





Filipe Soares Franco 62/1963
Filipe Soares Franco 62/1963
Meus Caros Camaradas
Há uns anos atrás, um camarada da minha geração, que frequentava regularmente os encontros do seu curso em almoços, jantares ou um outro qualquer, deixou de aparecer, sem nenhum aviso prévio e sem nenhum motivo que se conhecesse.
Durante algum tempo, os seus camaradas amigos tentaram o contacto para o seu telemóvel, mas sem sucesso, até que, na época do Natal desse ano, um dos seus camaradas de curso decidiu visitá-lo.
Encontrou o seu camarada em casa, sozinho, sentado em frente a uma lareira, onde ardia um fogo brilhante e acolhedor.
Adivinhando a razão da visita, o camarada anfitrião, deu-lhe as boas vindas e convidou-o a sentar-se junto à lareira.
Em seguida fez-se um enorme silêncio.
Os dois camaradas só contemplavam a dança das chamas em torno dos troncos de lenha que crepitavam na lareira.
Após alguns minutos de profundo silêncio, o camarada visitante, sem dizer nenhuma palavra, examinou as brasas que se formavam e selecionou uma delas, a mais incandescente de todas, retirando-a para um lado da lareira, com um alicate.
Voltou a sentar- se!
O camarada anfitrião prestava atenção e, em pouco tempo, a chama da brasa solitária diminuiu, até que só houvesse um brilho momentâneo e o fogo apagou-se.
De repente, em pouco tempo, o que era uma amostra de luz e calor, não
passava de um negro, frio e morto pedaço de carvão.
Nenhumas palavras continuavam a ser ditas.
Até que o camarada visitante, pegou no alicate e no pedaço de carvão frio e inútil, e colocou-o de novo no meio do fogo.
De imediato, a brasa voltou a acender-se, brilhando, com uma imensa cor, alimentada pela luz e calor dos carvões ardentes ao seu redor.
O camarada anfitrião levantou-se, abraçou o seu camarada amigo e disse: “Obrigado pela visita e pela bela lição. Vou voltar aos encontros do nosso curso”.
Como interpretar esta pequena parábola? Porque é que os grupos se extinguem?
Muito simples! Porque cada membro que se afasta, perde o fogo e calor dos outros. E na medida que os membros do grupo deixam o grupo a fogueira vai-se apagando, até se extinguir.
Mas NÓS não!
Todos os anos há brasas que se apagam, que são os nossos camaradas que partem, mas também há novas brasas que brilham, que são os novos alunos que entram para o Colégio.
E para manter a fogueira acesa, criámos há 122 anos uma Associação.
Criámos um Fundo de Solidariedade para ajudar Antigos Alunos e Alunos necessitados de ajuda, que não tem de ser necessariamente material.
Publicamos uma revista, a ZACATRAZ, trimestralmente, narrando as actividades do Colégio e da Associação e que distribuímos à comunidade colegial.
Organizamos romagens ao Colégio, para os cursos celebrarem os seus anos de entrada e saída.
Promovemos o encontro dos antecessores com os seus sucessores, para que se mantenham a tradição de sermos conhecidos pelo número e o ano de entrada.
Criámos uma App, o “Quem é Quem “, para termos toda a nossa comunidade interligada.
Celebramos anualmente o dia da Associação, com um jantar, onde entregamos os Prémios Barretina.
Temos núcleos no Porto, no Centro, em Lisboa, no Alentejo e no Algarve, que reúnem para festejar o Natal e o 3 de Março. Onde houver em qualquer lugar do mundo dois Antigos Alunos, há seguramente um encontro para festejar o aniversário do Colégio. Hoje temos aqui connosco o 437/55, que veio de Vancouver expressamente para esta celebração.
Usamos a Barretina para testemunhar o orgulho que temos de ser “Meninos da Luz“.
Mas também é bom lembrar que todos nós somos responsáveis por manter a chama acesa.
Não importa, não importa mesmo nada as nossas divergências, as nossas diferentes opiniões ou mesmo os nossos interesses, porque todos temos a nossa personalidade, o nosso carácter, o nosso feitio e a nossa forma de estar.
O que importa e o que importa mesmo, é estarmos conectados, unidos, uns em silêncio, outros activos e continuarmos esta caminhada, que já tem 222 anos, para nos conhecermos melhor, para aprender uns com os outros, para trocarmos ideias, tendo sempre presente o nosso desígnio “UM POR TODOS, TODOS POR UM” e o nosso lema “SERVIR”.
Aqui ninguém fica sozinho! Há e haverá sempre um Antigo Aluno por perto para ajudar, nem que seja só para fazer companhia.
E se tudo isto que acabei de vos transmitir é verdade, bem como tudo o que lhe está implícito, se tal e qual como eu, sentem o peso nos vossos ombros este legado, então e como despedida do cargo, de Presidente da Direção da Associação dos Antigos Alunos do Colégio Militar, o meu muito obrigado a todos e a cada um de vós por fazerem parte da minha fogueira.
E para terminar, e como me ensinou o meu antecessor, o Cordeiro Araújo aqui presente, peço ao Comandante de Batalhão, para que no seu primeiro grito do ZACATRAZ nestas celebrações, o faça por PORTUGAL.
