

KÉRAMICA
revista da indústria cerâmica portuguesa
CERÂMICA & CRISTALARIA
DESENHO SUSTENTÁVEL PARA UM FUTURO RESPONSÁVEL
anos anos years years
Acreditada pelo IPAC como organismo de certificação de produtos (incluindo Regulamento dos Produtos de Construção), serviços e sistemas de gestão



Ao contrário do que tenho feito, que é acompanhar o tema de capa da KÉRAMICA, não o irei fazer neste editorial.
Vou tentar na primeira KÉRAMICA de 2025, escrever sobre um tema que está na ordem do dia das empresas cerâmicas e da cristalaria, que é o contributo do biometano para as estratégias de descarbonização e da sustentabilidade.
Veio-me à memoria, uma lembrança da primeira maratona de Aveiro onde foi usado um chip nos sapatos para evitar as fraudes de percurso. Aqueles que não cumpriam o percurso e que tentavam ganhar a maratona em fraude, foram desclassificados, desistiram ou chegaram no seu devido tempo. Nesta maratona correu-se com verdade, apesar de em várias velocidades. Os bons venceram, os que não estavam preparados chegaram atrasados, mas a maratona só acabou, tardiamente, quando o último chegou.
Parece-me que é isto o que está a acontecer nas decisões sobre o biometano, tão indispensável na descarbonização. As empresas correm a maratona com a velocidade certa e dentro das regras e os poderes públicos, pese embora não usem fraudes como alguns maratonistas, estão a chegar muito atrasados. Todos estão à espera destes últimos .
Existem, segundo dados da FLOENE, mais de 200 pedidos de injeção de gases renováveis na rede. O que as empresas da cerâmica e da cristalaria esperam, é que tudo seja acelerado para se obter as mesmas condições de acesso à injeção de gases na rede, que a eletricidade renovável já tem no acesso à rede elétrica.
O autor deste editorial, na qualidade de Presidente da Direção da APICER, foi um dos signatários da carta aberta enviada à Assembleia da República e ao Governo de Portugal, em defesa da concretização urgente do plano de ação para o biometano.
O Plano de Ação para o Biometano 2024 – 2040, aprovado pela Resolução do Conselho de Ministros n.º 41/2024, de 22 de fevereiro, já viu passar um ano. Quem tem de decidir está atrasado e, receio bem, muito longe da meta e sem medidas concretas para apresentar e concretizar.
Portugal e toda a EU enfrentam problemas energéticos sem precedentes, tanto mais que a energia está intimamente ligada às questões climáticas e de sustentabilidade, num tempo em que maiores exigências de controlo das emissões gasosas estão a chegar.
A possibilidade de as indústrias cerâmicas e da cristalaria poderem vir a utilizar este novo vetor energético permitirá, não só, dar resposta às exigências de sustentabilidade, como contribuir para o desenvolvimento sustentável de regiões do interior, e assim estar alinhado com as metas da UE e com os compromissos em matéria climática.
A carta aberta à que acima referi termina com a mensagem que aqui reproduzo: “Estamos perante uma oportunidade histórica. Não a desperdicemos”
Que os poderes públicos e os políticos não façam as empresas esperar na meta da maratona pelos atrasados, só porque estão mal preparados.
José Cruz Pratas (Presidente da Direção da APICER)
Editorial . Kéramica . p.1
Index
Editorial . 01
Destaque . 03
Design Sustentável para um Futuro Positivo
Descarbonização . 08
O Desafio da Descarbonização na Cerâmica
Circularidade . 11
Design que Fecha o Ciclo: : O Futuro da Cerâmica Está na Circularidade
Sustentabilidade . 14
ETA de Lever transforma resíduos em recursos
Resíduos . 16
Energia . 28
Gases Renováveis – Um Caminho que Precisa de Formação
Construção . 30
Regulamento (EU) 2024/3110 Reforça o Papel dos Fabricantes de Produtos na Cadeia de Valor do Setor da Construção
Secção Jurídica . 34
Do Papel ao Planeta: A Intersecção entre Inovação e Responsabilidade Ambiental
Mercados . 36
Exportações Portuguesas de Cerâmica em 2024
Certif . 38
Certif Fatura Mais 13 por Cento e tem 300 Novos Clientes
Notícias & Informações . 39
Novidades das Empresas Cerâmicas Portuguesas na Feira Ambiente 2025 16 19
Resíduos de Fundição: Matéria-Prima de Outros Setores Reaproveitamento de Resíduos da Cinza da Casca de Arroz pela Indústria Cerâmica
Design . 23
PRIMA MATTERS : Resíduos Como Matéria-Prima
Propriedade e Edição APICER - Associação Portuguesa das Indústrias de Cerâmica e de Cristalaria NIF: 503904023
Direção, Administração, Redação, Publicidade e Edição Rua Coronel Veiga Simão, Edifício Lufapo Hub A - nº 40, 1º Piso 3025-307 Coimbra [t] +351 239 497 600 [f] +351 239 497 601 [e-mail] info@apicer.pt [internet] www.apicer.pt
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Diretor Marco Mussini
Editor e Coordenação Albertina Sequeira [e-mail] keramica@apicer.pt
Conselho Editorial Albertina Sequeira, António Oliveira, Cristiana Costa Claro, Marco Mussini e Martim Chichorro. Capa Nuno Ruano
Calendário de Eventos . 48
Colaboradores
Albertina Sequeira, Ana Costa, António Oliveira, Carla Lobo, Duarte Cordeiro, Filipa Correia, Filipa Pereira Silva, Helena Oliveira, Irena Übler, José Vicente, Mariana Bem-Haja, Marta Brazão, Paulo Brito, Pedro Mêda, Pollyane Márcia de Souto, Tiago Centeno Paginação Nuno Ruano
Impressão Gráfica Almondina - Progresso e Vida; Empresa Tipográfica e Jornalística, Lda Rua da Gráfica Almondina, Zona Industrial de Torres Novas, Apartado 29 2350-909 Torres Novas [t] 249 830 130 [f] 249 830 139 [email] geral@grafica-almondina.com [internet] www.grafica-almondina.com
Distribuição
Gratuita aos associados e assinatura anual (6 números); Portugal €42,00 (IVA incluído); União Europeia €60,00; Resto da Europa €75,00; Fora da Europa €90,00
Versão On-line https://issuu.com/apicer-ceramicsportugal
Notas
Proibida a reprodução total ou parcial de textos sem citar a fonte. Os artigos assinados veiculam as posições dos seus autores. Esta edição vem acompanhada da Revista TÉCNICA 2025 // #27 | FEVEREIRO/MARÇO | Bimestral
Índice de Anunciantes CERTIF (Verso Capa) • GOLDENERGY (Verso Contra-Capa) • INDUZIR (Contra Capa) Conteúdos conforme o novo acordo ortográfico, salvo se os autores/colaboradores não o autorizarem
Publicação Bimestral nº 393 . Ano XLX . Janeiro . Fevereiro . 2025
Depósito legal nº 21079/88 Publicação Periódica inscrita na ERC [Entidade Reguladora para a Comunicação Social] com o nº 122304 ISSN 0871 - 780X Estatuto Editorial disponível em http://www.apicer.pt/apicer/keramica.php
DESIGN SUSTENTÁVEL
PARA UM FUTURO POSITIVO
por Carla Lobo e José Vicente, Laboratório de Investigação em Artes e Design, ESAD.CR, Politécnico de Leiria
A PROCURA DA FELICIDADE
A procura da felicidade, nas suas várias vertentes, tem conduzido os seres humanos por um caminho de permanente pesquisa e desenvolvimento de novos conhecimentos, tecnologias e produtos. Todas as soluções que foram sendo criadas e implementadas trouxeram uma significativa melhoria nos vários indicadores a que associamos a nossa qualidade de vida e, por consequência, têm suportado o nosso sucesso enquanto espécie, que já ultrapassa 8 mil milhões de indivíduos. No entanto, todo este desenvolvimento veio associado a um modelo económico assente no crescimento ad aeternum e na incessante produção e consumo de bens e serviços em linearidade, o que tem implicado uma voraz delapidação dos recursos e ecossistemas naturais, bem como a emissão excessiva de carbono e outros gases poluentes e, ainda, o descarte e desperdício de enormes quantidades de recursos e produtos.
Podemos afirmar que a nossa felicidade está muito ligada (talvez em excesso) aos produtos que consumimos. Eles ajudam a definir a nossa identidade e a dar significado ao nosso quotidiano. Os objetos cerâmicos são um excelente exemplo disto, desde tempos imemoriais até à atualidade. No entanto, para continuarmos a nossa procura da felicidade num planeta em convulsão temos de encontrar soluções responsáveis, que não sejam apenas menos negativas, mas que sejam positivas, que fomentem uma cultura material benigna, que deixe de gerar impactes ambientais e sociais, e que procurem dar respostas regeneradoras aos problemas já existentes.
O CONTRIBUTO DO DESIGN
Tudo o que nos rodeia é resultado de um projeto

de design e é neste contexto que o design se assume como uma ferramenta poderosa para contribuir para uma mudança de paradigma. Com o design é possível atribuir mais valor e significado aos objetos que desenvolvemos e, nesse processo, prever, testar e validar um futuro mais sustentável.
No processo de design é possível implementar os princípios de economia circular (fechar, abrandar, estreitar e regenerar ciclos) tomando em consideração a necessidade de desenvolver produtos focados numa das duas tipologias de ciclos: ou em bio-ciclos ou em tecnociclos (evitar híbridos) e adotando uma abordagem de ciclo de vida.
Apesar do longo ciclo de vida dos produtos cerâmicos, o impacte ambiental do seu fabrico continua a merecer particular atenção, não apenas no que à extração das matérias-primas concerne, ou à toxicidade de alguns materiais utilizados na sua produção. O consumo energético associado à produção dos cerâmicos e a produção de resíduos relacionados com os processos têm sido alvo de investigação aplicada, num real esforço transdisciplinar para encontrar soluções que permitam um futuro mais sustentável.
Estratégias de design que permitam identificar ações para a sua operacionalização podem contribuir de forma efetiva para a identificação e implementação
Destaque
destas soluções. É este o papel do designer, um agente da mudança positiva, pensando a jusante, antecipando e não apenas reagindo, olhando para os problemas como oportunidades; considerando não apenas um aspeto dos produtos, mas todas as fases do seu ciclo de vida, desde a avaliação da pertinência da conceção, ao repensar da produção e do uso até à sua valorização em final de vida e consequente reintrodução na cadeia produtiva. Só reconhecendo que, através dos produtos que projeta pode contribuir de forma muito significativa para a promoção de mudanças comportamentais, sem as quais dificilmente atingiremos um ambicionado (feliz) futuro global, pode o designer cumprir o seu desígnio enquanto ser social consciente.
ENSINO E INVESTIGAÇÃO DESIGN NA
ESAD.CR
O ensino superior tem a missão de criar o ambiente propício ao enraizamento e desenvolvimento da consciência social e ambiental, individual e coletiva.
A Escola Superior de Artes e Design das Caldas da Rainha (ESAD.CR) do Instituto Politécnico de Leiria assumiu o compromisso de contribuir para a sustentabilidade num modelo colaborativo desenhando currículos académicos que integram de forma transversal as bases necessárias à formação de profissionais capacitados e conscientes do seu papel interventivo, e fundamental na sustentabilidade do futuro, e agregando um corpo docente e de investigadores que se dedicam a diferentes problemáticas da sustentabilidade, seja em contexto académico, seja a participação em projetos colaborativos com entidades e empresas (participando ativamente em ambientes de simbiose industrial).
Nas diferentes vertentes do design – Produto, Industrial, Espaços, Gráfico e Multimédia, os três pilares da sustentabilidade estão na génese dos exercícios e projetos propostos e desenvolvidos, incentivando os seus alunos a pensar criticamente e a agir de forma responsável, enfatizando a relevância da sustentabilidade e da circularidade numa perspetiva ecocêntrica.
LICENCIATURA EM DESIGN DE PRODUTO –CERÂMICA E VIDRO
A licenciatura em Design de Produto – Cerâmica e Vidro garante uma sólida formação na área do Design de Produto e uma especialização tecnológica focada na conceção e desenvolvimento de produtos cerâmicos e de vidro, para o sector industrial e para a manufatura/craft.
Ao longo de mais de 30 anos de ensino do design especializado em cerâmica e vidro, consolidaram-se estratégias e práticas conscientes de respeito pelo ecossistema na sua universalidade. Ilustramos esta visão através do resultado de alguns exercícios de projeto.
A Beatriz Santos desenvolveu uma pequena estufa individual, com o objetivo de incentivar ao cultivo de plantas. Produzida em barro vermelho e vidro, permite criar as condições ideais à germinação de sementes, possibilitando a visualização do processo de desenvolvimento da semente à planta e o controle da periodicidade da rega pelo nível de humidade visível da cama de sementeira (Fig.1).
Partindo da recolha de “argilas selvagens” e rochas e minerais feita pelo próprio no distrito de Leiria, e posteriormente processados (mecânica e manualmente) na ESAD.CR, Adam Daniel Barcsai desenvolveu um conjunto de peças de mesa que pretendem afirmar a



necessidade de reflexão sobre os métodos e ciclos de produção industrial e os seus impactos nos ecossistemas (Fig. 2).
Através do reaproveitamento de placas de pedra natural resultantes dos processos de produção e normalmente descartados e classificados como sobras ou subprodutos, Rodolfo Fino propôs a criação de blocos de material para posterior transformação em produtos de valor acrescentado com finalidades várias (Fig. 3).
MESTRADO EM DESIGN DE PRODUTO
O Mestrado em Design de Produto é um curso para todos os que têm interesse em processos de mudança e em refletir sobre como o design pode contribuir para a construção de um futuro melhor, numa metodologia em que o fazer é acompanhado pela responsabilidade de pensar sobre que se faz. A essência prática e projetual procura preparar os estudantes para desenvolver projetos que aprofundem a dimensão tecnológica, social, ambiental ou cultural dos produtos.
E porque a sustentabilidade não está apenas relacionada com a dimensão ambiental, mas também com a sociedade e a cultura, um trabalho relevante neste contexto é o desenvolvido pela estudante Marta Fernandes no projeto “Da Matéria à Mesa” [1] onde é explorada a preservação do barro de Pinela e é fomentada a sua relação com a gastronomia transmontana (Fig. 4).
Outra abordagem representativa está relacionada com a exploração de novas pastas, nomeadamente com a introdução de material orgânico, como a desenvolvida no projeto “Barro de Café” [2] pela estudante Sara Silva, onde houve o desenvolvimento de pastas cerâmicas com borras de café e a sua utilização experimental em vários tipos de produtos como arejadores para sistemas aquapónicos ou humidificadores (Fig. 5).
A investigação de mestrado em design de produto também procura explorar novas relações entre os objetos, o ser humano e a natureza, como é o caso do projeto “Fotossíntese” [3] de Carolinha Calheiros que através da aplicação de técnica fotográfica de antotipia


