, centro de convenções abandonado.

Fonte - PFV, 2016c. Adaptado pelo autor.

Objetivos e referencias As referências teóricas são de grande importância para apoiar e fundamentar as decisões tomadas nas diretrizes propostas para o território e da mesma maneira serão essenciais para a elaboração do programa de necessidades do projeto arquitetônico desenvolvido.

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Síntese da problemática A compilação das problemáticas identificadas nas diferentes escalas, quadra, local e regional são consideradas para a busca de respostas nos diferentes referenciais teóricos que são abordados a frente.

-Padrão Precário de Ocupação Urbana.

Ferraz de Vasconcelos é uma cidade com um padrão de ocupação de baixíssima qualidade, salvo alguns pontos espaçados na cidade, as edificações muitas vezes com o caráter de autoconstrução, possuem até quatro pavimentos, ocupam toda a projeção do lote e são alinhadas aos passeios. No caso da região central, os fundos são em muitos casos para córregos poluídos. A situação de má ocupação foi alimentada ao longo das décadas pela falta de clareza no planejamento urbano que permanece subjugado por legislação antiquada.

-Ocupações precárias em setores periféricos.

As periferias da cidade, por sua vez, são ocupadas por um padrão residencial extremamente insalubre, muitas vezes em áreas de proteção de mananciais loteados de forma irregular, ainda com problemas gerados com o crescimento da cidade através do espraiamento da metrópole Paulista a partir da década de 1970.

-Economia de baixa capacidade Ferraz de Vasconcelos tem um dos menores PIBs da Região, o que a leva a uma situação de pouca capacidade econômica, gerando poucos empregos, a população de trabalhadores fica presa à necessidade de realizar movimentos pendulares, normalmente em cidades vizinhas, como a metrópole São Paulo, em busca não só de trabalho mas de lazer e equipamentos públicos.

-A área abandonada do Centro de Convenções A quadra abandonada representa a falha da gestão municipal em gerir seus recursos de maneira positiva, perde-se de forma arbitrária uma área que apresenta um dos mais completos conjuntos de potenciais urbanos que a cidade pode oferecer, sendo essa situação extremamente negativa para a população, que permanece carente de equipamentos públicos de qualidade, principalmente os relacionados à cultura.

-A ruptura de padrões e do tecido urbano causada pela linha férrea A via férrea representa um importante eixo de mobilidade transversal no município, mas como em muitos casos é também uma barreira, que a longo prazo diferenciou os padrões entre norte e sul, a região sul formalizou-se com a oferta de comércios e serviços com padrões melhores se comparada à região norte.

-Problemas ambientais e a falta de áreas verdes A falta de planejamento para o crescimento urbano levou a existência de poucas áreas destinadas a permanência de natureza, como demonstra por exemplo os mapas de praças e áreas verdes apresentados no capítulo 04. Somados a isso existe ainda a situação hidrográfica do município, com córregos poluídos ou canalizados, sem previsão de reversão de uma situação que favorece enchentes em tempos de chuva.

-Insegurança O descaso com o ambiente urbano reforça a sensação de insegurança, seja pela falta de mobiliário urbano, iluminação adequada, qualidade dos passeios, dos espaços públicos ou limpeza das vias, até mesmo o centro comercial consolidado parece estar ao relento.

Ferraz de Vasconcelos é uma das cidades da zona leste da região metropolitana com os mais altos índices de violência urbana figurando entre listas jornalísticas de mais crimes por habitantes.

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Habitações de interesse Social As habitações de interesse social desenvolvem um papel importante de suprir o déficit habitacional existente no país, são direcionadas quase que essencialmente a pessoas com poucos recursos financeiros, incapazes de adquirir moradias com as infraestruturas mínimas para a vida cotidiana. Em Ferraz de Vasconcelos o problema se repete, historicamente vemos um contingente populacional que chega ao município a procura de moradia barata, sendo estas muitas vezes em assentamentos irregulares, precários e em áreas de mananciais.

O município sofre para estabelecer políticas habitacionais que gerem resultados satisfatórios. Ao menos os planos urbanos desenvolvidos até o presente momento, responsáveis por avaliar as condições de implantação de Habitações de interesse social, falharam em concretizar-se, seja pela falta e indefinição de áreas para o desenvolvimento dos projetos ou pela incapacidade da gestão municipal de levar a cabo as propostas desenvolvidas.

Sabe-se o tamanho do déficit habitacional existente com base no Plano Local de Habitação de Interesse Social de Ferraz de Vasconcelos de 2012, ainda que o mesmo deva sofrer uma revisão, como indicam os relatórios de elaboração do plano diretor de Ferraz de Vasconcelos de 2016.

A viabilização de habitações sociais no centro de Ferraz de Vasconcelos é vista como uma ação válida para contornar e minimizar as problemáticas anteriormente discutidas que pioram a qualidade de vida das populações mais pobres e o fazem de maneira indireta para as camadas com mais possibilidades financeiras.

As distâncias sociais diminuem a partir do momento em que as classes menos privilegiadas passam a ter acesso direto as diversas possibilidades de um centro urbano consolidado, num processo onde indivíduos antes marginalizados passam a ser inseridos em um contexto de cidade.

Como resultado imediato desta ação há a diminuição dos movimentos pendulares que punem os trabalhadores com exaustivas horas dentro do transporte público. No caso de Ferraz de Vasconcelos, mesmo que a oferta de trabalho permaneça na metrópole paulista, facilita-se o acesso ao transporte de alta capacidade diminuindo de forma significativa o tempo de viagem.

Minimizar a ocupação de áreas de proteção e de mananciais é outro lado dos benefícios que são alcançados ao se disponibilizar habitações sociais em áreas consolidadas, pois como visto anteriormente, estas áreas de proteção estão sujeitas às invasões e aos assentamentos irregulares.

O acesso a serviços, equipamentos públicos, saúde e cultura também é democratizado.

A localização privilegiada da moradia social no centro da metrópole traz benefícios para o trabalhador e sua família de diversos pontos de vista: facilidade de acesso aos postos de trabalho, aos serviços públicos e sociais, mais tempo para investir na família, em descanso, estudos e lazer, entre outros.

(COMARÚ, 2012)

Figura 78 - Croqui de concepção do projeto.

Fonte - Acervo pessoal do autor.

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Habitações de interesse Social

Multifuncionalidade e a cidade para escala humana.

As habitações de interesse social apresentam-se em sua grande maioria como respostas prontas para suprir os problemas de fornecimento das infraestruturas mínimas para a vida em meio urbano. Essa situação implica em modelos de plantas engessados que cumprem uma tabela de metragens mínimas afim de enquadrar sua tipologia na de interesse social e reduzir os custos para a população alvo destas construções, famílias com renda até 3 salários mínimos, como indicam os programas habitacionais que subsidiam empreendimentos dessa natureza. O grande problema destas medidas é desconsiderar a verdadeira face das condições em que vivem as famílias mais pobres, os modelos familiares diferentes dos enquadrados como os tradicionais e pessoas que possuem necessidades espaciais específicas.

A reflexão sobre as problemáticas que incidem sobre as camadas mais pobres da sociedade e que norteia muitas das intenções do trabalho, não limita-se apenas ao desenvolvimento de habitações de interesse social, a dimensão da cidade é também considerada através da tentativa de se imprimir no projeto espaços públicos e comunitários que possam salvaguardar a experiência de cidade das camadas menos abastadas.

A intenção em que se debruçam os esforços projetuais é a de oferecer diferentes tipologias habitacionais, que possam abranger desde pessoas sozinhas ás famílias mais populosas, diversificando as plantas em tipologias de diferentes metragens e que também incluam casas com acessibilidade universal.

Este raciocínio reflete a necessidade de se incorporar espaços públicos que estejam a disposição da comunidade e já identifica e atribui por meio deste discurso o caráter multifuncional do projeto, que pretende ir muito além do conjunto habitacional.

O cunho de espaços multifuncionais demonstra também o alinhamento aos ideais de diversidade urbana, valorizados e evidenciados por Janes Jacobs em seu livro “Morte e vida de grandes cidades”, neste citados como condições excepcionais para possibilitar comunidades saudáveis onde as ruas e pessoas estão sempre seguras pois vigiam-se todas a si mesmas a partir do pressuposto de que os locais urbanos estão sempre vivos, em uso.

A primeira coisa que deve ficar clara é que a ordem pública – a paz nas calçadas e nas ruas – não é mantida basicamente pela polícia, sem com isso negar sua necessidade. É mantida fundamentalmente pela rede intrincada, quase inconsciente, de controles e padrões de comportamento espontâneos presentes em meio ao próprio povo e por ele aplicados.

