Revista AGORA #007 - Abril a Junho - 2025

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SOCIAL E ESG

VEJA TAMBÉM:

JULIANA DE PAULA: “Sejamos Changemakers” Dicas para trabalhar com impacto

ALEXANDRE AMORIM: “O Caminho mais rápido para empresas gerarem �m�a��o �os����o”�

QUAL É A CHAVE PARA O SUCESSO DAS ORGANIZAÇÕES SOCIAIS?

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O que você vai conferir:

Novidades, tendências e notícias do setor

Pontos de vista e dicas de especialistas

Histórias de empreendedores de organizações e negócios de impacto

Cases e conteúdo para o desenvolvimento de pessoas e empreendimentos

Pessoas e propósitos: que combinação potente!

Queridos(as) leitores(as), como vocês estão?

Quando definimos que o tema “Pessoas” seria o foco principal desta edição que você está lendo aqui e agora, logo comecei a buscar inspirações e situações vividas para compartilhar com vocês.

Quero começar contando que meu primeiro emprego formal, aos 18 anos, foi como cadastrador na Secretaria de Habitação do estado do Rio de Janeiro. Minha função era mapear os moradores das comunidades para garantir a posse do lote onde viviam, evitando, assim, a exploração que sofriam por parte de latifundiários nas favelas. Essa função exigia muito trato com pessoas — e foi assim que começou minha jornada no campo social.

Depois disso, passei mais de 30 anos à frente de uma editora e de uma organizadora de feiras e eventos. Esse período foi uma excelente oportunidade para liderar, encorajar e inspirar pessoas a acreditarem no seu potencial.

Todas essas experiências me ensinaram algumas lições: cada pessoa tem aptidões e habilidades que, quando incentivadas, podem abrir muitas portas. Também aprendi que cada um possui comportamentos e personalidades moldados por suas vivências. A nós, que lideramos trabalhos com pessoas, cabe desenvolver sensibilidade e percepção para enxergar e respeitar essas diferenças. E, sempre que possível, orientar, apoiar e conectar — para que talentos venham à tona e brilhem.

Pessoas são potências que podemos (e devemos) estimular!

Quando convidei meu querido xará, Alexandre Amorim, para construirmos a Ago Social, foi justamente com o propósito de potencializar pessoas que atuam em prol de causas sociais — oferecendo isso por meio dos nossos cursos, programas e conexões. Por isso, uma das coisas que mais me entristece é ver um potencial humano desperdiçado por falta de incentivo ou oportunidade. Fique atento à sua organização ou projeto social para que isso não aconteça. Agora, aproveite muito esta edição e tenha uma excelente leitura.

Fique bem e lembre-se sempre: o seu propósito, a sua causa, são maiores do que qualquer dificuldade ou timidez que você possa ter!

Um forte abraço e até a nossa próxima edição. Ecoe sua voz!

Publisher

Cofundador Ago Social a.barbosa@agosocial.com.br

Foto: Gus Benke

Ideias movem, pessoas realizam

Existe um ponto de virada silencioso que transforma boas ideias em grandes projetos: as pessoas. Quem já empreendeu um sonho social, liderou um time com propósito ou decidiu mudar de carreira para gerar impacto sabe — nenhuma transformação é possível sem gente comprometida, preparada e conectada com uma visão de futuro.

É por isso que, nesta edição, voltamos o nosso olhar para quem sustenta, movimenta e faz crescer o ecossistema de impacto no Brasil. A matéria de capa mostra como pessoas preparadas, nos lugares certos, podem abrir portas essenciais para que o trabalho aconteça de forma eficiente. Nela, trazemos o exemplo de Alan Maia, cofundador da Agência do Bem, vencedora do Prêmio Melhores ONGs 2024. Ele compartilha sua visão sobre a importância das pessoas para alcançar o potencial de atuação que a instituição possui hoje.

Embora conhecer um case seja inspirador e necessário, é natural que surja a pergunta: “mas como fazer, na prática?”. Como reconhecer, estimular, desenvolver e manter as pessoas certas em uma organização? O consultor Rondinele Silva trouxe uma verdadeira aula sobre relações interpessoais e liderança para ajudar nesse desafio.

Esta edição também apresenta mais conteúdos que mostram o que pessoas estão fazendo em diferentes setores para mover o país em direção a um futuro mais justo. Na entrevista especial, Marina Grossi, presidente do CEBDS (Conselho Empresarial Brasileiro para o Desenvolvimento Sustentável), nos revela como liderança e sustentabilidade precisam caminhar juntas. Uma conversa potente para entender o presente e

Expediente

REVISTA AGORA ED. 7 Abr -Jun 2025.

Veículo de comunicação produzido e editado pela Ago Social.

Fundadores: Alex Barbosa a.barbosa@agosocial.com.br

Alexandre Amorim a.amorim@agosocial.com.br

projetar o que vem pela frente nas agendas de ESG e de impacto positivo.

As pessoas são o ponto central de muitas outras páginas desta edição, em diferentes contextos: trazemos dicas e boas práticas para quem deseja fazer uma transição de carreira para o setor de impacto positivo ou está chegando agora nesse universo; na coluna Vozes do Empreendedorismo Socioambiental, celebramos histórias de empreendedores cuja força transforma realidades com criatividade, afeto e resiliência; e falamos de diálogos e da potência das conexões nos ambientes de trabalho. Um destaque é o espaço dedicado à força de trabalho feminina: as fundadoras da consultoria Indique Uma Preta conversaram com a AGORA e apresentaram um panorama sobre o cenário da mulher negra no mercado de trabalho. Já a história do programa de apoio ao empreendedorismo feminino Ela Empreende, do BTG Pactual, confirma os benefícios de investir no fortalecimento de mulheres que possuem pequenos negócios.

Pessoas também são a força que constrói esta revista. Leitores, colaboradores, parceiros e empreendedores: é com vocês — e por vocês — que, a cada edição, nos comprometemos a contar as histórias que merecem ser vistas, ouvidas, replicadas e lembradas. Vocês nos ajudam em nosso propósito, porque comunicar também é transformar.

Boa leitura — e até a próxima!

Coordenação e projeto editorial:

Editora-chefe: Fabíola Melo

Redação e revisão: Fabíola Melo e Time Ago

Jornalista responsável: Alexandre Barbosa DRT 5121/PR

Projeto gráfico, diagramação e capa: @gianapundek

Marketing/anúncios: Alex Barbosa - a.barbosa@agosocial.com.br

Impressão: Maxi Gráfica

Fale com a Redação: f.melo@agosocial.com.br

As opiniões emitidas nesta publicação são de responsabilidade dos autores e não refletem, necessariamente, a opinião da Ago Social. Proibida a reprodução total ou parcial sem autorização prévia.

ESPECIAL CAPA

16 • As chaves que abrem as portas para o sucesso das organizações

18 • Se as pessoas são a chave, quais portas elas abrem?

20 • Como identificar, desenvolver e manter as pessoas ideais?

22 • Liderança: um capítulo à parte

23 • O exemplo da Agência do Bem

PAPO DE IMPACTO

06 • Entrevista com Marina Grossi, presidente do CEBDS

O setor empresarial brasileiro e a Sustentabilidade

NESTA EDIÇÃO

03 • A voz do Publisher

04 • Editorial

08 • Espaço do leitor

Os leitores da AGORA pelo Brasil

10 • Carreiras no impacto - Com

Juliana de Paula Trabalhar por impacto

14 • Terceiro setor - Com Andrea Matsui

Dicas para realizar avaliação de impacto

25 • Gestão de pessoas - Com Mari Ianuzzi

O poder das relações humanas

26 • Mapa do impacto

Os números e os alunos da Ago Social

30 • Causas e propósitos - Com

Indique uma Preta

Entrevista especial: Mulheres negras no mercado de trabalho

16 a 23

32 • Empreendedorismo

O case do programa Ela Empreende do BTG Pactual

38 • Captação de recursosCom Michel Freller

Como captar recursos livres 42 • Vozes do empreendedorismo

Histórias de empreendedorismo social e ambiental

48 • Fala social - Com Alexandre Amorim

O caminho mais rápido para empresas gerarem impacto positivo

NOTÍCIAS

34 • Painel Ago

O que aconteceu no ecossistema 40 • Eventos do setor

Impacta Mais: debates sobre investimentos e negócios de impacto

• Negócios de impacto

O Impacta Espírito Santo reconhece iniciativas capixabas 50 • Agenda do setor

Os próximos eventos para fortalecer o ecossistema de impacto

CAPA

SUSTENTABILIDADE:

A PARTICIPAÇÃO DAS EMPRESAS NO BRASIL E A AGENDA GLOBAL

Com Marina Freitas Grossi

Presidente do CEBDS, Especialista em Mudança Climática, Integrante do Observatório do Meio Ambiente e das Mudanças Climáticas do Poder Judiciário

Por Fabíola Melo

ESPECIALISTA EM MUDANÇAS CLIMÁTICAS

E LÍDER EMPRESARIAL,

MARINA GROSSI FALA SOBRE SOBRE DESAFIOS E OPORTUNIDADES PARA UMA TRANSIÇÃO SUSTENTÁVEL

A cada dia, tornam-se mais inadiáveis iniciativas voltadas à transição para um futuro sustentável. No Brasil, um país com imenso potencial para liderar essa transformação, como está a mobilização do setor empresarial em ações que conciliam desenvolvimento econômico e preservação ambiental? Mais que isso: como garantir que essa movimentação resulte em ações concretas e efetivas?

Quem conversou com a AGORA a respeito desse tema foi Marina Grossi, presidente do Conselho Empresarial Brasileiro para o Desenvolvimento Sustentável (CEBDS). À frente de uma rede que reúne mais de 110 grandes empresas atuantes no Brasil, Marina compartilha sua visão sobre os desafios e avanços na construção de políticas sustentáveis, a importância da colaboração entre o setor privado e o governo e os caminhos para que o Brasil assuma uma posição de liderança global no combate às mudanças climáticas. Entenda as oportunidades e desafios do país nessa agenda.

Como tem sido a atuação reunir no Brasil empresas em torno de compromissos socioambientais e garantir engajamento e continuidade?

Desde sua criação, há mais de 20 anos, o papel do Conselho tem sido o de ser voz do setor empresarial

em temas relativos à sustentabilidade. Com esse foco, trabalhamos com as nossas associadas em diversas frentes, como geração de conhecimento, acompanhamento de tendências, advocacy e muito mais, oferecendo a elas as ferramentas necessárias para atuarem, na prática, de forma relevante e eficiente. Desde 2016, a criação de um mercado de carbono regulado nacional é uma bandeira do CEBDS. Junto às nossas associadas, temos nos posicionado a favor dessa ferramenta fundamental para a descarbonização da economia.

Quais são alguns dos resultados da interlocução realizada pelo CEBDS entre empresas e poder público para o desenvolvimento sustentável no país?

O CEBDS e as empresas associadas participam ativamente da construção de políticas públicas. Atuamos ao lado dos governos para defender pautas que são importantes para o setor produtivo. Nesse sentido, as conquistas são muitas. Além do movimento ligado à criação de um mercado de carbono regulado nacional, tivemos participação efetiva na construção do Plano de Transformação Ecológica, do Governo Federal. Outra iniciativa que merece destaque é uma coalizão inédita, criada no fim do ano passado, para fomentar soluções sustentáveis e acelerar a descarbonização do setor de transportes no Brasil.

MARINA GROSSI

Quais áreas ainda necessitam de maior alinhamento entre o setor empresarial e o governo brasileiro quando se trata de iniciativas sustentáveis?

Um passo importante que precisa ser dado é a criação de um ambiente regulatório seguro que permita às empresas investir na transição energética e incentive a geração de energia limpa no país. Também é necessário criar as bases para o desenvolvimento da bioeconomia, tema com o qual temos nos envolvido diretamente. O CEBDS lidera um consórcio que conta com as participações da Coalizão Brasil Clima, Florestas e Agricultura, do Instituto Arapyaú e da The Nature Conservancy (TNC) Brasil. O objetivo é dar apoio técnico à elaboração do Plano Nacional de Desenvolvimento da Bioeconomia, tema que representa uma oportunidade única para o Brasil como impulsionador de um desenvolvimento verdadeiramente sustentável, inclusivo e gerador de prosperidade.

Quais são as principais oportunidades e desafios para o Brasil assumir uma posição de liderança global a partir da COP30?

A expectativa é que a COP30 seja um grande evento, com forte apelo social e em prol da natureza, e de que a conferência no Brasil ajude a mostrar ao mundo que é crucial conectarmos as agendas de clima, natureza e sociedade. Entre temas prioritários para o setor empresarial, representado pelo CEBDS, estão a descarbonização, a bioeconomia e a agricultura regenerativa. A partir desses temas, esperamos maior atenção aos povos indígenas e quilombolas, discussões sobre como promover uma transição justa para todos e um foco na implementação. Outro ponto fundamental é o financiamento. Precisamos aumentar a contribuição financeira dos países desenvolvidos para os países em desenvolvimento, para fazer a agenda do desenvolvimento sustentável avançar na velocidade necessária. Também precisamos de mecanismos financeiros inovadores, como o blended finance, que ajudem a alavancar soluções sustentáveis.

uma das principais marcas da COP30, a primeira realizada em solo amazônico. Isso tem ocorrido porque todas as camadas da sociedade, das mais vulneráveis às de maior poder aquisitivo, estão sendo afetadas pelas mudanças climáticas. Os representantes da sociedade civil desempenham um papel importante, e, nesse sentido, é essencial que as comunidades se organizem para ter representatividade crescente. É importante criar espaços específicos de diálogos, e estabelecer mecanismos de financiamento direto para projetos sustentáveis liderados por elas.

Quais são as tendências do setor empresarial brasileiro com relação às práticas de responsabilidade social e ambiental para os próximos anos?

A próxima década será decisiva para a tomada de ações, e para que as lideranças governamentais e empresariais priorizem o diálogo, fortaleçam os laços internacionais e criem as condições para a colaboração. A tendência é que haja maior investimento na geração de energia limpa e na descarbonização da economia. Além disso, acredito que veremos, de forma crescente, atividades voltadas à bioeconomia, a qual representa uma oportunidade estratégica para o Brasil. O país também pode e deve se apresentar como um grande provedor de Soluções Baseadas na Natureza (SBN) para o mundo inteiro, por meio de suas florestas preservadas, das práticas de baixo carbono já adotadas pela agricultura e que serão expandidas, e da recuperação de ecossistemas. Outra tendência é a agricultura regenerativa, unindo produção e preservação, com potencial para mitigar as emissões de gases de efeito estufa e promover a recuperação dos nossos biomas.