Figura
Figura
Figura
Destaque
à cerâmica e a utilização de pigmentos fotossintéticos, retirados de flores e vegetais, foi possível criar imagens nas peças cerâmicas através da ação do sol, e que promovem a ligação emocional com o utilizador (Fig.6).
PROJETOS COM INDÚSTRIA: O CASO DAS
AGENDAS ECP E INOV.AM
A ESAD.CR tem vindo a integrar consórcios cujo objetivo se centra na sustentabilidade dos processos produtivos, como é o caso da Agenda Mobilizadora do PRR ECP – Ecocerâmica e Cristalaria de Portugal, consórcio liderado pela VAA – Vista Alegre Atlantis, em que investigadores do LIDA - Laboratório de Investigação em Design e Artes, sedeado na ESAD. CR, integram 3 das workpackages (WP) do projeto. Estas WP relacionam-se diretamente com a tomada de decisões na fase de projeto que determinam o impacte em todas as fases do seu ciclo de vida: seja na definição de estratégias de ecodesign para o desenvolvimento de produtos cerâmicos (WP3)[4], seja na conceção de produtos (mesa, sanitários e revestimentos) a partir destas estratégias (WP4)[5], seja na formação de quadros


de empresas do setor da cerâmica e da cristalaria, no que à sustentabilidade e ecodesign se refere (WP7)[6] (Fig.7).
A ESAD.CR, também através do LiDA, participa na Agenda Inov.AM - Inovação em Fabricação Aditiva, onde introduz o papel do design na exploração de novas soluções de manufatura aditiva em várias indústrias, contribuindo para 3 WPs do sector da cerâmica e cristalaria [7][8][9]. O objetivo é contribuir para a

transição da indústria cerâmica para uma economia circular sustentável e reforçar a base de produção nacional para a resiliência a longo prazo. Quer seja através da digitalização e impressão 3D de elementos decorativos naturais e complexos em porcelana, que a impressão cerâmica de formas complexas com redução significativa de desperdício, quer na impressão 3D de vidro e cristal (Fig. 8).
O FUTURO
Acreditamos que a busca pela felicidade não pode estar dissociada da preocupação com o futuro do planeta e da sociedade, e acreditamos que o design tem um contributo muito relevante a dar. Como dizia Buckminster Fuller “ The best way to predict the future is to design it! ”.
A ESAD.CR tem o compromisso de formar profissionais conscientes, envolvidos e capazes de transformar o mundo através dos seus projetos, e
continuamos abertos a colaborar com todos os parceiros nesta jornada em direção a um futuro mais feliz e sustentável.
REFERÊNCIAS
1. https://iconline.ipleiria.pt/handle/10400.8/9859
2. https://iconline.ipleiria.pt/handle/10400.8/6746
3. https://iconline.ipleiria.pt/handle/10400.8/5131
4. https://lida.pt/research/ecp-wp3-raw-materialscircularity/
5. https://lida.pt/research/ecp-wp4-new-ceramicproducts-with-low-temperature-sintering/
6. https://lida.pt/research/ecp-wp7-cer_capacitates/
7. https://lida.pt/research/inov-am-am-ceramic/
8. https://lida.pt/research/inov-am-fabceram3d/
9. https://lida.pt/research/inov-am-glass-am

Descarbonização
O DESAFIO DA DESCARBONIZAÇÃO NA CERÂMICA
por Duarte Cordeiro e Tiago Centeno, Sócios da Shiftify
Os setores da cerâmica e da cristalaria são considerados setores difíceis de descarbonizar, uma vez que são consumidores intensivos de energia e o processo de descarbonização é necessariamente longo e assente no desenvolvimento de tecnologia, que ainda não está disponível de forma competitiva, para muitas das dimensões necessárias para a redução da pegada de carbono.
Com as suas emissões concentradas na combustão, nomeadamente associadas ao consumo de gás natural, que representa cerca de 80% do consumo energético, a capacidade de descarbonização está dependente dos desenvolvimentos no setor da energia, de novos processos produtivos e da inovação ao nível da captura de carbono.
A importância destes setores decorre do seu peso na economia nacional, mas também no comércio inter-


nacional, que representa mais de 75% das suas vendas. O sector emprega mais de 18.000 trabalhadores em Portugal e cerca de 200.000 a nível europeu.
As empresas resistiram a impactos externos nos últimos anos, tendo reforçado a sua resiliência. Neste momento destaca-se o trabalho notável de renovação da sua identidade, com a nova marca Portugal Ceramics, acrescentando valor ao setor, um movimento que o nosso país tem conseguido concretizar em alguns setores exportadores.

Duarte
Cordeiro
Tiago
Centeno
Compromissos Internacionais e Políticas Públicas
Abordar os temas da descarbonização da indústria em Portugal e na Europa é, desde logo, recordar os compromissos internacionais que foram assumidos. Portugal, reconhecendo os dados da ciência e valorizando o multilateralismo internacional em matérias de clima das Nações Unidas, subscreveu o Acordo de Paris em 2015, que assumiu os objetivos de manter o aquecimento global abaixo dos 1,5º. Em 2016 definiu-se o objetivo de atingir a neutralidade carbónica em 2050. Mais tarde, em 2021, com a aprovação da Lei de Bases do Clima assumiu-se a antecipação da neutralidade carbónica para 2045.
A União Europeia também assumiu o objetivo de Longo Prazo de atingir a neutralidade carbónica para 2050, inscrito no European Green Deal e na Lei Europeia do Clima, aprovada durante uma Presidência Portuguesa da União Europeia.
Esses compromissos são sustentados em estratégias de longo prazo, como o Roteiro para a Neutralidade Carbónica de Portugal e os Planos Nacionais de Energia e Clima, além de iniciativas europeias como o Pacote Fit for 55, que visa reduzir as emissões europeias em 55% até 2030, com base nas emissões de 1990.
A descarbonização da indústria é um desafio que se insere neste contexto, através de estratégias como o Regime de Comércio de Emissões da UE (ETS), que abrange a maioria das emissões industriais, e já contribuiu para a sua redução significativa.
No Inventário Nacional das Emissões de 2024 da APA, as emissões nacionais, relativas ao ano de 2022, representaram cerca de 56,4 Mt CO2e, uma redução de 34,5% face a 2005, e o setor dos processos industriais representou cerca de 10% do total, abaixo da produção de energia e dos transportes, que representaram 15% e 30% respetivamente. Esta evolução confirmou o sucesso do caminho feito nas últimas décadas.
O Roteiro de Neutralidade 2050 de Portugal
O Roteiro da Neutralidade Carbónica de Portugal, aprovado em 2019, estabelece uma visão de longo prazo para a redução de emissões de gases de efeito estufa. Não obstante a necessidade de revisão em função dos eventos que sucederam a sua elaboração, continua a servir como guia estratégico.
De acordo com o Roteiro, em 2015 Portugal emitia cerca de 68 Mt CO2e, e até 2050 está prevista uma redução para 13 Mt CO2e, acompanhado de um aumento

da capacidade de sumidouro de carbono, alcançando assim a tão ambicionada neutralidade carbónica.
A Indústria como um todo tem uma previsão de redução das emissões de CO2e em 2050, face a 2005, de cerca de 73%, e a Indústria Mineral, ligada ao cimento, à cal, ao vidro, à cerâmica, e que representava 55% do total do setor industrial, tem uma previsão de redução de emissões de CO2e entre 65% e 68% face a 2005.
O Caminho da Descarbonização
No caminho para se alcançar os objetivos traçados, existem três pilares que terão um papel preponderante: eficiência , inovação tecnológica , e compensação Será crucial encontrar um equilíbrio para o contributo que cada pilar terá em cada momento.
1. Eficiência: Nos últimos anos, a indústria adotou uma abordagem mais eficiente no uso dos recursos, impulsionada também pela crise energética global. Portugal, por exemplo, reduziu o seu consumo de gás natural em 23% nos últimos dois anos, superando a meta de 15% estabelecida no RepowerEU. A eficiência tem permitido uma redução das emissões sem a necessidade de grandes mudanças estruturais, contribuindo positivamente para a competitividade da indústria.
2. Inovação Tecnológica: A inovação é fundamental para a transição energética, em particular na evolução para processos produtivos menos intensivos em carbono.
Observaram-se desenvolvimentos nos últimos anos, também apoiados pelo PRR, com vários programas dirigidos ao reforço do autoconsumo de energia, ao desenvolvimento tecnológico associado às agendas mobilizadoras de setores e aos programas de apoio ao desenvolvimento da descarbonização do gás.
Descarbonização

Destacam-se os apoios de CAPEX para novas unidades de produção de hidrogénio e biometano e os apoios de OPEX com a compra centralizada de hidrogénio e biometano, diminuindo o risco do investimento, e também com as garantias de origem do gás renovável que permitirão a produção descentralizada e a utilização da rede de gás para desenvolver o mercado.
Foram muito positivas as notícias dos resultados dos primeiros testes de cozedura de produtos cerâmicos com misturas de hidrogénio e gás natural efetuados pelo Centro Tecnológico da Cerâmica e do Vidro, utilizando um forno híbrido, a gás e eletricidade.
3. Compensação: A compensação através de projetos de captura de carbono terá um papel relevante para o offset das emissões remanescentes que a eficiência e a inovação não conseguirem eliminar.
A utilização de soluções inovadoras de captura e armazenamento de carbono, bem como o desenvolvimento de tecnologias para a reutilização do carbono noutros setores, como a produção de cimento, combustíveis ou a bioeconomia, pode representar um avanço significativo.
O mercado voluntário de carbono será também importante como sistema de incentivos para tornar viáveis projetos florestais e industriais que contribuam para o aumento da capacidade de captura e armazenamento de carbono.
A Pressão da Cadeia de Valor
A pressão para a descarbonização não vem apenas dos compromissos políticos e regulatórios, mas também da cadeia de valor. As empresas começaram a identificar e a calcular a sua pegada, que fica visível nos seus relatórios de sustentabilidade e nos relatórios dos seus clientes, ao calcularem o chamado scope 3. Uma menor pegada contribui para uma valorização das marcas e para aumentar a atratividade junto dos clientes.
No mesmo sentido, a banca e o setor segurador, principalmente a nível europeu, pressionam para esta mudança ao avaliarem as atividades económicas em função do seu risco ambiental, da sua pegada e dos planos de transição estabelecidos. As empresas com planos de transição, garantem mais previsibilidade nas análises, não só aos riscos de transição, mas também da exposição a riscos físicos, como cheias ou incêndios, que podem resultar em perdas financeiras avultadas e, por conseguinte, incapacidade de pagamento dos créditos contratados.
Relatório Draghi e Desafios Internacionais
O Relatório Draghi, “The Future of European Competitiveness”, destaca a necessidade urgente de a Europa reforçar a sua competitividade, especialmente no âmbito das tecnologias avançadas, inovação e energia. Sugere que a descarbonização e a competitividade devem caminhar lado a lado, aproveitando as oportunidades que a transição energética oferece à indústria europeia.
Desenvolver um Pacto Ecológico Industrial, conforme proposto no relatório, pode ser a chave para garantir que a descarbonização não é vista como um fardo, mas como uma oportunidade de crescimento sustentável, reduzindo a dependência da União Europeia da importação de energia e matérias-primas críticas.
Para garantir que este processo é socialmente justo, terá de ser assente na valorização do capital humano à disposição das empresas europeias e na sua formação para as tecnologias do futuro. Assim, uma aposta nas “green skills” permitirá consolidar as bases necessárias para as transformações em curso.
Não sendo um processo fácil, a transição para um futuro de baixo carbono exige um alinhamento robusto de políticas públicas, incentivos ao investimento e colaboração entre empresas e a sociedade. A cerâmica portuguesa, apoiada pelo desenvolvimento de tecnologias limpas e de processos produtivos de natureza circular, deverá continuar a liderar esta jornada, mantendo a sua competitividade no mercado global.
primeiros testes de cozedura de produtos cerâmicos no âmbito da Agenda
Ecocerâmica e Cristalaria de Portugal
DESIGN QUE FECHA O CICLO: O FUTURO DA CERÂMICA ESTÁ NA CIRCULARIDADE
por Filipa Correia, Junta Cacos e Marta Brazão, Circular Economy Portugal
Desde a Revolução Industrial, a produção em massa de produtos teve – e continua a ter – um enorme impacto no ambiente e nas pessoas. A economia começou a basear-se num modelo linear, caracterizado por uma abordagem “extrair-produzir-descartar”: extrair recursos naturais, produzir uma enorme variedade de bens, que, na sua maioria, acabam por ser descartados e transformados em resíduos.
Este modelo desencadeia vários problemas ambientais, uma vez que não tem em consideração os limites do planeta e que os recursos naturais – mesmo os renováveis, que podem ser mal geridos – são, na verdade, finitos. Tanto a extração maciça e acelerada de materiais como a produção de resíduos criam uma enorme pressão sobre os ecossistemas que, desta forma, não têm capacidade para se regenerarem.
A constatação destes problemas levou à introdução de sistemas de reciclagem para valorizar os resíduos, ten-


tando diminuir a quantidade que é colocada em aterros ou enviada para incineração. No entanto, a economia da reciclagem não resolve o problema da produção e do consumo excessivos nem, consequentemente, da velocidade a que os resíduos são gerados e descartados.
No entanto, é importante relembrar que tanto a política dos 3 R's como a pirâmide da hierarquia de gestão de resíduos preconizam a prevenção e a reutilização como

