AMI Notícias Nº 80

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O DIREITO A SER CRIANÇA UMA LUTA EM VÁRIAS FRENTES

O trabalho infantil fez parte de todos os capítulos da maior parte da História da Humanidade. A utilização das crianças como força de trabalho, impedindo-as muitas vezes de frequentar a escola1, teve o seu pico no ocidente, durante a revolução industrial e foi fruto da crescente necessidade de mão-de-obra. Sujeitar crianças ao trabalho era uma prática banal nos século XVIII e XIX, e até inícios do século XX, particularmente em fábricas e áreas agrícolas. As condições de trabalho levavam frequentemente à mobilização de pequenos sindicatos e grupos organizados de trabalhadores que veementemente reinvindicavam os seus direitos. 04 |

Este tipo de mobilização, geralmente destabilizadora do regular funcionamento das cadeias de produção, exercia naturalmente pressão e desagrado das chefias ou proprietários. Para estes, o recrutamento de menores, ou “pequenos trabalhadores”, trazia um sentimento de maior controlo e menor probabilidade de situações de insurgência. Em simultâneo, a estatura física das crianças era efetivamente vantajosa para algumas indústrias, pois permitia o exercício de tarefas e funções difíceis de desempenhar pelos adultos, nomeadamente em minas, fábricas e latifúndios. Na voracidade da revolução industrial e com a urgência de grandes massas de trabalhadores, empregar crianças garantia aos patrões a quase ou mesmo total ausência de obrigações contratuais e insignificantes despesas salariais.


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