O mundo tem até 2030 para se colocar definitivamente na rota de uma economia inclusiva, com baixas emissões de carbono e que gere prosperidade com a preservação dos biomas, sob risco de sofrermos ainda mais os impactos dos piores cenários da crise climática.

Por fim, uma iniciativa relevante que está sendo desenvolvida no Brasil é a Taxonomia Sustentável Brasileira (TSB), que será uma importante ferramenta para o combate ao greenwashing e para o direcionamento de recursos para ações climáticas. O CEBDS integra o Comitê Consultivo desta iniciativa.

Como a sociedade civil pode se envolver e compreender melhor os reflexos dos grandes encontros globais para a qualidade de vida das pessoas?

A sociedade civil tem tido participação cada vez mais efetiva nos eventos mundiais, inclusive nas COPs, cobrando dos negociadores e demais atores resultados mais efetivos. Espera-se, inclusive, que essa seja

Conheça o CEBDS:

pelo Brasil

A AGORA ESTÁ CHEGANDO A CADA VEZ MAIS CIDADES BRASILEIRAS. ENVIE A SUA FOTO TAMBÉM!

Belford Roxo-RJ

Andréa Monteiro de Jesus Mulheres Brasileiras em ação

Itaiçaba-CE

Anna Carolina Lima

COMTACTE e Associação Sementes de Esperança

São Paulo-SP

Themis Furigo dos Santos Instituto Themis Furigo

“A cada revista da AGO são novos insights para me manter atualizado sobre as agendas da sustentabilidade e do impacto social!”

Vitor Gomes

Colombo-PR

João Pessoa-PB

Angélica Costa ARC Ações Solidárias

Caratinga-MG

Marlene R. Gomes da Silva OCS MISC Minas

Manaus-AM

“Gostaríamos de parabenizar a todos da Revista AGORA por tanto apoio e tanta qualidade! Somos só gratidão e esperamos que cada vez mais nos proporcionem direcionamento.”

Londrina-PR

para o impacto positivo no Brasil em 2025. Ela está muito em linha com os grandes temas que precisam de foco, gestão e empenho de todos. Parabéns!”

Rui Cardoso de Almeida Instituto Belterra

“A matéria que mais gostei nesta edição foi sobre a cultura da doação. Ao meu ver, o ponto fundamental para que as pessoas adotem essa cultura é ver a transformação que a doação pode gerar na vida dos usuários, do projeto, da comunidade.”

Curitiba-PR Cotia-SP

Farney Tourinho de Souza

Canoas-RS

Isana Domingues Clínica Esperança

Irmã Pushpa Mary Susaisaiappan

“Esta revista é muito importante para o meu aprendizado. Até escrevi um livro infantil e consegui aprovação na Lei Aldir Blanc, com inspiração nas leituras da AGORA.”

Lúcia Almo Pinheiro Livro O Dono do Natal

“Gostei da abordagem sobre as tendências para 2025, especialmente a conexão entre Inteligência Artificial e ESG, mostrando como inovação e responsabilidade social podem caminhar juntas para transformar o futuro.”

Ismael Mello Finanças Sênior

Lorena-SP

Eduardo Monteiro Ballerini Captador de Recursos

Capivari de Baixo-SC

São Sebastião-SP

Marília Paraguassu Instituto Ondas de Transformação

“Gostaria de destacar a matéria sobre IA. Gostaria de parabenizar pelo excelente conteúdo e agradecer por proporcionarem leituras tão significativas.”

Isadora Soares APAE

São José do Rio Preto-SP

Milena Reis Silva - Tecnóloga em Turismo e estudante de Agronegócio

“Nesta edição gostei do texto que fala sobre o diagnóstico de maturidade das OSCs e do texto sobre ESG Racial. São temas que precisam ser atualizados sempre, pois acrescentam no nosso trabalho dia a dia.”

Campinas-SP

São Paulo-SP

Márcia Moura

Alessandra Saldanha CRAMI Centro Reg. de Atenção aos Maus Tratos na Infância

Projeto Mulheres Guerreiras

“Conteúdo incrível, gratuito, super acessível e um baita presente pra quem trabalha no terceiro setor.”

Roseli Pinheiro Cais Inclusão Social

“O que mais me chamou atenção foi quando li a matéria Quem se importa, ganha? [edição 4]. A revista é uma grande parceira de todos nós que buscamos um mundo melhor para as futuras gerações e a nossa sobrevivência.”

Selma Aparecida da Silva Café de Hoje Brumadinho-MG

São Paulo-SP

“A matéria de capa foi fundamental para mantermos os olhos e mentes direcionados para o que vem pela frente neste ano. A Revista AGORA tem sido um verdadeiro oásis para trocas, atualizações e construção de redes do terceiro setor. É também uma maneira muito eficaz de promovermos a formação continuada das nossas equipes. Parabéns!”

Claudio Anjos Instituto Arte na Escola e Fundação Iochpe

São José dos Pinhais-PR

“O que mais me chamou atenção foi o e-book Uso prático da IA no campo social, uma verdadeira pérola de um tema tão importante no terceiro setor.”

Kelli Machna Rosa Projeto Gerar Modelo

Mogi das Cruzes-SP

“Eu adorei as matérias De Tendências a Ações e 5 Passos para uma Inscrição Nota 10. Continuem sempre assim, inovadores e incentivadores!”

Emília Moribe APAE

“Trabalho com projetos culturais e sempre que recebo a edição impressa compartilho nos espaços onde trabalho. Graças às matérias da edição 4, estamos em contato com duas empresas de captação de recursos para nossos projetos.”

São Paulo-SP

Rio de Janeiro-RJ

Lydia Arruda

“Estava esperando entender melhor sobre as tendências para o terceiro setor e para onde estão se encaminhando os investimentos, e a revista chegou na hora certa.”

Mauro Furlan Associação Beneficente Amar

Foto: arquivopessoal

Trabalhar por Impacto: Sejamos Changemakers

DO PROPÓSITO À PRÁTICA:

CAMINHOS PARA QUEM QUER TRANSFORMAR O MUNDO PELO TRABALHO

Omundo do trabalho está mudando, e com ele, as carreiras também. Se antes a busca por propósito era um diferencial, hoje ela se tornou essencial para muitos profissionais, especialmente para as novas gerações. Um estudo recente da consultoria McKinsey apontou que 70% dos millennials e da geração Z querem trabalhar em empresas que tenham impacto positivo no mundo. Ao mesmo tempo, o mercado de impacto cresce exponencialmente: o setor de investimentos de impacto já ultrapassou US$1,6 trilhão globalmente, segundo o GIIN (Global Impact Investing Network), e no Brasil, negócios de impacto têm atraído cada vez mais investidores e talentos.

Se antes a busca por propósito era um diferencial, hoje ela se tornou essencial para muitos profissionais, especialmente para as novas gerações.

Com esse crescimento, surge uma grande pergunta: Como construir uma carreira com impacto social? Muitas pessoas me procuram com essa dúvida, seja para ingressar na área ou para fazer uma transição de carreira.

A primeira coisa que sempre digo é que precisamos entender quais são as oportunidades disponíveis nesse mercado e quais são as suas habilidades que você pode e quer colocar a favor do impacto positivo.

Quando comecei minha carreira, 13 anos atrás, trabalhar com impacto social não era

uma opção tão clara. As agendas de sustentabilidade, responsabilidade social e filantropia corporativa estavam apenas começando a ganhar relevância - apesar de já existirem. Minha primeira experiência foi no Hospital Pequeno Príncipe, onde trabalhei com captação de recursos e foi ali que entendi o que era trabalhar para transformar a realidade de outras pessoas.

Depois de quase sete anos atuando diretamente com captação de recursos, recebi um convite que mexeu comigo: desenvolver uma área de responsabilidade social no mercado financeiro. A princípio, não me via nesse ambiente – afinal, o movimento mais comum é o contrário, de profissionais do setor privado migrando para impacto. Mas decidi aceitar o desafio, pois enxerguei o enorme potencial de transformação que eu poderia ter dentro de uma grande empresa.

Hoje, lidero a área de responsabilidade social do BTG Pactual há 5 anos e percebo como é fundamental integrar impacto ao dia a dia do negócio. Não basta atuar isoladamente dentro de uma "bolha de impacto". Para realmente gerar transformação, é preciso dialogar com outras áreas, envolver executivos e investidores, mostrar que impacto social e ambiental não são apenas um "custo", mas sim uma estratégia de valor de longo prazo.

Quais são as oportunidades de carreira no setor de impacto?

Se há algum tempo as opções eram mais limitadas ao terceiro setor e algumas iniciativas pontuais em grandes empresas, hoje o cenário mudou bastante. Algumas das principais oportunidades incluem:

Organizações sociais:

atuando em captação de recursos, gestão de projetos, impacto e advocacy.

PESQUISA

Consultoria e assessoria:

ajudando empresas e organizações a estruturarem suas estratégias de impacto.

Negócios de impacto:

startups e empresas que já nascem com um modelo de negócio voltado para soluções socioambientais.

ESG e Responsabilidade

Social:

trabalhando em empresas que estão incorporando sustentabilidade e impacto na estratégia de negócios.

PLANEJAMENTO

Investimentos de impacto e filantropia estratégica:

fundos, bancos e gestoras que alocam capital para projetos com retorno social e ambiental.

PARCERIAS

O mercado de impacto cresceu de forma significativa na última década e continuará crescendo. O Brasil está entre os países com maior potencial de desenvolvimento na área, e diversas empresas estão expandindo suas frentes de impacto.

Dicas para quem quer ingressar ou migrar para impacto

Se eu pudesse dar alguns conselhos para quem quer entrar nessa área, seriam estes:

1. Autoconhecimento: entenda onde você pode gerar valor

Antes de qualquer coisa, olhe para dentro. Quais são seus valores? O que te move? Que habilidades você tem para contribuir? Impacto pode ser gerado de várias formas, e encontrar o que te move pode lhe ajudar a entender para onde deve ir

2. Networking é fundamental

Eu sempre digo: conheça as pessoas do campo. Participe de eventos, converse com lideranças, faça benchmark, troque experiências. O setor de impacto ainda é muito baseado em conexões, e estar nos lugares certos pode abrir portas.

3. Invista em conhecimento, mas não dependa apenas dele

Há muitos cursos e formações em ESG, filantropia e impacto social, mas ainda não existe uma trajetória acadêmica única que contemple toda a complexidade da área. Por isso, a prática e a vivência são importantes para você conhecer o campo. Se puder, faça cursos para ampliar seu repertório, mas principalmente para conhecer pessoas e aprender com elas.

• Capacidade analítica: dados e métricas são fundamentais para medir impacto e convencer stakeholders.

• Empatia e letramento social: entender o contexto das comunidades e desafios reais.

• Resiliência e paciência: mudança social não acontece do dia para a noite, e o caminho pode ser desafiador. Você vai levar muito não até conseguir sim, mas irá valorizar muito esse sim.

• Análise de cenários complexos: compreender tendências geopolíticas e econômicas para antecipar riscos e oportunidades.

Mas sabem qual seria o meu maior conselho e pedido? Que sejamos changemakers

Vamos ser agentes de mudanças, transformar ideias em realidade, usar nossa criatividade, ver as oportunidades nos cenários desafiadores, vamos criar valor social!

Para realmente gerar transformação, é preciso dialogar com outras áreas, envolver executivos e investidores, mostrar que impacto social e ambiental não são apenas um "custo", mas sim uma estratégia de valor de longo prazo.

4. Desenvolva habilidades estratégicas

Quem trabalha com impacto precisa transitar entre diferentes mundos. Você precisa entender a lógica do setor social, mas também aprender a falar a linguagem dos negócios. Algumas habilidades essenciais para quem quer atuar nessa área incluem:

• Articulação e influência: conectar pessoas, engajar tomadores de decisão e mostrar o valor do impacto social.

• Visão estratégica: saber criar valor tanto para o negócio quanto para a sociedade.

Eu não vou negar: trabalhar com impacto exige muita resiliência, persistência, alta habilidade de comunicação. Há desafios e dias difíceis, pois muita gente acha que trabalhar com impacto – por ter um foco de transformação social –é fácil.

Mas fazer parte de como eu quero ver e viver o mundo do amanhã, sem dúvidas é uma das coisas que mais me motivam.

A grande pergunta que deixo para você é: onde você está agora e o que está fazendo para contribuir com o futuro que deseja? Qual a mudança que consegue fazer hoje onde você está?

Se queremos um mundo com menos desigualdade, mais oportunidades, acesso à educação e um planeta preservado, precisamos ser a mudança onde estivermos. Seja numa organização social, no mundo corporativo ou empreendendo um negócio de impacto, cada um pode contribuir para essa mudança.

Sejamos changemakers.

Medição de Impacto: O que realmente importa?

O DILEMA DE AVALIAR O IMPACTO NAS ORGANIZAÇÕES

SOCIAIS E O MODELO USADO PELA GENERATION BRAZIL

Medir impacto social nunca foi tão urgente. Em um cenário em que organizações sociais e investidores buscam transparência e efetividade, contar apenas o número de beneficiários atendidos já não é suficiente. Afinal, uma quantidade alta de pessoas atendidas não indica, necessariamente, que houve transformação real.

Além disso, sem dados concretos sobre o impacto, muitas organizações enfrentam dificuldades para captar recursos. Financiadores buscam evidências claras de que seus investimentos resultam em mudanças reais e duradouras, tornando a medição de impacto uma ferramenta estratégica para garantir sustentabilidade e credibilidade.

Sem dados claros, as organizações correm o risco de investir recursos em iniciativas que não geram mudanças estruturais.

Por que medir impacto vai além dos números?

Muitas iniciativas ainda se baseiam em métricas quantitativas básicas – quantas pessoas foram atendidas, quantos cursos foram oferecidos etc. – que, por si só, não demonstram o real impacto. Esses dados são valiosos, mas não suficientes para responder à questão essencial: o que mudou na vida dos beneficiários? É preciso ir além.

Na Generation, avaliamos o impacto sob a óti-

ca de três dimensões essenciais, que devem avançar simultaneamente:

● Alcance – O número de beneficiários impactados.

● Profundidade – A transformação de curto prazo na vida dos beneficiários.

● Durabilidade – A sustentabilidade dessa transformação ao longo do tempo.

Cada uma dessas dimensões exige indicadores específicos. Aqui, consideramos:

Alcance: Número total de alunos matriculados e graduados, diversidade do público atendido (percentual de mulheres, pessoas negras, PCDs e outros grupos sub-representados), taxa de conclusão dos cursos, dentre outros.

