Revista AGORA #003- Janeiro a março - 2024

Page 1

SOCIAL E ESG

EM REVISTA

AGORA

Uma publicação da

filantropia

�o��ni�a��� par��ria�� ino�a��o�

Assine e receba as próximas edições

diversidade disciplina

equidade

�n�a�a��nto�� in�l���o�

Confira o evento!

ecossistema persistência foco ética justiça sustentabilidade

voluntaria�o�

empodera��nto�

As vozes do impacto social

O IMPACTO
Edição n.3 | Janeiro-Março 2024

ANTES DE COMEÇAR A LEITURA...

...assine e receba as próximas edições gratuitamente.

Divulgue nas redes sociais e seja parceiro para levar este conteúdo para todo o Brasil.

Fale com a editora: f.melo@agosocial.com.br

QUERO A VERSÃO DIGITAL

Você se atualiza sobre as principais novidades e tendências do setor

Fale com a Ago

Fica de olho em notícias relevantes e oportunidades para quem atua pelo impacto

QUERO A VERSÃO IMPRESSA

Descobre o que pensam e como atuam grandes nomes do ecossistema

Se inspira com histórias de empreendedores de diferentes lugares do Brasil

agosocial.com.br @ago.social

CONHECIMENTO, O CAMINHO DO IMPACTO

Se por um lado as fontes de dados não são precisas quanto ao que se refere a todas as iniciativas e todos os atores que formam o ecossistema de impacto, por outro, é impossível não ver e sentir o que esse movimento proporciona.

Há quatro anos, quando me dei conta de que desejava ajudar quem ajuda, busquei um mapeamento da realidade do setor de impacto no nosso país. Naquele momento ficou evidente o quanto já vinha sendo feito, porém, também eram nítidas as oportunidades para que cada ação se multiplicasse e gerasse um impacto maior.

Assim, nesta edição voltamos à essência que levou ao nascimento da Ago e da AGORA. A partir de histórias de diferentes sotaques brasileiros, representamos quem são os rostos e as vozes de quem empreende por causas que vão além de si, quem considera as dores alheias e quem age hoje em prol de um futuro melhor e mais justo.

Nossa matéria de capa mostra realidades diferentes, mas que ao mesmo tempo conversam profundamente entre si. Esses pontos em comum, dos quais extraímos grandes lições, são também princípios para ações - ações de outros empreendedores e empreendedoras na direção de crescimento, ações de investidores e doadores para um foco de apoio e desenvolvimento dos projetos, ações de dinamizadores para abrir caminhos úteis e necessários.

Ainda pensando no dia a dia dessas vozes de transformação social, convidamos colaboradores e articulistas de diversas áreas para contribuir com conteúdo precioso para o processo de empreender e, essencialmente, empreender gerando impacto positivo. Temas que vão desde gestão até mentalidade não somente fazem parte da rotina de organizações sociais e negócios de impacto, mas podem ser determinantes para resultados bem-sucedidos e para a sobrevivência do empreendimento. Por essa razão, falamos de comportamento, inovação, gestão de pessoas, causas, eventos do setor, redes, desafios e cases.

Considerando tudo isso, pensamos nesta edição como uma homenagem a quem empreende socialmente e como uma fonte de informação capaz de impulsionar atitudes e gerar efeitos realmente transformadores. Entretanto, levando em conta o aprendizado trazido pelos entrevistados da matéria de capa, fica para o empreendedor social um recado no qual se deve estar sempre atento: o conhecimento é crucial, mas ao lado dele, para fazer a diferença genuinamente, é preciso ter foco, disciplina e excelência.

Ecoe sua voz!

Alexandre Barbosa (o Alex)

"O conhecimento é crucial, mas ao lado dele, para fazer a diferença genuinamente, é preciso ter foco, disciplina e excelência."
3 A Voz do Publisher

Foto: Divulgação

SCom a palavra,

alguém que torna o mundo melhor:

o empreendedor social

eria ousado afirmar que o empreendedorismo social e ambiental sempre esteve na vanguarda de ações essenciais para a humanidade?

Provavelmente não. Afinal, ações movidas por consciência e altruísmo são tão antigas quanto o convívio em comunidade. Mesmo antes de Billy Drayton e Muhamadd Yunnus popularizarem essas iniciativas, mulheres e homens sempre dedicaram tempo, esforço e, muitas vezes, seu próprio dinheiro para transformar realidades em igrejas, escolas, fábricas, ruas, cidades e no campo. Na realidade, o empreendedorismo social já tornava o mundo menos desigual antes mesmo desse nome existir!

A partir de agora, você está convidado a conhecer vozes que mudam o mundo e ter acesso a conhecimentos que impulsionam o caminho de quem empreende para o bem comum.

Por tudo isso, receber o convite para estar à frente da edição da AGORA e ter a chance de trazer ao palco os empreendedores socioambientais e suas iniciativas me faz sentir grata e orgulhosa. Sentimentos esses que foram revisitados a cada texto de nossos articulistas colaboradores e nas entrevistas que realizei com pessoas tão inspiradoras que passaram pelas formações da Ago e conduzem iniciativas responsáveis por transformar realidades nas cinco regiões do nosso país. O fato de eu ter essa proximidade e poder escrever acerca desse mundo me deixa extremamente honrada.

Esses agentes de transformação representam a missão e a razão de existir da Ago e desta revista. Sendo assim, a reportagem de capa abre espaço justamente para essas vozes de ação, superação e de conquistas. Nela, mencionamos um panorama atual e mostramos trajetórias de quem se dedica a solucionar dores sociais e questões ambientais que afetam o ser humano.

Preparamos, também, conteúdo para impulsionar o sucesso de OSCs e negócios de impacto em seu dia a dia, como questões legais, desafio de gestão e pontos de vista sobre o ecossistema. Trazemos, ainda, falas sobre tendências que aceleram o setorinovação social, engajamento de pessoas, inclusão produtiva, redes e conexões, entre muitas outras. Contamos, ainda, a história do FIFE, o maior evento de filantropia do Brasil e, por fim, você vai saber um pouco a respeito de uma das metodologias da Ago para acelerar empreendedores e lideranças de impacto.

A partir de agora, você está convidado a conhecer vozes que mudam o nosso país e ter acesso a conhecimentos que impulsionam o caminho de quem empreende para o bem comum.

Fabíola Melo

Editora-chefe Ago Social

Expediente

REVISTA AGORA ED. 3 | Jan.-Mar. 2024.

Veículo de comunicação produzido e editado pela Ago Social.

Fundadores:

Alexandre Barbosa a.barbosa@agosocial.com.br

Alexandre Amorim a.amorim@agosocial.com.br

Coordenação e projeto editorial:

Editora-chefe:

Fabíola Melo

Redação e revisão:

Fabíola Melo e Time Ago

Jornalista responsável:

Alexandre Barbosa DRT 5121/PR

Projeto gráfico, diagramação e capa: @gianapundek

Impressão: Maxi Gráfica Fale com a Redação: contato@agosocial.com.br

As opiniões emitidas nesta publicação são de responsabilidade dos autores e não refletem, necessariamente, a opinião da Ago Social. Proibida a reprodução total ou parcial sem autorização prévia.

Ago Social

4 Editorial

Especial CAPA

24 • As vozes que mudam o mundo

O potencial de transformação do empreendedorismo social

26 • O mapa do impacto da Ago

Histórias empreendedoras com diferentes sotaques

33 • O que tantas vozes nos ensinam

Inspiração e aprendizado a partir de quem realiza mudanças

PAPO DE IMPACTO

06 • Entrevista com Carla Duprat

O futuro passa pelo fortalecimento do setor

NESTA EDIÇÃO

03 • A voz do Publisher

04 • Editorial

12 • Redes e ecossistema

O ecossistema de impacto como lugar de acolhimento

16 • Causas e propósitos

ASID Brasil e o impacto que vai além da causa principal

20 • Fala social

Os caminhos para desenvolver o ecossistema de impacto

34 • Inovação social

A inovação fomentada pelas redes e conexões

35 • Gestão de pessoas

O caminho para engajar equipes

36 • Publieditorial

Ambev: inclusão produtiva e responsabilidade social corporativa

38 • Empreendedorismo na prática

Vozes do empreendedorismo: o evento que é um grande palco

40 • Vivências do empreendedor social

Lições de Lina Useche, da Alliança Empreendedora

43 • Comportamento empreendedor

O poder da resiliência

44 • Metodologias Ago

NIS - Negócios de impacto de sucesso

46 • Desenvolvimento institucional

A evolução do CEPROMM para chegar a mais beneficiários

46 • Agenda

NOTÍCIAS

08 • Eventos do setor

Conheça a trajetória do FIFE - Fórum Interamericano de Filantropia Estratégica

14 • Evento Ago

O primeiro encontro Tendências para o Impacto

18 • Panorama do impacto

O que aconteceu no setor

ARTICULISTAS AGOra

48 • Responsabilidade social corporativa

O case da Chobani

Por: Carlos Ebner

49 • Desafios o empreendedorismo

A importância da estrutura jurídica

Por: Fernanda Andreazza

Sumário
08
CAPA

A experiência que ajuda a construir um grande futuro

Com Carla Duprat

Diretora executiva do ICE, Conselheira em diversas instituições Por Fabíola Melo

NESTA ENTREVISTA PARA A REVISTA AGORA, CARLA DUPRAT FALA A RESPEITO DE SUA CARREIRA E EXPECTATIVAS PARA O SETOR DE IMPACTO

Carla Duprat é uma grande referência no setor de impacto, não apenas pela vasta experiência, mas por sua visão a respeito de oportunidades para contribuir com o ecossistema. Recentemente, ela assumiu a Diretoria Executiva do Instituto de Cidadania Empresarial (ICE), além de ser uma das cofundadoras da Coalisão pelo Impacto.

A respeito desse momento de sua carreira, Carla conversou com a revista AGORA. Confira este bate-papo!

Você foi uma das cofundadoras do Idis, liderou o instituto de uma grande corporação, têm muitas experiências como conselheira e tem atuado frente à Coalizão pelo Impacto. Agora que assumiu a diretoria do ICE, qual é a visão que você traz, o que o setor pode esperar no seu mandato?

A partir da experiência tão ampla no ecossistema de impacto, quais são as suas expectativas para o futuro do setor, no que se refere a quem empreende e a quem apoia os empreendimentos socioambientais?

"Acredito que estamos em um momento muito especial da história, em que escolhas para desenhar futuros possíveis nunca foram tão urgentes e tão necessárias."

Eu chego para integrar um time extremamente competente, comprometido, inovador e apaixonado pelo que faz! Os pilares do ICE – a inovação social, visão sistêmica e atuação colaborativa - seguem sendo o norte que orientará a nossa estratégia de futuro, já que esse ano completamos 25 anos! O setor pode esperar uma continuidade e a confirmação do compromisso com a agenda de impacto - e sempre aberta a inovar.

Acredito que estamos em um momento muito especial da história, em que escolhas para desenhar futuros possíveis nunca foram tão urgentes e tão necessárias. Acredito que tenhamos gerações imbuídas dessa vontade – uma geração pioneira que abriu muitos caminhos, que é a geração da transição e que convive com outra que já vem melhor preparada para enfrentar os desafios socioambientais da nossa atualidade. Apesar de ser muito novo, já tivemos pelo menos uma década de experimentação com instrumentos financeiros, modelos de negócio, políticas públicas incentivadoras – ENIMPACTO, por exemplo – e avanços na Academia. Ainda que os esforços sejam tímidos frente ao “mainstream” e aos desafios, acredito que é possível acelerar essas inovações porque temos lideranças que querem. Estamos a caminho da Índia com dez associados do ICE que querem conhecer o ecossistema de inovação, tecnologia e filantropia justamente para inspirar esses novos possíveis caminhos.

6
de impacto
Papo
Foto: Divulgação

Depois de trabalhar junto ao Terceiro Setor por muito tempo e alguns anos atrás passar a se dedicar a negócios de impacto, o que ainda deve vir pela frente na sua carreira? Em qual frente ainda gostaria de atuar?

Quando eu penso sobre a minha carreira, reflito sobre o enorme privilégio que sempre tive de atuar junto a lideranças inspiradoras que acreditaram em mim, no meu potencial e tiveram vontade (e a paciência!) de me ajudar a me desenvolver. Tenho procurado agir assim para com novas pessoas que entram nesse setor, pois acredito que podemos atuar com mais impacto social positivo de onde estivermos – setor público, privado, academia, terceiro setor... O tema do desenvolvimento de lideranças me move – como estimular e apoiar a jornada de desenvolvimento de pessoas que querem mudar o mundo, um passo por vez, e que sempre começa conosco mesmos? Talvez aí esteja uma oportunidade de dedicar mais tempo no futuro...

Quando perguntamos sobre a Coalizão pelo Impacto, Carla Duprat deu uma verdadeira aula sobre os resultados desse movimento que reúne grandes dinamizadores em prol do setor!

A proposta Coalizão pelo Impacto tem como ambição fortalecer e transformar os ecossistemas regionais de investimentos e negócios de impacto em 6 cidades das cinco regiões do Brasil: Belém, Fortaleza, Brasília, Campinas, Paranaguá e Porto Alegre, nas 5 regiões do Brasil. Queremos gerar uma mudança sistêmica nestas cidades, trazendo uma nova lente de impacto socioambiental.

Com base em três premissas, a Coalizão acredita que:

i) modelos de negócio podem resolver problemas sociais e ambientais;

ii) todo(a) empreendedor (a) comprometido(a) em estruturar um modelo de negócio para resolver problemas sociais e ambientais deve receber o apoio técnico e financeiro adequado;

iii) ampliar e fortalecer organizações dinamizadoras do ecossistema de impacto resulta em mais e melhores negócios de impacto e em mais investimentos.

O projeto é um compromisso de 5 anos. Em 2024, estamos no terceiro ano de atividade e destacamos realizações em diversas dimensões: Recursos financeiros: apresentação do BNDES para sensibilização dos bancos de desenvolvimento das

seis cidades com encontros de sensibilização. Organizações de apoio a empreendedores: alocação de R$ 1,2 milhões para 15 organizações que aceleraram negócios em territórios vulnerabilizados; formação de 124 pessoas em dua turmas do curso “Como Apoiar Negócios de Impacto”; curso sobre estratégia e sustentabilidade financeira para as próprias aceleradoras e incubadoras, o qual atendeu 32 pessoas de 22 organizações das 6 cidades.

Setor público: mapeamento de iniciativas públicas de fomento a negócios de impacto (100 iniciativas analisadas e 7 cadernos publicados sobre o levantamento); reuniões e eventos com gestores públicos para entregar e debater os resultados do mapeamento.

Setor privado: identificação de parceiros técnicos para a pauta de impacto com grandes empresas e realização de eventos de sensibilização com líderes empresariais para apresentação da proposta de valor de impacto.

Cultura empreendedora: oferta da trilha personalizada para os credenciados e colaboradores do SEBRAE no curso Como Apoiar Negócios de Impacto Sociais e Ambientais, com apresentação de propostas para atuar no atendimento aos empreendedores de impacto positivo; participação dos representantes da Coalizão em eventos locais, nacionais e internacionais.

Instituições de ensino superior: 84 professores das Universidades mais Engajadas (U+E) estruturaram 12 planos de ação (2023/24) voltadas para a jornada do aluno empreendedor; parcerias entre as diversas universidades e apoio entre elas para a formação de incubadoras universitárias; participação de delegações compostas por professores e reitores em congressos e eventos acadêmicos e da sociedade civil, seguida por webinars para a troca de aprendizados, bem como a colaboração na produção e disseminação de artigos.