Filipa Correia Marta Brazão
Circularidade

estratégias prioritárias, antecedendo a reciclagem. O foco excessivo nesta última estratégia não resolveu, como demonstram as taxas de reciclagem, os problemas previamente identificados. A oportunidade foi dada, mas a reciclagem não é suficiente.
Embora, não sendo um conceito assim tão recente como parece, a Economia Circular (EC) apresenta-se como um modelo alternativo sustentável à economia linear, colocando a ênfase em várias outras estratégias antes de se, efetivamente, destinar à reciclagem.
Em maior detalhe, a Economia Circular (EC) tem como objetivo dissociar a atividade económica da extração de recursos naturais, promover a prosperidade social e regenerar os ecossistemas naturais. Resumidamente, a EC procura reduzir a extração de matérias-primas, manter os recursos em utilização durante o máximo tempo possível e evitar, bem como valorizar, o desperdício tanto quanto possível.
Outro aspeto fundamental é a necessidade de uma mudança sistémica em todos os setores da sociedade para que a EC seja efetivamente implementada. Isso implica repensar o design de produtos e dos modelos de negócio, reduzir a quantidade e alterar a origem das matérias-primas utilizadas, além de redefinir políticas públicas que promovam a reutilização e o reaproveitamento dos materiais e dos produtos.
1.- Argamassas 2014 - I Simpósio de Argamassas e Soluções Térmicas de Revestimento, 5-6 Junho, ITeCons, Universidade de Coimbra: http://hdl.handle.net/10362/12507
Se olharmos para o caso do setor da Cerâmica, percebemos que, apesar de gerar uma grande quantidade de desperdícios – cerca “de 30% do que é produzido é, frequentemente, depositado em aterro”¹ – existem projetos e iniciativas que demonstram o potencial transformador da Economia Circular neste setor. Trata-se de repensar como produzimos, consumimos e, sobretudo, o que fazemos com os resíduos.
Felizmente, existem projetos e iniciativas que mostram que é possível transformar desafios ambientais em oportunidades criativas e económicas. A seguir, destacamos três casos de estudo que provam que a inovação e a sustentabilidade podem (e devem) andar de mãos dadas: Junta Cacos, o programa SPAL Ecodesign e a série SILVERSIDA da IKEA.
A Junta Cacos: Quando o Desperdício Ganha Nova Vida
O projeto Junta Cacos nasce da premissa de que os resíduos cerâmicos podem e devem ser valorizados, transformando-se em recursos para novas criações. O projeto promove a recolha e reutilização de fragmentos cerâmicos descartados, que ganham uma nova vida através de técnicas de restauro como o Kintsugi, e de processos criativos que exploram o Trencadís e o Terrazzo. Este trabalho não só reduz
Os
Circularidade

o desperdício, como também sensibiliza para a importância da reparação e da preservação da memória material dos objetos.
Mais do que uma prática artística, a Junta Cacos é um movimento que valoriza o potencial estético e funcional dos materiais considerados "inúteis", mostrando como o design pode ser um agente de transformação social e ambiental. O impacto do projeto vai além da criação de peças únicas, inspirando uma reflexão crítica sobre os nossos hábitos de consumo e o ciclo de vida dos objetos.
SPAL Ecodesign: Inovação Sustentável na Indústria Cerâmica
O programa SPAL Ecodesign foca-se em minimizar o desperdício desde a fase de conceção dos produtos. No processo de produção, sobras de cerâmica crua ou peças com defeitos são recolhidas, trituradas e reintegradas na massa cerâmica para dar origem a novas peças. Além disso, a SPAL

otimiza o design para reduzir o uso de materiais e melhorar a eficiência energética durante a cozedura. Esta abordagem fecha o ciclo produtivo, reduzindo a necessidade de matéria-prima virgem e diminuindo o impacto ambiental da produção
IKEA SILVERSIDA: O Erro de Produção Vira Design de Produto
A série SILVERSIDA, da IKEA, é um exemplo claro de economia circular. O processo começa com a recolha de resíduos cerâmicos gerados durante a produção, como fragmentos partidos e peças com defeitos. Estes materiais são triturados em pequenos grânulos e misturados com novas massas cerâmicas, criando texturas únicas que dão identidade aos produtos finais. Além de reduzir o desperdício, este método diminui a necessidade de extrair novos recursos e promove um ciclo de produção mais sustentável e eficiente.
O Futuro Está na Circularidade
Estes exemplos do setor cerâmico mostram que a sustentabilidade não é apenas uma tendência, mas uma necessidade urgente – e uma oportunidade criativa. O reaproveitamento de resíduos cerâmicos, seja através da arte, do design ou da inovação industrial, prova que é possível dar uma nova vida ao que antes era descartado, criando modelos de negócio mais resilientes e responsáveis.
O importante é perceber que cada material tem potencial para um novo ciclo, desde que o olhemos com a perspetiva certa. O futuro passa por desenhar produtos e processos que respeitem o planeta, valorizando o que já existe em vez de explorar o que falta. Afinal, a circularidade não é apenas uma solução – é uma tendência que está a moldar novos modelos de negócio, mais conscientes, inovadores e adaptados aos desafios do nosso tempo.
O caminho é claro: um futuro mais responsável e inspirador, onde o impacto positivo não é uma exceção, mas a regra.

Sustentabilidade
ETA DE LEVER TRANSFORMA RESÍDUOS EM RECURSOS
por Ana Costa, Responsável de Exploração e Produção da ETA de Lever
No cenário atual de crescentes desafios ambientais, a gestão de resíduos e o uso eficiente dos recursos assumem um papel central. A Águas do Douro e Paiva (AdDP) é um exemplo de como a inovação e a sustentabilidade podem caminhar juntas.
A AdDP é uma empresa pública, responsável pela captação, tratamento e distribuição de água potável a 22 municípios, assegurando o fornecimento de água potável, de forma contínua a 1,8 milhões de pessoas, produzindo cerca de 100 milhões de metros cúbicos de água por ano.
A Excelência da ETA de Lever
A Estação de Tratamento de Água (ETA) de Lever, com uma produção anual de 97 milhões de metros


cúbicos de água potável, é a maior infraestrutura da AdDP e um marco tecnológico no setor. Utilizando as mais avançadas tecnologias, como o sistema CoCoDAFF, (Counter Current Dissolved Air Flotation and Filtration) que combina flotação e filtração num único local, a ETA assegura água de excelente qualidade. No entanto, a eficiência do processo de tratamento de água gera também um desafio: as lamas de clarificação, resíduos resultantes desta etapa.
Tradicionalmente, estas lamas eram depositadas em aterro sanitário, o que acarretava elevados custos ambientais e financeiros. Para enfrentar este problema, a AdDP apostou na inovação, lançando o projeto "Das Lamas Nascem Telhas".
Das Lamas às Telhas: Um Ciclo de Sustentabilidade
Em 2003, a AdDP, em parceria com a Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto, o Centro Tecnológico da Cerâmica e do Vidro e uma empresa privada, atual BMI – CT Cobert Telhas, iniciou estudos para evitar a deposição das lamas em aterro. A solução identificada e implementada foi a valorização cerâmica: a incorporação das lamas na matéria-prima para a produção de tijolos e telhas.
Foram realizados ensaios à escala industrial com a incorporação da lama na matéria-prima para a produção de cerâmicos e analisados os impactos das emissões gasosas produzidas neste processo. Concluiu-se que a
Sustentabilidade

incorporação das lamas no fabrico de cerâmicos era viável numa proporção inferior a 3% na matéria-prima, sem efeitos na qualidade dos produtos finais.
Assim, desde 2006, as lamas da ETA de Lever são incorporadas na produção de cerâmicos, transformando um resíduo num recurso 100% valorizado.
Em 2024, cerca de 1.800 toneladas de lamas foram utilizadas na produção de 14 milhões de telhas. Desde o início do projeto, mais de 25.000 toneladas de lamas foram reaproveitadas, resultando numa economia de aproximadamente 1.25 milhões de euros quando comparado à deposição em aterro.
Impacto e Inovação
O projeto não se limita a resultados financeiros, uma vez que demonstra como a sinergia entre diferentes setores pode gerar soluções inovadoras e sustentáveis.

Além disso, está alinhado com os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável da Agenda 2030, promovendo a economia circular e reduzindo o impacto ambiental.
Num país onde milhares de toneladas de lamas de estações de tratamento de água ainda são depositadas em aterros, o projeto "Das Lamas Nascem Telhas" é um exemplo de como as empresas podem repensar os seus processos e transformar desafios em oportunidades, tratando-se de um projeto pioneiro de Eco-Inovação em Portugal.
A iniciativa da AdDP é uma demonstração clara de que a sustentabilidade não é apenas uma tendência, mas uma necessidade. Projetos como o da ETA de Lever evidenciam que é possível combinar inovação tecnológica, responsabilidade ambiental e viabilidade económica.
Reconhecimento Internacional
O projeto “Das Lamas Nascem Telhas”, foi recentemente premiado nos European Enterprise Promotion Awards 2024, na categoria de Transição Sustentável. Este reconhecimento promovido pela Comissão Europeia destaca as melhores práticas das empresas para a transição sustentável da economia europeia.
Ao transformar resíduos em recursos, a AdDP não apenas reafirma o seu compromisso com um futuro mais sustentável, mas também serve de inspiração para outras organizações seguirem o mesmo caminho. Afinal o ciclo da água é um contínuo de oportunidades de melhoria, pesquisa e valorização sendo cada vez mais crucial impulsionar práticas responsáveis e eficientes no uso dos recursos naturais.
Unidade
RESÍDUOS DE FUNDIÇÃO: MATÉRIA-PRIMA DE OUTROS SETORES
por
Helena Oliveira, Assessora da Direção da Associação Portuguesa de Fundição - APF
Introdução
A indústria de fundição produz peças para diversos setores e utilizações. Existem vários tipos de processos de fundição, sendo os mais comuns a fundição injetada ou em coquilha (que utiliza moldes metálicos, designados moldes permanentes, nos quais o metal é vazado) e a fundição em areia (que utiliza moldes de madeira, resina ou moldes metálicos que servirão para obter as moldações onde o metal será vazado).
No caso da fundição em areia, as peças são obtidas preenchendo, com uma liga metálica fundida, uma cavidade obtida pela compactação de areia em volta de um molde que replica a peça a obter. Este conjunto da areia compactada e respetiva cavidade (após a retirada

do molde) é designada moldação, que é descartada após o metal fundido ter solidificado e arrefecido. No caso das peças ocas, essas formas são obtidas por meio dos designados machos, igualmente em areia. A obtenção de peças em ferro fundido e em aço é feita pelo processo de vazamento em areia.
A figura 1 ilustra graficamente o processo de fundição em areia e mostra as operações de moldação, de abate e de reaproveitamento da areia durante as quais são gerados os resíduos de areia, os quais poderão ter diferentes encaminhamentos.

Helena Oliveira
Figura
Fluxo da areia no processo de moldação

As fundições reutilizam a areia diversas vezes, no entanto, a exposição repetida ao vazamento do metal a elevada temperatura e à abrasão mecânica, vai provocando a degradação das propriedades inviabilizando a sua utilização e levando, portanto, ao seu descarte. Quanto maior for a resistência à abrasão maior será o número de ciclos de reaproveitamento da areia.
Estima-se que o setor de fundição gere anualmente cerca de 60 000 toneladas de resíduos de areia, resultantes dos seus processos de moldação.
Existem dois processos de moldação principais utilizados na fundição, sendo a escolha dependente do tamanho da peça, do número de peças a fabricar e da natureza da liga a fundir.
Areia verde
O processo de areia verde utiliza areia de sílica (quartzo) aglomerada com bentonite, pó de carvão e água. Este tipo de moldação é utilizado para todas as séries de produção, mas sobretudo para as grandes e muito grandes séries. A bentonite (utilizada em percentagens entre 4 a 10% da areia) permite a ligação entre os grãos de areia e assegura a coesão da moldação. O pó de carvão (utilizado em percentagens entre 3 a 9% da areia), garante a permeabilidade da areia, permitindo a libertação dos gases formados no interior da moldação. [1]
A reciclagem para reaproveitamento da areia verde no processo requer o tratamento da areia, uma vez que contém uma série de corpos estranhos que têm de ser removidos (rebarbas metálicas, resíduos de machos, resíduos refratários, escórias). A areia recuperada é reciclada em instalações designadas por sistema de areias, onde é fragmentada, triturada, extraído o metal presente, peneirada, arrefecida e desempoeirada antes de ser enviada para os silos de areia recuperada e novamente para o processo de moldação.
Areia auto-secativa ou química
Nos processos de presa química, os grãos de areia são aglomerados com resinas (fenólicas ou furânicas) que são endurecidas através de uma reação química. A quantidade de ligante é muito pequena em relação à areia, não ultrapassando os 2 a 3%.
As técnicas mais frequentemente utilizadas para regenerar as areias quimicamente endurecidas são a mecânica e a térmica. A reciclagem consiste na remoção das impurezas, na redução dos torrões a grãos e na remoção do aglutinante aderente às partículas de areia.
Resíduos de areia
Os resíduos de areias de fundição resultam da degradação térmica das areias de moldação e de macho a altas temperaturas. Estes resíduos têm caraterísticas mineralógicas semelhantes às da areia original. As areias são constituídas principalmente por areia siliciosa ligada a uma fina camada de carbono queimado, resíduos de ligantes (provenientes dos machos) e finos. [1]
O teor de sílica varia entre os 90% (areia verde) e os 98% (areia auto-secativa). As areias de presa química, que contêm até 2% de resinas durante a moldação, estão praticamente isentas de resina depois do metal ter sido vazado. [1]
Podem distinguir-se três tipos de resíduos que, sendo areia, têm diferentes caraterísticas, a areia de moldação, a areia de macho e os finos. Distinguem-se pela sua granulometria e pelo tipo de ligante utilizado na composição. Em cada um destes subgrupos a distribuição do tamanho das partículas não é muito dispersa, com uma média entre 100 e 500 µm no caso da areia de moldação. No caso da areia de macho, existe o efeito do ligante químico, embora a granulometria seja idêntica à areia de moldação. Os finos provêm principalmente da incorporação de bentonite (areia verde) ou resinas (areia auto-secativa) como aglutinantes, bem como da fragmentação da areia devido a choques térmicos e mecânicos. [2]
Os desafios da Economia Circular
Com a transição de uma economia linear, em que os resíduos eram livremente descartados, para uma economia circular, focalizada na minimização da produção de resíduos, na sua reutilização ou na sua incorporação noutras indústrias que os possam utilizar como matéria-prima, impõe-se que os resíduos passem, tendencialmente, a ser encaminhados para soluções de incorpora-
Resíduos
ção noutras fileiras industriais, conceito que está na base do processo de fundição, com a utilização como matéria-prima de materiais metálicos em fim de vida, vulgo sucata.
Soluções de encaminhamento dos resíduos Descartada a areia de moldação que terminou o seu ciclo de utilização, três soluções se apresentam para o seu encaminhamento:
• Valorização em recuperação paisagística de pedreiras, caso a areia apresente caraterísticas de resíduo inerte, como é o caso da areia verde;
• Deposição em aterro industrial , no caso de se tratar de um resíduo não perigoso, como é o caso da areia auto-secativa. A escassa oferta de aterros e os preços praticados torna esta solução proibitiva;
• Utilização como matéria-prima de outros setores , como a cerâmica, betões asfálticos para construção de estradas, cimenteiras, construção, entre outros. Devido ao seu elevado teor de quartzo, à sua granulometria adequada e às suas boas propriedades mecânicas, as areias de fundição em fim de vida podem ser utilizadas como substituto da areia virgem. Acresce que, dependendo do desempenho exigido, a granulometria da areia pode ser corrigida através da adição de agregados naturais.
A incorporação dos resíduos / subprodutos de areia de moldação configura-se como a solução, tanto para a fundição como para os setores acima referidos, dada a utilização intensiva de areia desses processos. O descarte produzido pela indústria de fundição representa uma ínfima parte das necessidades de indústrias
como o betão asfáltico, o betão pronto, a cerâmica ou o cimento.
Assim, não é mais aceitável que setores que podem utilizar areias de fundição como matéria-prima nos seus processos industriais, o não façam, continuando a delapidar recursos virgens.
Apesar das dificuldades, são já extensos os exemplos de incorporação de areias de fundição, como na indústria cerâmica (figura 2), para a qual é considerado subproduto, em betões e em materiais de construção para os quais se pretende obter, igualmente, a declaração de subproduto. O grande desafio dos setores que se proponham receber este subproduto, passa por otimizar a percentagem de substituição de areia virgem por areia de fundição, mantendo a qualidade do produto que se pretende fabricar
Para a necessária mudança, no sentido da efetiva concretização da economia circular, é imperioso que se proporcionem condições mais favoráveis aos potenciais setores recetores desses subprodutos, potenciando a sua utilização, por exemplo, através de incentivos fiscais que torne mais atrativa essa utilização em detrimento de matérias virgens.
Referências
[1] Guide d’application - Acceptabilité environnementale de matériaux alternatifs en technique routière - Les sables de fonderie, CTIF, janvier, 2017
[2] Essais pour déterminer les caractéristiques géométriques des granulats – Partie 8 : evaluation des fines. Equivalent de sable. Norme NF EN 933-8+A1, juillet 2015

