AGORA TAMBÉM EM FORMATO DIGITAL N.º 86 Distribuição Gratuita 3.º trimestre de 2022 SONHA COM TRABALHO, CASA PRÓPRIA E FAMÍLIA Ação Climática SALVAR A TERRA Geração da "Arte e Engenho" notícias Entrevista Especial Ano Europeu da Juventude Secretário de Estado da Juventude e do Desporto
Geração da “Arte e Engenho” sonha com trabalho, casa e família Entrevista Secretário de Estado da Juventude e do Desporto Linka-te aos Outros. “Os jovens podem sair do mundo digital e vir para a rua ajudar” Salvar a Terra. Adolescentes portugueses processam 33 Estados Carreira. Longo percurso universitário para fugir ao desemprego Saúde e sexualidade. Acabar com tabus na Guiné-Bissau Breves Internacional, Nacional, Mecenato Agenda + Loja AMI Voluntariado
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Ficha Técnica Publicação Trimestral
Diretor Fernando Nobre Diretora Editorial Luísa Nemésio Edição Ana Ferreira Redação Ana Martins Ventura Fotografia AMI, Direitos Reservados Paginação Companhia das Cores – Ana Gil, Lúcia Antunes Tiragem 52.000 exemplares Depósito Legal DL378104/14
02 | AGORA TAMBÉM EM SONHA COM TRABALHO, CASA PRÓPRIA E FAMÍLIA Ação Climática SALVAR A TERRA Geração da "Arte e Engenho" notícias Entrevista Especial Ano Europeu da Juventude Secretário de Estado da Juventude e do DesportoFoto: AMI DONATIVOS LOJA ONLINE FACEBOOK + FOTOGRAFIAS + TEXTOS + VIDEOS ACEDA À VERSÃO DIGITAL DA AMI NOTÍCIAS UTILIZE O LEITOR DE QR CODE DO SEU DISPOSITIVO MÓVEL E TENHA ACESSO A MAIS CONTEÚDOS. OS ÍCONES QUE ENCONTRA NO FINAL DOS ARTIGOS INDICAM-LHE OS CONTEÚDOS EXTRA A QUE TEM ACESSO ONLINE:
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JUVENTUDE:
QUE PRESENTE
E QUE FUTURO?
Este Editorial é, até hoje, o editorial mais difícil, mais desafiante que escrevo desde há décadas. Porquê? Porque é imperativo que a Esperança continue viva e motivadora perante os desafios, por vezes aterrado res, que já se vivem e que se avizinham. Sem Esperança e, muitas vezes até, sem Utopias, não há força possível para se vencer os obstáculos, as fortalezas, as mon tanhas que a distopia vigente está a erguer como se definitivas fossem.
A juventude, com a sua energia própria, a sua capa cidade inata de adaptação e de mudança únicas, demonstrará quão inovadora é e de que vontade férrea, de que capacidade transformadora é porta dora para enfrentar, pela positiva, os desafios presen tes, sobretudo se souber criar uma Cidadania Global Humana, Ética e Solidária que há tanto clamo.
Como pai e avô, com 71 anos à porta, vivencio diaria mente não só as dificuldades presentes das gerações mais novas, mas também a angústia das mais velhas, perante a incerteza latente e permanente de um pre sente hostil e de um futuro totalmente imprevisível.
O que dizer aos jovens?
Não vale a pena fingir ou negar. Os desafios que vão enfrentar e saberão ultrapassar são muitos: desem prego, depressão e talvez até fome e desespero…
Diz a sabedoria popular que, quando não sabemos para onde vamos, como no caso presente, devemos olhar de onde viemos a fim de aí podermos encon
trar os Ensinamentos e a Força que nos devem permi tir superar todos os obstáculos.
Olhem para o percurso histórico que a nossa Humanidade já trilhou nos últimos 10 a 12 mil anos, ou para não ir tão longe, pensem nas dificuldades que os vossos avós viveram e superaram no século XX.
Vocês têm algo de essencial que a minha geração já não possui, salvo raras exceções: a Força, a paixão, a chama criativa, inovadora e transformadora.
As pandemias, as guerras, as mudanças climáticas, as fomes sempre existiram com maior ou menor impacto. As gerações mais novas, mais sábias, mais fortes, mais adaptáveis à mudança e mais luminosas, sempre sou beram ultrapassá-las.
Façam-no com Ética, com Amor, com Luz, com Gratidão e com Determinação por vós próprios, pela Humanidade, pela Liberdade e Democracia e por este Planeta Maravilhoso que nos foi emprestado para que, em conjunto, o pudéssemos usufruir e cuidar enquanto por cá andamos.
Quanto aos arautos da desgraça e da manipula ção, ignorem-nos pois não contam já que o Futuro aos jovens, intrépidos e combativos que se questio nam, pertence!
Façam-no à vossa imagem: Forte, Feliz, Humana, Alegre, Positiva, Voluntariosa, Livre e Solidária, saibam servir-se da Inteligência Artificial apenas e só para esse objetivo.
Fernando de La Vieter Nobre Presidente e Fundador da AMI
© Gabriela Nemésio Nobre
SUMÁRIO + EDITORIAL | 03
GERAÇÃO DA “ARTE E ENGENHO” SONHA COM TRABALHO, CASA PRÓPRIA E FAMÍLIA
O que os jovens desejam? Afirmam ter “mais direitos do que nunca, mas, apenas no papel, porque, na realidade, muitos não se concretizam”. Com salários desfasados da realidade nacional e europeia e sem acesso a habitação, eles tentam mudar Portugal.
São a geração com mais tempo para ser jovem, dos 15 aos 30 anos, e com mais formação académica desde o 25 de abril. Netos e filhos da liberdade de expressão, este poder não tem sido o suficiente para se libertarem de amarras sociais e financeiras. Estudantes ou inseridos no mercado de trabalho, os jovens portugueses de hoje enfrentam o maior índice de precariedade laboral de sempre. Este é, talvez, o seu maior desafio, mas não o único. No Ano Europeu da Juventude, os jovens lutam por valo rização salarial, habitação, cultura, educação, constituir família. Os obstáculos enfrentam-se com arte e engenho, participação nas decisões políticas e empreendedorismo. Com 21 anos, Délcio Pascoal é um homem de vários ofí cios, de comercial imobiliário a músico e poeta. Garante que já “viveu algumas coisas” e decidiu “começar a tra balhar uma semana antes de fazer 18 anos, para enfren tar um futuro exigente, onde tudo parece cada vez mais difícil e caro”.
Nas suas composições, Délcio Pascoal desafia os outros jovens com poesia, declamando que “cada dia em que nos levantamos é um dia que nos traz esperança. Então porque não aproveitar o dia de hoje para ser melhor, no lugar de ficar a pensar no amanhã?”. Disposto a passar uma mensagem, o jovem compõe de improviso. “Temo-nos perdido muito, temos sofrido muito por maus pensamentos. Temos sofrido muito pelos nossos tormentos, pelos lamentos, quando podemos alegrar-nos muito por aquilo que temos. Vamos parar de procrasti nar, parar de sonhar tanto e marcar objetivos. Porque a vida tem um encanto e pode dar tanto àqueles que pro curam sempre o bem. E quando brindarem, brindem ao sucesso dos outros. E se perguntarem: e o nosso? O nosso está garantido”. Entre os negócios, música e poesia, Délcio Pascoal tem “sempre um tempo marcado para o voluntariado na HIPARTHOP”, associação criada em 2019, com sede na
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Costa da Caparica, e dedicada a ateliers de música, dança e pintura.