Profundidade: Taxa de empregabilidade nos primeiros seis meses após a formação, nível de renda no primeiro emprego pós-programa, mudanças na autoconfiança e motivação dos beneficiários, percentual de ex-alunos empregados em suas áreas de formação, dentre outros.

Foto:GenerationBrazil

Impacto real é, acima de tudo, um compromisso com a transparência e a efetividade das intervenções ao longo do tempo.

Durabilidade: Manutenção do emprego ao longo do tempo, crescimento salarial médio após dois anos, taxa de promoções, percentual de ex-alunos que continuam investindo em capacitação e aprendizado contínuo, percentual de ex-alunos que conseguem poupar, qualidade de vida, dentre outros.

Ou seja, buscamos entender quão profunda foi a transformação que conseguimos proporcionar e se ela é duradoura. No caso da Generation, esses indicadores ajudam a compreender não apenas se o programa levou os participantes ao mercado de trabalho, mas se eles permaneceram nele e conseguiram ascensão profissional.

Desafios na Medição de Impacto

Mesmo com a importância reconhecida, a mensuração de impacto, realizada de forma eficaz, ainda é um desafio. Alguns dos principais obstáculos incluem a falta de indicadores de longo prazo, a necessidade de processos estruturados para coleta e análise contínua de dados e a percepção de que é um processo custoso.

Muitas organizações adotam métricas genéricas, sem considerar as especificidades do público atendido. Para superar esse problema, é fundamental refletir e estabelecer seus próprios parâmetros de sucesso, alinhados à sua missão.

Além disso, a resistência interna é um fator a ser trabalhado. Implementar uma cultura de dados é desafiador e leva tempo. Muitas equipes ainda encaram essa prática como um processo burocrático e avaliativo, quando, na verdade, ela deveria ser vista principalmente como um instrumento de aprendizado. Por fim, há uma percepção de alto custo. E mesmo que algumas avaliações sejam custosas, existem formas de medir impacto compatíveis com diferentes níveis de orçamento. Além disso, com tecnologias cada vez mais avançadas de comunicação, já existem diversas ferramentas que facilitam o contato com grandes públicos, com baixo investimento e esforço.

Boas práticas

A medição de impacto precisa ser um compromisso coletivo. Aliados, investidores, organizações e governos poderão, através de mais valorização, investimento e incentivo, avançar em estratégias eficientes de medição de impacto.

Algumas boas práticas incluem:

● Definir indicadores claros e alinhados ao propósito da organização. Não adianta medir algo que não reflete a transformação desejada.

● Criar processos de coleta contínua de dados, envolvendo beneficiários e demais partes do seu ecossistema desde o início e garantindo escuta ativa de todas as partes envolvidas.

● Começar a medir da forma que for possível. A cultura de dados é construída todos os dias. Não é preciso ter um sistema ou uma medição perfeita para iniciar.

● Investir na capacitação da equipe, garantindo que todos compreendam a importância da mensuração e saibam interpretar os dados.

● Priorizar a qualidade dos dados em vez da quantidade, focando em indicadores que realmente demonstrem transformação.

● Comparar resultados ao longo do tempo, para avaliar a durabilidade do impacto e ajustar estratégias conforme necessário.

Por fim, a medição de impacto não é um luxo ou uma formalidade – é a base para construir projetos mais eficazes, captar recursos e garantir mudanças duradouras. Se queremos transformar vidas de maneira significativa, precisamos medir o que realmente importa.

Conheça a Generation Brazil:

As chaves que abrem as portas para o sucesso das organizações

O ELEMENTO HUMANO É UM PODEROSO PILAR PARA ALCANÇAR RESULTADOS E IMPACTO POSITIVO — INVESTIR EM PESSOAS PODE TRANSFORMAR CENÁRIOS

Se perguntarmos, neste exato momento, aos leitores e leitoras da AGORA qual é o principal fator para que uma organização socioambiental seja bem-sucedida, para muitas pessoas a resposta inevitável ainda será uma só: o recurso financeiro.

Sabemos o quanto isso é importante, mas a verdade é que o dinheiro, por si só, não sustenta nem fortalece uma instituição. O que transforma recursos em oportunidades, melhorias e impacto social é a ação das pessoas. Nunca se falou e pensou tanto sobre os aspectos humanos nos ambientes de trabalho como hoje. Levar em consideração o caráter humano, e não apenas o profissional, tornou-se uma questão vital para qualquer espaço onde existam relações interpessoais. No terceiro setor, embora a motivação pessoal e o propósito sejam forças influentes na dedicação dos profissionais, também existem relações de hierarquia e o desejo por reconhecimento, bem-estar e pertencimento. Por isso, compreender as relações humanas é indispensável.

Afinal, estamos falando de pessoas — seres que, biologicamente, funcionam de forma bastante semelhante e compartilham necessidades em comum, independentemente do contexto em que vivem.

As pessoas e o ambiente de trabalho

Durante a Segunda Revolução Industrial (1850 a 1945), predominava uma visão mecanicista da força de trabalho, que via o trabalhador como uma ferramenta produtiva movida unicamente pelo ganho econômico. Nesse período, mais precisamente entre 1927 e 1933, o psicólogo australiano Elton Mayo conduziu um estudo conhecido como Experiência de Hawthorne, que deu origem à Teoria das Relações Humanas. Mayo e sua equipe descobriram que fatores psicológicos e sociais — como integração social e reconhecimento — influenciavam mais a produtividade do que as condições físicas de trabalho. Essa teoria, assim como outras que ainda hoje orientam práticas voltadas à promoção de ambientes mais produtivos e saudáveis, valoriza o olhar para o indivíduo dentro do contexto organizacional.

Nessa mesma linha, outras teorias e modelos de gestão, amplamente aplicados em ambientes corporativos ao longo do tempo, consideram as necessidades e motivações humanas e o impacto dos recursos humanos sobre o sucesso das organizações:

Teoria dos Dois Fatores de Herzberg

O psicólogo Frederick Herzberg identificou dois grupos de fatores que influenciam a satisfação e a motivação no trabalho. Os motivadores incluem reconhecimento, realização pessoal e responsabilidade; os fatores higiênicos referem-se a condições básicas como salário, segurança e políticas da empresa.

Teoria das Necessidades de Maslow

A famosa hierarquia proposta por Abraham Maslow organiza as necessidades humanas em níveis, desde as básicas (fisiológicas) até as mais elevadas (autorrealização). Muitas empresas utilizam esse modelo para motivar seus funcionários, buscando atender essas necessidades em diferentes estágios.

Balanced Scorecard (BSC)

O modelo de gestão estratégica desenvolvido por Robert Kaplan e David Norton baseia-se em quatro perspectivas. Uma delas — a de Aprendizado e Crescimento — destaca a importância do desenvolvimento contínuo dos colaboradores, de uma cultura de aprendizagem e do alinhamento entre os objetivos individuais e os da organização.

Mas organizações sociais não são empresas...

Por que, então, estamos falando de teorias criadas para o ambiente corporativo?

Embora organizações sociais não sigam necessariamente a lógica empresarial, elas dependem de estruturas similares para operar de forma sustentável. A gestão administrativa e financeira no terceiro setor também exige estratégias, planejamento, processos e ações eficientes — assim como em qualquer negócio tradicional. E quem coloca tudo isso em prática? As pessoas.

Não é modismo, é fato

O elemento humano é fundamental para o sucesso de qualquer organização, em qualquer setor. Não se trata de uma tendência passageira, mas de uma constatação sustentada por vasta literatura, estudos, teorias e modelos de gestão que reforçam a importância de olhar com atenção para homens e mulheres que desempenham atividades essenciais — seja em projetos, organizações ou empresas. Além disso, existem inúmeros exemplos reais, especialmente no setor de impacto positivo, que mostram como a valorização do capital humano e o fortalecimento das equipes são decisivos para o sucesso — independentemente do sentido que a palavra "sucesso" possa assumir. Ter as pessoas certas nos lugares certos e investir em seu desenvolvimento pode ser determinante para alcançar os objetivos e gerar o impacto desejado.

Existem muitos exemplos reais dentro do setor de impacto positivo mostrando que a valorização do capital humano e o desenvolvimento de equipes são essenciais para o sucesso de sua atuação.

Dito isso, a partir de agora, vamos falar de prática!

Se as pessoas são a chave, quais portas elas abrem?

Todos os processos institucionais têm seu papel e sua importância, e todos contribuem para que o impacto aconteça. Consequentemente, eles são portas que conduzem aos resultados. E todo e qualquer resultado, por sua vez, traduzem as transformações sociais e ambientais que os projetos se empenham em realizar.

Dessas portas, algumas acabam sendo determinantes para o sucesso das organizações. Essa constatação tem origens com base na realidade: o histórico de diagnósticos e resultados das formações e acelerações que a Ago promove, há três anos, junto a organizações socioambientais e negócios de impacto; a presença constante nos maiores eventos brasileiros do setor, que trazem informação, inovação e tendências; e a convivência diária com dinamizadores do setor, investidores, especialistas do ecossistema e, é claro, com empreendedores socioambientais, gestores e captadores de recursos.

Mas afinal, que portas são essas?

Gestão

A gestão é responsável por bases que determinam a efetividade e a qualidade do trabalho. Em qualquer uma das áreas — finanças, pessoas, operacional, jurídica, marketing, entre outras — as pessoas à frente delas devem possuir senso de organização e planejamento, bem como um olhar aguçado para atuar com:

Planejamento estratégico, com metas claras e alcançáveis, alinhadas aos objetivos e à causa.

Eficiência no uso de recursos, garantindo que sejam utilizados de forma otimizada.

Avaliação e melhoria contínua, para medir o impacto das ações e identificar áreas de melhoria, permitindo ajustes nas estratégias.

Sustentabilidade financeira, assegurando a diversificação de fontes de receita, o controle de custos e a boa governança.

Captação de recursos

A estratégia por trás da arrecadação de recursos é o que permite transformar o propósito das organizações sociais em ações concretas e sustentáveis. Se a captação é o motor financeiro que mantém vivos os programas, projetos e estruturas institucionais, todos na organização precisam pensar nela — no sentido de que cada atividade, realizada com excelência, gera credibilidade, atrai admiração e desperta o desejo de apoiadores em fazer parte daquilo também.

Ainda assim, as pessoas diretamente responsáveis por executar as estratégias de captação devem ter algumas características: habilidade na comunicação direta, gosto pelo relacionamento interpessoal, resiliência (não desistir diante dos “nãos”), pensamento ágil para buscar alternativas e argumentar, além de acreditar na causa e no projeto, para vender a ideia com convicção. Para além disso, quem atua nessa área deve ter foco permanente e intencionalidade em:

Diversificação de fontes de receita, para mitigar o risco de escassez decorrente da dependência de uma única fonte.

Governança

Sustentabilidade financeira, para manter as operações ao longo do tempo e expandir as ações socioambientais.

Manutenção de parcerias e colaborações, com atenção, comunicação e prestação de contas a doadores e parceiros.

Planejamento estratégico, com identificação de necessidades, definição de metas claras e avaliação contínua dos resultados.

Credibilidade e legitimidade, com transparência e eficiência na captação de recursos, aumentando a confiança de doadores e da comunidade.

As pessoas que atuam diretamente com questões legais e financeiras precisam ser capazes de registrar e organizar dados, pensar e agir taticamente, com o intuito de promover a maturidade institucional. Esse papel envolve:

Transparência e prestação de contas, para comunicar com clareza às partes envolvidas e fortalecer a confiança externa

Gestão de riscos e conformidade legal, dentro dos parâmetros legais e éticos.

Eficiência operacional, ao proporcionar estruturas e processos claros, capazes de otimizar recursos financeiros e humanos.

Tomada de decisões informadas, acertadas e estratégicas, com base em indicadores e evidências.

Sustentabilidade e longevidade, ao minimizar impactos de mudanças na liderança ou em contextos políticos e econômicos adversos.

Se há portas definitivas para o sucesso das organizações — e elas são abertas por pessoas atuando com qualidade e preparo —, o próximo desafio, então, passa a ser identificar essas pessoas e mantê-las na organização.

A pergunta que não quer calar: como identificar, desenvolver e manter as pessoas ideais?

Essa é uma dúvida que certamente acompanhou muitas pessoas ao longo desta matéria. E é compreensível: a realidade da maioria das organizações socioambientais impõe limitações na hora de contratar ou manter profissionais experientes e especialistas. Contar com voluntários também pode ser desafiador, pois, por uma série de motivos, nem sempre é possível garantir a disponibilidade e a dedicação necessárias.

Mas então, como estruturar processos fundamentais — especialmente de Gestão, Go-

vernança e Captação de Recursos — com equipes pequenas e, muitas vezes, sem domínio pleno sobre essas áreas?

Para Alexandre Amorim, CEO e cofundador da Ago, algumas medidas são fundamentais para organizações que estão começando ou que têm um quadro restrito de pessoal:

• Atuação generalista – Para Alexandre, que também cofundou a ASID Brasil e atualmente preside seu Conselho, a alternativa é que as pessoas disponíveis atuem em várias frentes, aprendendo na prática e desenvolvendo os processos gradualmente.

• Aprendizado contínuo – Existem muitas oportunidades gratuitas de cursos, formações e programas de aceleração que contribuem de forma significativa para o desenvolvimento institucional. Além disso, treinamentos para aprimorar habilidades e competências individuais são essenciais. Manter-se em constante aprendizado é um diferencial importante.

• Captação de recursos livres – A dependência exclusiva de editais ou de fontes de capital carimbado (ou seja, com uso restrito) representa um risco à sustentabilidade e à continuidade das atividades. Buscar recursos livres, que possam ser investidos no fortalecimento da equipe, deve ser uma prioridade constante.

• Pessoas certas nos lugares certos –Mesmo que a equipe seja composta apenas por voluntários, cada pessoa possui aptidões específicas. Identificar essas afinidades pode potencializar os resultados, aumentar a satisfação pessoal e o sentimento de contribuição.

negligenciando um componente central da governança: o Conselho.

Uma decisão consciente

Um Conselho forte, composto pelas pessoas certas, pode promover verdadeiras transformações. Alexandre Amorim compartilha a experiência do primeiro Conselho da ASID Brasil: “O Conselho foi muito importante na história da organização, mesmo se reunindo apenas a cada três meses”. Isso porque os convites foram feitos de forma estratégica, considerando a trajetória profissional dos convidados, as conexões que poderiam oferecer e as oportunidades de negócios, parcerias ou patrocínios que poderiam gerar para a organização.

