SOCIAL E ESG
EM REVISTA

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O que você vai conferir:
Pontos de vista e dicas de especialistas
Histórias de empreendedores de organizações e negócios de impacto
Caminhos para uma captação inteligente
Cases e conteúdo para desenvolvimento de pessoas e empreendimentos
Como seria uma sociedade sem a atuação das organizações sociais? Embora o poder público tenha o seu papel de guardião do bem-estar dos cidadãos, nós sabemos que essa garantia não chega a todos os lugares. Justamente nesse espaço entra o trabalho dos projetos sociais.
Mas para que essas iniciativas sobrevivam, os recursos financeiros são indispensáveis. Exatamente por isso, para ajudar as Ongs no desafio de se manterem vivas e atuantes, preparamos para esta edição uma matéria muito relevante, a respeito de um tema que é vital, a captação de recursos. Aproveito para agradecer ao Thiago Massagardi, consultor e especialista no assunto, pelas contribuições valiosas que deixaram a matéria tão completa e atual.
Sentimos a importância dessa consciência ao vivenciar o cenário trágico atual no Rio Grande do Sul. Como gaúcho, tenho um sentimento especial de dever em ajudar, e temos feito isso através da Ago. No mês de maio realizamos uma live para ensinar dez passos para captar recursos em situações emergenciais. Além disso, mobilizamos a nossa base de alunos para identificar organizações que estão operando diretamente com as populações afetadas ou arrecadando donativos para pessoas e animais atingidos pelas enchentes.
Existem outros projetos maravilhosos agindo nessa mesma direção, como a Ação de Reconstrução RS, iniciativa conduzida pela Aliança Empreendedora junto ao governo daquele estado. Lina Useche, cofundadora da Aliança e professora da Ago, esteve recentemente na capital federal falando sobre as ações que serão desenvolvidas para apoiar a geração de renda entre microempreendedores gaúchos.
Com o tempo, o foco da mídia vai mudando e as pessoas vão deixando de falar no assunto, porém, a verdade é que o sul ainda precisará de ajuda por muito tempo para se reerguer, assim como as Ongs locais, de diferentes causas, que ajudam nessa reconstrução. No entanto, ainda que as circunstâncias sejam extremamente desafiadoras, acredito no poder da esperança, na força de vibrações de prosperidade e na valorização daquilo que temos e fazemos de melhor.
Para representar essa visão, deixo aqui uma fala da Neide Santos, a inspiradora fundadora da OSC paulistana Vida Corrida que nos concedeu uma entrevista para a matéria de capa: “Não se faça de vítima, de coitado, passando o chapéu. Nada disso. O seu público atendido é grandioso demais, valoroso demais.
Ecoe sua voz!
Alexandre Barbosa (o Alex)
Publisher Cofundador Ago Social a.barbosa@agosocial.com.br
Ainda que as circunstâncias sejam extremamente desafiadoras, acredito no poder da esperança, na força de vibrações de prosperidade e na valorização daquilo que temos e fazemos de melhor.
EO que é preciso para fazer a diferença no mundo?
sta edição da revista foi produzida durante um momento delicado para o Brasil, quando testemunhamos uma crise ambiental e humanitária sem precedentes no Rio Grande do Sul. Durante semanas, ouvimos falar de dores sociais, preocupações a respeito do clima, pedidos de ajuda, dúvidas sobre a segurança das pessoas hoje e no futuro.
Em meio a tudo isso, ficam algumas reflexões sobre conscientização e responsabilidades. Esses pensamentos podem levar a uma pergunta: como podemos fazer a diferença? A AGORA número 4 traz nas próximas páginas exemplos e caminhos para chegar a essa resposta.
Conhecimento de valor, caminhos para captar recursos e exemplos de vontade, coragem e inovação. Esta é uma edição para maratonar e ajudar você a fazer cada vez mais diferença!
Para começar, fazer a diferença depende de vontade, como aquela que testemunhamos na mobilização imediata da sociedade civil brasileira para ajudar na emergência no sul do país; pessoas e organizações sociais juntas para reunir donativos, atuar no socorro presencial ou oferecendo acolhimento e abrigo.
Para fazer a diferença é preciso coragem e inovação, como um negócio de impacto dentro da floresta amazônica que abre possibilidades de autonomia financeira para mulheres ribeirinhas e é um exemplo de visão empreendedora; ou um empreendimento que foi criado para ser modelo de um impacto so-
Expediente
REVISTA AGORA ED. 4
Abr.- Jun. 2024.
Veículo de comunicação produzido e editado pela Ago Social.
Fundadores: Alex Barbosa a.barbosa@agosocial.com.br
Alexandre Amorim a.amorim@agosocial.com.br
cioambiental em diversas frentes e se destaca pela ampla extensão territorial de sua atuação e pelo volume de investimento recebido; ou ainda uma organização social que nasceu de uma iniciativa internacional e não se limitou à ideia original, mas abraçou uma comunidade inteira levando acesso à cultura e à assistência social.
Fazer a diferença exige conhecimento também. Por essa razão, tantos agentes dinamizadores do setor de impacto estudam, pesquisam, aprendem com exemplos bem-sucedidos e transformam esse aprendizado em projetos, eventos e conteúdo que desenvolvem o ecossistema brasileiro. Sem contar nos especialistas que compartilham a sua experiência e mostram caminhos para que empreendedores socioambientais tenham acesso a formas de fortalecer os seus empreendimentos.
Para fazer a diferença são necessários recursos, e eles acabam sendo um dos maiores desafios para as organizações. Isso explica a importância de uma matéria especial a respeito da captação de recursos falando de direcionamento e ouvindo especialistas e pessoas que sabem o que verdadeiramente funciona para ter sucesso na captação.
É o que você vai encontrar por aqui: conhecimento de valor, caminhos para captar recursos e exemplos de vontade, coragem e inovação.
Esta é uma edição para maratonar e ajudar você a fazer cada vez mais diferença!
Fabíola Melo
Editora-chefe Ago Social
Coordenação e projeto editorial:
Editora-chefe: Fabíola Melo
Redação e revisão:
Fabíola Melo e Time Ago
Jornalista responsável: Alexandre Barbosa DRT 5121/PR
Projeto gráfico, diagramação e capa: @gianapundek
Marketing/anúncios: Alex Barbosa - a.barbosa@agosocial.com.br
Impressão: Maxi Gráfica
Fale com a Redação: f.melo@agosocial.com.br
As opiniões emitidas nesta publicação são de responsabilidade dos autores e não refletem, necessariamente, a opinião da Ago Social. Proibida a reprodução total ou parcial sem autorização prévia.
14
• Captação inteligente:
O caminho certo para a sustentabilidade financeira
15
• Fontes e estratégias de captação
18 • Passos para um processo de captação vencedor
20 • Não é sobre dinheiro, é sobre pessoas
21 • Captar recursos: arte ou ciência?
22 • Metodologias da Ago
Captação Inteligente
23 • Os passos da vida corrida
06 • Entrevista com Valmir Ortega
Belterra Agroflorestas: o maior negócio de impacto do Brasil
03 • A voz do Publisher
04 • Editorial
08 • Vivências do empreendedor social
Caboclos House: turismo de base comunitária e geração de renda
10 • Impacto na prática
A importância das ONGs na mitigação das crises emergenciais
13 • Inovação
Gui, a inteligência artificial que apoia a acessibilidade
26 • Mapa do impacto da Ago
30 • Especial Filantropia
Cassio Aoqui fala sobre a filantropia no Brasil
36 • Redes e ecossistema
ICE e a visita aos ecossistemas de impacto da Índia
38 • Atores do ecossistema
A Fundação Volkswagen e sua reestruturação 42
Ecossistema em movimento
A melodia da colaboração: unindo atores para a transformação 44
Publieditorial
Os 60 anos da Fundação FEAC
48 • Causas e propósitos
Cidadania a partir da cultura no Instituto Playing for Change 50 • Agenda do setor
32 • Gestão no terceiro setor
Como foi o FIFE 2024
34 • Panorama do impacto
O que aconteceu no ecossistema
40 • Eventos do setor
Festival ABCR
43 • Eventos
Uma voz sobre responsabilidade social na Smart Citiy Expo
12 • Carreiras de impacto
Carreira com propósito e significado
Por: Adriana Custódio
40 • Desafios do empreendedorismo
Impactos da reforma tributária no terceiro setor
Por: Inaiá Botelho
47 • Fala social
Conhecimento: o maior ativo das organizações socioambientais
Por: Alexandre Amorim
Com Valmir Ortega
Sócio da Belterra Agroflorestas, da Impacto Plus e da Geoplus Consultoria em Meio Ambiente, Presidente do Conselho da Conexsus
Por Fabíola Melo
O FUNDADOR DE UM DOS MAIORES CASES DE NEGÓCIO DE IMPACTO DO BRASIL FALA SOBRE INOVAÇÃO, RESULTADOS E POSSIBILIDADES PARA O SETOR
Valmir Ortega tem uma sólida relação com as questões ambientais do Brasil. Engenheiro florestal, foi Secretário do Meio Ambiente do Pará, Diretor de Ecossistemas no IBAMA, Superintendente de Planejamento Ambiental do Mato Grosso do Sul e Diretor do Programa de Desenvolvimento Sustentável do Pantanal do Ministério do Meio Ambiente. Hoje é sócio da Belterra Agroflorestas, negócio de impacto socioambiental que ajudou a fundar e que se tornou o maior empreendimento de impacto do país em termos de investimentos aportados. Em uma entrevista exclusiva para a revista AGORA, Valmir compartilha uma visão que traduz senso de oportunidade e de inovação.
O Brasil é muito competitivo, temos oportunidades abertas para fazer grandes negócios e arranjos. Falta maturidade em olhar para esse mundo e entender como se conectar com isso.
A Belterra é um negócio muito jovem que já conquistou resultados impressionantes, como o volume de mais de R$300 milhões já captados em investimentos. Qual é a proposta de valor que tem atraído investidores como o Fundo Vale, a Good Energies Foundation e grandes empresas?
A Belterra teve origem na parceria com o Fundo Vale para ajudar a desenhar uma estratégia de restauração de terras no Brasil. Participamos da cocriação como um ator
interno, desafiados a criar um negócio que atendesse à demanda de fazer plantios de agrofloresta e recuperação em larga escala, ao mesmo tempo que fosse capaz de atrair capital. Nascemos para ser uma prova de conceito de um novo modelo: criar um ecossistema de negócios e provar que funciona. Resolvemos, então, ir para um caminho que combinasse impacto social e ambiental. O país tem 6 milhões de agricultores, sendo que mais de 5 milhões são pequenos agricultores. Menos de 20% deles têm acesso a crédito e à assistência técnica. Estamos falando de um problema que é social e econômico. Do outro lado, há milhões de hectares de terra para recuperar. Por isso, fomos buscar modelos mais rentáveis do que soja, milho e trigo - os sistemas agroflorestaispara ter formatos competitivos pelo uso da terra e que atraíssem os produtores a se engajarem conosco.
Embora seja um modelo incrível, ele pode ser replicável, pensando na dimensão da Belterra, que opera em quatro estados e quase quatro mil hectares?
Acredito que a gente teve um conjunto de condições difíceis de replicar. Uma das discussões atuais com os parceiros se trata de como criar esse ambiente para que negócios nessa escala nasçam. A vantagem que vejo é que atualmente têm muitos atores de investimento que estão olhando para isso, inclusive atores de fora do Brasil
- fundos, fundações, bancos multilaterais. O Brasil tem vantagens, considerando outros países. Temos oportunidades abertas para fazer grandes negócios e grandes arranjos. Eu sinto que o que falta é maturidade dos nossos negócios e dos empreendedores na forma de olhar para esse mundo e entender os canais por onde se conectar. No meu ponto de vista, a oportunidade está se abrindo e é crescente. O nosso desafio é como acelerar nosso ambiente empreendedor interno e fazer com que ele esteja preparado para isso.
Qual é o impacto e a transformação que a Belterra já ajudou a promover até aqui?
Existem múltiplos níveis de impacto. Criamos a possibilidade de sistemas de produção regenerativa serem escaláveis, estamos gerando centenas de empregos qualificados e também temos olhado muito para como integrar mulheres e jovens nesse processo. As mulheres porque, no geral, o meio rural tem ambientes ainda muito resistentes à ampliação do protagonismo feminino, especialmente no que se refere à renda, à parte econômica da família. No caso do jovem, porque o campo está envelhecendo brutalmente no Brasil, há um êxodo de jovens por várias razões. Por isso temos o foco de aumentar a renda dessas famílias, fazendo uma conexão direta entre geração de renda e esses jovens. Ainda tem a valorização e a recuperação dos imóveis. Estamos, também, ajudando a criar dezenas de empresas que nos prestam serviço. Já são mais de 40 provedores que eram pequenos produtores. Ainda sobre esse tema, parte dos investidores e das empresas que veem a Belterra como parceira estão olhando a nossa capacidade de produzir cacau, dendê etc. Porém, eles não querem qualquer cacau, querem um dendê regenerativo, que seja livre de trabalho infantil ou de trabalho degradante. Estamos falando de um produto que tenha impacto positivo como atributo.
Entendo que, às vezes, falta letramento climático. Vejo muito empreendedor que é genial, dedicado, mas olha o negócio em um espectro tão limitado, tão focado no produto e no cliente, que ele acaba não percebendo possibilidades. Se ele calibrasse 10% em outra direção, poderia potencializar a sua solução para resolver grandes problemas das cidades, fatores ligados ao clima ou à restauração de sistemas alimentares, que é outra emergência global. Falta, em algum grau, esse letramento em entender como capturar essas oportunidades para pensar um negócio inovador, disruptivo e que capture possibilidades que não existiam anteriormente para dialogar com mercados que não estão estabelecidos, não estão claramente definidos.
Para jovens empreendedores, é importante ampliar a rede de relacionamento e a exposição com os atributos de confiabilidade e da capacidade que ele tem. É a parte mais difícil de fazer, e talvez a mais necessária.
Mas de onde viria esse letramento? O que a iniciativa privada e o poder público têm feito para estimular inovações nesse sentido? Olhando o macroambiente, tem muita movimentação no Brasil, tanto do setor público quanto do setor privado. Do setor público, temos visto especialmente no governo federal, mas também nos governos estaduais, a criação de mecanismos financeiros. No setor privado, vejo dois movimentos. O primeiro vem do mundo financeiro, com investimento privado e a atenção dos fundos internacionais para o Brasil. O outro movimento é do setor corporativo, considerando a cadeia de suprimentos e o engajamento em ESG. Há muitas empresas indiretamente fazendo investimento em negócios, elas têm necessidade de produtos e de soluções ligadas a questões climáticas, necessidade de reduzir suas emissões, de reestruturar suas cadeias de suprimentos. Muitas startups poderiam se beneficiar disso.
A questão ambiental está se tornando quase um setor da economia, atraindo os olhos do mundo inteiro, com dinheiro disponível internacionalmente e por parte das empresas. Por outro lado, não existem muitos negócios preparados para buscar esse investimento ou para aproveitar o potencial dessas oportunidades. O que falta para acelerar esse mercado?
Conheça a Belterra Agroflorestas:
Por Fabíola Melo
“Sou Orenilde, mas muitos me conhecem como Nildoca. Sou uma empreendedora no setor de turismo, proprietária da Caboclos House e encantada pelo trabalho que eu faço aqui na região, esse empreendedorismo de base comunitária no lago de Acajatuba, onde a gente se envolveu muito com a comunidade.”
Quando Nildoca, que ganhou o primeiro lugar na categoria de pequenos negócios no prêmio Mulher Empreendedora do Sebrae em 2023, se apresenta desse modo no início da entrevista, na verdade, não dá a dimensão do que representa esse envolvimento com as pessoas. Em 2009, depois de voltar com as filhas de Manaus para o município amazonense de Iranduba, às margens do Rio Negro, decidiu empreender com uma pousada. Montou a sua casa, construiu seis quartos duplos e montou um restaurante. Apesar do início difícil,
que foi superado com muito trabalho e persistência, o que marca esta história é o incrível senso de oportunidade. A essência inovadora não apenas estimulou a prosperidade do seu negócio como mudou a vida de outras mulheres da comunidade que evoluíram junto com ela.