Colégio Militar 8 de Março 2025
PROSEGUR ALARMES
CLUBE MILITAR NAVAL
HILLTOP OASIS MMZ / NHOUSES IMOBILIÁRIA
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RAMPAUTO REPARAÇÃO E MANUTENÇÃO AUTOMÓVEL
LIDERAR ALEGRAIS LDA APOIO DOMICILIÁRIO
Condições particulares a consultar no site da AAACM. Saiba mais em:
Assembleia Geral
Presidente Nelson Manuel Machado Lourenço (377/1982)
Vice-Presidente António Luís Henriques de Faria Fernandes (454/1970)
Secretário José Nuno do Rosário e Silva Leitão (153/1964)
Secretário Ricardo de Sousa Macedo Esteves Mendes (190/2006)
Direcção
Presidente António Xavier Lobato de Faria Menezes (568/1969)
Vice-Presidente Pedro Miguel Correia Vala Chagas (357/1977)
Vogal Francisco José Nogueira Correia (197/1997)
Vogal Ângelo Eduardo Manso Felgueiras e Sousa (498/1976)
Vogal Luís Manuel Marques Cóias (190/1990)
Vogal Maria Leonor Rainha Miranda Antunes dos Santos (628/2014)
Vogal Adelino Augusto Reis da Fonseca Lage (176/1966)
Conselho Fiscal
Presidente Luís Miguel Antão Gonçalves (236/2011)
Vogal Luís Filipe Figueira Brito Palma (214/1977)
Vogal Bruno Luís Pereira Martins (146/2012)
Nº 238 - Janeiro / Março - 2025
Publicação Trimestral
FUNDADA EM 1965
FUNDADOR
Carlos Vieira da Rocha (189/1929)
DIRECTOR
Adelino Fonseca Lage (176/1966) adelino.lage@gmail.com
CHEFE DE REDACÇÃO
João Barrento Sabbo (17/1967) joaosabbo@gmail.com
REDACÇÃO
Nuno Mira Vaz (277/1950)
Luís Ferreira Barbosa (71/1957)
Jorge Santos Pato (484/1966)
Os artigos publicados são da responsabilidade dos seus autores. Esta publicação não segue o novo acordo ortográfico.
REGISTO E BASE DE DADOS FOTOGRÁFICA
Leonel Tomaz
CAPA
O 3 de Março nos 200 anos do falecimento do Fundador.
ENTIDADE PROPRIETÁRIA E EDITOR
Associação dos Antigos Alunos do Colégio Militar
MORADA DO PROPRIETÁRIO e SEDE DA REDACÇÃO Quartel da Formação – Largo da Luz 1600 – 498 LISBOA Tel. 217 122 306/8 Fax. 217 122 307
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Isenta de registo na Entidade Reguladora da Comunicação Social (ERC), ao abrigo do n. º1 da alínea a), do Art.º 12º Do Decreto Regulamentar n.º 8/99 de 9 de Junho.
O MEU ÚLTIMO 3 DE MARÇO, À FRENTE DO BATALHÃO
NO COMANDO DA ESCOLTA O MEU ÚLTIMO 3 DE MARÇO 16 A ESCOLTA A CAVALO DO DESPENEIRANÇO À AVENIDA
20 A BARRETINA - CELEBRANDO O 3 DE MARÇO
28 A GRAFONOLA EM 1984 E 1997
33 ANTIGOS ALUNOS NAS ARTES E NAS LETRAS João Francisco Rocha Pereira do Nascimento (332/1967)
37 THE POWER OF GIVING BACK
39 BAÚ DAS COISAS DE ANTANHO - ESGRIMA DE BAIONETA
42 FOI HÁ CEM ANOS.. Guerra Mundial - Uma digna troca de cartas
45 BAÚ DAS COISAS DE ANTANHO Alguns Professores do meu Tempo
47 BRÁS DA COSTA RUBIM (23/1828)
49 ANTIGOS ALUNOS NA SOCIEDADE E NO MUNDO 1924 Viagem Aérea de Portugal a Macau a Viagem do Pátria
51 PRÉMIO DE INOVAÇÃO NAS FORÇAS ARMADAS 2024 2º Classificado
53 DO MÉDICO E DA ENFERMA - O TERMÓMETRO Nem sempre Marca a Febre
55 O COLÉGIO PELOS OLHOS DE UMA MENINA DA LUZ A descoberta do Internato
56 SABERES E SABORES DO VINHO - REGIÃO DO DOURO
59 A VIAGEM DO ALLEGRO África do Sul - Richard Bay - East London - Cape Town
63 POESIA NOS TEMPOS
73 OS QUE NOS DEIXARAM
08 AS CRIANÇAS QUE EU VI PASSAR NO COLÉGIO MILITAR
22 DISCURSO DO CEME AO BATALHÃO NOS 222 ANOS DO COLÉGIO MILITAR
34 O COLÉGIO MILITAR NA HISTÓRIA DO DESPORTO EM PORTUGAL
70 RECORDAR O TENENTE-GENERAL VASCO ROCHA VIEIRA
AZacatraz que hoje tem nas mãos deu um passo em frente no respeito e preocupação pela pegada ecológica, com a substituição do envio da revista em saco de plástico, agora num envelope, que juntamente com a revista são agora impressos usando papel reciclado.
A escolha desse papel sustentável não reflete apenas o nosso compromisso compartilhado com a preservação ambiental, mas reforça também a importância de iniciativas que unem qualidade e responsabilidade ecológica.