Ao lado de Délcio na HIPARTHOP, Nicole Reis, com apenas 15 anos, também dedica parte da sua vida ao volunta riado. A estudante quer “fazer algo mais pelos jovens da sua idade e pelas crianças”.
Em 2022, Délcio e Nicole representam parte da “jovem geração que tem mais visão de mundo, que mais viaja, lê e consome e a mais qualificada de sempre, com um baixo abandono escolar”, segundo dados da Secretaria de Estado da Juventude e do Desporto. Em 2020, menos de 1 em cada 10 jovens abandonou o sistema e 45% ter minou o ensino secundário através de uma via profissio nalizante. O número de jovens a concluir o ensino superior também é cada vez maior.
A juventude portuguesa duvida deste retrato e a Secretaria de Estado da Juventude e do Desporto reco nhece que “esta geração vê, cada vez mais, os seus proje tos de vida adiados, o que significa que saem mais tarde de casa das suas famílias e mais tarde decidem avan çar para a constituição de família”. É, também, “a gera ção com maior índice de vínculos de trabalho precários”.
PRIMEIRO: EDUCAÇÃO E SAÚDE.
DEPOIS: O LUXO DO EMPREGO
Ana Catarina Mora, 26 anos, recém-licenciada em Psicologia, está “entusiasmada” por começar uma nova etapa da vida, mas confessa-se “receosa pela precarie dade que o mercado de trabalho encerra, mesmo numa área profissional em que são necessários tantos profissio nais no Serviço Nacional de Saúde [SNS]”. Uma perspetiva que confirmou na universidade, quando passou por uma depressão e se deparou com “um acesso à saúde mental limitado dentro da faculdade e no SNS”, motivo este que levou a psicóloga a defender “mais cuidados de saúde mental à disposição dos alunos, no ensino superior”. José da Mata, recém-licenciado em Direito e operador de caixa numa superfície comercial há vários anos, reconhece que “hoje, todas as profissões, mesmo as que têm mais pro cura no mercado de trabalho, enfrentam graves dificul dades face ao que o Código de Trabalho deve prover”. Mas, mais do que o trabalho, aos 25 anos, o futuro advo gado valoriza, tal como Ana Catarina Mora, a saúde men tal. Defende que os jovens devem “procurar ser felizes, afi nal é esse o objetivo da vida”.
SALVAR A JUVENTUDE EM TRÊS ANOS
Cátia Lopes, assistente social no Centro Porta Amiga das Olaias da AMI, conhece o custo da independência desde a adolescência, e afirma que para serem felizes e viverem o seu tempo, “os jovens precisam que os deixem ser jovens”. “Não está a ser possível concretizar devido aos baixos salá rios e elevados custos de vida, por exemplo, como o arren damento de casa”, encargo financeiro pesado que leva os
“Esta geração vê, cada vez mais, os seus projetos de vida adiados, o que significa que saem mais tarde de casa das suas famílias e mais tarde decidem avançar para a constituição de família.”
jovens a trabalharem além de um horário normal, “afas tando-os da possibilidade de pagar, por exemplo, uma semana de férias, um bilhete para um concerto, uma peça de teatro”.
A assistente social de 28 anos questiona: “que tempo resta para se ser jovem?”. A solução estaria, talvez, “numa revisão do salário mínimo nacional para um valor mais elevado e em benefícios na habitação, adaptados a diferentes fai xas da juventude”.
Para corresponder às expectativas dos jovens, o Governo definiu o Plano Nacional da Juventude 2022-2024 que tem como prioridades o acesso ao trabalho e à habitação. Cátia Lopes tem “sérias dúvidas sobre a concretização de um plano tão ambicioso em menos de três anos”. Uma opi nião partilhada com a colega de trabalho, Beatriz Ferreira.
FUTURO ESTÁ NA CRIAÇÃO DO PRÓPRIO TRABALHO
Com foco na saúde mental, Beatriz Ferreira afirma que “os jovens estão a sofrer um profundo stress profissional e financeiro que trará danos à saúde mental de várias gerações”. A psicóloga não esquece os amigos que, depois de chegarem ao mercado de trabalho, “se desviaram da área de formação académica para conseguirem pagar contas”. Muitos viram os seus sonhos frustrados. Outros, “na mudança, reinventaram-se como empreendedores”. Nuno Ferreira, coordenador do Conselho de Gestão da Associação Nacional de Jovens Empresários defende que a reinvenção pessoal e a criação do próprio trabalho apenas são possíveis porque, “os jovens empresários são hoje, em regra, mais qualificados e cosmopolitas”. Os maiores investimentos verificam-se na “inteligência arti ficial, internet das coisas, big data, realidade virtual ou aumentada, cibersegurança, biomedicina, mar, energias”. E, nestas áreas, seis empresas, lideradas por jovens por tugueses, tornaram-se “unicórnios” do mundo empresa rial: Talkdesk, Outsystems, Anchorage Digital, Sword Health, Feedzai e Remote.
“O espírito empreendedor e a cultura de risco empresa rial estão cada vez mais presentes nas novas gerações” e serão a arma dos jovens de 2022 para a tão desejada e difícil emancipação. Nuno Ribeiro garante “deixou de ser invulgar os jovens portugueses, após concluírem os seus estudos, ou mesmo durante os cursos, fundarem empresas”.
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O acesso ao trabalho e à habitação é a grande aposta do Governo para a emancipação dos jovens nos próximos anos. Centenas de linhas mestras já estão desenhadas num plano a ser aplicado de 2022 a 2024 e ao qual João Correia, Secretário de Estado da Juventude e do Desporto, pretende dedicar o seu trabalho nesta legislatura. As orientações vieram do centro da Europa e as respostas foram dadas pelas associações de estudantes e pelo Instituto Português do Desporto e da Juventude.
Portugal tem em mãos a oportunidade para recuperar o decréscimo da população jovem, registado ao longo dos últimos anos. Segundo o Instituto Nacional de Estatística, pouco mais de um milhão de habitantes tem idade compreendida entre os 15 e os 24 anos. Os adolescentes e jovens adultos representam apenas cerca de 10% da população.
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“SEM MELHORES SALÁRIOS NÃO TEMOS NOVAS GERAÇÕES EMANCIPADAS E TALENTO APLICADO EM PORTUGAL” JOÃO CORREIA SECRETÁRIO DE ESTADO DA JUVENTUDE E DO DESPORTO
Portugal é um país para jovens?
Temos dedicado muito à juventude trabalhando com especial atenção na emancipação dos jovens, sendo um dos grandes objetivos da XV Legislatura assumida por este Governo a 29 de março de 2022. Posso dizer que, sim, somos um país para jovens, tanto que os tor námos prioritários na emergência social.
Um trabalho que Portugal, tal como os outros países membros da União Europeia, está a desenvolver de forma concertada com a Comissão Europeia, a come çar pela definição de 2022 como Ano Europeu da Juventude, depois de se ter verificado que 2020 e 2021 foram anos muito duros para os jovens. Um período em que a sua autonomia ficou muito comprometida.
Temos questões por resolver no acesso ao trabalho e a melhores salários; no acesso a cuidados primários de saúde, seja no serviço público ou no setor privado (em ambos as consultas de psicologia deviam ser mais aces síveis); sem esquecer o acesso ao conhecimento cientí fico e à cultura.
Faltas que nos transportam para a prioridade da trans formação social, de modo a conseguirmos recuperar o crescimento da nossa faixa etária mais jovem.
Temos mais jovens talentos além-fronteiras, do que temos dentro de portas?