(JACOBS, 1961, p. 32)

Para tanto a proposta visa ainda estimular a diversidade espontânea através de partidos de projeto e ocupação que se traduzem na mistura dos usos e dos espaços públicos de qualidade que ficam sempre aos olhos dos moradores do conjunto habitacional.

Figura 79 - Croqui de concepção do projeto.

Fonte - Acervo pessoal do autor.

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Multifuncionalidade e a cidade para escala humana.

A dimensão da cidadania e da cultura

Fecha-se a reflexão com os pensamentos de Jan Gehl, eternizados em seu livro Cidades para pessoas, onde a proposta posiciona-se como uma oportunidade de materializar uma cidade mais viva, segura, sustentável e saudável. São consideradas e valorizadas as questões já evidenciadas nos capítulos anteriores, como por exemplo a conectividade da quadra com os meios de transporte de massa, são pensadas ainda outras questões fundamentais, como a devolução das ruas ao pedestre e a criação de espaços públicos para a vida.

O projeto carrega a responsabilidade de considerar programas voltados a cidadania e cultura, pois Ferraz de Vasconcelos é uma cidade que sucessivamente negligencia sua memória e que como resultado disso perde rapidamente o sentimento de pertencimento e a autoestima urbana de seus habitantes

Em cidades vivas, seguras, sustentáveis e saudáveis, o prérequisito para a existência da vida urbana é oferecer boas oportunidades de caminhar. Contudo, a perspectiva mais ampla é que uma infinidade de valiosas oportunidades sociais e recreativas apareça quando se reforça a vida a pé.

(GEHL, 2010, p. 63)

Para esta finalidade o espaço público é mais uma vez considerado, desta vez se materializa dentro deste cenário de quadra multifuncional como um edifício, que não limita-se apenas a um centro cultural, mas engloba a dimensão de um centro de formação cidadã onde devem ser proporcionados espaços para valorizar a memória do município, a discussão de suas questões e a valorização do cidadão Ferrazence.

A quadra que combina usos, espaços públicos e a vida urbana entende a importância da cidade compacta que visa sociedades mais seguras, acessíveis, sustentáveis e justas.

Figura 80 - Croqui de concepção do projeto.

Fonte - Acervo pessoal do autor.

Figura 81 - Croqui de concepção do projeto.

Fonte - Acervo pessoal do autor.

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Espaços para os novos tempos e necessidades O ano de 2020, ano da elaboração deste trabalho, trouxe consigo uma situação adversa muito inesperada e que exigiu adaptações aos modelos de vida da sociedade de forma emergencial.

A pandemia de COVID 19 mostrou como os espaços estão sujeitos a obsolescência do dia para noite, a partir do momento em que as aglomerações representam um perigo, atividades de diversas natureza, estudar, trabalhar e comprar foram alteradas e da mesma forma o espaço em que ocorrem essas atividades.

Como nunca os ambientes residenciais e os espaços ao ar livre de qualidade são evidenciados, já que muitas das atividades cotidianas e formas de lazer foram reduzidas aos espaços considerados seguros, em um contexto de isolamento e distanciamento social.

As soluções projetuais deste trabalho surgiam enquanto o cenário pandêmico se desenvolvia e apresentava suas diversidades para a sociedade, e portanto, estas soluções não poderiam abster-se de considerar as novas necessidades, a partir daí surge um novo olhar para a dimensão do projeto que trata dos espaços públicos, dos espaços residencias e dos que misturam os usos.

A discussão pós-modernista que defende a flexibilidade dos projetos já é relativamente antiga, e em um momento como este a afirmação do arquiteto Paulo Mendes da Rocha de que “o objeto da arquitetura é amparar a imprevisibilidade da vida” nunca se fez tão válida.

O Edifício estratégia de renovação urbana.

O edifício a ser implantado além das qualidades urbanas previstas, procura também carregar a qualidade de ícone arquitetônico, no sentido de se tornar um ponto reconhecido regionalmente, um atrativo para turistas e para investidores na região. Este cenário apoia-se no sucesso de programas arquitetônicos culturais, reconhecidamente capazes de renovar a imagem de cidades como no caso do icônico Museu Guggenheim em Bilbao, exemplo máximo deste tipo de projeto.

Existem diversas propostas de edifícios que funcionam como ícones nas cidades, implantados sob lógica da atração de investimentos e da repercussão dos mesmos, inserindo as cidades no contexto da competitividade. Porém se executados de maneira indiscriminada, é comum que o projeto caia em certa neutralidade, tornando-se um desintegrador visual e destoando do contexto urbano por não ter levado em conta os fatores culturais e tradicionais de sua região, além de causar gentrificação, expulsando a população mais pobre para as periferias e aumentando a especulação imobiliária ao seu redor, tendo em mente estes fatores busca-se com toda certeza a criação de um marco, a atração de investimentos e olhares, mas presa-se, ainda mais, pela inserção do objeto na escala da cidade, a valorização do cidadão mais pobre e seu acesso aos equipamentos de qualidade. O que se reforça a partir do momento em que dentre as principais características do projeto estão as habitações de interesse social, estritamente ligadas ao contexto urbano, que põem a qualidade arquitetônica à disposição da sociedade com espaços sem muros e pensados para o encontro e atividades públicas.

73

Acupuntura

Programa de Necessidades e Diretrizes

Por fim, espera-se que o projeto se enquadre como um exemplo de acupuntura urbana, definida por Jaime Lerner em seu livro de mesmo nome. Deste ponto de incisão e transformação da cidade são projetadas as reações em cadeia que decorrerão da implantação do projeto, as novas dinâmicas estabelecidas para um território mais amigável ao pedestre e ao cidadão Ferrazence que poderá de maneira plena usufruir de um projeto destinado à população mais pobre.

Todas estas intenções apoiadas sobre os referenciais teóricos se desdobram no programa de necessidades do edifício desenvolvido e na elaboração de diretrizes para a Região Central de Ferraz de Vasconcelos , ambos com o objetivo de dar fenecimento ou ser um ponto de partida para contornar os problemas já abordados.

Conjectura-se uma cidade mais viva, mais interessante, menos estigmatizada pela sua condição de território dormitório da região leste do estado, que começa a colecionar uma oferta de variadas experiências para seus visitantes e habitantes abrindo espaço para o sentimento de pertencimento. E assim direciona-se a um desenvolvimento sustentável apoiado sobre as resoluções de problemas sociais que nela vem se acumulando a anos.

De maneira geral fica para o programa de necessidades do objeto arquitetônico o desenvolvimento de um conjunto multifuncional com habitações de interesse social de variadas tipologias, áreas que desenvolvem usos comunitários, um edifício que reforça relações de cultura e cidadania, a criação de espaços públicos de qualidade e espaços multifuncionais que acabam por englobar todas as outras dimensões de uso desta quadra que se torna absolutamente ligada as questões urbanas locais.

Para as diretrizes são identificados e ressaltados os potenciais existentes no território, propõe-se novos usos e conexões entre eles, a partir do reconhecimento das debilidades, além disso são sugeridas transformações em quadras consideradas de usos não condizentes a região central.

Figura 82 - Croqui de concepção do projeto.

Fonte - Acervo pessoal do autor.

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07 - REFERÊNCIAS PROJETUAIS

Figura 83 - Região central de Ferraz de Vasconcelos, centro de convenções abandonado.

Fonte - PFV, 2016c. Adaptado pelo autor.

Estudos de Caso Os projetos apresentados a seguir são analisados sob a perspectiva do que se propõe, dando destaque aos elementos que realmente serão aplicados ou referenciados de alguma forma durante o ato de projetar ou que estejam presentes no resultado final do projeto. Portanto há primeiro uma apresentação geral do projeto e depois o destaque para as soluções ou intenções que contribuíram para o resultado final deste trabalho.

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Conjunto Habitacional do Jardim Edite / MMBB Arquitetos + H+F Arquitetos Apresentação O conjunto Residencial Jardim Edite é o resultado de uma urbanização de favela onde os moradores remanescentes do assentamento subnormal puderam permanecer neste novo edifício construído pela Prefeitura de São Paulo. A favela Jardim Edite foi um dos maiores assentamentos subnormais da cidade de São Paulo que iniciou-se na década de 1970, com o desenvolvimento da cidade e do bairro, a histórica Favela Jardim Edite foi sendo desmantelada e seus moradores enviados para outras regiões da cidade de São Paulo, neste processo alguns moradores insistiram na permanência do local, mesmo sob certa incerteza de seu destino final, essa insistência foi fundamental para que a área não acabasse sofrendo com a especulação imobiliária e mais tarde as habitações fossem direcionada às famílias remanescentes.