Algumas medidas podem ajudar as organizações a superarem a limitação no quadro de pessoas atuando

• Especialistas em áreas estratégicas – Se for possível contar com voluntários, conselheiros, mentores ou profissionais contratados, é importante pensar estrategicamente nas áreas com maior demanda ou que podem gerar transformações significativas.

Sobre essa última recomendação, Alexandre destaca uma decisão frequentemente tomada sem a devida atenção: a escolha do Conselho. Considerando que a atuação de um conselheiro envolve dedicação personalizada e concentrada — com grande potencial de impacto —, esse é um ponto que merece reflexão.

Como escolher o Conselho certo

Nos últimos anos, o termo governança passou a ser amplamente utilizado no Terceiro Setor. Ele abrange práticas como processos, prestação de contas, políticas e diretrizes, monitoramento e avaliação de resultados. Esses mecanismos são, sem dúvida, essenciais. No entanto, muitas instituições se limitam a planilhas e relatórios,

Segundo Alexandre, para formar um bom Conselho, é preciso seguir cinco passos:

1. Identificar pessoas que tenham afinidade com a causa e os projetos da organização.

2. Construir uma relação de confiança, empatia e respeito mútuo.

3. “Namorar antes de casar”: não fazer o convite de forma precipitada. É fundamental ter conversas profundas para conhecer ideias, valores e o grau de comprometimento da pessoa.

4. Buscar diversidade — de gênero, raça, idade, vivência na causa, experiência de mercado e conhecimentos técnicos.

5. Priorizar especialistas que possam apoiar desafios centrais, como temas jurídicos, técnicos, de captação ou financeiros.

“A ideia é reunir pessoas que preencham lacunas importantes. A relação pode até ser informal, desde que todos estejam engajados e contribuam de maneira efetiva”, completa Alexandre.

Dica: Aproveitar ao máximo as reuniões do Conselho

De nada adianta ter um Conselho com alto potencial se a organização não souber aproveitá-lo adequadamente. A liderança da instituição precisa valorizar o tempo dos conselheiros e se preparar para esses encontros com organização e clareza. É essencial apresentar um panorama da situação atual e indicar de forma objetiva os principais desafios e os pontos nos quais precisa de apoio.

Liderança, um capítulo à parte

COMO CUIDAR DAS PESSOAS, O MAIOR ATIVO DAS OSCS

Para Rondinele Silva, palestrante, professor e mentor especializado em liderança e comunicação, o sucesso de uma organização também depende de líderes dispostos a crescer com suas equipes. Em entrevista especial para esta matéria, ele faz uma ressalva importante: é preciso aprender a olhar de verdade para as pessoas. Não apenas reconhecê-las, mas valorizá-las, desenvolver suas potencialidades e entender seus limites.

sabilidades e estabelecer uma comunicação mais clara entre os membros da equipe, mesmo que sejam voluntários, é essencial para criar senso de pertencimento e engajamento real.

Com passagens pelo setor corporativo, Rondinele afirma que, mesmo no terceiro setor, já há uma divisão natural de papéis — o que é fundamental — ainda que feita de forma empírica. “A pessoa que tem mais habilidade assume determinada atividade, mas ela nem sabe que é especialista naquilo”, explica. Dar nome aos papéis, estruturar minimamente as respon-

Foto:arquivo

pesso a l

A liderança, no entanto, continua sendo um grande ponto de atenção. Muitas lideranças de OSCs vêm de um histórico técnico — conhecem bem a causa, sabem das necessidades do território, mas resistem em desenvolver habilidades de gestão de pessoas. “Para escalar uma causa, é preciso gente. E para cuidar de gente, é preciso se desenvolver”, afirma. Ele reconhece que sair da zona de conforto exige esforço, mas reforça a importância de contar com redes de apoio, como mentores e pares mais experientes. “Mudar é muito incômodo, desconfortável. Você tem que fazer isso acompanhado. Precisa ter uma referência de alguém que já passou por aquilo que ela está passando, para poder orientar e acalmar”, alerta.

Em seus anos de experiência, Rondinele percebe três habilidades se destacam entre líderes que conseguem gerar resultados: fazer em conjunto com as pessoas, dar e receber feedback e cuidar de si — física e emocionalmente. “A capacidade de ouvir e construir junto é o que diferencia um chefe de um líder”, afirma. E complementa: “Não se trata de empatia no sentido de sentir o que o outro sente, mas de respeitar os limites e contextos de cada um”.

Outro ponto central da liderança é a comunicação.

Para Rondinele, ela começa no autoconhecimento: reconhecer o próprio estado emocional, observar a coerência entre palavras e gestos, e ser claro sobre expectativas e sentimentos. Isso vale tanto para interações com a equipe quanto com o público externo, como apoiadores e doadores.

Por fim, ele reforça: tanto líderes quanto liderados devem estar atentos aos sinais. Ambientes tóxicos e desalinhados machucam. Às vezes, o melhor caminho é sair. “A chave é o respeito: por si, pelo outro e pela missão que se quer cumprir.”

O exemplo da Agência do Bem

LIDERANÇA, PROPÓSITO COLETIVO E CULTURA ORGANIZACIONAL SÃO TÃO

ESSENCIAIS QUANTO PLANEJAR, CAPTAR E PRESTAR CONTAS

Quando um projeto social nasce, ele é fruto de diferentes motivações e do desejo de uma ou mais pessoas em promover transformação. Tornar essa ideia uma realidade exige muito trabalho e a disposição genuína de quem a idealizou. Da mesma forma, para que a iniciativa cresça — ou simplesmente se mantenha viva —, é necessária a atuação consistente de pessoas engajadas, além do apoio de quem acredita na causa, seja doando tempo, recursos ou oferecendo suporte de outras maneiras.

No fim das contas, tudo passa pelas pessoas: aquelas que executam, que mobilizam, que são apoiadas ou que precisam de orientação.

Por tudo isso, pensar genuinamente no beneficiário, gerir adequadamente a equipe da instituição e manter o foco constante nas pessoas não é uma tarefa simples. Mas é possível — e a Agência do Bem é um ótimo exemplo disso.

humana. Isso significa dizer que a vida da gente é, antes de tudo, personalíssima: não estou no lugar do outro, não sei as dores, as lutas, os prazeres, os sonhos”, reflete Alan. “No sentido de atração e de retenção de pessoas, nossa comunicação é fundamental, além da capacidade de criar relacionamento. [...] O que temos a oferecer para quem se aproxima? Esse profissional que vai ter a remuneração justa? Vai entender essa experiência como um ganho na sua carreira e na sua trajetória de vida profissional?”, pontua.

Quando o líder

faz junto com as pessoas, consegue descobrir qual é o limite de cada um e sabe até onde aquela pessoa ir e entregar.

O desafio de estabelecer relações

Completando 20 anos de atuação em 2025, a Agência do Bem foi reconhecida com o Prêmio Melhor ONG de 2024. Assim como ocorre com tantas outras organizações, sua trajetória foi marcada pelo comprometimento e dedicação de pessoas que estiveram presentes desde a fundação, bem como de outras que se somaram ao trabalho ao longo do caminho.

Compreender que essa impermanência faz parte dos processos e saber estimular parcerias de trabalho mais duradouras foram aprendizados importantes para Alan Maia, fundador da Agência do Bem. “O ponto de partida é entender e respeitar a natureza humana, ou a condição

Causa e propósito também motivam

Alan entende que valorizar o aspecto humano não é apenas uma questão de sensibilidade. Do ponto de vista da gestão, é estratégico.

Os desafios do terceiro setor para manter voluntários e profissionais são bem conhecidos: escassez de recursos financeiros (especialmente os livres), lideranças pouco preparadas em gestão, baixa competitividade diante de outros setores em termos de benefícios e, muitas vezes, condições de trabalho precárias (equipamentos, ferramentas tecnológicas, treinamentos etc.).

Ainda assim, muitas pessoas se aproximam de um projeto ou organização socioambiental pela causa, ou seja, pela oportunidade de atuar em algo alinhado aos seus princípios. O fundador da Agência do Bem reconheceu esse movimento e compreendeu que o desenvolvimento dos projetos e a projeção do trabalho da organização não beneficiam apenas os jovens atendidos, nem servem unicamente para atrair financiadores e patrocinadores. Eles também fortalecem o senso de pertencimento e o comprometimento de quem atua ali.

Foto:arquivo pesso a l

“Acredito que temos, talvez, um fator competitivo na hora de disputar talentos com grandes empresas: a causa, o propósito. Existem coisas que o dinheiro não compra. Trabalhar por uma causa ou por uma instituição pode ser a chance de concretizar, no mundo, convicções éticas e profundas. É algo que repercute na alma de muita gente. Já vi isso ser decisivo na escolha de muitas pessoas”, compartilha.

O ambiente de trabalho como estímulo

Apesar de enfrentar os mesmos desafios que atingem grande parte das organizações sociais no Brasil, hoje a Agência do Bem conta com cerca de 200 profissionais contratados, entre equipes de campo e de escritório. Para engajar esse time, há um esforço permanente na construção de uma cultura que valoriza a alegria e de um ambiente acolhedor, motivador e participativo.

“Temos muita preocupação com todos os aspectos de

uma operação bem feita, em termos de gestão, transparência, integridade, impacto e retorno para os nossos financiadores e patrocinadores. Queremos sempre entregar com qualidade tudo o que assumimos. Ainda assim, nosso ambiente de trabalho é muito reconhecido por ser um leve e alegre, onde as pessoas trabalham com satisfação e se sentem ouvidas”, explica o fundador.

A trajetória da Agência do Bem comprova algo que não é novo, mas precisa ser sempre lembrado: na prática, um projeto social ou ambiental nasce de um sonho de mudança. No entanto, em determinado momento, esse sonho se depara com uma realidade que impõe barreiras e exigências - financeiras, burocráticas, territoriais, institucionais, entre outras. Embora essas demandas sejam frequentemente nomeadas por termos técnicos ou sociológicos, no fim das contas, tudo se resume à ação das pessoas. E são as lideranças as responsáveis por identificar e valorizar as pessoas certas, estimular suas habilidades e construir ambientes saudáveis, onde haja satisfação e propósito.

Foto: Agência do Bem

Só existe transformação a partir das relações

TODOS SOMOS RESPONSÁVEIS PELA MANUTENÇÃO DAS RELAÇÕES EM UMA INSTITUIÇÃO. SOMOS AGENTES DA MUDANÇA — VERDADEIROS FISCAIS DO VÍNCULO

As transformações nas organizações acontecem com base nas relações. Peço desculpas pela rima inevitável, mas não tem como expressar de outra forma algo que é minha crença mais básica. Essa afirmação é o norte do meu trabalho. É o que me move.

Acredito fortemente que é preciso cuidar do vínculo entre as pessoas para promover um ambiente institucional saudável, inclusivo, onde nos sentimos pertencentes e onde podemos ser, em vez de apenas parecer. Isso vale para empresas privadas ou do terceiro setor.

Na verdade, para qualquer grupo – da família à escola – que se organiza em prol de algo.

Enxergo uma empresa ou organização socioambiental como um organismo vivo, através das lentes do paradigma sistêmico. Ou seja, o todo impacta a parte e vice-versa. Podemos definir perfeitamente a cultura, o propósito, a missão, os valores de uma organização, mas cada membro também influencia essa dinâmica. As crenças, os valores e o repertório de cada indivíduo interferem nesse organismo pulsante.

Evidentemente uma organização tem diretrizes e premissas inegociáveis e que devem ser respeitadas. Mas não acredito em transformações de “cima para baixo”, e sim em um movimento transversal. O grande desafio se dá em como estreitar esses laços de conexão. Como criar espaços ou ações que não desrespeitem o outro e que contemplem as necessidades pessoais? E não são esses os grandes obstáculos na construção de qualquer relação em nossas vidas?

Onde há um grupo de pessoas há potencial para conflitos, falhas, desencaixe. Afinal, carre-

Foto: arquivopessoal

gamos conosco nossas bagagens — expectativas, desejos, questões pessoais, medos. Surge, então, a necessidade de ajustes e de combinados para balizar nossas condutas, uma vez que somos seres relacionais.

É nesse mosaico de respeito mútuo que está a oportunidade de crescimento, conexão e vínculo, sensações geradoras de empatia, cooperação, engajamento e comprometimento. Minha crença nesse processo baseia meu trabalho. As facilitações que eu conduzo colocam as relações no centro e são centradas em processos participativos, onde a construção é prioritariamente coletiva. Com isso, passamos a nos enxergar como comunidade e a nos apoiar em direção à transformação. Inspirada pelo consultor Victor Pinedo, arrisco a dizer que cuidar das relações em uma empresa pode elevar sua maturidade e, consequentemente, sua perenidade. Empresas maduras conseguem abandonar o planejamento estratégico — aquele que movimenta o presente em direção a um futuro desejável — e passam para o existir estratégico, em que há integração total entre a visão de futuro da empresa e o próprio futuro dos funcionários que conseguiram cuidar das suas relações. Em tempos voláteis, fazer isso é, simplesmente, garantir uma existência.

Em tempos voláteis, integrar a visão de futuro da empresa e o futuro dos funcionários e suas relações, é garantir uma existência.

O Mapa do impacto

BTG Soma Meio Ambiente + 20 mil empreendedores e profissionais do setor alcançados!