O maior crescimento aconteceu a partir de 2017, quando a mentoria da Vivalá, uma empresa de turismo sustentável que esteve na região, promoveu, junto a outras pessoas da comunidade. Com eles, aprendeu mais sobre empreendedorismo e ampliou sua visão sobre como transformar o que sabia, o que vivia e a sua ancestralidade em experiências turísticas. Esse mesmo grupo se reuniu e formou uma rede de turismo de base comunitária.
Ribeirinha e nativa da região, Nildoca aproveitou toda a riqueza da sua história e do local para criar diversas vivências durante a estadia das pessoas em sua pousada. Realizando uma atividade que ela chama de “turismo de acolhimento”, criou oficinas e vivências que são permeadas por histórias das mulheres que ministram essas atividades. São oficinas de doces, artesanato (bijuterias, sabonetes com essências amazônicas), cultivo e colheita e ervas da floresta para a produção de xaropes; um passeio para visitação à samaúma, a ancestral e gigante árvore da Amazônia, considerada sagrada pelos povos originários;
uma imersão dentro da comunidade ribeirinha.
Todas essas práticas nasceram de uma percepção aguçada para oportunidades, resgatando o conhecimento transmitido por gerações, a ancestralidade indígena e ribeirinha e a história das pessoas que vivem ali. Foi também o caso das aulas de dança.
Uma das filhas de Nildoca é dançarina de carimbó e gravou uma cena ao
"A
gente tem que ser forte, não desistir do que estar fazendo. Tem dias que não terá venda, que não vai aparecer cliente, mas você tem que estar ali com o seu negócio e oferecer a oportunidade para os outros conhecerem."
lado da atriz Isis Valverde para a novela A Força do Querer, na qual a personagem dançava esse ritmo. Veio o pensamento: por que não oferecer essas aulas também? A empreendedora reservou um espaço na pousada e os turistas passaram a ter essa experiência de dança disponível também.
“Eu vou criando”, diz ela antes de contar sobre outra ideia que virou negócio. Certo momento, as filhas a inscreveram em um concurso de culinária ribeirinha. Nildoca preparou o pirão de jambu e ganhou o prêmio. Imediatamente, pensou em uma nova alternativa de atividade. Hoje, dentro do portfólio de experiências, os turistas podem cozinhar a receita premiada sob a condução da campeã!
Os turistas, vivenciando tudo isso e ouvindo as histórias, inevitavelmente aprendem a respeitar mais a cultura ribeirinha e da floresta.
A Caboclos House, no seu propósito de acolher os visitantes e proporcionar a eles conexões com a cultura local, também promove outro impacto: ajuda a melhorar a vida de quem vive na comunidade, principalmente das mulheres. “Estamos rodeadas de várias mulheres incríveis. Aqui na comunidade, elas é que estão à frente do trabalho. A gente sente essa mudança. Uma mulher vai incentivando a outra.”
Cada nova frente nova, cada expansão, representa um novo posto de trabalho ou mais alguém começando a empreender também - uma geração de renda em corrente, trazendo outros para crescer junto.
Por Fabíola Melo Editora-chefe Ago Social
s recentes enchentes no Rio Grande do Sul mostraram a importância das organizações da sociedade civil (OSCs) na resposta a desastres naturais. Em um quadro de calamidade, onde a infraestrutura governamental muitas vezes se mostra insuficiente ou tardia para atender todas as demandas urgentes, as ações das OSCs acabam se tornando pilares de apoio e solidariedade.
A proximidade com as comunidades afetadas facilita a ajuda personalizada das ONGs às necessidades das pessoas atendidas.
Na tragédia gaúcha, essas organizações, com sua capacidade de mobilização rápida, foram capazes de fornecer ajuda imediata às vítimas, criando um porto seguro em meio ao caos ao distribuir alimentos, água potável, roupas, medicamentos e outras formas de assistência.
Enquanto o poder público lida com a logística ampla e muitas vezes burocrática, e embora exista muita atividade voluntária individual por parte da população, em situações assim as OSCs conseguem atuar de maneira mais ágil e direta, suprindo lacunas com maior eficiência.
O olhar para diferentes causas é outro ponto a ser reconhecido no trabalho das OSCs. No cenário que se estabeleceu no sul, para além do cuidado com os desalojados e desabrigados, voluntários e organizações se dedicaram a atendimentos psicológicos, ao suporte a crianças com autismo, a práticas lúdicas infantis, à proteção das mulheres, ao salvamento e cuidado de animais, à restauração e reconstrução de imóveis.
Por outra perspectiva, muitas organizações, justamente nesses contextos, acabam sucumbindo às adversidades e limitando a sua atuação. Seja por falta de recursos financeiros, dificuldade em engajar pessoas ou desestruturação, perdem a oportunidade de amenizar dores e antecipar soluções. Portanto, a preparação, o planejamento e estratégias de contingência são fundamentais para enfrentar crises.
Neste sentido, o trabalho de grandes organizações merece destaque. A operação organizada e articulada de instituições como Cufa (Central Única das Favelas), Ação pela Cidadania, Movimento União BR, Cruz Vermelha Brasileira, entre outras, se mostra referência na centralização de grandes esforços e corrobora a importância do trabalho em rede. Evidencia também o valor da prontidão no sentido de saber como agir, planejar com agilidade e buscar os apoios certos e necessários.
Com a experiência recente das enchentes no sul do país, fica evidente o quanto as OSCs são agentes indispensáveis na gestão de crises causadas por eventos ambientais. Sua capacidade de resposta rápida, seu contato direto com as comunidades e sua flexibilidade operacional fazem delas protagonistas na mitigação das consequências dos desastres naturais que têm ocorrido com cada vez maior frequência e intensidade no mundo. Sendo assim, apoiar e favorecer o seu fortalecimento é papel de todos.
Para apoiar o trabalho das organizações que estão atuando na crise gaúcha, a Ago realizou uma aula gratuita, em parceria com Thiago Massagardi, da Everest Fundraising, com estratégias de captação emergencial. Saiba quais são elas:
Antes da crise:
1. Estruturar uma plataforma de arrecadação (sistemas de gestão de relacionamento com o doador (CRM) ou plataformas de arrecadação);
2. Planejar considerando projeções - inclusive do pior cenário;
3. Articular com potenciais parceiros (mídia, assessoria de imprensa, jornalistas, influenciadores etc.);
Durante a crise:
4. Remodelar o portfólio de serviços para o que for prioritário;
5. Criar um comitê de doações e despesas;
6. Procurar organizações que possam apoiar na captação (Ongs de renome e/ou que estejam fora da crise);
7. Expandir as possibilidades de doação (PIX, cartão de crédito, boleto bancário) e procurar apoiadores e voluntários para os pedidos de doação.
Depois da crise:
8. Prestar contas de forma transparente;
9. Convidar os doadores a continuarem a sua contribuição (gerar recorrência);
10. Convidar os grandes doadores a criar um fundo patrimonial para futuras crises.
Somos uma agência de comunicação especializada em Terceiro Setor e Negócios Sociais que desde 2016 trabalha para amplificar vozes e ampliar a visibilidade de iniciativas que transformam o mundo. Vem com a gente?
ASSESSORIA DE IMPRENSA PRODUÇÃO DE CONTEÚDO RELACIONAMENTO COM INFLUENCIADORES
CONSULTORIA DE COMUNICAÇÃO INSTITUCIONAL TREINAMENTOS
Conteúdo
Por Adriana Custódio Articulista Time Ago
A CRESCENTE DEMANDA POR SUSTENTABILIDADE E RESPONSABILIDADE
SOCIAL ESTÁ IMPULSIONANDO A BUSCA POR PROFISSIONAIS
ESPECIALIZADOS EM CONDUZIR INICIATIVAS TRANSFORMADORAS
Vivemos em uma época desafiadora, onde múltiplas crises se entrelaçam: emergência climática, instabilidade política e econômica. Um recente relatório da Gallup revela que apenas 2,8 em cada 10 profissionais brasileiros encontram verdadeiro significado em suas ocupações. Em meio a esse cenário de incertezas, as carreiras de impacto surgem como uma oportunidade para trilhar um caminho profissional alinhado com valores e aspirações pessoais, enquanto também contribuem para um desenvolvimento sustentável.
Os profissionais que aspiram a carreiras de impacto têm a oportunidade de se tornarem agentes de mudança e inovação.
À medida que organizações se comprometem com objetivos ambientais, sociais e de governança (ESG), a urgência em encontrar talentos capazes de liderar mudanças significativas se torna evidente, em todos os setores da sociedade.
Nesse contexto, os profissionais que aspiram a carreiras de impacto têm a oportunidade de se tornarem agentes de mudança e inovação. Ao abraçarem essa missão, não apenas trans-
formam a vida dos outros, mas também enriquecem suas próprias existências, descobrindo um propósito que transcende o mero lucro ou sucesso individual.
Para orientar essa jornada de transformação pessoal e profissional, seguem algumas etapas:
1. Identifique seus valores, interesses e habilidades. Isso fornecerá uma base sólida para definir seus objetivos de carreira.
2. Pesquise e explore as diversas oportunidades disponíveis no campo de impacto, reconheça as que ressoam com você e suas habilidades.
3. Busque oportunidades de formação na sua área de interesse. Isso inclui cursos formais, certificações, treinamentos especializados, workshops e eventos relacionados ao setor de impacto.
4. Conecte-se com profissionais que já atuam no setor de impacto. O networking pode abrir portas para oportunidades de emprego, parcerias e colaborações.
5. Busque experiências práticas por meio de estágios, voluntariado ou projetos relacionados ao impacto social.
À medida que mais pessoas se engajam em carreiras de impacto social, seja no governo, em fundações, institutos, empresas sociais ou até mesmo em empresas com fins lucrativos, a transformação se torna não apenas uma visão idealista, mas uma realidade tangível, contribuindo para a construção de um mundo mais sustentável e inclusivo.
Por Bruno Mahfuz Fundador do Guiaderodas
O GUIADERODAS, NEGÓCIO DE IMPACTO QUE PROMOVE A ACESSIBILIDADE, LANÇA INTELIGÊNCIA ARTIFICIAL QUE AGILIZA
INFORMAÇÕES PARA FACILITAR ATIVIDADES DIÁRIAS
Atecnologia desempenha um papel fundamental na transformação da vida das pessoas, tornando as tarefas diárias mais eficientes, a comunicação mais fácil e o acesso à informação quase instantâneo. Para pessoas com alguma deficiência, essa importância é ainda mais acentuada, pois a tecnologia oferece ferramentas que aumentam significativamente o conforto, a segurança e a autonomia.
Com a intenção de proporcionar uma vida mais autônoma e inclusiva para todos, em 2016, foi fundado o Guiaderodas: uma empresa de tecnologia a favor da acessibilidade que se destaca como um agente de transformação social. Focada no mercado corporativo, a Certificação Guiaderodas é um programa independente, sem vínculo governamental, que tem o objetivo de aprimorar e reconhecer as melhores práticas de acessibilidade e inclusão em empresas e edificações. O processo de certificação inclui um diagnóstico detalhado das condições de acessibilidade, realizado por arquitetos especialistas e pessoas com deficiência, e um plano de ação dividido em quatro eixos: ambientes, colaboradores, governança e comunidade. Empresas certificadas, como Vivo, Mercado Livre e Pepsico, demonstram que investir em acessibilidade é uma estratégia competitiva e de responsabilidade social.
Desde o início de suas atividades, o Guiaderodas disponibiliza gratuitamente um app que permite às pessoas avaliar e consultar a acessibilidade de
locais em todo o mundo. Com uma interface in tuitiva, essa iniciativa de utilidade pública utiliza geolocalização para identificar estabelecimentos próximos e proporciona uma plataforma para avaliações rápidas e simples.
De 2016 para cá, houve um grande avanço tecnológico. A inteligência artificial abriu oportunidades antes inimagináveis e muitas bases de dados de acessibilidade de locais começaram a ser construídas. Esse novo cenário permitiu que o Guiaderodas lançasse uma grande inovação: o Gui.
O assistente virtual Gui do Guiaderodas agrega dados de múltiplas fontes sobre locais acessíveis, proporcionando maior autonomia e inclusão para pessoas com deficiência e mobilidade reduzida.
O Gui do Guiaderodas é um assistente virtual que utiliza inteligência artificial para fornecer informações sobre acessibilidade de forma prática e eficiente. Capaz de agregar dados de múltiplas fontes, o Gui organiza essas informações de maneira intuitiva utilizando linguagem natural. Com o Gui, os usuários têm acesso rápido e preciso a dados sobre locais acessíveis, facilitando a tomada de decisões e o planejamento de atividades diárias. Mesmo estando ainda em fase inicial, o Gui já demonstra um impacto positivo significativo, aprimorando-se continuamente através do aprendizado proporcionado pela IA. Este avanço tecnológico promete revolucionar o acesso a informações de acessibilidade de locais, proporcionando maior autonomia e inclusão para pessoas com deficiência e mobilidade reduzida.
Para conhecer, acesse:
Por Fabíola Melo, Editora-chefe Com Thiago Massagardi, Especialista em Captação de Recursos, Sócio-diretor da Everest Fundraising
SOMOS EDUCADOS PARA PENSAR ACERCA DA CAUSA, NUNCA A RESPEITO DA GESTÃO. PORÉM, CONSIDERAR E PLANEJAR A GESTÃO DO DINHEIRO É SE PREOCUPAR COM O IMPACTO POSITIVO NO LONGO PRAZO, FAZENDO O BEM PARA MAIS PESSOAS E POR MAIS TEMPO
erta vez, um jovem empreendedor dos Estados Unidos passou um período de férias na Argentina e conheceu de perto, em comunidades carentes, os efeitos da falta de calçados nas crianças: bolhas, feridas, infecções. Decidiu, então, fazer algo para mudar aquela realidade.
Porém, observando a experiência de uma ONG local que já atuava por essa demanda, percebeu que a dependência das doações trazia dois cenários que comprometiam a continuidade e a abrangência do trabalho: a falta de controle e de previsibilidade sobre o volume de doações e a dificuldade em atender todas as numerações necessárias. Como solução, decidiu criar uma empresa para produzir alpargatas (um tipo de calçado muito comum naquele país) e adotar o modelo de negócio que chamou de one for one: para cada par vendido, outro é doado para uma criança necessitada.
Essa história foi contada no livro Comece algo que faça a diferença, que conta a trajetória da Toms Shoes, um dos mais conhecidos e bem-sucedidos casos de empreendedorismo social do mundo.
Embora seja a experiência de um negócio de impacto, as mentalidades que levaram o fundador Blake Mycoskie a planejar um projeto autossustentável certamente fariam a diferença para a sobrevivência e o crescimento das organizações sociais.
Para que as organizações sociais existem?
Obviamente sabemos que uma organização serve para cumprir um papel social, assistência a causas que são necessárias. Tudo começa pela reunião de pessoas voltadas à solução de uma dor ou a uma transformação. Contudo, para que se torne possível organizar papéis e responsabilidades,
gerenciar recursos materiais e financeiros e promover continuidade, vem a necessidade de estruturar essas atividades e, então, cria-se a organização social.
A organização inicia quando a ação ou o projeto deixa de ser a vontade de alguém para se tornar algo maior, que depende de diferentes pilares para se manter vivo e que precisa de uma gestão. Um desses pilares, indiscutivelmente, trata-se da captação de recursos, afinal, sem dinheiro o movimento pára, a estrutura não se sustenta e o impacto positivo se torna limitado ou simplesmente acaba. No contexto do Brasil, alguns fatores ainda são empecilhos no caminho de encarar a captação de recursos como algo primordial:
1. Falta de profissionalização ou conhecimento sobre práticas de gestão
Em geral, o início de uma organização acontece por pessoas que dedicam seu tempo livre ou o tempo disponível. No entanto, à medida que a causa vai ganhando força, seus fundadores por vezes resistem em contratar pessoas responsáveis por fazer a gestão de forma integral, dedicada e exclusiva, por falta de recursos ou por não dar a devida importância a essa medida. Neste contexto, o termo “profissionalização” se refere a profissionais especializados em áreas cruciais, organizando processos e recursos para que a instituição se mantenha de pé.