A utilização de papel reciclado agrega um valor simbólico e prático à nossa publicação, destacando a rele-
vância de parcerias que priorizam a inovação aliada à sustentabilidade, a que acrescentámos para conforto da leitura, uma nova fonte e tamanho de letra nos textos.
Para isso, passámos a contar com a colaboração da The Navigator Company, que nos fornece agora o papel, e nos permite assegurar uma parceria sustentável.
A The Navigator Company, reconhecida nacional e internacionalmente pela excelência na produção de papel e celulose, destaca-se não apenas pela qualidade dos seus produtos, mas pelo compromisso com práticas sustentáveis, para garantir que as suas operações minimizam impactos ambientais, da
gestão florestal responsável, até a redução de emissões de carbono.
No caso do papel reciclado, que tem nas suas mãos, é o resultado de um processo meticuloso de reciclagem, que transforma resíduos pós-consumo em matéria-prima de alta qualidade. Esse ciclo, não reduz apenas o uso de fibras virgens, mas também economiza água e energia, contribuindo para a preservação de recursos naturais.
As parcerias que procuramos tiveram também sucesso na colaboração que assegurámos com o Instituto de Implantologia, a quem agradecemos a confiança depositada na Zacatraz e na Associação dos Antigos Alunos do Colégio Mi-
litar, como seus veículos de divulgação da empresa.
Trouxemos também para a revista Zacatraz a identificação dos “Protocolos” em curso, e com ligação à Associação, cujas condições individuais poderão encontrar no site da Associação.
Estas empresas também nos confiam a capacidade de alcançar mais clientes, a quem oferecem condições específicas dos seus serviços.
Nesta era de tempos ecológicos e modernos, com leitores a preferirem a leitura digital, introduzimos a ZACATRAZ em modo digital, disponibilizando o número anterior da revista, com acesso pelo QrCode
aqui presente, que o transporta para a plataforma https://issuu.com assegurando assim a leitura, em qualquer lugar ou momento, através do smartphone ou tablet.
Pela confiança com que nos privilegiam, o nosso ZACATRAZ!
Aceda à Revista ZACATRAZ
Número Anterior 237
Paulo Sande 60/1967
Numa instituição tão antiga como é o Colégio Militar, tradições há que demoram tempo a ser mudadas. E se uso o verbo mudar, não posso deixar de lhe associar um outro, que bem melhor ilustra o que pretendo dizer:
Evoluir.
Lembro-me de há uns anos, numa das minhas visitas ao Colégio, talvez fosse em 2015 ou 2016, ter pela primeira vez reparado na presença de jovens muito jovens, crianças ainda, fardados, o ar impante de quem se sente parte de algo distinto, o ar confiante de quem aspira a ser especial.
O Colégio Militar, durante pouco mais de duzentos anos – até há pouco mais de dez -, foi um internato exclusivo para rapazes dos 10 aos 17 anos (isto é, do 5º ao 12º
ano de escolaridade). E de repente, numa espécie de ápice feliz, tudo mudou – isto é, o Colégio evoluiu.
Primeiro, a partir de 2013, passou a ter alunos em regime de externato – tornando-se uma escola mista com internato facultativo. Esse também foi o ano em que passaram a frequentar o Colégio alunos da primária, as crianças que eu vi passar algures entre a enferma e a parada, nesse dia em que voltei ao meu Colégio para uma conversa com o então Director.
E a evolução consumou-se em 2016, com o Internato Feminino.
Recordo ainda como todas essas alterações foram discutidas ao longo de anos, em núcleos de Antigos Alunos, na Associação respectiva, chegando até a ecoar no espaço público, em artigos e co-
mentários em redes sociais. Muitos velhos do Restelo previam o fim do Colégio Militar, ou pelo menos o aviltamento das velhas e gloriosas tradições, valores e princípios, cunhados nas pedras e levados no coração de todos quantos o frequentaram.
Aceitar raparigas? Inaceitável! Acabar com o internato?
É acabar com o Colégio. Miúdos de seis anos? Insensatez!
Como estavam enganados!
Passaram poucos anos e a velha instituição mudou, transformou-se, evoluiu. E hoje, das brumas da desconfiança e da descrença, é mais do que visível o efeito positivo daquelas alterações, dos alunos que iniciam o seu percurso colegial aos seis anos às jovens raparigas que as-
sumem, ao longo da sua formação, funções de responsabilidade como graduados. E há um novo brilho, uma nova luz na instituição.
Não é em vão que aos alunos do Colégio Militar continuamos a chamar “Meninos da Luz”.
Este ano lectivo – de 2024-25 - é o primeiro em que parte dos gradua-
dos, que comandam os jovens alunos e gerem o dia a dia da sua vida escolar (e social), são crianças que entraram na primária há doze anos.
Ao longo desse tempo, envergaram uma farda própria nos primeiros quatro anos, tendo no quinto ano, finalmente, passado a usar a farda tradicional cor de pinhão. Continuam a usar o número que lhes foi dado no seu primeiro ano. Fizeram ginástica, fizeram natação, fizeram judo, fizeram esgrima, nos primeiros anos não integraram o Batalhão Colegial, correram o corta-mato de Natal, aprenderam a formar, a marchar.