Governança local: 140 membros, sendo 54% mulheres e 31% pessoas pretas e pardas; quatro reuniões do Conselho Nacional realizadas; 5.700 pessoas sensibilizadas por meio da participação em 42 eventos; produção de 6 relatórios trimestrais (um por cidade) e 4 nacionais.

Produção de conhecimento: Conexão ESG (parceria com Pipe Social), Guia 2.5 (parceria com Quintessa), Mapeamento das iniciativas públicas de fomento a negócios de impacto (parceria com Impact Hub), 4º Mapa de Negócios de Impacto (parceria com Pipe Social).

7

FIFE celebra uma década

transformando a

Belo Horizonte

realidade de ONGs e gestores do Terceiro Setor

23 a 26 de abril • Belo Horizonte

Belo Horizonte

Belo Horizonte

Rede Filantropia

O EVENTO PROMOVE, HÁ DEZ ANOS, UM ESPAÇO DE APRENDIZADO, TROCA DE EXPERIÊNCIAS E DISCUSSÕES APROFUNDADAS SOBRE OS DESAFIOS E AS OPORTUNIDADES PARA AS ORGANIZAÇÕES FILANTRÓPICAS

Belo Horizonte

RMaior evento sobre gestão para o Terceiro Setor! Quatro dias de

Sejam bem-vindos ao

O FIFE 2024, que acontecerá no mês de abril em Belo Horizonte (MG), pretende superar todos os números de participações, levando conhecimento prático e atualizado para fortalecer a gestão das instituições do Terceiro Setor.

Saiba mais em: fife.org.br

econhecido por sua profunda colaboração para o desenvolvimento das capacidades dos gestores do Terceiro Setor brasileiro, o Fórum Interamericano de Filantropia Estratégica (FIFE) vem, desde 2014, atuando para o fortalecimento e aprimoramento das organizações filantrópicas no país. Depois do sucesso conquistado em Belém (PA), em 2023, quando recebeu 750 participantes, o evento agora chega à sua 11ª edição e desembarcará em Belo Horizonte (MG), de 23 a 26 de abril. Nestes quatro dias, o MinasCentro receberá mais de 90 palestrantes que abordarão temas nas áreas de contabilidade, legislação, captação de recursos, administração, voluntariado, comunicação, tecnologia e sustentabilidade.

Organizado pela Rede Filantropia, o Fó-

rum se consolidou como o maior evento do gênero no Brasil e uma referência na gestão do Terceiro Setor em âmbito internacional.

Realizada em 2014, a primeira edição do FIFE recebeu 240 participantes em Natal (RN) e evoluiu ano após ano, proporcionando uma visão cada vez mais abrangente acerca das questões que permeiam o Terceiro Setor.

“Apesar do pouco público em comparação às edições mais recentes, o primeiro Fórum é considerado um grande marco para as ONGs, porque fez história”, relembra o presidente da Rede Filantropia, Marcio Zeppelini.

“A diversidade de temas abordados reflete a abrangência do Terceiro Setor, proporcionando uma experiência rica e enriquecedora para os envolvidos”, complementa.

8 Eventos do setor
Foto: Rede Filantropia
Idealização e Coordenação Pedagógica Patrocínio Ouro Patrocínio Prata Patrocínio Bronze Apoio Institucional Escola de Negócios Parceira Escola de Negócios Parceira
FIFE 2024
FIFE
2024
FIFE 2024
FIFE
Comunicação Legislação Captação de Recursos Tecnologia Assistência Social Contabilidade
2024
palestras
principais
com palestrantes
internacionais
participantes
Apoio Institucional Companhia Aérea O cial Realização Apoio Estratégico Patrocínio Ouro logotipo principal Escola de Negócios Parceira Realização Patrocínio Prata Patrocínio Bronze
e debates sobre os
temas que norteiam a gestão das OSCs,
nacionais e
e
de todo o país!
FIFE 2023
AN_FIFE.indd 17 02/02/2024 23:58:51

O sucesso da edição de estreia acabou se refletindo em Gramado (RS), onde foi realizada a segunda edição, em 2015, quando recebeu 420 gestores e profissionais. No ano seguinte, o 3º FIFE, em Fortaleza (CE), bateu o recorde dos dois primeiros anos, com 580 participantes.

Em 2017, Foz do Iguaçu (PR) foi a cidade-sede da quarta edição, reunindo 510 pessoas. Em 2018, o 5º FIFE foi promovido em Recife (PE), quando 650 participantes fizeram uma grande festa do Terceiro Setor.

O Rio de Janeiro foi a primeira cidade da Região Sudeste a sediar uma edição do evento, em 2019. O 6º FIFE foi até hoje aquele que mais recebeu público presencialmente, com 882 participantes. E foi também o último evento nesta modalidade antes da pandemia da Covid-19.

Com a disseminação da doença no país e no mundo, e ainda sem uma vacina aprovada, a REDE FILANTROPIA optou por realizar o 7º FIFE, em 2020, em formato 100% online. E o sucesso mais uma vez se repetiu, com a participação de 800 gestores e profissionais.

“Ainda que realizar pela primeira vez o Fórum totalmente online pudesse ser um desafio complexo, nós conseguimos vencer as barreiras tecnológicas e físicas”, lembra a diretora-executiva da Rede Filantropia, Thaís Iannarelli, ressaltando que a ampla experiência adquirida muitos anos antes, com eventos a distância, se mostrou essencial naquele momento.

Em outro ano atípico (2021), mas com a pandemia já em parte controlada por meio da vacinação, a comissão organizadora do 8º FIFE optou por adotar o modelo híbrido para o evento. Enquanto uma parte dos palestrantes e da plateia esteve presencialmente em Florianópolis (SC), a outra “compareceu” ao vivo nos telões. Mesmo com a mudança, o Fórum teve 900 inscritos, a maior participação geral de público da história do evento.

Em 2022, já com a pandemia sob controle, o 9º FIFE retornou integralmente presencial na cidade de Sorocaba. O Fórum levou ao interior de São Paulo 670 gestores e profissionais ávidos por atualizar conhecimentos e debater a nova realidade do Terceiro Setor após o coronavírus.

9
Foto: Rede Filantropia Foto: Rede Filantropia
Social
Foto:
Ago

to alto do Fórum, que conquista a admiração de mais pessoas a cada ano. O depoimento de Alexandre Nunes dos Santos confirma esse reconhecimento. Ele, que é analista de responsabilidade social do Instituto SYN, comemorou ao final do evento: “Foi a minha primeira experiência no FIFE e confesso que foi uma imersão valiosa no mundo do Terceiro Setor. Saio motivado a partilhar conhecimento e colocar a mão na massa”. Eventos

Para o empreendedor social Edmílson Moraes, ex-jogador de futebol campeão mundial pela Seleção Brasileira e criador da Fundação Edmílson, a experiência de participar do FIFE 2023 foi enriquecedora. Segundo ele, “Enquanto Fundação, aprendemos bastante, e esperamos que haja muito mais eventos como este para atingir pessoas e transformá-las”

Além de todo o conhecimento proporcionado, as trocas entre os participantes são outro pon-

10 AN_FIFE.indd
do setor Foto: Rede Filantropia Foto: Ago Social 240 420 580 510 650 882 800 900 670 750
2015 2016 2017 2018 2019 2020 2021 2022 2023 Primeira Edição Na ta l (RN) Gra m a d o (RS) Fo rta leza (CE) Fo z d o I gu a çu (PR) Recife (PE) Rio d e Ja n eiro (RJ) O n lin e Híb rid o Flo ria n ó p lis (SC) e o n lin e So ro ca b a (SP)
(PA)
2014
Belém
Número de participantes no FIFE desde sua abertura.

Maior evento sobre gestão para o Terceiro Setor!

Quatro dias de palestras e debates sobre os principais temas que norteiam a gestão das OSCs, com palestrantes nacionais e internacionais e participantes de todo o país!

11 23 a 26 de abril • Belo Horizonte Saiba mais em: fife.org.br Idealização e Coordenação Pedagógica Patrocínio Ouro Patrocínio Prata Patrocínio Bronze Apoio Institucional Escola de Negócios Parceira Escola de Negócios Parceira Belo Horizonte FIFE 2024 Belo Horizonte FIFE 2024 Belo Horizonte FIFE 2024 Belo Horizonte FIFE 2024 Comunicação Legislação Captação de Recursos Tecnologia Assistência Social Contabilidade
Apoio Institucional Companhia Aérea O cial Realização Apoio Estratégico Patrocínio Ouro 11 símbolo tipografia logotipo LOGOTIPO principal Escola de Negócios Parceira Realização Patrocínio Prata Patrocínio Bronze FIFE 2023 Sejam bem-vindos ao FIFE 2023 AN_FIFE.indd 17 02/02/2024 23:58:51

Ecossistema de Impacto: Um local de encontro em prol dos minorizados

O ESPAÇO DEVE SER DIVERSO E ACOLHER AS DORES DOS QUE SOFREM, TRAZENDO AS SOLUÇÕES BUSCADAS EM CONJUNTO

Ocapitalismo promoveu avanços importantes para a humanidade, mas tem nos cobrado um preço alto como, por exemplo, a exclusão de quem não se encaixa em sua “fórmula de sucesso”: pode mais quem tem mais.

É visível que o sistema “bugou”. Toda crise requer uma tomada de atitude, ou continuamos no caos ou mudamos o contexto para sair dele. Parafraseando o professor Muhammad Yunus: para buscar solucionar o problema do sistema temos que olhar para aqueles que o criaram.

É urgente repensarmos a maneira de fazer negócios.

Toda empresa deixa um “rastro” socioambientalo impacto que ela causou do início ao fim de sua ação. Contudo, uma empresa de impacto socioambiental positivo mensura tanto o seu resultado financeiro, quanto o resultado socioambiental a partir de seu core business, já que nasceu para resolver um problema socioambiental.

trabalho, mas não para acumular recursos: os valores são reinvestidos nos negócios, ampliando assim seu impacto e diminuindo as desigualdades.

E essa é uma das propostas para reorganizar o sistema. A perspectiva das diferentes camadas sociais é muito importante nessa engrenagem, pois, se não está bom para um, não tem como ficar bom para o todo. Assim, a diversidade é um valor fundamental para que seja possível a reprogramação sistêmica.

Repensar o estilo de gestão é mais do que uma questão operacional: é uma necessidade para resgatar o verdadeiro propósito social.

Dessa forma, o ecossistema de impacto socioambiental se torna o local de encontro daqueles que foram marginalizados por não possuírem o padrão do sucesso esperado, onde se acolhem as dores dos que sofrem, trazendo as soluções buscadas em conjunto, no encontro da grande maioria não midiática da população.

Por outro lado, os empreendedores sociais têm o suficiente para viver a partir de seu

A Somos Um desenvolve diversas ações e projetos com o objetivo de promover transformação social por meio dos negócios de impacto.

A organização faz parte da Coalização pelo Impacto, um movimento com o propósito de potencializar ecossistemas locais junto com

Nosso grande desafio-convite é proporcionar esse encontro, numa mentalidade colaborativa e não competitiva onde todas as pessoas são bem-vindas. A hora é agora, e agir é urgente.

organizações dinamizadoras que apoiam empreendedores. Sua missão é inspirada na frase de Muhammad Yunnus: “Sonho com o dia em que será preciso ir a museus para saber como era viver na pobreza.”

12
e ecossistema
Redes
Foto: Divulgação

Vivenciamos os nossos legados!

A Citrosuco, em parceria com a Ago Social, desenvolve o Programa Nutrir+, uma iniciativa voltada à aceleração da agricultura regenerativa, apoiando empresas a também serem agentes do impacto positivo para o planeta e a sociedade.

Para a Citrosuco, o investimento e realização em programas estruturantes é fundamento da nossa estratégia ESG. A parceria com a Ago Social está materializando este impacto!

Destaques do programa: 10 empresas participantes 15 líderes mentores

2 encontros presenciais + 30 horas on-line ao vivo

13
Orlando Nastri, Head de ESG da Citrosuco
@ citrosuco.brasil www. citrosuco.com.br

Tendências do ecossistema de impacto

EM UM ENCONTRO PARA DEBATER O SETOR DE IMPACTO, IMPORTANTES VOZES DO ECOSSISTEMA FALAM SOBRE O CENÁRIO ATUAL E NOVAS TENDÊNCIAS

Uma das fontes mais confiáveis no momento de buscar soluções para qualquer desafio ou problema é a escuta das partes envolvidas. Na Ago, o processo de construção das metodologias passa por pesquisas, entrevistas, grupos focais e conversas com especialistas nos diferentes temas.

cios de impacto e pela profissionalização e inovação das OSCs. Muitas iniciativas estão fomentando essa mudança e, principalmente, conscientizando para uma nova mentalidade, mas ainda é um processo em curso.

As relações são essenciais

O diálogo e a troca de experiências são sempre caminhos que levam ao crescimento e à inovação.

O diálogo e a troca de experiências são sempre caminhos que levam ao crescimento e à inovação. Exemplo dos benefícios dessa prática foi o encontro que ocorreu no final de 2023 reunindo vários nomes que fazem o setor de impacto se fortalecer. Um grupo admirável de atores do ecossistema se reuniu para trocar ideias e pensar juntos em como desenvolver ainda mais as organizações sociais e os negócios de impacto, comprovando que grandes resultados se constroem em conjunto.

O evento reuniu professores da rede Ago, dinamizadores do ecossistema, investidores de impacto e empresas que atuam com programas de responsabilidade social, filantropia e investimento social.

Alguns dos pontos desse debate merecem destaque por oferecerem perspectivas úteis para decisões e planejamentos:

Caminhou-se muito, mas não o suficiente

Estamos em uma jornada consistente para o crescimento e o amadurecimento, mas ainda não chegamos lá. Houve avanços significativos e o nível de maturidade do tema no país não está distante das discussões internacionais, porém, a nossa trajetória precisa passar pelo aumento da confiança nos negó-

Para que o empreendimento consiga crescer, ele precisa estabelecer relações estratégicas e se conectar com diferentes atores. Existe um ecossistema disponível e ele deve ser acessado: aceleradoras, incubadoras, organizações dinamizadoras, investidores. Por outro lado, muitas pessoas estão fazendo coisas parecidas isoladamente, deixando de aproveitar experiências já estabelecidas por não se comunicarem entre si. Os fundadores, empreendedores e gestores deveriam aproveitar mais o que já está sendo feito e trabalhar em parceria, em rede.

O terceiro setor permanece menos maduro que o setor dois e meio

Os negócios de impacto têm evoluído e recebido a atenção dos investidores e políticas corporativas de ESG e Sustentabilidade. Contudo, temos um Terceiro Setor em um estágio de menor maturidade. Isso porque ele ainda é mais conservador, mais fechado e menos aberto à inovação.

São necessários mais cases sólidos para atrair investidores

Embora estejamos em um verdadeiro período de eclosão, em que o impacto positivo tem sido “a menina dos olhos do capitalismo”, o investimento social ainda não está totalmente seguro e confiante. Para que isso

14
Evento Ago
Foto: Divulgação

aconteça, deve haver mais exemplos de sucesso a respeito da sustentabilidade e escalabilidade dos projetos e das transformações alcançadas.