Figura
2Utilização de areia de moldação para fabrico de tijolo (cortesia da GRESLAR)
REAPROVEITAMENTO DE RESÍDUOS
DA CINZA DA CASCA DE ARROZ PELA INDÚSTRIA CERÂMICA
por Pollyane Márcia de Souto, Professora Associada do curso de Engenharia de Materiais, Universidade Tecnológica Federal do Paraná- Londrina, Paraná-Brasil
A indústria cerâmica desempenha um papel fundamental na economia global, tanto pela produção de muitos materiais essenciais na construção civil quanto pela cerâmica avançada, empregada em várias outras áreas. Porém, seu processo produtivo necessita de alta quantidade de recursos naturais não renováveis. Uma maneira de reduzir o consumo de matérias-primas virgens é substituir, parte delas, por fontes alternativas. Muitos setores industriais geram quantidades significativas de resíduos que não podem ser simplesmente jogados no meio ambiente. O descarte correto gera custos consideráveis para as indústrias


geradoras. Um exemplo disso é a casca gerada na produção de arroz. Após o beneficiamento, a casca que envolve o grão é desprezada, por não ter valor nutricional e nem comercial. Entretanto esta casca é formada por muitos compostos orgânicos (cerca de 80% em massa) e acaba sendo utilizada como fonte de energia, no próprio processamento do arroz nas indústrias beneficiadoras. Após a sua queima, ainda fica cerca de 20% em massa de resíduo inorgânico, a cinza da casca de arroz. Essas cinzas apresentam carbono residual que é poluente, por isso é nociva ao meio ambiente e não pode ser descartada sem tratamentos adequados, que custam caro. Geralmente este resíduo apresenta mais que 90% em peso de SiO2 (sílica). A cerâmica tradicional, por possuir composição química flexível nos seus produtos, tem grande possibilidade de incorporação desse resíduo em substituição parcial de suas matérias-primas virgens.
A cinza da casca de arroz introduzida à cerâmica tradicional pode atuar como redutor de plasticidade, que consequentemente aumenta a permeabilidade das peças, facilitando o processo de secagem. Também há estudos que avaliam a introdução das cinzas na produção da fase mulita, material refratário muito utilizado em mobília para fornos cerâmicos, filtros e catalisadores. Diante desse cenário, o reaproveitamento da cinza da casca de arroz surge como uma solução estratégica para
Pollyane Márcia de Souto
minimizar o impacto ambiental, gerado não só pelo setor cerâmico, mas também de outras áreas, além de potencializar redução de custos.
Produção de arroz no Brasil
O arroz é um dos alimentos mais consumidos no mundo. Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) 01, em 2023 o Brasil produziu 10.285.663 toneladas de arroz. A estimativa para a safra 2024/2025, segundo a Companhia Brasileira de Abastecimento 02, é de 11,99 milhões de toneladas de arroz. O potencial para a geração de resíduo da casca de arroz, após o seu beneficiamento continua enorme e tende a aumentar, com a elevação da produção da safra.
Utilização da cinza da casca de arroz em materiais cerâmicos
A casca de arroz representa cerca de 20% da massa total do grão, durante o beneficiamento do arroz a casca é removida, sendo um resíduo bastante volumoso e leve. Cerca de 80% da casca é formada por compostos orgânicos, como celulose, lignina, proteínas e óleos vegetais, por isso é muito empregada como fonte de energia nas próprias indústrias beneficiadoras de arroz. Entretanto, a queima elimina o material orgânico, ficando como resíduo final, as cinzas. Por ser um produto de origem natural, a sua composição química não é fixa, pois depende das características do solo cultivado, clima, etc. No geral, as cinzas apresentam teores de sílica (SiO2) maiores que 90%, com característica de material particulado bastante fino. A granulometria fina também é interessante do ponto vista que as matérias-primas cerâmicas são duras e as suas moagens necessitam de muita energia. Assim, há a possibilidade de substituição parcial de algumas matérias-primas virgens pelo resíduo rico em sílica.
No Brasil já há aplicação do resíduo da cinza da casca de arroz na produção de materiais cerâmicos, em escala comercial. Há um projeto-piloto em parceria da indústria Fumacense Alimentos com a Cerâmica Guarezi, que nos últimos 3 anos já destinou 1,9 mil toneladas de cinzas geradas para a fabricação dos tijolos sustentáveis (Figura 01) 03. Depois de vários estudos realizados, chegaram à conclusão da viabilidade da introdução de 15% de cinzas de casca de arroz à mistura. Os resíduos da cinza da casca de arroz são materiais não plásticos e ao substituírem as argilas, consideradas materiais plásticos, aumentam a permeabilidade dos


gases, favorecendo o processo de secagem dos tijolos, aumentando a produção.
Para entender melhor porque isso é possível, é necessário comparar algumas características das argilas e do resíduo. Várias características das partículas influenciam na sua plasticidade, como a capacidade de troca de cátions, teor de matéria orgânica, tipos de argilominerais, a forma e o tamanho das partículas. Porém, uma explicação mais simples considera a análise da forma e o tamanho das partículas. As argilas empregadas nos tijolos são formadas por argilominerais, que apresentam morfologia de placas planas com altíssima área superficial específica. Quando as argilas são umedecidas, estas placas de argilominerais aprisionam água entre elas e, pela ação da capilaridade, há dificuldade dessa água ser removida. Ao se aplicar tensões sobre as placas, elas deslizam facilmente, umas sobre as outras, mantendo a deformação (Figura 02), por isso há a plasticidade nas argilas. O resíduo da casca de arroz não tem a forma de placas planas, como as argilas. Ao substituir parte das argilas pelo resíduo, a massa passa a ter menos partículas na forma de placas, que aprisionam mais a água. Assim a água empregada na moldagem das peças consegue sair mais facilmente durante a secagem e os tijolos secam mais rápido. Além disso, a cinza da casca de arroz pode conter, além da
Figura
Figura

sílica, óxidos fundentes, formadores de fase líquida que auxiliam a etapa de queima, reduzindo o consumo de combustíveis e, consequentemente, os custos com energia. Isso é especialmente relevante em um setor onde os fornos de alta temperatura representam uma grande parcela dos custos operacionais.
O uso das cinzas da casca de arroz pode ser extrapolado para além da produção de tijolos. Por se tratar de um material rico em sílica, há vários estudos que comprovam o seu potencial de aplicação, entre outros, como carga na produção de polímeros, na produção de cimentos, concretos e cerâmicas refratárias, como a fase mulita. A mulita (3Al2O3:2SiO2) é uma fase estável, do sistema alumina-sílica, apresenta teor
de alumina que pode variar de cerca de 69% a 74% em peso. É um bom isolante térmico e elétrico. Também é inerte e apresenta baixo coeficiente de expansão térmica e, por isso, é bastante empregado em mobília de fornos cerâmicos. A sílica presente na casca de arroz pode ser a fonte de sílica, durante a síntese da fase mulita. Segundo a empresa brasileira que utiliza estes resíduos, em 3 anos foram feitos mais de 4 milhões de tijolos sustentáveis
Oliveira 04 estudou a possibilidade de aplicação de cinzas da casca de arroz na produção de estruturas celulares de mulita, bastante empregadas como filtros, catalisadores e refratários. O estudo teve início com cinzas com altos teores de carbono residual e a primeira constatação foi que esse excesso deveria ser eliminado. Para isso foi necessário queimar o resíduo a 800ºC, com patamar de 2 horas. A Figura 03 apresenta a alteração na cor do resíduo após a calcinação. A alumina e o resíduo


Resíduos
da cinza da casca de arroz calcinada foi misturada na proporção estequiométrica da fase mulita. Em seguida foi preparada uma suspensão com a mistura e para imergir os modelos celulares nela. A Figura 04 apresenta os resultados dos protótipos fabricados e a Figura 05 apresenta a estrutura celular final, após a queima. Foi constatado a possibilidade de obter as estruturas celulares de mulita, porém o processo precisaria ser aperfeiçoado, pois foram formadas fases residuais de alumina e quartzo. Há potencialidade para o reaproveitamento do resíduo da cinza da casca de arroz em várias áreas, porém é preciso investir em pesquisas para assegurar a melhor forma de incorporar os resíduos, sem comprometer a qualidade dos produtos finais. A compreensão disso exige estudos sobre a sua viabilidade técnica e possíveis impactos nas propriedades mecânicas e estéticas das peças cerâmicas.
Conclusão
É preciso olhar para o futuro e ver que o mundo em que vivemos precisa ser cuidado. Precisamos, urgentemente, adotar ações que busquem reduzir os impactos ao meio ambiente e preservá-lo. Espera-se que, no futuro, a inovação tecnológica e a economia circular possam atuar de forma ainda mais relevante na indústria cerâmica. Há um grande potencial para fazer o aproveitamento da cinza da casca de arroz pela indústria cerâmica. O desenvolvimento de novos materiais, a implementação de processos mais eficientes
e a ampliação da cooperação entre setores industriais podem consolidar o reaproveitamento deste resíduo como uma prática padrão, garantindo benefícios ambientais e econômicos em longo prazo.
Referências
01 - Produção de arroz. Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística , 2025. Disponível em: < https:// www.ibge.gov.br/explica/producao-agropecuaria/arroz/ br>. Acesso em: 03 de fev. de 2025.
02 - Produção de grãos 2024/25 é estimada em 322,3 milhões de toneladas com clima favorável para as culturas de 1ª safra. Companhia Nacional de Abastecimento , 2025. Disponível em: < https://www. conab.gov.br/ultimas-noticias/5895-producao-de-graos2024-25-e-estimada-em-322-3-milhoes-de-toneladascom-clima-favoravel-para-as-culturas-de-1. >. Acesso em: 03 de fev. de 2025.
03 - Em três anos, cinzas da casca de arroz já se tornaram mais de 4 milhões de tijolos. Fumacense Alimentos , 2025. Disponível em: < https://www. fumacensealimentos.com.br/noticia/212/em-tres-anoscinzas-da-casca-de-arroz-ja-se-tornaram-mais-de-4milhoes-de-tijolos>. Acesso em: 03 de fev. de 2025.
04 - OLIVEIRA, J. V. M. de; Estruturas Celulares de Mulita Sintetizadas a Partir da Cinza da Casca de Arroz . Trabalho de Conclusão de Curso – Engenharia de Materiais, Universidade Tecnológica Federal do Paraná. Londrina, 66p. 2017,

PRIMA
MATTERS
: RESÍDUOS COMO MATÉRIA-PRIMA
por Irena Übler , Product Design & Creative Director da Prima Matters
O PRIMA MATTERS é um projeto de investigação e design experimental desenvolvido pela designer industrial Irena Übler.
Lançado em 2023 no âmbito da candidatura de Aveiro a Capital Europeia da Cultura 2027, tem como propósito elevar os resíduos a materiais e objetos inovadores com a transformação de resíduos de cerâmica, cortiça, papel e plástico.
Através de uma abordagem inovadora para a reutilização de resíduos locais, esta iniciativa quer promover a economia circular, contribuir para um ciclo produtivo mais eficiente e permitir uma maior responsabilidade ambiental no design e na produção industrial.
A interseção entre design e ciência é central na proposta do PRIMA MATTERS. Por essa razão, uma iniciativa-chave do projeto é a criação de uma biblioteca


de materiais open-source, que partilha receitas e processos de fabricação. Uma livraria que facilita o acesso ao conhecimento e incentiva a práticas sustentáveis no desenvolvimento de materiais, como na cerâmica.
Valorização dos Resíduos Cerâmicos
A cerâmica é um dos materiais-chave na investigação deste projeto. Com a sua grande durabilidade, utilidade e apelo atemporal, este é um material que gera resíduos com um impacto ambiental significativo. Além do mais, o vidrado utilizado nas peças dificulta a decomposição, e esses resíduos permanecem no meio ambiente por milhares de anos.
Perante esta realidade, é imprescindível que se encontrem novas soluções de reciclagem. Principalmente para pequenos ateliês cerâmicos e instituições educacionais que possam ser mais facilmente afetadas pelos custos e desafios do descarte correto destes materiais.
Por esta razão, o PRIMA MATTERS iniciou uma investigação no distrito de Aveiro, utilizando resíduos