E marcharam todos estes anos, aprenderam a bater de sola em vez do calcanhar, como de antes se fazia, cantaram o hino, gritaram o Zacatraz, cresceram.
Este ano, a frequentar o 1º ciclo no Colégio Militar, são 229 alunos, 130 meninos e 99 meninas, acompanhados por doze professores dedicados cujo objectivo é assegurar a continuidade e o seu bom sucesso, como alunos, como camaradas, como membros da instituição, futuros líderes, futuros "Antigos Alunos". Um dia, daqui a alguns anos, parte deles também fará parte do
grupo de graduados que comandará as formaturas e lhes falará da cultura e tradições deste Colégio único, que a vida, os pais, um sonho, lhes destinou.
E um dia, com altivez e pundonor, explicarão aos sucessores – ao miúdo que herdará o seu número – o desafio com que estão confrontados:
Assegurar a continuidade, defendendo o Colégio Militar de invejosos, maledicentes e interesseiros, cujo único fito é, como tem sido ao longo dos anos, destruir uma instituição multissecular, cujas pedras já foram pisadas por gerações de (futuros) líderes, de presidentes da República a cientistas, gestores e desportistas.
Ao optar por inovar desta forma – mudar, evoluindo –, incluindo a integração de raparigas, o Colégio Militar provou ser uma realidade sólida e firme, provou que está para ficar e que valores como o respeito, como a igualdade, como a solidariedade e a camaradagem, merecem ser preservados. Para o fazer, aí estão os jovens, antes crianças, de 2013 – e todos os que se lhes seguiram.
222anos. São estes o que esta Casa celebra. No primeiro aniversário colegial, não existia Avenida da Liberdade, não existia um grito Zacatraz, não existia um Estandarte nem um Guião, não existia um Comandante de Batalhão, não existiam graduados. Não existia sequer um Batalhão Colegial. Éramos apenas uma instituição militar, com um nobre propósito e um futuro dúbio, decorrente das guerras europeias e de novos ideais.
Passados mais de dois séculos, impérios caíram, países surgiram, guerras foram travadas, revoluções iniciadas e acabadas e, apesar de tudo isto, aqui estamos! Evoluímos por entre épocas calmas e turbulentas. Adaptámo-nos a cada mudança social, moral e política, sobrevivendo graças àqueles que aqui puderam, em algum momento, declarar-se em Casa. Podendo não
parecer, este é um legado que todos temos aos ombros. O de um passado profundo, cheio de tradição e com símbolos que hoje podemos orgulhar-nos de serem dos mais antigos e prestigiados de Portugal.
É por causa deste passado que temos a oportunidade de desfilar, todos os anos, na principal avenida lisboeta. Desfilei nela 7 vezes (uma retirada pelo Covid), fazendo-o desta última vez enquanto Comandante de Batalhão. Chegámos cedo e tive a oportunidade de contemplar a vista que o Parque Eduardo VII ostenta através da estátua e da sagrada avenida que a sucede. Isto antes de qualquer um ali estar. Ao contrário do que se pode esperar, a sensação não foi de tristeza nem propriamente de nostalgia. Antes, foi a sensação de um último desafio por completar. A peça final num puzzle incrível a que damos o nome de “percurso colegial”.
Iniciou-se o desfile. Existe no ar algum nervosismo. Todos os graduados pensam: “tenho de estar impecável! Estarão os meus miúdos impecáveis? Que estejam! Sei bem que são capazes!”. E a avenida entranha-se em cada um. Passo a passo, aquele chão já não é tão estranho. Estamos uns ao lado dos outros! Somos um só! Apoiam-nos familiares, Antigos Alunos e amigos. Chega o ponto de continência. Os batimentos saem impecáveis! Cessa-se a continência. Batimentos irrepreensíveis e postura louvável! E é naquele momento, pouco depois de cessar a continência, que decido olhar para trás. Devo dizer que a imagem com que me deparei resultou em apenas duas coisas: um orgulho tremendo e um sorriso enorme na cara. Certamente que ficará para sempre na minha memória, tal como a todos os meus antecessores de graduação que no seu desfile o mesmo ousaram fazer.
Isto não porque a vista seja esteticamente bela, mas sim porque está ali todo um legado. Está ali toda uma garra e, acima de tudo, está ali o Batalhão que tanto amo. O meu Batalhão!
Aquele pelo qual eu e o meu curso damos tudo o que temos a dar. Acaba o desfile. Dão-se abraços, veem-se sorrisos e lágrimas. Desce a Escolta, o Empinanço não falha. Está feito!
De seguida, entrámos no Palácio da Independência. As palavras do Vice-CEME foram ouvidas e o Zacatraz gritado por cada Companhia e Batalhão. As fotos foram de seguida tiradas. Já se percebia por esta altura o aglomerado que se juntava no Largo de São Domingos. Na sua maioria pais e principalmente Antigos Alunos. Todos estes aproveitavam agora para celebrar com a tradicional ginjinha. Pouco depois, formava-se um corredor para os alunos entrarem na Igreja de São Domingos. Nesta missa tam-
bém o cerne foi o aniversário colegial. Por fim, voltámos ao Colégio Militar, local onde realizámos um brinde de Batalhão no geral da 1ª Companhia. Proferi um curto, mas sentido discurso, do qual retiro algumas palavras:
“Desde o começo do nosso Colégio, é-nos incutida a excelência. O dar tudo por tudo, a cada dia. Hoje, muitas pessoas falaram comigo após o desfile. Disseram-me que foi perfeito. Mas sabem, não é isso que quero ouvir. Não! Para ser perfeito seriam necessárias 500 pessoas perfeitas e não é isso que somos. Eu próprio não o sou. Não posso esperar que o sejamos. No entanto, hoje vi 500 pessoas excelentes. Pessoas que deram tudo por tudo! E não o deram por mim, não pelo meu curso, mas antes sim por todos nós! Pelo Colégio! Por isso mesmo, obrigado! Pois apesar de não ser o fim do ano, é uma despedida à minha farda de gala e é uma despedida muito feliz!”