O desenvolvimento institucional deve crescer

O suporte ao desenvolvimento das instituições, com apoio financeiro e de conhecimento, é outra realidade que deve se expandir muito. Atualmente, a discussão está em alta, porém com pouca gente realizando - talvez por interesses imediatos ou pela comodidade de doar sem contrapartidas ou investir em quem já está pronto e caminhando.

Por outro lado, há importantes atores do setor olhando para a potencialização do impacto a partir da formação e desenvolvimento das organizações e negócios socioambientais. Mas no fim das contas, a aproximação entre o capital e o acompanhamento para desenvolver a gestão das organizações deve crescer como forma de exponencializar o impacto gerado na ponta.

Demanda por padronização e convergência

Considerando que o setor está sendo estruturado e passando por amadurecimento, assim como acontece em qualquer área, a padronização é um curso natural. Essa questão se refere ao estabelecimento de indicadores que sejam comuns e que balizem debates e decisões. A padronização inclui também a própria linguagem aplicada aos diálogos intersetoriais sobre o tema do impacto positivo.

Muitas métricas ainda não traduzem de forma tão clara as transformações no território e na vida das pessoas, por isso essa necessidade: os padrões contribuem para facilitar a comparabilidade e as avaliações e, portanto, favorecem a comunicação entre todos os stakeholders. Pensando nisso, quem atua como dinamizador nesse contexto precisa desempenhar essa função de tradutor e ampliar o repertório para quem

está chegando agora e não entende bem a linguagem e o funcionamento.

Emergência climática e meio ambiente

Essa é uma tendência que já está em curso. Grandes empresas, principalmente buscando a mitigação do próprio impacto de suas operações, estão implementando ações de preservação e conservação do meio ambiente, empenhando-se na compensação das emissões de carbono, falando em economia verde, floresta em pé e outros temas voltados ao futuro do planeta. Outro fato é que os recursos internos e internacionais vão chegar em cada vez maior volume para essas iniciativas, e o setores dois e meio e três precisam se preparar para isso. Formação técnica e em gestão, governança e inovação devem passar a ser temas recorrentes de debate e planejamento.

Como conclusão, os participantes do evento apresentaram temas que precisam avançar para que o setor também evolua. São, certamente, considerações norteadoras para promover essa evolução que todos buscam:

• Aumentar a qualificação de organizações sociais e negócios de impacto em aspectos de gestão de sustentabilidade financeira.

• Investir na fase de testes das soluções e produtos. Tornar os empreendedores de impacto mais preparados para acessarem capital.

• Promover maior aproximação de executivos e investidores dos empreendedores socioambientais. Incentivar as empresas a implementar impacto positivo no core business.

• Preparar empreendimentos socioambientais, inclusive OSCs, para definir e mensurar indicadores.

• Estimular a formalização de organizações sociais.

Conheça o conteúdo do primeiro encontro acessando o e-book gratuito.

15
Foto: Ago Social

Você sabia que apenas 4% dos recursos de investimento social privado são destinados a projetos para inclusão da pessoa com deficiência?

Alianças que transformam

QUEBRAR AS BARREIRAS QUE EXCLUEM A PESSOA COM DEFICIÊNCIA DA SOCIEDADE - ESSA É A MISSÃO DA ASID BRASIL, UMA ORGANIZAÇÃO SEM FINS LUCRATIVOS QUE CRIA E IMPLEMENTA SOLUÇÕES SOCIAIS DE INCLUSÃO SOCIAL E ECONÔMICA DA PESSOA COM DEFICIÊNCIA

Mas você já imaginou a quem essa missão envolve e impacta, além da própria pessoa com deficiência?

No Brasil, 1 a cada 11 pessoas é uma pessoa com deficiência. O rendimento médio dessa população é R$ 1.860,00, já para a população sem deficiência, a renda média é de R$ 2.652,00. A taxa de informalidade de pessoas com deficiência é de 55% e esta mesma taxa é de 38% em pessoas sem deficiência.

Apesar dessa expressiva fatia populacional que corresponde a 18.6 milhões de pessoas (com 2 anos ou mais) não são só as pessoas com deficiência que lidam com a invisibilidade. Nos domicílios onde há crianças com deficiência, há uma queda relevante de mulheres na força de trabalho (dados: PNAD 2022).

Redes de apoio, familiares, cuidadores e, principalmente, as mães de pessoas com deficiência são impactadas diante dessa realidade. Além da desigualdade

econômica, essa população e sua rede ainda luta contra o capacitismo que as limitam, inviabilizam e excluem. Como organização social, a ASID entende que quebrar o ciclo da exclusão exige soluções complexas, estruturadas e acessíveis. Isso inclui manter-se atualizado em tempo real sobre a causa e ainda, garantir aliados para a mudança social.

Produção de pesquisas, análise de dados/tendências e obras literárias é uma das especialidades da ASID. Com a democratização de conteúdos sobre o universo da inclusão da pessoa com deficiência, é possível conquistar mais aliados para a causa e quebrar barreiras, principalmente atitudinais. O último lançamento apoiado pela ASID foi o livro “Além das Limitações - Uma jornada pela história do cuidado” de Pérola Sanfelice e Daniele Shorne. A obra convida a todas as pessoas a conhecerem a história da pessoa com deficiência sob um olhar Acesse o livro “Além das Limitações

16 Causas e propósitos
Confira um case de impacto aqui. Cadastro conexões Fotos: ASID Brasil

protagonista. O acesso é gratuito.

Fomento de Comunidades como estratégia de conexão, assessoramento e empoderamento dos públicos beneficiados e aliados. Uma das comunidades da ASID é a Comunidade Conexões, que reúne profissionais que atuam em organizações sociais de usuários com deficiência. Além de apoio nos desafios de gestão, a rede gratuita também permite que os profissionais se mantenham atualizados das melhores metodologias de impacto e inclusão, fomentando um terceiro setor inclusivo, diverso e anticapacitista.

inclusão da pessoa com deficiência? E ainda: dentro dessa porcentagem estão os incentivos fiscais que, no último ano, selecionaram apenas 6 projetos para pessoas com deficiência? Na luta incansável pela mudança social, a ASID cocria soluções com grandes empresas e juntas já implementaram mais de 300 soluções de inclusão da pessoa com deficiência no país todo. Confira um case de impacto aqui.

Você sabia que apenas 4% dos recursos de investimento social privado são destinados a projetos para

Convidamos você, leitor, para também ir além e engajar-se no mundo da inclusão. Cada vez que ampliamos o debate, compramos um produto ou consumimos conteúdos criados por pessoas com deficiência, estamos atuando por essa causa.

A organização da sociedade civil ASID Brasil foi fundada em 2010 por Alexandre Amorim, que hoje é presidente do Conselho, Luiz Hamilton Ribas e Diego Tutumi Moreira. Promovemos a inclusão socioeconômica de pessoas com deficiência. Somos uma inteligência plural e coletiva sempre adaptada e movida por desafios. Com a gente, empresas, organizações sociais e pessoas com deficiência vão implementar soluções para quebrar barreiras para a inclusão.

Visite o site asidbrasil.org.br e nos siga nas redes sociais: @asidbrasil

17
Créditos das fotos: Fotógrafas Gabriela Garcia, Renata Calvan, arquivo ASID Brasil Isabela Bonet, Presidente da ASID ao lado de Alexandre Amorim e Matheus Garcia, VP de vendas e parcerias da organização

Panorama do impacto

OS MOVIMENTOS DE IMPACTO DA AGO E DO ECOSSISTEMA SOCIAL

Eventos

Encontros para o Impacto

Reunimos em outubro, na sede do Instituto de Cidadania Empresarial (ICE), professores das formações da Ago e outros grandes parceiros dessa missão de impulsionar o empreendedorismo socioambiental.

O objetivo do evento Encontros para o Impacto foi dar luz a diálogos importantíssimos sobre o ecossistema de impacto e falar a respeito de tendências e oportunidades para todas as partes envolvidas.

Vozes do Empreendedorismo Social

Para encerrar bem o ano, realizamos a 4ª edição do evento Vozes do Empreendedorismo social.

Durante o evento, que aconteceu nos dias 13 e 14 de dezembro, alunos e alunas do programa

Negócio de Impacto de Sucesso, da Ago Social, apresentaram seus negócios para duas bancas de especialistas e investidores do setor.

Registro das duas noites de Vozes, feitas a muitas mãos

time da Ago, membros e membras da Banca Avaliadora, Intérpretes em Libras e nossos

Time Ago

O final do ano de 2023 foi marcado por muitos momentos especiais para o setor e para a Ago

Gabriela Cabral, Talita Duprat, Giovanna Caminha e Jéssica Arndt representando o time Ago ao lado de Kiko Afonso (Ação da Cidadania) e David Hertz (Gastromotiva).

Give Back Day

Em dezembro, aconteceu o evento de encerramento da 2ª edição do programa BTG Soma Meio Ambiente, do BTG Pactual em parceria executiva da Ago.

No Give Back Day, como é chamada a celebração, as organizações e negócios de impacto tiveram a oportunidade de apresentar o seu propósito diante de uma plateia mais que relevante.

Foram investidores, executivos, dinamizadores do setor e grandes nomes do ecossistema de impacto positivo.

Prêmio Pacto

Contra a Fome

A equipe da Ago teve a oportunidade de acompanhar e se inspirar durante o Prêmio Pacto Contra a Fome, um reconhecimento a ações de combate à fome e ao desperdício de alimentos.

Pudemos nos encontrar com organizações parceiras e alunos de acelerações nas quais somos parceiros, como é o caso do Instituto Novo Sertão, empreendimento que ganhou o prêmio na categoria de promoção de segurança alimentar por meio do programa Quintais Produtivos.

18 Panorama do impacto
Fotos: Divulgação Foto: Gus Benke pelo alunos e alunas participantes Gabriela Cabral, Talita Duprat, Giovanna Caminha e Jéssica Arndt representando o time Ago ao lado de Kiko Afonso (Ação da Cidadania) e David Hertz (Gastromotiva). Organizações participantes do BTG Soma Meio Ambiente celebram o encerramento de um ciclo repleto de aulas práticas, mentorias e muito networking

Projetos e parcerias

Nutrir +, Semeando o Impacto Positivo

O programa de aceleração gratuito é uma iniciativa da Citrosuco em parceria com a Ago Social, que tem como objetivo fomentar a agricultura sustentável e regenerativa nos estados de São Paulo e Minas Gerais.

Foram 170 inscrições no total e 10 empreendimentos foram selecionados, entre negócios de impacto, empresas e OSCs que iniciaram (ou iniciarão, dependendo da data de lançamento) o processo de aceleração no início de março.

Ela Empreende

Celebramos o início de muitas novas parcerias e vibramos pela continuidade de outras muito importantes para nós:

Ambev Voa

O Ambev Voa é um dos maiores programas de fortalecimento de empreendimentos socioambientais do Brasil.

BTG Soma Meio Ambiente

Estamos muito felizes em estar juntos ao BTG Pactual pela terceira vez consecutiva como parceiros executores frente ao BTG Soma Meio Ambiente.

A partir deste ano, a Ago entra como parceira no projeto para contribuir no objetivo de ampliar o impacto gerado e remodelar o programa para o foco em inclusão produtiva e geração de renda.

Jornadas Fundo Vale

Em 2024, iniciamos o desenvolvimento de uma jornada completa envolvendo colaboradores do Fundo e da Vale, além de uma imersão para Startups que fazem parte do Cubo, em São Paulo - SP. O objetivo do projeto é tornar o ecossistema da Vale um ambiente cuja governança seja sustentável e gere impacto socioambiental positivo em todas as esferas e para todos os seus stakeholders.

Outro programa que está fazendo aniversário de casa é o programa Ela Empreende, também do BTG Pactual com a parceria executora da Ago.

Em 2023, a segunda e terceira edições da formação contaram com a participação de 90 empreendedoras que atuam em favelas e comunidades de São Paulo (SP) e Rio de Janeiro (RJ).

Em 2024, 120 empreendedoras das mesmas regiões serão contempladas com workshops presenciais e mentorias com colaboradoras do BTG

É a 9ª edição do Soma e 3ª voltada para OSCs, Negócios de Impacto e Cooperativas que atuam pela conservação da biodiversidade brasileira.

Os representantes das 12 organizações selecionadas receberão, de forma gratuita, uma imersão completa durante 6 meses e mentorias com colaboradores do BTG Pactual.

Impacto Exponencial

O projeto da Fundação FEAC em parceria da Ago, com dois anos de duração, segue a todo o vapor.

Ao longo da execução desse projeto, tivemos muitas pesquisas, discussões, benchmarks, análises críticas e apontamento de objetivos, metas e indicadores.

Uma das conquistas mais recentes foi a inauguração oficial da Padaria Sabor do Bem, que é o novo negócio social do CEPROMM, OSC participante do projeto.

19
Fotos: Divulgação Registro do último encontro da segunda turma do programa BTG Soma Meio Ambiente Time Ago celebrando o encerramento da turma de SP do Ela Empreende em 2023 Registro do evento de inauguração da Padaria Sabor do Bem, do CEPROMM

Desenvolver o ecossistema de impacto? Um desafio maior do que pensamos

O FUTURO DO IMPACTO SOCIOAMBIENTAL DEPENDE DA PREPARAÇÃO E DO FORTALECIMENTO DOS ATORES QUE ATUAM DIRETAMENTE COM AS DORES DA SOCIEDADE E DO MEIO AMBIENTE. PORÉM, É PRECISO

ENTENDER COMO PROMOVER ESSE DESENVOLVIMENTO

Nos últimos anos, tenho estado à frente da Ago Social realizando os principais programas de aceleração, fortalecimento e desenvolvimento de OSCs, negócios de impacto e empreendedores sociais do Brasil. Trata-se de uma vivência riquíssima, atuando com grandes empresas, investidores e mais de 5 mil empreendedores e instituições que promovem transformação socioambiental no país.

Existe dinheiro na mesa para investir no setor, porém, o impacto somente será proporcionamente equivalente quando aplicado nos pontos cruciais de cada instituição.

Nessas interações, não raramente ouço que “se as OSCs fossem organizadas e bem geridas como empresas, resolveríamos muitos problemas que hoje não têm solução”.

Na realidade, um dos papéis dos dinamizadores do setor é exatamente investigar essa relação entre a oferta de apoio e recursos e as reais demandas dos empreendimentos. Sem isso, haverá o risco permanente de um potencial subaproveitado.

Existe dinheiro na mesa para investir no setor, porém, o impacto somente será proporcionamente equivalente quando aplicado nos pontos cruciais de cada instituição.

De fato, há espaço para melhorar pontos de gestão, capacidade empreendedora, inovação, entre outros. Porém, essa análise não pode ser simplista. Por isso, quero trazer aqui três reflexões e opiniões que tenho a respeito desse tema:

1. A questão vai muito além de copiar o modelo de gestão empresarial

É interessante que o ecossistema de impacto usa uma série de ferramentas tradicionais de gestão. Por exemplo, algumas OSCs aplicam a análise SWOT no planejamento estratégico com baixíssima capacidade de análise e, meses depois, vemos que tudo ficou na gaveta. Outras vezes, empreendedores estão no enésimo modelo de pitch, mas ainda possuem falhas significativas em seu comportamento empreendedor. Adotar recursos corporativos no dia a dia da gestão voltada ao impacto tem a chance de ser uma boa saída - desde que aplicadas e utilizadas da maneira certa, extraindo sua máxima potencialidade. Não quero dizer com isso que as ferramentas

20 Fala Social
Foto: Gus Benke *EBTIDA: indicador financeiro usado para avaliar o resultado da operação das empresas.

não são importantes, mas outras habilidades também são fundamentais. Em outras palavras, não podemos mais fazer aquela transferência “copie e cole” de expedientes empresariais e achar que imediatamente as OSCs e negócios crescerão.