O projeto localiza-se no bairro do Novo Brooklin em São Paulo com uma área de 19 mil metros quadrados entre a Avenida Berrini, ocupada por prédios corporativos e as ruas Charles Coloumb, George Ohm e Araçaíba, o destaque para os prédios corporativos se faz valido, pois raras são as oportunidades onde habitações de interesse social são executadas em áreas consolidadas de alto valor e desenvolvimento, providas de infraestrutura adequada, acesso ao transporte e oportunidades de trabalho.

O programa do edifício contempla construídas 252 unidades habitacionais, divididas entre dois tipos com 50 e 52 metros quadrados de área útil. O destaque vem com a oferta de usos diferenciados como uma Assistência Médica Laboratorial (AMA), uma Unidade Básica de Saúde, uma creche e um restaurante escola que conectam o edifício à vida da cidade e garantem múltiplas experiências na quadra para além das habitações. O condomínio ainda é servido de áreas de lazer, jardins, playground, quadra de esporte e quiosque.

Figura 84- Fotografia, panorama do conjunto habitacional Jardim Edite.

Fonte - MMBB ARQUITETOS 2013.

Figura 85 - Fotografia, panorama do conjunto habitacional Jardim Edite Fonte - MMBB ARQUITETOS 2013.

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Conjunto Habitacional do Jardim Edite / MMBB Arquitetos + H+F Arquitetos Detalhes relevantes para a proposta -O projeto verticaliza as habitações em lâminas para desenvolver os espaços que permanecem no térreo com os programas comunitários, que servem não só aos moradores mas à toda região do entorno inserindo o conjunto no cotidiano local. O térreo desenvolve então as atividades de âmbito comunitário, no primeiro pavimento ficam os espaços comuns ao edifício e na dimensão vertical das torres e lâminas ficam as habitações.

A implantação das habitações é perimetral, liberando o restante da quadra para os equipamentos comunitários.

-O contexto urbano em que a quadra se encontra, servido de grande infraestrutura e portanto de transporte de alta capacidade, é levado em conta para limitar a presença dos estacionamentos dentro do conjunto, são criadas então apenas 44 vagas junto às calçadas.

Figura 86- Conjunto Habitacional Jardim Edite, maquete eletrônica setorizada.

Fonte - MMBB ARQUITETOS 2013, modificado pelo autor.

-Outro detalhe importante identificado foi a utilização de vigas invertidas para armários internos nas habitações e a criação de bancos nas áreas de circulação que além de seu caráter funcional conferem uma volumetria interessante para os edifícios.

-Destaca-se a iniciativa de implantar habitações sociais em uma região desenvolvida da cidade que garante a permanência dos antigos moradores do agrupamento subnormal Jardim Edite, agora em condições dignas de moradia. A obra demonstra a presença benéfica deste conjunto multifuncional destinado a população mais pobre em uma área rica da cidade de São Paulo.

Figura 88- Conjunto Habitacional Jardim Edite, maquete eletrônica.

Fonte - MMBB ARQUITETOS 2013.

Figura 87- Conjunto Habitacional Jardim Edite, destaque das vigas invertidas.

Fonte - JÚNIOR 2016, modificado pelo autor.

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Instituto Moreira Salles / Andrade Morettin Arquitetos Associados Apresentação Inaugurado em 2017 o edifício serve à nova sede do Instituto Moreira Salles e abriga todo seu acervo cultural. O projeto foi resultado de um concurso interno de projetos realizado pela instituição no ano de 2011.

Os ganhadores do concurso foram os arquitetos do escritório paulista Andrade Morettin Arquitetos Associados. A nova sede é muitos mais que um museu e é responsável por transmitir o espírito da instituição, nas palavras dos arquitetos.

O projeto localiza-se em um lote na Avenida Paulista onde anteriormente funcionava um estacionamento medindo 25 x 50 metros, é plano e cercado por edifícios de 13 a 18 andares, neste miolo opressor o edifício se esforça para abrir-se ao passeio e tornar-se convidativo para as pessoas que por ali circulam.

O programa consiste em espaços para exposições, cinema/auditório, uma biblioteca de fotografia, salas de aula para cursos, cafeteria, loja e a administração do Instituto Moreira Salles.

Figura 89- Fotografia IMS Paulista.

Fonte - Andrade Morettin Arquitetos 2017.

Figura 90- Fotografia IMS Paulista.

Fonte - Andrade Morettin Arquitetos 2017.

O edifício propõe uma setorização diferenciada, o nível da rua funciona como uma praça de recepção que destaca o acesso ás escadas rolantes que irão levar o visitante ao quinto piso, num chamado térreo elevado. A partir daí os programas desenvolvem-se para baixo e para cima, estando acima os espaços de exposição e abaixo os espaços da midiateca.

Figura 91- Fotografia IMS Paulista, pavimento térreo.

Fonte - Andrade Morettin Arquitetos 2017.

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Instituto Moreira Salles / Andrade Morettin Arquitetos Associados Detalhes relevantes para a proposta -O projeto surge a partir da organização vertical dos programas e portanto de um entendimento inicial a respeito do caráter de cada espacialidade, a medida em que os programas são distribuídos no volume, os espaços são confeccionados dando forma à arquitetura, o entendimento das sobreposições e a análise do prédio em corte são primordiais para alcançar o resultado final do projeto.

-A fachada envidraçada é possível devido a sua orientação solar, voltada ao sul, que por sorte é a vista da Avenida Paulista, dessa forma o edifício não nega a relação de seus espaços internos com a cidade do lado de fora.

Figura 92- IMS Paulista,corte esquemático, setorização vertical.

Fonte - Archdaily 2017, modificado pelo autor.

-O pavimento térreo é aberto de forma a conectar-se com o nível da rua propondo uma continuação do passeio público para baixo da projeção do prédio e assim abraça a intenção de tornar-se parte integrante do meio urbano.

-Na disposição dos espaços internos há uma estratégia muito clara de se criar um bloco vertical contendo as circulações verticais junto das instalações sanitárias e assim liberar o restante da dimensão horizontal dos pavimentos para os programas propostos.

-Em seu aspecto formal, destaca-se a envelopagem de um polígono retangular, que a partir das escolhas de partido realizadas no interior do volume cria efeitos interessantes através da fachada envidraçada, como por exemplo, os volumes em vermelho dos pavimentos de exposição.

BLOCO DE CIRC. E HIDRÁULICA INTEGRAÇÃO COM A VIA PÚBLICA

PAV. TÉRREO BLOCO DE CIRC. E HIDRÁULICA DESENVOLVIMENTO GERAL DAS ATIVIDADES

PAV. TÍPICO

FACHADA ENVIDRAÇADA SUL

Figura 93- IMS Paulista, plantas do térreo e quinto pavimento, setorizadas.

Fonte - Archdaily 2017, modificado pelo autor.

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Centro Paula Souza / Spadoni AA + Pedro Taddei Arquitetos Associados Apresentação O Centro Paula Souza é uma grande instituição de ensino do estado de São Paulo, responsável pelas escolas técnicas ETECs e Faculdades de Tecnologia FATECs. A relevância da instituição fez com que o estado de São Paulo a usasse para imprimir um equipamento de relevância no bairro da Luz, próximo ao centro histórico de São Paulo, uma região que como se sabe, sofre com o abandono e insegurança em anos de decadência e estigmatização. Nesta oportunidade o governo do estado adquiri uma quadra inteira possuindo algumas pré existências degradas onde apenas um edifício de 7 andares continuou a existir para ser incorporado ao projeto.

Contexto Urbano e Programa de Necessidades O projeto no bairro da Luz em São Paulo foi tratado como uma grande oportunidade pois se tratava de uma quadra inteira da área central em transformação fugindo da lógica dos pequenos lotes. O edifício abriga a sede administrativa do Centro Paula Souza, uma escola técnica, uma quadra poliesportiva,auditório e um museu, no pavimento térreo uma grande praça é criada e permite que os programas estejam soltos do chão.

Figura 94- Fotografia Centro Paula Souza.

Fonte - Archdaily 2015.

Figura 95- Fotografia Centro Paula Souza.

Fonte - Archdaily 2015.

Figura 96- Fotografia Centro Paula Souza.

Fonte - Archdaily 2015.

Figura 97- Fotografia Centro Paula Souza.

Fonte - Archdaily 2015.

Setorização O projeto divide-se majoritariamente em dois blocos que ocupam os limites da quadra aludindo às ocupações características do centro de São Paulo, o bloco da escola ainda possui uma divisão interna para que se crie certa privacidade e isolamento das salas de aula que se abrem para dentro da quadra.