2. Cultura de não merecimento ou culpa por acumular dinheiro
Infelizmente, ainda persiste o pensamento de que todo dinheiro recebido deve ser revertido em ações no campo ou que ter uma reserva financeira significa estar negando o benefício a alguém. O imediatismo é algo recorrente nas organizações, por esse motivo elas optam por direcionar todo o dinheiro aos projetos quando poderiam investir em
captação de recursos ou em comunicação para obter benefícios futuros e garantir a sustentabilidade financeira e a perpetuidade do trabalho.
3. Falta de pessoas e de processos estruturados
Equipes reduzidas ou formadas somente por voluntários (o que pode levar a uma alta rotatividade), acúmulo de papéis e responsabilidades, metas altas e irreais, falta de previsibilidade ou de agilidade nas decisões por não haver processos. Esses são alguns dos problemas que também limitam a intenção ou a capacidade das organizações em
manter uma área dedicada à captação de recursos. Para se ter uma ideia, de acordo com o Mapa das OSCs, levantamento realizado pelo IPEA, das mais de 800 mil OSCs brasileiras, apenas 10% têm um funcionário registrado e somente 26 mil têm mais de 10 funcionários registrados. Apesar dessas dificuldades, captar recursos é uma questão de sobrevivência. Nenhuma organização é viável ou terá futuro sem pensar na sustentabilidade financeira e ter uma base monetária estratégica para viabilizar não somente a realização de projetos, mas a garantia de ter as portas abertas no dia seguinte. A boa notícia é que existem caminhos possíveis!
“É muito legítimo atuar para matar a fome do dia de alguém, entretanto, deixar de investir na captação
pode ser a diferença entre uma ajuda pontual e transformações contínuas.”
A arte de captar recursos é nunca precisar pedir dinheiro... mas chegar lá dá trabalho. Parte disso se deve ao fato de que somos resultado de uma cultura que pensa no resultado, no objetivo, no ponto de chegada; não somos preparados para levar em conta e suportar os processos que levam aonde queremos chegar. Quando olhamos para o Terceiro Setor não é diferente, somos educados para pensar acerca da causa, nunca a respeito da gestão. Porém, considerar e planejar a gestão do dinheiro é se preocupar com o impacto positivo no longo prazo, fazendo o bem para mais pessoas e por mais tempo.
Neste sentido, administrar os recursos - não somente pensando em onde se deseja aplicá-los, mas principalmente, prevendo de onde virão, em que volume e quando entrarão - precisa se tornar um pilar estrutural da instituição, uma pauta permanente das reuniões e dos planejamentos.
Mas antes mesmo dessa medida essencial, um esclarecimento se faz necessário. Não raramente, os conceitos de fonte e estratégia se confundem, porém, compreender a diferença favorece qualquer plano de ação.
Fonte de recurso refere-se à origem do dinheiro, ao “bolso” de onde ele sai, a “quem” vai financiar (empresas, outras organizações, indivíduos, poder público, igrejas, geração própria de renda).
Estratégia se trata de “como” acessar a fonte, é a forma a partir da qual a fonte será acionada para fazer a doação ou o financiamento (mala direta, campanha nas redes sociais, projetos de responsabilidade social e ESG das empresas, leis de incentivo, entre outras).
Para cada tipo de fonte existem diferentes estratégias que podem ser utilizadas. A decisão acerca de qual tipo de fonte ou de estratégia se adapta melhor a um projeto depende de muitas variáveis, como volume a ser buscado, urgência pelo recurso, tempo e equipe disponíveis e condições burocráticas da organização.
BAIXA
OBJETIVO
MUITO
Quanto dinheiro?
POUCO
LIVRE
Qual aplicação?
PONTUAL
Qual recorrência?
RECORRENTE
Poder público
Qual demanda de esforço para captar?
ALTA
CARIMBADO
FONTES
Grandes empresas ou fundos internacionais
Indivíduos Grandes doadores
ESTRATÉGIA MAIS ADEQUADA
Indivíduos Pequenos doadores ou Pequenas empresas Recursos Próprios
O diagrama mostra um exemplo de como dar início ao processo de decisão sobre a fonte e a estratégia, a qual depende de uma análise integral:
• Qual é o volume de dinheiro pretendido?
• Com qual recorrência o valor será necessário?
• Onde o dinheiro será aplicado (recurso carimbado ou livre)?
• Qual é o esforço necessário para alcançar este recurso (número de pessoas, tempo operacional, expertises) em relação ao que a organização tem disponível?
Em um estágio posterior, outras avaliações ajudam a nortear a decisão:
A organização está apta a implementar determinadas estratégias?
Fonte ou estratégia
Poder público
Empresas
Editais
Condição
Formalização, Utilidade Pública, participação em Conselhos Municipais
Formalização, funcionário contratado, bons projetos, contrapartidas
Formalização, funcionário contratado, conselho
Digital Redes sociais ativas, conteúdo, ferramentas de anúncio e tráfego
Qual é o objetivo da captação?
Objetivo
Gerar estabilidade financeira para a instituição com dinheiro livre. Dar mais visibilidade para os programas e projetos.
Rentabilizar o reconhecimento e a notoriedade da marca. Aproveitar a proximidade com pessoas de alta renda ou que tenham trânsito junto ao poder público.
Rentabilizar o alto número de seguidores e de engajamento nas redes sociais.
Estabelecer a marca, tornar-se mais conhecido. Garantir recorrência para a estabilidade financeira.
A causa da organização é favorecida ou faz parte do foco preferencial de alguma fonte ou estratégia?
Fonte ou estratégia Causa
Leis de incentivo Federais Educação, Assistência social, Saúde, Cultura, Esporte, Idoso, Criança e adolescente
Recursos internacionais Meio ambiente
Empresas, editais Inclusão produtiva, Educação, Equidade de gênero e raça, Empregabilidade
Indivíduos - pequenos Combate à fome, Saúde, doadores Infância e juventude
Fonte ou estratégia
Pequenas e médias empresas, indivíduos pequenos doadores
Grandes empresas, editais
Indivíduos grandes doadores, estratégias digitais
Indivíduos grandes doadores, emendas parlamentares
Estratégias digitais
Grandes empresas, editais
Recursos próprios, indivíduos pequenos doadores, pequenas e
médias empresas
Uma analogia apresentada por Thiago Massagardi, especialista em captação de recursos e consultor para esta matéria, ilustra o processo da escolha de onde e como captar fazendo uma analogia com a intenção de se chegar a determinado ponto dentro de uma cidade. Seria possível acessar o destino a partir de uma avenida principal, ou então, fazer o trajeto por marginais e vias secundárias, quem sabe até se deslocar por helicóptero. A escolha, porém, dependeria do meio de transporte disponível, do clima no momento, das condições das ruas, do tempo de quem precisar fazer o trajeto etc.
“Uma vez que cada organização possui um contexto muito particular, não existe uma receita pronta ou um ponto de partida determinado”, afirma ele.
Massagardi lembra que essencialmente há dois tipos de organização: a que pensa na captação de forma planejada e a que pensa quando seus recursos acabam. Segundo ele, “Depois de construir um processo sólido, quando os resultados já acontecem e existe uma sobra de caixa, pode ser o momento
Way 2 Pay
Cl ique e Agende
Heranças
Peer to Peer
Giv ing Circl e
Ev entos (Gal as e Leil ão)
Campanhas Anuais
Crowdfunding Cashback
Payroll Redes Sociais/Digital Face to
Eventos (Galas/ Leilão)
Mala Direta
Cofrinho
Arredondamento
Voluntariado
Com pre 1 e Doe 1 I n Ki nd Juros
DRTV
Tlmkt
Indivíduos
Geração de Renda
Al uguel Fundos Patrim oniais FONTES DE CAPTAÇÃO
Prêm i os Venda de Produtos
Prestação de Serv i ços
de buscar alternativas de captação de recursos”.
As novas estratégias devem visar ao acesso a recursos não carimbados para financiar o desenvolvimento institucional, formando uma equipe mais qualificada, pensando nos custos fixos (aluguel, luz, água, folha de pagamento etc.), em melhorias na gestão, em ferramentas tecnológicas e na estrutura física, além de permitir um plano de crescimento, se esse for o desejo.
Várias estratégias podem e devem trabalhar juntas. Embora isso demande um trabalho focado, é o que viabiliza a sustentabilidade e a saúde financeira da organização.
Obrigações Legais / Tac
Amadrinhamento
Apadrinhamento
Vol untari ado
ODS / ESG / Sel o
Empresas
Li cenci amento
Projetos M RC
Parcerias
*várias estratégias podem e devem trabalhar juntas
Fundações e Institutos
Governo
Poder Judiciário: Multas, TACs e TAJ
Convênios/ PPP / Termo de Fomento, colaboração ou parceria Emenda Parlamentar
Editais I nternacionais e Nacionais
Parceri as
Fonte: Everest Fundraising
Para saber mais sobre fontes e estratégias, quais são e como acessá-las, separamos três excelentes materiais:
Artigo “Guia completo de captação de recursos para sua ONG” do Blog da AGO Social:
Guia dos guias para captar recursos, material da Plataforma Conjunta:
Trilha da Captação Inteligente da Ago, com representantes de diferentes fontes:
A CRIAÇÃO DE PROCESSOS EFICAZES PARTE DE MUITA CLAREZA E DE UMA MENTALIDADE DE EVOLUÇÃO PERMANENTE
Um processo bem estruturado de captação de recursos está intimamente ligado a um pensamento sistemático e planejado por parte da organização. Essa é a visão de Érika Sanchez, Diretora executiva do Instituto ACP. Kika, como é conhecida no setor, reafirma a ideia de que não
se trata apenas de pensar nos projetos ou nos custos fixos (aluguel, água, salários), mas planejar estrategicamente a captação de recursos para financiar aspectos cruciais como a avaliação de impacto, a consultoria em gestão para avançar os procedimentos, o sistema financei-
ro ou CRM para melhorar a relação com os apoiados ou os doadores. Ela lembra que com o tempo, a tendência é que a organização “entre no modo automático” e deixe de pensar intencionalmente na estratégia. No entanto, “essa consciência precisa ser constante.
"É preciso parar de tempos em tempos, olhar para o que está sendo feito e se ainda é a melhor resposta para o contexto atual, afinal, o cenário é dinâmico, muda o tempo inteiro.”
Thiago Massagardi pensa da mesma forma. Para ele, “assim como ocorre em uma empresa, onde todas as áreas falam sobre vendas e trabalham, em algum nível, para apoiar aquele setor (afinal, é o responsável pela geração de receita), todos dentro das organizações também devem olhar para a captação”
Neste sentido, encarar a captação de recursos de um ponto de vista estratégico significa:
• criar processos;
• treinar pessoas;
• desenvolver planos e metas;
• reservar um tempo para estudar o assunto em todas as reuniões de Conselho e de planejamento.
No tocante à elaboração de um processo de captação, algumas etapas preliminares são capazes de construir uma base mais sólida e eficiente.
Do mesmo modo que uma jornada de evolução pessoal começa pelo autoconhecimento ou que a estruturação de um negócio ou lançamento de um novo produto depende de uma pesquisa interna, captar recursos requer um mapeamento da realidade. O que essas respostas trarão? Direcionamentos vitais: público mais adequado para abordar, teor da linguagem e da comunicação utilizada, discurso coerente e capaz de mobilizar, entendimento dos recursos humanos já disponíveis ou necessários, demandas da organização, correções possíveis em práticas atuais, ou então, reforço nas que tiveram êxito.
Algumas perguntas direcionadoras para esse autodiagnóstico são:
• Por que a organização nasceu, qual a dor sobre a qual se pretende atuar?
• Qual é a sua história até ali e de seus fundadores?
• Qual é o impacto pretendido pela realização desse trabalho ou de cada projeto?
• Quem são as pessoas e seus papéis ali dentro?
• Quais são os canais de comunicação com o público externo e qual o desempenho de cada um?
• O que já foi feito em termos de captação de recursos e quais foram os resultados?
• Quantos e quais são os parceiros e apoiadores atuais?
• Como o dinheiro está sendo gerido e de que forma é feita a prestação de contas?
• Quais são as demandas atuais de estrutura, capital, pessoas, ferramentas etc.?
Esta etapa se refere ao levantamento de informações acerca das partes envolvidas de alguma forma no trabalho realizado ou que possam exercer algum tipo de influência. São perspectivas que ajudam a identificar o tamanho do desafio da captação.
Benchmarking
A prática de benchmarking estuda o que pode servir de referência ou modelo. Neste caso, a busca deve ser por instituições com a mesma atuação, localizadas em uma cidade com o porte e perfil similares, que esteja presente em uma região ou comunidade com características semelhantes e com uma história relativamente parecida.
Pessoas próximas
Outro passo importante é ouvir parceiros, apoiadores, beneficiários e comunidade para entender se a visão de todos (ou da maioria) está alinhada à imagem que se tem a intenção de transmitir. Ser congruente com as expectativas externas é um meio para aumentar a confiança.
A ideia é perceber o tamanho do mercado onde a organização está inserida, em outras palavras, quais são as possibilidades e o potencial de financiadores. Quem são eles? Quantos são? Há outras instituições já beneficiadas por esses recursos?
Depois de todo esse mapeamento de questões internas e externas, se torna possível explorar pontos favoráveis ou oportunidades de melhoria para dar início a planos de ação e à construção do processo. Uma ferramenta capaz de apoiar essa tarefa é a Análise SWOT (em português, FOFA). A SWOT é uma matriz onde cada um dos
quadrantes relaciona fatores cruciais para tomadas de decisão mais acertadas. São eles: forças, oportunidades, fraquezas e ameaças.
Depois de colocar à mesa as condições que possivelmente favoreçam ou atrapalhem a operação e o desempenho da organização, vem a fase seguinte: planejar.
Fatores internos
Fatores positivos
Fatores externos (força) (oportunidades) (ameaças) (fraqueza)
Fatores negativos
O momento de planejar a busca por recursos agora tem subsídios concretos para fornecer um norte mais promissor:
• Quais forças e oportunidades podem ser aproveitadas e como?
• Quais fraquezas precisam ser corrigidas prioritariamente?
• Quais ameaças devem ser consideradas no planejamento de modo a causar a menor interferência possível?
• Considerando todos os dados mapeados, qual é a fonte e a estratégia de captação mais indicada de imediato e quais outras podem ser exploradas paralelamente ou em um curto espaço de tempo?
Toda essa preparação representa uma seleção natural para chegar a escolhas e ações mais adequadas. Além disso, devem fazer parte de processo: o acompanhamento de indicadores de resultados que avaliem a relação entre as metas e o que foi realizado: um controle financeiro organizado, pensado nas questões de desenvolvimento da instituição e que seja transparente perante os financiadores; uma comunicação efetiva e permanente com todos os públicos sobre as ações, conquistas e práticas desenvolvidas pela organização.
RELACIONAMENTO, ENGAJAMENTO, COMUNICAÇÃO ASSERTIVA. A CAPTAÇÃO DE RECURSOS DEPENDE TAMBÉM DAS CONEXÕES ENTRE AS PESSOAS QUE FAZEM PARTE DESSE PROCESSO
A importância de criar conexões e cultivar relacionamentos com as pessoas é fundamental em vários aspectos da vida, incluindo os contextos ligados à vida profissional. Essa afirmação se baseia nas necessidades básicas do ser humano, como pertencimento, identificação e acolhimento, que são aspectos presentes na famosa Teoria da Hierarquia de Necessidades, desenvolvida pelo psicólogo americano Abraham Maslow Maslow.
Qualquer relação sólida e duradoura nasce de uma construção. No caso de doadores, financiadores e parceiros - figuras que estão no centro da captação de recursos-, essa construção pede atenção, transparência, gratidão e demonstração de interesse.
O relacionamento, portanto, vai desde a abordagem, fundamentada pelo encantamento, pela aproximação emocional com a causa, até chegar ao engajamento, por meio de ações contínuas em diferentes pontos de contato com esse público.
Esse fluxo de continuidade pode ser mantido com pequenos gestos de gentileza e atenção, como agradecimento a cada contribuição, convites especiais, mensagens ou telefonemas em datas comemorativas. O cultivo dessa relação também precisa considerar que nem sempre o doador estará no momento certo de doar, mas quando esse momento chegar, a organização precisa ser lembrada.
No ambiente das organizações socioambientais não é diferente. Cultivar relacionamentos autênticos e significativos no ambiente de trabalho e, é claro, com os doadores e parceiros, leva a bons resultados, ao bem-estar dos profissionais e ao engajamento dos apoiadores.