Irena Übler
Design
cerâmicos locais para gerar objetos que refletem a identidade da região.
A metodologia do PRIMA MATTERS assentou em 3 passos fundamentais:
1. Recolha de resíduos locais como matérias-primas;
2. Preparação, Transformação e Produção de novas amostras de materiais;
3. Desenvolvimento e aplicação no design

Cada etapa deste processo reforça a conexão entre cultura, criatividade e inovação para reimaginar estes resíduos como recursos valiosos.
1. Reaproveitamento de Resíduos
Inicialmente, foram recolhidos resíduos cerâmicos provenientes de processos industriais e de fluxos pós-consumo para explorar o seu reaproveitamento. No total, foram angariados:
• Cacos cozidos sem vidrado → 3,5 kg
• Cacos cozidos com vidrado → 9,45 kg
• Resíduos argilosos (porcelana, grés, barro, terracota) → 37,8 kg
• Resíduos orgânicos (como conchas de amêijoas) → 1,55 kg
• Resíduos minerais →0,8 kg
Estes resíduos vieram de diferentes fornecedores, incluindo ateliês, lojas especializadas e fornecedo-
res de materiais de construção. A Arquiles Cerâmica, a Fábrica da Grestel S.A., a Fábrica da Valadares, a Loja Ceramista, a Gazete, a Monica Santos Studio e a Pedro Santos Cerâmica são alguns dos principais responsáveis pela oferta de resíduos.
Além disso, materiais complementares foram obtidos a partir de sites de construção, como uma base de duche, tijolos e azulejos descartados, bem como objetos inutilizados provenientes da Faculdade de Belas Artes da Universidade do Porto.

Por fim, alguns materiais orgânicos também foram recolhidos, contribuindo para a diversidade de materiais reciclados utilizados. Por exemplo, conchas de amêijoas de um restaurante da zona costeira de Aveiro.
2. Transformação e Produção de Materiais
Os resíduos cerâmicos recolhidos passaram por um processo de trituração. Inicialmente, utilizaram-se martelos para fragmentar os pedaços maiores. Em seguida, os cacos foram passados por trituradores cerâmicos para a produção de um pó fino, como o moinho de martelo.
Esse pó foi combinado com matérias-primas líquidas em proporções de 30% de pó de resíduos de porcelana, grés, barro ou terracota e 70% de material bruto. Com a adição de água, quando necessário, foi possível ajustar a consistência de diferentes pastas.
Seguidamente, essas pastas foram colocadas em moldes de gesso para iniciar a fase de secagem.
Após a secagem natural, as peças foram submetidas à primeira fornada (queima bisque), realizada a uma temperatura de 950 graus Celsius. O que preparou a cerâmica para uma segunda fornada, a alta temperatura de 1200 graus Celsius, onde a resistência e a durabilidade das peças finais foram garantidas.


Com todo este processo, as diferentes pastas foram testadas de forma a explorar as melhores combinações e as suas possíveis aplicações pós-cozedura.
3. Desenvolvimento e Aplicação no Design
Dos fragmentos e do pó às amostras de azulejo, todas as experiências ilustraram a potencial transformação do desperdício, permitindo reimaginar os materiais em prol de um futuro mais sustentável.
No total, foram realizadas 111 amostras experimentais :
• 21 amostras de porcelana
• 21 amostras de grés
• 22 amostras de faiança
• 6 amostras de terracota
• 17 amostras com glazing
Estas novas receitas compostas com os resíduos que resultaram em "sample tiles" foram adicionadas à biblioteca de materiais.
Paralelamente, a convidada Inês Soares da Aquiles Cerâmica testou receitas selecionadas de pastas na roda de oleiro e criou uma série de copos, pratos e objetos experimentais.
Este trabalho resultou numa exposição no âmbito de Aveiro 2024 - Capital Portuguesa de Cultura, onde foram expostos 30 copos e vasos com acabamento vidrado usando o pó do despoeiramento e as lamas da fábrica Grestel.
Em suma, concluiu-se que é possível criar diferentes formas de incorporar resíduos cerâmicos na produção de novas pastas e objetos, promovendo a reutilização, a redução de desperdício e a circularidade na produção cerâmica.

C8-C9 Resíduos de lamas e pó despoeiramento, ambas da Fábrica Grestel
4-C7 Barro da Bajouca reaproveitado e resíduos de lamas, ambas da Loja Ceramista
Mud Matters: Um Exemplo Com Lamas
Outro dos projetos derivados do PRIMA MATTERS é o MUD MATTERS, que foi selecionado para a terceira edição da Porto Design Biennale. A iniciativa integrou o programa de Atividades Satélite com uma exposição e dois workshops dedicados à investigação das lamas de ETAR provenientes dos processos de limpeza de água na produção cerâmica, tanto da indústria como de ateliers.
Este projeto investigou processos de filtragem e formas de aproveitamento dessas lamas. E foram realizados testes "samples tiles" com diversas composições de 0% a 100% de lama para compreender a sua influência na mistura da argila.
As 65 amostras experimentais demonstraram a viabilidade do seu reaproveitamento, transformando-as em novas pastas cerâmicas recicladas. As misturas, que também incluíam pó de despoeiramento, revelaram um potencial criativo e inovador.

A ceramista e designer Monica Braga dos Santos fez parte do projeto e testou manualmente as pastas e criando uma série de objetos da água, com resultados interessantes na textura e nos acabamentos pós-cozedura. Para os dois workshops realizados, foram convidados ceramistas para partilhar as experiências sobre a transformação das lamas em novas pastas e para construir um sistema DIY de filtragem e reaproveitamento das lamas, em conjunto.
O projeto MUD MATTERS contou ainda com a colaboração preponderante da ARCH Valadares, Fábrica Grestel S.A., da FBAUP – Faculdade de Belas Artes da Universidade do Porto, do atelier Pedro Santos Cerâmica e da loja Ceramista.
Simbiose Industrial
Em todos os projetos, a interdisciplinaridade é um dos pilares do PRIMA MATTERS.
O projeto colabora com instituições como o CICECO - Instituto de Materiais de Aveiro, a Fábrica J. Prior e o OPOLAB - Precious Plastic Portugal, criando pontes entre diferentes indústrias. Além disso, a parceria com universidades possibilita a realização de workshops educativos para estudantes.
Deste modo, incentiva a reutilização e transformação de resíduos em novos produtos e soluções de design, ampliando o impacto positivo do projeto na formação acadêmica e no setor produtivo.
Além do mais, ao integrar resíduos de setores distintos (cerâmica, cortiça, papel e plástico), o projeto abre novas possibilidades para sinergias entre indústrias que antes operavam de forma isolada.
Por isso, o PRIMA MATTERS oferece também um serviço de consultoria a empresas que desejam integrar práticas sustentáveis e estratégias de reaproveitamento de resíduos nos seus processos produtivos, promovendo soluções inovadoras, colaborativas e ambientalmente responsáveis.
Design Sustentável
Também alicerçado na sustentabilidade, o PRIMA MATTERS estimula a reutilização e a inovação para reduzir a dependência de matérias-primas virgens e minimizar o impacto ambiental da produção.
Desta forma, a pesquisa de materiais sustentáveis aliada ao design permite a criação de objetos que respeitam o meio ambiente e atendem às necessidades de um consumidor consciente.
Construir um Ecossistema Circular Colaborativo
A sinergia entre design, ciência, educação e produção, promovida pelo PRIMA MATTERS inspira um ecossistema circular colaborativo para criar soluções sustentáveis e conscientes.
Ao desafiar os paradigmas tradicionais do design e ao incentivar a reutilização de materiais, o projeto reforça a importância de um design mais responsável e demonstra como a inovação pode transformar a indústria cerâmica e outras áreas do design sustentável.
Só assim será possível minimizar os impactos ambientais e criar oportunidades para um futuro mais
equilibrado entre a produção e o respeito pelos recursos naturais, de forma colaborativa.
Portanto, o PRIMA MATTERS está sempre disponível para novas colaborações, seja na exploração de diferentes resíduos ou materiais, seja no desenvolvimento de design para aplicação desses novos materiais.
Website: www.primamatters.com
Instagram: @prima_matters
Contacto: hey@primamatters.com”

GASES RENOVÁVEIS – UM
CAMINHO QUE PRECISA DE FORMAÇÃO
por Paulo Brito , Instituto Politécnico de Portalegre


O vetor hidrogénio e do biometano são vitais para irmos ao encontro das alterações necessárias para reduzirmos as emissões de gases de efeito de estufa, em particular, o dióxido de carbono, cuja principal fonte são os combustíveis fósseis. O aumento das emissões de dióxido de carbono tem vindo a desequilibrar o ambiente do planeta levando a outros estados de equilíbrio menos favorável à espécie humana e aos ecossistemas. Os combustíveis fósseis (carvão, petróleo, gás natural), que temos vindo a queimar de forma intensiva e crescente, ao longo dos últimos dois séculos, são os principais responsáveis por esse desequilíbrio devido à libertação de grandes quantidades de carbono, sob a forma de dióxido de carbono, que esteve armazenado durante milhares de anos e que agora é libertado sem que haja mecanismos naturais que o captem à mesma velocidade que é libertado. Para resolvermos este problema são necessárias políticas arrojadas e forte determinação política. A Europa definiu como objetivo o de atingir a neutralidade carbónica em 2050. Apesar de outras potências mundiais estarem a alterar este caminho, a estratégia da EU deve manter-se firme nesta trajetória de sustentabilidade. Este objetivo requer uma alteração do paradigma energético que temos atualmente sendo o hidrogénio um vetor que pode dar um grande contributo, já que permite ser aplicado em diferentes situações que vão desde a mobilidade à atividade industrial. Tal abordagem é vital para que indústrias muito intensivas em termos energéticos, como a indústria cerâmica, possam atingir objetivos de descarbonização.

No que diz respeito ao hidrogénio, este pode ser produzido a partir de um grande número de diferentes matérias-primas tal como a água, referida anteriormente, mas também o carvão, gás natural, biomassa, sulfureto de hidrogénio, hidretos de boro e outros, através de processos térmicos, eletrolíticos ou fotolíticos. Apesar
Paulo Brito

de atualmente a maior produção de hidrogénio ser a partir do gás natural, para aplicações na indústria petroquímica, é na produção de hidrogénio eletrolítico a partir de fontes de energia renováveis que se centra a maior aposta para dar corpo ao vetor energético hidrogénio, de acordo com as várias estratégias do hidrogénio apresentadas pelos vários países europeus. Mas, a produção de hidrogénio a partir de recursos biomássicos, em particular, recursos biomássicos residuais apresenta, também, um enorme potencial em Portugal. Tecnologias termoquímicas, tais como gaseificação e pirólise, permitem produzir hidrogénio a partir de uma variedade de biomassas residuais. A gaseificação é a conversão de um material sólido à base de carbono num produto gasoso constituído, essencialmente, por hidrogénio, monóxido de carbono, metano e hidrocarbonetos de baixo peso molecular, pelo fornecimento de um agente de gaseificação, oxigénio ou vapor de água, a temperaturas entre 800-900°C, a fim de otimizar a produção de hidrogénio. O gás produzido, rico em hidrogénio, pode depois sofrer um processo de beneficiação para aumentar a concentração de hidrogénio promovendo a reação com vapor de água catalisada (reação de Water Gas Shift ) e, posteriormente, purificado por processos de separação.
Relativamente ao biometano, este pode ser produzido por meio de processos biológicos (por exemplo, digestão anaeróbia com condicionamento adicional de gás) e por processos termoquímicos que normalmente incluem gaseificação seguida por uma etapa de metanação. Os processos de produção de biometano por gaseificação térmica ainda não estão disponíveis comercialmente (TRL 6-8). Ainda assim, o potencial de crescimento da tecnologia é grande a médio/longo prazo e a gaseificação pode ser vista como uma alternativa a explorar para diversificar a base tecnológica da produção de biometano. As principais vantagens do processo são a flexibilidade em termos de matérias-primas e a possibilidade de implementação a uma escala superior quando comparado com a digestão anaeróbia.
Dada a diversidade de tecnologias produtivas, a abrangência da cadeia logística e das aplicações possíveis, uma das necessidades urgentes e que está bem identificada na Estratégia para o Hidrogénio é a “Formação de Recursos Humanos que irão operar soluções tecnológicas implementadas em projetos desenvolvidos”. Efetivamente, a dinâmica que se pretende imprimir de desenvolvimento do vetor hidrogénio, vetor novo em Portugal, requer a formação de técnicos e pessoal especializado que possam operar e desenvolver processos nesta área.
O Instituto Politécnico de Portalegre tem vindo a abraçar este desafio tendo criado a Academia Para o Hidrogénio – A4H2, no sentido de ser um polo dinamizador de formação de recursos humanos que irão operar processos e tecnologias do hidrogénio e gases renováveis. Este é um projeto que se funda nas competências que o instituto tem vindo a desenvolver ao longo dos anos na temática do hidrogénio e gases renováveis quer a nível de investigação, no Centro de Investigação VALORIZA, quer em termos de formação avançada lecionando várias ofertas formativas nesta área. Refira-se, também, o recente curso de Doutoramento em Hidrogénio e Gases Renováveis, primeiro em Portugal, e que pretende desenvolver trabalhos de I&DT que permitam abarcar toda a cadeia de valor dos gases renováveis desde os aspetos tecnológicos, passando pela disponibilidade de recursos, e indo até a sua aplicação.
A produção de gases renováveis, em particular o hidrogénio e o biometano, a partir de recursos renováveis estão cada vez mais próximas do mercado e terão um papel importante na descarbonização de indústrias muito intensivas energeticamente, como a indústria cerâmica.
REGULAMENTO (EU) 2024/3110
REFORÇA O PAPEL DOS FABRICANTES DE PRODUTOS
NA CADEIA DE VALOR DO SETOR DA CONSTRUÇÃO
por Pedro Mêda, ICS – Instituto para a Construção Sustentável; CONSTRUCT/GEQUALTEC, Universidade do Porto, Faculdade de Engenharia
Contexto
Contrariamente ao esperado, a Comissão Europeia publicou ainda durante o ano de 2024 a nova versão do Regulamento de Produtos de Construção (RPC), o designado Regulamento (EU) 2024/3110. Esta decisão demonstra como a Comissão está empenhada no cumprimento de muitos dos objetivos propostos para o final da presente década em matéria de descarbonização e transição ecológica. Contudo, e não menos relevante, o novo diploma, que resulta de um extenso trabalho desenvolvido ao longo de mais de dois anos, introduz aspetos muito relevantes que contribuem para a eficiência e competitividade da cadeia de valor do setor