São cada vez menos os jovens que decidem emigrar. É uma tendência que deriva das políticas públicas dos últimos seis anos e que importa acelerar com novas res postas, através das mais de 400 medidas do novo Plano Nacional da Juventude 2022-2024.
A pandemia e, agora, a guerra remeteram-nos para a emergência do Ano Europeu da Juventude e de colo car em prática um plano que, nos próximos anos, per mita alavancar a qualidade de vida dos jovens e recu perar, ainda mais, a sua vontade de fixação em Portugal.
E quem é esta nova geração que fica em Portugal?
Os jovens de hoje representam, afinal de contas, a gera ção com maior acesso ao ensino superior e maior taxa de conclusão da formação superior desde o 25 de abril [de 1974].
Estamos perante a jovem geração mais qualificada de sempre. O abandono escolar é cada vez mais baixo. Em 2020, menos do que 1 em cada 10 jovens abandonou o sistema de ensino. Sabemos, também que, nesse ano, 45% dos jovens terminou o ensino secundário através de uma via profissionalizante. E o número de jovens que ter mina o ensino superior é cada vez maior.
Esta é a geração com mais visão e mundo, a que mais viaja, lê e consome. É também aquela em que a juven tude se tornou uma longa fase da vida. Aos 15 anos os jovens entram no ensino secundário e, em média, saem de casa da família aos 30 anos. Também, em média, aos 31 anos, iniciam os seus projetos de construção de família.
Com a Europa a enfrentar a Covid-19 e a guerra na Ucrânia, o Ano Europeu da Juventude mantém-se prioritário?
A nível mediático corremos o risco de perder visibilidade, porque a guerra na Ucrânia e a pandemia continuam a ocupar a maior parte do espaço e tempo dos media e da opinião pública. Mas, nos bastidores, o trabalho para garantir a emancipação das gerações mais jovens está ativo.
O grande objetivo deste ano, em Portugal, passa pela aprovação do Plano Nacional da Juventude 2022-2024. Ainda em circuito legislativo, a aguardar aprovação, o documento deve ser aprovado até ao fim deste ano e elenca 400 medidas para garantir direitos fundamen tais em áreas prioritárias para os jovens. Medidas defi nidas em concertação com a Comissão Europeia e de acordo com dados recolhidos pelo Instituto Português do Desporto e da Juventude, através da auscultação de associações de estudantes em todo o país.
Como o novo Plano Nacional da Juventude vai intervir no futuro?
São grande foco deste plano a emancipação e auto nomia; educação para a ciência; cidadania; estilos de vida saudáveis e cultura. Áreas através das quais se pre tende promover a integração no mercado de trabalho, o acesso à habitação e estímulo ao empreendedorismo. Assim como o acesso a serviços públicos de qualidade e promotores da integração das pessoas jovens.
“Será fundamental o mercado imobiliário adaptar-se à realidade dos jovens portugueses.”
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A promoção da emancipação e autonomia mantém -se no centro do trabalho a concretizar. Será alcançada através da igualdade; a aprendizagem informal e for mal; igualdade no acesso ao ensino superior e na fre quência do ensino superior; acesso à ciência e conheci mento científico.
Há ainda lugar para a promoção da cidadania através da participação ativa dos jovens no desenvolvimento sustentável; e promoção do acesso à fruição cultural e criação artística.
Na saúde espera-se conseguir promover a atividade física e estilos de vida saudáveis; a prevenção de com portamentos de risco; e o acesso à saúde por todos. Direitos transversais a toda a sociedade que se têm reve lado difíceis de alcançar pelas gerações mais jovens.
Será ambicioso garantir a emancipação dos jovens em três anos? Estamos a falar de 705,00 euros de salário mínimo para pagar 700,00 euros de renda de casa. Reconheço que o atual contexto económico e social tem dificuldades acrescidas na emancipação dos jovens. É necessário mobilizar os jovens e os investidores para o mercado de trabalho português e isso requer melhores salários. Até porque sem melhores salários não temos novas gerações emancipadas e talento aplicado em Portugal.
O Governo tem trabalhado no aumento do salário mínimo nacional [em 2015 era 505,00 euros, em 2022 alcançou os 705,00 euros]. Também não podemos esquecer que os salários médios necessitam igualmente de uma revisão. Para concretizar isso é importante que as empresas possam oferecer boas condições de traba lho aos jovens licenciados, compatíveis com a sua forma
ção e talento. Mas, as empresas estão a enfrentar uma recessão que ainda não sabemos onde levará Portugal e a Europa.
Depois, pelo que que assistimos em 2021, com a con testação do Orçamento de Estado e a convocação de eleições antecipadas, percebemos que o aumento do salário mínimo nacional e do salário médio necessitam de grande concertação entre o Governo, os sindica tos e as empresas. Algo que pode ser difícil de alcançar. No sector da habitação, por agora, o Governo está a trabalhar em medidas para que milhares de habitações tenham renda acessível.
Mas não pode ser tudo responsabilidade do Governo, as empresas têm o seu papel.
Para mudar será fundamental o mercado imobiliário adaptar-se à realidade dos jovens portugueses. Temos jovens com salários médios que, com esforço, conseguem fazer frente aos altos valores das rendas. Depois os que têm salários altos, com poder de compra que influen cia o movimento no mercado imobiliário. Mas, aqueles que apenas contam com o salário mínimo nacional são a maioria e os mais novos, por isso é importante ter imó veis com rendas acessíveis para eles.
Quanto à quota de responsabilidades das empresas, sabemos o quanto tem sido difícil chegar a acordo.
“Se a educação e o exercício da cidadania foram elementos transformadores nos últimos 50 anos, então hoje os jovens devem ter acesso ao poder e aos lugares onde o seu futuro é decidido.”
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As dificuldades financeiras das pequenas e médias empresas são grandes, mas é preciso apostar nos salá rios para reter talento em Portugal. Nesse aspeto, sem a valorização dos jovens trabalhadores, nada será possível.
Além do trabalho e habitação, que outros desafios e conquistas estão no caminho?
As nossas gerações mais jovens conquistaram a educa ção, o conhecimento, agora querem ter uma palavra a dizer sobre os seus direitos.
Se a educação e o exercício da cidadania foram ele mentos transformadores nos últimos 50 anos, então hoje os jovens devem ter acesso ao poder e aos lugares onde o seu futuro é decidido. Por isso, o Estado, cada vez mais, convoca os jovens a definir as políticas que têm influên cia direta sobre as suas vidas. Incentiva também a con tratação de talento, abrindo concursos para centenas de novas vagas na administração pública.
Pela frente está também a procura de melhores solu ções no ensino; no acesso à saúde, a transportes públicos de qualidade. E a defesa da sustentabilidade ambien tal. Esse grande desafio do século XXI que nos colocou a olhar para o futuro do planeta.
Sendo a sustentabilidade ambiental um dos grandes desafios do século XXI, o que foi conquistado pelos jovens na Conferência dos Oceanos?
Durante o Fórum da Juventude e Inovação que decor reu durante a Conferência dos Oceanos e contou com a presença do secretário-geral da Organização das Nações Unidas, 150 jovens de 30 nacionalidades colo caram em cima da mesa ideias para salvaguardar o presente e futuro dos oceanos.
Foram apresentadas propostas sobre os portos e o transporte marítimo com zero emissões de dióxido de carbono, energias renováveis oceânicas, mapeamento dos oceanos e recolha do lixo marinho, sem esquecer a comida oceânica saudável.
Quando assumiu funções, em março passado, era este o plano que tinha em mente para a Juventude?
