Uma publicação da




Uma publicação da
Novidades,
Histórias de empreendedores de organizações e negócios de impacto Pontos de
Cases e conteúdo para o desenvolvimento de pessoas e empreendimentos
Queridos(as) leitores(as), é sempre uma alegria compartilhar com vocês os acontecimentos mais relevantes do último trimestre. Quero começar contando uma conquista pessoal e muito importante, que foi a celebração dos meus 60 anos de vida com muito propósito e dedi cação ao social ao lado de familiares e muitos amigos próximos. Na ocasião, convidei dois projetos sociais para se apresentarem, na intenção de propiciar a eles um palco para suas atividades ganharem ainda mais visibilidade. O primeiro foi o Projeto 5C, de Paranaguá, cidade histórica do litoral do Paraná, que acolhe por meio da arte e ensina música e teatro a muitas crianças em situação de vulnerabilidade social. O 5C trouxe um coral lindo de meninas e meninos que encantou e emocionou a todos nós. Assistimos também a uma apresentação do Dioni Jackson, jovem de 15 anos de idade que sonha em ser o cover de Michael Jackson — ele manda muito bem! O segundo projeto foi o Dorcas, de Almirante Tamandaré, na região metropolitana de Curitiba. O Dorcas atua com atividades de contraturno escolar e atende mais de 300 crianças, ensinando música e dança. Na noite da festa, deram um show, levando 33 crianças e professores de sua banda de metais com diversos instrumentos musicais. Fica aqui a dica: muitas vezes, uma simples festa de aniversário pode ser uma oportunidade para abrir espaço e dar mais visibilidade a projetos sociais que estão espalhados pelo nosso país.
uma premiação em dinheiro (que eu tenho a honra contribuir como doador, na modalidade de pessoa física) cujo propósito é ajudar efetivamente o projeto ou simplesmente incentivar a participação no evento.
Para finalizar, no início de junho a Aliança Empreendedora, uma organização de Curitiba que atua há mais 20 anos em várias frentes, mas principalmente na capacitação de microempreendedoras sociais pelo Brasil todo, realizou o Summit Aliança Empreendedora 20 anos. Na ocasião, foi lançado oficialmente o fundo de investimento social da Aliança, que tem como grande objetivo o fortalecimento institucional da organização em diversos setores. Quando Lina Useche, uma das fundadoras, me convidou para ser um dos investidores sociais nesse fundo, fui o primeiro a aderir e apoiar financeiramente. Isso porque reconheço imensamente o valor de todo esse trabalho e os desdobramentos que isso provoca.Compartilhei aqui três maneiras diferentes que encontrei de contribuir, investir e incentivar ações como investidor social privado que sou, e também para mostrar a importância de cada ação, seja ela qual for, para a construção de um mundo melhor. Convido vocês para a ação, com o propósito de juntos construirmos um mundo melhor.
Nesse período tivemos também mais uma edição do Vozes do Empreendedorismo, a noite de pitches promovida pela Ago, na qual vários projetos que passam pelos nossos cursos se apresentam, concorrendo a
Alexandre Barbosa (o Alex)
Publisher Cofundador Ago Social a.barbosa@agosocial.com.br
os últimos meses, estivemos em importantes palcos de diálogo sobre impacto positivo, tanto no Brasil quanto na Europa. A participação da Ago Social em tantos eventos de sustentabilidade e responsabilidade social nos trouxe uma visão rica de tendências e reflexões: o quanto avançamos, os desafios de hoje e as oportunidades de tecer novas conexões. Essa presença ampla reforça a importância de estarmos CONECTADOS — não isolados.
Nossa matéria especial de capa aprofunda essa ideia. Discutimos por que formar ou integrar redes, coalisões e ecossistemas vai além de estratégia — é essência para fortalecer projetos e causas. Pertencer a um grupo com propósito reforça o propósito, acelera aprendizagem coletiva e amplia recursos — financeiros, humanos, tecnológicos. Além disso, gera resiliência: frente a crises, quem é parte de uma cadeia colaborativa tem mais capacidade de reagir, crescer e apoiar o outro. É sobre fortalecer causas coletivas com a potência de múltiplas vozes. Organizações e lideranças que cultivam essas conexões têm mais resiliência, mais criatividade e mais capacidade de gerar impacto real.
esse tema, destacamos a experiência de receber uma grande doação de recursos livres. Foi o que aconteceu com a Plan International — uma organização com forte atuação no Brasil, que compartilhou conosco os bastidores e os aprendizados dessa conquista.
Você também vai encontrar reflexões e ferramentas sobre comunicação estratégica, desenvolvimento institucional e captação de recursos, pilares que sustentam organizações mais fortes e com maior capacidade de transformação.
Da escuta global à ação local, esta edição destaca: quando entendemos que o problema é coletivo, a solução também precisa ser.
E como sempre, celebramos a ação. Trazemos os bastidores das iniciativas recentes da Ago Social e histórias inspiradoras de empreendedores e empreendedoras que colocam a sustentabilidade, a justiça social e o bem comum no centro de seus modelos de negócio. Cada pauta, cada entrevista, cada reflexão foi escolhida para orientar gestores e agentes de transformação no dia a dia de OSCs e negócios de impacto.
Para fazer dessa rede uma força viva, apresentamos passos práticos, com elementos que tornam qualquer rede ativa, engajada e produtiva.
Nesta edição, vamos além da inspiração e entramos no território da ação. Uma das vozes que nos guia nessa jornada é a de Luiza Serpa, presidente do Instituto Phi, referência nacional em filantropia. Ainda sobre
Expediente
REVISTA AGORA ED. 8, Jul - Set 2025.
Veículo de comunicação produzido e editado pela Ago Social.
Fundadores: Alex Barbosa a.barbosa@agosocial.com.br
Alexandre Amorim a.amorim@agosocial.com.br
O convite está feito: mergulhe nas próximas páginas com olhar de aprendizado e oportunidade — veja como se conectar com ideias, iniciativas e pessoas; entenda como se fortalecer e gerar mais valor para a sociedade e para o futuro.
Desejo que esta leitura conecte você ainda mais a essa grande rede transformadora que pulsa e avança!
Fabíola Melo Editora-chefe Ago Social
Coordenação e projeto editorial:
Editora-chefe: Fabíola Melo
Redação e revisão: Fabíola Melo e Time Ago
Jornalista responsável: Alexandre Barbosa DRT 5121/PR
Projeto gráfico, diagramação e capa: @gianapundek
Marketing/anúncios: Alex Barbosa - a.barbosa@agosocial.com.br
Impressão: Maxi Gráfica
Fale com a Redação: f.melo@agosocial.com.br
As opiniões emitidas nesta publicação são de responsabilidade dos autores e não refletem, necessariamente, a opinião da Ago Social. Proibida a reprodução total ou parcial sem autorização prévia.
16 a 25
ESPECIAL CAPA
16 • O poder das redes e ecossistemas
18 • Por que atuar em rede
20 • Com a palavra, quem administra e quem se beneficia de uma rede
22 • Como criar e cuidar de redes
25 • Redes como um caminho de futuro
06 • Entrevista com Luiza Serpa, fundadora do Instituto Phi
O presente e o futuro Filantropia
03 • A voz do Publisher
04 • Editorial
08 • Espaço do leitor
Os leitores da AGORA pelo Brasil
09 • Fala social
Um convite à ação coletiva
12 • Comunicação para o terceiro setor
A importância das narrativas
14 • Captação de recursos
O futuro da captação, a partir das visões do Festival ABCR
26 • Mapa do impacto
Os números e os alunos da Ago Social
32 • Filantropia
A experiência da doação recebida pela Plan International
34 • Desenvolvimento institucional
A atuação regional do Instituto GAM
42 • Vozes do empreendedorismo socioambiental
Yvonne Bezerra de Mello e o Projeto Uerê
Flávia Balderi e a Copaíba
Eventos do setor:
10 • Change Now: evento reúne representantes globais para falar do futuro do planeta
30 • Carola Matarazzo assume diretoria do Gife
31 • Congresso Gife: debates essenciais sobre desconcentrar para transformar
36 • Painel Ago
O que aconteceu no ecossistema da Ago
38 • Empreendedorismo
O Summit Aliança Empreendedora 20 anos
40 • Congresso Nacional de ESG: encontro reforça a emergência das pautas sociais e ambientais no Brasil
46 • O evento Vozes do Empreendedorismo da Ago
47 • Rede Ago
O encontro de parceiros da Ago Social
48 • FIFE:
a edição histórica que aconteceu em Curitiba
50 • Agenda do setor
Os próximos eventos para fortalecer o ecossistema de impacto
Com Luiza Serpa
Fundadora e diretora do Instituto Phi - Philantropia Inteligente
Por Fabíola Melo
LUIZA SERPA FALA SOBRE OS DESAFIOS DA CULTURA DE DOAÇÃO NO BRASIL E O AMADURECIMENTO DO SETOR
HA relação muito próxima que nós temos com os projetos é a melhor forma de fortalecer todos eles.
á mais de uma década realizando um trabalho indispensável de interlocução entre doadores, investidores e projetos sociais, o Instituto Phi atua hoje a partir da ideia de “filantropia ativa”, um termo que representa uma filantropia busca encontrar novos caminhos para trazer mais gente para perto, que pode ser customizada e tentar cobrir lacunas que existem. O termo representa também o papel do Phi, que na prática, se posiciona como um grande agente que cria soluções sociais e metodologias para fazer essa costura entre o recurso e os impacto gerado pelos projetos. Nesta entrevista, Luiza Serpa, fundadora do Instituto Phi, fala sobre o amadurecimento da cultura de doação no país, os desafios da sustentabilidade no terceiro setor e os caminhos para organizações que desejam crescer com propósito e consistência.
Ao longo de onze anos, quais certezas se consolidaram para você a respeito da geração de impacto?
O que eu gosto sempre de dizer é que eu já sa-
bia, mas agora consigo comprovar: dentro do setor, a maioria é de pessoas boas, tentando fazer o melhor possível dentro de cada realidade. Essa constatação é muito importante para não haver nenhuma dúvida quanto à importância e à capacidade das organizações sociais no Brasil. A gente está falando de lideranças comunitárias que conseguem fazer muito com muito pouco. Imagine se essas pessoas tivessem mais oportunidades, o potencial seria ainda maior. Outra certeza é de que a relação muito próxima que nós temos com os projetos é a melhor forma de fortalecer todos eles. Além disso, precisamos deixar que eles mostrem quais são os caminhos (em vez de chegarmos com uma receita pronta) e estarmos ali para dar suporte.
Quais mudanças significativas na filantropia você percebeu nesses últimos anos? Podemos dizer que a cultura de doação amadureceu aqui no Brasil?
Sim, de forma mais lenta do que do que a gente gostaria, mas acredito que sim. Nós falamos muito mais dessas temáticas hoje do que se falava há dez anos. Vejo evolução até mesmo pelos números do Phi: ao longo do tempo, o crescimento de doadores e do valor financeiro mostram que mais gente está se importando e buscando caminhos. Outro fato é que o setor
vem se profissionalizando e se consolidando. E, ainda, tem o fato de que muitos empresários já entendem que não dá mais para ficar de fora da conversa. Eu acredito, também, que as novas gerações começam a influenciar as decisões dos negócios, da família, e estão preocupados se haverá futuro. Sem contar nos milhões irão para as mãos de mulheres nessa transição! Portanto, eu confio nisso nessa mudança de mãos do dinheiro.
Quais você considera os maiores obstáculos para a filantropia hoje no Brasil?
O primeiro é o egoísmo do ser humano, de maneira geral. Talvez, um grande medo de escassez, o que faz com que mesmo tendo muitos milhões, a pessoa continue acumulando. Essa é uma grande barreira, essa falta de consciência a respeito dos danos causados pela desigualdade absurda em que a gente vive. Tudo isso foi historicamente construído, causando um enorme distanciamento do senso de coletividade. Vai além da educação, é questão de consciência e valores pessoais (eu gasto no final de semana uma fortuna em uma garrafa de vinho, mas o mesmo valor para outra coisa, acho demais). Outra questão é que não temos legislações no país que incentivem a doação. Mas se, de fato, a gente estivesse preocupado com isso, essas leis seriam criadas. Uma sociedade que se preocupe e queira essa mudança vai criar os ambientes favoráveis para isso, assim como algumas coisas já avançaram nesse sentido também.
de forma transparente, além de ter esses cálculos de custos bem feitos internamente, são um bom caminho.
Quais tendências você acredita que vão marcar o futuro da filantropia e do investimento social privado no Brasil?
Uma sociedade que se preocupe e queira uma
mudança vai criar os ambientes favoráveis para isso.
As doações coletivas podem ser uma tendência — quando grupos se juntam para doar a alguma causa ou projeto específico. Também estamos avançando muito para a filantropia baseada em confiança, reduzindo a burocracia e a sobrecarga para uma organização social prestar contas (no Phi, passamos muito tempo repensando esse formato para reduzir um pouco essa carga). A mudança de geração que está vindo também deve trazer novas tendências. Outro fator são as emergências ligadas às mudanças climáticas. A consciência coletiva de que elas mudam completamente um determinado lugar e afetam a todos pode ser um caminho. Acredito, ainda, que as pequenas e médias empresas também passarão a doar, percebendo que não são somente as grandes corporações que podem fazer isso. Por fim, tem uma tendência de que outras organizações [que não somente as semelhantes] comecem a se aproximar, também propondo novos formatos de atuação e colaboração.
Como você vê essas atuações em rede?Qual é a importância dessa prática?
Como aproximar a filantropia e o investimento social privado da construção de modelos de sustentabilidade para as organizações sociais?