Há quem diga que a última Avenida é o início do fim, o momento no qual a realidade choca de frente connosco próprios. Nada disso! Ela é apenas o cúmulo de toda uma jornada. O seu ponto mais alto, sim, mas longe do seu fim. É, todavia, como já havia referido, um fim à minha farda de gala. Mas deixem-me que repita: Que final feliz! De que me interessam medalhas e brevês na farda quando ostento 499 motivos de orgulho atrás de mim, algo tão mais valioso?
Agora, resta-me apenas sentir orgulho pelo que foi feito. E, acima de tudo, resta-me assegurar que a este legado de 222 anos que carregamos se continuem a adicionar muitos mais, pois enquanto existir Chama, existirá Colégio!
Um fortíssimo Zacatraz a todos!
Foi muito pequena, com apenas cinco anos, que entrei no Colégio Militar e fiz parte da inauguração do primeiro ciclo, marcando o início de um percurso académico normal. Mas, desde o primeiro momento, fiquei fascinada – não só pelos cavalos, mas também pela possibilidade de praticar vários desportos, algo que sempre me entusiasmou por ter tanta energia. E, logo de início, adorei poder usar farda.
Foi ainda com seis anos que, pela primeira vez, vi "os meninos mais velhos" descerem a Avenida da Liberdade. Lembro-me de ficar completamente maravilhada com aquilo tudo – a imponência, a disciplina, a energia daquele momento. Naquele dia, sem sequer perceber, nasceu um sonho dentro de mim.
O tempo foi passando, e no quinto ano comecei a compreender os
verdadeiros valores do colégio ao entrar para o Batalhão colegial. Tornei-me interna e enfrentei a minha primeira noite longe dos meus pais, na temida "Noite dos Fantasmas". No início, foi difícil, a saudade apertava, mas com o apoio das minhas camaradas, acabei por me habituar e criámos laços.
O quinto ano trouxe-me também uma nova realidade e poder vivê-la ao lado de quem a experienciava pela primeira vez numa camarata foi algo ainda mais especial. No entanto, aquele ano guardava um pequeno contratempo para mim: não pude fazer a minha primeira Avenida da Liberdade. Magoei um pé e, por mais que quisesse, tive que assistir de fora. O aperto no peito foi enorme, a vontade de estar ali indescritível, mas essa espera só fez com que o momento se tornasse ainda mais
especial no ano seguinte. E assim foi. No sexto ano, finalmente, desci a Avenida – e foi mágico. Senti cada passo, cada olhar, cada batida do meu coração acelerado. Foi uma emoção impossível de explicar, mas que sei que me marcou para sempre.
O tempo foi passando, fiz parte da primeira classe de ginástica feminina, integrei a classe de quatro minis e representei o Colégio com orgulho nas modalidades de esgrima e voleibol. Além disso, entreguei-me à academia artística e à orquestra, onde toquei violino e violoncelo, descobrindo um lado meu que nem eu própria sabia que tinha.
No oitavo ano, dei um passo importante ao ingressar na Escolta. A equitação tornou-se parte de mim, participei em várias provas e
tive a felicidade de conquistar alguns prémios. A partir desse momento, equitação e ginástica passaram a ser o meu foco, mas sem nunca perder de vista as notas e o compromisso com a disciplina.
O décimo primeiro ano trouxe-me um novo desafio e uma grande responsabilidade: tornei-me graduada pela primeira vez, como comandante de pelotão da Escolta e “sorja” da terceira. Diariamente, lidava com os alunos mais novos e sentia uma enorme satisfação ao transmitir-lhes os valores que aprendi ao longo destes anos no Batalhão Colegial. Adorei o curso que me calhou, chamando-lhes sempre os "meus miúdos" e sentindo-me orgulhosa de cada um deles.
Agora, no décimo segundo ano, escrevo sobre a minha última Avenida da Liberdade, a minha última descida – um momento que jamais esquecerei.
A minha última Avenida da Liberdade começou às seis da manhã, com a saída do colégio. O céu ainda estava pintado de um azul escuro quase intocado pelo sol, e a cidade despertava aos poucos, mas eu já estava acordada há muito tempo — na verdade, esperava há anos por este momento.
Assim que a Escolta saiu, dentro do autocarro, dos portões do Colégio, fomos recebidos por um mar de Antigos Alunos, os gritos inconfundíveis de "Zacatraz" ecoando no ar, como um chamamento que liga gerações. Eram vozes conhecidas e desconhecidas, todas unidas pela mesma emoção, pela mesma memória que agora
também se tornava nossa. Aquela energia arrepiava-me a pele e fazia-me rir sem razão, só pelo puro prazer de estar ali.