da construção. Neste artigo iremos focar um deles, o Passaporte Digital dos Produtos (PDP), enfatizando o legado existente e o reforço do papel dos fabricantes de produtos de construção na cadeia de valor. Como veremos, e sem prejuízo dos diversos desafios, o setor da construção tem uma oportunidade para demostrar que é possível assumir um papel de liderança no contexto da inovação comparativamente com outros setores, designadamente através da célere adoção do PDP com a consciência dos benefícios que aporta para todos os intervenientes, dos ganhos de eficiência nos processos de venda de produtos e ao longo das diferentes fases do processo construtivo.
O Passaporte Digital dos Produtos (PDP)
O Passaporte Digital dos Produtos foi introduzido na legislação europeia pelo Regulamento de Ecodesign, “Regulamento (EU) 2024/1781, requisitos de conceção ecológica dos produtos sustentáveis”, com o objetivo de implementar um conjunto de dinâmicas que visam a informação ao cliente em aspetos relacionados com a sustentabilidade, tais como pegada ambiental, pegada de carbono, durabilidade, entre outros requisitos de informação. Importa referir que o Regulamento de
Pedro Mêda
Ecodesign e o PDP se aplica a uma grande variedade de produtos nos quais se incluem os produtos de construção. Deste modo a leitura do diploma deve ser vista numa perspetiva abrangente de toda uma gama de produtos que ultrapassa em muito o setor da construção. O considerando número 32 do referido diploma aborda alguns dos pressupostos inerentes à introdução do Passaporte Digital dos Produtos:
“O passaporte digital do produto é um instrumento digital importante para disponibilizar informações aos intervenientes ao longo de toda a cadeia de valor e a existência de um passaporte digital do produto deverá melhorar significativamente a rastreabilidade de um produto de extremo a extremo ao longo de toda a sua cadeia de valor. Entre outras coisas, o passaporte digital do produto deverá ajudar os clientes a fazerem escolhas mais informadas, facilitando-lhes o acesso às informações pertinentes, permitir que os operadores económicos, a saber, fabricantes, representantes autorizados, importadores, distribuidores, comerciantes e prestadores de serviços de execução, e outros intervenientes na cadeia de valor, como clientes, oficinas de reparação profissionais, operadores independentes, recondicionadores, produtores de artigos remanufacturados, operadores de reciclagem, autoridades de fiscalização do mercado e autoridades aduaneiras, organizações da sociedade civil, investigadores, sindicatos
e a Comissão, ou qualquer organização que atue em seu nome, acedam, introduzam ou atualizem dados relevantes, e dar meios às autoridades nacionais competentes para desempenharem as suas funções, sem pôr em perigo a proteção de informações comerciais confidenciais.
A implementação do PDP numa ampla gama de produtos pretende assegurar um novo conjunto de métricas e potencialidades em diferentes setores, bem como introduzir melhores mecanismos de fiscalização.
O Regulamento de Ecodesign define regras gerais e muito focadas no tema da conceção ecológica. Contudo, estabelece pontos de ligação com atos delegados específicos que serão a curto prazo objeto de desenvolvimento. É neste contexto que, nos próximos anos, se antevê a definição de regras para o PDP em domínios como o têxtil, componentes eletrónicos, entre outros. Na atualidade, existem já dois atos delegados para o setor das baterias e para os produtos de construção.
Na realidade, a definição de regras específicas para diferentes setores será, na maioria das situações, a continuação de ações já implementadas, embora com um reforço nos requisitos de informação a disponibilizar e dos objetivos para a sua disponibilização, como se observa da leitura do considerando 32. É nesta perspetiva, da continuação de ações já implementadas,

Figura 1 • A estratégia de coerência e consistência legislativa da União Europeia leva a que o novo Regulamento Produtos de Construção tenha de ser lido e compreendido em interação com o Regulamento de Ecodesign e um conjunto de elementos focados no processo construtivo. A presente imagem é uma adaptação de uma imagem original produzida e apresentada pela Comissão Europeia Construção
Construção
que proponho que se olhe para o Regulamento (EU) 2024/3110.
Um longo caminho desde a Diretiva 89/106/EEC
Desde 1989, o setor da construção conta com uma Diretiva que teve como propósito o estabelecimento de condições harmonizadas para a livre circulação e comercialização no mercado interno da União Europeia dos produtos de construção. Além de um quadro regulamentar, procedeu-se ao desenvolvimento de uma linguagem técnica comum de modo a permitir a harmonização das condições para a avaliação da conformidade e do desempenho dos produtos e a sua declaração de forma normalizada por intermédio da marcação CE.
É este o legado que interessa assumir e explorar como ponto de partida para uma abordagem ao novo regulamento. Sem prejuízo das novidades e reforço dos requisitos de informação, durante um período de transição, o PDP deve começar a ser construído com base nos dados existentes, enquanto e em paralelo, se procede à revisão de todas as normas harmonizadas de modo a adequá-las às exigências de um suporte digital. Em termos práticos e para o caso dos cerâmicos, a
marcação CE preconiza a divulgação do desempenho relativo ao “escorregamento”. Sem prejuízo das alterações introduzidas pela revisão da norma harmonizada, neste caso a EN 14411, o desempenho e conformidade relativa ao escorregamento continuará a ser declarada, mas agora através de meios mais digitais, ou seja, através do PDP para os produtos de construção (PDP-C). Este exemplo aplica-se a um grande conjunto de outras propriedades, seja relativas à marcação CE, seja a outro tipo de dados.
O PDP, além de um instrumento digital para a divulgação dos produtos e informação aos clientes vem permitir todo um conjunto de mais-valias no contexto das fases do processo construtivo. De uma forma muito resumida, pode dizer-se que a transição digital no setor da construção tem vindo a concretizar-se através da adoção de novos sistemas e métodos de trabalho que têm uma crescente expressão no BIM – Building Information Modeling. O desenvolvimento de modelos 3D permite uma maior coordenação entre diferentes intervenientes e especialidades, designadamente para o estabelecimento de traçados de sistemas e identificação de possíveis colisões. Por exemplo, passa a ser possível antever na fase de projeto muitos problemas que

Figura 2 • O PDP-C agrega um conjunto de elementos de informação sendo que muitos deles já existem e irão manter-se. Esta noção é um ponto de partida fundamental para a fase de adoção voluntaria do Passaporte. A presente imagem é uma adaptação de uma imagem original produzida e apresentada pela Comissão Europeia.
seriam só detetados em fase de obra. O aumento da produtividade pode refletir-se muito para além das questões relacionadas com a geometria, uma vez que a inclusão de dados dos produtos pode permitir a realização de forma mais célere de um conjunto de análises que são relevantes para o desenvolvimento das fases de projeto e de obra. Se muito desse trabalho passa, atualmente, pela inserção nos modelos de alguns parâmetros, de forma manual ou semiautomática, o PDP-C irá permitir a materialização de uma ligação mais célere e mais completa entre os dados e os objetos modelados correspondentes.
Os benefícios decorrentes desta ligação direta, não só ao nível das caraterísticas de desempenho, mas também de outras associadas com a sustentabilidade, permitirá uma transformação na forma como as construções são coordenadas entre especialidades e na forma como as diferentes verificações são realizadas. Numa perspetiva mais abrangente, já se encontram em desenvolvimento atos delegados que visam permitir que esta informação se estenda de forma coordenada e dinâmica para além do processo construtivo, contribuindo para uma mais eficiente sistematização da informação para as fases de gestão da utilização e mesmo o fim de vida/desconstrução.
A publicação do novo Regulamento Produtos de Construção é recente, implica um extenso período de transição, os requisitos de informação que terão de ser divulgados pelos fabricantes são distendidos no tempo e a obrigatoriedade do Passaporte não é imediata. Contudo, dentro de pouco tempo, vai ser conhecido o modelo de funcionamento do sistema de passaportes digitais de produtos de construção, conforme prescrito no Artigo 75.º, e deve iniciar-se o período de implementação de PDP-C voluntário. Conhecer os detalhes deste novo instrumento e das suas potencialidades, seja para a atividade direta dos fabricantes, seja para os impactos que terão no processo construtivo, deve ser uma prioridade. Complementarmente, é importante proceder a uma atempada sistematização da informação existente e à reflexão estratégica sobre os novos requisitos de informação, ou seja, dados que passarão a ter de ser divulgados.
O setor da construção e os fabricantes de produtos têm vindo a construir ao longo das últimas décadas um legado ímpar ao nível dos mecanismos e das especificações técnicas/linguagem comum harmonizada para a livre circulação de produtos que importa capitalizar. A implementação voluntária e antecipada do passaporte digital dos produtos de construção é a melhor forma para demonstrar como esse trabalho é relevante e uma base fundamental para dar resposta aos desafios emergentes.
O desafio da Oportunidade

DO PAPEL AO PLANETA: A INTERSECÇÃO ENTRE INOVAÇÃO E RESPONSABILIDADE AMBIENTAL
por Filipa Pereira Silva e Mariana Bem-Haja FAF Sociedade de Advogados
Atualmente, verifica-se uma tendência na área do design – e não só – que transcende a estética, tendo como premissa uma maior consciencialização ambiental, num contexto atual em que são muitos os desafios ambientais e sociais.
Para além das práticas individuais que cabem a cada um de nós, enquanto consumidores, neste âmbito é necessário integrar práticas de sustentabilidade no processo de design de produtos, edifícios, mas também das próprias cidades, por forma a minimizar o impacto ambiental e social a longo prazo.
Nesta senda, é pertinente referir a eficiência de recursos, designadamente, no que concerne à construção, privilegiando recursos naturais, mas também materiais reciclados ou biodegradáveis e, nesse conspecto, utilizando técnicas que minimizam o desperdício dos mesmos. Por outro lado, é mister acautelar o ciclo de vida dos produtos, desde a extração dos materiais até ao seu desmantelamento ou reciclagem – publicando declarações ambientais de produto (DAP), elaboradas de acordo com as normas ISO 14025 e EN 15804 –, com vista à minimização do impacto ambiental, mas também a utilização de fontes de energia renováveis, bem como a promoção da construção de edifícios mais eficientes em termos energéticos.
De uma perspetiva normativa, o Decreto-Lei n.º 151-B/2013, de 31 de outubro, na sua redação atual, que estabelece o regime jurídico da avaliação de impacte ambiental (AIA) dos projetos públicos e privados suscetíveis de produzirem efeitos significativos no ambiente, transpondo a Diretiva n.º 2011/92/EU, do Parlamento Europeu e do Conselho, de 13 de dezembro, relativa à avaliação dos efeitos de determinados projetos públicos e privados, veio regulamentar, em Portugal, estas matérias, no âmbito da implementação de projetos como produtos cerâmicos por cozedura (telhas, tijolos, tijolos refratários,

ladrilhos, produtos de grés ou porcelanas); fabrico e montagem de automóveis; fabrico de cimento e cal; projetos de loteamento, parques industriais e plataformas logísticas; operações de loteamento urbano, incluindo a construção de estabelecimento de comércio ou conjunto comercial e de parques de estacionamento, entre outros, quando detenham determinadas características.
Esta Avaliação de Impacte Ambiental, de resto, já vinha consagrada, enquanto princípio, no artigo 18.º da Lei n.º 19/2014, de 14 de abril – a Lei de Bases da Política do Ambiente – estipulando-se, concretamente, que os programas, planos e projetos, públicos ou privados, que sejam passíveis de afetar o ambiente, o território ou a qualidade de vida dos cidadãos, carecem de uma avaliação ambiental prévia à sua aprovação, visando assegurar a sustentabilidade das opções de desenvolvimento.
Neste conspecto, a avaliação garante que o processo de tomada de decisão integra a ponderação de determinados fatores, tendo em conta, ademais, o estado do ambiente, a avaliação entre alternativas, o cenário de referência, contemplando ainda uma análise do ciclo de vida no caso de projetos suscetíveis de causarem impactes ambientais adversos significativos.
Ainda que o legislador não tenha compilado, para outras áreas, legislação específica, há várias estratégias e legislação avulsa que promovem o design sustentável e a