Por isso mesmo, faz parte de um processo bem-sucedido considerar os componentes humanos da captação.
Um erro muito comum, que se repete cotidianamente nas organizações, acontece quando alguém não preparado assume a atividade de captar recursos. Muitas vezes, um voluntário ou um profissional que desempenha um excelente trabalho em sua área de expertise é convidado para realizar a captação. Contudo, sem a formação na área ou um treinamento adequado, são grandes as chances dessa escolha não trazer bons resultados.
Kika Sanchez alerta sobre isso. De acordo com ela, “não dá para considerar que a pessoa que é boa fazendo oficinas de teatro para adolescentes vai ser um bom captador de recursos. Não é sobre profissionalizar o professor de teatro, é sobre ter um profissional de captação de recursos na organização”, avalia.
O captador precisa querer estar ali e ter compatibilidade com essa função, a qual se aproxima muito de características comerciais: saber encantar, ser persistente, lidar com objeções, olhar para dados e estatísticas, ter boa capacidade de comunicação, negociação e relacionamento.
AA liderança da organização, geralmente representada pela figura do fundador ou diretor, tem um papel determinante dentro do processo de captação de recursos. Espera-se do líder a capacidade de reconhecer talentos e demandas de aprendizado, orientar, ouvir e oferecer condições justas de trabalho.
Na prática, cabe ao líder identificar para função de captação pessoas alinhadas ao perfil ideal, oferecer treinamento, promover um ambiente de transparência, comunicação aberta, reconhecimento e valorização.
A relação de confiança entre líder e captador (da mesma forma que o vínculo entre o doador e a organização) depende de confiança. Logo, quando esses cuidados acontecem por parte da liderança, talentos são retidos, e com eles, a continuidade de um bom trabalho.
Diante de todas essas experiências e reflexões, colocar no centro dos processos as pessoas, em vez do dinheiro, se mostra uma das mais promissoras estratégias para atrair e conquistar recursos.
REYNOLD LEVY, DO LIVRO YOURS FOR THE ASKING
Captar é ciência e arte. A analogia, apresentada por Thiago Massagardi, compara o captador de recursos a um artista: “Um artista estuda técnicas, mistura cores, pesquisa materiais, compreende perspectivas, entra em contato com teorias para exercer a sua arte. Ele coloca em prática todo esse conhecimento e repete muitas vezes até chegar ao ponto de executar sem pensar racionalmente. A repetição da técnica leva ao ‘estado da arte’, uma forma de executar que é orgânica, natural.”
Do mesmo modo que o artista se dedica para desenvolver a sua arte, o captador de recursos depende de vários aprendizados: habilidade de negociação, compreensão do comportamento humano, rapport (técnica para desenvolver conexão na comunicação), estudo de estratégias, interpretação de dados e de possibilidades. “O primeiro movimento precisa ser intencional. Por exemplo, o captador vai a uma reunião com uma técnica em mente e precisa executá-la. Depois de muitas repetições, ele fará inconscientemente, inclusive capturando o momento certo de aplicar. Neste momento, a captação ‘virou arte’” explica Thiago. Outra reflexão é considerar que uma captação de recursos eficiente se traduz em nunca precisar pedir dinheiro, isto é, quando o captador se coloca em uma posição de aprendiz ou parceiro e conquista uma simpatia capaz de estimular iniciativas voluntárias para ajudar. Mas
como chegar lá? O caminho passa por pedir conselhos, orientação, mentoria, ou, conforme ensina Neide Santos, parabenizar no aniversário, convidar para uma visita, contar histórias vitoriosas ou oferecer uma palestra gratuita para, no final, abrir a oportunidade de doações para o projeto, no caso de terem apreciado o que acabaram de ouvir e conhecer. No final das contas, uma aproximação assim faz as pessoas se engajarem mais do que diante de um pedido direto por dinheiro.
Desenvolver a arte de ser um captador requer intencionalidade e disciplina permanente em percorrer uma trilha de aprender, praticar, adaptar e reaprender sempre.
“Captar recursos tem essa sutileza de ir se relacionando com as pessoas e as cativando a ponto de não precisar falar de dinheiro. Quando você consegue estabelecer esse relacionamento, fazer o pedido, às vezes, nem é necessário”, conclui Massagardi. Esse nível de excelência, apesar de exigir bastante trabalho, pode vir a ser realidade para muitas organizações. Afinal, muito do que se chama “dom” é tão somente aprendizado e perseverança. Logo, um novo patamar na captação de recursos - mais inteligente e com maiores resultados - requer das organizações incorporar conhecimentos e praticá-los consistentemente até que sejam reproduzidos com maestria. Começa com ciência, com técnica, com processo, e termina em arte. Arte de comunicar uma ideia, de envolver, de se relacionar e, assim, mobilizar pessoas em ações que promovam uma causa ou projeto.
Por Alexandre Amorim Cofundador da Ago
PENSAR NAS MENTALIDADES DO CAPTADOR ACRESCENTA UM PONTO DE VISTA DIFERENTE PARA A CAPTAÇÃO DE RECURSOS Fo to: Gus
Percebemos que a diferença dos captadores que alcançam e superam os seus objetivos está na forma de pensar.
Alexandre Amorim
Buscando enriquecer as visões sobre o tema da captação de recursos, em 2022, a Ago Social realizou pesquisas para entender o porquê de algumas organizações terem um crescimento constante na sua receita, marca e impacto e de outras captarem recursos para sobreviver. Assim, realizamos uma série de entrevistas, grupos focais e grupos-controle para entender o que está por trás de uma captação de sucesso. Pensávamos em várias hipóteses: causa, marca, softwares, processos, ou mesmo, a capacidade de oratória dos captadores.
Como resultado, identificamos cinco crenças e posturas mais presentes nos depoimentos a as chamamos de mentalidades, as 5 mentalidades da captação inteligente
De forma sucinta, este é o resultado do profundo estudo que realizamos e que se transformou na metodologia presente no curso Captação Inteligente da Ago:
1. Ouvir mais do que falar: Uma captação inteligente não é aquela em que se fala muito sobre todos os feitos, conquistas e transformações geradas, mas aquela que escuta as dores e dialoga com os parceiros. Assim, as instituições que ouvem antes de fazer pedidos entendem como podem contribuir.
2. Dar e receber: Quem está ocupado em apenas captar, mesmo com um bom propósito, nem sempre consegue progredir. Por outro lado, gerar valor e oferecer algo rele-
vante para os parceiros leva à prosperidade e à construção de relações de longo prazo.
3. Foco: Sim, é importante diversificar. Mas antes, a organização precisa ser boa em uma estratégia de captação! A ideia é concentrar-se e tornar-se ainda melhor no tipo de captação que já domina; somente depois disso, pensar em outras estratégias. O resultado da diversificação precoce acaba sendo um trabalho malfeito em diferentes frentes de atuação.
4. Constância e antecipação: Muitas organizações têm belíssimas iniciativas, mas percebemos que as ações podem demorar até dar certo. Neste sentido, é como diz o ditado: “quem persiste prospera”. Não adianta esperar resultados imediatos, a captação de recursos é feita com base na confiança e a confiança leva tempo para ser conquistada.
5. Abundância: Por fim, é comum encontrar organizações que sempre falam a respeito do que falta, colocando-se em uma posição de vítimas, considerando-se pequenas e limitadas. No entanto, vimos que o sucesso na captação chegou para aquelas que pensam no crescimento, sonham grande e têm convicção de que vão alcançar os objetivos. Na verdade, o parceiro financiador quer estar no time que ganha e que tem convicção de que vai vencer!
Para fechar esta jornada sobre a captação de re cursos, nada como um exemplo real de quem conseguiu reunir es tratégias adequadas, processos, inten cionalidade, foco nas pessoas e mentalidades corretas.
Esse conjunto de fatores, soma do ao espírito de determinação e autoconfiança da Neide Santos, fundadora, reflete na trajetória da Vida Corrida, organização social que faz um belíssimo trabalho há 25 anos, promovendo saúde e ati vidades esportivas para crianças e adultos no Capão Redondo, bairro de São Paulo (SP).
Neide compartilhou com os leitores da AGORA alguns dos segredos que favorecem o trabalho de captação de recursos e garantem a sustentabilidade financeira da organização:
“Tenho facilidade de criar relacionamentos, de articulação, de conversar. Então, nas oportunidades de fala que tenho, eu falo do Vida Corrida. Dali a pouco, a empresa se
Senso de oportunidade e estraté“Às vezes, tenho cinco minutos de fala, eu priorizo o que falar. Aí, rapidamente, convido para vir
Gestão consciente: “Temos uma conta de recursos próprios, uma conta de investimento, fora as contas de cada projeto incentivado.”
Comunicação assertiva: “Eu já tenho um vídeo preparado das nossas ações, algo que toca o coração das pessoas. Você não deve se fazer de vítima. O seu público atendido é grandioso demais, ele
é valoroso demais, o valorize. Ele é seu cartão de visita, sabe?”
Relação com os doadores: “Eu tenho relação com essas pessoas: agradeço todo mês, quando chega o aniversário, eu ligo, mando flores, eu me convido para tomar um café.”
Investimento em pessoas: “A gente tem uma equipe incrível, não ficamos sem eles. Então termina um projeto e a gente vai perder essas pessoas para outras organizações? Nesta hora entram os recursos próprios.”
Desenvolvimento permanente: “Quando eu comecei, me dediquei a estudar sobre políticas públicas e ver o que outras organizações estavam fazendo. Porque, primeiro, nós não podemos mudar aquilo que nós não conhecemos.”
Nem todos os termos utilizados nos ambientes de diálogo do Terceiro Setor são conhecidos claramente por parte dos empreendedores sociais ou por quem está à frente da gestão. Pensando nisso, segue uma lista de palavras e expressões que podem ajudar na compreensão de cenários presentes no dia a dia dos captadores das organizações.
Cebas: O Certificado de Entidade Beneficente de Assistência Social é um documento concedido pelo Governo Federal a organizações sem fins lucrativos nas áreas de Assistência Social, Educação ou Saúde, o qual dá acesso a isenções e benefícios tributários e a convênios e parcerias com o poder público
Formalização: Registro e licenciamento da organização junto aos órgãos governamentais e regulatórios. A formalização fornece um CNPJ e permite a emissão de notas fiscais, a contratação legal de funcionários e a participação em contratações e editais, por exemplo.
Geração própria de renda ou recursos próprios: Modelo de obtenção de recursos fazendo uso dos próprios bens (fundo patrimonial, locação de imóveis), pela oferta de serviços ou comercialização de produtos.
Gestão: Conjunto de práticas relacionadas à estruturação, planejamento e controle, voltadas a formas eficientes e estratégicas de dispor dos recursos existentes (todos eles). Também envolve a criação de processos e métodos de trabalho para potencializar esses recursos.
Recurso: No contexto das organizações sociais, tem relação com todos os meios que possibilitam a execução de uma ação, projeto, objetivo ou melhoria. Podem recursos materiais (móveis, veículos, material de construção, material de escritório, equipamentos, entre outros), recursos humanos (voluntários, conselheiros), recursos intelectuais (consultorias, mentorias, formações) e, especificamente no contexto desta matéria, recursos financeiros.
Recurso carimbado: O termo “carimbado” faz alusão ao dinheiro concedido com uma destinação específica. Seja por lei ou pela regulamentação de um edital ou financiamento.
Recurso livre: O recurso livre é aquele que não tem compromisso de destinação e pode ser aplicado conforme a escolha da organização.
Rentabilização: Rentabilizar é obter vantagem financeira sobre algo, transformando oportunidades em meio de conquistar dinheiro. Por exemplo, passar a vender os produtos de uma oficina de artesanato; oferecer palestras sobre um assunto do qual se tenha domínio; fazer campanhas de doação pelas redes sociais aproveitando o alto engajamento dos seguidores.
Formação de 2 horas on-line (gravado). Uma trilha educacional que apoia os empreendedores na escolha entre abrir uma ONG ou um negócio social, a partir dos seus objetivos.
Formação de 6 horas on-line e ao vivo. Uma formação para quem tem dificuldade em engajar pessoas na sua causa e quer estruturar um planejamento de marketing sólido.
Formação de 6 horas on-line e ao vivo. Uma formação para quem precisa de um passo a passo completo para começar a captar recursos de forma recorrente.
Formação de 30 horas on-line e ao vivo. Um programa desenhado para empreendedores sociais que estão na fase de definição e validação do seu modelo de negócio.
Acesse o site agora mesmo, escolha seu programa e supere os desafios reais com as soluções praticadas por quem alcançou o sucesso na mobilização de recursos.
Formação de 6 horas on-line e ao vivo. Uma formação para quem quer gerir os recursos da organização de uma forma mais organizada e eficiente junto à sua equipe.
Formação de 30 horas (gravado + on-line e ao vivo) Um programa para quem quer conhecer as melhores fontes e estratégias para captar mais e melhor pela sua organização social.
Formação de 6 horas on-line e ao vivo. Uma formação para quem quer criar uma solução inovadora para o seu projeto social ou ambiental.
Formação de 10 horas (gravado + on-line e ao vivo). Um programa direcionado a organizações sociais que desejam expandir a sua atuação e aumentar o impacto que geram.
agosocial.com.br @ago.social
Fale com a Ago
Foto: divulgação
Agente de mudança: Andressa Scabin
Empreendimento: Instituto Juruá Manaus (AM)
Programa: Btg Soma Meio Ambiente
os números do impacto +173 professores e facilitadores
5.219 empreendedores sociais
Foto: divulgação
26 Estados + DF 457 Cidades + de 5 países 74% mulheres 39% negros e pardos
Agente de mudança: Fernando Fabelino de Souza
Empreendimento: Projeto Taquari
Campina Grande do Sul (PR)
Curso Ago Social: Captação Inteligente
48% dos empreendimentos têm foco em meio ambiente, educação e assistência social
Agente de mudança: Lisania Pereira
Empreendimento: Instituto Mandaver Maceió (AL)
Programa: BTG Soma Educação
Agente de mudança: Vilquer Rodrigues Diogo
Empreendimento:
Plataforma BemAi
Rio de Janeiro (RJ)
Curso Ago Social: Negócio de Impacto de Sucesso
Agente de mudança:
Maria Alvani Lavor Rolim
Empreendimento: Associação Centro de Referência Raio de Sol Aragoiânia (GO)
Curso Ago Social: Captação Inteligente
Agente de mudança:
Fernando Fabelino de Souza
Empreendimento:
Projeto Taquari
Campina Grande do Sul (PR)
Curso Ago Social:
Captação Inteligente
Projeto Taquari auxilia famílias, mulheres e crianças em situações de vulnerabilidade que moram em uma região de isolamento físico, na área rural de Campina Grande do Sul (PR). O projeto oferece a doação semanal de alimentos vindos do Ceasa e da Ação Social do Paraná, oficinas de costura e cozinha para geração de renda para as mulheres, e escolinha de futebol e contraturno escolar para crianças. Atendendo aproximadamente 250 pessoas, os recursos vêm de doações (voluntários, empresas e entidades públicas), rifas, bazares, venda de cestas de hortifruti de produtores locais,
eventos solidários (cicloturismo e caminhada na linda região de mata atlântica). Há outras fontes em processo de aprovação, emendas parlamentares e repasses do programa estadual de notas fiscais. Hoje, o próprio Fernando é responsável pela captação de recursos, e ele tem uma visão muito madura a respeito da relação com doadores e financiadores. “Sou empresário e sempre fui focado na área comercial. Simplificadamente, captar recursos é ‘vender’ o projeto social, seus propósitos e impactos. Assim como nas relações de negócios com fins lucrativos, acredito que no terceiro setor temos que construir parcerias,
OInstitutoAgente de mudança:
Andressa Scabin
Empreendimento:
Instituto Juruá
Manaus (AM)
Programa:
BTG Soma Meio Ambiente
Juruá é uma OSC criada em 2018, formada por pesquisadores e conservacionistas com a missão de desenvolver e apoiar iniciativas positivas de uso dos recursos naturais na Amazônia. As ações promovem conservação da biodiversidade, soberania alimentar, geração de renda e melhoria na qualidade de vida de comunidades indígenas e não-indígenas. Isso acontece principalmente nos municípios de Carauari, Itamarati, Juruá, na região do Médio Rio Juruá, através da integração entre conhecimento científico, tradicional e do protagonismo local.