Essa é uma discussão antiga, mas acredito que também avançamos nessas conversas para entender que uma organização bem estruturada consegue ter melhores resultados. Os apoios pontuais não sustentam ninguém. Essa discussão já se ampliou, o que faz parte da construção de uma filantropia e de uma cultura de doação mais sólida. Havia muito medo de se falar sobre isso, até para não perder a doação completa, e as organizações ainda têm receio e dificuldade de mostrar os custos reais. A gente vive muito isso no Phi: a própria organização vai negligenciando o ideal de custos para ela funcionar bem, porque ela sente que pode ser uma afronta citar o valor real. Só que os doadores são pessoas que vivem no mundo real e sabem o quanto as coisas custam. Por isso, é muito ruim deixar de ter conversas francas sobre os custos. Falar sobre isso
Eu concordo totalmente com o que se diz: que este é o único caminho possível, trabalhar em rede, se fortalecer e fazer juntos. Só que na hora de sentar à mesa para colocar em prática, isso funciona mal. Acontece porque, no final das contas, cada um está olhando para o próprio umbigo, querendo salvar a sua própria organização ou ter uma ideia que se destaque mais. O ego atrapalha a construção coletiva. Muita gente já está mudando essa mentalidade, tentando encontrar pontos comuns para o fortalecimento. É uma turma que tem menos necessidade de palco. Por isso, as colaborações que não aparecem muito, às vezes, são as que mais funcionam.
Conheça o Instituto Phi:
CONFIRA QUEM ESTÁ RECEBENDO A AGORA AO REDOR DO PAÍS.
Britania-GO
Damião Vieira
Assoc. Mão Amiga de Britânia
Itapetininga-SP
Edwardi Steidle Neto
Projeto de Recuperação
Ribeirão Fazendinha
Belém-PA
André Marinho Alfaia
Quintais Agroecológicos
Porto Velho-RO
Sandra Leite C. Diniz
Casa da União Novo Horizonte
São Luís-MA
Maria Neuza da Silva Ribeiro
Instituto Mariana
Ananindeua-PA
Newton Rodrigues Associação Recreativa São Paulo Futebol Clube
Lages-SC
Rafaella da Silva Peres
Conselheira do CMDCA
Recife-PE
Morales dos Santos Fab Lab Rec
"A coluna da Karina Imoto, "Regenerar o Empreendedorismo para Reinventar o Futuro" reforça algo que venho vivenciando na prática nessa trajetória: reinventar o futuro não é uma promessa distante, é a realidade das periferias hoje. O empreendedorismo periférico é, por si só, um movimento de reinvenção – e ver essas iniciativas ganhando espaço e reconhecimento é o que me motiva a continuar expandindo esse trabalho."
Salvador-BA
Carol Cysne
Nova Trade
“A cada edição, a Agora nos aproxima de novas idéias, amplia o conhecimento e inspira conexões transformadoras.”
Paranaguá-PR
Flavia Oliveira
Incubadora de Negócios do IFPR
Em especial, na edição 6, gostei do case do Hospital Pequeno Príncipe e da valorização das boas práticas da instituição – principalmente quanto às práticas de gestão e inovação da instituição. A clareza dos objetivos, presença de indicadores e habilidade em comunicar são algumas das práticas que foram levantadas nessa entrevista e que precisam ser revistas por muitas das organizações do terceiro setor brasileiro.
"Gostei muito da matéria sobre a cultura de doação que ainda está em desenvolvimento em nosso país. Muitas pessoas desconhecem a possibilidade, benefícios e importância de doações às OSCs."
Participe! Envie sua foto pelo QR Code:
Por Alexandre Amorim CEO da Ago Social
Após um primeiro semestre em que a Ago Social participou de um grande número de eventos do setor de impacto positivo — FIFE, GIFE, Festival ABCR, Congresso Nacional de ESG, Change NOW Paris e Impacta Mais —, os temas foram diversos, as tendências, inúmeras, e as oportunidades, vastas. Porém, percebo que ainda há uma grande inquietação sobre qual o caminho para promovermos transformações em larga escala. Alguns eventos trouxeram grandes discussões sobre a redistribuição de riqueza; outros, sobre como as inovações sociais e ambientais são fundamentais para esse objetivo; e alguns abordaram o fortalecimento do terceiro setor e dos atores de impacto. Mas, diante de tantas discussões, qual é, afinal, o caminho?
Aqui, quero trazer minha visão. Será que existe um único caminho? Será que, entre tantos aspectos discutidos, há um ou alguns que devem ser priorizados?
Acredito que precisamos ampliar nossos objetivos — mesmo que cada ator permaneça atuando em uma parte do todo. Sem dúvida, trabalhar com meio ambiente ou filantropia é importante, mas, para além da atividade específica, é fundamental termos clareza de que não é apenas uma frente isolada que promoverá a grande transformação. E o que devemos, então, fazer?
Como brilhantemente destacou Fabiola Melo na reportagem de capa, quando conhecemos outros atores e nos conectamos, começamos a formar uma rede. Essa rede se apoia, se fortalece e cria oportunidades. Com o tempo, pode se tornar uma comunidade — e, depois, um ecossistema coordenado.
Nesses quase quatro anos de atuação da Ago Social, alcançamos mais de 20 mil empreendedores e gestores de organizações de impacto
socioambiental, por meio de programas pró prios e em parceria com outras instituições. Já demos passos importantes na criação de redes entre esses atores, promovendo conexões que geram valor mútuo. Esse valor se manifesta em diversos aspectos: senso de pertencimento, fortalecimento da confiança nos próprios sonhos, troca de boas práticas e inspiração mútua — o que, por sua vez, amplia possibilidades.
E o que aprendemos com isso?
As pessoas se ajudam! Temos visto inúmeras manifestações espontâneas nessas redes, evidenciando como empreendedores e gestores têm se apoiado e contribuído efetivamente entre si. Mesma causa, diferentes regiões. Quando colocamos em contato pessoas que atuam com a mesma causa, mas em territórios distintos, a troca se torna extremamente rica. Há um sentimento de identificação e, ao mesmo tempo, ausência de concorrência. Isso cria um ambiente de confiança, em que é possível expor vulnerabilidades e crescer em conjunto.
As rotinas têm que existir, mas precisam sair da rotina! Rotinas são fundamentais para criar vínculos em uma rede, mas, com o tempo, tornam-se paisagem. Por isso, devem ter prazo de validade e, periodicamente, serem reinventadas.
A participação da Ago em eventos nacionais e internacionais revela uma urgência: transformar encontros em conexões reais e redes que sustentem a transformação em larga escala.
A Ago Social escolheu, com a editoria, o tema redes como destaque desta edição, com o objetivo de mostrar e dar visibilidade sobre a real importância desse tema para que o nosso setor avance nas suas pautas e cresça — de forma colaborativa, em conjunto.
Por Fabíola Melo
EVENTO GLOBAL REUNIU REPRESENTANTES DE 140 PAÍSES EM TORNO DE SOLUÇÕES PARA UM FUTURO MAIS SUSTENTÁVEL E REGENERATIVO
A edição de 2025 trouxe inovação, colaboração e ambição como pilares para acelerar uma transição socioambiental justa.
Foto: Ago Social
De24 a 26 de abril, o Grand Palais Éphémère, em Paris, foi palco de mais uma edição do ChangeNOW, um dos maiores encontros internacionais dedicados a soluções para os desafios ambientais e sociais do século XXI. Com mais de 1 mil iniciativas de impacto positivo e cerca de 40 mil participantes, o evento consolidou-se como um ponto de convergência entre empreendedores, investidores, governos e sociedade civil.
Entre os brasileiros presentes, destacou-se a delegação organizada por Nastássia Romano, em sua sétima participação. Luis Meyer, Diretor de ESG do Grupo Boticário, elogiou o ambiente de inovação e a conexão do ecossistema brasileiro com os temas discutidos. Representando a Ago, o cofundador Alex Barbosa também integrou a comitiva e entrevistou o CEO da Feira com exclusividade para a revista AGORA.
Ao longo dos três dias, mais de 70 conferências abordaram temas como o futuro da democracia participativa, os dez anos do Acordo de Paris, justiça climática, inclusão, biodiversidade
e novos modelos econômicos. Paralelamente, a Planet Week espalhou pela cidade exposições, fóruns e mostras culturais, ampliando o alcance do evento para além das fronteiras do congresso.
Para Renata Gonçalves, fundadora da organização social GoodTruck, o encontro demonstrou que já existem diversas soluções para grandes desafios — o que falta é organização e articulação em rede. Ela chamou atenção, porém, para a baixa presença do terceiro setor e a maneira como as organizações sociais foram equiparadas aos negócios de impacto, sem considerar as diferenças estruturais entre eles.
Apesar disso, Renata enxerga sintonia entre os debates globais e o contexto brasileiro: “Somos pioneiros em políticas públicas e temos soluções criativas que ainda não recebem o destaque merecido nesses espaços”, observa.
Ao integrar vozes e perspectivas distintas — desde ONGs até empreendedores e governos —, o ChangeNOW se consolida como um verdadeiro movimento global, estimulando colaboração e o protagonismo de todos os setores, impulsionando a construção de um futuro regenerativo e verdadeiramente justo.
Por Pamela Valente
Correspondente da Ago na França
ENTREVISTA
LEFEBVRE, CEO E FUNDADOR DA CHANGENOW, DEFENDE AÇÃO POLÍTICA E PROTAGONISMO COLETIVO NA TRANSFORMAÇÃO DO PLANETA
O que você acha que mudou no universo ESG desde que você lançou a feira ChangeNOW?
Houve muitas mudanças. Quando começamos, em 2017, ninguém falava de impacto e a questão da sustentabilidade não interessava muita gente. No começo, foi difícil encontrar 100 iniciativas para mostrar na ChangeNOW, e agora temos mais de 1 mil a cada ano. Também tivemos um aumento importante em termos de finanças e nos tipos de investidores. Isso realmente mostra que as iniciativas que apresentamos têm muito mais maturidade, mostram que têm viabilidade de modelo de negócios e um real poder de crescimento.
Apesar disso, muitos palestrantes falaram da dificuldade de efetivamente implementar as soluções. É verdade. A maioria das soluções existe e grande parte do financiamento também existe. Mas a implementação ainda está atrasada devido à falta de vontade política, na minha opinião. E também porque o sistema tem sua própria defesa regulatória. Por exemplo: quando se fala em eliminar gradualmente os combustíveis fósseis, muitas pessoas concordam com isso. Mas o que vemos é que as fontes de energia se adicionam. Você não diminui uma energia porque adiciona outra energia. Então, em algum momento, realmente precisamos ver como mudar o sistema em que vivemos, que é dependente de combustíveis fósseis.
Como mudamos isso? Como pressionamos os poderes públicos por novas políticas?
Há duas coisas a fazer. Primeiro, os legisladores têm que estar convencidos de que estão indo na direção
aprovada pela maioria da população. No que toca à sustentabilidade, os legisladores precisam dar o primeiro passo, assumir um pouco mais de riscos, porque eles sabem que essa é a coisa certa a fazer. Acho que precisamos encorajar os legisladores. O mundo econômico privado quer avançar na transição. Não podemos escutar os que dizem que a transição é inútil e preferem manter a situação atual, mesmo que eles estejam falando alto. Precisamos que nossa voz fale mais alto do que a deles.
Que conselho você daria aos jovens empreendedores que estão lançando suas startups agora?
Duas coisas. A primeira é: nunca comece sozinho. Eu era um empreendedor solo e foi muito difícil, o fardo era pesado demais. Quando sua iniciativa cresce, o seu fardo cresce também, e você precisa ter pelo menos um parceiro. A segunda coisa que eu diria é que quando você tenta alcançar o sucesso com uma ideia, não foque apenas no sucesso em si, mas sim nas condições para o sucesso, naquilo que é estrategicamente o elemento-chave que trará sucesso.
por que o terceiro setor precisa de narrativas à altura dos seus sonhos
Por Ana Dugaich
Fundadora da Allma, hub brasileiro de comunicação para impacto social e ambiental
Minha trajetória começou na comunicação — passei por grandes agências, criei para grandes marcas, lidei com orçamentos robustos. Aprendi ali o poder das histórias bem contadas: elas moldam culturas, abrem debates (e vendem produtos). A Allma nasceu do desejo de trazer essa mesma potência narrativa para o campo do impacto social. Fundamos um hub criativo brasileiro com um propósito claro: fortalecer os movimentos que precisam acontecer.
Com as palavras certas, um projeto vira política pública.
O invisível se torna relevante.
Vivemos um tempo em que causas disputam atenção com anúncios, algoritmos e distrações. No meio desse turbilhão informativo, muitas organizações profundamente comprometidas com as dimensões sociais e ambientais do país seguem sem a força narrativa que merecem. Pensando nisso, aplicamos ao terceiro setor a mesma lógica dos grandes anunciantes, mas com outra bússola: conquistar relevância para causas que merecem atenção. E, para tanto, sabemos que é preciso excelência na entrega, ousadia na criação e inteligência na forma e no conteúdo.
Nosso trabalho é dar forma ao que parecia disperso, gerar movimento em torno do que importa e criar conexões significativas entre empresas e suas causas.
Ao mergulhar no universo das fundações,
OSCs e redes comunitárias, aprendemos que comunicar bem exige mais que técnica: exige escuta, sensibilidade narrativa e capacidade de síntese. Incorporamos princípios da ciência do comportamento humano e buscamos traduzir complexidades com simplicidade — para que ideias transformadoras cheguem onde precisam chegar.
Na prática, isso significa fazer da comunicação uma aliada da transformação. Criar campanhas que tocam sem manipular. Estratégias que contemplam as vozes das comunidades. Materiais que informam com honestidade e mobilizam. Uma comunicação comprometida não impõe — convida. Não julga — oferece novas possibilidades. É feita de escuta e entrega. Sustenta a densidade dos temas sem perder o frescor, equilibra técnica e gentileza, e respeita a inteligência de quem lê, assiste, compartilha.