responsabilidade ambiental, como o Plano Nacional de Energia e Clima 2030 (PNEC), que visa reduzir as emissões de gases de efeito estufa, melhorar a eficiência energética e fomentar a utilização de energias renováveis; por outro lado, também o Código dos Contratos Públicos demonstra preocupação pela promoção da sustentabilidade ambiental, ao inclui-la como possível fator de avaliação das propostas, ou até como condição de execução do próprio contrato; a Diretiva (EU) 2018/851 de 30 de maio de 2018, do Parlamento e do Conselho Europeu, teve como objetivo reduzir o desperdício e promover a reutilização de materiais e produtos, incentivando as empresas a criarem produtos que possam ser mais facilmente reparados, reutilizados ou reciclados; o
Decreto-Lei n.º 101-D/2020, de 07 de dezembro, por outro lado, estipula, no seu artigo 6.º que os edifícios novos devem ter necessidades quase nulas de energia e desempenhos energéticos elevados; a Resolução do Conselho de Ministros n.º 45/2015, de 7 de julho, que demonstra preocupação ao nível do desenvolvimento sustentável, no âmbito das opções tomadas em termos arquiteturais e paisagísticos. Há, evidentemente, uma preocupação crescente em minimizar o impacto ambiental, seja no desenvolvimento de novos produtos, seja na construção de edifícios; a mudança para um design sustentável exigirá inovação de modo a encontrar soluções criativas que atendam às necessidades da população sem prejudicar o planeta.
Secção Jurídica
Figura 1 • Evolução das exportações portuguesas de produtos cerâmicos
Fonte: INE –Estatísticas do Comércio Internacional de Bens (dados definitivos de 2000 a 2023 e preliminares de 2024)
EXPORTAÇÕES PORTUGUESAS
DE CERÂMICA EM 2024
por António Oliveira, Economista da APICER
De acordo com os dados preliminares divulgados pelo INE em 10/02/2025, o valor das exportações portuguesas de produtos cerâmicos ascendeu a 878.338.756 euros no ano de 2024, o que representa um valor praticamente igual ao obtido no ano de 2023 (há uma variação residual de -0,1% em termos nominais).
Trata-se de um dos valores mais elevados de que há registo, só ultrapassado pelo resultado atingido no ano de 2021, embora aquele valor tenha sido obtido num contexto inflacionista em que a taxa de inflação atingiu o valor mais alto desde 1992.
Os pavimentos e revestimentos cerâmicos foram os produtos que mais contribuíram para as nossas exportações de cerâmica em 2024 (30,3% do valor total), seguindo-se a cerâmica de mesa e uso doméstico em faiança, grés e barro comum (28,9%), a louça sanitária (17,7%), a cerâmica ornamental (9,4%), a cerâmica de mesa e uso doméstico em porcelana (6,3%), as telhas cerâmicas (1,5%) e outros produtos cerâmicos (5,9%), conforme figura 2.
No seu conjunto, a cerâmica utilitária e decorativa representou 44,5% do valor das exportações portuguesas de produtos cerâmicos em 2024.
Exportações Portuguesas de Produtos Cerâmicos em 2024 Por Produtos (em % do valor total) Telhas cerâmicas
Pavimentos e revestimentos
Aparelhosparausos
Aparelhos para usos sanitários
Cerâmica mesa e uso doméstico porcelana Cerâmica mesa e uso doméstico não porcelana
Cerâmica ornamental
Outros produtos cerâmicos
Foi diferenciado o comportamentodas nossas exportações de cerâmica em 2024 relativamente a 2023. Foi registado um crescimento nas exportações de louça sanitária (2,4%), na cerâmica de mesa e uso doméstico não porcelana (5,0%), na cerâmica ornamental (2,0%) e nos outros produtos cerâmicos (3,6%). Em contração estiveram as exportações de telhas cerâmicas (-21,6%), de pavimentos e revestimentos cerâmicos (-4,7%) e de cerâmica de mesa e uso doméstico em porcelana (-6,3%).
No ano de 2024 as nossas exportações de produtos cerâmicos chegaram a 164 mercados internacionais. Em termos de áreas de destino, 66,8% do valor total exportado teve como destino o mercado intracomunitário e 33,2% foi transacionado no mercado extracomunitário.
Para o conjunto de produtos cerâmicos, a França foi o nosso principal mercado de destino, seguindo-se a Espanha, Estados Unidos, Alemanha e Reino Unido (figura 3).
No que diz respeito aos dez principais mercados de destino das nossas exportações de cerâmica em 2024, e estabelecendo a comparação com o ano de 2023, aqueles em que se verificou um maior crescimento das
Figura 2 • Exportações de Cerâmica, por Produtos, em 2024 Fonte: Estatísticas do Comércio Internacional de Bens
Produtos Cerâmicos
de Exportação de Portugal em 2024 França
Espanha Estados Unidos
Alemanha
Reino Unido
Países Baixos
Itália
Suécia
Bélgica
Canadá
Outros
Região de Aveiro
de Coimbra
Região de Leiria
nossas vendas, em termos relativos, foram a Alemanha, Canadá e Espanha. Em sentido inverso, os mercados que mais contraíram foram a Bélgica, Itália e Suécia.
O saldo da nossa balança comercial de produtos cerâmicos no ano de 2024 alcançou os 570.187.306 euros e a taxa de cobertura das importações pelas exportações ascendeu a 285,0% (a taxa de cobertura média para o conjunto de bens foi de 74,0%).
De entre os 99 capítulos que correspondem à NC (nomenclatura combinada), os produtos cerâmicos (capítulo 69) atingiram em 2024 o 4.º melhor desempenho no que diz respeito à taxa de cobertura das importações pelas exportações (a seguir aos minérios, pastas de madeira e cortiça) e o 12.º melhor desempenho em termos do saldo de comércio internacional (a seguir ao papel e cartão, cortiça e suas obras, gorduras e óleos, calçado, pastas de madeira, móveis e mobiliário, bebidas e líquidos alcoólicos, obras de ferro fundido, borracha e suas obras, vestuário e acessórios de malha e minérios e cinzas).
As regiões de Portugal onde existe uma maior concentração na produção de cerâmica e que mais
contribuíram para as nossas exportações de cerâmica no ano de 2024 foram o Centro (80,3%) e o Norte (10,7%), nos termos da localização geográfica definida pelas NUTS - 2013.
A Região de Aveiro foi responsável por 43,5% do valor das nossas exportações de produtos cerâmicos no ano de 2024, seguindo-se a Região de Leiria (19,8%), Norte (10,7%), Oeste (10,2%) e outros (figura 4).
A importância relativa das exportações de produtos cerâmicos no contexto das exportações nacionais de bens é diferenciada em termos regionais. A nível nacional, as exportações de cerâmica representaram 1,11% das exportações totais de bens em 2024. Na Região de Leiria representaram 7,50%, na Região de Aveiro 7,20% e no Oeste 5,27%.
Os municípios que mais contribuíram, em termos absolutos, para as exportações portuguesas de cerâmica em 2024 foram Ílhavo, Leiria, Aveiro, Anadia, Aveiro, Oliveira do Bairro, Vagos, Porto de Mós, Alcobaça, Batalha, Águeda, Alenquer, Barcelos e Santa Maria da Feira. No seu conjunto, estes 13 municípios representaram 75,7% do valor total das exportações de cerâmica em 2024.
Há que referir ainda que as exportações de cerâmica são muito relevantes nalguns municípios, no que diz respeito à sua contribuição para as respetivas exportações de bens, tais como Nazaré (56,5%), Batalha (38,0%), Ílhavo (27,0%), Anadia (26,5%), Oliveira do Bairro (26,5%), Condeixa-a-Nova (26,1%), Porto de Mós (18,1%) e Alcobaça (11,9%), só para referenciar os principais.
Tendo em consideração o meio de transporte utilizado nas nossas exportações de cerâmica em 2024 (figura 5), predominou o transporte rodoviário (61,5%), seguido do transporte marítimo (32,2%), transporte aéreo (1,2%) e outros e não aplicável (5,1%).
Exportações Portuguesas de Produtos Cerâmicos em 2024 Por Meio de Transporte (em % do valor total)
Transporte marítimo
Transporte rodoviário
Transporte aéreo
Outros e não aplicável
Figura 5 • Exportações de Produtos Cerâmicos em 2024, por meio de transporte Fonte: INEEstatísticas do Comércio Internacional de Bens
CERTIF FATURA MAIS
13 POR CENTO E TEM
300 NOVOS CLIENTES
Certificação de produtos da Construção, que inclui a Marcação CE, tem maior contributo para a faturação direta no estrangeiro, a qual representou 38 por cento do total.
A CERTIF, líder de mercado na certificação de produto, concluiu o exercício de 2024 com mais 300 novos clientes em carteira, alguns dos quais no estrangeiro, e um crescimento homólogo de 13 por cento na faturação.
Durante o exercício, a CERTIF foi qualificada como organismo de certificação para operar no âmbito dos esquemas de certificação do PolyCert Europe e da OCS- Operation Clean Sweep Europe.
1. Certificação de Produtos
A certificação de produtos continua a ser o core business da CERTIF, reforçando a sua liderança de mercado, com um crescimento de 11% em termos de faturação, com relevo para os produtos de construção que cresceram 6,7%. A certificação de produtos de construção, onde se inclui a marcação CE tem o maior contributo para a faturação direta no estrangeiro tendo representado 38,34% do valor total, sendo cerca de 8% fora da União Europeia.
A certificação de produtos para exportação tem o maior peso no setor elétrico beneficiando das marcas europeias de que a CERTIF é coproprietária e dos vários acordos de reconhecimento.
Foi desenvolvido um processo para certificação do teor de reciclado em produtos de plástico e, no final do ano, com resultado esperado em 2025, estavam em desenvolvimento novos referenciais no domínio dos aços e processos de soldadura.
2. Certificação de Serviços
A certificação de serviços teve um crescimento de cerca de 28%, sendo de realçar a certificação do serviço das empresas que trabalham com gases fluorados, com mais de 1.900 clientes, e o FER – Fim do Estatuto de Resíduo com grandes recicladores nacionais a procurarem a valorização dos seus resíduos, transformando-os em matérias-primas e produtos subsidiários.
3. Certificação de sistemas
A certificação é uma atividade complementar com vantagem para os clientes com certificação conjunta com o produto ou serviço, o que justifica os mais de 160 certificados emitidos.
4. DAP – Declarações ambientais de produto
A CERTIF continuou a participar ativamente nas atividades do Centro Habitat, sendo a única entidade reconhecida pela Plataforma para a Construção Sustentável como organismo de certificação que, com a sua bolsa de verificadores, atua no âmbito do Sistema DAP Habitat. Em 2024 houve um crescimento significativo face aos anos anteriores, com a emissão de 18 novas DAP, e com novos processos em curso. As 47 DAP em vigor abrangiam produtos como agregados, autoclismos, betões, clínquer, cimentos, pavimentos e revestimentos cerâmicos e de cortiça, painéis de fachada ventilada, placas de gesso e de fibrocimento, perfis poliméricos e perfis soldados de aço.
5. Relações internacionais
Membro de várias associações europeias e internacionais a CERTIF é subscritora de acordos de reconhecimento que permitem aos seus clientes aceder a marcas de conformidade de outros organismos, bem como a mercados onde a certificação é exigida.
Com clientes em 25 países a faturação direta no estrangeiro representou mais de 38% do total. Há a referir que uma grande percentagem dos certificados emitidos para clientes nacionais serve de suporte a exportações de produtos, graças aos acordos que a CERTIF subscreve.
Notícias & Informações
NOVIDADES DAS EMPRESAS CERÂMICAS PORTUGUESAS
NA FEIRA AMBIENTE 2025
por Albertina Sequeira, Vice-Presidente Executiva da Apicer
ANTÓNIO ROSA
A coleção Refined Heritage-since 1988, foi apresentada, é uma fusão harmoniosa entre tradição e os dias de hoje.
Inspirada nas formas clássicas da história da Antonio Rosa, criadas maioritariamente pelo seu fundador, ela preserva a elegância atemporal e a autenticidade dos tempos de outrora, ao mesmo tempo que é reinterpretada com uma visão contemporânea.
O design exibe linhas do passado, enquanto os acabamentos modernos conferem um brilho sofisticado ou texturas contemporâneas.


A paleta de cores pode combinar tons da actualidade e outros que nos remetem à história, com toques de cores mais vibrantes ou metálicas, que refletem a atualidade e a versatilidade dos objetos. Cada peça, ao mesmo tempo que evoca memórias do passado, é projetada para dialogar com o estilo de vida e as necessi-
António
António Rosa
Notícias & Informações


dades estéticas contemporâneas, criando uma coleção única que une o melhor de dois mundos.
AR since 1988
COSTA NOVA
COSTA NOVA apresentou novas coleções e expande oferta na Ambiente 2025, em Frankfurt .
A COSTA NOVA esteve presente na Ambiente, em Frankfurt, de 7 a 11 de fevereiro, com um stand de 150m² onde apresentou as suas mais recentes novidades para os setores de retalho e hotelaria. Reconhecida internacionalmente pelo seu tableware em grés fino produzido de forma sustentável em Portugal, a marca continua a expandir a sua oferta, trazendo novas coleções de mesa, assim como uma seleção de copos e vidros, decoração, talheres, têxteis e outros complementos para uma experiência completa.
Entre as novidades, destaca-se a ESCADA, coleção lançada oficialmente neste evento, assinada pelo designer alemão Carsten Gollnick. Criada especificamente para o setor da hotelaria, foi pensada para reinventar a apresentação gastronómica em hotéis e restaurantes, elevando a experiência dos clientes.

António Rosa Costa Nova

No setor do retalho, a COSTA NOVA apresenta a Summer Bliss, uma coleção exclusiva assinada pela artista francesa Laetitia Rouget, que introduz uma abordagem vibrante à mesa, ideal para o verão. A marca aposta também na renovação de clássicos, acrescentando novas cores a algumas das suas coleções mais icónicas: Rosé na coleção Rosa, e Cream & Green na intemporal Pearl.
Com um forte compromisso com o design, a inovação e a sustentabilidade, a COSTA NOVA continua a consolidar a sua posição como referência global no setor.
Sobre a Costa Nova Celebrar a vida, através da partilha de momentos à mesa com a família e amigos, serve de inspiração à COSTA NOVA.
A marca cria coleções de mesa em grés fino, aliando qualidade e design à melhor tradição europeia de fabrico cerâmico. Os produtos em grés da COSTA NOVA são inovadores e sustentáveis, produzidos a partir dos melhores recursos naturais em Portugal.
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Preservamos o trabalho artesanal no fabrico de cada uma das nossas coleções, levando para a mesa peças únicas e elegantes que se adaptam perfeitamente ao estilo de vida atual e perduram durante várias gerações.
A COSTA NOVA leva hoje o nome e a herança de Portugal a todo o mundo, com presença nos cinco continentes nas mais prestigiadas lojas de decoração e grandes armazéns e, também, em conceituados hotéis e restaurantes.
MATCERAMICA
Matceramica apresenta a coleção State of the Art na Feira Ambiente
Um equilíbrio entre natureza, design intemporal e inovação.
A Matceramica marcou presença na Feira Ambiente 2025, um dos mais prestigiados eventos do setor, para apresentar State of the Art , a sua mais recente coleção. Com um olhar contemporâneo sobre o design da cerâmica, a marca destaca-se ao unir tradição e tecnologia, incorporando pela primeira vez elementos desenvolvidos com recurso à Inteligência Artificial no processo criativo de algumas decorações.
Notícias & Informações . Kéramica . p.41
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Inovação e design inspirados na natureza
State of the Art reflete um diálogo entre o passado e o futuro, onde formas, texturas e acabamentos evocam memórias e despertam a perceção da beleza. Com uma abordagem artística e inovadora, a Matcera-

mica explora três conceitos: “Nature” celebra a autenticidade e a beleza encontrada na simplicidade, “Timeless” transcende tendências celebrando uma beleza mais clássica e “Heritage” que destaca o valor da tradição, honrando o passado na procura de um sentido de identidade.
Dando um passo arrojado rumo ao futuro, a Matceramica integrou Inteligência Artificial na criação de algumas decorações, utilizando a tecnologia para ampliar as possibilidades criativas, sem perder a essência da criação humana.
SOBRE A MATCERAMICA
A Matceramica é uma empresa de referência na produção de cerâmica utilitária, colaborando com marcas internacionais para oferecer soluções personalizadas e de elevada qualidade. Comprometida com a sustentabilidade, a empresa investe continuamente em práticas ecológicas, integrando materiais reciclados e otimizando processos produtivos para reduzir o impac-