Desenvolver gestores e gestoras também é parte desses processos de otimização e aperfeiçoamento.

2. A linguagem precisa ser adequada

Provavelmente você já passou pela experiência de buscar um tema, assistir à palestra de um expert naquele assunto e o discurso parecer “grego” para você. Muitos atores do setor falam exatamente isso da comunicação com empresas ou investidores.

O diálogo claro é um pressuposto das relações bem-sucedidas, e isso vale também para as associações dentro do ecossistema de impacto. Fortalecer e desenvolver o setor não se trata de trazer celebridades

para falarem, mas sim, contar com pessoas que vivenciam o ecossistema, passaram pelas dores e se conectam com elas.

Do mesmo modo, cabe ao empreendedor e à empreendedora conhecerem terminologias presentes no cotidiano dos ambientes nos quais estão inseridos: marketing, vendas, investimento, filantropia etc.

3. Transformação leva tempo

Muitas vezes as mudanças no mun do corporativo surtem resultados rápidos, por exemplo, um corte de custos que logo ajuda no EBTIDA* ou uma ação comercial que em pou cos meses aumenta as vendas. No entanto, quebrar ciclos enraizados ao longo de gerações em uma co munidade ou determinada popula ção demora anos.

Ao realizar esforços estruturantes, como acelerar empreendedores ou desenvolver a gestão de uma organização social, precisamos

saber que mesmo os resultados primários (geração de receita, sustentabilidade financeira ou consolidação da liderança) levam tempo. Quem dirá o impacto real (mudança de uma ação assistencial para estruturante, aumento do número de atendidos ou mesmo a criação de e escala de inovações sociais)! Neste sentido, o acompanhamento da evolução é vital: marcar o

A única revista que fala a mesma língua do setor de Impacto Social AGORA ANUNCIE AQUI ! contato@agosocial.com.br agosocial.com.br @ago.social Fale com a Ago

Escolha os programas de empreendedores

Formação de 2 horas on-line (gravado). Uma trilha educacional que apoia os empreendedores na escolha entre abrir uma ONG ou um negócio social, a partir dos seus objetivos.

Formação de 6 horas on-line e ao vivo. Uma formação para quem tem dificuldade em engajar pessoas na sua causa e quer estruturar um planejamento de marketing sólido.

Formação de 6 horas on-line e ao vivo. Uma formação para quem precisa de um passo a passo completo para começar a captar recursos de forma recorrente.

Formação de 30 horas on-line e ao vivo. Um programa desenhado para empreendedores sociais que estão na fase de definição e validação do seu modelo de negócio.

Acesse o site agora mesmo, escolha seu programa e supere os desafios reais com as soluções praticadas por quem alcançou o sucesso na mobilização de recursos.

22
socioambientais

de formação para

socioambientais

Formação de 6 horas on-line e ao vivo. Uma formação para quem quer gerir os recursos da organização de uma forma mais organizada e eficiente junto à sua equipe.

Formação de 30 horas (gravado + on-line e ao vivo) Um programa para quem quer conhecer as melhores fontes e estratégias para captar mais e melhor pela sua organização social.

Formação de 6 horas on-line e ao vivo. Uma formação para quem quer criar uma solução inovadora para o seu projeto social ou ambiental.

Formação de 10 horas (gravado + on-line e ao vivo). Um programa direcionado a organizações sociais que desejam expandir a sua atuação e aumentar o impacto que geram.

agosocial.com.br

@ago.social

Fale com a Ago

23 programas
empreendedores

As muitas vozes que mudam o mundo

EM TODOS OS CANTOS DO PAÍS, OLHARES INCONFORMADOS COM PROBLEMAS SOCIAIS FORMAM AGENTES DE MUDANÇA QUE SE DEDICAM A MELHORAR A VIDA DE MILHÕES DE BENEFICIÁRIOS. NESTA MATÉRIA, VAMOS CONTAR ALGUMAS DESSAS HISTÓRIAS.

Pessoas que se dedicam a propósitos

Durante o Fórum Econômico Mundial de 2021 em Davos, na Suíça, a Fundação Schwab divulgou um relatório que apresentou um número impressionante: 622 milhões de pessoas foram impactadas no mundo pelo empreendedorismo social.

O mesmo documento mostrou que o Brasil é um dos dez países onde existem mais projetos em atividade. Esse fato não surpreende tanto assim, afinal, de acordo com um estudo do IPEA (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada) realizado em 2020, mostra que todos os 5.570 municípios brasileiros possuíam ao menos uma OSC na época do mapeamento.

Esses dados nos dão uma ideia do tamanho do terceiro setor (OSCs constituídas sob o formato de associações e fundações sem fins lucrativos) e o setor dois e meio (negócios de impacto), segmentos que assumem a importante missão de contribuir para a solução de problemas sociais e ambientais no nosso país.

Por trás de cada

uma dessas iniciativas, uma ou mais pessoas trabalham em prol de uma ideia de mudança social, dedicando tempo, esforço e, muitas vezes, dinheiro para fazer o bem às pessoas ou ao planeta.

Os empreendedores e empreendedoras sociais e ambientais são importantes agentes de mobilização e engajamento comunitário e, em diferentes graus de alcance, beneficiam a vida de muita gente. Considerando isso, era de se esperar que o trabalho realizado por esses homens e mulheres fosse descomplicado, reconhecido e recebesse toda forma de apoio, certo?

Infelizmente, a realidade nesse meio é de que existe muita vontade, porém falta conhecimento nas diferentes fases de um projeto

ou empreendimento para garantir que eles cresçam ou mesmo sobrevivam.

Vozes que precisam ser ouvidas

Uma pesquisa realizada pela Ago, a partir da qual foram realizadas entrevistas e grupos focais com fundadores e gestores de organizações sociais e negócios de impacto, foram mapeados cinco grandes desafios:

Dificuldade em perceber - ou aceitar - que é possível alinhar propósito com sustentabilidade financeira, ou seja, que é possível - e não é errado - gerar receita ou lucrar ao mesmo tempo em que desenvolve um trabalho social.

Escassez de recurso financeiro. Em geral, o impacto positivo fica limitado a um baixo alcance ou deixa de ser possível depois de um determinado tempo por falta de dinheiro.

Falta de planejamento, estratégia e recursos técnicos para escalar a venda (quando existe um produto ou serviço a ser comercializado) ou para garantir recorrência na captação de recursos.

Inabilidade de gestão. Em determinado estágio do projeto ou negócio, será necessário administrar recursos financeiros e humanos e exercer uma liderança assertiva.

Ausência de uma rede de apoio. Definitivamente, faz diferença contar com pessoas durante a caminhada empreendedora. Essas conexões representam trocas, apoio e parcerias que contribuem para o desenvolvimento e para o alcance dos objetivos.

Mas qual é o caminho congruente com o sucesso, então?

Os obstáculos são vivenciados pelos empreendedores sociais no decorrer dessa trilha, e isso reforça a importância do papel dos facilitadores desse ecossistema.

Governo, empresas, investidores sociais, filantropos e dinamizadores do setor podem fazer a diferença oferecendo suporte a essas iniciativas em suas diferentes realidades para, assim, explorar todo esse potencial e beneficiar a sociedade em todos os cantos do nosso país!

Foto: Divulgação

Adiversidade

O Mapa do impacto

Agente de mudança:

Rodrigo Salles

Empreendimento:

Untamed Angling

Manaus (AM)

Programa:

Btg Soma meio ambiente

regional e de causas no cenário do impacto brasileiro vem ao encontro da visão da Ago: onde houver um problema social a ser resolvido ter um de nossos alunos empreendendo.

os números do impacto

+115 professores e facilitadores

5.000 empreendedores sociais

26 Estados + DF

283 Cidades + de 5 países

74% mulheres

Foto: Divulgação

39% negros e pardos

48% dos empreendimentos é formado por meio ambiente, educação e assistência social

Agente de mudança:

Solange Gil de Azevedo

Empreendimento:

Impacta Preta

Maringá (PR)

Curso Ago Social:

Empreendedorismo Social na Real

Negócios de Impacto de Sucesso

impacto da ago

Agente de mudança: Ana Karina Cavalcante Holanda

Empreendimento: Campo Verde da Lagoa

Beberibe (CE)

Curso Ago Social: Negócios de Impacto de Sucesso

Foto: Divulgação

Agente de mudança: Ivani Grance

Empreendimento: República das Arteiras Campo Grande (MS)

Curso Ago Social: Empreendedorismo Social na Real

Foto: Adyen

Agente de mudança:

Janine Gomes da Silva

Empreendimento:

Klumie

Vitória (ES)

Curso Ago Social: Empreendedorismo Social na Real

Foto: Divulgação

Atibaia
27
Atairu BEBERIBE
“Se a gente conseguir trazer sobrevivência digna para as pessoas, já resolveremos muitas coisas.”

Ivani Grance - República das Arteiras

história da Ivani Grance, empreendedora de Campo Grande (MS), reflete a realidade de muitas mulheres brasileiras. Profissional da iniciativa privada por muitos anos, mudou de planos depois de se tornar mãe. Para se dedicar à maternidade e, ao mesmo tempo, ter outra fonte de renda, fez um curso de costura, atividade com a qual conviveu desde a infância e que já a encantava. Começou com pequenos consertos e, ao longo do tempo, se reuniu com outras costureiras e se profissionalizou. Essa experiência despertou o prazer pela coletividade e pelo trabalho conjunto.

Formada em Ciências Sociais, iniciou um trabalho com geração de renda junto a uma ONG. Naquele ambiente, reconheceu o seu projeto pessoal de vida e o seu ideal de coletividade e colaboração, assim, e dentro da organização social, nasceu o coletivo República das Arteiras. Depois de passar por uma incubação oferecida pela prefeitura, começou o projeto ao lado de outras duas costureiras.

A busca por oportunidades

Era hora de olhar para o mercado e identificar oportunidades. Essa visão mostrou que a costura industrial era um segmento já sobrecarregado, com muita oferta. Contudo, as produções customizadas, como figurinos, por exemplo, ofereciam boas possibilidades. Porém, justamente, essa capacidade de perceber espaços e oportunidades não era algo comum às costureiras, em função da sua falta de preparo. Segundo Ivani, “as costureiras apresentam várias camadas de dificuldade que as colocam em um lugar de vulnerabilidade. São mulheres potentes, que precisam de preparos mais práticos”

Uma estrada percorrida

Ao longo do caminho, o coletivo se desenvolveu até chegar a um modelo digital. Inicialmente, operava no formato de coworking, com atendimento formativo e empréstimo de equipamentos para as costureiras da comunidade e com 15 profissionais em sua rede. Atualmente atua como uma startup, um negócio social que alcançou a fase de tração, com um primeiro MVP (Produto Mínimo Viável) já validado e outro em fase validação, e contando com 110 costureiras atendidas.

Em 2021, na primeira fase de desenvolvimento da plataforma, faltava dinheiro para concluir. “Todas as portas que eu procurei naquele ano, estavam fechadas”, conta. Nesse contexto, a empreendedora encontrou uma verdadeira rede do bem: Giseli Gimenes, desenvolvedora do site da República das Arteiras, a conectou a Ana Fontes, da Rede Mulher Empreendedora. Ana, por sua vez, a colocou em contato com a

mentora Angélica Kkyn, que enviou à Ivani o link para uma turma do curso Empreendedorismo Social na Real da Ago. Em sua passagem pela formação, ela passou a se entender como empreendedora. “Eu saí da caverna, de fato. Consegui enxergar o que era a startup, o que significava ser um negócio de impacto, onde buscar captação, diante de qual tipo de banca se colocar”, afirma.

Visão empreendedora

Quando fala a respeito dos caminhos que o empreendimento tem seguido, Ivani expressa muita maturidade. Para ela, “a República é uma caixinha de surpresas, sempre aberta a mudanças, não é uma coisa estanque. A dor, sim, é permanente. A dor de tirar a costureira da invisibilidade, de dar foco a esse ofício, de trazer protagonismo a essa costureira. A ideia é trazer o fortalecimento dessa profissional, trazê-la para esse ambiente de capacitação para que ela se veja como empreendedora e dona do seu negócio”

O ponto de virada que deu um rumo mais acertado ao trabalho, foi entender o impacto do analfabetismo digital presente entre o público de beneficiárias. A ideia do projeto tem alta aderência junto ao consumidor, mas a questão digital, essencial para o crescimento da renda das mulheres, passou a ser um ponto de atenção para a escala do negócio. Em conjunto com esse foco, hoje estão iniciando duas novas frentes de atuação com recursos recém-conquistados: uma de desenvolvimento profissional sobre o mercado e outra de formação de multiplicadoras, preparando costureiras para dar aulas. São diferentes movimentos para dar visibilidade às mulheres e seu talento, além de levá-las a estar à frente da sua própria evolução.

o site da República

Fotos: Wendy Andrade e Helen Salomão Capa - Vozes do Brasil - Centro-oeste Acesse das Arteiras Foto: Adyen Foto: Helen Salomão Foto: Helen Salomão Foto: Divulgação
Capa
“Vejo que hoje estou uma pessoa diferente. Ainda há desafios, mas agora eu consigo traçar metas e objetivos e sei o que esperamos daqui para a frente.”
Ana Karina Cavalcante Holanda - Campo Verde da Lagoa

Foto: Divulgação

OCampo Verde da Lagoa nasceu do coração”. Assim descreve Ana Karina Holanda, fundadora do negócio de impacto que fica em Beberibe (CE).

Do mesmo modo que aconteceu em diferentes pontos do país, a família de Karina precisou se reinventar durante a pandemia da Co - vid-19. Em função da perda de trabalho e para se isolar da ameaça de contágio, todos deixaram a capital, Fortaleza, e se mudaram para a casa de veraneio que possuíam.

O propósito que nasce de uma dor

Pensando em obter uma renda extra naquele período e para aproveitar o espaço do sítio de uma maneira mais produtiva, Karina realizou um estudo de solo e resolveu implementar ali duas agroflorestas, uma para a criação de abelhas Jandaíra (espécie sem ferrão, nativa da caatinga e que está em vias de extinção) e outra para a criação de galinhas caipiras.

“Eu tinha uma inquietação por fazer algo de bom no mundo, plantar árvores, amenizar a questão climática, preservar as abelhas sem ferrão”, ela conta. Foi assim que um terreno arenoso na região da caatinga se transformou em agrofloresta.

Durante esse percurso, a empreendedora começou a divulgar os avanços e sentiu o despertar de interesse das pessoas em conhecer o sítio e saber como funcionava aquele sistema de recuperação ambiental. O Campo Verde da Lagoa trouxe uma nova mentalidade para a comunidade, da agricultura familiar convencional para a utilização dos espaços de maneira mais dinâmica.

Começou, então, um movimento de visitas de estudantes, professores e pesquisadores, agregando ao local um papel de unidade demonstrativa onde era possível, além da visitação,

fazer cursos e oficinas.

Em certo momento, alguém chamou a atenção de Karina para o fato de que aquele se tratava de um negócio de impacto. A mesma pessoa indicou a Ago, e foi assim que ela chegou ao curso Negócios de Impacto de Sucesso (NIS).