O meu foco principal é o Plano Nacional da Juventude para 2022-2024. Tenho consciência de que é ambicioso e será preciso um trabalho muito intenso, assim como o envolvimento de vários setores da economia, desde a administração pública, à educação, saúde, desporto e cultura. Mas, também acredito que é possível fazer uma grande transformação ao longo dos próximos três anos e é nessa concretização que estou empenhado.
DE AUTARCA A SECRETÁRIO DE ESTADO
Assumiu as funções de secretário de Estado da Juventude e do Desporto no final de março de 2022. Antes, João Correia foi autarca em Matosinhos, asses sor em áreas como a proteção civil e os transportes, deputado e presidente de um clube de futebol.
Natural do Porto, onde nasceu em 1976, o secretário de Estado tem um percurso académico e profissional marcado pela gestão e assessoria. Em 2006 licenciou-se em Organização e Gestão de Empresas, pela Universidade Lusófona do Porto. Ainda durante a frequência da licencia tura, em 2005, assumiu funções como adjunto e chefe de gabinete do Governo Civil do Porto, onde se manteve até 2008. No mesmo ano e até 2009 foi assessor e chefe de gabinete da secretária de Estado dos Transportes.
Com 33 anos foi pela primeira vez depu tado à Assembleia da República, cargo que ocupou entre 2009 e 2011 e entre 2013 e 2022. Durante os onze anos que teve assento na Assembleia da República assumiu também funções como adjunto do presidente da Câmara Municipal de Matosinhos, de 2011 a 2013. Em para lelo liderou a União de Freguesias de Mafamude e Vilar do Paraíso, de 2013 a 2022. Também foi vice-presidente do Grupo Parlamentar do PS, de 2015 a 2022 e presidiu também a Comissão Eventual de Acompanhamento do Processo de Definição da "Estratégia Portugal 2030".
Durante o seu percurso, João Correia ainda guardou espaço para se dedicar ao associativismo como presidente da dire ção do Clube de Futebol de Oliveira do Douro, de 2012 a 2018.
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Na Secundária dos Casquilhos alunos e professores fazem da “escola-casa” um lugar onde se mobiliza ajuda para cerca de 50 famílias carenciadas dos concelhos do Barreiro e Moita. O coração do projeto é uma Loja Solidária e a semente da entreajuda foi plantada com o apoio da AMI.
Quando Daniela e Hugo decidiram fazer parte do grupo de alunos e professores que abriu uma Loja Solidária na Escola Secundária dos Casquilhos, no Barreiro, queriam simplesmente “ajudar as pessoas”, mesmo que fosse “a partir de pequenas coisas”. Junto dos colegas e profes sores acabaram por provar que “os jovens podem sair do mundo digital e vir para a rua ajudar”. Com 17 anos, os alunos daquela que é vista pela comuni dade como uma “escola-casa”, começaram em dezem bro de 2021 a angariar roupa e alimentos, para ajudar famílias carenciadas. Não imaginavam que, em 2022, a sua Loja Solidária seria uma das ideias vencedoras da 11.ª edição do “Linka-te aos Outros”, promovido pela AMI com o alto patrocínio do Ministério da Educação, através da Direção-Geral da Educação.
Concorreram ao financiamento do “Linka-te aos Outros” com o sonho de consolidar o projeto “Casquilhos: Apela, Recolhe e Doa (CARD)”, e conseguiram o financiamento necessário para transformar uma sala, vazia e esquecida, na loja idealizada. Hoje, “a partir da Loja Solidária ajudam 8 a 10 famílias sina lizadas no Agrupamento de Escolas dos Casquilhos, além de entregarem alimentos e roupa à associação Gratitude que apoia 40 famílias nos concelhos do Barreiro e Moita”, conta João Coelho, professor responsável pelo projeto. Com orgulho estampado no rosto, João Coelho caminha pelos corredores lado-a-lado com Daniela e Hugo, recor dando que “o grupo tem 18 voluntários fixos e muitos pla nos”. De olhos postos no futuro, acredita que “será possí vel mitigar situações de pobreza e exclusão social através
Alunos e professores, pais e filhos, trouxeram o voluntariado para a Escola Secundária dos Casquilhos
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ESCOLA, CASA DO VOLUNTARIADO “OS JOVENS PODEM SAIR DO MUNDO DIGITAL E VIR PARA A RUA AJUDAR”
do voluntariado jovem presente no CARD”. Afinal, “a Escola Secundária dos Casquilhos é velha e até decadente, mas, guarda muito potencial humano”.
O mesmo orgulho do professor é partilhado por Hugo que abraçou o voluntariado por sentir que “ajudando os outros, mesmo que a pouco e pouco, algo é feito para que o mundo seja um lugar melhor”.
Tal como Hugo, Daniela apaixonou-se pelo voluntariado na Escola Secundária dos Casquilhos. Rosto de uma gera ção movida ao ritmo das novidades digitais, é a prova de que “há sempre tempo e lugar para tudo e para fazer a diferença, desde que se tenha vontade”.
Se hoje tudo parece claro, no início Daniela ficou “descon fiada”. Apesar de sempre ter mantido a ideia de um dia ajudar os outros, “tinha receio que as pessoas mentissem sobre as suas reais necessidades”. A Gratitude acabou por esclarecer todas as suas dúvidas “quando deixou claro que a triagem das famílias apoiadas pelo “Casquilhos: Apela, Recolhe e Doa” seria rigorosa”.
Lembra João Coelho que o envolvimento dos alunos na Loja Solidária foi tão intenso que, “pouco a pouco a men sagem foi passando dentro das salas de aula e em outras escolas do Agrupamento dos Casquilhos, até conquistar professores e encarregados de educação”.
A professora Sónia Gamito chegou ao projeto depois de o colega João Coelho descrever o que os seus alunos estavam a fazer. Em casa surpreendeu-se com o “quere mos participar” das filhas. Com dez anos, as gémeas Núria e Áurea aconselham “toda a gente a ajudar um pouco, porque com um pouco de cada um tudo era diferente”.
Isabel Carrinho, também professora da Escola Secundária dos Casquilhos, chegou ao CARD pelas mãos dos alunos. “Na sala, durante as aulas, escutava os alunos que fala vam sobre a Loja Solidária, muito envolvidos”. Motivada, a professora decidiu experimentar uma vez, já não deixou o grupo e trouxe o filho para a causa.
AMI NA ESCOLA DESPERTOU CONSCIÊNCIAS
“Terá sido a AMI que despertou consciências na Secundária dos Casquilhos para o voluntariado”, pondera o professor João Coelho. Desde 2018 que a AMI leva à escola sessões
“Criado em 2010, no âmbito do Ano Internacional da Juventude assinalado pelas Nações Unidas, o “Linka-te aos Outros” já apoiou 36 ideias desenvolvidas por jovens a frequentar a escola entre o 7º e o 12º ano, com um total de 50 803,68 euros.”
de apresentação sobre os seus projetos de ação e desen volvimento humanitário. Entre conversas, o “Linka-te aos Outros” surgiu sempre como “uma oportunidade para tornar as ideias reais e foi isso que aconteceu em 2022 com a Loja Solidária do CARD”. Em 2023, João Coelho acredita que “será possível tornar a loja mais independente a nível alimentar, com uma horta comunitária”.
Criado em 2010 no âmbito do Ano Internacional da Juventude assinalado pelas Nações Unidas, o “Linka-te aos Outros” já apoiou 36 ideias desenvolvidas por jovens a fre quentar a escola entre o 7º e o 12º ano, com um total de 50 803,68 euros.