Com 22 funcionários remunerados e 24 voluntários, o impacto gerado alcança aproximadamente 30 mil pessoas. A principal via de captação de recursos é através da filantropia com destaque para organizações internacionais. “Essa é uma relação que vai além de apenas o financiamento de nossas atividades, mas também nos proporciona momentos de autoavaliação de nossas ações e de pensar juntos estratégias de escalonamento de nossa atuação”. Durante a passagem pela aceleração BTG Somo Meio Ambiente houve muitos aprendizados. “Acredito que o principal foi a importância de
sendo veículo para que pessoas e empresas, através do nosso trabalho, atinjam seus objetivos filantrópicos, sociais ou ambientais.” Com o curso Captação Inteligente da Ago, Fernando teve mais clareza a respeito de como trabalhar os recursos existentes e como acessar esses recursos. “Fizemos duas importantes ações e com êxito, que foram o primeiro Evento Beneficente e a elaboração, apresentação e aprovação do nosso primeiro projeto junto ao Conselho da Criança Municipal. Para ambas, me orientei nas aulas do Alexandre Amorim, nos vídeos e nas trocas com os colegas de turma.”
construirmos um plano de negócios eficiente que almeje uma sustentabilidade financeira para garantirmos nossa atuação a longo prazo. Além disso, a necessidade de possuir uma teoria da mudança bem clara e um pitch (discurso) potente, que possa, ao mesmo tempo, engajar o potencial financiador/parceiro e mostrar resultados sólidos de nossas ações. Ficou mais evidente a importância de uma narrativa bem construída para que cada simples conversa seja uma nova oportunidade de engajamento em nossa causa.”
Agente de mudança:
Vilquer Rodrigues Diogo
Empreendimento:
Plataforma BemAi Rio de Janeiro (RJ)
Curso Ago Social:
Negócio de Impacto de Sucesso
Criada em 2023, BemAI é uma plataforma digital inovadora para gerar mensuração do impacto socioambiental de empreendimentos sustentáveis utilizando inteligência artificial e metodologias avançadas para materializar o impacto positivo. O propósito é atender um dos maiores desafios enfrentados pelos empreendedores sociais, ou seja, a dificuldade de demonstrar seu
Aimpacto e, com isso, conquistar recursos financeiros. O MVP (Produto Mínimo Viável) foi desenvolvido com foco na comunidade da Rocinha, no Rio de Janeiro, proporcionando consultorias especializadas e oferecendo dados e análises para identificar oportunidades de melhoria. Alguns conhecimentos adquiridos no curso Negócios de Impacto de Sucesso, da Ago, ajudaram
a apoiar essa ideia: “Aprendi a estruturar melhor meus argumentos e a demonstrar o impacto de forma clara e didática, o que é essencial para a captação de recursos. A metodologia ‘Effectuation’ foi particularmente útil, ajudando-me a trabalhar minha rede de contatos e a iniciar ações práticas para tirar o projeto do papel e colocá-lo em prática”.
Agente de mudança:
Maria Alvani Lavor Rolim
Empreendimento:
Associação Centro de Referência Raio de Sol
Aragoiânia (GO)
Curso Ago Social:
Captação Inteligente
Associação Centro de Referência Raio de Sol nasceu em janeiro do ano 2000, fruto do sonho de Maria Alvani e de sua mãe, Josefa Lavor Rolim. A organização apoia diretamente o público infantil e adolescente, porém, existe um projeto em parceria com a cooperativa de pequenos produtores rurais, a partir do qual distribuem verduras
Nosemanalmente para as famílias da comunidade. O trabalho conta com o apoio de voluntários e prestadores de serviços e atende, atualmente, 186 crianças e adolescentes. No momento, as empreendedoras estão formando uma equipe de captação de forma remunerada para atuar na estratégia de contato direto por ligação telefônica e visitas.
Agente de mudança:
Lisania Pereira
Empreendimento:
Instituto Mandaver
Maceió (AL)
Programa:
BTG Soma Educação
ano de 2018 nasceu o Instituto Mandaver. A missão de promover a cidadania acontece por meio de esporte, cultura, qualificação profissional e geração de renda. A instituição contribui para transformar a realidade da comunidade do Vergel do Lago, em Maceió, Alagoas. Atualmente, o projeto impacta diretamente 2.416 beneficiários e tem uma equipe
Durante a experiência no curso Captação Inteligente da Ago, Maria Alvani relata ter aprendido sobre a importância do aprendizado permanente: “O que eu tiro de lição é o quanto precisamos de dedicação e muito estudo para cuidar da organização; o curso da Ago ampliou minha visão de que precisamos estudar sempre!”.
composta de 49 funcionários e 5 voluntários. O processo de captação de recursos é gerenciado por um setor específico, responsável pela busca de recursos através de editais e parcerias com pessoas jurídicas. A organização também mantém um relacionamento estreito e contínuo com doadores e financiadores, garantindo transparência e confiança. Durante a aceleração BTG Soma
Educação adquiriram informações valiosas que complementam o trabalho do Mandaver. “Vimos que nossa comunicação precisava de intencionalidade e refletimos sobre nossa postura como gestores em termos de liderança. Os módulos de comunicação, captação de recursos, liderança e expansão nos forneceram insights importantes para melhorar nossas práticas e ampliar nosso impacto.”
Com Cássio Aoqui
Consultor em Filantropia, Cofundador e Membro do Conselho da ponteAponte, Conselheiro no Instituto Mol e na Liga Solidária
COMO A FILANTROPIA, UM DOS MEIOS POSSÍVEIS PARA REDUZIR A DESIGUALDADE
SOCIAL BRASILEIRA, PODE CRESCER DE MANEIRA MAIS ESTRATÉGICA
Cássio Aoqui
“Entre o Jardim Ângela e o Jardim Europa”. A partir desse título, Cássio Aoqui vem desenvolvendo sua tese de doutorado propondo reflexões sociais de um ponto de vista que observa, de um lado, um bairro marcado por contextos de vulnerabilidade e violência, e de outro, uma das regiões mais valorizadas do Brasil.
Com essa perspectiva e com um olhar bilateral (vindo da atuação ao lado de organizações sociais e de famílias doadoras de alta renda), um dos maiores especialistas em filantropia do nosso país teve uma conversa especial com a AGORA.
Cássio defende a necessidade de pontes para conectar as diferentes realidades e da “tradução de mundos” para ampliar a compreensão sobre o que acontece nos territó-
rios. Disso depende a construção de uma sociedade menos desigual.
A filantropia, que é uma das formas de materializar essas pontes, foi o tema desta conversa, em que ele fala considerando as suas experiências, opiniões e as tendências que têm observado em seu trabalho que acontece, justamente, entre universos tão diferentes, assim como os Jardins ngela e Europa. Acompanhe!
A filantropia no Brasil e o engajamento de doadores
O Brasil é um país engajado na prática filantrópica em determinadas situações. Por exemplo, houve um recorde de doações na época da pandemia da Covid-19. Porém, há dados recentes mostrando como isso reduziu significativamente no período pós-pandêmico, além de termos perdido muitas posições no ranking internacional de doações. O país se envolve intensamente em
“Eu acredito que pouca coisa ainda precisa ser inventada. O saber, o conhecimento está por aí, basta a gente olhar, conectar, saber valorizar, se apropriar, aplicar para além do discurso.”
situações emergenciais, como grandes desastres socioambientais, mas existe um caminho muito longo a ser trilhado para a cultura de doação.
Temos grandes doadores que se engajam em causas mais sensíveis, como violência sexual de crianças e adolescentes, cannabis, mulheres presidiárias. Há, também, abordagens diferentes, como o apoio financeiro ao desenvolvimento institucional de organizações sociais. Mas essas ações ainda são minoria.
A filantropia no Brasil ainda depende muito do setor empresarial, por isso, existe espaço também para grandes filantropos auxiliarem temáticas não apoiadas por empresas, por exemplo.
Um olhar mais estratégico para o recurso filantrópico
Tenho trabalhado cada vez mais no aconselhamento de famílias filantropas de alta renda e estou acompanhando com entusiasmo algumas discussões que passaram a ser realizadas herdeiros: a questão da desigualdade em contraste com o acúmulo de patrimônio; a origem do dinheiro, como fortunas originadas da escravidão. Hoje, algumas pessoas falam disso e refletem sobre as raízes das questões. Pessoalmente, não acredito que sem essa visão de causas e consequências seja possível fazer uma filantropia estratégica.
A lógica de tentar trabalhar puramente pensando em resultados numéricos ou na eficiência (espelhando o modelo corporativo) nem sempre conversa com a realidade para quem está nos territórios. Por isso a importância de estar com as pessoas, ouvir atentamente e entender que as soluções vêm de quem realmente entende e vive os processos.
Concordo que a filantropia estratégica tem tudo a ver com o fortalecimento e o desenvolvimento institucional, mas tem que olhar também para esse fortalecimento dos territórios, para que haja emancipação, equilíbrio de poder e autonomia.
A necessidade de um olhar individualizado para cada contexto
Quando falamos de crescimento das organizações sociais e do alcance do impacto, tenho bastante cuidado com a visão de escala. Porque é muito mais fácil replicar um modelo pronto do que fazer um trabalho concreto em relação a questões específicas. Por essa razão, não acredito no modelo de criar franquias e sair replicando soluções sociais.
Ao tratar de problemas sociais, existe um diálogo necessário com o poder público, com a assistência social, com o legislativo, com o judiciário, com empresas, com comunidades como um todo, enfim, existe toda uma estrutura a ser envolvida. Pensando nisso, para a filantropia crescer e alcançar mais pessoas, o caminho requer uma abordagem sistêmica, que olhe para características positivas e negativas da realidade do campo e que considere as causas-raízes da história. Aí sim, estaremos falando de um crescimento mais qualitativo, capaz de fazer a diferença no longo prazo.
Outro ponto é a respeito do trabalho em colaboração. Por exemplo, em vez de trabalhar em parceria e colaboração com outras ONGs, OSCs ou negócios de impacto (o que dá mais trabalho), cria-se um novo projeto social. Passando a trabalhar mais em colaboração, também teremos um alcance de mais qualidade e mais relevante.
O caminho para a ajuda chegar a mais pessoas
Eu não tenho respostas sobre o que a filantropia precisa para crescer, mas tenho algumas pistas. A primeira é uma forte interlocução com políticas públicas. Sem ela, dificilmente o capital privado conseguirá atingir as pessoas que mais necessitam.
Uma terceira questão é que existe ainda muito espaço para as pessoas de alta renda se predisporem a doar e em maior quantidadedoar mais, em vez de perpetuar a desigualdade. Se possível, doar melhor, doar com escuta.
Pensando em tudo isso, eu deixo esta reflexão: que a filantropia passe a pensar mais criticamente no seu próprio crescimento e na forma como ele acontece.
A inteligência artificial como aliada das organizações sociais - inclusive na busca por doações
Na edição 2024 do Fórum Interamericano de Filantropia estratégica, o FIFE, Cássio Aoqui participou de um painel no qual trouxe alertas importantes para as discussões que envolvem a relação da IA com as organizações sociais: a desigualdade tecnológica tão presente no campo, a falta de recursos, o risco de tomadas de decisão a partir de dados errados e não fundamentados. Por outro lado, lembrou que a ferramenta pode ser uma importante aliada. O uso correto e cuidadoso da Inteligência Artificial tem o potencial de apoiar na sustentabilidade das insti-
tuições no que se refere, por exemplo, a comunicação, marketing e busca por doações.
Justamente para debater o impacto (e as possibilidades) da IA para as mudanças sociais, ao lado de Andressa Trivelli, Cássio Aoqui criou o canal Sabiar, um espaço para trocar experiências a respeito do assunto e cujo objetivo é “fomentar o desenvolvimento institucional das organizações da sociedade civil democratizando o acesso à IA e estimulando o debate crítico sobre seu uso”.
Conheça o Sabiar:
Por Rede Filantropia
O FÓRUM INTERAMERICANO DE FILANTROPIA ESTRATÉGICA, FIFE, ACONTECEU EM BELO HORIZONTE (MG) REUNINDO AGENTES DO TERCEIRO SETOR E TRAZENDO OS TEMAS MAIS RELEVANTES E ATUAIS
OO FIFE levou mais de 90 palestras de segmentos variados, representando temas essenciais para o desenvolvimento da gestão de organizações sociais.
FIFE ficou marcado, mais uma vez, por ser um evento único, reunindo especialistas antenados sobre os desafios e oportunidades do Terceiro Setor. A edição deste ano teve recorde de público e reuniu mais de 1200 pessoas no Minascentro, em Belo Horizonte. Diante de uma plateia lotada, a Diretora-executiva da Rede Filantropia, Thaís Iannarelli, esteve no palco de abertura e agradeceu o recorde de inscrições.
Durante os quatro dias e mais de 90 palestras e painéis, os principais assuntos abordados correspondem, justamente, aos grandes desafios das organizações, além de representarem temáticas essenciais para apoiar o fortalecimento do terceiro setor.
Gestão das organizações
A gestão é um ponto sensível porque abrange diversas áreas vitais dentro de uma organização, sendo que a sobre vivência da instituição também depen de de uma gestão bem-estruturada. Por essa razão, requer uma atenção constante.
Tudo começa por um planejamento rea lista e estratégico, assim como Alexan dre Amorim, cofundador da Ago Social, defendeu em sua palestra para uma sala lotada de pessoas interessadas em com preender o que e como planejar para gerar mais impacto.
A programação do evento também foi fundamental para quem tinha dúvidas sobre a reforma tributária e seus impac
tos no terceiro setor, afinal, é importante que as organizações estejam atentas a essas mudanças, a fim de buscar a adaptação e planejamento dos efeitos adversos.
Na palestra de Paula Silva Leão, o destaque foram os desafios que as OSC enfrentam e que podem levar ao fechamento de suas atividades. A falta de administração é um dos principais motivos. “Muitas vezes, o terceiro setor é caracterizado pela prática de colocar a mão na massa para fazer as coisas acontecerem, porém, há uma carência de profissionalização e gestão eficaz por parte dos dirigentes e trabalhadores”, disse ela.
Pessoas são o ponto central de qualquer ação ou projeto social, sejam elas o público beneficiado ou a equipe que realiza os trabalhos. Neste sentido, as pessoas também estiveram no centro de palestras e painéis no evento.
O diagnóstico social foi apresentado como uma ferramenta para compreender o público-alvo, identificar demandas genuínas e explorar as potencialidades dos stakeholders. Atuar com ele pode ser um processo crucial para entender as necessidades de uma comunidade e traçar estratégias eficazes de solução
A pauta da diversidade esteve em evidência. Sua prática não pode ser apenas uma causa, mas também uma realidade dentro das organizações. Para Tatiane Silva, mestre em Geografia (UNESCO-IHE/UFMG), cofundadora e Diretora-executiva do FA.VELA, a diversidade no terceiro setor assegura a efetividade do impacto - o que busca toda organização social. Para ela, “Empatia não substitui a vivência. Por isso, para a implementação de qualquer solução aos desafios da nossa sociedade, uma transformação significativa só ocorrerá, de fato, se isso for coerente com a realidade e especificidades enfrentadas no dia a dia pela organização. E só a gestão da diversidade proporciona-
Um tema recorrente em todas as edições, a Captação de Recursos foi debatida novamente por vários palestrantes e especialistas. Este é um pilar para a sobrevivência das organizações, deste modo, a gestão financeira e as estratégias assertivas para captar recursos e eliminar despesas são questões permanentes. Danilo Ferraz, CEO da Ferraz Capital, especializada em assessoria financeira, lembrou que saber lidar
com o dinheiro é, antes de tudo, um desafio intrínseco dos brasileiros. “Temos uma cultura forte no Brasil relacionada a crenças limitantes a respeito de dinheiro. Romper com essa barreira é o primeiro passo para estabelecer uma relação mais saudá vel com a forma de receber e gastar os recursos, tanto de forma individual quanto na gestão de instituições” afirmou.
A partir dessa mudança de menta lidade, estruturar um processo de captação é outro passo crucial, con forme falou Thiago Massagardi, Só cio-diretor da Everest Fundraising, em sua palestra, na qual também reforçou a importância do relacio namento com os doadores.