Para Karina, “o impulso para essa busca foi deixar de ver o sítio somente com o coração e passar para um olhar de negócio sustentável”. Assim, a formação foi fundamental para mudar a perspectiva sobre o empreendimento. Para se ter uma ideia, até aquele momento não havia processos essenciais, como cálculo de custos e mensuração de resultados.

Mudanças para o crescimento

O conhecimento e o contato com outros empreendedores fez com que a sua percepção mudasse. Desenvolveu um pitch de venda, identificou quais aprendizados ainda eram necessários e chegou à alternativa de buscar recursos para aprimorar a solução de turismo sustentável.

“Agora conseguimos perceber onde queremos chegar com o sítio: transformá-lo em um espaço de referência, de encontros, de processos de formação. Queremos promover conhecimento sobre alimentação saudável e sobre agricultura sustentável como alternativa para os problemas climáticos”, afirma Karina.

Com acesso ao conhecimento ideal, as muitas frentes de trabalho - abelhas, ovos, viveiro de mudas, visitação e aulaspassaram a ter um olhar mais profissional, ainda que o cuidado afetuoso jamais se perca.

Foto: Divulgação

Foto: Divulgação

Foto: Divulgação

Veja aqui a reportagem sobre o Campo Verde da Lagoa

Foto: Divulgação

- Vozes do Brasil - Nordeste BEBERIBE

Foto: Divulgação

A“Enquanto andei sozinha, me privei de uma série de melhorias. Uma rede é importante para que as pessoas não desistam, é o que realmente impulsiona.”
Janine Gomes da Silva - Klumie

professora capixaba Janine Gomes da Silva atuou por mais de 15 anos com educação profissional e inovações tecnológicas. Certo dia, em uma das oficinas, ela recebeu um aluno surdo e se deu conta de que, apesar de tantos anos de conhecimento e experiência, não sabia como lidar com o jovem.

Aquela situação gerou um grande desconforto e foi o ponto de partida para se aproximar da comunidade surda na intenção de entender melhor as necessidades daquelas pessoas.

“Eu comecei a perguntar como poderia impactar aquele aluno, como poderia melhorar o desempenho dele, como quebrar essa barreira de comunicação. Então isso virou um propósito”, relata.

O nascimento de uma empreendedora de impacto

A partir daquele momento, em uma solução para oferecer àquele público e assim deu início à sua jornada como empreendedora fundando a Klumie 2020 ao lado de Estefânia Silva. Inicialmente, as soluções propostas eram a qualificação de profissionais surdos e a oferta de tecnologias assistidas para a quebra das barreiras de comunicação. Contudo, as demandas de tempo e dinheiro para o desenvolvimento de ferramentas tecnológicas mais robustas se tornaram um desafio para a sustentabilidade financeira do empreendimento.

Outra questão se fazia presente no caminho de Janine: ainda que já estivesse envolvida no meio do impacto positivo, levou um tempo até se perceber diante de um negócio social. Quando essa consciência aconteceu, procurou a Ago.

O desejo de compreender melhor o que era o empreendedorismo social e quais oportunidades poderiam haver a partir dele, fez o curso Empreendedorismo Social na Real. Dentro da formação, teve vários insights que deram um novo rumo à sua visão, às suas decisões e à Klumie.

Divisor de águas

No módulo onde foi realizada uma vivência social, de cocriação de soluções para um empreendimento real, viveu o que chama de “divisor de águas”. Naquele momento, repensou o seu modelo de negócio, reavaliou a forma de oferecer a sua solução ao mercado e até o formato de mensuração dos resultados.

Outro ponto alto em sua passagem pelo curso foi quando se deu conta de quantas parcerias possíveis estava deixan-

do de acionar. A questão do networking, inclusive, foi muito importante, pois até hoje tem parceiros que conheceu durante o programa. De acordo com Janine, “com as aulas na Ago, eu tive mais formas de compartilhamento. Quando você compartilha os medos, os anseios, é como se todos estivessem no mesmo momento, aí começam a se ajudar. Se você olhar, cada um tem uma história diferente da outra e talvez a facilidade que você teve pode ser a dificuldade de outra pessoa, e vice-versa.” Ainda no processo de redescoberta, percebeu que poderia monetizar suas soluções de maneira diferente e mais rentável enquanto as ferramentas tecnológicas ficassem prontas: adotar o modelo de negócio B2B. Nesse contexto, a Klumie passou a oferecer serviços de tradução simultânea e intérpretes de libras com profissionais em todo o território nacional.

A empreendedora já passou por várias acelerações e oportunidades de desenvolvimento. Nesta trilha marcada por tanta dedicação, recebeu o convite da Ago para ser tutora de vários cursos, o que a colocou ainda mais em contato permanente com conhecimento e novas conexões!

Com a sua jornada marcada por estudo permanente e constante por evolução, Janine é como tantos empreendedores e empreendedoras: “imparável”.

Acesse

Foto: Divulgação

Capa - Vozes do Brasil - Sudeste
Klumie aqui Janine e Estefânia Silva, cofundadora da Klumie
“Sozinhas, chegamos a algum lugar, mas juntas, chegamos mais longe.”

DSolange Gil de Azevedo - Impacta Pretas

esde muito jovem, a Sol sempre sonhou em ajudar mulheres negras. Com o seu conhecimento em desigualdades sociais, viajou pelo Brasil conhecendo realidades, fazendo palestras e disseminando conscientização sobre esses temas. Até que o seu negócio social nascesse, ela se preparou intensamente - períodos de convivências com comunidades quilombolas e aldeias indígenas, além de quatro especializações e um mestrado. Neste mesmo período, e ao mesmo tempo em que sua vida era dedicada a trabalhos em grandes corporações, mergulhou em uma uma jornada de autoconhecimento. Ali, entrou em contato com as suas próprias origens. Foi assim que, ao mergulhar na história da sua família, se deparou com vários fatos que mostravam o quanto já estava em seu DNA a herança dos projetos de inclusão social e da consciência de sustentabilidade.

O despertar da mudança

Com a construção de todo esse repertório e infeliz com a vida profissional, sentiu desejo de empreender. Neste momento, procurou por direcionamentos que a levassem a um propósito de vida com maior sentido. “Eu não queria mais, meu corpo já não pertencia mais a esses lugares. Eu estava muito triste, muito adoecida, eu me sentia perdida, foi assim que eu cheguei na Ago.”

Em 2021, esse desejo de ajudar mulheres negras veio mais forte, com a ideia de criar algo que saísse do assistencial, na direção de um negócio de impacto. Foi quando entrou na primeira turma do curso Empreendedorismo Social na Real da Ago, reconheceu a si mesma nas vivências de outros alunos e entendeu o que precisava fazer a partir de então!

“As pessoas, e até eu mesma, achavam que eu estava louca. Mas eu não era louca, eu era inovadora, eu tinha um propósito”, diz Solange.

Foi um encontro com pessoas que a inspiraram a ser quem ela precisava e a levar adiante o seu sonho de ajudar. Para a Impacta Preta, foi ainda mais: durante a formação, Solange conheceu a Luciana, uma empreendedora social de Angola, na África, que se tornou sua sócia.

Em 2022 nasceu, então, o Impacta Pretas, um espaço físico de economia criativa e colaborativa, que dá visibilidade aos produtos e serviços das mulheres negras atendidas. Além disso, um local de acolhimento, escuta humanizada e fortalecimento da autoestima, fazendo com que olhem para si e acessem todas as suas potencialidades.

Os números e a visibilidade do empreendimento, ajudam a contar a trajetória até aqui: dezenas de mentorias, palestras para mais de 600 pessoas, parcerias com mais de 15 instituições (públicas, privadas e do terceiro setor), mobilização de mais de cem mil reais em recursos, mídia espontânea e programa na TV. Mas além de tudo isso, a iniciativa comandada pela Sol já gerou transformações de vida que levaram mulheres a outros patamares. Exemplos disso são as mulheres que foram apoiadas nos estudos e chegaram ao mestrado, ou quem vendia seus produtos em feiras e passaram a atender eventos.

Repensar para avançar

Mesmo contribuindo com muitas mulheres, a sustentabilidade financeira ainda era um desafio. Porém, a virada de chave para o empreendimento foi perceber a necessidade de reformular o modelo de negócio. Isso aconteceu a partir da participação do curso Negócios de Impacto de Sucesso (Nis). Daquele momento em diante, teve início a mudança para mudar o posicionamento e se tornar um ecossistema. Por um lado, uma comunidade fortalecedora para as beneficiárias, por outro, fazer a ponte entre os serviços prestados por elas e as empresas que possuem diferentes demandas.

Agora é o momento de se reorganizar, replanejar e usar os pontos fortes já estabelecidos para se colocar em um caminho de crescimento e de mais impacto.

Capa - Vozes do Brasil - Sul
Fotos: Impacta Pretas Veja aqui o perfil da Impacta Pretas Foto: Divulgação
“Contando com um projeto de renda sustentável, deixa de ser somente a luta pela preservação do território e passa a ser a luta para proteger um legado para as futuras gerações.”
Rodrigo Salles - Untamed

Angling

Uma paixão pela Amazônia, pela selva, seus rios e peixes. Este foi o ponto de partida para um negócio de impacto que vem transformando a vida de moradores de comunidades indígenas no norte do Brasil.

Quem compartilhou essa história foi Rodrigo Salles, pescador e cofundador da Untamed Angling do Brasil, um projeto que possui parte do seu funcionamento em território brasileiro e outra parte na Bolívia, comandada por Marcelo Peres, que fundou o negócio.

Transformando turismo em impacto social

Apaixonados pelos ambientes aquáticos amazônicos e os peixes desse ecossistema, os sócios desenvolveram, em 2002, um conceito de projeto de turismo inovador: a pesca esportiva trabalhando em conjunto com as comunidades indígenas da Amazônia, em um compartilhamento igualitário dos lucros, o que gera um impacto positivo inédito localmente.

“Contra tudo e todos, contra ameaças e muitas disputas (de terra, madeira e garimpo de ouro), as comunidades permanecem lá defendendo o seu território, a floresta, a biodiversidade, os rios, os animais e os peixes. Hoje, os grandes defensores da floresta, para mim, são os povos indígenas. E não existe nesse contexto atual a preservação sem ter alguma forma de geração de renda sustentável”, afirma Rodrigo.

Com esse olhar, o trabalho da Untamed Angling estruturou seus projetos fazendo do turismo o indutor do cuidado com a floresta e da geração de renda para os povos indígenas. Outro legado fundamental é que os visitantes, ao conhecerem essas áreas onde é desenvolvido o turismo de base comunitária, também passam a ser grandes defensoras da preservação.

Contudo, mesmo desenvolvendo a atividade de forma estruturada, gerando impacto positivo para os povos originários e mantendo uma fonte de receita com o ecoturismo, o projeto se viu diante do desafio de continuar se mantendo sustentável economicamente e ter fôlego para expandir.

Neste momento, Rodrigo soube da aceleração BTG Soma Meio Ambiente de 2023, iniciativa da área de Responsabilidade Social do BTG Pactual que conta, há três anos, com a parceria executora da Ago. O projeto se inscreveu e foi aprovado.

Até então, os recursos vinham da venda do serviço de ecoturismo, formando essa rede de transformação socioambiental

com as comunidades através do turismo com base comunitária. Porém, dentro do programa, Rodrigo descobriu outras possibilidades. “O programa mostrou alternativas e abriu portas para conseguir o apoio econômico e financeiro para expansão dos projetos”, diz o empreendedor.

O plano passou a ser, então, conquistar apoio na capacitação dos indígenas e na melhoria da infraestrutura em áreas remotas de selva, como a parte de instalação de sistemas de energia solar. E a ideia deu certo! A Untamed Angling inovou mais uma vez e criou a primeira escola no Brasil para a formação de guias turísticos indígenas. A formatação está pronta e o momento é de busca por financiadores.

Rodrigo reconhece que “a grande lição foi entender que nós podemos somar e construir algo muito maior com bons parceiros”. A participação no programa, somado à experiência da sua jornada empreendedora, mostrou que há muitas possibilidades de crescimento, aproveitando, inclusive, a visibilidade mundial e a valorização que o projeto possui.

Nesse caminho, o empreendimento está construindo um grande legado: deixar para as futuras gerações um propósito de responsabilidade social, renda sustentável para os povos indígenas e preservação da selva amazônica.

Foto: Divulgação Conheça a Untamed Angling Fotos: Untamed Angling Capa - Vozes do Brasil - Norte

O que tantas vozes nos ensinam?

Oque fica de mais marcante depois de conhecer histórias tão admiráveis? Certamente, uma das coisas é o reconhecimento pelos esforços pessoais na intenção de converter trabalho em impacto. Outro fator é o respeito pela superação dos obstáculos e das dificuldades em favor de um bem maior.

A verdade é que esses empreendedores e empreendedoras inspiram e também ensinam. Compartilhar essas lições reflete, sim, admiração, mas é algo que vai além, desperta identificação por parte de que também têm o desejo de empreender ou que já estão nesse percurso e, tantas vezes, se sentem sós ou sem respostas. Essas vozes ensinam a aprender, reaprender e se reinventar, a transformar compaixão em propósito. No entanto, algumas questões perpassam todas as histórias que foram vistas, e esses pontos merecem ser reforçados.

Reavaliações são permanentes

Às vezes, planeja-se muito, mas na prática as coisas acontecem de forma diferente. Isso requer novas análises, redefinição de rotas e atitude para mudar o que for necessário.

Rotina e comodismo não são palavras presentes no dicionário do empreendedorismo de impacto.

O aprendizado eterno

Se existe algo de permanente nesta trajetória é o fato de que os cenários mudam, novos desafios surgem e oportunidades diferentes aparecem a todo o momento. Logo, a evolução exige atualização de conhecimento. Por esse motivo, o desenvolvimento e o aprendizado precisam ser permanentes.

Nem tudo é dinheiro

Embora o recurso financeiro seja indispensável, pouco adianta ter dinheiro e não saber o que fazer com ele com sabedoria e estratégia. Aqui entra a busca por informações e desenvolvimento.

Apoio e conexões levam mais longe

Ouvir as ideias e as experiências de outras pessoas amplia a visão de possibilidades. As conexões dão perspectivas de crescimento em conjunto e permitem apoio mútuo. Portanto, contar com os parceiros certos ao longo da caminhada a torna mais rica e leve.

Foco no impacto

Paixão é um motivador, mas o empreendedor e a empreendedora precisam se apaixonar pelo impacto pretendido, não pela ideia original. Isso significa ouvir permanentemente os stakeholders (principalmente o beneficiário final), ter um olhar voltado às oportunidades e uma mentalidade aberta para o novo. Essas vozes e seus aprendizados precisam ser compartilhadas, elas podem representar a realização de tantos outros projetos e sonhos que em breve alcançarão quem ainda está à espera de ver um mundo melhor!

CRESCIMENTO E IMPACTO

Uma trilha percorrida corretamente leva à sustentabilidade financeira e leva transformação para os beneficiários das suas ações

MODELO DE NEGÓCIO

Aqui a solução é colocada à prova e onde você garante a rentabilidade desse produto ou serviço

INSPIRAÇÃO

O começo da jornada é o momento de se autoconhecer e conhecer o setor

1 2 3 4 5

CRESCIMENTO

ESCALA

MODELO

VALIDAÇÃO

INSPIRAÇÃO

ESCALA

Agora é a vez de praticar ações para vender mais e aumentar o faturamento

VALIDAÇÃO DA

IDEIA

Depois é hora de definir sobre qual problema a sua solução pretende atuar

TRILHA DO EMPREENDEDOR SOCIOAMBIENTAL

Orquestrando o Impacto: Uma Sinfonia de Transformação Social

Cofundador da Verda, Consultor internacional, Conselheiro do Capitalismo Consciente Brasil, membro da Comunidade B, speaker do TEDx.