Em 2022, além de “Casquilhos: Apela, Recolhe e Doa”, tam bém foram selecionados “Amigos infinitos e casas quenti nhas”, apresentado pelos alunos da Escola Secundária Sá da Bandeira, em Santarém e “#EscolaSolidária”, proposto pelos alunos que integram a Associação de Estudantes da Escola Secundária Campos de Melo, na Covilhã.
Daniela e Hugo (ao centro), alunos da Secundária dos Casquilhos, veem o voluntariado na Loja Solidária como a oportunidade de ajudar muito, através de pequenos gestos
João Coelho coordena o projeto “Casquilhos: Apela, Recolhe e Doa”, a loja solidária que ajuda cerca de 50 famílias
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SALVAR A TERRA
“QUEREMOS DAR AOS ESTADOS A OPORTUNIDADE DE PROTEGER REALMENTE O AMBIENTE”
É de pequenino que se começa a defender a Terra e Claúdia, Catarina, Martim, Mariana, Sofia e André estão dispostos a ir tão longe que vão levar a julgamento no Tribunal Europeu dos Direitos Humanos 33 países por crimes ambientais contra a humanidade.
Em 2017 decidiram processar 33 países por crimes ambien tais e contra a humanidade. Hoje, Claúdia, Catarina, Martim, Mariana, Sofia e André, com idades entre os 9 e os 22 anos, mantêm uma queixa única no mundo no Tribunal Europeu dos Direitos Humanos. Defendidos nas redes sociais por Leonardo DiCaprio, nomeado pela Organização das Nações Unidas como representante para as alterações climáticas, e convidados pela Netflix para protagonizar um documentário, afirmam “esta não é uma questão de mediatismo e de acusar e condenar, não queremos ata car, queremos dar aos Estados a oportunidade de se cor rigirem e protegerem realmente o Ambiente”. Entre 22 mil casos que chegaram ao Tribunal Europeu dos Direitos Humanos nos últimos anos, apenas 17 foram selecionados para prosseguir à Grand Chambre e, des tes, apenas três estão diretamente ligados a questões
Sofia e André integram o grupo de jovens portugueses que estão a processar 33 Estados
12 | ambientais. A queixa apresentada recebeu “luz verde” do Tribunal Europeu dos Direitos Humanos e aguarda marca ção de audiência até ao fim de 2022. Caso raro, o grupo intrépido é conhecido entre políticos, personalidades das artes e ativistas ambientais como os únicos com coragem para levar Vladimir Putin a tribu nal, já que a Rússia é um dos países contra os quais fazem queixa. Além da Rússia, da lista de países que alegam ser incumpridores na emissão de gases de efeito estufa, estão a Áustria, Bélgica, Bulgária, Chipre, República Checa, Alemanha, Grécia, Dinamarca, Estónia, Finlândia, França, Croácia, Hungria, Irlanda, Itália, Lituânia, Luxemburgo, Letónia, Malta, Países Baixos, Noruega, Polónia, Portugal, Roménia, República Eslovaca, Eslovénia, Espanha, Suécia, Suíça, Reino Unido, Turquia e Ucrânia.
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No verão de 2017 o grupo, residente entre as zonas de Lisboa e Leiria, viu o país arder em Pedrógão Grande e nos incêndios que se seguiram ao longo do resto do verão e no outono. Ficaram “perplexos pela inação perante tanta destruição e tudo o que ela ia significar nos anos seguin tes”, recordam os irmãos Sofia e André Oliveira, com 17 e 15 anos.
Decidiram que não podiam ficar em silêncio, era preciso, mais do que nunca, fazer valer os limites ambientais estabe lecidos no Acordo de Paris, criado em 2015 e ratificado em 2016 pelos Estados-membros da União Europeia. “Estava em risco o direito à vida; o direito a ser ouvido; direito à privacidade, porque as alterações climáticas levam a que não possamos estar livres de nos movimentar; o direito a estar em contacto com a natureza; e o direito a viver sem tortura que, no fim é o que representam os incêndios e a poluição”, alegam. A solução para se fazerem ouvir foi uni rem-se ao movimento “Youth 4 Climate Justice” da Global Legal Action Network (GLAN), organização internacional sem fins lucrativos, especializada em violações de direitos humanos, que conduziu o processo dos jovens portugueses ao Tribunal Europeu dos Direitos Humanos.
Sobre a ação dos jovens portugueses, em comunicado, a GLAN esclarece que “a maioria dos casos movidos pelo tribunal de Estrasburgo não chega a este nível, motivo pelo qual esta decisão representa um grande passo em direção a um possível julgamento histórico sobre as alte rações climáticas”.
ATIVAR A CONSCIÊNCIA COLETIVA
Lado-a-lado, Sofia e André contam que, “o quanto se fala deste caso e quão longe chegou, em todos os con tinentes, prova que é possível mudar se unirmos as nos sas vozes, em todo o mundo, contra quem está a come ter crimes ambientais”.
A dupla sempre assistiu a “programas de televisão e leu livros sobre o planeta Terra, o ambiente e o que é possí vel fazer para recuperar dos danos da poluição”. Depois
da queixa no Tribunal Europeu dos Direitos Humanos ter ganho uma dimensão altamente mediática “houve quem dissesse que o nosso interesse pelo ambiente era influen ciado pelos nossos pais, porque ambos são biólogos, mas, a verdade é que desde que nos recordamos, sempre nos interessámos por temas que envolvem a proteção e sal vação do planeta”.
DE PORTUGAL, JOVENS ESPERAM SOLUÇÕES
Sobre Portugal, Sofia e André apontam “a redução de gases efeito estufa, que não está a ser feita de acordo com as metas estabelecidas no Acordo de Paris”. As cons tantes crises causadas pela falta de água, em alargados períodos de seca, “também já deveriam ter sido preca vidas”, afirmam os irmãos, destacando que “a tecnologia, aliada à natureza, tem grande potencial para soluções ambientais que envolvem a floresta e a água”.
Sofia e André destacam a “importância das florestas para regular os microclimas e conter os impactos da seca”, áreas que em Portugal “têm sido devastadas por sucessivos incêndios de grandes dimensões, ao longo dos últimos cinco anos, e sobre as quais as medidas que estão a ser tomadas são muito pequenas, perante a recupe ração massiva que é necessária”. Para esta geração está claro que “sem vegetação de grande porte será difícil o solo reter água e quando houver ondas de calor não haverá coberto vegetal suficiente para proteger animais e humanos”.
Se há empresas com “culpa” na gestão da floresta e da água, Sofia e André preferem “direcionar o protesto dire tamente para o Estado”. Esse foco coloca-os frente-a -frente com “a entidade máxima que tem a responsa bilidade de regular o que é feito em território português contra o ambiente, porque se as empresas não estão a cumprir, só o Estado tem o poder de as parar”.
Leonardo DiCaprio apoia jovens portugueses nas redes sociais
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JOVENS ESCOLHEM LONGO PERCURSO UNIVERSITÁRIO PARA FUGIR AO DESEMPREGO CARREIRA
Marta Pereira e Priyal Vassaramo viram muitos colegas desistir do ensino superior nos primeiros meses da licenciatura, assolados pelas dificuldades económicas e incertezas sobre a carreira a seguir. A caminho de novas metas académicas, as estudantes universitárias desafiam a sociedade a refletir sobre o financiamento do percurso universitário.
