Revista Kéramica n.º 376 Maio/Junho 2022

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Destaque

TURISMO INDUSTRIAL – A CERÂMICA E O VIDRO EM PORTUGAL

po r Gr u p o D i n a m i z a d o r d a Rede Por t ugu es a do Tu r i sm o In d u st r i a l

O Turismo Industrial tem vindo a consolidar-se em Portugal através das visitas a fábricas em laboração e a equipamentos museológicos ligados a antigos complexos industriais, por parte de turistas nacionais e estrangeiros. Estas diferentes experiências de contacto com os produtos e processos produtivos proporcionam a descoberta do património industrial e/ou da indústria viva que caracterizam e diferenciam os territórios, e que contribuem para a promoção de Portugal através das suas atividades económicas diferenciadoras e da sua cultura, bem como para o reforço da atratividade do setor industrial e do seu potencial de inovação e crescimento junto dos jovens. A relevância do Turismo Industrial para o desenvolvimento turístico sustentável assenta, assim, na valorização do património cultural e das atividades identitárias das regiões, através de experiências autênticas e originais que podem ser usufruídas em todo o país e ao longo de todo o ano, e que proporcionam aos turistas vivências únicas no âmbito de uma feliz conjugação de conhecimento e emoção. A estruturação deste produto tem vindo a ser feita através do Grupo Dinamizador da Rede Portuguesa de Turismo Industrial, do qual fazem parte o Turismo de Portugal, as Entidades Regionais de Turismo, municípios e empresas, numa atuação concertada, a nível nacional, com o objetivo de consolidar a oferta, ganhar escala e maior notoriedade. São já mais de cem empresas e municípios de todo o país que dinamizam iniciativas de Turismo Industrial, contribuindo assim, para um melhor conhecimento da produção nacional, distinta na tradição e na modernidade, como ocorre com o incontornável setor da cerâmica e do vidro, um dos mais representativos da atividade industrial em Portugal.

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Desde tempos remotos que, praticamente em todas as regiões do país, encontramos vestígios da atividade cerâmica. No séc. XVIII registou-se um surto de fábricas de cerâmica que vieram consolidar a afirmação deste sector, nomeadamente a Real Fábrica de Louça do Rato (Lisboa), pioneira no fabrico moderno de cerâmica, a Fábrica de Louça de Massarelos (Porto), ou a Fábrica de Louça de Darque (Viana do Castelo), que se tornaram famosas pela qualidade da sua produção, ainda hoje apreciada e alcançando valores elevados nos leilões da especialidade. Já no séc. XIX destacam-se a Fábrica da Vista Alegre (Ílhavo), a Fábrica de Louça de Sacavém (Loures), a Fábrica de Cerâmica das Devesas (Vila Nova de Gaia), que chegou a constituir uma das mais importantes na produção de artefactos cerâmicos para aplicação na arquitetura, a Fábrica de Faianças Artísticas de Raphael Bordallo Pinheiro (Caldas da Rainha) ou a Fábrica da Viúva Lamego (Lisboa). Ao longo do século passado surgiram inúmeras fábricas de cerâmica, no Continente e Ilhas, que deixaram uma marca importante na atividade industrial do sector. Sem preocupações de exaustão, destacamos a Companhia das Fábricas Cerâmica Lusitânia (cuja unidade principal se localizava em Lisboa), as Fábricas Jerónimo Pereira Campos (Aveiro e Alvarães, Viana do Cas-

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