Trabalhar com comunicação no terceiro setor é também um ato político. É escolher o que merece ser contado. É ser trampolim para que as organizações reconheçam sua voz, seu valor, sua capacidade de engajar e impactar. É permitir que comunidades se reconheçam, se expressem, se movimentem — e que novas práticas se enraízem.
Acreditamos que toda organização que transforma o mundo merece uma comunicação à sua altura. Com ferramentas que engajem pessoas, conquistem aliados, enfrentem
discursos de ódio e mobilizem recursos. Com canais e linguagens que façam da mudança algo desejável, possível, compartilhado.
Com as palavras certas, um projeto vira política pública. Um piloto ganha escala. O invisível se torna relevante. O campo social precisa ocupar outros imaginários, alcançar novos públicos, ampliar sua presença no debate público — e a comunicação é chave para isso. Comunicar deve ser um pilar estratégico de qualquer movimento de responsabilidade socioambiental.
Mas por onde começar?
Se grandes marcas têm acesso a estruturas robustas de comunicação, o desafio para pequenos negócios sociais, iniciativas comunitárias e coletivos de base é outro: fazer muito com pouco. Mas é possível. E necessário.
Aqui vão algumas direções práticas:
1. Tenha clareza de propósito.
Antes de qualquer post ou campanha, responda: qual transformação você quer gerar? Que problema você ajuda a resolver? Uma boa comunicação começa com um propósito bem enunciado.
2. Conheça o seu público de verdade.
Quem são as pessoas que você quer alcançar? Quais canais elas usam? Que linguagem as conecta? Pergunte, ouça, observe. Comunicação efetiva nasce do encontro entre o que você tem a dizer e o que o outro está pronto para escutar.
3. Conte histórias reais. Pessoas se conectam com pessoas.
Traga depoimentos, mostre os bastidores, celebre pequenas vitórias. O cotidiano da sua organização é um campo fértil de histórias que podem inspirar e mobilizar.
4. Escolha bem os canais.
Não é preciso estar em todas as redes sociais. Esteja onde o seu público está. Um grupo de WhatsApp, uma cartinha, um mural comunitário ou um perfil simples no Instagram podem ter mais impacto do que uma estratégia digital dispersa.
Mais importante do que fazer muito, é fazer com constância. Uma postagem por semana, uma newsletter mensal ou um encontro trimestral já criam ritmo e vínculo com o público.
6. Use o poder da colaboração.
Parcerias com outras organizações, colabs com causas que têm afinidade podem ampliar o alcance sem exigir grandes investimentos.
7. Cuide da identidade visual, mesmo com recursos simples.
Uma imagem bem escolhida, um texto revisado, um vídeo feito com o celular mas com cuidado na iluminação e no som já fazem diferença na percepção de quem recebe.
8. Observe quem já faz.
Busque referências de campanhas de impacto. Analise o que te toca, o que te faz parar para ler, o que te inspira. Adaptar boas ideias ao seu contexto é uma forma inteligente de avançar.
9. Não tenha medo de experimentar.
Teste formatos, linguagens, abordagens. Pergunte ao seu público o que funcionou e o que pode melhorar. Comunicação também é um processo de aprendizagem contínua.
10. Lembre-se: comunicar é cuidar.
Se sua organização cuida de pessoas, de territórios ou de direitos, a comunicação é uma extensão desse cuidado. É o jeito como você chega até o outro, abre conversa, convida para sonhar junto.
No fim, toda comunicação de impacto, seja de uma grande fundação ou de um coletivo pequeno, nasce do mesmo lugar: a vontade sincera de transformar realidades. E as palavras, quando bem usadas, seguem sendo uma das ferramentas mais poderosas para isso.
Conheça a Allma Hub:
Foto: arquivopessoal
Por Débora Verdan
Coordenadora de conteúdo e mobilização de recursos da Escola Aberta do Terceiro Setor
UM OLHAR A PARTIR DE RELATOS E ENTREVISTAS
DURANTE O FESTIVAL ABCR 2025
Odesenvolvimento institucional é um dos principais fundamentos para que as Organizações da Sociedade Civil (OSCs) possam cumprir suas missões, suas aspirações de trabalho em prol do bem comum e do enfrentamento das desigualdades. Para esse protagonismo da sociedade civil na promoção de iniciativas socioambientais, culturais e de defesa de direitos, o fortalecimento de dois pilares é fundamental: a governança e a sustentabilidade financeira.
A governança repercute diretamente na credibilidade junto a financiadores, parceiros e o público em geral.
Durante a 17ª edição do Festival ABCR — evento referência para profissionais de mobilização de recursos —, especialistas, gestores e lideranças do setor debateram tendências, desafios e soluções inovadoras para a sustentabilidade das OSCs. Neste contexto, a governança envolve práticas, processos e normas que garantem à organização legitimidade, eficiência e segurança no cumprimento de sua missão. Boas práticas de governança incluem também gestão participativa, clareza nos
processos decisórios, respeito à legislação e responsabilidade na administração de recursos — os quais podem ser financeiros, humanos ou de conhecimento —, e nestes aspectos o trabalho do setor jurídico é fundamental. "Um dos nossos trabalhos é verificar toda a trilha da captação de recursos, desde questões institucionais, legais e fiscais, para que a organização tenha segurança jurídica para receber os recursos necessários”, destacou a advogada especializada em Terceiro Setor, Ana Carolina Carrenho, palestrante no Festival. Transparência na gestão e clareza na aplicação dos recursos são essenciais para manter e ampliar a confiança, ponto-chave no dia a dia das Organizações da Sociedade Civil. E outro aspecto importante da governança é o tratamento de dados do doador, que pode aprimorar a captação de recursos, como afirma a presidente do Conselho da ABCR, Flávia Lang. “Quando a gente sabe o perfil do nosso doador, mais informações a gente tem, portanto, mais alinhado fica o pedido, e a instituição pode até receber uma doação maior ou que o doador doe por mais tempo”, explica.
Os recursos captados — sejam de pessoas físicas, empresas, editais públicos ou fundos internacionais — permitem que organizações viabilizem ações, projetos e programas, assegurando estrutura, equipe capacitada, investimentos em tecnologia, advocacy e, principalmente, impactando positivamente as comunidades atendidas. Contudo, “a captação de recursos hoje está mais desafiadora do que em anos anteriores e parte das organizações, também no Brasil, está sofrendo os impactos da mudança de estratégia do governo norte-americano e da reestruturação das doações dos organismos europeus. Por isso, as instituições brasileiras precisam repensar seus modelos de captação de recursos, como encontrar novas fontes de recursos e quais estratégias de comunicação que elas vão executar, por exemplo”, esclarece Flávia.
O fortalecimento institucional passa por investir também na formação de equipes, processos internos, inovação tecnológica e comunicação. Já para o profissional de captação de recursos que está começando na área, o importante é compreender os resultados e impactos do seu trabalho, tendo sempre em mãos um plano estratégico de mobilização de recursos. “Estude muito, faça networking. Esse aprimoramento profissional das organizações e de seus captadores é importante para garantir a sustentabilidade e a expansão das ações”, explica Bia Gurgel, diretora da BG Soluções Sociais.
Entre as tendências de 2025 destacadas no Festival ABCR, a chegada do Pix Automático é vista como ponto positivo para ampliar as doações de pessoas físicas. Conforme destacou João Paulo Vergueiro, diretor para a América Latina e Caribe do Giving Tuesday, agora será possível ao doador autorizar apenas uma vez um apoio mensal às causas que escolhe, tornando o processo mais simples. “Essa inovação amplia as oportunidades de relacionamento de longa duração com doadores, incentivando uma cultura de doação recorrente tão necessária ao setor”, explica. Outra questão essencial é o uso da inteligência artificial nos processos de captação e relacionamento, promovendo automação, análise de dados e personalização de abordagens sem, no entanto, substituir o fator humano. “A Inteligência Artificial não substitui as pessoas quando a gente fala de captação de recursos, pois pessoas doam
para pessoas, então a questão é como integrar essa nova ferramenta para potencializar a captação de recursos nas nossas organizações”, afirma Flávia Lang.
Além das inovações tecnológicas, a profissionalização no setor aparece como tendência estruturante. Uma das novidades do maior evento de captação de recursos da América Latina foi o lançamento da Certificação Profissional dos Captadores de Recursos. “A iniciativa, que é focada no profissional, envolve três tipos de certificação: a do Captador de Recursos Experiente, a segunda é para o captador com até quatro anos de experiência e a terceira é para captador de recursos incentivados", explica um dos fundadores da ABCR e da Certificadora Social, Marcelo Estraviz. Ainda nessa linha, entre os destaques do evento esteve a apresentação do novo Censo ABCR, que trouxe informações importantes sobre a profissão do captador de recursos. "O Censo mostra que a profissão está mais desenvolvida, mas enfrenta cenários desafiadores, como muita pressão, problemas de saúde mental e barreiras para pessoas negras, mulheres e grupos minorizados. A parte boa é a questão salarial que vem mostrando evolução, com a maioria das pessoas contratadas como CLT”, destacou o diretor executivo da ABCR, Fernando Nogueira. Para conseguir lidar com esse novo cenário da captação de recursos no Brasil é importante investir e qualificar cada vez mais o trabalho de captação de recursos. Para isso, a dica são os cursos da Escola Aberta do Terceiro Setor. Na plataforma, online e gratuita, o aluno tem acesso desde os conceitos básicos até as inovações e tendências do setor, apresentados por profissionais que estão no dia a dia da captação de recursos das organizações.
Para um protagonismo da sociedade civil na promoção de iniciativas de transformação, dois pilares são fundamentais: a governança e a sustentabilidade financeira.
O desenvolvimento profissional do campo, a busca pela sustentabilidade financeira e a adoção de inovação serão, cada vez mais, o caminho das OSCs no Brasil. Saiba mais sobre a Escola Aberta do Terceiro Setor:
Por Fabíola Melo Editora-chefe
COMO A FORÇA DA COLABORAÇÃO PODE IMPULSIONAR UM NOVO FUTURO PARA O IMPACTO SOCIAL
“Ninguem muda o mundo sozinho.”
Essa frase percorre eventos setoriais, encontros e rodas de conversa quando falamos em transformação social. Apesar disso, muitas organizações e negócios de impacto seguem atuando isoladamente, enfrentando desafios que seriam significativamente mais leves — ou até solucionáveis — se fossem compartilhados com outros que trilham a mesma jornada. No mundo contemporâneo, a colaboração deixou de ser uma escolha e se tornou uma necessidade. Vivemos uma era caracterizada pela hiperconexão, pela complexidade e pela interdependência de problemas sociais e ambientais. A crise climática, por exemplo, é um problema ambiental que atinge diretamente pautas como desigualdade social, direitos humanos, habitação e insegurança alimentar. O caráter sistêmico de tantos desafios exige um enfrentamento com articulação, inteligência coletiva e ação coordenada para serem enfrentados com eficácia.
Pesquisas mostram que organizações que atuam em rede aumentam significativamente sua capacidade de gerar impacto. Um estudo recente da Stanford Social Innovation Review aponta que movimentos e coalizões colaborativas são até 60% mais eficazes na promoção de mudanças sociais duradouras, em comparação com iniciativas isoladas. Além disso, segundo o Relatório Global de Impacto Social de 2023, 78% das organizações
As redes são estruturas flexíveis de conexão entre pessoas ou organizações, geralmente baseadas em interesses comuns. Exemplos incluem redes de ONGs que atuam em defesa de direitos humanos ou ambientais. Elas promovem trocas, articulações e, muitas vezes, campanhas conjuntas.
colaborativos são ambientes complexos, que incluem diferentes atores — organizações sociais, empresas, governos, academia e investidores — interagindo e cocriando soluções para desafios abrangentes. Ecossistemas de inovação para tecnologia — como o Vale do Silício, nos Estados Unidos, ou o Vale do Pinhão, em Curitiba, no Paraná — são exemplos claros de como múltiplos agentes podem atuar de forma sinérgica.
sociais que participam de redes afirmam ter ampliado seu alcance e capacidade de captação de recursos.
Mas, afinal, o que são redes, comunidades e ecossistemas?
Embora frequentemente usados como sinônimos, esses conceitos possuem diferenças importantes.
As comunidades, por sua vez, possuem um caráter mais coeso, com identidades e interesses compartilhados e práticas comuns. Comunidades promovem trocas de conhecimento e experiências pensando em aperfeiçoamento coletivo ou apoio mútuo.
As coalizoes são formações mais estruturadas, geralmente com um objetivo claro e uma governança definida, como as alianças pelo clima ou plataformas coletivas para políticas públicas.
No setor corporativo, o funcionamento em rede já é amplamente reconhecido como um diferencial competitivo. Empresas formam parcerias, consórcios e clusters para ganhar escala, reduzir custos e acelerar a inovação. No setor social, essa lógica é ainda mais potente: quem se conecta não apenas sobrevive, mas se fortalece, aprende, cresce e gera um impacto que reverbera além dos muros da sua organização.
A formação de redes e ecossistemas não é apenas uma tendência, mas uma estratégia essencial para ampliar o impacto e a eficácia das iniciativas sociais. A inter-
conexão fortalece o setor, facilita o enfrentamento de desafios complexos e evita a sobreposição de esforços. Além disso, possibilita o acesso a novas fontes de financiamento, a criação de soluções inovadoras e o fortalecimento de políticas públicas.
O futuro da transformação social passa, inevitavelmente, pela construção de redes sólidas, comunidades vibrantes e ecossistemas articulados. Afinal, quando nos conectamos, multiplicamos nossa capacidade de mudar o mundo.
Você já se perguntou: por que trabalhar em rede? Será que não sou suficiente? Vale mesmo a pena compartilhar minhas dificuldades com outra organização? Por que alguém iria querer me ajudar? Se eu contar com alguém, as coisas vão deixar de ser do meu jeito?