A fila de carros e de pessoas parecia não ter fim. As buzinas a marcar o ritmo da manhã, os olhares cúmplices de quem já viveu aquilo antes e sabia exatamente o que estávamos a sentir. Foi no autocarro que percebi que éramos tantos, uns nos carros, outros no autocarro e ainda assim, cada um vivia aquele instante de forma única, como se o tempo tivesse parado só para nos deixar aproveitar cada detalhe.
Mas a nossa descida não começou sem desafios. Saímos do Regimento de Braço de Prata já atrasados — a ambulância tinha avariado e, no meio da ansiedade e da correria, ainda houve alguns percalços. No entanto, pouco depois das sete da manhã, já estávamos a cavalo, finalmente a sair de Braço de Prata. Ainda era de noite, o sol começava apenas a espreitar no horizonte, tingindo o céu de tons alaranjados e dourados. Aquele instante, com os meus pais e os Antigos Alunos ao meu lado, teve um significado ainda mais especial do que qualquer outra avenida. Estando eu à frente, com os meus miúdos atrás, senti um orgulho imenso. Era único, era nosso.
O caminho para o Parque Eduardo VII correu espetacularmente bem. Ao chegarmos, o Batalhão já lá estava, imponente e alinhado, como se tivesse estado à nossa espera. Assim que conseguimos preparar a Escolta a cavalo, fui formar com ela ao lado do restante batalhão. Quando chegou o
momento de bater espada ao Comandante de Batalhão, senti um aperto no estômago – um nervosismo diferente, quase solene. Mas tudo correu bem e, quando gritei “Escolta pronta!”, foi ali que a realidade me atingiu em cheio. A ficha caiu: era realmente a minha última.
De seguida, formei com a escolta no local onde anteriormente estivera o Batalhão. O Mouzinho recitou o famoso poema e, naquele instante, sem hesitação, gritei o “Zacatraz” pela escolta, com toda a força da minha alma. Finalmente, chegava o momento. Ia descer pela última vez a minha Avenida.
A emoção foi avassaladora, o orgulho imenso. Cada gota de suor, cada sacrifício, cada esforço, cada momento de alegria, cada momento de dificuldade, cada disparate, cada confusão, ao lado dos meus camaradas, que agora chamo de irmãos, soube ali que tudo valeu a pena. Soube ali, naquele que era o meu momento, o nosso momento, o momento do meu curso, em que tinha a Avenida a meus pés, aos nossos pés, com os miúdos atrás de mim, os nossos miúdos. Mas, desta vez, tive uma oportunidade única: fui eu que desci à frente daqueles que, orgulhosamente, digo que foram os miúdos que comandei ao longo deste ano – a Escolta a cavalo de 2024/2025.
Por fim, cheguei à Praça da Figueira. O coração batia forte no peito, o corpo exausto, mas a alma preenchida. Foi então que o meu Cerra-fila empinou, como se quisesse marcar aquele momento, como se soubesse que era o último. E eu fiquei imensamente orgulhosa dele.
Orgulhosa dele, da Escolta, de cada um dos meus miúdos, de tudo o que tínhamos vivido até ali.
A Escolta tinha tido uma prestação exemplar, e eu sabia disso. Senti-o a cada passada, a cada formação, a cada grito ecoado pelas ruas. No fim, só restava um sentimento: orgulho. Chorava de orgulho, um choro genuíno, que vinha de dentro, que transbordava sem que eu conseguisse controlar. As palavras falharam-me. Não houve discurso, não houve ensaios, não houve frases bonitas. Só houve emoção, crua e verdadeira.
Dei apenas o famoso abraço ao meu Cerra-fila, um abraço apertado, sentido, onde cabiam todas as palavras que não consegui dizer. Ele chorava como eu, com o orgulho a escorrer-lhe pela cara, e naquele instante soube que não estava sozinha naquele turbilhão de sentimentos. Era nosso.
Ali, sem pensar, gritei novamente o "Zacatraz". Gritei com tudo o que tinha, como se quisesse que aquele momento ficasse gravado para sempre, como se quisesse que o mundo soubesse que estivemos ali e que demos tudo. Depois, apeámos.
E foi ao ouvir o som das festas nos cavalos, em perfeita sintonia, que finalmente interiorizei: era assim que terminava a minha última Avenida.
O Clube de Emprego é mais do que um novo portal de recrutamento, é uma resposta aos desafios de capacitação e retenção de talento que o setor florestal enfrenta. Esta iniciativa da The Navigator Company, integrada no Clube Produtores Florestais Navigator, pretende contribuir para a empregabilidade de uma nova geração de profissionais especializados e com competências para garantir uma gestão florestal mais eficiente, sustentável e alinhada com as exigências ambientais e económicas do futuro.
O Clube de Emprego nasceu para potenciar a qualificação na fileira, facilitando a ligação entre empresas e profissionais. Ligado a sites de referência de emprego nacional, o projeto amplia a visibilidade das ofertas e potencia a captação de talento.
Sob o lema “A União faz a floresta”, o Clube Produtores Florestais Navigator tem-se afirmado como um motor de transformação na fileira florestal e dá agora mais um passo no apoio ao setor.