Trocam as ofertas de trabalho precário pela continuidade da formação superior, passando da licenciatura para o mestrado e deste para o doutoramento. Na instabilidade do acesso ao mercado de trabalho, Marta Pereira e Priyal Vassaramo defendem que as bolsas de estudo devem ser alargadas, para que os jovens construam carreiras no ensino superior. Um percurso possível quando as bolsas de estudo da ação social se unem a projetos como o Fundo Universitário da AMI. Marta Pereira tem 25 anos e sempre quis seguir o ensino superior. Começou a concretizar o seu sonho no verão de 2015, quando se candidatou à licenciatura de Ciência Política e Relações internacionais da Universidade Nova
Estas bolsas já mudaram a vida de 249 alunos a frequen tar licenciatura e 84 a frequentar mestrado, perfazendo um total de 232.500,00 euros de investimento. Bolseira da ação social e do Fundo Universitário da AMI, foi assim que Marta supriu grande parte das despesas de pro pinas e chegou ao doutoramento em 2022. Para a jovem, “entrar no mercado de trabalho logo após
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Marta Pereira (esq.) quer concluir o doutoramento. Priyal Vassaramo (dir.) procura um estágio no estrangeiro
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14 | de Lisboa. Na mesma época descobriu que a AMI estava a lançar a 1.ª edição do Fundo Universitário para apoiar financeiramente estudantes de licenciaturas e mestrados. Candidatou-se e conseguiu adicionar à bolsa da ação social um apoio extraordinário concedido durante qua tro anos.
terminar a licenciatura, não era uma opção viável, fosse pela precariedade das ofertas disponíveis, ou pelos maus vencimentos”.
Marta considera que “faz parte do passado, o sonho de uma licenciatura resolver os problemas profissionais dos mais jovens”. Hoje, o desafio é maior, “é necessário fazer a diferença entre milhares de profissionais, seja pela expe riência ou pela formação aprofundada”.
Um contexto em que a jovem investigadora considera que “seria interessante se a vida académica fosse realmente vista como uma extensão do mercado de trabalho, alar gando o acesso a bolsas e a estágios adequadamente remunerados, como o equivalente a um salário”.
Ao longo do seu percurso académico, Marta viu muitos dos colegas da Universidade Nova de Lisboa saírem das aulas para não voltarem. Na maior parte dos casos, “a mudança de planos esteve relacionada com falta de con dições financeiras e incertezas sobre o curso".
A certeza de Marta sobre o caminho a prosseguir e o receio de que uma atividade profissional a afastasse dos estudos foram as razões pelas quais, o seu pai, professor no 2.º ciclo do ensino básico, incentivou a sua continuidade no ensino superior, “apesar do esforço financeiro”.
O Médio Oriente é o tema que leva do mestrado para o doutoramento. Tem paixão pelo enclave geográfico da fronteira da Europa com a Ásia e “gostaria de estudar as causas dos conflitos que dominam aquela região e, quem sabe, ajudar na solução diplomática”. Por agora, quer seguir a carreira de professora universitária.
QUANDO É NECESSÁRIO AJUDAR DESDE AS PRIMEIRAS LETRAS Com 21 anos, Priyal Vassaramo terminou a licenciatura em julho deste ano, uma conquista que sempre fez parte do seu plano de estudos e dos sonhos de emancipação e independência.
Durante a licenciatura em Artes Visuais e Tecnologias da Escola Superior de Educação de Lisboa, do Instituto Politécnico de Lisboa, terminada em 2021, Priyal teve sempre acesso a financiamento do Fundo Universitário e a ajuda da AMI não ficou por aqui. Priyal foi beneficiária de um Espaço de Prevenção para a Exclusão Social, da AMI, através do qual recebeu material escolar desde o 1.º ao 3.º ciclo. Priyal, tal como Marta, nunca viu na licenciatura um ponto final. O mestrado é o próximo passo, “para fazer frente a um mercado de trabalho muito exigente, cada vez mais competitivo”. Ainda não está certa sobre a área a seguir, espera encontrar respostas durante a realização de um estágio “de preferência no estrangeiro, para ter maior valorização de currículo”.
Para que as mesmas oportunidades chegassem a todos, Priyal "gostava que fossem disponibilizadas mais soluções financeiras para os estudantes universitários”.
Estes sonhos que a AMI concretiza desde 2015, têm con tado com o apoio da Auchan entre 2018 e 2021, atra vés do financiamento de 10 bolsas por ano. Já em 2022, novos parceiros se juntaram ao projeto: Inês Baltazar, Marinelia Leal Business School, Tudo sobre eCommerce, Life Training, Eneacoaching, Mkt Digital Agency, Roberto Cortez, Programa de Aceleração Digital, Paulo Faustino, Academia de Marketing Digital, Oferta Perfeita, OONIFY, Angel Smile, Equilibrium e Longevidade Financeira.
“Faz parte do passado, o sonho de uma licenciatura resolver os problemas profissionais dos mais jovens.”
Marta defende que seria interessante se o percurso académico fosse uma extensão do profissional
Priyal gostava que mais bolsas fossem disponibilizadas para os estudantes universitários
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Sana Cassamá afirma que “os métodos anticoncecionais são condenados de uma forma que não se adapta à realidade de hoje”
Ana Djaló defende: “nós temos a vontade, o amor e a coragem para tornar a nossa sociedade muito melhor”
Nuria Corealandi identifica nos resultados do Papia Ku Mi “a diminuição das infeções por doenças sexualmente transmissíveis”
ACABAR COM TABUS, SALVAR JOVENS GERAÇÕES NA GUINÉ-BISSAU SAÚDE E SEXUALIDADE
O uso de preservativo, as doenças sexualmente transmissíveis, a gravidez precoce e o crime da mutilação genital feminina foram, durante muitas gerações, temas difíceis de abordar na ilha de Bolama. Entre 2021 e 2022, o projeto Papia Ku Mi colocou crianças, adolescentes e adultos a conversar sobre o mundo de hoje e o que podem mudar.
Em Bolama, na Guiné-Bissau, crianças, adolescentes e jovens adultos estão a derrubar tabus sobre a saúde sexual e reprodutiva, desde que a AMI implementou em março de 2021 a primeira fase do projeto Papia Ku Mi (“Fala Comigo”, na tradução do crioulo guineense para português), que terminou em fevereiro deste ano. Hoje, a liberdade sexual consciente é ‘palavra de ordem’, transmitida entre gerações por jovens como Ana, Núria, Sana e Abilai. Em tempo aprendizes, agora, mensageiros, garantem que “o Papia Ku Mi mudou mentalidades entre os mais novos e mais velhos, levando a uma maior utiliza ção de métodos anticoncecionais e à firme condena ção da excisão feminina”. Os bons resultados levaram a AMI a aceder aos pedidos da comunidade e abrir uma segunda fase do “Papia Ku Mi”, de março a julho, durante a qual a instituição conti nuou a trabalhar sobre a promoção dos direitos sexuais
Ana Djaló, ativista comunitária do Papia Ku Mi, decidiu que queria entrar no projeto “porque em Bolama havia muita dificuldade em explicar às crianças e jovens o que é a saúde sexual e reprodutiva”. Quando passou de bene ficiária a agente de mudança, Ana ficou “feliz” porque, “a AMI estava a recrutar os jovens para serem os agen tes da mudança”. Apesar das dificuldades em transmitir mensagens, “por vezes, muito delicadas”, Ana não desiste e defende: “nós temos a vontade, o amor e a coragem para tornar a nossa sociedade muito melhor”. A sua persistência já permitiu a Ana identificar resulta
16 | e reprodutivos dos 5.248 habitantes da ilha, em particu lar na população entre os 10 e os 24 anos, metas que a AMI conseguiu alcançar em parceria com a Direção Regional de Educação de Bolama, a Direção Regional de Saúde de Bolama e a Rádio Pro-Bolama; com o apoio do Instituto Camões e investindo 121.927 euros.