Agente de mudança:

Estéfani Segato Fujita

Empreendimento:

Instituto Mamirauá

Tefé (AM)

Programa:

os números do NOSSO impacto

250 professores e facilitadores

26 Estados + DF 877 Cidades + de 5 países

40 mil pessoas recebem a Revista AGORA nos formatos digital e impresso

Agente de mudança:

Thayná Audrey Pereira

Empreendimento:

Passos da criança

Curitiba (PR)

Programa: BTG Soma Educação

impacto da ago

Agente de mudança:

Barbara Coelho Arenhaldt

Empreendimento:

Projeto Swell

Baía Formosa (RN)

Programa: Ambev VOA

Empreendimento:

São Paulo

Programa: BTG Ela Empreende

Agente de mudança: Sávio de Brito Costa

Empreendimento:

Instituto Social Jejé de Oyá

Cuiabá (MS)

Curso Ago Social: Captação Inteligente

Atairu
Foto: divulgação
Agente de mudança: Michelle Mariano Ferrari
Michelle Ferrari Confeitaria
(SP)
Foto: divulgação
Foto: divulgação
Atibaia
Bahia Formosa

OProjeto Swell nasceu do profundo desejo de transformar vidas por meio da educação, do esporte e da ecologia. A iniciativa atende crianças e adolescentes em situação de vulnerabilidade social, abrindo caminhos para um futuro mais digno e repleto de possibilidades. “Acreditamos no poder do esporte, especialmente do surfe, como uma ferramenta para fortalecer a autoestima, o empoderamento e o desenvolvimento integral dos nossos participantes”, afirma a fundadora Barbara Arenhaldt. Com a participação no programa VOA, surgiu um novo projeto voltado à inclusão produtiva, com a missão de ampliar o impacto e gerar oportunidades reais de transformação social e econômica. A iniciativa fortalece a economia local e promove impacto socioambiental. “Participar desse programa ampliou significativamente minha capacidade de gestão, permitindo-me enfrentar desafios com mais segurança e visão estratégica”, conta Barbara. Hoje, mais de 980 pessoas já

Agente de mudança: Barbara Coelho Arenhaldt

Empreendimento: Projeto Swell - Baía Formosa (RN)

Programa: Ambev VOA

Foto: divulgação

AOrganização da Sociedade Civil (OSC) cuiabense Instituto Social

Jejé de Oyá atua junto à comunidade LGBTQIAPN+, oferecendo apoio psicossocial e jurídico, advocacia, empregabilidade e empreendedorismo, educação e conscientização, saúde e bem-estar, cultura e representatividade, além de acolhimento e moradia.

O fundador, Sávio Costa, destaca: “Com apenas um ano e meio de existência e uma atuação inicial no ambiente virtual, já impactamos 200 pessoas, incluindo beneficiários diretos e voluntários.”

Para o futuro, a organização pretende estruturar sua sede, implementar um plano eficaz de captação de recursos e desenvolver uma estratégia de mídias robusta. “Tudo isso para garantir a sustentabilidade e a execução dos nossos projetos com maior impacto e alcance”, completa Sávio.

Essa inspiração veio da participação no programa Captação Inteligente, da Ago, onde o empreendedor encon-

Agente de mudança: Sávio de Brito Costa

Empreendimento: Instituto Social Jejé de Oyá - Cuiabá (MS) Programa: Captação Inteligente

foram alcançadas, incluindo 150 crianças e adolescentes. “Seguimos determinados a construir parcerias, crescer de forma sustentável e garantir que cada jovem que passa por nós se sinta capaz de ser protagonista da própria história”, conclui.

trou “uma metodologia que mescla teoria de forma clara e objetiva, exemplificando a prática a partir da realidade e dos resultados positivos das OSCs”

Foto: divulgação
Foto: divulgação
Foto: divulgação
Foto: divulgação

Atuando em todo o bioma amazônico, o Instituto Mamirauá se dedica à conservação da biodiversidade local e à promoção do desenvolvimento sustentável na Amazônia. Para isso, combina pesquisa científica, manejo responsável dos recursos naturais e fortalecimento social, garantindo a preservação ambiental e a melhoria da qualidade de vida das populações locais. “O nosso objetivo é continuar incentivando o uso sustentável dos recursos naturais da Amazônia, fortalecendo cadeias produtivas sustentáveis e capacitando as comunidades ribeirinhas para que possam gerar renda sem

Agente de mudança: Estéfani Segato Fujita

Empreendimento: Instituto Mamirauá - Tefé (AM)

Programa: BTG Soma Meio Ambiente

comprometer a floresta”, explica a fundadora Estéfani Fujita. O Instituto beneficia cerca de 10 mil pessoas, direta ou indiretamente, e participou do programa BTG Soma Meio Ambiente, aproveitando ao máximo a experiência. Para Estéfani, os conhecimentos adquiridos aprimoraram a gestão e a governança das iniciativas do Instituto Mamirauá, “além de fortalecer o networking com outras organizações que atuam em prol da sustentabilidade”

Agente de mudança: Thayná Audrey Pereira

Empreendimento: Passos da criança - Curitiba (PR)

Programa: BTG Soma Educação

OProjeto Passos da Criança oferece apoio a crianças e adolescentes em situação de vulnerabilidade social por meio de serviços de convivência e fortalecimento de vínculos. Os beneficiários participam de oficinas socioeducativas de arte, cultura, educação e esporte, além de receberem duas refeições diárias. As famílias e a comunidade

também têm acesso a atendimentos psicossociais e socioassistenciais no projeto. Atualmente, o público atendido é composto por 299 pessoas, incluindo 69 crianças. Ao participar do programa BTG Soma Educação, Thayná Pereira adquiriu aprendizados valiosos. “Tive a oportunidade de aprender de maneira significativa, especialmente no que diz respeito à profissionalização dos processos organizacionais e à otimização das

Agente de mudança: Michelli Mariano Ferrari

Empreendimento: Michelle Ferrari Confeitaria

São Paulo (SP)

Curso Ago Social: BTG Ela Empreende

Aempreendedora Michelle Ferrari participou Ela Empreende, um programa de formação voltado a mulheres que lideram pequenos negócios em favelas e comunidades. Atuando no ramo de padaria e confeitaria, profissionalizou o seu trabalho e expandiu sua oferta para serviços completos de buffet para festas e eventos de todos os portes. Além do aumento de sua renda, um dos resultados mais expressivos que obteve foi a oportunidade de gerar empregos, contratando outras mulheres para auxiliá-la. “[No programa] comecei a acreditar mais em mim e no que faço. A mudan-

estratégias de captação de recursos. Além disso, a troca de experiências com profissionais do BTG Pactual foi essencial para o avanço das atividades propostas durante a formação, proporcionando insights valiosos e fundamentais para potencializar a captação de recursos e impulsionar os resultados da nossa organização”, compartilha.

ça de ambiente me fez enxergar que posso estar onde eu quiser, só preciso confiar”, afirma Michelle, destacando o impacto da formação no fortalecimento do autoconhecimento e da autoestima. Outra experiência marcante para ela foi a possibilidade de estabelecer conexões e trocar vivências. “Achei de muita grandeza poder compartilhar experiências com outras mulheres que têm objetivos semelhantes e lutam para conquistar seu espaço”, conta. “Ali, meu maior aprendizado foi entender que somos uma rede de apoio e que as portas foram abertas para que tivéssemos a oportunidade de mostrar o que sabemos fazer!”.

Foto: divulgação
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A ascensão profissional de mulheres negras move estruturas. Mas estamos fazendo o necessário?

EM MEIO A RETROCESSOS NAS AGENDAS DE DIVERSIDADE, AS FUNDADORAS

DA INDIQUE UMA PRETA FALAM SOBRE A INCLUSÃO DE MULHERES NEGRAS NO MERCADO TRABALHO COMO ESTRATÉGIA DE DESENVOLVIMENTO SOCIAL

Mulheres negras estão cada vez mais qualificadas, mas seguem à margem quando se trata de salários justos ou espaços de liderança. A inclusão produtiva dessa maioria minorizada não é só uma pauta social, é um caminho estratégico para o desenvolvimento do país. Mas para isso o mercado precisa deixar de criar barreiras para quem já está pronta.

O Brasil ainda carrega estruturas racistas que afastam mulheres negras de oportunidades de liderança e renda. Mas elas estão prontas. O que falta é o mercado abrir o caminho que tem bloqueado por gerações.

A Indique uma Preta, consultoria especializada em conectar a comunidade negra ao mercado de trabalho, concentra-se com especial atenção na inclusão das mulheres. Dedicar-se a essa causa tem um valor de reparação histórica e de justiça social, e é a respeito disso que conversamos com Daniele Mattos, Veronica Dudiman e Amanda Abreu, fundadoras da Indique uma Preta. Na conversa, elas falam sobre posicionamento do mercado, racismo estrutural e ações necessárias para mitigar o atual cenário de desigualdade. Você confere aqui os principais pontos da entrevista.

O mercado ainda está de olhos fechados para mulheres negras

“É impossível falar de trabalho e não falar de pessoas negras.” Contudo, “ainda existe um mito

de que mulheres negras não têm qualificação, mesmo com tantas cadeiras em universidades públicas já sendo ocupadas por pessoas negras — graças a políticas afirmativas”, pondera Daniele Mattos. Ainda assim, a inserção no mercado persiste sendo desigual e essas mulheres seguem fora das salas de reunião, dos cargos de liderança e das estratégias das empresas.

“Muitos gestores ainda preferem contratar quem se parece com eles. Então, a perpetuação dos privilégios e a manutenção dos vieses inconscientes ainda são os maiores obstáculos quando se fala da inclusão da mulher negra no mercado de trabalho”, conclui. O problema não está na qualificação. Está em quem ainda decide por quem entra — e por quem fica de fora.

Na contramão desse ciclo, “O nosso trabalho tem a premissa de inserir as pessoas no mercado de trabalho. Fazemos a defesa dos candidatos para a empresa, contando a história deles e explicando a importância dessa inserção para o negócio. E para a comunidade negra, oferecemos ferramentas para que ela faça parte desse mercado, que é muito competitivo”, explica Amanda Abreu.

A queda do entusiasmo corporativo e a força da comunidade

O ano de 2020 marcou um boom nas agendas corporativas de diversidade, disparado pelo assassinato de George Floyd nos Estados Unidos e pela pressão global. No Brasil, muitas empresas correram para montar comitês e contratar consultorias. Mas o entusiasmo durou pouco.

“Como toda comoção que não está estruturada em ações concretas e responsabilidade das empresas, houve uma redução nos projetos que integram raça e gênero”, reflete Veronica Dudiman. Nos dois últimos anos, investimentos minguaram, grandes projetos e festivais perderam patrocínio e empresas que antes contratavam, recuaram.

A resistência e a força do coletivo

Apesar do cenário desafiador, a base se mantém firme. “Mesmo diante desses acontecimentos, as mulheres nunca deixaram de se especializar, de se profissionalizar. A gente vê esse movimento de resistência”, reforça Veronica.

Pessoas e empresas têm se mantido ativas, buscando fazer o que é necessário. Amanda lembra que “há coletivos e consultorias que encorajam essa transformação, enquanto mulheres negras incentivam a discussão sobre igualdade social. Esses movimentos geram evolução e pressionam grandes empresas para que avancem”.

O peso invisível do racismo

Para além da falta de oportunidades, o racismo opera de forma silenciosa e diária na vida das mulheres negras. Daniele lembra que “as consequências do racismo são subjetivas, mas também profundamente violentas. Isso mina a confiança, afeta a autoestima, o sono e a qualidade de vida”. Ela cita números de uma pesquisa que aponta que 58% das mulheres negras já ouviram piadas relacionadas à sua cor, cabelo ou aparência.

mudanças nos territórios onde estão. É a economia da revoada, uma lógica de crescimento coletivo. A frase de Angela Davis, estampada no site da consultoria, reforça essa ideia — “Quando uma mulher negra se movimenta, toda a estrutura da sociedade se movimenta com ela” Veronica pontua que “a partir do momento em que essa mulher tem acesso à universidade, a espaços de debate, quanto tem a possibilidade de se especializar e tempo para cuidar da sua saúde mental, tudo progride”

Isso torna a inclusão produtiva de mulheres negras uma estratégia inteligente de desenvolvimento social. Onde elas crescem, há redistribuição de renda, cuidado, transformação comunitária. Em outras palavras, políticas públicas e ações privadas que as alcancem na base da pirâmide social têm impacto exponencial.

Não falta inovação, falta escuta e o reconhecimento da nossa identidade brasileira

O primeiro passo para modificar a atual realidade é despertar a consciência: compreender e aceitar que se trata de um problema a ser superado. Outra medida essencial é preparar as empresas para serem locais de acolhida, onde a mulher negra possa ter uma jornada mais saudável e sustentável. Por fim, precisamos olhar para as iniciativas que já existem.

Por isso, a Indique Uma Preta tem se empenhado em criar momentos seguros, voltados ao acolhimento, a trocas de experiência e fortalecimento emocional. “A gente não está inventando a roda. Só está criando espaços onde essas mulheres possam falar de si e dos seus medos, onde possam perceber que não estão sozinhas”, completa.

Economia da revoada: quando uma sobe, todas sobem

Quando ocorre o avanço de uma mulher negra empreendedora, ela impacta toda a família e impulsiona

“O movimento negro está aí há muitos anos. Por que não aprendemos com quem já sabe o que fazer?”, Daniele encoraja. A potência está aqui, no Brasil, nas histórias que se escrevem nas bordas e que, quando ganham espaço, transformam o centro. Precisamos, urgentemente, enxergar esse diferencial cultural como estratégia, como riqueza da nossa nação.

Conheça a Indique uma Preta
Veronica, Daniele e Amanda, da Indique uma Preta
Foto: divulgação
Elas empreendem, se superam e inspiram

COMO O APOIO AO EMPREENDEDORISMO FEMININO ABRE CAMINHOS PARA OPORTUNIDADES

Em uma sala de treinamento, trinta mulheres, donas de pequenos negócios em comunidades e periferias, aprendem sobre empreendedorismo. Entre elas, está Georgia, uma pernambucana, dona de um pequeno negócio de culinária em domicílio, que tem o sonho de viver exclusivamente dessa atividade para passar mais tempo com seu filho recém-nascido. A empreendedora, uma das participantes da formação Ela Empreende, em Recife (PE), representa muitas brasileiras cujas histórias são marcadas por superação diária para complementar a renda familiar ou, em muitos casos, sustentar seus lares sozinhas.

Essas histórias evidenciam que, ao estruturarem e expandirem seus negócios, as mulheres proporcionam melhores condições de vida às suas famílias, influenciam e apoiam outras mulheres e contribuem para a economia e a sociedade. Com essa convicção e para apoiar/fomentar o empreendedorismo feminino o Banco BTG Pactual criou o Ela Empreende, um programa realizado com metodologia da Ago Social, para oferecer

ferramentas e conhecimento a mulheres de comunidades, favelas e periferias de grandes cidades.

“O Ela Empreende nasceu como um curso de empreendedorismo feminino em 2022. Mas quando percebemos o impacto de reunir essas mulheres na sede do banco, entendemos que era muito mais do que apenas conteúdo. Era um programa sobre autoconhecimento e rede de apoio, onde mulheres fortalecem outras e cocriam juntas”, explica Giovanna Caminha, gestora de Responsabilidade Social do BTG Pactual e responsável pelo programa.

Engajamento e transformação

Um dos diferenciais da formação é o alto nível de engajamento das participantes, reflexo de como o aprendizado é encarado como um fator transformador que gera oportunidades. Foi assim para Daniele David, aluna da primeira edição em 2022. Quando chegou à sede do BTG Pactual em São Paulo, sentia-se exausta e desanimada com sua jornada empreendedora, em busca de um conhecimento, oportunidade e visibilidade.