Conheça o Clube de Emprego em: clubeprodutoresflorestais.com
O Clube de Emprego é uma nova plataforma de recrutamento para promover a capacitação e a qualificação como pilares da gestão sustentável da floresta.
As florestas sustentáveis da The Navigator Company apoiam a Revista ZACATRAZ a diminuir a sua pegada ecológica.
CERIMÓNIAS E TRADIÇÕES EM BANDA DESENHADA
Miguel Félix António 302/1972
Abota alta, a espada, os dourados reforçados pelos esporins ou pelas esporas, e por todos os adereços que constituem a farda de gala de um aluno do Colégio Militar que integra a Escolta a Cavalo, são tudo elementos que não afastaria estarem no subconsciente da atractividade e na aspiração a integrar este corpo restrito.
Para além, naturalmente, de poder com muito orgulho e alguma vaidade desfilar a cavalo nas cerimónias solenes, em particular, nas comemorações da Abertura Solene do Ano Lectivo e no “3 de Março”, fosse na Praça do Império, na Estrada da Luz ou na Avenida da Liberdade.
Para atingir este objectivo, por muitos almejado, mas apenas ao alcance de poucos, diversas são as etapas, umas mais difíceis e complexas do que outras, que os jovens alunos têm de percorrer para concretizar esta legítima ambição.
Os poucos que já montavam a cavalo antes de entrar para o Colégio eram fundamentalmente os filhos de oficiais do Exército, oriundos da Arma de Cavalaria, ou de proprietários agrícolas ou ganadeiros que, assim, estavam à partida em melhores condições para se sujeitarem à primeira prova, o chamado despeneiranço. Este consistia e penso que se mantém,
numa avaliação prática das mínimas capacidades detidas para manejar o equídeo.
Aí, nessa dura prova, à semelhança de outras circunstâncias na nossa vida, não havia uma segunda oportunidade para causar uma primeira boa impressão…
Muitos perdiam logo a ilusão, tal a reduzidíssima destreza que demonstravam!
Os que passavam o exame eram depois avaliados nas aulas de Equitação que começavam sempre pelo volteio e só mais tarde pelo passo, trote sentado, trote levantado e galope.
Uma vez membros da Escolta, a participação nas cerimónias oficiais tinha, pelo menos no meu tempo do Colégio, um percurso até se chegar à suprema honra de desfilar a cavalo.
Guardas de Honra a pé com a farda muito bem lustrada e aprumo militar irrepreensível, elegância no montar, e capacidade, como agora se diz, de resiliência, no lidar com os percalços que esta actividade traz, como por exemplo saber cair e, ainda mais importante, saber levantar-se de novo e voltar a ter o cavalo nas suas mãos.
"Somos nós que o conduzimos e não ele que nos dirige", muitas ve-
zes o ouvi dizer ao Tenente-Coronel Gabriel Dores (120/1938), meu principal Mestre de Equitação e que me escolheu para Comandante da Escolta-a-Cavalo, que recordo com saudade.
São habitualmente os alunos da Escolta que se encarregam de ajudar os membros da denominada Liga Anti Cavalo (LAC) – “estrutura” meramente informal que agrupa os mais temerosos na prática da equitação – na superação dos seus medos e na inspiração para que se adaptem minimamente ao ensino desta disciplina.
São igualmente os membros da Escolta que habitualmente mais
participam nos concursos hípicos; que criaram o chamado o jogo do “Pato”, uma mistura de Polo com Andebol a cavalo, executado no campo de obstáculos ou no picadeiro, por altura do S. Martinho; e que toureiam a cavalo na garraiada (por acaso a mim tocou-me lidar a pé, nos idos de 80 e 81).
Bem-vindos à Escolta a Cavalo!
ANIVERSÁRIO DO COLÉGIO MILITAR
Na lapela de muitos brilha um símbolo que representa, há 222 anos, o que há de melhor neste meu Portugal. Presidentes da República, Marechais, Presidentes da Assembleia da República, Digníssimos Professores Doutores, Investigadores, advogados, doutores, militares e homens comuns, como eu, tudo fazem para respeitar a Pátria e mostrar ao mundo o significado da palavra SERVIR que sobressai na Bandeira/Guião da instituição e no peito dos que amam uma das mais antigas de Portugal.
Tradição, valores, educação e respeito pela história dos nossos antepassados são exemplos de dignidade e moral, responsabilidade e tolerância, valores esses seguidos pelos que, no COLÉGIO MILITAR passaram, servindo e combatendo pelo engrandecer deste glorioso país.
Quando dois seres humanos que ostentam a Barretina na lapela se encontram, um brilho parece nascer dos seus olhos. Olham um para o outro como iguais, tratam-se por tu e estendem as mãos que apertam com respeito e amizade. Cada um deles diz um número e uma data que correspondem ao que lhes foi atribuído na instituição aquando da sua entrada. É assim sempre e desde há muito, dos 222 anos que celebra esta bicentenária instituição. É sempre um prazer o encontro entre dois ou mais Meninos da Luz, tenham eles a idade que tiverem, sejam eles quem forem ou representarem.
Não conheço paralelo no meu país, nos valores e nas tradições que não calo e só lembro com saudade imensa. Nesta casa que no meu tempo e para mim, foi por vezes a primeira, brinquei, estudei e ajustei o meu comportamento rebelde a valores todos os dias ensinados por fantásticos professores e instrutores, só para meu bem. Lembro-me de todos. Dos que gostava e dos que, talvez por meu defeito, não gostava assim tanto.