Essas são perguntas comuns para quem lidera organizações sociais ou negócios de impacto. Afinal, empreender no social costuma ser um caminho solitário, permeado por desafios complexos, onde a autonomia é muitas vezes um valor inegociável.
Mas a realidade é que existe um antes e um depois na trajetória de quem entende o poder de estar conectado.
Isso tem a ver com a expressão “sozinhos vamos
rápido, juntos vamos longe”
Atuar em rede, ou colaborativamente, significa transcender os limites da própria organização para acessar novos ambientes de ação e inteligência.
É a disposição de compartilhar aprendizados, dores e soluções, criando uma teia viva onde cada fio sustenta o outro.
Em tempos de desafios cada vez mais complexos e interdependentes — como a crise climática, as desigualdades sociais e os novos cenários de exclusão digital —, a interconexão se torna uma excelente estratégia.
Estudos globais, como os da Aspen Network of Development Entrepreneurs (ANDE), mostram que negócios e organizações inseridos em redes têm 65% mais chances de acessar recursos financeiros, mentoria, parcerias e oportunidades de crescimento.
E os benefícios não param aí:
Colaboração sistêmica: o mundo pede, o futuro exige e o impacto agradece.
A atuação conjunta permite acessar novos públicos e territórios, tornando o impacto social e ambiental mais significativo. Organizações que trabalham em rede conseguem superar barreiras geográficas, culturais e estruturais, expandindo seus programas e levando soluções a quem mais precisa.
INFLUÊNCIA EM POLÍTICAS PÚBLICAS E PRÁTICAS DE MERCADO
Coalizões fortes conseguem articular mudanças sistêmicas. Isso inclui desde a promoção de práticas ESG até a transformação de cadeias produtivas e a incidência em políticas públicas sustentáveis. O impacto vai além do projeto: reverbera na sociedade, nas empresas e no Estado.
Ao
compartilhar experiências, recursos e conhecimentos, promovemos justiça social e fortalecemos o impacto coletivo.
SENSO DE PERTENCIMENTO E ENGAJAMENTO
Estar em rede significa fazer parte de algo maior. É um espaço de acolhimento e apoio mútuo, que reduz o isolamento típico de quem empreende no social e potencializa a motivação e o compromisso com a causa.
TROCA DE EXPERIÊNCIAS E MELHORES PRÁTICAS
A inteligência coletiva permite que organizações aprendam com os erros e acertos umas das outras. ONGs trazem a proximidade com as comunidades; empresas, tecnologia e gestão eficiente; governos, políticas públicas e escalabilidade. Juntas, promovem inovação social e resultados mais sustentáveis.
Soluções coletivas nascem da diversidade de perspectivas. Diferentes atores cocriam respostas mais adaptadas às necessidades reais da sociedade, promovendo inovação social e tecnológica. A atuação em rede reduz custos, otimiza recursos e evita sobreposições. Além disso, pesquisas recentes mostram que mais de 70% das inovações sociais surgem a partir de parcerias, conexões ou coalizões.
Como diz Débora Borges, cofundadora da Rede Narrativas, em uma fala pública, “Estar em rede é reconhecer que seu problema não é só seu. E que sua solução também pode ser de muitos.”
Além disso, há uma dimensão ética na colaboração: ao compartilhar experiências, recursos e conhecimentos, promovemos justiça social e fortalecemos o impacto
BEM-ESTAR EMOCIONAL
Quem empreende no social sabe o quanto pode ser solitário lidar com desafios sistêmicos. A rede é também um espaço de acolhimento, um ambiente seguro onde compartilhar dificuldades, celebrar conquistas e encontrar apoio.
AUMENTO DE RECURSOS Parcerias estratégicas viabilizam não apenas financiamento, mas também acesso a conhecimentos, tecnologias, capacitação e suporte logístico. É a união entre quem tem conhecimento de base e quem possui recursos para potencializá-lo.
Organizações conectadas ganham projeção, conquistam credibilidade e ampliam sua legitimidade perante parceiros, financiadores e a sociedade.
coletivo. Em resumo: atuar em sistemas intercolaborativos é ampliar horizontes, repartir desafios, compartilhar soluções e, sobretudo, multiplicar o impacto.
Para quem ainda se pergunta: “Será que vale a pena?”, a resposta é clara: não só vale. É essencial. O mundo pede, o futuro exige e o impacto agradece.
UNIR FORÇAS, ESCUTAR AS BASES E CONSTRUIR JUNTOS: É ASSIM QUE A UNICOPAS FORTALECE O COOPERATIVISMO POPULAR EM TODO O PAÍS.
“A UNICOPAS nasceu de uma necessidade profunda que sentimos nos territórios: a de unificar forças, histórias e lutas das cooperativas e empreendimentos da economia solidária do nosso país. Ela é fruto da articulação entre quatro centrais nacionais — UNICATADORES, UNICAFES, UNISOL e UNICRAB — que representam diferentes segmentos do cooperativismo popular. Construir essa rede exigiu muita escuta, paciência e confiança. Cada central traz suas particularidades, suas histórias e formas de organização. Tivemos que superar desconfianças, lidar com a falta de recursos, com a sobrecarga de quem está na base e, muitas vezes, com a invisibilidade das nossas pautas. Mas avançamos porque mantivemos o compromisso ético com o coletivo. O que mais me emociona é ver o quanto as nossas organizações cresceram em consciência, autonomia e capacidade de atuação. Através da UNICOPAS, muitos empreendimentos passaram a ter acesso a políticas públicas, a desenvolver projetos de impacto, a formar suas lideranças e a participar ativamente de espaços de decisão. Uma rede como a nossa só funciona com base na confiança, na solidariedade e no compromisso com o bem comum. Não há espaço para competição, autoritarismo ou centralização. É preciso ter disposição para ouvir, para dialogar e para construir junto — mesmo quando há divergências. A cultura que sustenta a UNICOPAS é a da partilha: partilha de saberes, de responsabilidades, de sonhos. E também é uma cultura do cuidado, porque quem está na base carrega muitas vezes dores e lutas invisibilizadas. Sem isso, não há rede que resista. Estamos sempre em contato com as bases, ouvindo suas demandas, promovendo formações, realizando encontros e mobilizando recursos para fortalecer as organizações nos territórios. É preciso acolher, apoiar, criar espaços seguros para o fortalecimento coletivo.”
QUANDO MULHERES SE CONECTAM, MULTIPLICAM SABERES, FORTALECEM TERRITÓRIOS E TRANSFORMAM REALIDADES COM POTÊNCIA E PROPÓSITO.
Sales
integrante da Rede PolíticA: Mulheres, Paz e Segurança (Belém - PA)
“Somos uma rede de 30 mulheres líderes de projetos, ações e iniciativas de diversas realidades de Belém e região metropolitana, e nos juntamos através dessa iniciativa que foi organizada pela Think Twice Brasil, com apoio do Governo do Reino Unido. Nossa turma passou por formações presenciais e mentorias online para ampliar nossa participação política e garantir a sustentabilidade e o impacto duradouro dos nossos projetos. Assim, demos início às ações através da criação de Grupos de Trabalho (GTs) de Gestão e Educação. Por meio deles, ministrei a primeira oficina para integrantes da rede. Fazer parte dessa experiência foi um divisor de águas na minha carreira profissional. Como Assistente Social, poder discutir sobre saúde emocional entre tantas mulheres (e realidades) foi algo que me motivou a acreditar mais no meu potencial de intervenção, além da oportunidade de vivenciar coisas incríveis e ampliar algumas habilidades para atuar como articuladora de movimentos criativos. Motivada por isso, me inscrevi para participar do Festival ABCR 25 anos e fui selecionada como uma das bolsistas deste ano. Agora, no GT de Gestão, vou compartilhar com minhas ‘manas’ tudo o que aprendi e absorvi nesse espaço. A partir das vivências no grupo, estou colecionando vitórias significativas na minha carreira, como me tornar Fellow da turma da ABRAPS (Associação Brasileira de Profissionais para o Desenvolvimento Sustentável), por exemplo, além de poder participar de outros espaços em nome da Rede. Essas oportunidades, somadas aos meus anos de atuação no Governo do Pará e em iniciativas da sociedade civil, me levaram a esse lugar de pulverizadora e mobilizadora para contribuir com o crescimento sustentável do ecossistema de iniciativas paraenses. Por fim, eu compartilho uma máxima que me motiva sempre: ‘Jamais volte pra sua quebrada de mão e mente vazia’ - Emicida.”
Falar
O DESAFIO DE FORMAR E MANTER SISTEMAS COLABORATIVOS QUE FUNCIONAM NA PRÁTICA
sobre o poder das redes é fácil. O difícil mesmo é mantê-las vivas, pulsando e gerando valor para todos os envolvidos. No campo do impacto social, já há consenso: trabalhar em rede é essencial para ampliar resultados, reduzir esforços duplicados, acelerar inovações e transformar sistemas. Porém, quando saímos da teoria e entramos na prática, surgem os principais desafios: como criar
comunidades colaborativas? Como engajar organizações tão diversas? Como garantir que todos se sintam pertencentes e queiram permanecer?
A construção de redes, ecossistemas ou coalizões exige tempo, intenção e estratégia. É como cultivar um ecossistema vivo: precisa de nutrição contínua, cuidado com o clima interno e atenção constante aos seus ciclos.
Redes precisam ser mais que conexões, devem gerar relações de valor.
De onde começar: a base da colaboração
A primeira etapa é definir um propósito comum que seja inspirador o suficiente para unir diferentes atores. Um bom propósito mobiliza, conecta e dá direção. Depois, é preciso mapear os atores-chave — organizações, líderes, grupos ou movimentos que compartilham interesses, desafios ou territórios. Com os atores mapeados, inicia-se o trabalho
de articulação: reuniões de escuta, apresentações individuais, encontros de alinhamento e, principalmente, escuta ativa para compreender as motivações de cada um. Uma rede só se sustenta se estiver ancorada em interesses reais, não apenas em formalidades. A partir daí, é hora de estabelecer canais de comunicação eficazes, definir acordos de convivência, pactuar uma governança (mesmo que leve no início) e iniciar as primeiras ações em conjunto.
Ecossistemas que florescem: o que faz uma rede funcionar?
Embora não haja fórmula mágica, redes e coalizões de sucesso costumam seguir algumas práticas fundamentais:
Comunicacao clara e transparente
Manter os membros informados, abrir espaço para diálogo, relatar decisões e avanços com honestidade.
Participacao ativa
Quando todos se sentem escutados e têm espaço para contribuir, o engajamento cresce naturalmente.
Oportunidades de desenvolvimento
Workshops, mentorias, trocas de experiência — o aprendizado conjunto é um dos maiores triunfos das redes.
Monitoramento de impacto
Avaliar o que está funcionando, o que precisa ser ajustado e compartilhar os resultados amplia a confiança e o compromisso.
Objetivos e metas tangiveis
Ter um norte claro ajuda todos a se orientarem e contribui para que as ações não se percam no discurso.
Reconhecimento e valorizacao
Celebrar pequenas vitórias, agradecer publicamente e destacar contribuições individuais são práticas que alimentam o vínculo coletivo.
Eventos formais ou informais, presenciais ou online, fortalecem os laços e criam um senso de comunidade.
Apesar do desafio, boas práticas podem manter redes vivas, relevantes e centradas em seu propósito.
Criar é difícil. Manter é ainda mais. Redes sólidas não sobrevivem apenas de boas intenções. Elas precisam de práticas constantes que sustentem o engajamento e evitem a estagnação. Algumas estratégias recomendadas incluem:
Clareza de propósito: lembrar sempre o “porquê” da rede existir. Reforçar esse sentido nos encontros, nas comunicações e nas ações.
Diálogo e participação horizontal: fóruns, comitês e grupos de trabalho são ferramentas potentes para garantir que todos tenham voz.
Espaço para a diversidade: incluir diferentes perspectivas, setores, regiões e realidades fortalece o potencial de inovação da rede.
Canais de comunicação adaptáveis: e-mail, Slack, grupos de WhatsApp, boletins informativos — é preciso testar e escolher os canais que funcionam para o perfil dos participantes.
Feedbacks constantes: pesquisas rápidas, rodas de conversa e avaliações periódicas ajudam a ajustar rotas e manter a escuta ativa.
Celebração e pertencimento: eventos de reconheci-
mento, rituais de agradecimento e espaços informais de troca são fundamentais para fortalecer os laços emocionais.
Desafios reais e como enfrentá-los
Mesmo redes bem construídas enfrentam obstáculos. Entre os mais comuns estão:
• Dependência de financiamentos pontuais
• Mudanças de liderança ou perda de membros-chave
• Desalinhamento de expectativas e comunicação ineficaz
• Resistência à mudança ou à diversidade de práticas
• Falta de evidências de impacto coletivo
• Fadiga de reuniões ou baixa participação nas ações
Enfrentar esses desafios exige resiliência e ajustes contínuos. A governança compartilhada, a cultura de confiança e a diversidade de fontes de apoio são alguns dos caminhos mais promissores.
Hoje existem diversas plataformas e ferramentas digitais que facilitam a gestão e o engajamento em redes: WhatsApp, Telegram, Slack, Google Workspace, Miro, Notion, Trello, Gather, entre outras. O importante é escolher aquelas que se adequam ao perfil da rede e manter uma lógica simples, funcional e acessível.
Além disso, o uso de rituais de encontro, newsletters visuais, podcasts internos e grupos de escuta são estratégias criativas que fortalecem a identidade da rede e mantêm o vínculo ativo mesmo à distância.
Criar uma rede é um ato de visão. Cuidar dela, diariamente, é um ato de compromisso.
As coalizões, redes e ecossistemas que hoje geram impacto real e duradouro no Brasil e no mundo não surgiram da noite para o dia. Foram cultivados com paciência, propósito e pessoas dispostas a trabalhar juntas, mesmo com todas as diferenças.