Foto: BTG Pactual

PROGRAMA ELA EMPREENDE:

9 turmas em 4 estados (RJ, SP, PE e RS)

9,5 como nota de satisfação do programa

240 empreendedoras formadas

184 horas de capacitação e mentoria em 2024

De mente e coração abertos, a chef Dani surpreendeu-se com a experiência: “Ao chegar lá, vi mulheres pretas como eu e pude agir com mais naturalidade, porque cada detalhe foi pensado para nós. Havia humanidade, dignidade e, o melhor, nenhum julgamento. Foram dias intensos, repletos de conteúdo, trabalho, insights e ações simples que trouxeram resultados incríveis”

Quase três anos depois, a Dani Pimenta não é mais apenas uma chef: tornou-se uma marca. Além dos serviços de catering e eventos, inaugurou o restaurante Olívia Cozinha Afetiva, implementa um projeto de gastronomia em comunidades periféricas e ainda encontra tempo para ministrar oficinas, cursos e palestras.

Expandindo as oportunidades

O empreendedorismo já era uma das causas apoiadas pelo Banco BTG Pactual. No entanto, a criação do projeto mostrou o tamanho do impacto e o potencial de transformação de mulheres empreendedoras. Com o sucesso da iniciativa, o Banco expandiu o número de turmas e o alcance geográfico, incluindo, além do eixo Rio-São Paulo, as cidades de Porto Alegre (RS) e Recife (PE).

Ao

tamente. Foram aprendizados que abriram minha mente para o empreendedorismo. Antes, eu não sabia como avançar. Hoje, vejo possibilidades reais, e faz toda a diferença quando há alguém para lhe dar a mão e caminhar ao seu lado”, afirma.

Uma rede que

se fortalece

Uma das intenções do Ela Empreende é ser um espaço no qual, além do acesso a conhecimentos técnicos essenciais, as participantes possam criar parcerias e aprender mais sobre si mesmas. Para manter esse movimento vivo, o programa promove diversas ações, como a criação de uma rede ativa entre as participantes; exposições no prédio do BTG Pactual, na Avenida Faria Lima, onde as empreendedoras comercializam seus produtos; encontros presenciais que reúnem participantes de todas as edições; e um catálogo criado para divulgar esses negócios.

estruturarem e expandirem seus negócios, as mulheres proporcionam melhores condições de vida às suas famílias, influenciam e apoiam outras mulheres e contribuem para a economia e a sociedade.

Foi assim que, em 2024, Geórgia Lyra Arcanjo ingressou no Ela Empreende na capital pernambucana. Toda semana, pedalava até o local do encontro, contando com a ajuda da mãe, que vinha de Olinda até Recife para cuidar de seu bebê. Junto a outras 29 empreendedoras, viveu uma experiência enriquecedora, com conteúdos personalizados, aulas e painéis conduzidos por mulheres inspiradoras, mentorias, networking e divulgação do seu trabalho.

“Sabe quando você está se afogando e, de repente, consegue emergir para tomar ar e enxergar uma luz? Foi exatamente essa sensação que tive com o curso. Por isso, superei os desafios e fiz os sacrifícios para estar lá”, conta Geórgia.

Seu grande sonho era viver do próprio negócio como personal chef e deixar o emprego que a desgastava emocionalmente. Agora, com ferramentas para superar suas principais dificuldades – como precificação, organização financeira e estratégias de divulgação e vendas –, encontrou novas formas de crescer, incluindo a criação de uma linha de marmitas. “Minha visão mudou comple-

Desde 2024, com o intuito de fomentar a rede de mulheres empreendedoras, o BTG organiza um evento especial inteiramente voltado para os principais desafios, proporcionando um momento único em que aprenderam mais sobre si mesmas, se reconheceram e perceberam que não estão sozinhas em suas trajetórias. Assim, se constrói um legado de mulheres que desenvolvem autoconfiança e passam a se enxergar como empreendedoras, conscientes de que é possível prosperar e conquistar uma vida melhor.

Foto: BTG
Pactual
Fotos: aqruivo pessoal

Panorama do impacto

FIQUE POR DENTRO DOS PROJETOS COM EXECUÇÃO DA AGO, PARCERIAS E AÇÕES

Eventos

INSTITUCIONAIS

Congressos, festivais e aulas ao vivo: um período de muito conhecimento!

06/02 - ENCERRAMENTO AMBEV

VOA

No dia 6 de fevereiro, celebramos o encerramento do Ambev VOA ao lado das 10 organizações finalistas. O programa acelerou instituições que atuam com a promoção da inclusão produtiva. Já o evento, foi um momento de reconhecimento e troca, marcando o fim de um ciclo de aprendizado e crescimento.

26/03 - GIVE BACK DAY BTG SOMA EDUCAÇÃO

Mais um encerramento emocionante aconteceu com a edição 2024 do BTG Soma Educação, um projeto incrível do BTG PACTUAL. Para celebrar este momento, cada organização acelerada se apresentou e comemorou com os convidados a evolução que conquistou através deste programa.

13/02 - EVENTO INAUGURAL

NUTRIR+

No dia 13 de fevereiro, aconteceu o evento inaugural do programa Nutrir+ – Semeando Impacto Positivo. O encontro reuniu as organizações selecionadas para apresentar a proposta do programa da Citrosuco, que é fortalecer a agricultura sustentável e regenerativa no nosso país.

Início do programa Nutrir+ – uma jornada para impulsionar a agricultura sustentável.

17/03 - LANÇAMENTO OFICIAL DO HUB DE ACELERAÇÃO DE NEGÓCIOS

- EMPREENDEDORAS DA BELEZA

Ainda em março, teve início o Hub de Aceleração de Negócios - Empreendedoras da Beleza. A iniciativa é do Instituto Grupo Boticário, apoiada pelo Grupo Boticário e executada pela Ago Social. Na abertura, uma palestra de Gabrielly Beraldo, fundadora da UrbiAfro, que trouxe ainda mais entusiasmo para as 16 empreendedoras.

Muita expectativa para a aula inaugural do Hub de Aceleração de Negócios - Empreendedoras da Beleza

Celebrando o encerramento do Ambev Voa

Projetos e parcerias

É com entusiasmo que celebramos novas parcerias e o encerramento de vários ciclos de projetos em colaboração com nossos parceiros.

PRÊMIO IMPACTA ES

O Prêmio Impacta Espírito Santo, uma parceria entre Impact Hub ES, Sebrae ES e Ago Social, reconheceu e celebrou iniciativas transformadoras que geram impacto positivo no estado. Um evento que destacou a importância de fortalecer o ecossistema de negócios de impacto e incentivar projetos inovadores em diversas áreas.

BTG SOMA DAY COM PALESTRA DO ALEXANDRE AMORIM

O BTG Soma Day, promovido pelo BTG Pactual, reuniu empreendedores socioambientais para um dia de troca, aprendizado e conexões estratégicas. O evento destacou iniciativas de impacto, proporcionando momentos de imersão, fortalecimento e networking. A programação contou com diversos painéis e palestras, entre elas, um bate-papo com Alexandre Amorim, CEO da Ago, sobre captação de recursos.

Celebrando as iniciativas transformadoras do Prêmio Impacta Espírito Santo Alexandre Amorim compartilhando insights no BTG Soma Day

IMPACTA MAIS: TIME AGO PRESENTE EM PESO

Nos dias 19 e 20 de março, São Paulo foi palco do Impacta Mais, organizado pelo Impact Hub São Paulo e ICE. O evento reuniu líderes, empreendedores e outros atores do ecossistema para discutir soluções e práticas que geram um impacto positivo no mundo.

TREINAMENTO DE IA

O treinamento do time da Ago sobre Inteligência Artificial foi uma oportunidade de aprofundar conhecimentos e explorar novas ferramentas tecnológicas. Com foco em capacitação e inovação, o encontro preparou os participantes para integrar a IA de forma estratégica nos processos da organização, ampliando a eficiência e o impacto das ações.

Fortalecendo o time em IA para potencializar os projetos e o impacto positivo Time Ago imerso no Impacta Mais

VOZES DO EMPREENDEDORISMO SOCIOAMBIENTAL

Os dias 25 e 26 de março foram marcados por mais uma edição do Vozes do Empreendedorismo Socioambiental. As pitch nights promovidas pela Ago Social têm como objetivo dar voz ao propósito de Organizações Sociais e Ambientais que estão impactando o Brasil. O evento é marcado pela diversidade de histórias incríveis, inovação e empreendedorismo. Além disso, ainda rolam prêmios!

O Vozes do Empreendedorismo dá visibilidade a organizações que mudam o mundo

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A busca por recursos livres: oportunidades para as OSCs

Por Michel Freller

Empreendedor social, Consultor em Captação de Recursos e Desenvolvimento Institucional

EXISTEM ALTERNATIVAS VIÁVEIS PARA GARANTIR A SUSTENTABILIDADE

FINANCEIRA DAS ORGANIZAÇÕES SOCIOAMBIENTAIS

Alternativas viáveis para garantir a sustentabilidade financeira

Acaptação de recursos livres é um desafio constante para as Organizações da Sociedade Civil (OSCs). Muitas dependem de uma única fonte de financiamento — seja governo, fundação ou empresa — com recursos frequentemente vinculados a projetos específicos, sem flexibilidade para realocação de verbas entre diferentes necessidades.

No entanto, as demandas cotidianas vão muito além dos projetos financiados. Custos com manutenção predial, reajuste salarial, atrasos nos repasses e aquisição de

1. Cash back

1.1.

equipamentos são apenas alguns dos desafios financeiros não previstos.

O que fazer nesta hora?

A resposta está nos recursos livres, não atrelados a projetos. A solução passa por um planejamento de captação estratégico que concentre esforços para manter, aumentar e diversificar as fontes. Ao mesmo tempo, garantir pelo menos 20% do orçamento proveniente de recursos livres.

Sugerimos, a partir de nossa experiência, algumas boas ideias de como fazer essa busca, as quais estão divididas em quatro modalidades:

Benefícios para doações

A ideia é utilizar a mesma estratégia aplicada por empresas, oferecendo um retorno para quem apoia a OSC. A oferta pode ser um brinde, como uma entrada para show, um jantar, um valor de compra em supermercado local. Outra opção é solicitar que os valores de cash back em estabelecimentos comerciais sejam destinados para doação. Essa é uma tática eficiente dentro de uma estratégia maior de parcerias.

1.2. Nota Fiscal solidária

Atualmente, 17 estados do Brasil possuem programas que permitem a destinação de parte do imposto recolhido nas notas fiscais para organizações sociais. Em es-

tados como Paraná, São Paulo e Maranhão, é possível captar valores significativos. No Maranhão, por exemplo, o limite é de R$ 15.000,00 por mês, enquanto em São Paulo e Paraná não há restrição.

1.3. Doação de milhas

Quase todos os programas de fidelidade das companhias aéreas permitem que as milhas acumuladas sejam doadas para OSCs cadastradas. Algumas empresas chegam a dobrar o volume de milhas doadas, que podem ser utilizadas pela organização para o deslocamento de funcionários, bem como viagens educativas ou para tratamentos médicos de beneficiários.

A base teórica para defender esta modalidade é a pesquisa realizada pela Fundação José Luiz Egydio Setubal, Retrato da Solidariedade 2024. Nela, 65% das pessoas afirmam dar esmolas, número três vezes maior daqueles que fazem doação. Considerando a disponibilidade em ofertar pequenas quantias, esta estratégia contém diversas táticas - destacamos algumas.

2. Pequenos valores de muitos apoiadores

2.1. Troco solidário

Muitos comércios possuem "cofrinhos" ao lado do caixa para arrecadar doações. Além da parceria com o estabelecimento comercial para a coleta e a divulgação da campanha, é preciso que as organizações capacitem o operador de caixa para falar da importância do projeto, além de orientar sobre a contagem diária da arrecadação e transferência para a conta bancária da organização.

2.2. Arredondamento de pagamentos

Em um mundo cada vez mais digital, o arredondamento de pagamentos via cartões de crédito, débito e PIX permite que consumidores doem centavos automaticamente, arredondando os valores de seus pagamentos. Isso pode ser viabilizado por meio de parcerias diretas com estabelecimentos comerciais, que adaptarão os seus sistemas de pagamento, ou com o suporte de instituições especializadas, como o Insti-

tuto Arredondar, que cuida da parte legal e técnica para evitar tributação.

2.3. Influenciadores digitais

O impacto de influenciadores digitais pode ser enorme na mobilização de recursos de forma pontual, mas alcançando muitas pessoas. Um exemplo foi a ação do líder religioso Frei Gilson, que arrecadou R$2 milhões em 40 dias para a Aliança de Misericórdia. Estratégias semelhantes podem ser aplicadas para ampliar a visibilidade e engajamento em campanhas de doação.

3. Modelos de receita compartilhada (MRC)

Duas parcerias entre empresas e OSCS revolucionaram esta prática nos últimos anos. A Nestlé, destinando 100% do lucro da venda de uma barrinha de cereal para a Gerando Falcões; e a AMBEV, com a água AMA, com 100% do lucro destinado para projetos de melhoria da água na Amazônia. Diversas iniciativas semelhantes ao redor do mundo canalizam parte da receita para causas sociais e OSCs.

4. Revenda de produtos

4.1. Alimentos com data próxima ao vencimento

Grandes atacadistas e supermercados doam alimentos que estão próximos ao vencimento, mas ainda são próprios para consumo. Cabe às OSCs estabelecerem parcerias para coletar, armazenar e distribuir esses itens a beneficiários ou revendê-los a preços acessíveis.

4.2. Doações de roupas usadas

Ainda segundo a pesquisa do IJLES, 48% das doações são de alimentos e roupas. Esses itens podem ser distribuídos ao público assistido ou vendidos em bazares. Algumas OSCs utilizam caminhões para coletar as doações e aumentam o volume de arrecadação.

4.3. Venda de produtos

A produção e venda de produtos — sejam eles relacionados à causa da OSC ou não —são uma importante fonte de recursos livres para diversas organizações.

Essas estratégias podem fortalecer as OSCs, garantindo maior sustentabilidade financeira e autonomia. O planejamento e a diversificação das fontes de receita para buscar recursos livres são essenciais para o crescimento do Terceiro Setor no Brasil.

