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Gestão da Informação

GESTÃO DA INFORMAÇÃO E CULTURA DIGITAL NAS PME INDUSTRIAIS DE PORTUGAL

por Sónia Estrela, Universidade de Aveiro, Armando Malheiro da Silva, Universidade do Porto e Eliane Pawlowski Araújo, Universidade Federal de Minas Gerais.

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A Associação Portuguesa das Indústrias de Cerâmica e de Cristalaria é uma das parceiras de uma iniciativa que procura fortalecer a relação universidade-empresa e contribuir para a adoção de boas práticas de gestão de informação e de tecnologias digitais. Esta iniciativa, que consiste no desenvolvimento do projeto Gestão da informação e cultura digital nas PME industriais de Portugal: comportamento, memória e inovação (GIPMEI), é apoiada pelo Centro de Investigação Transdisciplinar Cultura, Espaço e Memória (CITCEM), da Universidade do Porto, conta com uma equipa multidisciplinar de investigadores de diversas universidades portuguesas e brasileiras e tem como outros parceiros diversas associações empresariais de relevo no contexto empresarial português¹.

Cenário

As empresas enfrentam atualmente uma intensa competição, globalização dos negócios e contínuo desenvolvimento tecnológico e este contexto, segundo o Professor da Universidade do Porto, Armando Malheiro, um dos coordenadores do projeto, enfatiza o papel da informação como ativo e recurso estratégico, apontando para a necessidade de sua gestão eficaz para estimular a competitividade das pequenas e médias empresas (PME). Esta gestão que é responsável, entre outros, por auxiliar as empresas a terem a informação correta, para as pessoas certas, nos formatos certos, nos momentos certos e a custos razoáveis, é uma realidade ainda distante em muitas empresas. Estudos exploratórios demonstraram que as PME têm dificuldades na forma como gerem a informação, com implicações na qualidade das decisões, o que pode condicionar a sua atuação e resposta aos desafios da economia global.

O projeto

Iniciado em janeiro de 2022, o GIPMEI foca-se nas PME industriais das regiões Centro e Norte (RCeN), que concentram cerca de 54% das PME portuguesas. A escolha pelo ramo industrial resulta da importância estratégica da indústria para o país, sendo este um setor no qual a competitividade, a inovação em tecnologias de informação e os desafios ambientais são especialmente sentidos. Com duração prevista de dois anos, o projeto contempla 2 fases: na primeira, a informação recolhida através de um inquérito e entrevistas a empresários permitirá fazer o diagnóstico das práticas de gestão de informação e do digital nas PME e desenhar um modelo de gestão de infocomunicação e memória ativa. A partir deste diagnóstico serão realizadas oficinas interativas com empresários e membros das associações empresariais parceiras para validar o modelo desenhado. Na segunda fase será realizado um piloto de preservação da memória empresarial que procurará validar os pressupostos da importância da informação armazenada para o estabelecimento de estratégias empresariais. Destaca-se, nessa fase, a memória organizacional, vista como uma questão económica e empresarial por constituir um capital de experiência conquistado pela empresa que deve ser otimizado mediante a sua disponibilização ao serviço da gestão, fornecendo informações sobre o posicionamento da marca, dos produtos e/ ou serviços e, ainda, do ativo patrimonial e identitário da empresa.

1 Uma apresentação mais completa do GIPMEI pode ser consultada em https://tinyurl.com/2p862kxf

Como desdobramentos desta investigação, serão organizadas sessões com as associações empresariais, com relevo para as parceiras do projeto, para apresentar as conclusões e o Guia de Boas Práticas de Gestão da Informação e Preservação da Memória que resultará do trabalho realizado ao longo do projeto.

Parceria

Conforme destaca Sónia Estrela, investigadora da Universidade de Aveiro e uma das coordenadoras do projeto, o envolvimento das associações empresariais e dos empresários é fulcral para os objetivos do GIPMEI, assim como para a sua divulgação, extensão e acompanhamento, dada a sua proximidade e o conhecimento prático do universo a estudar. Pretende-se, segundo a mesma investigadora, que o projeto constitua o início de uma cooperação de longo prazo entre académicos e mundo empresarial e que seja seguido de outras iniciativas porque, ainda que focado nas PME industriais das RCeN, o projeto é escalável, sendo possível alargá-lo a empresas de outros setores e espaços geográficos. Em suma, iniciativas e parcerias que contribuam para capacitar as PME a tornarem-se mais inovadoras, sustentáveis, digitais e resilientes. Informações adicionais sobre o projeto podem ser obtidas através do e-mail sestrela@ua.pt.