Abilai Indjai recorda como “o Papia Ku Mi ajudou muitas pessoas com aconselhamento e anticoncecionais”
tante tomar medidas, como o Estado da Guiné-Bissau tomou, fazendo parte do grupo de países que condenam a excisão feminina”. Mas “é sempre necessária mais sensi bilização sobre a excisão”.
A abertura gradual dos mais velhos à informação deixou os jovens confian tes para viverem a sua sexualidade. Sana constata que uma “grande quantidade de preservativos tem sido pedida pelos jovens nos servi ços de aconselhamento de saúde sexual e reprodutiva”, uma significa tiva emancipação em comunidades onde há grande incidência de doen ças sexualmente transmissíveis e gra videz precoce.
mais cedo, sendo, por isso, impor tante prevenir em comunidade, para termos uma juventude sau dável”.
A divergência de opiniões entre o que os jovens querem e o que os líde res religiosos das comunidades acei tam também alcançou Abilai Indjai, técnico local do Papia Ku Mi.
dos quando “os jovens começaram a ter conhecimento sobre o que acon tece com o seu corpo e a fazer per guntas, livres de vergonha”.
Núria Corealandi tornou-se uma “Amiga Informada” do Papia Ku Mi para “ajudar os jovens a saberem como devem cuidar da sua saúde e sexuali dade”. Enquanto voz ativa na comuni dade está atenta a mudanças, como “a diminuição das infeções por doen ças sexualmente transmissíveis”.
Se os jovens procuram conhecer e proteger o seu corpo, inicialmente os mais velhos apresentaram alguma resistência, para abordar questões relacionadas com saúde sexual.
Sana Cassamá, técnico local do Papia Ku Mi viu entre os líderes comu nitários muçulmanos “alguma dificul dade em abordar o tema das prá ticas nefastas”, no qual está incluída informação sobre as consequências da mutilação genital feminina. Com o avançar do projeto, Sana diz que “foi possível incutir aos pais e líde res comunitários as consequências da excisão feminina e o alerta dos médicos sobre o quanto prejudica as mulheres, sobretudo no momento do parto”.
O resultado foi significativo para o técnico local que afirma “é impor
Sana reconhece que, em comuni dades onde a vida é organizada ao redor de uma profunda fé, seja muçulmana ou católica, “os méto dos anticoncecionais são conde nados de uma forma que não se adapta à realidade de hoje”. Uma realidade em que “meninas e meni nos iniciam a vida sexual cada vez
O ativista teve um início de per curso conturbado, quando come çou a levar as ações de sensibiliza ção para o terreno, tendo chegado a pensar abandonar o projeto. Mas, “depois de serem feitas adaptações em algumas palavras e métodos de sensibilização, foi possível avan çar, mesmo nas comunidades que tinham mais dificuldade em aceitar a mensagem”.
Hoje, a maioria da população de Bolama pede para o Papia Ku Mi continuar na ilha, “porque o projeto ajudou muitas pessoas com acon selhamento e anticoncecionais, aos quais a comunidade não tinha con dições para aceder sozinha”.
Jovens inquiridos
Sessões de “Conversas de Jovens”
Ações de sensibilização com pais e educadores informados”
Reuniões
Atividades criativas
Raparigas confecionam pensos higiénicos reutilizáveis
Ativistas comunitários
Professores
Clubes de jovens
Programas de rádio Técnicos de projeto Serviço de saúde sexual e reprodutiva
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5OO 35O 2OO 14 8O 7O 5O 26 7 7 7 2 1
“Amigos
© Timothy Lima
Fotografia
Doação de medicação a refugiados continua
A AMI continua a fazer chegar medicamentos à Clínica de Ambulatório n.º 7, localizada na cidade de Uzhhorod, na Ucrânia. Desde o início do conflito na Ucrânia que a AMI intervém no apoio à população deslocada dentro do país e no apoio a refugiados ucranianos na Moldávia, Roménia e Hungria. Além do acesso a medicamentos, a constru ção de um parque infantil também fez parte dos objeti vos das últimas missões. Um novo projeto será iniciado em breve na Ucrânia.
Em Záhony, na Hungria, a parceria com a organização Cesvi permitiu a instalação de um recreio no centro de acolhimento temporário, junto à estação ferroviária. Com a International Children’s Safety Service, em Bihor, na Roménia, a AMI apoia a integração de famílias refugia das e menores não acompanhados, através de ativida des ocupacionais.
Na Moldávia, em Chisinau, o financiamento da AMI per mite à Charity Centre for Refugees garantir que 250 famí lias têm acesso a medicação.
No sudoeste do Bangladesh, no distrito de Satkhira, a AMI mantém uma parceria com a organização DHARA, através da qual já construiu um hospital dedi cado à saúde materna e infantil, em funcionamento desde 2009. Agora, torna-se urgente concluir a cons trução de um segundo hospital, mas na região de Bhurulia. O novo equipamento inclui um instituto de formação dedicado à área da saúde.
Entre junho e julho, a AMI realizou uma missão no Bangladesh, durante a qual apurou que são necessá rios 50 mil euros para a conclusão do instituto e sem o qual, o hospital não pode entrar em funcionamento, valor que espera completar através de uma campa nha de angariação de fundos a decorrer.
A construção do equipamento é urgente, pois o hos pital mais próximo da região tem apenas uma ambu lância e 50 camas para dar resposta a 700 mil utentes.
Prossegue em Freetown, capital da Serra Leoa a implementação do projeto “Promoting Adolescent’s Sexual and Reproductive Health and Rights in Kroo Bay”, com financiamento da AMI e concretizado em parceria com a organização We Yone Child Foundation.
Pela mão desta fundação estão a ser realizadas ações educativas em contexto escolar, sensibilizações comunitárias, produzidos programas de rádio e televisão, organizadas sessões informativas com líderes e educadores, ateliers de confeção de pensos higiénicos reutilizáveis. Também é disponibilizado um Serviço de Saúde Sexual e Reprodutiva de qualidade, para os jovens de Kroo Bay.
Ações através das quais está a ser possível melhorar os conhecimentos, competên cias e capacidades dos adolescentes e da comunidade em geral. Também é sig nificativo o envolvimento das famílias dos jovens e líderes comunitários no projeto.
Bangladesh_ AMI aposta em novo hospital e na formação em saúde
Ucrânia_
Serra Leoa_
Direitos sexuais e reprodutivos ganham força
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Internacional_
Dois professores e uma voluntária estão a ministrar aulas de português a três turmas, no Centro Porta Amiga de Coimbra. O público principal destas aulas são cerca de 50 refugiados ucranianos que recentemente pediram asilo em Portugal.
Desde março, o Centro Porta Amiga de Coimbra já acompanhou 172 famílias que representam um total de 419 pessoas.
Além da distribuição de bens de primeira necessidade à população refugiada, o Centro Porta Amiga de Coimbra presta acompanhamento social no acesso à habitação, educação, segurança social e emprego. Acompanha ainda as próprias famílias de acolhimento que, na sua maioria, se veem confrontadas com dificuldades finan ceiras para conseguirem manter o apoio a refugiados durante um período alargado. Segundo o Eurostat – serviço estatístico da União Europeia – em março, Portugal acolheu 23.930 refugiados em regime de proteção temporária. E em junho, o Serviço de Estrangeiros e Fronteiras confirmou a atribuição de mais de 40 mil proteções temporárias a refugiados da guerra da Ucrânia e comunicou ao Ministério Público a presença de 716 crianças ucranianas em Portugal, sem os pais.