Investimento social: caminho para impulsionar a transformação sistêmicA

Jornalista especialista em comunicação empresarial, atuando na área de impacto socioambiental

EM SUA QUINTA EDIÇÃO, O IMPACTA MAIS SE DESTACA COMO UM MARCO NA PROMOÇÃO DE DISCUSSÃO PROFUNDA E NA ARTICULAÇÃO DE ESTRATÉGIAS

PARA O FORTALECIMENTO DO ECOSSISTEMA DE IMPACTO NO BRASIL

Éurgente: estamos diante de desafios sociais e ambientais que demandam respostas inovadoras, e a busca por soluções viáveis não pode parar. Reunir pessoas e organizações engajadas em buscar essas soluções por meio de novos modelos de negócios é um caminho. É esse o propósito do Impacta Mais, fórum de economia de impacto que há 10 anos coloca esse assunto em pauta.

19 e 20 de março, e foi além do compartilhamento de boas práticas. O evento é responsável por criar novas conexões e oportunidades que fortalecem o campo da filantropia e do investimento social privado

O Impacta Mais promove debates que integram inovação, tecnologia e colaboração entre os setores público, privado e terceiro setor.

A iniciativa, realizada pelo Impact Hub São Paulo, em coidealização com o Instituto Cidadania Empresarial (ICE), é um dos principais eventos do Brasil voltados ao fomento do investimento social privado, representando um espaço de articulação, aprendizado e colaboração entre diferentes atores do ecossistema de impacto.

Com a participação de investidores sociais, institutos, fundações, empresas, organizações da sociedade civil e especialistas do setor, o evento promove discussões estratégicas sobre como potencializar recursos financeiros e intelectuais para gerar impacto positivo e sustentável

A edição de 2025 do Impacta Mais aconteceu em São Paulo, nos dias

Nos últimos anos, temos visto uma evolução significativa no entendimento sobre impacto e retorno social. Modelos tradicionais de filantropia vêm sendo ressignificados, com um olhar mais estratégico e orientado a resultados mensuráveis. O Impacta Mais busca acelerar ainda mais essa transformação, promovendo debates que integram inovação, tecnologia e colaboração entre os setores público, privado e terceiro setor.

Ao reunir lideranças e organizações que atuam na linha de frente das mudanças sociais no Brasil, o evento levanta reflexões profundas sobre os desafios contemporâneos e a construção coletiva de soluções para um futuro mais justo e sustentável. A filantropia estratégica e o investimento de impacto ganham ainda mais relevância em um ambiente que fomenta parcerias e incentiva a ação coordenada entre diversos agentes de mudança.

Abertura do Impacta Mais 2025
Foto: Impact Hub SP

Por mais um ano, foi possível fortalecer redes, compartilhar aprendizados e impulsionar iniciativas que fazem a diferença na construção de um país mais equitativo e sustentável.

Cenário atual de economia de impacto no Brasil

A abertura oficial, com representantes do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, Saint-Gobain e Companhia de Impacto, trouxe um painel que traçou um panorama do desenvolvimento da economia de impacto no país. Foram estratégicos o crescimento do setor, os desafios regulatórios e as oportunidades de investimento.

Decolonização e negócios de impacto

Um dos painéis mais impactantes do evento abordou os desafios da decolonização e seus reflexos nos negócios de impacto e cultura. Com a participação de representantes da Caixa, Fundo Agbara, SBSA Advogados, Círculo D Consultoria Socioambiental e Impact Hub, a discussão enfatizou a necessidade de reestruturar as relações de poder e valorizar saberes locais, promovendo o empoderamento das comunidades marginalizadas. Os negócios de impacto podem contribuir para um desenvolvimento mais justo e equitativo, diminuindo desigualdades históricas.

Compras corporativas e públicas de impacto

O painel sobre compras corporativas e públicas de impacto, que reuniu representantes do Ministério da Gestão e da Inovação em Serviços Públicos, Yunus Negócios Sociais, Salto Inclusão Produtiva e L'Oréal Brasil, destacou a importância de integrar critérios socioambientais nas aquisições de grandes empresas e governos. Especialistas discutiram como essas práticas podem contribuir para promover um desenvolvimento mais sustentável. Foram apresentados casos de sucesso e estratégias

para superar desafios na implementação dessas políticas.

A ENIMPACTO e a construção do SIMPACTO

A Estratégia Nacional de Investimentos e Negócios de Impacto (ENIMPACTO) e a construção do Sistema Nacional de Economia de Impacto (SIMPACTO) foram temas centrais de um painel que discutiu políticas públicas para o fortalecimento do setor. Representantes do governo e da sociedade civil abordaram iniciativas para consolidar um ambiente favorável ao crescimento dos investimentos sociais e negócios de impacto no Brasil.

Olhar estratégico para o investimento social

O Impacta Mais 2025 foi, mais uma vez, espaço para a construção de caminhos mais estratégicos e efetivos no campo de investimento social e de economia de impacto no Brasil. Os debates demonstraram que, para alcançar transformações rigorosas, é fundamental alinhar capital, políticas públicas e inovação, promovendo a colaboração entre diferentes setores.

O investimento social privado e os negócios de impacto têm um papel cada vez mais relevante na promoção de mudanças estruturais. Iniciativas como compras públicas e corporativas de impacto mostram que há um movimento consistente para ampliar o impacto positivo de forma coordenada e estratégica.

Com aprendizados valiosos e novas conexões, o Impacta Mais mostrou que o futuro do investimento social está na ação coletiva, na inovação e no compromisso contínuo com a geração de impacto real.

Painel sobre Decolonização e Negócios de Impacto

Bolinhos Serra do Mar: A receita do propósito que alimenta sonhos e comunidade

COMO UM PEQUENO NEGÓCIO FAMILIAR SE TORNOU REFERÊNCIA EM IMPACTO E INOVAÇÃO GASTRONÔMICA

Muitas histórias de empreendedorismo nasceram ou se transformaram em função da pandemia. A de Josedir Gonçalves é uma delas. Foi naquele cenário que o consultor empresarial e ex-bancário decidiu apoiar seu primo, um pequeno empreendedor de Antonina, litoral do Paraná. O objetivo era simples: ajudar na venda dos tradicionais bolinhos de camarão, um quitute local preparado artesanalmente e que até então era vendido de porta a porta. Mas o que começou como um ato de apoio se tornou um negócio de impacto, conectando tradição, geração de renda e inovação.

A primeira faísca do empreendimento

Josedir recorda o momento em que tudo mudou. "Perguntei para o meu primo: qual é o tamanho do seu sonho? Ele respondeu: ‘Quero ver meus bolinhos sendo vendidos no supermercado’." Foi a partir dessa resposta que a jornada da Bolinhos Serra do Mar começou. O primeiro grande teste veio em um mercado de bairro, onde a aceitação foi imediata e emocionante: "Você pode entregar 20 bandejinhas até sexta-feira?". A pergunta do

Com experiência em administração e um olhar estratégico, Josedir estruturou a marca, desenvolveu uma identidade visual, padronizou o produto e deu os primeiros passos na regularização da produção.

Foto: divulgação
Foto: divulgação
Equipe na fábrica, em Antonina (PR)

gerente do mercado foi uma surpresa emocionante, já que significava a realização de um sonho.

Superando barreiras e alcançando crescimento

Apesar do entusiasmo inicial, o caminho não foi simples. "Para vender em mercados, era preciso um CNPJ, rótulos nutricionais e um alvará sanitário", explica Josedir. A experiência em consultoria empresarial o fez perceber que o sucesso do negócio dependia de unir técnica, empreendedorismo e gestão. Com essa visão, ajudou a formalizar o negócio em poucos meses, mas um grande obstáculo surgiu: a vigilância sanitária impedia a comercialização fora de Antonina. "Sabíamos que, se não conseguíssemos o alvará estadual, nosso crescimento ficaria limitado à cidade de Antonina, conta.

A solução veio com muito esforço: a família colocou a mão na massa — literalmente — para construir uma cozinha industrial regulamentada com dinheiro e mão de obra próprios. "Se tivéssemos que contratar tudo, não teríamos recursos", relembra. Em 2024, após três anos de muito trabalho e resiliência, a empresa conquistou a licença, abrindo novos mercados para a empresa.

Mais que bolinhos: uma rede de impacto

O que começou com um único produto logo se transformou em um portfólio diversificado. "Empreender com monoproduto é muito difícil. Por isso, meu cunhado criou o bolinho de barreado e minha irmã desenvolveu o bolinho de siri", conta Josedir. Hoje, a empresa também vende versões menores para eventos e coquetéis corporativos. Contudo, desde o início, além da conquista de bons números, há impacto gerado: a empresa prioriza insumos locais, comprando farinha de mandioca diretamente de pequenos produtores familiares e garantindo qualidade superior ao produto final. Apesar do custo mais elevado, essa escolha gera renda para pequenos produtores locais e mantém viva uma tradição regional com a farinha de mandioca artesanal usada na receita. "Poderíamos pagar menos pela farinha industrializada, mas escolhemos pagar mais e fortalecer a agricultura familiar e a economia da nossa comunidade", explica o empreendedor.

O futuro: legado e expansão com propósito

Conheça a Bolinhos Serra do Mar:

O sucesso dos Bolinhos Serra do Mar vem de muito trabalho e de desenvolvimento permanente. Exemplo disso é a passagem por importantes programas de aceleração voltados ao impacto socioambiental. Um deles foi o Ambev VOA, realizado em parceria com a Ago e do qual o negócio paranaense foi finalista. Durante a formação, eles receberam o Selo Doar - a primeira contemplação da certificadora para negócios de impacto. Além dessas experiências, matérias jornalísticas em emissoras de TV locais ajudaram a impulsionar a visibilidade do negócio.

“[O que chamam de sorte] é muito joelho no chão, é rezar mesmo e fazer o que precisa ser feito, não ficar esperando.”

“Uma das coisas que nos demos conta no Ambev VOA foi que estávamos trabalhando também com o turismo. Nós temos um trailer em que vendemos esses bolinhos prontos para o consumidor final na praça em Antonina. Servimos nossos produtos no Carnaval, em passeios ciclísticos, de moto, de carros antigos… Aproveitamos todas as programações de turismo feitas na cidade”, compartilha Josedir. Os bolinhos também são servidos no Trem Caiçara, que circula pela região, e já estão disponíveis em diversas cidades além de Antonina. "Nosso plano era chegar em oito municípios até 2025, e já estamos em seis", celebra.

A próxima meta é ampliar a estrutura do negócio, adquirindo um trailer motorizado para expandir a atuação nos eventos gastronômicos do estado. A história do Bolinhos Serra do Mar mostra que empreender pode ser muito mais do que vender um produto. É a chance de gerar impacto, fortalecer redes locais e transformar vidas.

Outro desafio tem sido formalizar a compra de camarão e mariscos diretamente dos pescadores locais. Para isso, Josedir está trabalhando em parceria com a prefeitura buscando organizar esses fornecedores em cooperativas ou associações capazes de atender às exigências legais. Com essa medida, os pescadores ampliarão suas possibilidades de renda como fornecedores autorizados de camarão e siri.

Foto:
divulgação
Trailler da Bolinhos Serra do Mar

Cultivando sonhos:

As iniciativas ambientais

e

sociais

para combater a fome e a exclusão

CONHEÇA O TRABALHO DE INCLUSÃO PRODUTIVA QUE A

EMPREENDEDORA LINDY COMETA REALIZA PARA PROMOVER

GERAÇÃO DE RENDA E DIGNIDADE EM SUA COMUNIDADE

Por trás de cada grande transformação social, existe uma pessoa que não aceita o mundo como ele é. Em Cachoeira, na Bahia, essa pessoa é Lindinalva de Oliveira Santos – ou, como muitos a conhecem, Lindy Cometa. Artista, radialista, administradora e ativista, Lindy fundou o Instituto Intermunicipal de Cultura, Ciências e Educação do Estado da Bahia (IICCEEB), com o propósito de ajudar as famílias na superação das suas vulnerabilidades. Atualmente, isso acontece conectando meio ambiente, educação e geração de renda.

“O IICCEEB surgiu porque eu não conseguia ignorar os problemas sociais ao meu redor. Trabalho com comunidades quilombolas, onde o racismo e a desigualdade ainda são brutais. Vi crianças que só comiam na escola, idosos sem acesso a cuidados básicos e jovens que, sem oportunidades, acabam seduzidos pelo crime. Eu sabia que precisava fazer algo”, conta.

O IICCEEB atua em diversas frentes, desde a educação até projetos ambientais que buscam oferecer uma nova perspectiva econômica para quem sempre esteve à margem. Entre esses projetos, um dos mais promissores é o Florestas Frutíferas Planejadas e Sustentáveis, uma iniciativa que combina a preservação ambiental com a segurança alimentar e a inclusão produtiva.

Árvores que alimentam e salvam vidas

A iniciativa de florestas frutíferas nasceu de uma constatação simples, mas poderosa: há muita terra improdutiva e muita gente passando fome. “As comunidades rurais possuem terras férteis, mas sem conhecimento e investimento, elas ficam abandonadas. Enquanto isso, os frutos que poderiam alimentar uma família inteira apodrecem no chão”, explica Lindy.

A solução? Ensinar essas comunidades a plantar e cuidar de florestas frutíferas, criando um sistema sustentável onde o próprio ambiente se fortalece. Além disso, a iniciativa prevê um programa de troca de alimentos entre vizinhos, incentivando uma economia solidária local.

Mas o impacto vai além da alimentação. As árvores são fundamentais para a regulação do clima, ajudando a manter os solos úmidos, preservando nascentes e combatendo o efeito estufa.

“As árvores têm um papel essencial na proteção da biodiversidade. E quando um agricultor entende que aquela árvore pode gerar renda, ele deixa de derrubar e passa a proteger”, ressalta.

Crédito de carbono e novas oportunidades

Outro ponto central do trabalho é

Projeto Museu em Movimento
Fotos: arquivo pessoal
Reunião na comunidade quilombola de São Francisco do Paraguaçu
“Mudar o mundo começa com uma semente – e todos podem plantar a sua.”

a introdução das comunidades rurais no mercado de crédito de carbono – um conceito que, embora pouco conhecido, pode mudar realidades.

“O crédito de carbono permite que quem preserva florestas receba uma compensação financeira. Grandes empresas, que precisam reduzir suas emissões de CO², pagam por essa preservação. Mas muitas comunidades não sabem que podem se beneficiar disso”, explica.

O IICCEEB pretende capacitar pequenos produtores para que possam registrar suas terras em bancos de crédito de carbono e garantir uma fonte de renda contínua apenas mantendo suas florestas em pé.