81

Centro Paula Souza / Spadoni AA + Pedro Taddei Arquitetos Associados Detalhes relevantes para a proposta -O edifício tira partido da grande área disponível para o projeto, assim articula as ocupações com um vazio central e usa o pavimento térreo dos blocos que são grandes áreas livres de pilotis para soltar os volumes do solo.

-Concreto e o aço são elementos marcantes na obra que busca nas soluções estruturais mais elaboradas, como a suspensão da quadra de esportes sobre pilotis de 30 metros de altura, criar surpresas agradáveis de arquitetura.

-O conjunto é coroado com uma estrutura metálica com telhas de aço perfuradas que arrematam os volumes de forma perimetral e criam verdadeiros portais, funcionando ainda como atenuantes do clima e pulverizantes das águas pluviais.

Figura 98 -Centro Paula Souza, planta Setorizada Fonte - Archdaily 2015, modificado pelo autor.

-A envelopagem dos volumes por brises de materiais semelhantes confere unidade ao conjunto.

-A ideia da implantação do projeto surge como uma aposta de equipamento transformador social e urbano para uma região degradada o que se relaciona com a proposta deste trabalho, buscar trabalhar um equipamento de grande expressão arquitetônica para influir mudanças positivas em seus arredores e nas palavras dos arquitetos responsáveis pelo projeto: A par da fragilidade da arquitetura em se ocupar de temas tão dramáticos, acreditamos, no entanto, que a cidade vai se constituindo por seus fatos significativos, entre os quais a arquitetura, para não repetirmos a velha ideia que ela própria é a cidade à sua escala. (SPADONI, 2014)

Figura 99- Centro Paula Souza, corte perspectivado setorizado.

Fonte - Archdaily 2015, modificado pelo autor.

82

Promenada Velenje / ENOTA Apresentação ENOTA é um escritório de arquitetura Esloveno fundado em 1998 com a ambição de criar arquitetura contemporânea e crítica arquitetônica, baseado na abordagem coletiva para o desenvolvimento das soluções, é dirigido pelos sócios fundadores Dean Lah e Milan Tomac, ambos eslovenos e formados na Faculdade de Arquitetura de Liubliana, Eslovênia.

Adaptado de : https://www.enota.si/info/about/ A Promenada é um importante espaço da cidade de Velenje além de ser uma importante via. Neste eixo os arquitetos do escritório ENOTA propõe uma série de ações para a revitalização urbana de um espaço que é estritamente conectado ao centro da cidade e a vida urbana local, dentre as propostas destaca-se a criação de um parque que corta um rio de forma transversal e o aproveita como oportunidade de gerar um espaço de eventos e conscientização da população.

Figura 100 - Implantação Setorizada Fonte - Archdaily 2015b.

Contexto Urbano e Programa Arquitetônico O projeto consiste na revitalização e transformação de uma zona de pedestres existente que atravessa o centro da cidade de Velenje e um rio local chamado de Paka. O programa pode ser resumido como o enfrentamento de uma demanda por espaços públicos mais atraentes para concentrar eventos no centro da cidade, atraindo visitantes, comércios e novos moradores.

Figura 102- Implantação Setorizada Fonte - Fonte - Archdaily 2015b.

Figura 101- Implantação Setorizada Fonte - Archdaily 2015b.

83

Promenada Velenje / ENOTA Detalhes relevantes para a proposta canteiros

-Para reivindicar os espaços de forma positiva em uma área que anteriormente era encarada apenas como local de passagem e concentração de estacionamentos dos edifícios locais, os arquitetos executam diversas estratégias de desenho objetivando trazer vida peatonal.

caminhos estacionamento margens alargadas

-São desenhados diversos caminhos que se intercalam entre curvas e desvios e que geram micro ambiências, ora como pequenas praças em concreto, ora como espaços públicos que esperam por intervenções futuras. Desta forma também são delimitados os canteiros que irão abrigar a natureza.

-Quando o desenho chega ao curso do rio e o corta transversalmente, os arquitetos optam por transformar as margens, alargando-as, para que da ponte se tenha a visão do fluxo natural no sentido leste e oeste.

O alargamento das margens oferece a oportunidade de se criar uma especie de arquibancada com níveis escalonados que chegam até a fina camada de água que corre, o rio Paka permanece na maior parte do ano com pouco volume de água. E este espaço é destinado a desenvolver os eventos urbanos da cidade.

curso do rio Paka

Figura 103- Promenada Velenje, implantação Setorizada.

Fonte - Archdaily 2015b, modificado pelo autor.

-O projeto demonstra como a arquitetura pode considerar a dimensão da natureza e incorporá-la ao desenho, em uma lógica que difere das realidades brasileiras, onde os cursos hídricos são ignorados e canalizados, com uma abordagem formal interessante do ponto de vista de sua capacidade de aproximar as pessoas ao leito do rio, conscientizando através da percepção e contato direto com a natureza.

Figura 104- Promenada Velenje, perspectiva isométrica das margens alargadas.

Fonte - Archdaily 2015b.

v

08 - PROJETO

Figura 105- Região central de Ferraz de Vasconcelos, centro de convenções abandonado.

Fonte - PFV, 2016c. Adaptado pelo autor.

A proposta Em um primeiro momento por meio de diretrizes urbanísticas, visa-se contemplar o aspecto mais amplo da transformação urbana, e mais a frente, toma-se a formulação dos partidos de projeto como passos para a transcrição dos ideais de cidade discutidos, respaldados pelo programa do edifício que se implanta e pelos referenciais teóricos e projetuais abordados anteriormente.

86

Determinação de diretrizes no território As diretrizes determinadas para a região central de Ferraz de Vasconcelos partem primeiramente da identificação dos potenciais urbanos existentes, depois é estabelecido e demonstrado, conforme o diagrama ao lado, a possibilidade de conexão entre esses potenciais através da sugestão de conversão de algumas quadras em usos que solucionam as problemáticas observadas durante as leituras regionais e locais. As quadras e áreas onde se sugerem as transformações se apresentam, ou subutilizadas ou vazias e assim representam verdadeiro potencial de transformação dentro do contexto urbano apresentado.

01 - Implantação de usos condizentes (Comércios e Serviços)

do centro de convenções é canalizado. Há portanto a possibilidade de conectar a dimensão da natureza com o centro da cidade a partir da recuperação deste córrego e na conversão de sua extensão em um parque linear.

04- Transposição da linha férrea por passarela Neste ponto é sugerida uma plataforma de transposição na linha férrea, haja vista as poucas oportunidades de se cruzar a via férrea ao longo do município e a problemática da fragmentação existente entre a porção norte e sul do território.

Identifica nas quadras subutilizadas, onde hoje funcionam garagens para os ônibus municipais, a possibilidade de se trazer usos condizentes com a região central, implantação de comércios e serviços que irão fortalecer comercialmente a porção norte do território, historicamente fragmentada e excluída pela linha férrea, e que atenuam diretamente os índices de pendularidade com a geração de empregos.

05- Implantação de Habitações de Interesse Social

02- Valorização da Memória do Município

06-Transformação da quadra abandonada do centro de convenções.

A preservação e possível conversão da antiga fábrica de lixas “lixas tatu” , em um museu municipal é vista como benéfica para manter viva a história do município, fundamentar ainda mais a importância dessa região central e atrair turistas

Indica-se como principal diretriz, e portanto a ação articuladora dos potenciais e propostas, a reivindicação da quadra do centro de convenções abandonado, através da implantação de usos voltados para a população elaborados com vista para as problemáticas locais e regionais.

A identificação destes lotes, próximos ao edifício sede da prefeitura, de posse pública e em bairro residencial consolidado, indicam a possibilidade de implantação de habitações de interesse social respaldadas pela inserção em um bom contexto urbano.

03- Recuperação e Parque Córrego da Piscina O córrego da piscina é um dos poucos cursos de água da região central que continua destamponado na maior parte de sua extensão com a presença de certa mata ciliar, porém quando o mesmo chega na quadra

Essa diretriz, por sua expressão e urgência, é desenvolvida como o objeto final deste trabalho, o projeto de arquitetura de uma quadra multifuncional contemplando diversos usos e experiências e que incorporam os potenciais urbanos existentes.

87

DIRETRIZES

88

Inserção do projeto no contexto urbano, rearranjo das vias SITUAÇÃO EXISTENTE

Solução de Conflitos Urbanos - Vias e Acessos

SITUAÇÃO PROPOSTA

DD

CC

DD

AA

Após essa primeira aproximação que é explicitada nos desenhos ao lado, percebese a oportunidade de resolver os nós viários utilizando de ações que priorizam o pedestre e o caminhar, mas que não necessariamente diminuem a importância das vias transformadas, visto que estes eixos são importantíssimos para o cruzamento intermunicipal.