A COLABORAÇÃO MÚTUA E A HARMONIA ENTRE OS ATORES DO ECOSSISTEMA DE IMPACTO SOCIAL É UM CAMINHO PARA RESULTADOS IMPACTANTES E DURADOUROS, ALÉM DE FOMENTAR A INOVAÇÃO SOCIAL

Na grandiosidade de uma orquestra, cada músico desempenha um papel único, contribuindo para a harmonia que envolve os ouvintes em uma experiência sonora inesquecível. De maneira análoga, o ecossistema de impacto é composto por diferentes atores - o setor público, grandes empresas, negócios de impacto, investidores, dinamizadores e comunidades - todos essenciais para a criação de uma sinfonia transformadora na sociedade. Como os músicos que cooperam e se complementam para alcançar a perfeição musical, esses atores precisam agir em conjunto, interligados e corresponsáveis, para que o ecossistema de impacto alcance seu potencial máximo e promova verdadeiramente a inovação social.

Dentro desse ecossistema, os empreendedores sociais ocupam uma posição crucial. Entretanto, enfrentam desafios que podem limitar seus impactos. A visão restrita de sua atuação, focada apenas nos resultados dos seus próprios negócios, pode minar os esforços coletivos necessários para gerar mudanças significativas. É como se cada músico da orquestra estivesse tocando uma partitura diferente, resultando em um caos sonoro.

Uma proposta para quebrar essas limitações é fomentar a colaboração e a formação de redes entre os empreendedores sociais. Assim como na orquestra, onde a interação entre os músicos é vital para o sucesso da apresentação, a criação de sinergias entre empreendedores sociais pode potencializar suas capacidades e criar soluções mais abrangentes para os desafios sociais.

Aproveitando essa busca por uma orquestração perfeita do impacto social, os empreendedores devem provocar a integração entre os setores da sociedadea intersetorialidade - e também entre os demais atores

do ecossistema, construindo pontes que transcendam fronteiras tradicionais.

Com este texto, espero instigar os empreendedores sociais a adotarem três ações práticas.

1. Cultive uma mentalidade de busca contínua por inovação e aprimoramento.

2. Trabalhe ativamente em rede, colaborando com outros empreendedores sociais para amplificar o impacto.

3. Promova a intersetorialidade, construindo parcerias sólidas entre setores diferentes para criar mudanças sistêmicas.

Assim como os músicos produzem músicas inesquecíveis e agradáveis para os ouvidos, os empreendedores sociais têm a responsabilidade de causar um impacto positivo duradouro que aqueça os corações da sociedade. Orquestrando o impacto de forma coordenada e colaborativa, podemos criar uma sinfonia transformadora que ressoa em cada canto do nosso ecossistema, promovendo um futuro mais sustentável e justo.

34
Inovação social
Foto: Divulgação
O desafio do engajamento pelo propósito: o papel do modelo de gestão

COMO A GESTÃO CENTRADA NAS PESSOAS PODE REVITALIZAR ONGS, FORTALECENDO SEU PROPÓSITO E IMPACTO SOCIAL.

As organizações não governamentais (ONGs) desempenham um papel fundamental na sociedade, promovendo o bem-estar social e a justiça. No entanto, à medida que crescem e se profissionalizam, deparam-se com o desafio de manter o engajamento dos colaboradores no propósito da organização.

Este desafio é comum quando se adota um modelo de gestão mais tradicional, baseado em estruturas hierárquicas, comando e controle. Essa escolha pode ser contraproducente, pois despersonaliza os trabalhadores e simplifica as relações interpessoais a cargos especializados, regras e processos.

“O modelo de gestão de uma organização é o fator limitante do seu desempenho.”

Para organizações que se baseiam principalmente em um propósito transformador, há o risco de desencorajar o engajamento. As pessoas podem se sentir desmotivadas quando são vistas como recursos a serem gerenciados ou ao perceberem que seu trabalho não está contribuindo para algo maior do que elas mesmas.

Para superar esse desafio, as ONGs precisam adotar uma gestão centrada nas pessoas e nos seus relacionamentos, guiada por princípios como transparência, autonomia e colaboração, a fim de restabelecer a conexão emocional com o trabalho. Os colaboradores devem estar envolvidos nos processos de tomada de decisão e ter oportunidades de contribuir para o sucesso da organização como protagonistas.

Repensar o estilo de gestão é mais do que uma questão operacional: é uma necessidade para resgatar o verdadeiro propósito social. Ao desafiar as práticas tradicionais e abraçar modelos mais alinhados com a natureza única das organizações sociais, as ONGs podem fortalecer o engajamento dos colaboradores e alcançar um impacto positivo nas comunidades a que servem.

Matheus Haddad é professor em diversas formações da Ago. Em uma delas, a Liderança para o Impacto, ele apresenta uma ferramenta para formar times mais engajados e produtivos: a Gestão Ágil. Neste contexto, embora o conceito de agilidade seja tradicionalmente vinculado à velocidade, o ideal é ser encarado como adaptabilidade e confiança no time.

Quando usadas adequadamente na gestão de pessoas, as ferramentas ágeis produzem benefícios que fomentam o engajamento de profissionais e voluntários. Elas geram o compartilhamento do controle dos processos, reforçam o protagonismo dos membros do time, sem contar que ampliam e estimulam a capacidade individual de ação. De acordo com Matheus, quando se fala em gestão ágil

“o que sempre está na base é o autoconhecimento, o conhecimento do outro e a transparência. Com isso, existe autonomia de ação e confiança. Assim, todos podem ser líderes e desempenhar atos de liderança."

35
Divulgação Gestão de pessoas
Foto:

A Inclusão Produtiva é a chave para fazer do Brasil um lugar mais próspero e digno

Conhecimento, empoderamento financeiro e conexão são alguns dos pilares que podem construir um caminho de geração de renda e oportunidades para que os brasileiros integrem ativamente a produção e o mercado de trabalho.

“INCLUSÃO PRODUTIVA É COLOCAR MAIS GENTE PARA DENTRO DA RODA, PARA QUE, ASSIM, ELA GIRE MAIS!”.

A DEFINIÇÃO PROPOSTA PELO ATIVISTA SOCIAL RAULL SANTIAGO

PASSOU A SER O NORTE DA AMBEV PARA DIRECIONAR SEUS ESFORÇOS DE INTERVENÇÃO SOCIAL

Com a crescente necessidade e relevância do ESG no meio corporativo, o setor privado entendeu seu papel de se corresponsabilizar por demandas sociais emergentes.

Nos últimos anos, e reforçado pelos aprendizados que a pandemia nos deixou, se tornou evidente a compreensão de que sociedade civil, empresas e setor público precisam se unir para encontrar soluções eficazes juntos.

Ainda sobre a pandemia, esta seguiu gerando novas ondas, agora, de pobreza e desigualdade agravadas no país. De acordo com dados do IBGE de 2022,

Conhecimento, empoderamento financeiro e conexão são alguns dos pilares que podem construir um caminho de geração de renda e oportunidades para que os brasileiros integrem ativamente a produção e o mercado de trabalho, podendo superar, assim, a exclusão social. Na Ambev, esse processo começou há Thayná Nascimento Gerente de relações corporativas da Ambev

a população que se encontra abaixo da linha da pobreza e da extrema pobreza sentiu isso de maneira mais forte, atingindo diretamente mulheres negras. Dado esse cenário, a inclusão produtiva se apresenta como instrumento para mitigar essas condições.

36
Foto: Divulgação
Publieditorial
Projeto Obras Plurais

bastante tempo, com uma lente especial de crescimento compartilhado. Intuitivamente, significa dizer que, para que essa ascensão seja compartilhada, é também crucial que seja construída a muitas mãos.

Neste sentido, o setor privado não deve se incumbir de endereçar soluções para a sociedade. Na verdade, o ideal é convidá-la para a mesa de tomada de decisão e, juntos, construir essas soluções.

Diante deste cenário, nasceu o VOA, programa de voluntariado corporativo da Ambev que, 6 anos depois, com mais de 400 ONGs participantes e mais de 30 mil horas doadas de colaboradores da Ambev, reuniu aprendizados suficientes que ajudaram a resultar na plataforma sólida de Inclusão Produtiva - o Bora. Guiado pela ODS 8, ele coconstrói meios para ajudar o Brasil a prosperar.

A plataforma, que tem a ambição de alterar o ponteiro de desigualdade do Brasil até 2032, já mostra histórias impactantes por todo o país e reafirma como o trabalho e a geração de renda podem levar o brasileiro e a comunidade ao seu redor à dignidade.

Nosso objetivo é, mais uma vez, a muitas mãos, acelerar a inserção e a participação de pessoas em situação de vulnerabilidade socioeconômica no mercado de trabalho e na economia, quebrando, por fim, o ciclo de pobreza.

Um novo VOA voltado à inclusão produtiva

Em 2024, o VOA se reinventou. Após impactar 10 milhões de pessoas, o programa se reestruturou para levar inclusão produtiva para o terceiro setor. Desta vez, em parceria com a Ago Social o VOA transformará organizações sociais e negócios de impacto em verdadeiras potências de inclusão produtiva. O Diretor de Impacto Social da Ambev, Carlos Pignatari, comenta que “A inclusão produtiva é o caminho que acreditamos e apostamos em busca de um país próspero e economicamente saudável. É por isso que sentimos a necessidade de reestruturá-lo aos moldes do que acreditamos para potencializar o crescimento compartilhado no nosso ecossistema”.

As instituições selecionadas, atuantes nas causas de empregabilidade e empreendedorismo, passarão por uma intensa formação que contará com videoaulas, encontros presenciais e online, projeto prático de implementação dos conteúdos, mentorias e estudos de cases com entrevistas de representantes de organizações que são referência em inclusão produtiva. Além das instituições, o programa inova abrindo as portas para empreendedores e microempreendedores trilharem uma jornada de conhecimento para expandirem seus negócios sociais.

37 VOA: de voluntariado.
Participantes do projeto Bora Zé Alunos do Instituto Reciclar, organização que passou pelo VOA

Vozes do Empreendedorismo

UM PALCO PARA PROJETAR PROPÓSITOS

No caminho da Ago para promover e dar visibilidade ao empreendedorismo socioambiental, nasceu, em 2021, o evento Vozes do Empreendedorismo. A essência da iniciativa está descrita em seu próprio nome, ele é uma oportunidade para dar voz aos empreendedores socioambientais deste país.

Em quatro edições já realizadas, foram mobilizados mais de três mil inscritos, sendo que o primeiro Vozes chegou a atrair mais de 800 interessados de todo o país.

Nele, convidamos os protagonistas da geração de impacto socioambiental positivo para exporem suas iniciativas frente a uma banca de especialistas do setor. Na ocasião, concorrem a premiações e participam de uma excelente rodada de aprendizados, com muitos feedbacks, ideias e conselhos para os seus negócios ou organizações sociais.

A primeira edição do evento, há dois anos, foi uma iniciativa aberta ao público e dividida em duas grandes pitch nights: a primeira, para os inscritos na categoria “ideia”, considerando projetos, negócios ou organizações sociais com ou sem fins

lucrativos em estágio inicial; a segunda noite foi dedicada à categoria “investimento”, focada em negócios que já estivessem constituídos há, pelo menos, 6 meses. Foram 158 empreendimentos inscritos para 12 selecionados ganharem mais experiência com os facilitadores e visibilidade por meio dos nossos canais.

Depois do sucesso do primeiro encontro, as últimas três edições foram dedicadas, exclusivamente, a dar voz aos nossos próprios empreendedores sociais, ou seja, alunos das formações da Ago. Organizamos a mesma dinâmica do evento, mas agora com direito a votação popular para a melhor apresentação, e oferecemos uma formatura para os nossos alunos dos programas “Empreendedorismo Social na Real” (ESR) e “Negócio de Impacto de Sucesso” (NIS).

A participação do público assistindo e interagindo tem sido um destaque à parte, mostrando o quanto o setor se mobiliza para aprender com outras vivências e prestigiar os projetos de impacto positivo.

No entanto, a experiência de realizar o Vozes do Empreendedorismo vai além do que as noites de pitches proporcionam. Para a Ago, é a chance de conhecer melhor os perfis e nos aproximar ainda mais das diferentes realidades das pessoas e projetos que mudam o Brasil para melhor. Por tudo isso, ficamos extremamente honrados em criar este espaço e ver tantos empreendimentos fazendo a diferença na sociedade ao longo desses anos. Que venham novas edições!

38
Foto: Gus Benke Micheleto Empreendedorismo na prática

Foto: Divulgação

PARTICIPAR DO EVENTO VOZES DO EMPREENDEDORISMO DA AGO SOCIAL NOS AJUDOU A TER UMA VISÃO MAIS AMPLA DO NOSSO NOVO NEGÓCIO SOCIAL, COM A CONSTRUÇÃO DE UM PITCH INTEGRADO COM NOSSO NEGÓCIO E FEEDBACKS MUITO CONSTRUTIVOS DA BANCA AVALIADORA. OUTRO FATOR ESSENCIAL PARA NÓS TAMBÉM FOI O NETWORKING COM PESSOAS COM OS MESMOS PROPÓSITOS DE IMPACTO, DESDE OS PARTICIPANTES ATÉ OS PROFISSIONAIS QUE PARTICIPARAM DO EVENTO.

Fernanda Martinez, aluna participante

Foto: Divulgação

O VOZES DO EMPREENDEDORISMO TEM UM POTENCIAL EXTREMAMENTE TRANSFORMADOR, ISSO PORQUE PERMITE A TROCA REAL ENTRE PARES, BEM COMO ENTRE ESPECIALISTAS EM EMPREENDEDORISMO DE IMPACTO E PROFISSIONAIS DE OUTRAS ÁREAS. A PITCH NIGHT, ESPECIALMENTE, PERMITE QUE OS ALUNOS RECEBAM MINI-CONSULTORIAS NA FORMA DE FEEDBACK DE PESSOAS RENOMADAS DO MERCADO. ALÉM DO BENEFÍCIO PRÁTICO E REAL DOS MOMENTOS DE ESTUDOS, TROCAS E DE AVALIAÇÃO, OS ALUNOS AINDA CONTAM COM UMA EXPOSIÇÃO IMPORTANTE EM UM EVENTO VIRTUAL DE GRANDE AUDIÊNCIA E ENGAJAMENTO ENTRE INVESTIDORES E EMPREENDEDORES SOCIAIS QUE ESTÃO BUSCANDO NOVOS PLAYERS NO MERCADO DE IMPACTO.

Marilia Gessa, membra de uma das bancas

Assista o Evento

Vozes

Depoimentos de quem viveu o Vozes do Empreendedorismo

Foto: Divulgação

O VOZES DEMANDOU UM EXERCÍCIO MUITO GRANDE DE APROPRIAÇÃO, DE AUTORRECONHECIMENTO TAMBÉM, PORQUE ESSE FORMATO DE COMUNICAÇÃO SEMPRE FOI MUITO DIFÍCIL PRA MIM. AÍ EU LEMBRAVA MUITO DAS AULAS E FUI

CONQUISTANDO A AUTOCONFIANÇA QUE EU PRECISAVA PARA ESTRUTURAR O DISCURSO. O SALDO FOI MUITO POSITIVO. PRIMEIRO PORQUE EU SUPEREI A BARREIRA. SEGUNDO, PORQUE DESPERTEI O INTERESSE DE ALGUMAS PESSOAS QUE ESTAVAM NO EVENTO, INCLUSIVE NA BANCA. QUANTO MAIS A GENTE APARECE E COMUNICA DE FORMA GENUÍNA E HONESTA O QUE FAZ, A POSSIBILIDADE DE SE CONECTAR COM ALGUM ATOR, COM ALGUMA ORGANIZAÇÃO É BEM GRANDE.