Mais do que estruturas de conexão, as redes bem cuidadas se tornam espaços de confiança, potência e transformação coletiva. E, talvez, seja exatamente disso que o nosso tempo mais precisa.
CONECTAR É ESTRATÉGICO, MAS TAMBÉM É UMA ESCOLHA DE CULTURA E COMPROMISSO
“Se voce quer ir rapido, va sozinho. Se quer ir longe, va acompanhado.”
Oprovérbio africano, popular entre os brasileiros, traduz o maior benefício prático de atuar colaborativamente. A articulação intersetorial, que une organizações sociais, empresas, academia e governos, é hoje considerada uma das principais estratégias para o alcance dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) da ONU. Se essa colaboração em esferas mais elevadas acontece — com resultados —, por que não trazer para um nível local, de causa, de atuação ou outro critério mais próximo da realidade das organizações sociais e negócios de impacto?
Com base na certeza de que essa prática é uma estra-
tégia real para gerar impacto real e duradouro, a Ago Social tem desenvolvido projetos de estruturação e metodologias de gestão de redes e comunidades. A demanda por formar ecossistemas colaborativos tem crescido na mesma medida em que esforços individuais têm se mostrado custosos em termos de recursos financeiros, pessoas, tempo de dedicação e impacto gerado. O princípio desse trabalho leva em conta a premissa de que uma rede não é só um grupo de WhatsApp. Ela é feita de intencionalidade, reciprocidade e senso de pertencimento. Por essa razão, antes de aderir ou dar origem a uma rede, algumas perguntas são indispensáveis:
Tenho clareza do que quero buscar?
Estou disposto(a) a oferecer tanto quanto receber?
Entendo que redes são espaços de construção, não de serviço?
Quais valores são ou serão compartilhados ali?
Que tipo de apoio essa rede oferece (técnico, financeiro, emocional, visibilidade)?
O que se espera dos membros?
O que fica disso tudo é a certeza de que a construção de futuros mais sustentáveis, justos e prósperos passa, obrigatoriamente, pela capacidade de nos conectarmos. Redes não são apenas uma estratégia de gestão — são um modo de existir no mundo.
Programa: BTG Soma Empreendedorismo + 21 mil empreendedores e profissionais do setor alcançados!
Agente de mudança: Rosangela Cunha de Lima
Empreendimento: Associação de Mulheres Agroextrativistas do Médio Juruá (ASMAMJ)
Carauari (AM)
os números do NOSSO impacto
250 professores e facilitadores
26 Estados + DF 1024 cidades + de 5 países
Foto: Gabriele Schnem +25 mil pessoas recebem a Revista AGORA nos formatos digital e impresso
Empreendimento: Associação de Apoio à Criança e Adolescente (ACRICA)
Piraquara (PR)
Programa: BTG Soma Educação
Agente de mudança:
Fernanda Silva de Maria
Empreendimento: Sacolé
Gourmet da Nanda
Recife (PE)
Programa: BTG Ela Empreende
Agente de mudança: Aziz Camali Constantino
Empreendimento:
Orgânico Solidário
Ilhabela (SP)
Programa: Nutrir+
Agente de mudança: Kwok Chiu Cheung
Empreendimento: Fundação Neotrópica do Brasil (FNB) Bonito (MS)
Programa: BTG Soma Meio Ambiente
AAssociação de Mulheres Agroextrativistas do Médio Juruá (ASMAMJ), em Carauari (AM), é um exemplo de empoderamento feminino na Amazônia. Com foco na sustentabilidade, a associação valoriza o trabalho das mulheres da floresta por meio da marca Flor de Mulateiro, desenvolvendo produtos ligados à biodiversidade local. Rosangela Cunha de Lima, líder do projeto, destaca o objetivo de consolidar a ASMAMJ como referência em negócios sustentáveis e reforça a importância da preservação ambiental para as futuras gerações. Atualmente, a iniciativa beneficia diretamente 287 mulheres e indiretamente cerca de 400 pessoas, promovendo autonomia, renda e fortalecimento comunitário. A participação no Programa BTG Soma Empreendedorismo, promovido pelo BTG Pactual, com execução da Ago, permitiu trocas com outras organizações do país, ampliando o aprendizado e fortale-
Agente de mudança: Rosangela Cunha de Lima
Empreendimento: Associação de Mulheres
Agroextrativistas do Médio Juruá (ASMAMJ)
Carauari (AM)
Programa: BTG Soma Empreendedorismo
OSacolé Gourmet da Nanda é um negócio localizado em Recife (PE), dedicado à produção e comercialização de sacolés gourmet e trufas. Criado por Fernanda Silva de Maria, o empreendimento une sabor, criatividade e qualidade, conquistando clientes que buscam sobremesas artesanais tanto para o consumo direto quanto para eventos personalizados. Com olhar atento às oportunidades, Fernanda quer expandir a marca, “aumentando a produção, fortalecendo a rede de revendedores e se tornando referência regional em sobremesas artesanais”. O Sacolé Gourmet da Nanda pretende se tornar reconhecido como uma marca forte, que leva qualidade e inovação para as pessoas. A participação no programa Ela Empreende do Banco BTG Pactual foi transformadora. “Tive acesso a conteúdos práticos sobre empreendedorismo, aprendi a organizar melhor meu negócio e tive a oportunidade de trocar experiências com outras mulheres empreendedoras.”, afirma. Mais con-
Agente de mudança: Fernanda Silva de Maria
Empreendimento: Sacolé Gourmet da Nanda Recife (PE) - Programa: BTG Ela Empreende
cendo a gestão interna. “O programa nos fez olhar para dentro, melhorar nossa organização e traçar metas para alcançar nossos objetivos”, afirma Rosangela. A ASMAMJ segue firme na missão de preservar a floresta e fortalecer o papel das mulheres na economia local.
fiante, ela segue determinada a ampliar o alcance do negócio com novas ideias e ferramentas para crescer de forma estruturada e segura.
AFundação Neotrópica do Brasil (FNB), sediada em Bonito (MS), é uma organização sem fins lucrativos que atua desde 1993 na conservação da biodiversidade, restauração de ambientes degradados e educação ambiental. Seus projetos beneficiam cerca de 30 mil pessoas em diversos municípios do estado. Com forte atuação junto às comunidades locais, a FNB promove a educação como ferramenta de transformação e busca conciliar preservação ambiental com desenvolvimento sustentável. A participação no programa BTG Soma Meio Ambiente impulsionou melhorias internas
Agente de mudança: Kwok Chiu Cheung
Empreendimento: Fundação Neotrópica do Brasil (FNB) Bonito (MS) Programa: BTG Soma Meio Ambiente
e fortaleceu parcerias. “Ajudou a acelerar um processo de profissionalização e enxergar mais possibilidades de atuação”, afirma Kwok Chiu Cheung, biólogo e superintendente executivo. Comprometida com um modelo de desenvolvimento inclusivo, a FNB planeja expandir sua atuação para outros estados, ampliando seu impacto socioambiental e levando sua expertise a novas comunidades.
Agente de mudança: Aziz Camali Constantino
Empreendimento: Orgânico Solidário Ilhabela (SP) Programa: Nutrir+
OOrgânico Solidário surgiu com a missão de combater a fome e regenerar a agricultura familiar, promovendo o acesso a alimentos saudáveis e fortalecendo pequenos produtores. Fundado por Aziz Camali Constantino, já impactou milhares de pessoas em quatro estados e, em 2023, foi premiado pelo Pacto Contra a Fome. “Nosso foco está na qualidade do que entre-
Foto: GabrieleSchnem
gamos, mais do que na quantidade”, afirma Aziz. Ele também é cofundador do Desnegócio, que atua na regeneração econômica de territórios vulneráveis via empreendedorismo. “A fome está diretamente ligada à geração de renda”, explica. A participação no programa Nutrir+ Semeando Impacto Positivo, da Citrosuco em parceria com a Ago Social, foi um marco para a profissionalização da iniciativa. “O programa nos convidou a olhar para
Agente de mudança: Laís Milena Massuquetto Empreendimento: Associação de Apoio à Criança e Adolescente (ACRICA) Piraquara (PR) Programa: BTG Soma Educação
Transformar vidas por meio da educação e do acolhimento: esse é o compromisso da Associação de Apoio à Criança e Adolescente (ACRICA), iniciativa social de Piraquara (PR) que atende 130 crianças e adolescentes em situação de vulnerabilidade. O projeto oferece atividades educativas, culturais e sociais que ajudam a construir novas perspectivas. Laís Milena Massuquetto, coordenadora pedagógica, é exemplo do impacto: “Entrei aos 4 anos, encaminhada pelo Conselho Tutelar, e encontrei um porto seguro. Cresci lá, estudei e hoje sou coordenadora do projeto”. Para ela, a ACRICA é um propósito de vida: “Quero ajudar outras crianças a sonharem e mudarem
dentro e revisitar a gestão”, destaca Aziz. A experiência gerou aprendizados e novas conexões com empreendedores sociais, empresas e financiadores. Hoje, Aziz segue comprometido em impulsionar soluções sistêmicas que enfrentem a fome e fortaleçam comunidades de forma duradoura.
de vida por meio das aulas e do acolhimento”. Com a participação no programa BTG Soma Educação, a organização fortaleceu sua gestão e estrutura. “Foi um período de grande crescimento pessoal e profissional. Ampliei minha visão sobre o terceiro setor e troquei experiências com outras OSCs”, conta Laís. A ACRICA mira, agora, um novo objetivo: dobrar o número de pessoas atendidas, gerando impacto positivo para ainda mais crianças e adolescentes.
Por Imprensa Gife
MATARAZZO, DIRETORA-EXECUTIVA
Com uma trajetória de mais de 25 anos no terceiro setor, Carola Matarazzo foi confirmada, na tarde desta segunda-feira (16), a nova presidente do Conselho de Governança do Grupo de Institutos, Fundações e Empresas (GIFE). Há quase 20 anos, a organização é presidida por mulheres e, há 30, o GIFE atua pelo fortalecimento da filantropia e do Investimento Social Privado (ISP) no país.
Carola entende que a transformação social exige coordenação, estratégia, alinhamento e responsabilidade compartilhada.
A eleição ocorreu durante a assembleia ordinária do GIFE. Cida Bento, do Centro de Estudos das Relações de Trabalho e Desigualdades (CEERT), e Karin Baumgart Srougi,
do Grupo Baumgart, também chegam ao Conselho. Cássio França segue na Secretaria-Geral da entidade.
“Chego para colaborar com o compromisso do GIFE com a equidade, a justiça social e o desenvolvimento sustentável, sempre com base na democracia e na dignidade humanidade”, destacou Matarazzo. "Sigo acreditando que a transformação social exige não só boas intenções, mas cooperativamente, estratégia, alinhamento e responsabilidade partilhada. É com esse espírito que me coloco a serviço do GIFE, no papel de escutar, conectar, apoiar e fortalecer pontes entre os que investem, os que executam e os que incidem, neste espaço de amplificação de vozes e conexão de saberes", acrescentou o novo presidente do Conselho.
Diretora-executiva do Movimento Bem Maior desde 2019, Carola Matarazzo costuma dizer que um de seus propósitos é ver doação “virando algo pop, moda, sendo parte da retórica e da vida dos brasileiros”. Ela estará à frente do Conselho de Governança do GIFE no biênio 2025-2027, mandato que pode ser renovado por mais dois anos.
Por Fabíola Melo
EVENTO REÚNE 1.200 PARTICIPANTES EM FORTALEZA E PROPÕE UM
NOVO OLHAR PARA O INVESTIMENTO SOCIAL NO BRASIL
Entre os dias 7 e 9 de maio, Fortaleza (CE) recebeu o 13º Congresso GIFE, que voltou ao Nordeste após 15 anos, reunindo 1.200 pessoas e 180 palestrantes. Com o tema “Desconcentrar poder, conhecimento e riquezas”, o encontro provocou reflexões potentes sobre como o investimento social privado (ISP) pode ser um motor real de transformação.
A abertura teve a participação da ativista e cineasta Abigail Disney, que trouxe uma fala contundente sobre privilégios e a necessidade de enfrentar as estruturas que perpetuam desigualdades. Ao longo dos três dias, temas como justiça climática, inclusão produtiva, fortalecimento das OSCs, governança participativa e a centralidade do enfrentamento ao racismo permearam os debates.
O evento também reforçou a urgência de práticas mais enraizadas nos territórios, valorizando saberes locais
e construindo relações de longo prazo. As discussões sobre equidade racial, de gênero e justiça econômica apareceram como pilares inegociáveis para quem financia, apoia ou opera no campo social.
O painel de encerramento foi um dos momentos mais simbólicos e reverberou o espírito do evento. A fala de Ticiana Rolim, da Somos Um, ficou marcada:
“Ou a gente fecha a humanidade ou questionamos a concentração de poder, conhecimento e riqueza.”
O Congresso se consolidou como espaço de construção coletiva e apontou caminhos para um ISP mais democrático, comprometido com a escuta ativa, a redistribuição de recursos e a transformação social urgente e necessária.
Foto: arquivo pessoa l
Por Cynthia Betti
Pedagoga e CEO da Plan International Brasil
A EXPERIÊNCIA DA PLAN INTERNATIONAL BRASIL COM A DOAÇÃO
IRRESTRITA DE MACKENZIE SCOTT
Trabalhar com a escassez é a realidade incômoda que tentamos vencer e que frequentemente vem acompanhada por uma enorme frustração. Captar recursos no terceiro setor é o desafio de qualquer organização, e se tornou ainda maior após os últimos acontecimentos mundiais, desencadeados pelas decisões do governo americano sobre cortes no financiamento de ajuda humanitária e de programas de desenvolvimento.
Confiança foi a base de todo o processo. A doação chegou sem amarras e sem exigências, mas carregada de responsabilidade.