Uma voz que ecoa nas ondas do rádio

Sem grandes financiamentos e contando com uma equipe totalmente voluntária, Lindy faz o que pode para disseminar esse conhecimento. Além das rodas de conversa e palestras, uma de suas principais ferramentas de impacto social é o rádio.

“A fome é um dos principais problemas que nós temos, o que é uma contradição, já que existem grandes extensões de terras improdutivas que poderiam ser melhor aproveitadas.”

Reunião do Conselho Municipal do Meio Ambiente

“A rádio é um meio poderoso. Chega onde a internet não chega, entra na casa das pessoas. Através dela, conseguimos informar, educar e conectar pessoas que querem fazer parte dessa mudança”, destaca.

Desafios e o futuro

A empreendedora participou do curso Captação Inteligente, da Ago, e em um dos encontros presenciais da formação, teve a oportunidade de conhecer pessoas de outras localidades e projetos. Ela ressalta a importância das trocas que aconteceram ali, destacando o conhecimento referente ao crédito de carbono, que veio por meio de um dos participantes do encontro.

Sempre buscando conhecimento e, mais do que isso, procurando colocá-los em prática, Lindy não desanima. Seus olhos brilham ao falar dos planos futuros, como a criação da Central do Campo, um espaço onde pequenos agricultores poderão comercializar seus produtos, receber capacitação e acesso a financiamentos.

“Meu sonho é ver essas comunidades crescendo com autonomia, sem depender de promessas políticas vazias. Quero que as crianças quilombolas possam sonhar sem medo da fome. Quero que os jovens tenham alternativas reais ao crime. Quero que a terra que nos sustenta seja nossa aliada na geração de oportunidades”, conclui.

Conheça mais sobre o trabalho do IICCEEB:

HPrêmio Impacta Espírito Santo: fortalecendo o ecossistema de negócios de impacto

ENTRE INOVAÇÃO E PROPÓSITO, O ECOSSISTEMA CAPIXABA DE NEGÓCIOS DE IMPACTO CELEBRA INICIATIVAS QUE TRANSFORMAM DESAFIOS SOCIOAMBIENTAIS EM SOLUÇÕES SUSTENTÁVEIS

á momentos em que testemunhamos o futuro sendo construído diante de nossos olhos. Foi essa a sensação que tive durante a cerimônia do Prêmio Impacta Espírito Santo 2025, realizada em 20 de fevereiro no Sebrae Vitória.

O evento não apenas reconheceu empreendedores visionários, mas também evidenciou como o estado capixaba está se posicionando na vanguarda da economia de impacto no Brasil.

Como um dos representantes da Ago Social, realizadora do evento junto ao Impact Hub Grande Vitória, pude

observar de perto o brilho nos olhos de cada empreendedor que subiu ao palco.

Ali não estavam apenas empresários em busca de lucro, mas agentes de transformação que escolheram enxergar nos problemas sociais e ambientais oportunidades para criar negócios prósperos e com propósitos fortes. Além da sala lotada com 84 pessoas na primeira edição do Prêmio, me impressionei com as soluções inovadoras apresentadas. Pudemos criar um ambiente de conexão e colaboração essencial para impulsionar negócios que movimentam a economia de impacto no estado.

ES na vanguarda dos negócios de impacto: O Espírito Santo tem se destacado nesse cenário, estando entre os 4 estados mais avançados na adesão formal ao Simpacto (Sistema Nacional de Economia de Impacto) do Governo Federal. Além disso, foi o primeiro Estado da região sudeste a assinar o termo de adesão ao Sistema.

A banca de avaliação foi formada por organizações dinamizadoras do setor, instituições de ensino e pesquisa, grandes empresas e representantes do MDIC e da Secretaria de Estado do Meio Ambiente do ES

"O prêmio Impacta Espírito Santo mostra a força, a criatividade e a importância de se estimular uma economia de impacto, que desenvolve negócios que geram receita e lucro resolvendo problemas sociais e/ou ambientais. É a economia do futuro acontecendo no presente", destacou Rodrigo Rollemberg.

Prêmio Impacta Espírito Santo reúne mais de 80 pessoas para celebrar o ecossistema capixaba de Negócios de Impacto
Foto: Bianca
Machado
Foto: Bianca
Machado

Entre os destaques da premiação, a Pneuvix Ambiental conquistou o primeiro lugar ao apresentar um modelo de negócio que alia sustentabilidade ambiental e inclusão social. A empresa transforma pneus inservíveis em matéria-prima para diversas aplicações, enquanto emprega reeducandos e egressos do sistema prisional.

Luiz Alberto Baptista compartilhou como a Pneuvix atende 52 municípios capixabas e recebe pneus descartados de quatro estados. Com mais de 25 mil toneladas e 1,8 milhão de pneus reciclados, a empresa demonstra como um problema ambiental pode se transformar em oportunidade de mercado e impacto social positivo.

“Queria agradecer à Ago Social, Impact Hub, SEBRAE, Secretaria de Estado de Meio Ambiente e ao Governo de Estado do Espírito Santo por promoverem esse evento que é de suma importância dar voz e visibilidade às empresas que vêm promovendo ações de impacto ambiental e social positivo em solo capixaba”, compartilhou Luiz Alberto

O segundo e terceiro lugares demonstraram a diversidade do setor.

O Ideias, representado por Luana Romero, apresentou uma abordagem humanizada para reintegração de posse em áreas ocupadas irregularmente. Já a Klumie, com Janine Gomes, trouxe soluções para inclusão e acessibilidade de pessoas surdas.

O evento contou com figuras importantes como Rodrigo Rollemberg, Secretário de Economia Verde do MDIC (Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços), e Felipe Rigoni, Secretário de Estado do Meio Ambiente do ES.

Um movimento em crescimento

Como observou Licia Mesquita, Diretora do Impact Hub Grande Vitória, "Foi inspirador ver tantas iniciativas inovadoras sendo reconhecidas e conectadas a novas oportunidades"

Wagner Correa, Superintendente da Fecomércio-ES, patrocinadora do evento, também ressaltou: "O evento teve a capacidade de apresentar o quanto é forte e necessário todo movimento promovido"

Durante a premiação, foram anunciadas novas oportunidades para os negócios de impacto no estado, incluindo editais da SEAMA (Secretaria do Meio Ambiente e Recursos Hídricos) e FAPES (Fundação de Amparo à Pesquisa e Inovação do Espírito Santo), além de programas de aceleração promovidos pelo SEBRAE ES e pelo Das Pretas.

Como testemunha desse momento para o ecossistema capixaba, saio com a certeza de que iniciativas como o Prêmio Impacta ES são fundamentais para fortalecer negócios que enxergam na solução de problemas socioambientais a verdadeira vocação do empreendedorismo contemporâneo.

Fica aqui também o agradecimento aos apoiadores do evento: SEBRAE, Fecomércio Espírito Santo, SEAMA, Das Pretas, Oppen Social e Impacta Mais.

Secretaria do Meio Ambiente do ES

Da esquerda para a direita, Lícia Mesquita (Impact Hub), Luiz Alberto (Pneuvix) e Vinicius Bazan (Ago Social) após a entrega do prêmio ao grande vencedor da noite
A Revista AGORA marcou presença no evento e foi distribuída para todos os presentes
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Foto: Bianca Machado
Foto: Bianca Machado

Foto: Gus Benke

MO caminho mais rápido para empresas gerarem impacto positivo efetivamente

uito tem se discutido sobre o papel das empresas na transformação da nossa sociedade, seja na mitigação de impactos ambientais, no desenvolvimento das comunidades do entorno ou no apoio a causas sociais. Cada vez mais, em fóruns, congressos e eventos do setor, esse tema aparece no formato de cases, exposição de novas rotinas de governança, processos, inovações e assim por diante.

A intenção é o que muda a tomada de decisão. É o fator gerador de todas as ações que geram impacto positivo.

Porém, há um ponto que parece estar esquecido e que, para mim, é o pilar fundamental da criação de uma nova economia.

O que diferencia um negócio tradicional de um negócio de impacto?

Talvez você diga que é o produto, ou a cadeia de valor, ou mesmo a mensuração de impacto que ele realiza. Porém, como trouxemos na reportagem de capa desta revista, por trás de uma organização existem pessoas. Portanto, o que faz com que as pessoas que estão nas empresas criem produtos que geram impacto, construam cadeias de valor baseadas em relações de impacto positivo ou se empenhem em desenvolver inovações que melhorem a nossa sociedade?

A intenção é a peça-chave

A resposta para esse dilema é a intenção. Obviamente, vem a pergunta: como podemos trabalhar a intenção para que as empresas sejam

geridas por pessoas que pensem no impacto positivo na sua tomada de decisão?

Quando ouvimos histórias de gestores, em qualquer nível hierárquico, que têm o impacto positivo como um dos elementos na avaliação para sua tomada de decisão, escutamos relatos de experiências que transformaram sua percepção do meio. Pode ter sido um trabalho voluntário na faculdade que mostrou uma realidade que ele não conhecia; pode ter sido alguma experiência familiar que ampliou sua percepção do meio em que vive; ou um programa que o colocou em contato com algo totalmente desconhecido, entre outros exemplos.

Porém, o que vemos em comum: a vida proporcionou alguma experiência que ampliou sua visão de mundo.

Líderes com uma nova mentalidade

Talvez, se você atua em alguma corporação, esteja pensando: uma empresa é uma organização cujo objetivo é gerar lucro e entregar resultados. Se alguém vier com a intenção de gerar impacto positivo apenas, será um corpo estranho, que automaticamente não se adaptará e, de uma forma ou de outra, sairá da companhia — ou será redirecionado para um braço filantrópico da empresa.

Porém, precisamos de lideranças que implementem a intenção de gerar impacto positivo para a sociedade junto com a perpetuidade e a geração de resultados positivos para a empresa.

Em uma conversa com Gustavo Luz, Diretor Exe-

UMA REFLEXÃO SOBRE O PODER DA INTENCIONALIDADE

cutivo do Fundo Vale, falávamos justamente sobre como desenvolver lideranças que estejam nas organizações — empresas ou mesmo no poder público — e que tenham um outro prisma na sua tomada de decisão.

Aprofundando esse tema, trago aqui algumas ideias sobre o que as empresas e a sociedade podem fazer para acelerar uma tomada de decisão intencional:

Alta liderança pensando em Valor Compartilhado

As empresas iniciam suas jornadas lutando para encontrar um mercado, um bom produto/ serviço, pagar seus impostos e garantir boas condições de trabalho e remuneração ao time.

Após superarem essa fase, começam a se perguntar: o que mais falta? Começam a mitigar o impacto até chegar o momento em que visualizam a possibilidade de gerar lucro e impactar positivamente a sociedade. Isso já tem acontecido com várias grandes empresas — tenho acompanhado esse crescimento nos últimos anos, e a Ago Social vem realizando projetos que criam esse valor compartilhado.

tariados de mentoria a lideranças de organizações sociais —, este último sendo o que temos trabalhado intensamente na Ago Social nos últimos anos.

E, de fato, percebemos como os colaboradores começam a enxergar as decisões sob um novo prisma após experiências imersivas em organizações sociais ou negócios de impacto.

É uma outra forma de trazer novos aspectos para uma nova forma de pensar.

Experiências e formações para os colaboradores

Por fim, temos também atuado com formações e imersões com colaboradores sobre impacto positivo, onde vemos que muitos não tinham a mínima ideia do que é impacto positivo e de suas possibilidades.

Agora é a hora de sair do “ou” (ou é impacto positivo ou é lucro).

Precisamos entrar no ‘e” (é impacto positivo e geração de valor para empresa e geração de valor para todos).

Para tanto, é fundamental que as lideranças corporativas (não apenas das áreas de sustentabilidade ou RSC) comprem essa ideia. Mostrar cases e histórias de sucesso (que são inúmeras) é essencial para isso.

Porém, aqui há um grande desafio: o valor compartilhado acontece no longo prazo. São testes, adaptações e uma construção coletiva, muitas vezes mais lenta do que o mundo corporativo gostaria. E essa realidade é incompatível com uma mentalidade de curto prazo.

Programas de Voluntariado Corporativo

Esse é um modelo de mudança de mentalidade bottom-up (que geralmente começa entre os colaboradores e, depois, chega às lideranças).

Esse tipo de atuação vem ganhando força e aproxima os colaboradores de uma nova realidade, capaz de mudar sua percepção do meio e, portanto, seu modelo de tomada de decisão. Hoje existem inúmeros modelos de programas de voluntariado — desde os mais operacionais (reformas, construções e mutirões) até volun-

Aqui, é interessante trazer as problemáticas existentes no mundo atual, a quantidade e diversidade de soluções disponíveis e, por fim, como as empresas têm se relacionado com essas soluções nos tempos atuais.

Um olhar não assistencialista, mas sim inovador, de valor compartilhado, é fundamental para que os colaboradores enxerguem o impacto positivo como parte da estratégia de sua corporação — e não como uma ação colateral.

O caminho para uma transformação efetiva do mundo corporativo passa por uma mudança na forma como as pessoas tomam suas decisões e, portanto, pela intenção: resultado puro ou resultado compartilhado?

E você, já pensou sobre qual — ou quais — são suas intenções na sua tomada de decisão?

CONFIRA OS PRÓXIMOS EVENTOS DO SETOR E SE PROGRAME PARA APRENDER E FAZER NOVOS CONTATOS!

ABRIL

Líderes Sustentáveis

ESG e Sustentabilidadeintegração entre comunidades e negócios 22 e 23 de abril Gramado (RS)

ABRIL

Change Now

Soluções de impacto positivo para o planeta 24 a 26 de abril

Paris (França)

MAIO

Congresso Gife

Investimento Social Privado e Filantropia

07 a 09 de maio Fortaleza (CE)

Congresso Nacional de ESG

ESG e Sustentabilidade 13 e 14 de maio

São Paulo (SP)

Fórum Brasil de Gestão Ambiental Inovação e soluções sustentáveis 21 a 23 de maio

Holambra (SP) JUNHO

Festival ABCR

Captação de recursos e gestão para o Terceiro Setor

16 e 17 de junho

São Paulo (SP)

JULHO

Congresso Sustentável 2025

Sustentabilidade 01 e 02 de julho

Belém (PA)

Impact minds - Latimpacto

Desafios sociais e ambientais

31 de agosto a 03 de setembro

Medelín (Colômbia) SETEMBRO

extraordinário fortalecimento do setor de impacto.

a.amorim@agosocial.com.br

Parceiros Ago: agosocial.com.br

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