Fabricio Nascimento

aluno participante

Foto: Divulgação

FICOU MUITO CLARO QUE OS NEGÓCIOS TREINARAM, FORAM BEM TRABALHADOS EM SUAS SOLUÇÕES E QUE PENSAR EM NEGÓCIOS QUE TENHAM SUSTENTABILIDADE FINANCEIRA (LUCRATIVIDADE) E QUE RESOLVAM PROBLEMAS SOCIOAMBIENTAIS JÁ ESTÁ FICANDO UM POUCO MAIS COMUM DO QUE ANOS ATRÁS. PARA QUEM TRABALHA COM NEGÓCIOS SOCIAIS, É UM GRANDE ALENTO VER ISSO ACONTECENDO. UMA OUTRA QUESTÃO É QUE QUANTO MAIS A PESSOA DEFENDE A IDEIA DELA, MAIS A SOLUÇÃO SE FORTALECE. TANTO AS APRESENTAÇÕES, QUANTO AS RESPOSTAS DOS ALUNOS, QUANDO QUESTIONADOS PELA BANCA, SEMPRE FORAM DE REFLEXÃO, ENTUSIASMO E REFORÇO DA CAUSA EM QUE DEFENDEM. É VISÍVEL QUE EXISTE UM ANTES E DEPOIS DESSE MOMENTO EM QUE ESTIVERAM JUNTO À AGO.

Andréia Cardoso membra de uma das bancas

39
Pare de tentar mudar o mundo

a qualquer custo!

TRÊS LIÇÕES PARA MOSTRAR QUE PROPÓSITO E SACRIFÍCIO NÃO

PRECISAM CAMINHAR SEMPRE JUNTOS

Lina Useche, cofundadora da Aliança Empreendedora, é professora da Ago em diversas formações sobre empreendedorismo social e liderança para o impacto

Sim,

foi isso mesmo que você leu. Mas calma, não quero que pare de querer mudar o mundo, apenas que pare para pensar qual preço está pagando e por quanto tempo vai se sustentar.

Este ano vou completar 20 anos de trajetória apoiando e mentorando microempreendedores e empreendedores sociais em todo o Brasil e em várias partes do mundo, e algo que vejo com muita frequência são pessoas bem intencionadas, fazendo a diferença na vida de outros, porém exaustas, sem perspectiva de descanso. Infelizmente, essa exaustão as

leva a adoecerem, se decepcionarem e, finalmente, desistirem de sua missão. Quando isso acontece, o potencial de transformação que existe naquele empreendedor ou naquela empreendedora se esvai e todos saem perdendo no final.

Eu também já fui uma empreendedora exausta, porém, tive uma grande sorte de contar com pessoas que me ajudaram a enxergar as coisas de forma diferente. Por isso, achei que seria importante compartilhar os três aprendizados mais importantes dessa jornada.

Vivências do empreendedor social
Fotos da matéria: Aliança Empreendedora
40
Foto: Divulgação

1ª lição: Trabalhar pelo bem comum não significa se sacrificar pelo bem comum.

Se você “pifar” não ajuda ninguém. Infelizmente, ainda nos dias de hoje, seguimos alimentando uma ideia de que o trabalho social é sacrificial, e que se não for sofrido não é válido. Contudo, na prática, empreendedores exaustos não conseguem alavancar seus empreendimentos e nem seu impacto. É necessário quebrar esse ciclo, e há ferramentas na psicologia que podem ajudar.

Existe uma linha de estudo chamada Análise Transacional (AT), um método criado em 1956 pelo psiquiatra Eric Berne, o qual estuda e analisa as trocas de estímulos e respostas, ou transações entre indivíduos. Aliás, recomendo fortemente para quem quiser se conhecer melhor e tornar seus relacionamentos mais saudáveis.

Entre muitas ferramentas que a AT nos ensina, uma delas, em especial, descreve muito bem como muitos empreendedores se comportam, especialmente aqueles que trabalham com impacto social. São chamadas de Compulsores, aquelas vozes na nossa cabeça que ditam como nos portamos e nos relacionamos. Dentre todos os compulsores, selecionei os top 4 dos empreendedores sociais: “Seja Forte’, “Esforce-se”, “Seja perfeito” e “Agrade aos outros”.

A Análise Transacional mostra que a única forma de viver uma vida saudável e feliz é adotando os Permissores, responsáveis por nos tirar da prisão dos compulsores, tão fortes e enraizados muitas vezes desde nossa tenra infância.

Os permissores são antídotos poderosos, mas só depende de nós usá-los e criar um novo conjunto de frases em nossa mente, veja só:

“VOCÊ NÃO PRECISA SER FORTE O TEMPO TODO”, “ESTÁ TUDO BEM PEDIR AJUDA”, “ERRAR FAZ PARTE DO PROCESSO”, “SEJA JUSTO E SAIBA QUE PODE DIZER NÃO”.

"Infelizmente, ainda nos dias de hoje, seguimos alimentando uma ideia de que o trabalho social é sacrificial, e que se não for sofrido não é válido, porém, na prática, empreendedores exaustos não conseguem alavancar seus empreendimentos e nem seu impacto."

2ª Lição: Aprenda a dizer NÃO, para poder dizer SIM àquilo que realmente importa.

Dizer sim para todas as oportunidades que aparecem na nossa frente é muito comum no início de qualquer empreendimento - e até importante para o processo de maturidade da inovação social, além, claro, para gerar caixa ($) rapidamente.

Mas chega o momento em que a gente já aprendeu o que precisava daquele início, entendeu qual deveria ser o foco e onde agregamos mais valor. Nessa fase, se continuarmos dizendo sim para tudo, estamos cavando nossa própria cova, pois a falta de foco dispersa a energia e os recursos e não nos deixam crescer.

Os negócios e as organizações de impacto precisam entender rapidamente qual é sua principal entrega, aquela que faz toda a diferença para o seu cliente (beneficiário ou consumidor) e focar esforços em aprimorar essa entrega para poder escalar e ampliar o seu impacto.

Em 1986, o ecologista Buzz Holling, lançou a teoria do ciclo adaptativo, que representa a resiliência de organismos, organizações e até sistemas complexos. Dentro dessa teoria, o autor destaca quatro armadilhas que se apresentam no desenvolvimento de qualquer sistema, e isso se aplica às organizações. Uma dessas armadilhas é a da pobreza, que acontece quando uma organização não consegue fazer escolhas e não é capaz de dizer não. O estudo de Holling mostra que para ser resiliente qualquer sistema precisa, em um determinado tempo, fazer escolhas, caso contrário, esgotará seus recursos e não terá fôlego para avançar. O mesmo é verdadeiro para as pessoas: empreendedores e empreendedoras costumam ficar tempo demais na função “faz tudo” e acabam por esgotar-se.

Há 10 anos, Greg McKeown lançou seu bestseller, Essencialismo: a disciplina busca por menos, e suas con-

41

clusões são tão atuais que este deveria ser seu livro de cabeceira a partir de amanhã. A obra ajuda a aguçar nosso olhar na identificação do que é realmente importante e entender o que deveríamos estar fazendo e o que realmente agrega valor. A principal lição deste livro, para mim, foi: toda vez que você diz SIM, você está dizendo NÃO para outras coisas - e muitas vezes são as mais importantes.

“Permita-se descansar, se permita pedir ajuda, se permita ser vulnerável, é assim que mudamos o mundo. E mais, se você tem o sonho de mudar o mundo, muito provavelmente você vai precisar de pessoas.”

3ª Lição: Aprenda a se valorizar e valorizar sua entrega.

Vamos falar da pedra no sapato de muitos empreendedores e empreendedoras, a precificação! Sim, a forma como colocamos preço em nossos projetos, produtos ou serviços mostra como nos vemos e como nos mostramos. Em última instância, define a quantidade de recursos que entram no caixa e o potencial de investimento na causa.

Ao longo dos anos fui aprendendo essa lição, e confesso que ainda tenho muito que aprender, mas posso falar do caminho até aqui.

Apesar do setor social ter evoluído e se profissionalizado muito, ainda vivemos com o paradigma do “sem fins lucrativos = com fins de prejuízo”, o que precisa acabar de uma vez por todas! Todo empreendimento deve, sim, ser LUCRATIVO, se não for, ele morre ou

fica na UTI! A única diferença para uma organização de impacto social é que esta não distribui o lucro entre as pessoas, ela REINVESTE e CRESCE!

É verdade que temos no mundo exemplos terríveis de busca doentia pelo lucro, entretanto, não é disso que estamos falando aqui. Na essência, o lucro é a sobra de recursos vitais para que qualquer empreendimento cresça - é vital para que organizações possam gerar cada vez mais impacto, para que um microempreendedor ou empreendedora possam aumentar sua produtividade, qualidade e crescimento, e é vital para que as organizações não percam suas pessoas mais talentosas.

Para mudar a realidade do zero a zero é necessário trabalhar na precificação, que começa no entendimento da estrutura de custos, mas também passa pela compreensão de que a inteligência e a expertise da organização e da equipe também são quantificáveis e devem ser cobradas. Lembre-se: inteligência vale dinheiro! Quando passamos a ver nossos financiadores como clientes, nossa percepção muda de uma posição de “solicitante > financiador”, para “prestador de serviços > cliente”, e claro, a precificação muda também, porque a percepção de valor é outra.

Portanto, pare de desenhar orçamentos que só pagam os custos básicos das ações, é preciso mostrar o valor da inteligência associada às ações.

Que essas lições ajudem empreendedores e empreendedoras de organizações sociais e negócios de impacto a serem mais resilientes!

42
Conteúdo completo originalmente publicado no LinkedIn
Vivências do empreendedor social

Resiliência:

a importância dessa habilidade para o empreendedorismo

VALORIZE A VULNERABILIDADE COMO UM CAMINHO PARA O CRESCIMENTO PESSOAL E BUSQUE POR HISTÓRIAS REAIS COMO FONTE DE INSPIRAÇÃO E APOIO

Quando comecei a refletir sobre o que escrever aqui, fui tomada pela ideia de que eu não deveria ser a pessoa a falar sobre resiliência, já que sou uma empreendedora que pensa em desistir com certa frequência. Foi aí que cheguei na definição de resiliência dada pela Juliana Mendanha Brandão, em sua dissertação apresentada ao Programa de Pós-graduação em Psicologia da Faculdade de Filosofia e Ciências Humanas da UFMG: "Para nós, resiliência não seria um traço de personalidade. Defendemos que seja um processo em que pessoas atingidas por adversidades e abaladas por elas lidam com a mesma de maneira a superá-la, e tornam-se mais desenvolvidas a partir desse enfrentamento, mais autorrealizadas e apresentando um bem-estar". Li isso e me dei conta de que todas as vezes que pensei em desistir, eu não desisti.

MUITOS DIZEM QUE PENSAR EM DESISTIR É FALTA DE CORAGEM OU SINAL DE FRAQUEZA.

Para mim, pensar em desistir é parte do processo de construir resiliência. Porque é quando estamos neste momento desafiador que lidamos com o lado bom da vulnerabilidade: reconhecemos que precisamos de ajuda. E aprender a pedir ajuda é, para mim, um dos principais ca-

minhos para nos tornarmos resilientes. Brené Brown, no livro "A Coragem de Ser Imperfeito" foi categórica ao dizer que “para viver com ousadia é preciso andar na corda bamba, praticar a resiliência à vergonha e avaliar a realidade, bem como contar com uma comunidade segura como rede de apoio”.

Um dos livros que mais me movimentou sobre resiliência foi Plano B, da Sheryl Sandberg, e hoje sei que ele me impactou por ter uma coisa importante que sempre busco naquilo que me inspira: histórias reais. Li pela segunda vez logo depois de ter perdido meu pai repentinamente, e foi a companhia que eu precisava naquele momento. Aqui, quem fala com vocês, é uma pessoa real, vivendo uma vida real, de uma empreendedora mulher que resiste todos os dias quando dizem (principalmente as vozes da própria cabeça) que este caminho não é dela.

Empreender é um ato vulnerável por natureza, e eu espero que você olhe para os momentos desafiadores sem que eles lhe digam sobre quem você é, mas que lembrem que somos interdependentes e que é na vulnerabilidade que nos tornamos mais fortes e humanos. Olhe para o lado e encontre histórias reais, de pessoas reais, para lhe fazerem companhia.

Eu espero que, dia após dia, você desista de desistir. Vamos?

Olhe para o lado e encontre histórias reais, de pessoas reais, para lhe fazerem companhia.

Sugestões de leitura:

A Coragem de Ser Imperfeito

Plano B da Sheryl Sandberg

43 Comportamento empreendedor Foto: Divulgação

Negócios de Impacto de Sucesso (NIS):

Um novo horizonte para empreendedores sociais

O PROGRAMA "NEGÓCIOS DE IMPACTO DE SUCESSO" (NIS) DA AGO CAPACITA EMPREENDEDORES SOCIAIS PARA ALCANÇAR SUSTENTABILIDADE FINANCEIRA E CRESCIMENTO, ABRANGENDO DESDE A DEFINIÇÃO DO MODELO DE NEGÓCIO ATÉ ESTRATÉGIAS DE VENDA E APRESENTAÇÃO PARA INVESTIDORES

CO NIS foi desenvolvido para identificar as necessidades e dores dos empreendedores, oferencedo um programa que atenda às expectativas do mercado.

omo a formação elaborada para o desenvolvimento de modelos de negócio tem o potencial de alavancar empreendimentos Qualquer solução que pretenda ter bons resultados e gerar alguma transformação precisa, necessariamente, nasce de uma necessidade real de um determinado público. Essa premissa é a base da construção das metodologias aplicadas nos cursos e programas da Ago.

A partir dessa ideia, foi criada a formação Negócios de Impacto de Sucesso, ou simplesmente, NIS.

dedores e empreendedoras sentem falta de oportunidades de desenvolvimento e informações sobre negócios de impacto, por ser um setor ainda em construção (muitas vezes, o que encontram são conteúdos genéricos, voltados para o terceiro setor.

O NIS ajuda os alunos a pensarem na sustentabilidade financeira

O NIS, programa voltado para negócios de impacto, nasceu em meio a um profundo estudo sobre qual é a trilha de aprendizado essencial para os empreendedores sociais. Ele é fruto de anos de convivência e do acompanhamento da realidade de nossos alunos e das dores e desafios surgidas nas acelerações nas quais participamos.

A relevância desse curso se dá a partir de dois prismas principais: o primeiro, se refere à grande tendência de aumento no número de negócios de impacto; o segundo, considerando que empreen-

Nessa linha, o NIS foi concebido depois de pesquisas internas com a base de alunos da Ago, pesquisa externa para entender as demandas que o mercado apresentava no momento, análise acerca do que os relatórios do ecossistema estavam dizendo, entrevistas individuais e em grupos focais. Nessa escuta, foi coletado o que faltava para desenvolverem o modelo de negócio, quais dores mais vivenciavam em relação a isso, quais conteúdos gostariam de encontrar e qual o melhor formato e metodologias atenderiam à sua expectativa.