Mesmo quando o recurso chega, muitas vezes ele está quase que exclusivamente direcionado às atividades diretas do projeto, e não consegue subsidiar aquilo que chamamos de overhead — que são custos importantes para a sustentabilidade da organização. Uma efetiva gestão estratégica e financeira, adequada remuneração e investimento no desenvolvimento e bem-estar das equipes, compliance e a própria atividade de captação de recursos, entre outras, são atividades que precisam de financiamento adequado. Tudo isso é considerado e valorizado pelo potencial doador no momento da análise de uma organização, mas, por mais incoerente que possa parecer, nem todos estão dispostos a incluir essas despesas no orçamento concedido.
No dia 4 de março de 2024, entretanto, vivemos uma experiência diferente. Recebemos por telefone a notícia de que a Plan International Brasil estava sendo contemplada com uma doação de US$8 milhões da filantropa americana MacKenzie Scott.
Nós não sabíamos, mas essa oportunidade começou a ser construída nove meses antes, quando fomos contatados por uma consultoria que pediu para conhecer mais a respeito do nosso trabalho. A justificativa: estava analisando algumas organizações para um “filantropo americano”. De julho a outubro, realizamos reuniões com a consultoria para que pudesse entender um pouco mais sobre a nossa operação, a sustentabilidade financeira, os planos de captação e os impactos de nossos projetos.
Até aquele momento, além da informação sobre o montante da doação e sobre o processo de transferência deste recurso, dois pontos chamaram atenção. O primeiro foi a ausência de qualquer direcionamento sobre como o valor deveria ser utilizado — a decisão caberia a nós, pois confiavam que éramos as melhores pessoas para definir esse caminho. O
segundo, igualmente surpreendente, foi a dispensa da prestação de contas formal. Confiança. Essa foi a base de todo o processo. Desde a forma respeitosa com que a consultoria conduziu o processo de “due diligence” até a comunicação da doação pela equipe da filantropa. A Filantropia Baseada em Confiança, de acordo com o conceito publicado pela plataforma Sinapse, é “uma abordagem holística que considera centrais os valores focados na equidade e conscientes das relações de poder, de forma a subsidiar quatro dimensões principais do trabalho de uma organização financiadora: 1) cultura, 2) estruturas, 3) liderança e 4) práticas”.
Estamos falando de uma filantropia na qual o doador se coloca na posição de parceiro, e não mais de um líder que dita as regras de como e onde o recurso será utilizado. Isso faz toda a diferença. Esse tipo de filantropia pode impulsionar mudanças estruturais profundas, pois ela ajuda a criar um ambiente de confiança, impacto e inovação.
Mas e o controle e a prestação de contas, onde ficam?
Receber uma doação irrestrita, sem amarras e flexível, não significa que haverá irresponsabilidade na sua utilização, muito pelo contrário.
Na Plan International Brasil, utilizamos propositalmente o número 8 na horizontal para simbolizar o conceito do infinito, que fundamentou o planejamento do uso do recurso e sua sustentabilidade ao longo dos anos.
É importante destacar que esse recurso também chegou até nós graças às condições de gestão e governança que construímos ao longo dos anos — um privilégio, em certa medida. Isso nos permitiu inovar em nosso modelo, ampliando nossa atuação e fortalecendo o ecossistema em torno da nossa causa, com investimentos diretos em jovens, coletivos e organizações de base comunitária. Além disso, finalmente passamos a ter condições de investir em nossa marca para nos tornarmos mais conhecidos, no fortalecimento de nossa estrutura, desenvolvimento e bem-estar de nossas equipes, em inovação e na infraestrutura tecnológica.
A prestação de contas é contínua e coletiva para nossas equipes, Conselho e para a sociedade em geral, tendo como objetivo mostrar a potência desse tipo de doação.
Era preciso expandir o aprendizado. Desde 2021, 27 organizações no Brasil receberam recursos de MacKenzie Scott. Com o objetivo de trocar experiências e compartilhá-las, criamos um grupo com 17 delas e fizemos um estudo para entender o uso e o impacto desta doação.
Sustentabilidade institucional, fortalecimento da estrutura organizacional, visibilidade, avanços programáticos, aprendizado, inovação e promoção de redes de colaboração estão entre os muitos resultados alcançados até aqui.
Sustentabilidade institucional não é luxo. É condição para que organizações sigam gerando impacto social com consistência e inovação.
Sim, comprovamos que a filantropia baseada na confiança é possível — e gera resultados. Agora, nosso objetivo é provocar uma reflexão sobre a urgência de replicar esse modelo, que valoriza a autonomia das instituições e aposta na sustentabilidade de longo prazo, ampliando o impacto positivo para todo o terceiro setor e, consequentemente, para o Brasil.
Acesse o Relatório do Grupo de Trabalho das organizações donatárias de Mackenzie Scott no Brasil:
Por
Comunicação do Instituto Genésio Antônio Mendes
A JORNADA DE CRESCIMENTO DA AMA SUL COM O IGAM
Odesenvolvimento institucional das Organizações da Sociedade Civil — OSCs — é um fator essencial para garantir que essas instituições não apenas existam, mas sejam sustentáveis, eficazes e capazes de gerar impacto real em seus territórios. Fortalecer uma OSC significa investir em sua governança, gestão, planejamento, captação de recursos e avaliação de resultados. Significa, também, promover autonomia e visão de futuro, assegurando que o propósito social da organização possa ser cumprido de forma consistente e ampliada ao longo do tempo.
Nesse cenário, iniciativas de apoio técnico, formação contínua, investimento social privado e construção de redes colaborativas tornam-se fundamentais. Quando OSCs recebem o suporte necessário para se estruturarem, o resultado é um ecossistema social mais forte, com maior capacidade de enfrentar os desafios complexos da educação, saúde, assistência social e outros campos essenciais. Nesse contexto,
as organizações sociais têm a oportunidade de se estruturarem e evoluírem rumo à sustentabilidade financeira e à consistência de sua atuação. Foi o caso da AMA SUL.
De um café entre mães ao nascimento de uma organização de impacto
Em uma cafeteria improvisada, movida por empatia e afeto, germinou uma semente. Diante da ausência de orientações práticas para lidar com o Transtorno do Espectro Autista (TEA), Manoela Crescêncio Pereira reuniu outras mães em cafés colaborativos para compartilhar vivências, aprendizados e descobertas. Nascia ali mais do que um espaço de acolhimento: surgia o embrião de uma organização com propósito na região da cidade de Tubarão (SC). Com o tempo, a AMA SUL se consolidou como uma
Organização da Sociedade Civil dedicada ao atendimento baseado em evidências e ao apoio integral a famílias de pessoas com TEA. Foi nesse contexto que Manoela chegou ao Instituto Genésio Antônio Mendes (IGAM), criado para ampliar o impacto social junto a OSCs nas áreas de educação, saúde e assistência social na região de AMUREL (sul do estado de Santa Catarina). “Quando o IGAM começou suas atividades, fui convidada para a primeira reunião com as OSCs da nossa região e ali começou uma nova fase para a AMA SUL”, relembra Manoela.
Entre as iniciativas oferecidas pelo IGAM, uma em especial marcou a trajetória da AMA SUL: a primeira capacitação sobre elaboração de projetos. “Foi um divisor de águas. A partir dali, começamos a enxergar novos caminhos e possibilidades”, conta a fundadora.
Desde então, essa parceria tem contribuído para o desenvolvimento institucional da instituição, com foco em planejamento, gestão, sustentabilidade e visão de médio e longo prazo. “Hoje temos uma perspectiva mais clara de crescimento e isso se reflete diretamente na qualidade e no alcance dos nossos atendimentos”, destaca Manoela.
O exemplo reforça fatores que ajudam as iniciativas de fortalecimento institucional a alcançarem o seu objetivo de contribuir com o setor social: o interesse e o comprometimento, por parte das OSCs, com sua evolução contínua. Para a equipe do Instituto, esse
protagonismo leva a um engajamento indispensável para a autonomia e a sobrevivência das instituições, além de gerar impactos positivos na ponta.
O compromisso permanente em fortalecer o Terceiro
Entre muitas outras iniciativas, em 2024 o Instituto viabilizou para OSCs de sua rede a formação Captação Inteligente, da Ago Social, indo ao encontro de uma demanda estratégica das organizações. “Nosso maior aprendizado é que a responsabilidade social se constrói na prática, lado a lado com quem está no território e conhece a realidade”, compartilha a equipe. Atualmente, já foi realizado um número superior a 150 horas de capacitações, com 25 OSCs apoiadas e impacto direto a mais de 12 mil pessoas em situação de vulnerabilidade social.
O IGAM entende que o Terceiro Setor não deve ser apenas um prestador de serviços, mas um verdadeiro catalisador da transformação social. “Queremos inspirar, conectar e ampliar nosso impacto, promovendo transformação social com consistência e propósito”, concluem.
Conheça todas as atuações do IGAM:
A AGO ESTEVE PRESENTE NOS MAIORES EVENTOS DO SETOR NO BRASIL E NA EUROPA! CONFIRA ESSES MOMENTOS E AS ACELERAÇÕES QUE ESTÃO MUDANDO A REALIDADE DE CENTENAS DE OSCS E NEGÓCIOS DE IMPACTO
Por Letícia Portela Articulista do
Time Ago
É com entusiasmo que celebramos novas parcerias e o encerramento de vários ciclos de projetos em colaboração com nossos parceiros.
LANÇAMENTO DO IMPULSO I PRIO
A parceria PRIO e Ago veio com o foco de fortalecer o trabalho de organizações sociais da rede PRIO a partir de trocas estratégicas com profissionais da empresa, em temas como gestão, sustentabilidade, liderança e comunicação.
Lançamento do Impulso IPRIO: conectando conhecimento, inovação e impacto.
WORKSHOP ESCALA COMERCIAL NO HUB-ES
No dia 4 de junho, o ecossistema capixaba de negócios de impacto se destacou por sua evolução. Em mais uma iniciativa, a Ago desembarcou em Vitória (ES) para um workshop de Escala Comercial com organizações do Hub-ES, conduzido pelo Alexandre Amorim. Foi um dia de cocriação e desenvolvimento de caminhos para ampliar impacto e alcançar mais mercados.
Negócios de impacto capixabas: escala comercial com impacto social no centro!
Somos os parceiros do Instituto Localiza para executar o Programa de Fortalecimento em Gestão, uma iniciativa pioneira do Instituto que visa potencializar o impacto de organizações que atuam com juventudes.
Ago + Instituto Localiza no lançamento
ENCERRAMENTO DO NUTRIR+ — SEMEANDO IMPACTO POSITIVO
Nos dias 4 e 5 de junho, aconteceu o encerramento da segunda edição do Nutrir+ — Semeando Impacto Positivo. Foi um encontro incrível na sede da Citrosuco, em Matão (SP), em que as organizações participantes tiveram a oportunidade de conhecer um pouco da operação da empresa.
Mais uma edição do Nutrir+ e já estamos empolgados para a próxima!
A Ago marcou intensa presença no FIFE 2025, que este ano aconteceu na capital paranaense, nossa sede. Participamos com estande, palestras e um espaço especial, promovendo o ecossistema social paranaense. Como sempre acontece, foi incrível conectarse com líderes e organizações que estão em busca de se fortalecer. O evento é um espaço de troca e aprendizado essencial para ampliar o impacto social de forma colaborativa.
Time da Ago no FIFE.
14/05 | CONGRESSO NACIONAL DE ESG, SÃO PAULO (SP)
No maior evento de ESG do país, o Congresso Nacional de ESG, o CEO da Ago falou a respeito do caminho para parcerias entre empresas e organizações socioambientais para reforçar o compromisso com práticas que geram valor ambiental, social e econômico.
A Ago Social reuniu parceiros (empreendedores sociais, investidores sociais, professores) em um encontro especial que começou na sede de Curitiba e terminou com um jantar especial. A ocasião representou o fortalecimento de alianças que impulsionam mudanças significativas para o ecossistema de impacto.
e expectativas.
A capital federal recebeu a celebração dos 20 anos da Aliança Empreendedora em um Summit cheio de conteúdo, presenças marcantes, histórias, encontros e inspiração. Representantes do poder públicoe micro e pequenos empreendedores se encontraram em um ambiente de debates indispensáveis para o futuro do empreendedorismo.
O nosso cofundador, Alex Barbosa, representou a Ago no ChangeNOW, evento global de inovação e impacto em Paris. Ao lado de uma delegação brasileira, teve a oportunidade de conversar com o CEO do evento.
16/06 – FESTIVAL ABCR, SÃO PAULO (SP)
Nos dias 16 e 17 de junho participamos do Festival ABCR, o maior evento sobre captação de recursos da América Latina. Um destaque especial foi a palestra do nosso CEO, Alexandre Amorim, e nossa Editorachefe da AGORA, Fabíola Melo, sobre captação de recursos e ESG.
07/05 | CONGRESSO GIFE 2025, FORTALEZA (CE)
O Congresso GIFE aconteceu no Nordeste, reunindo sociedade civil e investidores sociais. Foram dias de trocas potentes sobre caminhos para o investimento social com mais equidade e estratégia.
Por Fabíola Melo
NA CAPITAL
DE APOIO PARA QUEM EMPREENDE NA BASE E DESENHOU OS PRÓXIMOS 20 ANOS DA ORGANIZAÇÃO
Um dos caminhos mais promissores para promover a inclusão produtiva e a geração de renda, certamente é o empreendedorismo. Essa é a atuação da Aliança Empreendedora, uma das organizações sociais mais sólidas do país, que completa 20 anos em 2025.
Para celebrar esse marco, a Aliança promoveu o Summit Aliança Empreendedora 20 anos, reunindo em Brasília dois tradicionais eventos: o Encontro Nacional de Microempreendedores e o Fórum Brasileiro de Microempreendedorismo.
Em Brasília, evento reuniu atores para fortalecer a inclusão produtiva e discutir os desafios do empreendedorismo no Brasil.