A relação com com investidores como uma estratégia de fortale cimento das organizações sociais foi reforçada em outro painel, In vestimento Social Privado e rela cionamento com o Terceiro Setor, no qual estiveram presentes Lu cas Conrado, Head de relações institucionais da Estímulo 2022, Indianara Dias, Head de ESG na Ambev, Thiago Massagardi e Alex Barbosa, cofundador da Ago Social.
Inteligência artificial
Este é um assunto que permeou a programação do evento e que, sem dúvida, desperta a curiosidade e o interesse das organizações. Stellinha Moraes, fundadora da ONG Anjos da Tia Stellinha, declarou, em um dos painéis, que “A tecnologia é uma importante aliada para apoiar a criatividade já existente, e não uma ameaça. Ela vai dobrar a capacidade de trabalho. Sempre é preciso mais re cursos, equipes e funcionários. O segredo é usar a tecnologia para expandir a nossa capacidade, uma vez que a cerne das organizações é a captação de recursos. As pessoas que conseguem usar a tecnologia a seu favor, são insubstituíveis. A máquina não faz conexão humanizada. Isso é algo
que você não consegue terceirizar e a máquina não pode fazer por você” Diante de tanta riqueza de conteúdos, Ricardo Baboo, membro da di-
Lucas
Em 2025, o maior encontro do Terceiro Setor da América Latina será em Curitiba (PR), cidade da Ago Social!
OLÁ, TUDO BEM? TIVEMOS MAIS UM TRIMESTRE CHEIO DE NOVIDADES, QUE ESTAMOS ANSIOSOS PARA COMPARTILHAR COM VOCÊ.
Por Vinicius Bazan Articulista Time Ago
O trimestre foi bem movimentado, com vários eventos promovidos por nós e nossos parceiros. Confira:
Em março, estivemos no evento de encerramento da 2ª turma do programa BTG Soma Educação, realizado pelo BTG Pactual com parceria executiva da Ago.
No Give Back Day, como é chamada a celebração, as organizações sociais participantes fizeram pitches para uma plateia com diversos atores do setor, desde investidores, executivos e dinamizadores do setor, até grandes nomes do ecossistema de impacto positivo.
Organizações participantes do BTG Soma Educação celebram o encerramento de um ciclo repleto de aulas práticas, mentorias e muito networking
Marcamos presença no Fórum Interamericano de Filantropia Estratégica, o maior sobre filantropia do país, que aconteceu em Belo Horizonte (MG).
Além de nos encontrar com grandes parceiros e com alunos, também participamos como patrocinadores e tivemos dois momentos especiais com nossos cofundadores.
Alexandre Amorim em uma palestra sobre planejamento estratégico para o terceiro setor e Alex Barbosa, em um painel sobre Investimento Social Privado.
Fabiola Melo (Editora da Revista Agora), Alexandre Amorim, Jéssica Arndt (Gestora de Parcerias e Relações Institucionais), Carlos Ebner (Embaixador Ago) e Alex Barbosa desembarcaram em Belo Horizonte para o FIFE 2024.
Durante a aula conduzida por Alexandre Amorim e Thiago Massagardi, sócio-fundador da Everest Fundraising, apresentamos um conteúdo fundamental.
Trouxemos dicas, conselhos e ações práticas voltadas à captação de recursos emergenciais, necessária neste momento principalmente para as instituições que estão atuando no apoio às vítimas da catástrofe ambiental recente no Rio Grande do Sul.
Reunimos em maio, na sede do Instituto de Cidadania Empresarial (ICE), professores e alunos das formações da Ago e outros grandes parceiros dessa missão de impulsionar o empreendedorismo socioambiental.
Durante a segunda edição do evento Encontros para o Impacto, levantamos discussões ricas sobre como ampliar o impacto gerado por esses atores, estimulando a colaboração. Em breve lançaremos um material exclusivo sobre o evento em nossas redes.
Time Ago e participantes do encontro repleto de trocas muito inspiradoras
Acompanhe a gravação do encontro pelo link Registro da aula que foi transmitida no dia 15/05, com o compartilhamento dos conhecimentos de Thiago Massagardi e Alexandre Amorim e a participação especial das intérpretes em Libras da Klumie.
Celebramos o início de novas parcerias, além do início e encerramento do ciclo de vários projetos da Ago e realizados com nossos parceiros.
Além de celebrar o encerramento da 2ª turma do BTG Soma Educação, também tivemos a felicidade de dar início a um novo ciclo do programa como parceiro executor.
É a 10ª edição do Soma, realizada pelo BTG Pactual, voltada para OSCs que contribuem com a causa da Educação no Brasil.
Os representantes das 12 organizações selecionadas receberão, de forma gratuita, uma imersão completa durante 6 meses e mentorias com colaboradores do BTG Pactual.
Registro da aula que reuniu líderes do Fundo Vale, Ago Social e Hub Cubo ESG, junto aos representantes das 32 startups participantes
Estamos muito orgulhosos de compartilhar o sucesso do programa Nutrir+, realizado pela Citrosuco e executado em parceria com a Ago. Esse projeto inovador foi desenhado para acelerar empreendimentos socioambientais que promovem a agricultura sustentável e regenerativa nos estados de São Paulo e Minas Gerais. Celebramos juntos as conquistas desta primeira edição, com a entrega de capital semente para três das organizações participantes.
Na foto, representantes das 10 organizações participantes, mentores da Citrosuco, o Comitê do programa e convidados especiais do ecossistema de impacto durante o evento.
Outra iniciativa do Fundo Vale em parceria com a Ago que também foi iniciada nesse período foi a Jornada Impacto ao Cubo - Imersão para Startups.
A aula inaugural contou com insights valiosos de Diogo Quiterio, do Instituto de Cidadania Empresarial (ICE) e lançou as bases para uma jornada de muita transformação para as 32 startups participantes e determinadas a integrar o impacto socioambiental positivo em seus negócios.
Na aula inaugural do programa Ambev Voa, realizado pela Ambev em parceria com a Ago, reunimos especialistas no setor de impacto positivo e as 38 organizações participantes para um encontro memorável.
Com a participação de Matheus Magalhães da Fundação Arymax, mergulhamos no conceito de inclusão produtiva. Foi uma manhã repleta de inspiração, integração e alinhamento de objetivos, tudo com um olhar firme para um futuro sustentável e inclusivo.
Na Foto, Matheus Magalhães (Analista de Programas
Thayná
e Adriana Custódio (Gestora da Ago do Ambev Voa) durante a aula inaugural
Tivemos também o lançamento de uma iniciativa do Fundo Vale em parceria da Ago para criar uma rede para a promoção impacto positivo dentro e fora da Vale, a partir de encontros ao vivo e programas de mentoria e apoio a negócios de impacto socioambiental positivo.
O evento foi conduzido por Alexandre Amorim, cofundador da Ago, e discutimos com um grupo de mais de 120 colaboradores temáticas como ESG, Responsabilidade Social e Valor Compartilhado.
Registro do evento realizado no dia 17/04, que deu início às iniciativas da Rede de Impacto Vale
Por Mariana Brunelli Coordenadora de Programas do ICE
O INSTITUTO DE CIDADANIA EMPRESARIAL (ICE) COMPLETA 25 ANOS DE DEDICAÇÃO À INOVAÇÃO SOCIAL EM 2024. EM MAIS UMA AÇÃO PARA IMPULSIONAR AVANÇOS NO CENÁRIO SOCIOAMBIENTAL BRASILEIRO, REALIZOU UMA IMPORTANTE VIAGEM DE TROCAS E APRENDIZADO À ÍNDIA
Em um ano de celebração, o ICE (Instituto de Cidadania Empresarial) realizou uma jornada marcante de aprendizado à Índia. Realizada em março, associados, cofinanciadores da Coalizão pelo Impacto e parceiros se inspiraram presencialmente em uma das potências mundiais em soluções socioambientais escaláveis.
A Índia, com seus 1,4 bilhão de habitantes e mais de 300 línguas nativas, embora tenha suas particularidades, enfrenta desafios socioambientais semelhantes aos do Brasil, incluindo enormes desigualdades. Para abordar esses desafios em escala, os indianos adotam uma mentalidade singular, como destacado por Sanjay Purohit em seu livro "Think Scale": “A complexidade persiste, a simplicidade escala. A ação alimenta a escala, e vice-versa. A diversidade torna a escala mais significativa. Soluções individuais crescem, ideias compartilhadas se multiplicam. Juntos escalamos, separados estagnamos.” (Tradução livre)
É dessa perspectiva que a Índia se destaca globalmente em inovações socioambientais, apoiada por uma infraestrutura digital pública robusta e por investimentos estratégicos da filantropia e dos investidores de impacto. O país investiu fortemente na infraestrutura pública digital, exemplificada pela Aadhaar, um sistema biométrico que funciona como um RG digital que simplifica o acesso a serviços essenciais para todos os cidadãos - milhões de indianos obtendo benefícios sociais, acesso à saúde e educação de forma facilitada, reduzindo a burocracia e garantindo que recursos alcancem quem mais precisa, inclusive, com a rápida
inclusão financeira de milhões que antes estavam à margem do sistema bancário: em menos de 10 anos, o país passou de 20% de penetração bancária na população para 80% com uso de tecnologia.
Outra especificidade do ecossistema indiano é o uso de tecnologias open source e seus protocolos e redes de código aberto, que democratizam o acesso às inovações tecnológicas e estimula empreendedores a desenvolverem soluções escaláveis para problemas socioambientais. Essa abordagem dinamiza mercados e promove uma competição saudável, base de um capitalismo funcional. O foco está em fomentar uma floresta de soluções, não uma monocultura na qual as soluções pertencem a monopólios.
AS INICIATIVAS INDIANAS NÃO APENAS TRANSFORMAM VIDAS, MAS OFERECEM INSIGHTS SOBRE COMO ENFRENTAR DESAFIOS SOCIOAMBIENTAIS DE MANEIRA EFICIENTE E ABRANGENTE.
Nesse contexto, o grupo que saiu do Brasil conheceu três diferentes tipos de atores que compõem o ecossistema de impacto indiano: filantropos e investidores de impacto, orquestradores de ecossistemas e empreendedores ecossistêmicos.
Filantropia e investimento de impacto
A filantropia e os investimentos de impacto desempenham um papel fundamental no ecossistema de impacto indiano, com fundações como
Tata Trusts e Rohini Nilekani Philanthropies, e gestoras de investimentos como a Elevar Equity e o Aavishkaar Group. A abordagem estratégica desses atores é inovadora no sentido de que sua base é a colaboração e a confiança. Essas organizações não apenas financiam projetos inovadores em educação, saúde e meio ambiente, mas também focam na escalabilidade e replicabilidade das soluções desenvolvidas, promovendo parcerias entre diferentes setores. Nesse sentido, são adotadas práticas robustas de transparência e a ideia de que para o maior alcance na resolução de problemas socioambientais é necessária uma mentalidade na qual o aprendizado, os erros e as inovações fazem parte de um processo de contínua evolução.
Orquestradores de ecossistemas
Na Índia, há organizações que atuam como articuladoras de ecossistemas de impacto usando a tecnologia como facilitadora do processo de escala de soluções. Elas pensam em escala como construção de uma infraestrutura que pode atender a demanda de contextos variados. Deste modo, as soluções já são desenvolvidas comportando o atendimento a muitos, e não por meio de pequenos projetos-pilotos que vão sendo reestruturados para poder crescer. Um dos maiores expoentes nesse perfil é o Societal Thinking, organização que desenvolveu o Centre for Exponential Change, o qual está sendo trazido
para o Brasil numa parceria de muitas organizações, capitaneada pelo Instituto Beja, fundado pela associada do ICE, Cristiane Sultani. O método utilizado por eles parte de uma pergunta-chave: Qual é o problema que queremos resolver no tempo de nossas vidas? A partir disso, desenvolvem soluções já pensando em escala junto com empreendedores locais.
Empreendedores ecossistêmicos
Foi possível perceber entre os empreendedores visitados na viagem a capacidade de trabalhar com escala desde a concepção das soluções, em vez de atuar apenas no que parece já estar dando certo. Esses empreendedores são também líderes que formam ecossistemas para fortalecer outros líderes, como o exemplo do Sachin Malhan, fundador da Agami (agami.in). Malhan formou um ecossistema para facilitar o acesso de pessoas vulnerabilizadas à justiça do país, integrando advogados, juízes, profissionais de tecnologia, entre outros. Outro exemplo é a Holding Selco (selco-india.com), que formou um ecossistema - por meio de uma fundação, uma empresa, uma incubadora e um fundo de investimento - para estruturar o mercado de acesso à energia renovável na Índia.
São empreendedores focados em desenvolver produtos e serviços voltados a simplificar e democratizar o acesso a direitos básicos, tendo a tecnologia como uma facilitadora desse processo.
Sinergia com a Coalizão pelo Impacto
Desde 2022, o ICE capitaneia a Coalizão pelo Impacto com mais 11 parceiros estratégicos para desenvolver ecossistemas de impacto em 6 cidades, representando todos os estados brasileiros. Assim, o que foi visto e experienciado na Índia mostra a sinergia do trabalho realizado aqui com os princípios do fomento e investimento de impacto Indiano.
A visão sistêmica e o papel da articulação de diferentes stakeholders com objetivo comum promovem conexão com as ações da Coalizão e, ao mesmo tempo, inspiram com princípios que norteiam as iniciativas visitadas na Índia: Ação + Dignidade + Escolha. O Brasil pode olhar para essas iniciativas e adaptá-las às suas próprias necessidades. Ao focar na construção de ecossistemas que impulsionam novos mercados para soluções socioambientais, o país tem a chance de criar um futuro mais sustentável e inclusivo para todos.
EM UMA ENTREVISTA EXCLUSIVA, VITOR HUGO NEIA, DIRETOR-SUPERINTENDENTE E DE RELAÇÕES INSTITUCIONAIS DA FUNDAÇÃO GRUPO VOLKSWAGEN, CONTOU COMO ACONTECEU A REESTRUTURAÇÃO ESTRATÉGICA DA FUNDAÇÃO
esde 1979, a Fundação Grupo Volkswagen tem se dedicado a realizar e apoiar ações sociais e educacionais, utilizando recursos de um fundo consti-
Ao longo desses 45 anos, mais de 3 milhões de brasileiros foram beneficiados pelo trabalho da Fundação, que tem como missão estimular a mobilidade social por meio do investimento em iniciativas e organizações que desenvolvem comunidades e fortalecem o protagonismo dos cidadãos.
A recente construção de uma nova fase histórica
Atualmente, a Fundação vem se adaptando às mudanças do ambiente empresarial e às demandas da sociedade para continuar promovendo um impacto positivo e significativo.
No ano passado, iniciou outro estágio nessa jornada evolutiva, com
um foco renovado em fortalecer a governança e ampliar as atividades.
“Apesar dos esforços em otimizar nossos investimentos e priorizar temáticas específicas nos últimos anos, percebemos que ainda precisávamos delimitar não somente nossa causa, mas nossos territórios de atuação, para ampliarmos e termos melhores condições de monitorar e avaliar nosso impacto social em uma perspectiva de longo prazo”, explica Vitor Hugo Neia, Diretor-superintendente e de Relações Institucionais da Fundação Grupo Volkswagen.
Inicialmente foi realizado um diagnóstico que motivou a revisão das práticas de governança e a compo-
Nos últimos dois anos, revisitamos todos os aspectos da Fundação. É um esforço que demanda foco para garantir que estamos construindo um trabalho ainda mais eficaz e impactante para a sociedade.
sição dos Conselheiros, o que incluiu uma virada de representação de gênero — hoje, das sete pessoas que formam o Conselho de Curadores, quatro são mulheres —, e, pela primeira vez, a participação de conselheiros independentes com experiência em terceiro setor e sem vínculos com o Grupo Volkswagen.