AA

BB

De tal maneira, nascem rearranjos de larguras de calçadas e vias, dando ênfase na hierarquia que o pedestre exerce, tomando a cidade para si, em um processo onde os veículos ficam limitados a uma faixa mínima de circulação, as paradas de ônibus funcionam como apêndices, as ruas e as calçadas são alargadas dando espaço para o mobiliário urbano, o caminhar, e onde possível, atividades relacionadas a vida cotidiana.

BB

Corte AA

CC

O primeiro passo para inserir a proposta no contexto urbano foi a identificação cautelosa de nós ou barreiras urbanas que representassem dificuldades para o acesso do lote, considerando neste esforço, os fluxos de pessoas vindas da estação Ferraz de Vasconcelos, as massas que futuramente virão do terminal BRT e a ralação que se estabelece entre o lote e a dinâmica espacial da região central de Ferraz de Vasconcelos.

Corte BB

Corte CC

Corte DD

Existente

Existente

Proposto

Proposto

89

Conceito O conceito norteador do projeto apoia-se principalmente na intenção de conectar o objeto construído com o meio urbano, de forma que a quadra funcione como uma extensão da própria rua, portanto são tomados uma série de partidos que irão permitir que a quadra se abra e funcione junto do contexto urbano.

A tarefa de projetar pressupôs o enfrentamento de diversos desafios por meio da organização das espacialidades na busca de atender as demandas consideradas, essas que por sua vez, surgiram do trabalho de pesquisa, das análises em diversas escalas, dos estudos de caso e por fim, da intuição do próprio autor.

Sabia-se os programas mínimos estabelecidos para o enfrentamento das demandas suscitadas pelo território, estes programas eram, as habitações de interesse social, o edifício destinado a cultura e a criação de áreas urbanas aprazíveis. No entanto, durante o desenvolvimento do projeto, a abordagem formal passou a indicar a presença de outras possibilidades e espacialidades, que ainda assim estariam ligadas as demandas iniciais e que aumentaram a abrangência da proposta.

O resultado final sugere novos usos e capacidades dentro do que se propõe como habitações de interesse social e edifício cultural. Abriu-se a possibilidade de estabelecer neste conjunto uma postura de edifício colaborativo e aberto para todos os cidadãos de Ferraz de Vasconcelos.

As diversas capacidades incluídas no projeto indicam a possibilidade de se criar um sistema que se aproxime do autossustentável, as habitações mesmo em seu cunho de interesse social estão sob o respaldo da economia gerada nas outras capacidades adicionadas ao edifício, como no aluguel dos espaços de coworking ou da receita gerada através do aluguel dos módulos comerciais. Vale ressaltar que estabelecer a integração e a manutenção deste equipamento através de seu próprio

uso, está muito ligado à sua condição de implantação em um centro urbano consolidado.

O discurso pode soar como pretensioso ou utópico, porém propor novos modelos de gestão e ocupação do espaço, pressupostos pelo próprio desenho da arquitetura, é fundamentar novas discussões e evitar a neutralidade do trabalho, que tenta distanciar-se dos projetos de habitações convencionais onde não se contemplam novos debates.

90

Decisões de Implantação Disposição dos Edifícios

Dimensão do lote

A implantação do projeto surge de algumas ações demonstradas nos diagramas a seguir.

Vazio central

Córrego da Piscina

Em um momento inicial é considerada a dimensão do lote e a configuração de um vazio central, já revelando a intenção de se criar um espaço público no miolo da quadra.

Considera-se a existência do córrego da Piscina Canalizado e portanto a liberação do espaço por onde ele corre, para que futuramente no processo de projeto sua situação seja objeto de discussão.

Os usos, ainda em sua forma muito preliminar são dispostos de maneira perimetral, levando em conta a hierarquia das vias, onde as laminas residenciais estão voltadas para as vias menos movimentadas e o edifício de uso público se volta a Avenida Brasil, importante eixo transversal da cidade.

Praça de Recepção

Com este conjunto de espacialidades adiciona-se a praça de recepção na esquina nordeste do lote, alinhada de certa forma com a estação Ferraz de Vasconcelos e o Futuro Terminal BRT.

Conjunto

Por fim, tem-se um conjunto de pensamentos considerados para implantar os volumes.

91

Córrego da Piscina Córrego canalizado

Córrego referenciado

Córrego revitalizado

Solução do Desnível O córrego da Piscina é parte integrante da quadra, sendo um curso d’água canalizado que representa um grande desafio ambiental. Para lidar com esta situação o projeto considera incorporar o fluxo hídrico na praça pensada para o vazio central.

Ainda durante o projeto foi considerada a simples alusão ao córrego por meio de um espelho d’água, como é feito por exemplo no projeto Residencial Parque Novo Santo Amaro do escritório Viglecca e Associados. Porém este partido não poderia solucionar os reais problemas existentes como a poluição e risco de enchentes que o mesmo representa.

Desnível existente

O pouco desnível que o terreno apresenta de uma ponta à outra, é resolvido através de rampas e degraus de escada, que são aproveitados para a criação de espacialidades interessantes.

Platôs criados

São definidos platôs gerais de implantação, um menor para o edifício aberto ao público e outro maior para a praça com o córrego e as lâminas residenciais.

Os desníveis são vencidos através de rampas, patamares e degraus que criam variadas experiências espaciais.

Arremates e solução paisagística

Aposta-se na revitalização do córrego, de toda sua extensão vinda do sul da quadra, através da implantação do parque linear já apresentado nas diretrizes gerais.

Quando o mesmo chega na quadra do projeto o partido procura incorporá-lo ao paisagismo.

As diferentes formas de se vencer o desnível junto ao paisagismo e a incorporação do córrego na praça, dão o caráter único da solução a nível do solo.

92

Setorização, plano de massas Extrusão dos volumes

Lâminas Residenciais soltas do solo

Circulações verticais e horizontais

Os volumes principais do projeto surgem de maneira perimetral na quadra, respeitando o vazio central onde já se estabeleceu o córrego e o espaço público.

Através de uma estratégia de caráter formal e funcional, no sentido de garantir a privacidade das residenciais, as lâminas dos apartamentos são soltas do solo.

As circulações verticais e horizontais, se inserem paralelas aos volumes, sempre ocupando faces onde a orientação solar é menos valorizada.

Inclusão dos usos comunitários

Coroamento através da cobertura

Na projeção que resta dos volumes suspensos, surgem os usos complementares e comunitários imbuídos das intenções do conjunto em tornar-se autossustentável e múltiplo.

As lâminas, outrora rígidas, recebem perfurações em suas faces, como janelas que relacionam o miolo da quadra e a cidade à sua volta.

Os blocos são coroados por uma cobertura, que arremata portais e confere unidade ao conjunto.

Forma detalhada RESIDENCIAL HIS CULTURA E CIDADANIA COMPLEMENTAR COMUNITÁRIO CIRCULAÇÕES COBERTURA FINAL

93

Distribuição Geral do Programa de Necessidades (dimensão vertical) Metragens e índices Gerais

LÂMINA LESTE

LÂMINA OESTE

CENTRO DE CULTURA E CIDADANIA

PAV. TÉRREO

2062m2

PRIMEIRO PAV.

2062m

PAV. TIPO RESIDENCIAL

1918m2 (x5)

COBERTURA (ÁREAS COBERTAS)