Em um encontro que superou o caráter corporativo ou de conexões, que marca esse tipo de evento, o Summit foi uma celebração de histórias vencedoras, ricas em experiências, superação e potência. Também foi a reunião de uma grande rede, unida por desafios comuns e trajetórias que se cruzam e se fortalecem. Histórias que convergem para narrativas de empoderamento, autoconhecimento e mudança de vida.
No palco, ministros de Estado, empresas investidoras na causa do empreendedorismo e, é claro, empreendedores e empreendedoras que falaram de aprendi-
zado, resiliência, ativismo e olhar para um futuro mais justo. Todas as falas refletiram a missão da Aliança em apoiar microempreendedores formais e informais de baixa renda, com foco no fortalecimento de capacidades e no aumento de renda, além de fazer interlocuções essenciais junto ao Poder Público para estimular o desenvolvimento do empreendedorismo brasileiro. Durante o evento, delegações foram presencialmente a Ministérios debater e participar da cocriação de projetos sociais do Governo Federal, com o objetivo de incluir o olhar e a voz da ponta na construção de soluções e políticas públicas.
No espaço do Summit, foram três dias de conversas e reflexões sobre temas como cooperação, superação de barreiras sociais, juventude, acesso a recursos, sustentabilidade, inclusão e diversidade. Cada convite, presença e atividade pensada na “construção dos próximos 20 anos”, “promovendo diálogos improváveis” e estimulando todos a “se preparar para o inimaginável”. Essas frases, ditas em diferentes momentos do evento, traduzem o que foi o Summit, um encontro de desenvolvimento pessoal e profissional para quebrar ciclos de vulnerabilidade e reescrever histórias.
Por Fabio Lesbaupin Consultor e conselheiro de impacto social
ALIANÇA EMPREENDEDORA LANÇA AMBIÇÃO PARA OS PRÓXIMOS
5 ANOS E ABRE ESPAÇO PARA INVESTIDORES SOCIAIS.
No Brasil, há mais pessoas atuando como microempreendedoras do que com carteira assinada — e a maioria delas em condições precárias. Como transformar essa realidade, para que empreender seja uma escolha de oportunidade e não apenas de sobrevivência?
Com esse propósito, nasceu o Programa Institucional da Aliança Empreendedora e a sua Ambição 2030. O anúncio foi feito durante o Summit de Microempreendedorismo, realizado em Brasília, que celebrou os 20 anos da organização com mais de 700 pessoas presentes — incluindo três ministros de Estado e lideranças de destaque do ecossistema de impacto.
Ao longo de duas décadas, a Aliança Empreendedora desenvolveu soluções de geração de renda para empreendedores da base da pirâmide em todo o país, em parceria com empresas e organizações sociais. Apenas em 2024, foram quase 60 mil empreendedores alcançados, com geração estimada de R$26 milhões em renda. Com esse histórico, a liderança da organização entendeu que era hora de consolidar um plano de desenvolvimento institucional capaz de unificar iniciativas e ampliar o impacto.
Durante o planejamento estratégico da equipe, surgiu a pergunta: que Brasil queremos ter ajudado a construir até 2030?
A resposta: alcançar 1 milhão de microempreendedores com uma estratégia baseada em quatro pilares:
1. Mensuração de Renda – para identificar o que gera impacto real
2. Jornada Empreendedora – para garantir apoio completo e sustentável
3. Tecnologia – para escalar soluções com eficiência
4. Advocacy – para transformar o aprendizado em políticas públicas
Essa visão estruturou um plano de investimento institucional de R$5 milhões ao longo de cinco anos, ao qual diversos investidores já se somaram. Com o Programa Institucional, a Aliança Empreendedora convida novos apoiadores a fazer parte desta jornada e transformar o Brasil a partir da base, além de lançar um exemplo possível para inspirar outras organizações. Afinal, a inclusão produtiva exige visão de longo prazo e compromisso coletivo.
Crédito: Associação Brasileira de ESG
CONGRESSO NACIONAL DE ESG REFORÇA URGÊNCIA DAS PAUTAS
SOCIAIS E AMBIENTAIS E APROXIMA O SETOR EMPRESARIAL DE INICIATIVAS DOS GOVERNOS E DA SOCIEDADE CIVIL
Foto:Associação BrasileiradeESG
“Hoje e 13 de maio e tambem e o Dia da Fraternidade — uma ocasiao que nos faz pensar sobre a uniao solidaria entre as pessoas e a importancia da justa convivencia e do respeito mutuo entre todas as nacoes.”
Com essas palavras, Cristiano Lagôas, presidente da Associação Brasileira de ESG, abriu o Congresso Nacional de ESG 2024, realizado nos dias 13 e 14 de maio, em São Paulo (SP). Sua fala, potente e emocionada, deu o tom dos dois dias de evento: humanizar a agenda ESG e convocar as empresas à prática da verdadeira responsabilidade socioambiental.
O encontro reuniu representantes do poder público, empresas de diversos setores, cooperativas, startups, ONGs e negócios de impacto social e ambiental. Essa diversidade no público evidenciou um ponto central da edição: a transversalidade do ESG e a necessidade de diálogo entre esferas públicas, territórios e saberes para que ele aconteça de forma estruturada.
alinhar performance e propósito, e deve estar embasado em princípios éticos universais, como a equidade, o respeito às diferenças e o compromisso com o bem comum.
Congresso reuniu diversos setores para debater a urgência social e ambiental do ESG.
Outro momento marcante foi a palestra de Alexandre Amorim, CEO da Ago Social, que fez uma reflexão sobre a relação entre ESG e terceiro setor. Ao apresentar possibilidades reais de parcerias entre empresas e organizações sociais e ambientais, Amorim pontuou como essas conexões geram valor compartilhado, legitimidade e impacto estrutural nos territórios.
Alguns temas em destaque nos painéis e palestras fo ram: crise climática, justiça ambiental e economia de carbono; saúde mental e bem-estar nas empresas; diversidade e inclusão com foco em grupos historicamente minorizados; tecnologia como aliada da sustenta bilidade; cadeia de suprimentos e cor responsabilidade; além de perspecti vas para a COP30.
O campo social também teve protago nismo. A presença de organizações da sociedade civil, empreendimentos so cioambientais e lideranças territoriais mostrou que o ESG só é efetivo quan do conecta estratégia com realidade local. Os painéis também abordaram o papel das empresas na promoção da equidade racial, no apoio a populações em situação de vulnerabilidade e no fortalecimento do desenvolvimento comunitário.
A urgência desse debate se reflete também nos dados mais recentes. De acordo com pesquisa realizada pela EY, uma das maiores empresas de consultoria do mundo, em maio de 2024, 99% dos investidores afirmavam que aspectos de ESG influenciam suas decisões de investimento. O número reforça que responsabilidade social, ambiental e de governança não são mais apenas diferenciais — tornaram-se critérios estratégicos para o âmbito financeiro e para o posicionamento das empresas no mercado.
Alinhado a esse fato, uma fala de Lagôas reverberou como um convite ao compromisso das empresas com o planeta e o futuro: “Lucro e responsabilidade caminham lado a lado”. A afirmação enfatiza que a sustentabilidade precisa deixar de ser vista como custo e passar a ser compreendida como parte do próprio modelo de negócio. Neste sentido, o ESG é um caminho para
O sucesso do Congresso reforçou que o conceito não é uma tendência passageira, mas uma atualização de compromissos antigos com novas ferramentas e exigências e um caminho para agir com seriedade diante de problemas que atingem todas as instâncias da sociedade.
A edição 2026 do Congresso Nacional de ESG já está confirmada e com inscrições promocionais abertas. Até lá, fica o desafio: como manter o ESG vivo, potente e coerente? A resposta pode estar justamente na escuta dos territórios, nas parcerias intersetoriais e no compromisso cotidiano com as antigas emergências que ainda nos atravessam.
Garanta sua inscrição no Congresso Nacional de ESG 2026:
Por Rodrigo Matana
O PROJETO QUE COMBATE OS TRAUMAS DA GUERRA URBANA E TRANSFORMA FUTUROS NO RIO DE JANEIRO
"A metodologia aplicada no projeto foi reconhecida pela Unesco e União Europeia e adotada como política pública carioca."
É consenso: a educação tem o poder de transformar vidas e realidades. Mas o cenário muda drasticamente quando essa educação é atravessada pela violência, pelo abandono e pela guerra urbana. No coração do Complexo da Maré, na zona norte do Rio de Janeiro, uma mulher vem enfrentando esse desafio há quase três décadas.
Yvonne Bezerra de Mello, educadora, pesquisadora em ciência cognitiva e fundadora do Projeto Uerê, dedica sua vida à reconstrução humana de crianças e adolescentes em situação de extrema vulnerabilidade social.
Mais do que um espaço de reforço escolar, o Uerê é um refúgio. Um lugar onde o trau-
ma dá lugar à escuta, ao cuidado e à possibilidade de futuro. Desde sua fundação, em 1998, o projeto acolhe crianças marcadas por luto, fome, medo e abandono. Seu diferencial está na metodologia própria: a pedagogia Uerê-Mello, criada por Yvonne para realidades de conflito e reconhecida internacionalmente por sua eficácia.
Chacina da Candelária
O início do projeto é marcado pela violência. Em julho de 1993, o Brasil se chocou com a chacina da Candelária, quando oito jovens — incluindo seis crianças — foram assassinados por policiais militares no centro do Rio de Janeiro. Algumas vítimas participavam de ações sociais lideradas por Yvonne, que já atuava com crianças em situação de rua.
A dor não paralisou a educadora. Nos quatro anos seguintes, ela ofereceu aulas e acolhimento a sobreviventes do massacre e outros jovens sob um viaduto, em um galpão improvisado. Em 1997, com a remoção da comunidade para o Complexo da Maré, a escola conquistou uma sede definitiva. Assim nascia o Projeto Uerê.
Hoje, cerca de 270 crianças frequentam diariamente o espaço. Elas rece-
bem aulas de português, matemática, história, geografia, ciências e idiomas, além de três refeições por dia — café da manhã, almoço e lanche — e oficinas extracurriculares. Desde a fundação, mais de 6 mil crianças passaram pela escola e cerca de 130 mil já tiveram contato com a pedagogia Uerê-Mello em diferentes contextos do Brasil.
O método que ensina e repara
“O impacto que nós queremos é formar crianças, adolescentes e jovens capacitados para o Enem, para conseguir um emprego ou entrar em uma universidade”, afirma Yvonne. O caminho até esse objetivo começa no resgate das capacidades emocionais e cognitivas bloqueadas pela violência.
A pedagogia Uerê-Mello se baseia na ideia de que a aprendizagem só acontece quando há segurança emocional. Desenvolvida a partir da observação e da escuta de jovens traumatizados, a metodologia atua diretamente nos bloqueios causados pelos traumas, promovendo a reorganização dos processos mentais e o fortalecimento da autoestima.
“É uma metodologia que foca na capacidade cognitiva da criança”, explica a fundadora. Segundo ela, o método consegue alfabetizar uma criança em cerca de um ano — uma conquista significativa diante das dificuldades de aprendizado enfrentadas por quem vive em áreas de conflito constante.
A proposta já foi reconhecida pela Unesco, pela União Europeia e foi adotada como política pública no município do Rio de Janeiro entre 2008 e 2015. Ao longo dos anos, Yvonne já capacitou 18 mil professores ao redor do mundo. A pedagogia Uerê-Mello chegou a países como Itália, Alema-
nha, França, Índia e Ruanda. “E os problemas cognitivos eram os mesmos nas crianças africanas ou nas crianças dos subúrbios da Europa”, diz.
Gestão comunitária e apoio institucional
Atualmente, o Uerê conta com uma diretoria estruturada e uma equipe local comprometida com a continuidade e o fortalecimento do projeto. Parte desse avanço é fruto da participação no programa BTG Soma Educação, idealizado e realizado pelo Banco BTG Pactual e executado pela Ago Social, que é voltado ao desenvolvimento institucional de projetos educacionais de impacto.
Segundo Yvonne, a principal evolução proporcionada pelo programa foi a profissionalização da gestão. Ela reconhece que houve um importante fortalecimento da capacidade de gestão comunitária, com a capacitação de moradores da Maré para integrar e sustentar o trabalho do Uerê. “Nós aprendemos muito com o BTG e muito desse aprendizado estamos implementando”, afirma a educadora.
“Uerê” é uma palavra de origem africana unida a uma partícula do hebraico antigo e significa “crianças de luz”. No cotidiano da escola, esse significado ganha forma concreta. Entre as salas de aula, os refeitórios e as oficinas, as crianças que ali chegam com marcas profundas de dor encontram a chance de recomeçar. E é esse recomeço que move, há quase três décadas, a luta de Yvonne Bezerra de Mello. No Projeto Uerê, o que se cultiva é a possibilidade de um futuro menos marcado pela dor e mais guiado pela dignidade.
O Uerê é um refúgio, um lugar onde o trauma dá lugar à escuta, ao cuidado e à possibilidade de futuro.
Conheça o Projeto
Uerê:
Por Rodrigo Matana
o final dos anos 1990, um grupo de jovens do interior paulista se perguntava por que o rio do Peixe, em Socorro (SP), parecia cada vez mais barrento. A resposta para o problema era simples na teoria, mas desafiadora na prática: era preciso restaurar a mata ciliar. A vontade de ver o rio com águas limpas se transformou em ação e, mais tarde, em uma referência nacional na restauração da Mata Atlântica.
A organização entendeu que a restauração ecológica só é possível com o engajamento das pessoas: era preciso envolver a comunidade.
Assim nasceu a Associação Ambientalista Copaíba. Tudo começou há mais de duas décadas, com o plantio simbólico de pouco mais de cem mudas às margens do rio do Peixe. Segundo Flávia Balderi, bióloga e cofundadora da organização, no início, o jeito foi “sair plantando” as árvores aos finais de semana — único tempo disponível na agenda dos jovens, que conciliavam a responsabilidade dos próprios empregos com a vontade de transformar.