Com a governança revista, veio um processo de planejamento estratégico que culminou na revisão da missão, dos valores e do propósito, que passou a ser “Juntos pela mobilidade social”. Nesse novo planejamento para o período de 2024 a 2030, os esforços serão redirecionados para a mobilidade social por meio de três linhas programáticas de atuação:
• Fortalecimento de capacidades locais
• Inclusão produtiva
• Assistência social
Vitor compartilha, também, que a revisão de estratégia vem sendo acompanhada de perto pela elaboração de uma nova Teoria da Mudança e da identificação de indicadores estratégicos de impacto para orientar na focalização das ações. Trata-se de um esforço conjunto capaz de garantir que os recursos sejam direcionados para onde façam a maior diferença. Neste momento de concepção, foram considerados, principalmente, os aprendizados adquiridos ao longo
do tempo e os legados da atuação até o momento. Além disso, o processo contempla a escuta ao maior número possível de parceiros e colaboradores que tenham experiências relevantes e a atores estratégicos do terceiro setor e do próprio poder público. Vitor esclarece que “Do ponto de vista financeiro, temos priorizado nessa primeira fase o uso do nosso próprio endowment, embora nossa estratégia futura envolva a busca por parcerias de co-investimento — o que amplia nossa capacidade de investimento e impacto. Também temos priorizado parcerias com o Grupo Volkswagen, incluindo a construção de estratégias conjuntas de direcionamento de incentivos fiscais para projetos da comunidade. Em relação aos parceiros com quem estamos contando, temos dialogado com diversas organizações para discutir as mudanças de direcionamento em nossas atividades, como a Fundação Arymax, o SEBRAE, o SENAI, o Instituto Votorantim, o GIFE — Grupo de Institutos, Fundações e Empresas, entre outras organizações”.
Nesse percurso, foi crucial garantir que a equipe se sentisse informada e envolvida em todo o processo. A comunicação mais eficaz, alicerçada em uma abordagem transparente e inclusiva, tem permitido que todos se sintam parte do processo de transformação. “As pessoas estão se envolvendo de forma
natural, reconhecem a importância dessas mudanças para o futuro da instituição e se sentem motivadas a contribuir com suas ideias e esforços para alcançar os objetivos comuns”, comemora o diretor.
Passar por uma reestruturação é, sem dúvida, um desafio imenso. Nas palavras de Vitor, requer uma grande dose de resiliência e comprometimento. “Estamos focados em concentrar nossos recursos, não apenas financeiros, mas nossas energias e habilidades, em uma nova abordagem
Voluntariado de colaboradores da Fundação Grupo Volkswagen no projeto Favela 3D
estratégica baseada em uma Teoria da Mudança mais eficaz. A sensação é de fazer mais diferença na vida das comunidades em que atuamos e da sociedade como um todo”, diz ele.
Todo esse movimento culminará, ainda, em um novo conjunto de programas e projetos. É um posicionamento de longo prazo, que se concretiza em um portfólio pensado até 2030, em linha com o marco temporal da Agenda 2030 da Organização das Nações Unidas e dentro de uma periodicidade que, para a Fundação, oferece condições realistas de gerar impacto e produzir legados. Com esse grande movimento e em busca do objetivo principal de gerar um impacto significativo na mobilidade social em seus territórios de atuação, a Fundação Grupo Volkswagen pretende criar oportunidades para que as pessoas aumentem sua renda, por meio da empregabilidade ou do empreendedorismo. A expectativa de Vitor Neia traduz esse propósito: “É para isso que temos trabalhado. E que essa jornada possa servir de inspiração para outras organizações sociais e fundações empresariais. Mudar é possível e, em um mundo tão dinâmico e com questões sociais tão desafiadoras como o nosso, é essencial. Seguimos juntos pela mobilidade social!”
+ 3 milhões de pessoas atendidas em todos os estados brasileiros
24 OSCs beneficiadas por meio de editais
31 projetosincentivados apoiados por empresas do Grupo Volkswagen
O impacto da Fundação Grupo Volkswagen em números + 14 milhões em investimento social
470 voluntários envolvidos em ações presenciais e online
+7 mil horas de voluntariado e mentorias
8.337 doadores mobilizados por campanhas
Através de estratégias eficazes de captação, é possível engajar doadores e parceiros, fortalecer a rede de apoio e assegurar a continuidade de iniciativas que transformam vidas.
Por Fernando Nogueira Diretor executivo da ABCR
Em 2009, após uma década atuando na articulação e no desenvolvimento de captadores e mobilizadores de recursos, a ABCR teve a ideia de criar um evento que pudesse reunir esses profissionais promovendo desenvolvimento e intercâmbio de experiências. Começava assim a história do Festival ABCR, que, 16 anos depois, está consolidado como o maior evento do setor na América Latina e um dos mais importantes do mundo, oferecendo ferramentas e reflexões fundamentais para a profissionalização da captação de recursos no Brasil.
Inicialmente realizado em formato iti-
nerante, o Festival ABCR passou por cidades como Indaiatuba, Guarapari, Recife e Salvador, até ser fixado em São Paulo. Desde o primeiro ano, foi possível enxergar a importância dada à construção coletiva da agenda de atividades. A partir de 2015, a programação passou a ser feita pelo Comitê Científico, formado por membros e parceiros da ABCR. O grupo é responsável por definir o tema do evento e os eixos temáticos, além de selecionar as propostas de palestras que são recebidas por meio de edital.
Durante a fase mais crítica da pandemia, o Festival ABCR se reinventou
com versões on-line, permitindo que nossa comunidade continuasse conectada e engajada, mesmo à distância. Essa experiência nos preparou para organizar a edição presencial com ainda mais sucesso. Em 2023, após o retorno ao formato presencial, atingimos um marco histórico ao reunir mais de 800 participantes vindos de 25 estados e do Distrito Federal.
Agora, na 16ª edição, celebramos um processo de transformação. Neste ano, expandimos as masterclasses, que foram um grande sucesso no ano passado, com todas as turmas lotadas. Além disso, decidimos oferecer mais espaço e mais aulas, incluindo sessões com convidados internacionais. Essa expansão traz perspectivas globais para os debates, enriquecendo ainda mais a experiência dos participantes.
Em 2023, o Festival trouxe a novidade do Palco Avançado, um espaço exclusivo para temas voltados às organizações que já possuem departamento de captação de recursos e estão em fase mais madura, discutindo temas como retorno de investimento, captação e perspectivas internacionais. A iniciativa fez tanto sucesso que para 2024 aumentamos a capacidade desse palco, garantindo a mais participantes aproveitar as sessões que geram grande interesse.
Sabemos que, muitas vezes, representantes de organizações pequenas, pessoas que estão entrando na área, ou vindas de segmentos minoritários, nem sempre têm os recursos disponíveis para participar de eventos importantes. Sabemos também que o Festival ABCR oferece um conteúdo valioso que precisa chegar ao maior número de pessoas possível. A captação de recursos permite que as organizações invistam em capacitação, infraestrutura e inovação, ampliando sua capacidade de atuação e alcance. Através de estratégias eficazes de captação, é possível engajar doadores e parceiros, fortalecer a rede de apoio e assegurar a continuidade de
iniciativas que transformam vidas.
Foi pensando nisso que lançamos o Fundo de Bolsas, uma iniciativa para aumentar a acessibilidade ao maior encontro de captação de recursos da América Latina. Serão 40 pessoas beneficiadas com bolsas de 100% de desconto em 2024. A seleção dos candidatos foi feita com base nos critérios de diversidade, necessidade econômica e engajamento sociopolítico. O sucesso deste ano nos motiva a continuar inovando e expandindo nossos horizontes, promovendo um ambiente inclusivo e enriquecedor.
Estou orgulhoso não apenas pelo que fizemos, mas também por fazer parte desta história construída por tantas pessoas que passaram pela ABCR e as que seguem na associação, atuando em diferentes frentes do Festival ABCR, do comitê científico à comunicação. Agradeço a todos os participantes, palestrantes e apoiadores que tornaram este evento possível, e às dezenas de patrocinadores que estiveram conosco ao longo dessa história, sendo parte fundamental da viabilização desta jornada. Juntos, fortalecemos nossa rede de captação de recursos em todo o país. Estou ansioso para ver como os conhecimentos e conexões estabelecidas aqui irão reverberar nas comunidades e organizações de cada um de vocês!
Visite o estande da na ABCR 2024 e concorra a um presente especial!
Talita Duprat Articulista Time Ago
ASSIM COMO ACONTECE EM UMA ORQUESTRA, O ECOSSISTEMA DE IMPACTO DEPENDE DA SINCRONIA ENTRE TODOS OS ENVOLVIDOS
OSe queremos mitigar os problemas sociais e ambientais que nos permeiam, devemos trazer para a mesa os mais variados pontos de vista.
s desafios enfrentados pela sociedade exigem mudanças sistêmicas, as quais requerem uma união de esforços das partes interessadas - organizações dinamizadoras, empreendedores socioambientais, investidores, OSCs, empresas e público atendido. O diálogo entre esses agentes é o combustível para soluções escaláveis e com verdadeiro potencial de transformação. Acreditando nisso, a Ago vem realizando encontros para debater temas ligados ao setor, uma reunião entre atores de diferentes atuações, trazendo suas vivências, olhares e perspectivas. Foram encontros que estimularam conversas instigantes e participativas, momentos de reunião entre diversos “músicos e seus instrumentos”, formando assim uma orquestra capaz de impulsionar soluções inovadoras, as quais promovem mudanças significativas e fomentam o impacto positivo.
Os eventos aconteceram na sede do ICE (Instituto de Cidadania Empresarial), em São Paulo (SP). A primeira edição, realizada no final de 2023, contou com a presença de representantes de negócios sociais, institutos, empresas, instituições dinamizadoras do setor e mercado financeiro. Todos fizeram trocas a respeito do cenário atual, tendências para o futuro e boas práticas.
O segundo encontro, em maio deste ano, levou para a mesma mesa de conversas empreendedores socioambientais (alunos da Ago), professores da Ago (especialistas que atuam no mercado em diferentes áreas) e representantes de empresas, institutos e fundações. O tema central foi voltado a estratégias para ampliar o impacto a partir de diferentes papéis dentro do ecossistema.
Conheça o conteúdo do primeiro encontro acessando o e-book gratuito:
Se queremos mitigar os problemas sociais e ambientais que nos permeiam, precisamos resgatar aquela vontade de fazer trabalhos em grupo. Devemos trazer para a mesa os mais variados pontos de vista e, a partir disso, construir de maneira colaborativa uma resposta para as adversidades.
Por Mariana Micheleto Articulista Time Ago
No mês de março deste ano, o evento Smart City Expo Curitiba, maior evento de cidades inteligentes do Brasil, bateu o seu novo recorde de participantes com o tema “Reinventando cidades para todos”. O encontro deixou a capital paranaense em evidência com ações e debates voltados à inovação urbana e soluções mais sustentáveis para o futuro e o bem-estar da cidadania. Criado em parceria com a Fira Barcelona, organizadora do principal Congresso Mundial de cidades inteligentes, nesta edição contou com diversas exposições, projetos e palestras nacionais e internacionais exclusivas aos visitantes que envolviam temáticas de mobilidade e requalificação urbana, tecnologia, inovação e transformação digital, sustentabilidade e mudanças climáticas.
Como destaque ainda nesta edição de 2024, o evento contou com uma premiação chamada “Brazilian Awards” para reconhecer e valorizar instituições públicas e privadas que estão implementando projetos sustentáveis e inovadores ao redor do país. Cidades, empresas, empreendedores e startups, centros de inovação e pesquisa, universidades e organizações da sociedade civil concorreram a categorias de transformação digital e inovação, cidade sustentável, cidade inteligente, mobilidade urbana e equidade social.
Atendendo ao convite de contribuir com todo este ambiente voltado ao objetivo
de tornar as cidades mais sustentáveis, eficientes e seguras, a Ago marcou presença representada por Alex Barbosa, cofundador, e Mariana Micheleto, gestora educacional. Ambos dividiram o palco Ágora levando a seguinte reflexão: “Se somos uma cidade inteligente, que investe em inovação e tecnologia para a melhoria de toda a população, precisamos olhar e usar dessa potência para acolher as pessoas em situação de vulnerabilidade social e resolver os problemas socioambientais ainda existentes”. A Ago acredita que hoje os maiores protago nistas na resolução desses desafios são os empreendedores sociais. Por eles a Ago existe, para fortalecer os atores do ecossistema de impacto social que estão gerando transformação real na ponta, proporcionando conhecimento e promovendo o desenvolvimento institucional necessário para impulsionar suas iniciativas. Esse propósito se reflete na visão da empresa: onde existir um problema social ou ambiental, que possa haver um aluno da Ago empreendendo e contribuindo para que todas as cidades deste e de outros países sejam mais inteligentes, de fato, e para todos.
FundaçãoFEAC
Foto:
ASomente nos últimos vinte anos, a Fundação FEAC investiu cerca de R$300 milhões em projetos sociais, apoiando 150 instituições parceiras e beneficiando perto de 400 mil pessoas, sendo 60% delas crianças e adolescentes.
Por Fabíola Melo
UMA DAS MAIORES FUNDAÇÕES FILANTRÓPICAS DO PAÍS
COMEMORA SEIS DÉCADAS DE TRABALHO MARCADO POR UMA VISÃO INOVADORA E MUITO IMPACTO
s histórias de impacto social em Campinas se confundem com a atuação da Fundação FEAC. Assim como nos conta a própria Fundação, a FEAC nasceu com um conceito inovador. O período era o início dos anos 1960 e a ideia consistia em agir de forma articulada para levar formas diferenciadas de apoio às instituições, gerando resultados igualmente diferentes, porém, mais efetivos. Essa nova e ousada intenção ganhou a confiança de Odila e Lafayette Álvaro, que doaram a área da da Fazenda Vila Brandina na cidade de Campinas.
Hoje, a Fundação é uma instituição de pessoa jurídica de direito privado que se configura como uma organização autossustentável do terceiro setor atuando em prol da cidadania ativa de todos e do bem-estar social equitativo e sustentável na região campineira.
O Diretor-executivo da FEAC, José Roberto Dalbem, explica que “a Região Metropolitana de Campinas é conhecida nacionalmente como um importante polo universitário e tecnológico, sede de grandes empresas e centros de pesquisa. Mas, ao mesmo tempo, apresenta um grande cenário de desigualdades sociais e econômicas, com um alto índice de pessoas em situação de vulnerabilidade social”. Considerando essa oportunidade, é que a Fundação
trabalha para “transformar essas vidas por meio de sistemas de promoção e proteção social geral e de garantias e direitos de crianças e adolescentes em parceria com Organizações da Sociedade Civil e demais atores da sociedade”, conclui Dalbem.
De 1964 até aqui, a quantidade de organizações apoiadas e desenvolvidas só foi crescendo, beneficiando milhares de pessoas.
O número atual de OSCs parceiras é de 111, das quais 28% delas são voltadas para crianças e adolescentes, 29% para jovens e 43% para adultos em estado de vulnerabilidade social.
Uma característica desse trabalho está no fato de que está ancorado na participação local, escolha motivada pela crença de que qualquer ação deve ser desenhada em conjunto com quem vive a realidade. De outra forma, há o risco de que um impacto sustentável não seja gerado verdadeiramente.
José Roberto Dalbem aponta que durante um longo tempo a instituição trabalhou com o repasse de recursos voltados à manutenção das entidades, as chamadas "doações livres". A partir de 2018, porém, a prioridade passou a ser as “doações onerosas”, ou seja, apoiar ações por meio de investimentos em projetos sociais das organizações, o
que implica em objetivos específicos e metas claras a serem alcançadas.
Neste fluxo de inovação, em 2024 a FEAC passou a se organizar não mais em programas, mas em eixos que orientam a sua atuação nas seguintes frentes:
• Fortalecimento institucional de organizações da sociedade civil
• Colaboração intersetorial
• Desenvolvimento territorial
Algo que faz essas realizações ganharem um potencial maior e refletirem o espírito inquieto e inovador do trabalho da FEAC é que todos os projetos são cocriados com cada organização. Na prática, o que acontece são ações pensadas em cada realidade, nas necessidades específicas e com objetivos que correspondem ao que cada instituição precisa para se tornar autossustentável e crescer. Somada a essa prática, a condução e a aplicação das metodologias para o desenvolvimento institucional acontecem por meio de parceiros institucionais, como é o caso da Ago Social.
Um exemplo desse modelo é o projeto Impacto Exponencial, executado em parceria com a Ago, o qual vem qualificando, ao longo de dois anos, duas organizações sociais campineiras de forma customizada, em aspectos que garantirão a elas uma estrutura sólida e sustentável para o próprio crescimento.
A questão do desenvolvimento institucional, inclusive, é uma das premissas da Fundação, conforme Jair Resende, superintendente, afirmou na entrevista que concedeu à segunda edição da AGORA: “Introduzimos uma série de atividades e projetos para as organizações apoiadas melhorarem seu poder de gestão, (...) com foco em tornar essas organizações mais potentes”.