Todo este acervo foi a base para uma construção pensada em preparar os empreendimentos para a conquista da sustentabilidade financeira e o crescimento em escala. O público pesquisado mostrou uma parcela de negócios que

44 Metodologias da AGO
Foto: Divulgação Foto: Gus Benke Foto: Gus Benke Por Fabíola Melo, Mariana Micheleto e Vinicius Bazan Articulistas Ago

haviam colocado a ideia para rodar, mas ainda precisavam desenhar um modelo que gerasse valor para todos os stakeholders e que fosse sustentável ao longo do tempo.

Esse recorte se refletiu no perfil dos 40 alunos se comprovou no perfil de alunos da primeira turma, que aconteceu em 2023: a maioria já tinha um negócio formalizado há, pelo menos, um ano; buscavam, justamente, a definição do modelo e a tração nas vendas; boa parte ainda não tinha um faturamento estável, ainda que o seu negócio fosse a ocupação principal. Havia, ainda, negócios tradicionais migrando para uma lógica de impacto, havia ONGs que queriam desenvolver ou otimizar um negócio de impacto dentro da sua estratégia para sustentação financeira, negócios b2c, b2b e b2g. Essa diversidade foi muito positiva para entender também o que faz sentido para aprimorar a metodologia.

Os fundadores e gestores, dentro desse perfil mapea-

do, têm o seu propósito muito bem resolvido, a partir da causa, mas quando partem para a estruturação de modo geral, a definição de produto ou serviço, estratégia de venda, marketing e tudo o que envolve a inserção da ideia no mercado, se revela como um dos grandes desafios da caminhada.

Por essa razão, o NIS ajuda os alunos a pensar na sustentabilidade financeira e chegar a essa realidade passando por todos esses pontos, além do conceito de inovação social até a o pitch de venda para se apresentar diante de investidores e clientes.

O fechamento com chave de ouro da primeira turma foi o evento Vozes do Empreendedorismo 4, ocasião em que foi possível testemunhar a evolução dos alunos e perceber o amadurecimento que eles conquistaram. É o que o programa também proporciona, mais clareza sobre o valor daquilo que os empreendimentos oferecem.

MARKETING E VENDAS

Definições estratégicas e conhecimentos sobre canais e técnicas de venda

3

MODELO DE NEGÓCIO

Análise sobre diferentes modelos e reformulação para o modelo ideal

4

5

SUTENTABILIDADE FINANCEIRA

Modelos de monetização e estruturação de preços e custos do empreendimento

1

2

AMPLIANDO A VISÃO

Reflexão sobre a transformação que se quer causar e sobre o pitch de vendas

COMPORTAMENTO EMPREENDEDOR

Clareza sobre o ciclo de vida do empreendimento e contato com histórias reais

45

A trajetória tem sido desafiadora, a começar pelo próprio território, o qual traz situações como o tráfico de drogas e violações de direitos de toda natureza.

Cepromm: apostando no desenvolvimento interno para beneficiar ainda mais pessoas

A ORGANIZAÇÃO SOCIAL DE CAMPINAS (SP), QUE VEM CRESCENDO DESDE A SUA FUNDAÇÃO, SE REESTRUTURA PARA BUSCAR A SUSTENTABILIDADE FINANCEIRA E A EXPANSÃO DO SEU IMPACTO

OJardim Itatinga, bairro da cidade de Campinas (SP), é considerado uma das maiores zonas de prostituição da América Latina. A extrema vulnerabilidade da região despertou, na década de 1970, a atenção dos membros da congregação do Bom Pastor, que deram início à Pastoral da Mulher Marginalizada. O trabalho, organizado pelas Irmãs do Bom Pastor, inicialmente acolhia e oferecia apoio às mulheres em situação de prostituição. Em 1993, tornou-se uma entidade legalmente constituída, com o nome de Centro de Estudos e Promoção da Mulher Marginalizada.

Entretanto, a realidade passou a trazer, junto com as mulheres, os seus filhos. Consequentemente, o trabalho da organização se estendeu para o atendimento a crianças e adolescentes da região. Então, em 2015, o nome foi ressignificado para dar mais sentido ao que, de fato, estava sendo realizado, chegando ao atual CEPROMM, Centro de Promoção para um Mundo Melhor. Atualmente, a partir de parcerias com o poder público, municipal são desenvolvidos: Serviço de Educação Infantil, Serviço de Convivência e Fortalecimento de Vínculos e Centro de Convivência Inclusivo e Intergeracional. Os atendimentos contemplam crianças a partir de 1 ano e 8 meses até pessoas idosas.

a começar pelo próprio território, que traz situações como o tráfico de drogas e violações de direitos de toda natureza. Outra dificuldade, infelizmente comum à maioria das organizações do terceiro setor, se trata da sustentabilidade financeira. A Coordenadora Geral do CEPROMM, Fernanda de Fátima Ferreira, comenta que “Neste sentido, estamos criando estratégias com a contribuição de alguns outros serviços internos que gerem receita para contribuir com o custeio das ações e despesas administrativas sem depender exclusivamente de recursos públicos”.

Exemplo disso é o projeto Impacto Exponencial, um programa de mentoria e acompanhamento desenvolvido em parceria com a Fundação FEAC e a Ago Social. Em 2023, o CEPROMM foi selecionado para integrar o iniciativa e, assim, trilhar esse percurso para dar novos pasDesenvolvimento

A trajetória tem sido desafiadora,

46
institucional
Fundadores da Ago em visita ao CEPROMM Coral de crianças atendidas pelo CEPROMM na inauguração da padaria Sabor do Bem Foto: Divulgação

sos em direção a uma governança mais eficaz e à sustentabilidade financeira.

Na fase inicial do trabalho, foi realizado um diagnóstico que culminou no plano de focar nesse fortalecimento a partir da estruturação de um negócio social. Esse passo se deu por meio da Padaria Sabor do Bem, que foi inaugurada oficialmente no início deste ano e passou a receber investimento da FEAC. A instituição já tinha uma experiência na produção e comercialização informal de panetones, contudo, dessa vez houve uma estruturação diferenciada, com ações comerciais e de marketing para

potencializar as vendas. Como parte da estratégia, o portfólio também foi ampliado para atender ao comércio local e outras demandas.

Para Fernanda, a geração de receita com a padaria vai dar suporte para um novo patamar na autossustentabilidade do CEPROMM. Com o acompanhamento e as mentorias que acontecerão até o final deste ano, a intenção é alcançar a sustentabilidade financeira para apoiar a meta de gerar mais impacto internamente (ampliando o número de crianças e adolescentes atendidos) e externamente, melhorando a condição social para fora dos muros da organização.

FEAC: investindo em novos modelos de investimento social

Oprojeto Impacto Exponencial, do qual o CEPROMM faz parte, foi idealizado pela Ago Social e realizado numa parceria com a Fundação FEAC. A Fundação, que completa 60 anos em 2024, é atualmente uma das maiores instituições filantrópicas do país, estando entre as 10 maiores investidoras sociais brasileiras.

A metodologia do projeto nasceu para sanar, em um único programa, duas das maiores dores das organizações sociais: a sustentabilidade financeira e a carência de acompanhamento e orientação personalizada. Essa visão inovadora sobre o desenvolvimento institucional nasceu a partir de observações constantes e escutas atentas ao setor e vai ao encontro de um dos pilares de atuação da FEAC, que é o fortalecimento de organizações e do ecossistema onde estão inseridas.

No caso do CEPROMM, o planejamento foi direcionado para a estruturação de um negócio autossustentável dentro da própria organização para gerar receita e garantir a expansão dos atendimentos à comunidade. Para isso, além de um plano de ação elaborado em conjunto e de suporte dedicado, houve investimento destinado à Padaria Sabor do Bem e a outras demandas internas voltadas a assegurar uma gestão mais estratégica.

Todas as ações foram pensadas em conjunto com a

organização, prática que é defendida pela FEAC pelo potencial de sucesso e de engajamento que as cocriações trazem consigo.

Para Jair Resende, superintendente da Fundação FEAC, é comum encontrar instituições realizando a sua missão em um cenário de sacrifício, com uma série de problemas de gestão ou de sustentabilidade. Reconhecendo esse fato, ele defende que cada projeto apoiado passe por um processo de escuta e customização, assim, “começa a existir uma série de atividades para essas organizações melhorarem seu poder de gestão”. Desse modo, o poder de impacto se potencializa de forma qualificada, com uma base mais sólida para cada organização sustentar o seu próprio crescimento.

Sede do CEPROMM em Campinas (SP) Time Ago em visita à sede da FEAC em Campinas (SP)
47

FOMENTANDO O CRESCIMENTO: A SINERGIA ENTRE RESPONSABILIDADE SOCIAL E

SUCESSO CORPORATIVO

O EXEMPLO DA AMERICANA CHOBANI MOSTRA QUE É POSSÍVEL ESCALAR OS NEGÓCIOS AO MESMO TEMPO EM QUE

SE OLHA PARA AS PESSOAS

NNa medida que mais empresas incorporam considerações sociais e ambientais em suas estratégias centrais, é provável que testemunhemos uma transformação significativa no mundo corporativo.

o cenário empresarial moderno, observa-se uma valorização crescente de empresas não só pelo seu sucesso financeiro, mas também pelo impacto socioambiental positivo que elas geram.

Essa transformação não é apenas uma tendência, mas uma mudança profunda na forma como as empresas operam e são percebidas por consumidores, partes interessadas e a sociedade em geral.

A Chobani, liderada por Hamdi Ulukaya, exemplifica esta atuação, combinando sucesso comercial com consciência social. A empresa novaiorquina, conhecida por seu iogurte grego, destaca-se por pagar salários acima do mercado e impulsionar o desenvolvimento comunitário, reduzindo o desemprego em 50% nas regiões onde atua. Para se ter uma ideia, em 2019, 30% da força de trabalho era formada por imigrantes e refugiados.

De uma startup modesta a um colosso de mercado avaliado em mais de 10 bilhões de dólares, esta não é apenas uma história de triunfo financeiro. O ethos da Chobani, claramente articulado por Ulukaya, baseia-se na crença de que o propósito de uma empresa é acelerar o bem-estar universal –um princípio que ressoa profundamente em suas operações e filosofia corporativa.

A empresa sempre pagou salários acima do mercado, demonstrando um profundo respeito e cuidado com sua força de trabalho. Ao promover um ambiente de trabalho solidários e inclusivo, não só melhorou a qualidade de vida de seus colaboradores, mas também estimulou o desenvolvimento comunitário e o crescimento econômico. Essa abordagem impactou socialmente nas comunidades ao redor de suas fabricas, reduzindo o desemprego em mais de 50%. Esses são exemplos convincentes de como o sucesso corporativo e a responsabilidade social não são excludentes, mas sim, mutuamente reforçadores.

A perspectiva de encarar as empresas como guardiãs do bem-estar social e ambiental incentiva outras corporações a transcenderem seus resultados financeiros e alocarem uma parte de seus lucros para o bem maior. Este caso sinaliza uma tendência a partir da qual negócios que adotam práticas sustentáveis e socialmente responsáveis não só ganham a lealdade dos consumidores, mas também alcançam um desempenho comercial superior.

A Chobani serve de inspiração para outras empresas que visam contribuir para um futuro mais equitativo e sustentável, provando que o impacto social positivo e o sucesso corporativo podem andar de mãos dadas.

48 Responsabilidade social corporativa
Foto: Divulgação

Quais os desafios do empreendedor social?

"ESSES INDIVÍDUOS CHAMADOS EMPREENDEDORES SÃO OS AGENTES DE MUDANÇA NA ECONOMIA."
JOSEPH SCHUMPETER

Por Fernanda Andreazza, Articulista Estruturação Jurídica e Governança Sócia Andreazza, Otsuka e Botelho Advogados Associados e Cofundadora WIM Angels

Empreender significa percorrer uma jornada de desafios. A cada etapa vencida, novas necessidades e dificuldades surgem. É como andar em uma montanha-russa, cheia de altos e baixos.

Na minha experiência profissional, observo que para o empreendedor social que inicia um novo negócio, a escolha da estrutura jurídica é um primeiro desafio. Optar entre uma organização sem fins lucrativos, empresa ou cooperativa, exige reflexões:

o momento de vida, quem estará ao lado na jornada, as fontes de recursos disponíveis e a compreensão mínima do cenário regulatório de cada modelo.

Outro desafio a ser enfrentado é encontrar as parcerias ideais. O desentendimento entre sócios é uma das

causas da morte precoce dos negócios. Por isso, o sucesso de qualquer empreendimento depende de estabelecer o alinhamento de princípios, valores, interesses, expectativas e entregas de cada um.

Equilibrar impacto social e sustentabilidade financeira também representa um ponto fundamental. Devem ser discutidos possíveis obstáculos, como, por exemplo, a eventual necessidade de redução de custos sem perder o propósito estabelecido.

Por fim, ganhar escala para aumentar o impacto e mensurar os resultados ainda configuram dois dos maiores desafios para os empreendedores sociais. Atrair financiamento e apoio requer clareza sobre o problema que o empreendimento pretende resolver e como demonstrar os resultados obtidos.

49 Desafios do empreendedorismo
Foto: Divulgação

Programe-se para os próximos eventos do setor

Onde: Belo Horizonte – MG Abril

FIFE – Fórum Interamericano de Filantropia Estratégica

Quando: 23 a 26 de abril

Onde: A confirmar Abril

ESG Land

Quando: 02 e 03 de abril

Onde: Gramado - RS Abril

Líderes sustentáveis - ESG e Sustentabilidade

Quando: 23 e 24 de abril

Quer saber mais sobre a programação de eventos do ecossistema social realizados no Brasil?

Onde: Curitiba - PR Maio

Junho0

IAEC 2024 - XVII Cong. Inter. de Cidades Educadoras

Quando: 21 a 24 de maio

Enats - Encontro Nacional do Terceiro Setor

Quando: 05 a 07 de junho

Onde: Belo Horizonte - MG

Julho

Festival ABCR

Quando: 01 e 02 de julho

Onde: São Paulo - SP

Conheça os bastidores das iniciativas de empresas, institutos e fundações que contribuem para a geração do impacto positivo no Brasil.

Pessoas, estratégias e histórias das ações de Responsabilidade Social e Sustentabilidade de grandes empresas, institutos e fundações.

Ouça pelo Spotify ou assista pelo YouTube.

Episódio 1: Episódio 1:

Como a Como a conduz alguns dos maiores conduz alguns dos maiores programas de responsabilidade social do Brasil. programas de responsabilidade social do Brasil.

Escaneie o QR Code e inscreva-se para receber novos episódios:

Podcast
Agenda do setor
Tranquilidade Paz SENSAÇÕES _MAXI GRÁFICA Imprimindo
www.maxigrafica.com.br | 41 3025-4400 Rua Francisco Moro, 448 | Portão | Curitiba | Paraná MAXI GRÁFICA. A GRÁFICA DE ALTO PADRÃO.
Leveza
Conheça alguns parceiros da Ago EXPERTISE RECONHECIDA INTERNACIONALMENTE. agosocial.com.br @ago.social Fale com a Ago

Turn static files into dynamic content formats.

Create a flipbook
Issuu converts static files into: digital portfolios, online yearbooks, online catalogs, digital photo albums and more. Sign up and create your flipbook.