“A gente queria mudar, transformar o rio do Peixe num rio mais limpo, de águas transparentes”, lembra Balderi. Com o tempo, a ação voluntária ganhou corpo. A formalização da associação permitiu o acesso a parcerias e recursos, viabilizando a construção de um viveiro de mudas próprio. O que começou pequeno e entre alguns amigos evoluiu para uma operação estruturada e profissional. Hoje, a Copaíba tem capacidade de produzir
até 1 milhão de árvores nativas por ano. Ao longo de sua trajetória, já foram mais de 4 milhões de mudas cultivadas e distribuídas
A atuação da Copaíba se concentra nas bacias dos rios Camanducaia e do Peixe, entre os estados de São Paulo e Minas Gerais. Desde o início, a organização entendeu que a restauração ecológica só é possível com o engajamento das pessoas. Não bastava plantar árvores: era preciso envolver a comunidade. Por isso, uma de suas estratégias é o trabalho direto com os produtores rurais da região, articulando parcerias com a população para a restauração e preservação ambiental. Hoje, mais de 700 pequenos e médios proprietários são parceiros da Copaíba. Eles recebem apoio técnico, mudas, acompanhamento e informações sobre a importância da recomposição florestal. “A gente vai munindo essas pessoas de informação e, com o tempo, elas vão sendo sensibilizadas”, explica Flávia. A ideia é construir uma relação de confiança e, assim, conscientizar para a adoção de práticas mais sustentáveis. "Ter uma instituição reconhecida no município também traz um empoderamento das próprias pessoas”, afirma. As propriedades parceiras na restauração são acompanhadas por, pelo menos, dois anos.
A atuação da organização também se expandiu geograficamente. De dois ou três municípios atendidos no início, hoje são 19 cidades engajadas em ações de restauração e conservação da Mata Atlântica. Esse crescimen-
to levou a equipe a redefinir sua missão: o foco, antes apenas na cidade de Socorro, hoje abarca as duas bacias hidrográficas da região.
Educação ambiental e impacto social
Mais do que plantar árvores, a Copaíba planta conhecimento. A organização desenvolve atividades de educação ambiental com crianças, adolescentes e moradores de comunidades rurais, com mais de 40 mil pessoas impactadas até agora. Nos encontros, a população entende as etapas da produção da muda até o plantio na natureza — e todos os desafios que acompanham o processo. Essa frente educativa fortalece a cultura da preservação e contribui para mudanças de comportamento. Ao compreender o papel da vegetação nativa no equilíbrio climático, na produção de água e na fertilidade do solo, as pessoas passam a cuidar do ambiente de forma mais ativa.
Desafios,
sos e a própria escala da restauração necessária na região. A participação no programa BTG Soma Meio Ambiente, aceleração que é uma iniciativa do Banco BTG Pactual com parceria executora da Ago Social, foi um marco para a equipe, que passou a mapear com mais clareza suas metas de impacto. “A partir do BTG, a gente conseguiu delimitar diversas ações com esse foco principal”, conta Flávia.
A frente educativa fortalece a cultura da preservação e contribui para mudanças de comportamento.
Como toda organização da sociedade civil, a Copaíba enfrentou desafios diversos, como captação de recur-
Apesar de a Copaíba ter se tornado referência nacional na restauração ecológica graças ao trabalho das últimas décadas, Flávia Balderi afirma que ainda há muito a ser feito. “A degradação, o impacto ambiental [negativo] é muito grande. Então, o esforço acaba sendo gigante”, afirma.
Para o futuro, a Copaíba quer reforçar a atuação no seu território. “Ainda há muito a ser feito aqui, e ter o foco na área geográfica é algo importante para a gente”, diz.
“Eu acho que a Copaíba chegou até onde chegou por termos tanto foco na nossa missão”. Hoje, com um time técnico qualificado, infraestrutura consolidada e reconhecimento na comunidade, a Copaíba segue com o propósito de restaurar e preservar a mata nativa e transformar mentalidades — uma muda por vez.
Por Vinicius Bazan Articulista do time Ago
MAIS DO QUE UM EVENTO, O VOZES DO EMPREENDEDORISMO
SOCIOAMBIENTAL É UM ESPAÇO DE ESCUTA, CONEXÃO E PROTAGONISMO, ONDE INICIATIVAS DE TODO O PAÍS ENCONTRAM
PALCO PARA INSPIRAR, MOBILIZAR E TRANSFORMAR REALIDADES
tuo na Ago há mais de três anos e um dos meus primeiros contatos com o impacto gerado por nós foi acompanhando a segunda edição do Vozes do Empreendedorismo Socioambiental. Desde então, tenho a oportunidade única de testemunhar e participar ativamente do planejamento de novas edições e ver a importância que ele tem para a concretização da nossa missão, que é transformar propósito em ação.
O Vozes é mais que uma pitch night — é uma celebração da diversidade do empreendedorismo socioambiental brasileiro. A cada edição, organizações de diferentes estágios de maturidade, lugares e das mais variadas causas se reúnem para apresentar seus projetos diante de uma banca de especialistas e investidores de impacto. Em apenas três minutos, cada empreendedor precisa comunicar sua essência, seus resultados e sua visão de futuro.
A quinta edição, em 2025, foi especialmente marcante por celebrar a formatura dos alunos do programa Captação Inteligente da Ago. Foram dois dias intensos onde tive o privilégio de acompanhar nove organizações extraordinárias apresentando projetos que vão do atendimento e apoio ao público LGBTQIAPN+ até a inclusão de pessoas negras na aviação e iniciativas de educação ambiental e desenvolvimento comunitário. O evento premiou o pitch vencedor com R$5 mil, valor doado por Alex Barbosa, cofundador da Ago e investidor social.
O que mais me emociona no Vozes é
perceber como cada projeto carrega uma história única de transformação. Cada apresentação me lembra por que escolhi trabalhar com impacto social. Apoiar pessoas que fazem uma escolha tão corajosa — que é atuar na ponta e acordar todos os dias com a missão de transformar vidas, mesmo diante de todas as dificuldades — não tem preço.
O mais inspirador é observar como organizações de diferentes regiões e causas encontram neste evento um espaço para amplificar suas vozes. Desde projetos focados em educação e esporte até iniciativas de desenvolvimento comunitário e preservação ambiental, cada participante traz uma perspectiva única sobre como criar impacto positivo. Depois de acompanhar cinco edições, posso afirmar que o Vozes não apenas dá visibilidade aos empreendedores socioambientais — ele cria uma rede de aprendizado e inspiração mútua. Os feedbacks da banca, as trocas entre participantes e a energia contagiante de quem dedica sua vida ao impacto fazem deste evento um marco no meu calendário anual.
O mais inspirador é observar como organizações de diferentes regiões e causas encontram neste evento um espaço para amplificar suas vozes.
É gratificante saber que, ao longo dessas edições, já foram mais de 30 organizações apresentadas para uma audiência de mais de 5 mil espectadores. Cada pitch é uma semente plantada, cada história compartilhada é uma inspiração para novos empreendedores sociais. O Vozes me ensinou que dar voz ao empreendedorismo socioambiental é dar esperança ao futuro mais justo e sustentável que o setor de impacto busca construir.
Por Rodrigo Matana Articulista do time Ago Social
AGO SOCIAL REÚNE ATORES DO SETOR PARA FORTALECER REDES
QUE MOVEM O IMPACTO POSITIVO NO BRASIL
No dia 10 de abril de 2025, a Ago Social reuniu em Curitiba (PR) um grupo de parceiros para um encontro de confraternização e troca de experiências sobre os desafios e oportunidades do setor de impacto social. Os convidados foram recepcionados no escritório da Ago, um espaço charmoso e acolhedor, que encantou a todos. Em seguida, os convidados — investidores sociais privados, filantropos, empreendedores sociais, captadores de recursos e professores da rede Ago — participaram de um jantar especial em um tradicional restaurante curitibano.
Foi um momento rico para estimular aproximações, proporcionar o compartilhamento de boas práticas e estimular o desenvolvimento de uma rede colaborativa. O encontro simboliza o compromisso da Ago em fomentar diálogos que alimentem um ecossistema cada vez mais dinâmico, diverso e engajado.
Segundo Alexandre Amorim, CEO da Ago Social, “reunimos lideranças do nosso ecossistema de impacto, gerando conexões de muito valor, que podem destravar muitas alavancas
para que cada envolvido cresça e ajude a fortalecer mais esse setor no país”. Ele destaca, ainda, que as discussões realizadas no evento têm potencial para inspirar projetos de longo prazo e novos modelos de atuação estruturantes, capazes de impulsionar o crescimento sustentável do terceiro setor e do setor dois e meio.
“A diversidade dos participantes e de suas atuações reforçam o nosso papel como catalisadores de um ambiente colaborativo e inovador, onde diferentes trajetórias convergem na construção de soluções que contribuem para a construção de um mundo melhor”, diz Alex Barbosa, cofundador da Ago. Esse papel de agregar pessoas, promovendo trocas e proximidades ricas e estratégicas também é um meio para garantir a continuidade e a ampliação das iniciativas no setor. Os encontros idealizados pela Ago, portanto, têm o propósito de ser mais do que uma confraternização: são demonstrações vivas de um ecossistema em movimento, que avança de maneira integrada e sustentável rumo a novos desafios e conquistas.
Por Fabíola Melo
EVENTO REÚNE MAIS DE 1.600 PARTICIPANTES EM CURITIBA (PR) E DESTACA TENDÊNCIAS
Entre os dias 8 e 11 de abril de 2025, Curitiba foi palco de uma edição histórica do Fórum Interamericano de Filantropia Estratégica (FIFE), estabelecendo um novo recorde de público e consolidando-se como o maior evento sobre gestão para o Terceiro Setor na América Latina.
A abertura do evento contou com a palestra inspiradora de Marcos Piangers, que abordou a "pedagogia da coragem" e a importância de acreditar no potencial transformador das pessoas. O anfitrião Márcio Zeppelini, fundador da Rede Filantropia, destacou a necessidade de profissionalização do Terceiro Setor e compartilhou sua trajetória desde o surgimento da revista até os dias atuais.
Ao longo dos quatro dias, o FIFE 2025 promoveu debates e imersões em temas cruciais para o fortalecimento das Organizações da
Sociedade Civil (OSCs). Entre os destaques, a inteligência artificial foi abordada como ferramenta para impacto social, com a apresentação da pesquisa "Como o campo social brasileiro está usando a inteligência artificial", revelando aplicações em comunicação, criação de conteúdo e elaboração de relatórios. O evento também enfatizou a importância do voluntariado corporativo alinhado aos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), destacando a necessidade de planejamento e orientação adequados para maximizar o impacto dessas ações. Além disso, as discussões sobre ESG (Ambiental, Social e Governança) ressaltaram a relevância de parcerias estratégicas e comunicação eficiente entre OSCs e empresas.
A preparação para a 30ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (COP 30), que acontecerá em novembro em Belém, também esteve no centro das discussões, incentivando as OSCs a promoverem estudos e conscientização locais sobre temas como financiamento climático e justiça climática.
A Ago Social participou novamente do FIFE recebendo os participantes em seu estande e com o CEO, Alexandre Amorim, falando sobre ESG em um painel e uma palestra. Além disso, promoveu o espaço Impacta Curitiba, no qual levou seis organizações sociais que atuam em Curitiba e região do litoral pa-
ranaense para trocar experiências e mostrar suas iniciativas.
Com uma programação diversificada e rica em conteúdo técnico, o FIFE 2025 proporcionou um ambiente propício para a troca de experiências, networking e construção de soluções inovadoras para os desafios enfrentados pelas instituições do Terceiro Setor. A próxima edição do evento já tem data
marcada: acontecerá em Recife (PE), de 14 a 17 de abril de 2026.
O FIFE 2025 reafirmou sua importância em promover o fortalecimento e a qualificação institucional para ampliar a atuação das OSCs, destacando a necessidade de coragem para inovar, disposição para colaborar e estratégia para transformar.
O FIFE 2025 reafirmou sua importância em promover o fortalecimento e a qualificação institucional para ampliar a atuação social das OSCs.
Espaço levado pela Ago para promover o ecossistema paranaense de impacto positivo.
ANOTE NA SUA AGENDA OS EVENTOS DO SEGUNDO SEMESTRE!
AGOSTO SETEMBRO SETEMBRO SETEMBRO
Conferência Ethos 360º ASG e Responsabilidade social corporativa 12 e 13 de agosto
São Paulo (SP)
Latimpacto
Investimento social 01 a 03 de setembro
Medelin Colômbia
ESG Summit ESG e Sustentabilidade
03 e 04 de setembro
São Paulo (SP) e online
Climate Week
Clima e Sustentabilidade 21 a 28 de setembro
Nova Iorque (EUA)
ENATS - Encontro Nac. 3º Setor Terceiro Setor
29 de setembro a 01 de outubro
Belo Horizonte (MG)
IDIS - Fórum Brasileiro de Filantropos e Investidores Sociais
Filantropia e investimento social 01 de outubro
São Paulo (SP)
Festival Rede Mulher Empreendedora Empreendedorismo feminino
03 e 04 de outubro
São Paulo (SP)
Cop 30 - Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas Clima, justiça social e sustentabilidade 11 a 21 de novembro
Belém (PA)
4 anos, a Ago Social fortalece ecossistemas de impacto com soluções que impulsionam empreendedores, empresas e comunidades.
Aceleração para organizações socioambientais e negócios de impacto Consultoria para diagnosticar desafios e propor soluções estratégicas. Pesquisas de campo e cenário para mapear contextos e criar inovações.
Parceiros Ago:
Comunidades formadas para potencializar aprendizado, colaboração e resultados.
agosocial.com.br @ago.social Fale com a Ago