Até 31 de outubro estão abertas as candidaturas à 8.ª edição do Fundo Universitário AMI, através do qual a AMI atribui bolsas de apoio social a estudantes do ensino superior, no valor de 700,00 euros. Os estu dantes universitários com interesse em candidatar-se ao Fundo Universitário AMI podem consultar o regu lamento em ami.org.pt. Para submeter candidaturas ou esclarecimentos adicionais, poderão contactar a AMI através do e-mail fundo.universitario@ami.org.pt. As bolsas que a AMI atribui desde 2015 representam um apoio complementar para o pagamento de pro pinas, por parte de alunos a frequentar licenciaturas ou mestrados em instituições de ensino superior públi cas. Os resultados referentes ao ano letivo 2022/2023 são publicados até 30 de novembro.
AMI e KushiMinds promovem consultas de psicologia online
A AMI promove consultas de psicologia online destinadas aos beneficiários dos seus equipamentos sociais. O acompanhamento psicológico é realizado através de uma parceria com a plataforma online KushiMinds, dedicada à saúde mental. Para concre tizar este plano a AMI contou ainda com apoios dos bancos Carregosa e ABANCA. A necessidade de acompanhamento psicológico é avaliada durante as entrevistas de apoio social. Após a avaliação, as consultas podem ser realizadas presencial mente ou online, se os psicólogos a exercer funções nos equipamentos sociais da AMI não tiverem disponibilidade e os beneficiários reunirem condições para esta solução.
A KushiMinds também disponibiliza apoio psicológico gratuito a qualquer pessoa que esteja em dificuldade, sofrimento ou crise. O acesso a este apoio psicológico é realizado através da plataforma online, onde é possível pedir ajuda a um dos psi cólogos que esteja disponível, através do número 211 452 430; em chamada de vídeo ou voz via web; através de um chat ou e-mail.
Candidaturas abertas para as bolsas do Fundo Universitário AMI
Refugiados aprendem português no Centro Porta Amiga de Coimbra
20 | Nacional_
No ano letivo 2022/2023 a AMI continua a salvar livros e a ajudar crianças e adolescentes. Com apenas 6 euros é possível adquirir o Kit Salva-Livros e rever ter 1 euro para as gerações mais jovens beneficiárias dos centros Porta Amiga.
O Kit Salva-Livros é uma solução adaptável a todos os formatos de cader nos e livros até 21 cm x 40 cm que inclui 10 capas plásticas de fácil aplica ção, sem necessidade de utilizar tesoura e fita-cola; além de 10 etiquetas; e um conjunto de autocolantes reaplicáveis.
Com o tema “O Mundo Precisa de Ti”, os kits podem ser adquiridos na Auchan, Staples ou loja online da AMI.
Já a produção e embalamento do Kit Salva-Livros são responsabilidade da Handicap International, uma organização que se dedica a auxiliar pessoas portadoras de deficiência e suas famílias.
AMI e AUCHAN angariam cerca de 2 milhões € em material escolar
Há 14 anos a apoiar crianças e adolescentes com material escolar, a Campanha Solidária – Vales AMI já permitiu a constituição de 46.809 mochilas recheadas de material escolar para as crianças e jovens beneficiá rios dos centros Porta Amiga da AMI. Desde a primeira edição do projeto desenvolvido pela AMI e AUCHAN já foi possível converter cerca de dois milhões de euros em material escolar do 1.º ao 3.º ciclo.
Em 2022, com cerca de 210 mil euros angariados atra vés de vales de 1, 2, 3 ou 5 euros, a AMI e a AUCHAN vão apoiar 3.869 crianças e jovens dos 3 aos 18 anos de idade.
Até ao final do ano, a AMI quer plantar mais 10 mil árvo res no Pinhal de Leiria, porque também é sua missão fazer renascer a floresta portuguesa através do pro jeto Ecoética. A meta é audaciosa, mas determinante, para ajudar a reerguer a região de Leiria onde, desde 11 de julho, arderam mais 12.500 hectares de floresta. E é bom salientar que, desde janeiro, já foram planta das 3.500 árvores na floresta secular criada pelo rei “Lavrador”, com fundos angariados através da cam panha “Vamos Todos Ser Dinis”. Com a mesma determinação, a AMI já ajudou a plantar, em diferentes pontos do país, 22 mil árvores de espécies autóctones como o pinheiro-bravo, o pinheiro-manso, a alfarrobeira ou o castanheiro. Estas espécies permi tem uma floresta robusta com maior capacidade de resistência a incêndios e capaz de fazer renascer 220 mil m² de terreno ardido em Portugal.
Kit Salva-Livros apoia crianças e adolescentes nos centros Porta Amiga
“Vamos Todos ser Dinis” plantar 10 mil árvores em Leiria
BREVES | 21 Mecenato_
AGENDA AMI
LOJA AMI A 23 NOV
A Loja AMI dispõe de vários artigos que podem ser adquiridos no site ami.org.pt/loja Ao comprar qualquer um dos artigos da loja AMI estará a contribuir para a realização dos nossos projetos e missões. Pode também fazer a sua escolha, preencher e enviar-nos o cupão abaixo, junto com o cheque no valor total dos artigos acrescido das despesas de envio indicadas
Ação de reflorestação no Pinhal de Leiria A 10 DEZ Aventura Solidária à Guiné-Bissau
PORTES DE ENVIO
Encomenda 90€ 90€ Portugal Continental 5€ Grátis Portugal Ilhas 25€ 20€ Europa 30€ 15€ Resto Mundo 35€ 17,50€
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[MAIS ARTIGOS EM AMI.ORG.PT] 28 OUT A 05 NOV Aventura Solidária ao Senegal 30 OUT A 05 NOV Aventura Solidária aos Açores
FAÇA JÁ O SEU DONATIVO "Toda a Esperança do Mundo" Livro 39.90€ 07
Formação de Voluntários Internacionais (e-learning) 23 NOV
01
" Histórias que contei aos meus filhos" Livro 12.50€Kit Salva-Livros 6€
NECESSIDADES ATUAIS DE VOLUNTARIADO
Voluntariado Nacional
Todos os Centros Porta Amiga Informático de 15 em 15 dias
Abrigo da Graça – Psiquiatra
CPA Olaias – Fisioterapeuta
CPA Porto – Advogado/a
CPA Porto
Voluntários para entrega de cabazes alimentares até novembro (excluindo fins de semana e feriados).
Sede AMI e delegações AMI de Coimbra e Porto Preparação de sacos reciclados a partir de t-shirts, para usar em recolhas alimentares. Até outubro, de 2.ª a 6.ª feira.
Lisboa, Almada, Cascais, Coimbra, Gaia e Porto Apoio na recolha alimentar de 15 a 16 de outubro em supermercados Aldi
Pinhal de Leiria Ação de Reflorestação em novembro
Voluntariado Internacional Madagáscar Obstetra
Para apresentação de propostas, por favor, contacte-nos através do e-mail voluntariado@ami.org.pt
INFORMAÇÕES | 23 [FICHA DE CANDIDATURA ONLINE]
SER BOM ALUNO É MAIS DO QUE TIRAR BOAS NOTAS. É TAMBÉM SER SOLIDÁRIO. Por cada Kit Salva Livros vendido, 1 Euro reverte a favor das crianças e jovens apoiados pelos Centros Porta Amiga da AMI em Portugal. Mais informações em AMI.ORG.PT ESCOLA