1687m2

CENTRO DE CULTURA E CIDADANIA

4228 m2

2

ÁREA CONSTRUÍDA TOTAL

18.106 m2

ÁREA DO LOTE

13.796 m2

COEFICIENTE DE APROVEITAMENTO

1,31

ÁREA OCUPADA

2.874 m2

TAXA DE OCUPAÇÃO

20,83%

ÁREA PERMEÁVEL

1889 m2

ÁREA DO CÓRREGO

313 m2

LÂMINA SUL

EXPOSIÇÕES

CONDOMINIAL

MIDIATECA

MULTIUSO

AUDITÓRIO

HABITAÇÕES

RECEPÇÃO / FOYER

ACESSOS

Centro de Cultura e Cidadania elevação esquemática

Lâmina Leste elevação esquemática LAVANDERIA

ÁREA DE EVENTOS

COWORK

MÓDULOS COMERCIAIS

HABITAÇÕES

HABITAÇÕES Lâmina Sul elevação esquemática

ACESSOS Lâmina Oeste elevação esquemática

94

Programa de Necessidades TÉRREO/ ESPAÇO PÚBLICO

PAV. SUPERIOR

ESPAÇO PÚBLICO

LÂMINA OESTE

ESPAÇO

ÁREA ÚTIL EM m2

QUANTIDADE

AMBIENTE

ÁREA ÚTIL EM m2

QUANTIDADE

PRAÇA DE CHEGADA ESQUINA NOROESTE

2

634,56 m

01

ESPAÇO DE COWORKING

206,67m2

01

PRAÇA DE CHEGADA 02 ESQUINA NORDESTE

1615,91m2

01

SANITÁRIOS FEMININOS COWORKING

23,70m2

01

SANITÁRIOS MASCULINOS COWORKING

23,70m2

01

ÁREA DE DESCOMPRESSÃO COWORKING

60,00m2

01

ÁREA DE MÁQUINAS DE LAVAR LAVANDERIA COMUNITÁRIA

51,70m2

01

RECEPÇÃO E CONTROLE - LAVANDERIA COMUNITÁRIA

14,67m2

01

PASSADORES E TANQUES - LAVANDERIA COMUNITÁRIA

74,22m2

01

SANITÁRIOS LAVANDERIA COMUNITÁRIA

2,96m2

02

DML - LAVANDERIA COMUNITÁRIA

2,50m

01

ÁREA DE ESTAR EXTERNA LAVANDERIA

37,27m2

01

ÁREA PÚBLICA DE USO LIVRE NORDESTE

608,78m2

01

ÁREA PÚBLICA DE USO LIVRE 02 NOROESTE

658,49m2

01

PRAÇA CENTRO DE CULTURA E CIDADANIA

1380,12m2

01

CÓRREGO

839,18m2

01

PATAMARES, ESCADAS SOLUÇÃO DO DESNÍVEL

637,32m2

01

PRAÇA CENTRAL

3458,05m2

PRAÇA SUL

1858,38m2

CANCHA DE AREIA / PLAY GROUND

156,13m

2

01 01 01

LÂMINA LESTE

LÂMINA OESTE AMBIENTE

ÁREA ÚTIL EM m2

2

QUANTIDADE

AMBIENTE

ÁREA ÚTIL EM m2

QUANTIDADE

417,43m

01

HALL DE ACESSO PRIVADO LÂMINA OESTE (01)

67,23 m2

01

ÁREA MULTIFUNCIONAL LIGADA AO CENTRO DE CULTURA E CIDADANIA

HALL DE ACESSO PRIVADO LÂMINA OESTE (02)

59,50 m2

01

SANITÁRIOS FEMININOS - ÁREA MULTIFUNCIONAL

20,68m2

01

SANITÁRIOS MASCULINOS - ÁREA MULTIFUNCIONAL

22,87m2

01

87,78m2

01

HALL DE ACESSO SEMI-PÚBLICO LÂMINA OESTE

52,25 m2

01

LIXEIRAS CONDOMINIAIS

9,70 m2

02

ÁREA DE ESTAR CONDOMINIAL

LÂMINA SUL

LÂMINA LESTE AMBIENTE

ÁREA ÚTIL EM m2

2

QUANTIDADE

AMBIENTE

ÁREA ÚTIL EM m2

SALÃO DE EVENTOS

189,73m2

SANITÁRIOS SALÃO DE EVENTOS

2,55m2

HALL DE ACESSO PRIVADO LÂMINA LESTE (01)

59,50 m2

01

HALL DE ACESSO SEMI-PÚBLICO LÂMINA LESTE

2

52,25 m

01

DML - SALÃO DE EVENTOS

3,66m2

HALL DE ACESSO PRIVADO LÂMINA LESTE (02)

80,35 m2

01

TRANSIÇÃO - SALÃO DE EVENTOS E ÁREA DE ESTAR CONDOMINIAL

32,84m2

LIXEIRAS CONDOMINIAIS

9,70 m2

02

ÁREA DE ESTAR CONDOMINIAL

68,83m2

AMBIENTE

ÁREA ÚTIL EM m2

QUANTIDADE

HALL DE ACESSO PRIVADO LÂMINA SUL (02)