Uma história a ser comemorada e eternizada
Toda essa trajetória ao longo de seis décadas foi contada em dois livros, lançados em 2023. FEAC e a reinvenção do social pela atuação em rede, escrito por José Pedro Soares Martins, e Tempo de esperançar,
de Kátia Camargo, contam sobre a construção desse legado e falam dos grandes projetos da Fundação em Campinas.
As obras são verdadeiros presentes para a própria FEAC, para a comunidade local e para todo o público interessado em exemplos bem-sucedidos e transformadores de como gerar benefícios para populações vulneráveis.
Este momento de celebração dos 60 anos é histórico e levou ao resgate da origem da FEAC em um trabalho junto aos atores que fazem parte desse incrível caminho, trata-se de uma ocasião de busca por catalisar novas parcerias entre instituições de diferentes atividades que estejam alinhadas ao mesmo propósito. Nas palavras do presidente do Conselho Curador da FEAC, Renato Nahas, trata-se de “um novo capítulo na história da FEAC, com uma grande visão de transformação”.
Segundo ele, a pretensão “é gerar mudanças concretas, fazer inovações em pequena escala que possam virar políticas públicas e se tornarem modelos para serem feitos em grande escala”.
Esse olhar de formação de parcerias e construção em conjunto para o bem social é o que move, neste momento de celebração, a Fundação FEAC rumo a um futuro de impacto social ainda mais amplo.
A FEAC tem a intenção de potencializar a vocação de Campinas para inovar e construir um polo de inovação e empreendedorismo social no município. Para isso, aumentará em mais de 20% os investimentos em relação a 2023, passando de R$30 para R$37 milhões, e com a visão de progressão contínua desses valores.
Na caminhada de desenvolvimento do ecossistema de impacto social, a FEAC desenvolve três programas robustos em parceria com a Ago com foco no fortalecimento institucional de OSCs:
• Impacto Exponencial
• Diagnóstico de OSCs
• Social Turnaround
Roberto Dalbem
O DIRETOR-EXECUTIVO DA FUNDAÇÃO FEAC, JOSÉ
ROBERTO DALBEM, FALA DA HISTÓRIA E DO LEGADO
DA FUNDAÇÃO NA CIDADE DE CAMPINAS
Os principais trabalhos para o público de crianças e adolescentes:
Foram muitos projetos durante esses 60 anos, alguns deles sendo executados neste momento e que estão muito alinhados com as descobertas dos últimos anos na área de desenvolvimento infanto-juvenil. São projetos cujo enfoque está na transformação de escolas e espaços públicos abertos para que funcionem como catalisadores de desenvolvimento. É importante ressaltar que essas iniciativas contam com a parceria importante do Poder Público, por meio de diversas secretarias, autoridades e das Organizações Sociais implementadoras.
Pontos mais importantes da trajetória da Fundação FEAC:
Mais do que os projetos e ações em si, acredito que o mais importante é citar a evolução da organização e sua capacidade de se reinventar. São poucas as organizações que sobrevivem por tanto tempo no Brasil. Esse feito é tão significativo que a Fundação FEAC é objeto de inúmeras teses de mestrado e doutorado que estudam sua forma de atuação e gestão.
Como a Fundação FEAC se vê no futuro:
O que estamos fazendo nesse momento diz respeito a um novo modelo de gestão. Ele deve incorporar melhores práticas para que possamos ser ainda mais assertivos na nossa capacidade de gerar transformação apostando na promoção e proteção social, em especial. Nos próximos anos, continuaremos atuantes como sempre, mas também focados na consolidação e disseminação de metodologias e tecnologias testadas nos projetos apoiados.
Como a Fundação FEAC se insere atualmente no terceiro setor:
O terceiro setor tem um papel fundamental na transformação de realidades duras e excludentes, seja como parceiro implementador de políticas públicas, como inovador de novos modelos, oferecendo espaços neutros propulsores de diálogos ou como gerador de conhecimento. Nós nos inserimos nesse contexto como agentes de transformação. Por sermos autossustentáveis, podemos estimular todas essas frentes a partir de apoios institucionais e investimentos direcionados para gerar impacto social. Nosso olhar também é de estimular pilotos e gerar novas tecnologias sociais que possam inspirar ações em outras localidades.
Alexandre Amorim Cofundador e CEO da Ago Social - a.amorim@agosocial.com.br
MUITO SE FALA EM EXPANSÃO DAS ORGANIZAÇÕES SOCIAIS, MAS O QUE
REALMENTE PRECISA EXPANDIR E QUAL É O MEIO PARA ISSO?
Provavelmente você já marcou uma conversa em uma organização socioambiental e ao chegar lá fez um “tour” pela sede, conhecendo os espaços, salas, refeitório e outros ambientes. As gestoras e os gestores sempre dão muita atenção ao imóvel, garantindo que esteja limpo, reformado, pintado e com a melhor apresentação. Porém, o maior ativo das organizações, na maior parte das vezes, não está tão bem cuidado quanto os prédios.
Você deve estar se perguntando: qual é o maior ativo das organizações?
A resposta que eu lhe dou é conhecimento. Anos de conhecimento a respeito de uma comunidade, uma população, um território, uma causa... Anos de testes de metodologias, o que dá certo, o que dá errado, por que deu certo e por que deu errado. Um repertório extenso e riquíssimo que vem do dia a dia da organização, nas dinâmicas mais simples e menos formais.
Existe dinheiro na mesa para investir no setor, porém, o impacto somente será proporcionamente equivalente quando aplicado nos pontos cruciais de cada instituição.
Imagine uma instituição que atua com 90 jovens de uma comunidade vulnerável no contraturno há 25 anos. Você consegue imaginar quantos casos já passaram por ali - jovens que foram para as drogas, jovens com doenças mentais, jovens que foram transformados, jovens que o programa não conseguiu ajudar. Cada caso, cada teste, cada abordagem forma o aprendizado organizacional. O problema é que esse aprendizado está ficando solto, na cabeça dos colaboradores, que com o tempo vão embora!
Portanto, conhecimento, o maior ativo das organizações, está, na maior parte das vezes, disperso. Nem escrito dentro de uma metodologia, nem documentado por procedimentos, vídeos e histórias.
Agora, imagine que a organização do exem plo acima alcance um sucesso muito grande no que faz. Caso ela não tenha uma metodologia documentada ou processos que descrevem a for ma de fazer as coisas, podemos perguntar e ela própria não saber o que funciona e dá resultado. Se alguém tiver o interesse de replicar as mesmas práticas para ajudar a transformar outras realidades, não há um registro sobre o que dá certo.
O que fazer para não perder essa experiência tão valiosa?
1. Documente a forma de atuar, o jeito de abordar o problema, as razões pelas quais optaram desta forma e quais os resultados. Tenha atenção especial aos fatores intangíveis, ou seja, a forma que as pessoas pensam na organização.
2. Mensure cada mudança na metodologia, qual é o caminho mais eficiente, qual deu errado, por que deu certo ou não.
3. Publique e construa cases, histórias reais. Mostre ao mundo o resultado do trabalho e como foi feito para chegar lá.
Especialmente esse terceiro item fará com que a organização seja reconhecida, e assim ela poderá expandir. Expandir não neces sariamente a organização, mas o impacto! Em outras palavras, criar uma forma, através dos prédios e estru turas de outras organizações, de replicar em outras comu nidades e territórios os seus métodos e a essência do teve êxito. Disso é o que precisamos, expansão do impacto, e não apenas expansão de prédios e es truturas.
Por Fabíola Melo
história que trouxe o movimento global Playing for Change para o nosso país envolve um grupo de amigos e um sonho de fazer a diferença. Assim nasceu o Instituto Playing for Change, que fica em Curitiba (PR). A instituição integra a Playing for Change Foundation, criada por Mark Johnson, produtor musical que popularizou clipes de músicas gravadas nas ruas e passou a ajudar esses músicos.
No Brasil, as ações promovidas avançaram a essência original do projeto de Johnson, mais voltado a movimentos culturais. “O Instituto tem como projetos principais as atividades de contraturno escolar e a assistência social para a comunidade por meio da cultura”, relata a pedagoga Virginia Donato, gestora que está à frente da organização em dez anos de trabalho. No espaço, crianças e adolescentes são acolhidos em aulas de dança, canto, teatro, percussão, inglês, futebol, e ainda
há um grupo de dança para a terceira idade. Existe, ainda, rodas de conversa para a promoção da saúde mental e, por fim, buscando atender outras demandas da comunidade local, criou-se uma parceria com a prefeitura para facilitar o acesso a alguns serviços municipais.
A estruturação administrativa e a preocupação com a sustentabilidade financeira também são levadas a sério pelo Instituto. Todos os professores e estagiários recebem remuneração e a prestação de contas é feita rigorosamente e com transparência para ser apresentada aos financiadores, incluindo a visibilidade em plataformas digitais. Parte dos recursos vêm do repasse feito pela PFC mundial, mas também da mobilização de amigos e da comunidade em doações, campanhas e eventos, além do patrocínio de doadores recorrentes e empresas. A diversificação de fontes alcançou recentemente a participação em editais, com a primeira captação conquistada pela Lei Rouanet.
A INSTITUIÇÃO QUE REPRESENTA O PLAYING FOR CHANGE NO BRASIL É UMA REFERÊNCIA DE TRANSFORMAÇÃO SOCIAL PARA OUTROS PROJETOS DO MOVIMENTO INTERNACIONAL Acesse pfcbrasil.com.br
No mês de setembro, próximo ao Dia Mundial da Paz, acontece em várias cidades do mundo o Play for Change Day, um evento de rua com apresentações musicais. Em 2022, o encontro reuniu em Curitiba 6 mil pessoas; no
ano passado, foram 12 mil. Agora, a intenção é profissionalizar o Play for Change Day para que ele também se torne uma fonte de recurso para o Instituto.
O projeto que iniciou com 25 crianças e hoje atende 180, além de 60 pessoas da terceira idade, se tornou referência para a PFC Foundation e para a comunidade atendida, a qual vê na instituição um lugar de acolhimento e um porto seguro para onde muitos jovens, que foram alunos anos atrás, voltam para visitar e dividir suas conquistas. O objetivo agora é expandir ainda mais. Porém, para Virginia, crescer não quer dizer apenas receber mais crianças, significa formar cidadãos autoconfiantes e com sucesso. “Quando alguém me pergunta ‘o que você espera do Play for Change?
Que a criança toque violão?’
Não! Eu espero que ela suba no palco, arrase, que ela seja quem quiser.”
Por Inaiá Botelho
Advogada especialista em Direito Tributário e sócia-fundadora do escritório ANDREAZZA, OTSUKA e BOTELHO Advogados Associados
AS MUDANÇAS DE REGULAMENTAÇÃO COM A REFORMA TRIBUTÁRIA TRAZEM IMPACTOS IMPORTANTES RELACIONADOS A ISENÇÕES, BENEFÍCIOS FISCAIS E INCIDÊNCIA DE IMPOSTOS. PARA AS ORGANIZAÇÕES SOCIAIS, O ASSUNTO É MOTIVO PARA ADAPTAÇÕES E NOVOS PLANEJAMENTOS
Apesar de já ter sido aprovada no Congresso Nacional em 2023, a reforma tributária ainda tem um longo caminho para sua implantação, cujo início está previsto para 2026 e com prazo de transição até 2033.
Inúmeras leis e regulamentos precisarão ser aprovados para garantir sua efetividade, e quando o assunto é processo legislativo, tudo pode acontecer.
Dentre as propostas que impactarão o terceiro setor, destacamos três:
1. Fim do ITCMD no recebimento de doações
A alteração que mais tem sido comentada diz respeito ao fim da cobrança do imposto sobre doações e heranças (ITCMD) recebidas por instituições sem finalidade lucrativa. Muitos estados brasileiros costumam cobrar esse tributo –especialmente quando a entidade recebe doações via testamentos, comprometendo recursos das instituições, que são obrigadas a pagar o imposto para receber a doação.
Essa cobrança, apesar de questionável, ainda gera muita insegurança e inúmeras ações judiciais.
Com a reforma, tal cobrança não será mais possível. Contudo, as regras ainda serão regulamentadas por lei complementar e, posterior-
mente, pelos estados, ainda sem previsão de data.
Entidades sem finalidade lucrativa que atuam com educação, assistência social e saúde
Na proposta enviada pelo Governo Federal ao Congresso Nacional e que ainda está para votação, há uma previsão de alteração do artigo 14 do CTN – que trata dos requisitos para imunidade tributária. Se aprovados, levarão a diversas mudanças.
O projeto ainda deixa claro que o regime de imunidade não impede a remuneração do dirigente, desde que receba remuneração inferior, em seu valor bruto, ao limite estabelecido para a remuneração de servidores do Poder Executivo federal, sendo que nenhum dirigente remunerado poderá ser cônjuge ou parente até o terceiro grau, inclusive afim, de instituidores, de associados, de dirigentes, de conselheiros, de benfeitores ou equivalentes da entidade.
O requisito adicional é a obrigatoriedade de que as entidades mantenham tanto em site oficial como na sua sede física, em local visível ao público, placa indicativa com informações sobre a sua condição de imune e sobre as suas áreas de atuação.
3. Entidades sem finalidade lucrativa não imunes
Para as demais entidades que estão fora do regime de imunidade, ou seja, aquelas que atuam em setores diferentes da educação, saúde e assistência social, ainda há grandes desafios. Isso porque no projeto de lei para instituição do novo imposto que substituirá o ICMS e o ISS – chamado IBS (Imposto sobre Bens e Serviços) – não há previsão de isenções para essas entidades.
Outro tributo que incidirá sobre as atividades dessas instituições é a CBS (Contribuição sobre Bens e Serviços), a qual substituirá a contribuição do PIS (Programa de Integração Social) e a COFINS (Contribuição para Financiamento da Seguridade Social).
A exceção ficou para os serviços prestados por Instituição Científica, Tecnológica e de Inovação (ICT) sem fins lucrativos, que ficam desonerados do pagamento do IBS e da CBS. Os regimes de isenção de IRPJ (Imposto de Renda Pessoa Jurídica) e da CSLL (Contribuição sobre Lucro Líquido), a princípio, serão mantidos. O cenário ainda é de muita dúvida, mas uma coisa é certa: as entidades do terceiro setor não imunes precisam estar atentas e se mobilizarem para acompanhar o processo legislativo em andamento, a fim de garantir que não haja aumento da carga tributária para este setor.
Programe-se para os próximos eventos!
Expo Favela São Paulo
Quando: 05, 06 e 07 de julho
Onde: São Paulo - SP
ESG Summit Brasil - Florianópolis
Quando: 20 e 21 de agosto
Onde: Florianópolis - SC
Fórum Brasileiro de Filantropos e Investidores Sociais
Quando: 04 de setembro
Onde: Online
Brasil ESG Summit
Quando: 10 de setembro
Onde: São Paulo - SP
Líderes sustentáveis - ESG & Sustentabilidade
Quando: 26 e 27 de setembro
Onde: Gramado - RS
Festival de invest. de impacto & ne- gócios sustentáveis na Amazônia
Quando: 22, 23 e 24 de outubro
Onde: Manaus - AM
ESG Fórum
Quando: 24 de outubro
Onde: São Paulo - SP
P O R Q U E T E R A S S E S S O R I A
D E I M P R E N S A N A M I N H A
O R G A N I Z A Ç Ã O ?
A cobertura da imprensa é uma ótima forma de ganhar exposição, divulgar sua mensagem e estimular o engajamento com a sua causa.
Além disso, reportagens na grande imprensa têm impacto significativo na confiança e na relevância da imagem construída com pessoas que formam opinião, investidoras, doadoras ou voluntárias.
ESG Summit Brasil - São Paulo
Quando: 20 e 21 de novembro
Onde: São Paulo - SP
P R E C I S A D E
E S P E C I A L S T A ?
Desde 2016, a DePropósito Comunicação de Causas atua fortalecendo a imagem de organizações do Terceiro Setor e negócios focados em impacto socioambiental. Por meio da assessoria de imprensa, geramos exposição midiática positiva e ajudamos a promover engajamento público.
Já atendemos mais de 100 iniciativas de Norte a Sul do Brasil. Fale com a gente!
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