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to ambiental.” A marca portuguesa de tableware define um novo capítulo na sua história com o lançamento de um rebranding e novas coleções exclusivas.
MESA CERAMICS
A Mesa Ceramics, fabricante de produtos de grés para mesa, sediada em Estarreja, apresentou-se mais uma vez na Ambiente, a maior feira mundial de Tableware em Frankfurt, Alemanha, onde revelou as suas propostas para a coleção de 2025/26.
Na perspetiva de Francisco Braga, “A Ambiente é a feira mais importante do ano. É uma oportunidade inestimável para apresentar as nossas últimas novidades e estabelecer contacto com clientes, amigos e até concorrentes. A energia positiva da feira é verdadeiramente inspiradora, e a Ambiente serve consistentemente como uma excelente plataforma para o desenvolvimento de novos negócios. Ficamos também honrados por termos sido reconhecidos, na Ambiente, pelo Ger-
man Design Council este ano, com dois German Design Awards – Excellent Product Design para as nossas coleções Akiko e Kaze.”
A nova coleção apresentada pela marca foi concebida para servir tanto o segmento de retalho como HoReCa (Hotel, Restaurant, Catering). A nova coleção centra-se nos produtos que utilizam a pasta ID7, uma inovação da empresa e de entidades externas, que tem ganho grande aceitação no mercado devido à sua durabilidade, elegância e resistência. Esta coleção mantém-se fiel ao ADN da marca, com os nossos belos e arrojados vidros reativos, complementados por técnicas de impressão digital de vanguarda que visam definir novas tendências.
“Analisámos atentamente as tendências do mercado e a evolução das necessidades dos nossos clientes, o que nos levou a selecionar uma coleção geral mais leve este ano, incorporando simultaneamente toques de cor marcantes”, afirma Francisco Braga.
No geral, a coleção 2025 reflete o compromisso da Mesa Ceramics com a inovação e a qualidade, combinando habilmente o apelo estético com o caráter prático para satisfazer as diversas exigências da sua clientela.
Foi durante a Feira Ambiente que a empresa firmou um acordo de parceria com a Global Tableware Collective (GCT) para o lançamento oficial da marca MESA no mercado dos EUA. A GTC é um empreendi-

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mento pioneiro dedicado à curadoria de uma seleção excecional de marcas de utensílios de mesa que incorporam o artesanato, a elegância e a inovação. Com foco na qualidade, sustentabilidade e satisfação do cliente, a GTC tem como objetivo redefinir a experiência gastronómica, oferecendo aos consumidores mais exigentes o acesso a produtos de louça de mesa de primeira qualidade de todo o mundo. A adição da MESA Ceramics acrescenta um grés fino de qualidade superior ao portefólio da GTC agora apresentado ao mercado dos EUA. Relativamente ao futuro, Francisco Braga prevê uma expansão da marca ainda maior em 2025, através da sua loja de fábrica com venda ao público, de um maior esforço de marketing e de uma abordagem focada nas feiras comerciais. “Em 2025, participaremos pela primeira vez em quatro das mais prestigiadas feiras nos sectores do retalho e da hotelaria: Ambiente, em Frankfurt; Salón Gourmets, em Madrid; NRA Show, em Chicago; e Host, em Milão.
NOSSE CERAMICS
Nosse Ceramics revela nova identidade e três coleções na Feira Ambiente, em Frankfurt
Uma abordagem sustentável que alia tradição, inovação e design responsável.
A Nosse Ceramics apresentou três novas coleções na Feira Ambiente, reforçando o seu compromisso com um design consciente e responsável. Este momento marcou também a renovação da identidade da marca, refletindo uma abordagem mais alinhada com os desafios do futuro: sustentabilidade, inovação e um profundo respeito pela tradição cerâmica.
A sustentabilidade molda a sua identidade
A procura por um futuro responsável reflete-se nas novas coleções da Nosse Ceramics, onde o design encontra a natureza e a tradição ganha novas formas.
SEA: inspirada na perfeição orgânica dos ouriços-do-mar, esta coleção captura o equilíbrio entre suavidade e robustez, criando uma experiência sensorial única que convida ao toque.
RETRO: uma interpretação contemporânea do legado da marca, onde formas geométricas e linhas retas se unem num design funcional e intemporal, pensado para ser naturalmente integrado em qualquer mesa.


Notícias

ODECEIXE: resultado de uma colaboração com o Chef Hugo Nascimento, esta coleção inspira-se na simplicidade dos seixos moldados pelo mar, trazendo a força e a alma da natureza para o universo gastronómico.
Um novo capítulo para a Nosse Ceramics
A renovação da identidade da Nosse Ceramics vai além da estética. É uma afirmação clara da sua missão: desenhar peças que combinam arte, funcionalidade e uma abordagem consciente dos recursos. A sustentabilidade não é um conceito abstrato, mas sim um princípio aplicado em cada detalhe, desde a seleção de materiais à longevidade das peças criadas.
SOBRE A NOSSE CERAMICS
A Nosse Ceramics é uma marca portuguesa apaixonada por tableware de cerâmica e pela forma como esta transforma os momentos à mesa. Inspirada no legado da cerâmica portuguesa, a marca combina tradição e inovação para criar peças com materiais sustentáveis, respeitando o ambiente em todas as fases do
processo. Nosse não é apenas uma marca de cerâmica, é uma celebração da tradição, da sustentabilidade e da importância dos pequenos momentos da vida.”
PERPÉTUA,
PEREIRA & ALMEIDA
A Perpétua, Pereira & Almeida (PP&A) esteve presente na edição de 2025 da Feira Ambiente, em Frankfurt, através das suas marcas Claraval e S. Bernardo, consolidando o seu papel de destaque na cerâmica decorativa a nível internacional.
A Claraval apresentou, pela primeira vez, as coleções Mia e Forbidden Fruit , ambas resultado da sua abordagem inovadora ao design cerâmico. A coleção Mia, inspirada na voz da jovem cantora Mia Benita, foi distinguida ao ser selecionada para a prestigiada exposição Trends 25+, reforçando o reconhecimento da marca no panorama do design contemporâneo. Já a coleção
Forbidden Fruit explora a interação de campos magnéticos para criar formas orgânicas, abrindo um novo capítulo na fusão entre tecnologia e arte na cerâmica.
A S. Bernardo destacou-se com o lançamento das suas novas coleções, com destaque para uma linha sustentável de porcelana decorativa, criada através da reutilização de desperdícios cerâmicos. Esta abordagem reflete o compromisso da marca com a inovação sustentável, mantendo a qualidade e a tradição que de -

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finem a sua identidade. Além disso, foram apresentadas algumas das coleções mais emblemáticas da marca, demonstrando a sua versatilidade e excelência na produção cerâmica.
Com um stand inovador e uma forte presença mediática, a participação da PP&A na Ambiente 2025 atraiu a atenção de clientes, parceiros e imprensa internacional. O destaque da coleção Mia na Trends 25+ e o

Perpétua, Pereira & Almeida
• S. Bernardo
Perpétua, Pereira & Almeida
Claraval
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impacto das novas coleções reafirmam a capacidade da empresa em aliar tradição e inovação, elevando a cerâmica portuguesa a um novo patamar de reconhecimento global
PORCEL
Porcel inicia 2025 com mais uma participação na Feira Ambiente
A participação na prestigiada Feira Ambiente, em Frankfurt, onde o objetivo da marca é reforçar a sua posição no setor tableware, apresentando novos produtos e um portfolio de técnicas exclusivas, sempre com o compromisso de excelência, inovação e design.
De 7 a 11 de fevereiro, no Hall 12.1, Stand B67, a Porcel convidou os visitantes a explorar uma das suas novidades para o novo ano. A coleção Royal Bloom é


uma celebração da nobreza que transcende o tempo, combinando a qualidade de excelência da Porcel com um toque delicado de romantismo. Inspirada pela grandiosidade dos bailes e jardins reais, celebra a transformação e o crescimento, onde cada flor revela toda a sua beleza. Evoca o requinte de tempos passados, com um toque de vitalidade e frescor.
O contraste entre o tradicional e o contemporâneo ganha vida através de um design simples e intemporal, onde as linhas da forma coupe resultam num visual mais moderno e fluído. Cada detalhe, combinado com a cor rica e vibrante do azul alto-fogo, carrega consigo a aura de antigas dinastias, evocando um sentimento de sofisticação e uma opulência subtil.
Com uma grande variedade de peças, Royal Bloom permite criar mesas versáteis, adaptando-se aos momentos contemporâneos sem perder a sua essência.
Esteve ainda em destaque a nova coleção Belle Époque PT, lançada em setembro. Inspirada na atemporal coleção Belle Époque, a nobreza do ouro dá lugar ao brilho singular da platina, conferindo uma nova personalidade e requinte a cada detalhe.
PORCEL
Calendário de Eventos
CEVISAMA’2025
(Ladrilhos Cerâmicos)
Anual – Valencia (Espanha)
De 24 a 28 de Fevereiro de 2025 cevisama.feriavalencia.com
NKBA|KBIS’2025
(Cerâmica Sanitária e Ladrilhos Cerâmicos)
Anual – Las Vegas (USA)
De 25 a 27 de Fevereiro de 2025 https://kbis.com/
THE INSPIRED HOME SHOW’2025 (Cerâmica Utilitária e Decorativa)
Anual – Chicago (EUA)
De 2 a 4 de Março de 2025 theinspiredhomeshow.com
EXPOREVESTIR’2025 (Ladrilhos Cerâmicos)
Anual – São Paulo (Brasil)
De 11 a 14 de Março de 2025 exporevestir.com.br/
HIP HORECA PROFESSIONAL EXPO’2025 (Restauração)
Anual – Madrid (Espanha) De 10 a 12 de Março de 2025 expohip.com/en/
ISH’2025
(Cerâmica Sanitária)
Bianual – Frankfurt (Alemanha) De 17 a 21 de Março de 2025 ish.messefrankfurt.com/frankfurt/en.html
ATLANTA MARKET’2025 (Design/Utilitária e Decorativa)
Anual – Atlanta (USA) De 1 a 4 de Abril de 2025 atlantamarket.com
The New York Tabletop Show´2025 (Cerâmica Utilitária e Decorativa)
Bianual – New York (EUA) De 8 a 11 de Abril de 2025 tabletopassociationinc.com
TEKTONICA’2025 (Construção)
Anual – Lisboa (Portugal) De 10 a 12 de Abril de 2025 tektonica.fil.pt/
SALONE DEL MOBILI’2025 (Design/Tendências)
Anual – Milão (Itália)
De 18 a 13 de Abril de 2025 salonemilano.it
COVERINGS’2025
(Ladrilhos Cerâmicos)
Anual – Orlando (USA)
De 29 de Abril a 02 Maio de 2025 coverings.com/
THE HOTEL SHOW’2025 (Cerâmica Utilitária e Decorativa)
Anual – Dubai (EAU)
De 27 a 29 de Maio de 2025 thehotelshow.com/
The National Restaurant Show.com’2025 (Cerâmica Utilitária )
Anual – Chicago (USA)
De 17 a 20 de Maio de 2025 nationalrestaurantshow.com
CONSTRUMAT’2025 (Construção)
Anual – Barcelona (Espanha) De 20 a 22 de Maio de 2025 construmat.com
EXCLUSIVELY’2025 (Design/Tendências)
Anual – Londres (UK) De 10 a 11 de Junho de 2025 exclusivelyshows.co.uk/
3DAY´S OF DESIGN’2025 (Design/Tendências)
Anual – Copenhaga (Dinamarca) De 18 a 20 de Junho de 2025 3daysofdesign.dk/
MAISON & OBJET’2025 (Cerâmica Utilitária e Decorativa)
Bianual – Paris (França) De 04 a 08 de Setembro de 2025 maison-objet.com
CERSAIE’2025 (Ladrilhos Cerâmicos)
Anual – Bolonha (Itália) De 22 a 26 de Setembro de 2025 cersaie.it
HOST MILANO’2025 (Restauração)
Anual – Milão (Itália) De 17 a 21 de Outubro de 2025 host.fieramilano.
DECOREX’2025 (Design/Tendências)
Anual – Londres (UK)
De 12 a 15 de outubro de 2025 decorex.com
LONDON BUILD ‘2025 (Materiais de Construção)
Anual – Londres (UK)
De 19 a 20 de Novembro de 2025 londonbuildexpo.com
BIG 5 SHOW´2025
(Materiais de Construção)
Anual – Dubai (EAU)
De 24 a 27 de Novembro de 2025 www.thebig5.ae/
ARCHITEC@WORK 2025 (Materiais de Construção)
Anual – Lisboa (Portugal) De 3 a 4 de Dezembro de 2025 architectatwork.pt//
MAISON & OBJET’2026 (Design / Cerâmica Utilitária e Decorativa)
Bianual - Paris (França) De 15 a 19 de Janeiro de 2026 maison-objet.com
MAIS CONCRETA’2025 (Construção / Tendências para arquitetura e interiores)
Anual – Porto (Portugal) De 06 a 07 de Novembro de 2025 concreta.exponor.pt/
THE INTERNATIONAL SURFACE EVENTE 2026 (Ladrilhos cerâmicos)
Bianual – Las Vegas (EUA) De 27 a 29 de Janeiro de 2026 https://www.intlsurfaceevent.com/
SURFACE DESIGN SHOW’2026 (Ladrilhos Cerâmicos)
Anual – Londres (R.U.) De 4 a 5 de Fevereiro de 2026 surfacedesignshow.com/