70,00 m

01

MÓDULOS DE COMÉRCIO

19,30 m

06

SANITÁRIOS MÓDULOS DE COMÉRCIO

2,55 m2

06

LÂMINA SUL

2

2

QUANTIDADE

02 UNIDADES

95

Programa de Necessidades TIPOLOGIAS HABITACIONAIS

PAV. TIPO HABITAÇÕES DE INTERESSE SOCIAL

HABITAÇÃO DE 02 DORMITÓRIOS

LÂMINA OESTE AMBIENTE

ÁREA ÚTIL EM m2

QUANTIDADE

HABITAÇÃO COM ACESSIBILIDADE UNIVERSAL

46m2

HABITAÇÃO DE 02 DORMITÓRIOS

41m2

08

HABITAÇÃO DE 01 DORMITÓRIO

24m2

06

ÁREAS DE ESTAR / VAZIOS NAS LÂMINAS

42m2

02

01

LÂMINA LESTE

AMBIENTE

ÁREA ÚTIL EM m2

QUANTIDADE

SALA DE ESTAR / COZINHA

16,93m2

01

ÁREA DE SERVIÇO

2

2,10m

01

SANITÁRIO

2,78m2

01

DORMITÓRIO 01

8,10m2

01

DORMITÓRIO 02

9,00m2

01

HABITAÇÃO DE 03 DORMITÓRIOS

AMBIENTE

ÁREA ÚTIL EM m2

QUANTIDADE

HABITAÇÃO COM ACESSIBILIDADE UNIVERSAL

AMBIENTE

ÁREA ÚTIL EM m2

QUANTIDADE

46m

01

SALA DE ESTAR / COZINHA

25,65m2

01

HABITAÇÃO DE 02 DORMITÓRIOS

2

41m

10

ÁREA DE SERVIÇO

2

1,83m

01

HABITAÇÃO DE 01 DORMITÓRIO

24m2

02

SANITÁRIO

2,78m2

01

ÁREAS DE ESTAR / VAZIOS NAS LÂMINAS

42m2

02

DORMITÓRIO 01

8,10m2

01

DORMITÓRIO 02

9,00m2

01

2

LÂMINA SUL AMBIENTE

ÁREA EM m2

QUANTIDADE

DORMITÓRIO 03 SUÍTE

8,15m2

01

HABITAÇÃO DE 03 DORMITÓRIOS

60m2

04

SANITÁRIO SUÍTE

2,78m2

01

TIPOLOGIAS HABITACIONAIS

COBERTURA

HABITAÇÃO COM ACESSIBILIDADE UNIVERSAL

LÂMINA OESTE

AMBIENTE

ÁREA ÚTIL EM m2

QUANTIDADE

AMBIENTE

ÁREA ÚTIL EM m2

QUANTIDADE

SALA DE ESTAR / COZINHA

17,27m2

01

HORTAS COMUNITÁRIAS

384,86m2

01

ÁREA DE SERVIÇO

6,00m2

01

ÁREAS COBERTAS AUXILIARES

143,58m2

01

SANITÁRIO ACESSÍVEL

3,77m2

01

DORMITÓRIO 01

7,88m2

01

AMBIENTE

ÁREA ÚTIL EM m2

QUANTIDADE

DORMITÓRIO 02

8,72m2

01

HORTAS COMUNITÁRIAS

383,42m2

01

ÁREAS COBERTAS AUXILIARES

131,33m

01

HABITAÇÃO DE 01 DORMITÓRIO

LÂMINA LESTE

2

AMBIENTE

ÁREA ÚTIL EM m2

QUANTIDADE

LÂMINA SUL

SALA DE ESTAR / COZINHA

10,12m2

01

AMBIENTE

ÁREA ÚTIL EM m2

QUANTIDADE

ÁREA DE SERVIÇO

2

2,10m

01

HORTAS COMUNITÁRIAS

188,83m2

01

SANITÁRIO

2,78m2

01

ÁREAS COBERTAS AUXILIARES

25,36m2

01

DORMITÓRIO

8,54m2

01

96

Programa de Necessidades CENTRO DE CULTURA E CIDADANIA

CENTRO DE CULTURA E CIDADANIA

PAVIMENTO TÉRREO

TERCEIRO PAVIMENTO MIDIATECA

AMBIENTE

ÁREA ÚTIL EM m2

UNIDADES

AMBIENTE

ÁREA ÚTIL EM m2

UNIDADES

COZINHA CAFÉ

25,10m

01

SALAS DE ESTUDO

8,90m

06 UNIDADES

CAFÉ SALÃO

140,70m2

01

ACESSO À INTERNET

33,30m2

01

HALL DE ACESSO - AVENIDA BRASIL

80,00m2

01

ÁREA DE LEITURA

376,65m2

01

HALL DE CIRCULAÇÃO CARGA E DESCARGA

51,04m

SANITÁRIO MASCULINO

18,71m2

01

SANITÁRIO FEMININO

18,03m2

01

HALL DE ACESSO PRINCIPAL

92,94m2

01

PRAÇA COBERTA

92,80m2

01

HALL DE CIRCULAÇÃO VISITANTES

27,32m2

01

2

2

01

PRIMEIRO PAVIMENTO MEZANINO AMBIENTE

ÁREA ÚTIL EM m2

UNIDADES

CONCENTRAÇÃO

27,86m2

01

PALCO

51,65m2

01

PLATEIA

109,72m2

01

FOYER 01

126,82m2

01

SANITÁRIO MASCULINO

18,71m2

01

SANITÁRIO FEMININO

18,03m2

01

ÁREA EXTERNA

37,60m2

01

SEGUNDO PAVIMENTO AUDITÓRIO AMBIENTE

ÁREA ÚTIL EM m2

UNIDADES

CAMARIM COM ACESSIBILIDADE UNIVERSAL

7,40m2

01

SANITÁRIO CAMARIM ACESSÍVEL

6,05m2

01

CAMARIM COLETIVO FEMININO

10,67m2

01

SANITÁRIO CAMARIM FEMININO

3,00m

CAMARIM COLETIVO MASCULINO

10,67m

SANITÁRIO CAMARIM MASCULINO

3,00m

2 2

2

QUARTO PAVIMENTO GALERIA DE EXPOSIÇÕES AMBIENTE

ÁREA ÚTIL EM m2

UNIDADES

SALA DE ADMINISTRAÇÃO GERAL

20,47m2

01

SALA DO ACERVO

40,50m2

01

SALA DE ADMINISTRAÇÃO 02

12,87m2

01

SALA DE REUNIÕES

11,88m2

01

SALA DE CURADORIA

19,80m2

01

SALÃO DE EXPOSIÇÕES

346,73m2

01

SANITÁRIO MASCULINO

2

18,71m

01

SANITÁRIO FEMININO

18,03m2

01

QUINTO PAVIMENTO GALERIA DE EXPOSIÇÕES 02 AMBIENTE

ÁREA ÚTIL EM m2

UNIDADES

SALÃO DE EXPOSIÇÕES

465,71m2

01

SANITÁRIO MASCULINO

18,71m2

01

SANITÁRIO FEMININO

18,03m

01

2

TERRAÇO CAFÉ E ESPELHO D’ÁGUA

01

AMBIENTE

ÁREA ÚTIL EM m2

UNIDADES

01

LAVA PÉS - ESPELHO D’ÁGUA

111,25m2

01

01

CAFÉ DA COBERTURA

331,15m2

01

ÁREA TÉCNICA - CAIXAS D’ÁGUA E RESERVATÓRIO DE INCÊNDIO

36,10m2

01

SALA DE PROJEÇÃO

12,25m2

01

SALA DE CONTROLE AUXILIAR

8,25m2

01

FOYER 02

134,92m2

01

SANITÁRIO MASCULINO

18,71m2

01

SANITÁRIO FEMININO

18,03m

01

2

2

97

Memorial Descritivo - Implantação e Pavimento Superior Implantação

Pavimento Superior

Os volumes surgem de maneira perimetral ao lote, em um movimento que permite a abertura do vazio central para que exista a praça com o córrego, ainda assim as lâminas propostas em nenhum ponto deixam de estabelecer ao menos 5 metros de recuo da via.

O pavimento superior fica a disposição dos usos semi-públicos, para essa finalidade são garantidos acesso independentes paralelos aos halls de acesso às habitações e a escadaria alinhada à praça de recepção nordeste.

As praças de recepção orientam os visitantes para o centro da quadra, através da paginação de piso que cria eixos que seguem como raios e se cruzam no centro do lote, o cruzamento gera desenhos no solo, estes recebem diferentes cores de piso para que haja a determinação de setores dentro do projeto, o piso rosa compreende a área do centro de cultura e cidadania, o piso azul marca a dimensão da praça d’água e os pisos em cinza estão relacionados aos acessos das lâminas.

Na Lâmina Oeste há uma lavanderia comunitária e um espaço para escritórios no modelo de cowork que reforça as intenções do projeto de unir habitação, trabalho e lazer em um mesmo lugar.

A solução do desnível cria dois momentos no espaço público, um relacionado ao centro de cultura e cidadania e outro, na cota mais alta que faz relação direta com a praça do córrego. O desnível recebe diferentes tratamentos ao longo da quadra, com degraus, patamares e rampas, sugerindo diferentes experiências espaciais que são combinadas ao paisagismo.

O córrego que é incorporado ao projeto, tem suas margens alargadas e escalonadas para gerar espaços de aproximação e contato com o curso d’água.

Sob as projeções das lâminas desenvolvem-se os halls de acesso, módulos comerciais, bicicletários e espaços sem ocupação pré determinada que servem à permeabilidade da quadra ou podem abrigar a dimensão imprevisível dos usos e ocupações corriqueiros da cidade.

Na lâmina Sul, desenvolve-se um salão de eventos que pode promover encontros não necessariamente vinculados aos condôminos, mas se o fizer, há a possibilidade de conexão direta com as áreas de estar condominiais através de portas pivotantes que buscam tornar os dois ambiente um só.

A lâmina Leste contém o pavimento multifuncional que se conecta ao edifício cultural e estabelece no nível térreo uma marquise de recepção, Este setor do projeto, com seu caráter de destaque, oferece a estrutura mínima para que possa receber diferentes atividades , que podem ou não estar relacionadas ao centro de cultura e cidadania, como por exemplo o escoamento mínimo da produção da horta comunitária, ou ainda, exposições que possam ficar a céu aberto e serem vistas do exterior do prédio.

Os espaços de cowork, lavanderia comunitária e salão de eventos, recebem a proteção de brises pivotantes em chapa perfurada que garantem o controle da insolação, privacidade e unidade dos elementos.

IMPLANTAÇÃO ESCALA 1/750

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PLANTA PRIMEIRO PAVIMENTO ESCALA 1/750

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100

Memorial Descritivo - Habitações, Cobertura e Pergolado.

Pavimento Tipo, Habitações

Cobertura e Pergolado

As habitações dividem-se em 04 tipologias na busca por contemplar no projeto o atendimento às necessidades de diferentes configurações de famílias. As lâmina longitudinais recebem habitações de 2 dormitórios, habitações com acessibilidade universal e habitações de um dormitório que se combinam ao longo de sua extensão. A lâmina ao sul, transversal, contém as habitações de 03 dormitórios.

O espaço que é gerado pela cobertura final do edifício não pode ser negado, portanto sua utilização torna-se inevitável. Para essa área é sugerida a implantação de uma horta comunitária, onde os moradores podem engajar na tarefa agradável de cultivar pequenas plantas e hortaliças. Essa produção local pode ainda ser oferecida a comunidade, mas não carrega a pretensão de tornar-se uma fonte final de renda.

Negou-se a conformação de uma horta urbana ao entender que o espaço sujeito a outros usos seria mais interessante para o caráter final do conjunto.

Os dormitórios estão a todo momento com as melhores orientações, leste (no caso das lâminas longitudinais) e norte (no caso da lâmina transversal), deixando para os outros ambiente as faces oeste e sul. Ainda assim para garantir o controle do sol e a privacidade as janelas são elaborados junto de brises de chapa perfurada de correr que além da proteção solar criam um diálogo com os brises do pavimento superior.

As circulações verticais são estabelecidas por caixas de concreto independentes das lâminas, enquanto os corredores são concretizadas por estruturas lineares complementares aos volumes. Salas e cozinhas são voltados para os corredores, que acabam por atuar como aparadores do sol, haja vista a orientação oeste estabelecida nas lâminas longitudinais.

O desenho é modular, todos as tipologias são resultado da articulação de ambientes que possuem as mesmas dimensões. Um apartamento é espelho do outro o que garante também a criação de blocos hidráulicos.

Os pilares existem somente nos limites não utilizáveis das unidades, embutidos nas alvenarias que dividem uma habitação de outra, e abrem a possibilidade para que o morador reconfigure os cômodos de seu apartamento. Da mesma forma tornam-se possíveis os vazios nas lâminas contendo as áreas de estar para os moradores.

Ainda na cobertura é criado o pergolado de arremate final, em vigas metálicas que percorrem toda a extensão dos volumes. Essa estrutura além de seu caráter formal, que confere unidade, fecha o pavimento da horta nos pontos onde é necessário e permite a captação de águas pluviais para o uso direto através de cisternas verticais. Sua dimensão ainda sugere a implantação de coletores solares e placas fotovoltaicas.

Enquanto desenho, o portal formado pelo pergolado ao sul da quadra, tem como solução vigas vagonadas de aço, que exploram as possibilidades plásticas e a capacidade de vencer grandes vãos deste sistema.

Por ser uma solução técnica que permite a montagem e desmontagem sem prejuízo para as outras estruturas do complexo, imagina-se que, a depender das necessidades, a partir do fechamento ou abertura desta cobertura, os espaços que agora possuem a horta, possam no futuro, abrigar outros usos.

PLANTA PAV. TIPO RESIDENCIAL

101

ESCALA 1/750

TIPOLOGIA

MORADORES

UNIDADES

MORADORES ESTIMADOS

HAB. 02 DORM.

03

83

3 X 83 = 249

HAB. 02 DORM. PNE

03

10

3 X 10 = 30

HAB 01 DORM.

02

40

2X 40 = 80

HAB 03 DORM.

04

20

4X 20 = 80

TOTAL

-

153

439

ÁREAS DE ESTAR / VAZIOS NAS LÂMINAS - TÍPICO

TIPOLOGIAS RESIDENCIAIS

A tipologia de 01 dormitório é destinada a famílias de até duas pessoas. É caracterizada pela proposta de uma suíte, ainda que seja possível a criação de um grande loft a partir da demolição da parede entre a sala e o quarto.

A tipologia de 02 dormitórios é a mais comum em todo o edifício, um dos dormitórios é servido por uma bancada de concreto que pode ser usada como mesa de estudos ou fechada para converter-se em armário embutido.

102

As habitações de 03 dormitórios destacamse pela presença de uma suíte e também é contemplada em um dos quartos com a bancada de concreto.

As tipologias acessíveis diferem-se das outras por apresentar um sanitário acessível e a previsão de rotas acessíveis. Sempre garantindo no layout dos ambientes um raio mínimo de 1,50m para o giro da cadeira de rodas.

COBERTURA - HORTA COMUNITÁRIA ESCALA 1/750

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COBERTURA - PERGOLADO METÁLICO ESCALA 1/750

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105

DETALHES PERGOLADO ESCALA 1/50

106

Memorial Descritivo - Centro de Cultura e Cidadania O Centro de cultura e cidadania segue uma lógica de organização de espaços que nasce a partir da orientação solar e de seu posicionamento no lote. Não por acaso a sua localização foi determinada em uma posição de centralidade ao norte da quadra, pois ali o edifício entra em contato direto com a Avenida Brasil, uma das mais importantes vias do município. Esta posição implica que o edifício tenha voltada para a praça central sua face sul , essa orientação por sua vez, indica que essa fachada não receberia insolação durante todo o dia. Desta constatação é elaborado o partido de se abrir o edifício para o miolo da quadra, com um grande pano de vidro, e deixar para a via movimentada os blocos de circulação vertical.

Os blocos de circulação vertical, formam pontos de rigidez, e se repetem pavimento após pavimento. Do lado esquerdo existe o bloco de escadas de emergência junto a um elevador de cargas e do lado direito o mesmo bloco de escadas junto a um elevador social, esta escolha implica na decisão de que em todos os pavimentos, as áreas ou funções que necessitem acesso de cargas ou de funcionários, posicionem-se do lado esquerdo do edifício.

Os pavimentos térreo e superior são elaborados como extensões do espaço público, com os limites e portas projetados de forma singela, e aumentando a permeabilidade a partir dos painéis envidraçados.

A volumetria resultante do projeto do auditório torna-se uma grande protagonista no pavimento térreo, onde a empena diagonal gerada pela inclinação da plateia é aproveitada como ponto de apoio e da mesma forma o plano de laje inclinado que segue abaixo dos degraus da plateia é evidenciado através do pé-direito duplo.

O controle solar dentro do edifício é realizado através de brises metálicos de chapa perfurada, presentes nas fachadas norte, leste e oeste.

A fachada norte marcada pela rigidez dos blocos de circulação, apresenta o edifício de forma imponente e monolítica para cidade, o que cria uma interessante contradição com a face que é apresentada para miolo da quadra, totalmente integrada com o meio externo através dos planos envidraçados.

O edifício procura prestar-se ao papel de marco, ponto de encontro e referencia regional e ao mesmo tempo que não se limita apenas a um centro cultural, mas define-se como um centro de formação cidadã, que proporciona espaços para valorizar a memória e a discussão das questões municipais.

CENTRO DE CULTURA E CIDADANIA

O pavimento térreo é marcado pela integração com o espaço público, são desenvolvidos ambientes de recepção e uma pequena praça central para que se estenda sob a projeção do edifício a proposta paisagística do conjunto.

107

108

O primeiro pavimento configura-se como um mezanino e incorpora a conexão com o espaço multifuncional da lâmina residencial leste. Já neste pavimento é elaborado um pequeno Foyer e uma das entradas para o auditório.

109

O segundo pavimento apresenta o Foyer principal e as entradas de acesso aos assentos do auditório.

Os camarins são elaborados possuindo um acesso vertical direto para a área de concentração que se localiza atrás do palco.

110

A midiateca representa o acesso à educação e portanto oferece amplas áreas de estudo e leitura.

111

A galeria de exposição é realizada junto aos espaços de administração e curadoria. Ao centro do pavimento, o vazio que existe na laje exatamente superior, indica um pé direito duplo que aumenta as possibilidades das obras expostas e cria uma relação entre os dois pisos da galeria.

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O quinto pavimento dedica-se somente à sua função expositiva e através de seu vazio central conecta-se ao primeiro piso das galerias.

113

A cobertura é destinada a um espaço de lazer , relaxamento e a própria contemplação do entorno, portanto da cidade.

114

CORTE AA ESCALA 1/250

115

116

CORTE BB ESCALA 1/250

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118

CORTE CC ESCALA 1/250

119

120

DETALHES CONSTRUTIVOS ESCALA 1/50

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Esquema Estrutural

PLANOS HORIZONTAIS - LAJES

APOIOS VERTICAIS - PILARES

O esquema estrutural adotado para o projeto é o de vigas e pilares em concreto armado, mais especificamente lajes nervuradas e pilares com capitel, as lajes nervuradas permitem vencer grandes vãos sem a necessidade de vigas muito altas.

As caixas de escada e elevadores são em concreto maciço, e no caso do Centro de Cultura e Cidadania funcionam como pontos de rigidez para garantir o apoio das lajes.

ESTRUTURAS EM AÇO COMPLEMENTARES

Os corredores paralelos às lâminas, são executados em leves estruturas de aço, que no resultado final acabam por adornar as formas projetadas em concreto.

O pergolado de aço, apoia-se em pilares que nascem da modulação de da estrutura principal em concreto.

123

Soluções Destacadas LAJE DE RECEPÇÃO

LAJE ATIRANTADA

CAIXAS DE ESCADA COMO PONTOS DE RIGIDEZ

EMPENA DE APOIO

PASSARELA LEVE EM ESTRUTURA METÁLICA

VIGAS VAGONADAS

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PERSPECTIVA ISOMÉTRICA

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Considerações Finais Acredita-se que o resultado final do projeto, que partiu da intenção de causar transformações no meio urbano, a partir da objeto construído, evidencia o caráter indissociável entre o urbanismo e a arquitetura, pois ao adentrar na busca por demandas e respostas, o projeto esteve a todo momento atrelado à questões regionais.

Como toda obra de arquitetura, corre o risco do equívoco, mas tenta minimiza-lo através de um processo que considera as várias dimensões de impacto que um projeto pode causar no meio que se insere.

Dentre todos os aspectos exercitados durante o desenvolvimento deste trabalho, fica a lição de que o projeto, seja urbano ou arquitetônico, nunca acaba, não há limite para englobar mais questões nem para pensar outras alternativas de abordagem, sendo essa uma característica especial à arquitetura e ao urbanismo.

“O projeto ideal não existe, a cada projeto existe a oportunidade de realizar uma aproximação.”

Paulo Mendes da Rocha

*Desenhos, diagramas e perspectivas eletrônicas do capítulo 08 são de inteira autoria do autor.

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Perspectiva Eletrônica - Praça de Recepção e vista do conjunto

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Perspectiva Eletrônica - Praça d’água e vista do Centro de Cultura e Cidadania

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Perspectiva Eletrônica - Praça do Córrego e Lâmina Oeste

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Perspectiva Eletrônica - Horta / Cobertura

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Perspectiva Eletrônica - Área de estar externa / vazio na Lâmina Oeste

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Perspectiva Eletrônica - Cobertura Centro de cultura e Cidadania, lava pés

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Perspectiva Eletrônica - Praça do Córrego e Lâmina Sul

133

Perspectiva Eletrônica - Praça do Córrego e Lâmina Oeste

134

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