Foram anos fantásticos os que por lá passei e lembro-me da data em que me afastei. Mas nunca o deixei porque, os que me aturaram, foram o pilar da minha educação, os que sempre me mantiveram em pé pela lembrança, exemplo e atitude. Então e os amigos?
Ai os meus queridos amigos, que saudade! Foram tantos e tantos esforços em conjunto. Tantas disputas, tantas arrelias e pancadarias, tantas tropelias, abraços e lágrimas que vertemos em conjunto. Foi toda uma juventude inesque-
cível que vive e viverá sempre no meu coração. Sobram poucos agora e dos que sobram, aproveito os momentos que os nossos encontros confortam e agradeço a Deus mesmo pelos que tombaram e mais ainda pelos que ainda hoje me fazem companhia.
Domingo, dia 9 de março vou descer a Avenida da Liberdade celebrando o excelso "3 de Março". Vou ver passar por mim os que ainda correm e gritam, tal como eu passava e gritava alto o “Zacatraz”, famoso grito de saudação entre os colegiais, aclamando o Batalhão que, como sempre, desfilará garbosamente do Marquês de Pombal a São Domingos.
A Escolta a cavalo, espetáculo vivo e único no país, é a imagem da elegância, panache e consagração de uma instituição que nasceu 27 anos após a independência dos EUA, 19 anos antes da independência do Brasil e 13 anos antes da independência da Argentina.
Acreditam?
A oportunidade de assistir é de todos os portugueses. A de aplaudir, de todos os muitos observadores e curiosos que por lá passam. De a viver como eu, é á única obrigação de que me honro na vida. A de estar presente, enquanto bater o meu coração, no desfile do meu Batalhão, da minha gente, do meu orgulho e por isso o partilho com todos os portugueses. Vá ver e diga-me que valeu a pena.
Em Lisboa, 8 de março de 2025
João Soeiro 196/1956
Eduardo Manuel Braga da Cruz Mendes Ferrão General, Chefe do Estado-Maior do Exército
Écom enorme honra e emoção que celebramos hoje os 222 anos desta instituição de excelência. O Colégio Militar não é apenas uma escola, mas sim um símbolo de valores, cidadania e responsabilidade, uma casa onde se forjam os líderes do amanhã, onde se aprendem lições que transcendem os manuais escolares e onde se constrói um carácter firme e íntegro.
Hoje, mais do que recordar a longa e prestigiada história desta instituição, queremos olhar para o presente e para o futuro com a certeza de que os princípios e tradições que nos guiam, inspirados no seu fundador, Marechal António Teixeira Rebelo, cujo espírito altruísta, determinado e visionário deve continuar a ser uma referência para os alunos desta casa.
Mas neste dia, mais que um discurso formal, permitam-me que
centre estas palavras no mais importante desta Escola, os Alunos do Colégio Militar,
Vós sois a verdadeira razão de ser do Colégio Militar e cada um é o verdadeiro reflexo desta casa.
São o orgulho de uma escola que vos desafia a crescer, a superar dificuldades, a atingir novos patamares de conhecimento e de desenvolvimento pessoal.
A vossa dedicação e compromisso são a razão pela qual esta escola se mantém como uma referência incontestável na educação.
O vosso empenho e desempenho têm sido evidentes e servem de motivação para procurarmos proporcionar ainda melhores condições para o vosso dia a dia.
Neste contexto, destaco o investimento muito significativo que será
realizado, em equipamentos e infra-estruturas escolares, no sentido da renovação das capacidades de educação e ensino, bem como a garantia da continuidade do regime de internato, parte essencial da identidade do Colégio Militar e que o vosso extraordinário desempenho bem merce.
Para além do conhecimento académico, aqui, aprende-se o verdadeiro significado da disciplina, do respeito, da liderança e da camaradagem, espelhado no progresso do vosso ciclo de estudos e nas responsabilidades que, desde muito cedo, vos são cometidas.
Desde o Batalhãozinho ao Comandante de Batalhão Aluno, o espírito de camaradagem e a entreajuda que diariamente todos cultivam são marcos distintivos desta escola, e que devem ser mantidos e cultivados.
Uma palavra aos Graduados. Comandar, enquadrar, apoiar e ensinar os mais novos desde cedo no seio da instituição, assumindo o dever de tutela, é semear valores, fortalecer a identidade e preparar líderes para o futuro.
Neste dia, é igualmente justo destacar o trabalho dos vossos pro-
Enalteço, igualmente, o trabalho desenvolvido pela Associação dos Antigos Alunos e pela Associação de Pais e Encarregados de Educação, fundamentais para a consolidação dos laços de solidariedade e no apoio aos alunos. ANIVERSÁRIO
fessores e de todos aqueles que diariamente trabalham e por vós se dedicam. A eles, são merecidos os vossos e nossos agradecimentos, pois o seu saber e a dedicação garantem a nobreza da missão de educar pelos “Valores” e ensinar para o “Sucesso”.
Alunos do Colégio Militar, Os valores que cultivam acompanhar-vos-ão para toda a vida e farão de vós cidadãos responsáveis, preparados para enfrentar os desafios do mundo com coragem e determinação.
O percurso nesta casa é exigente, mas cada etapa superada é um degrau a mais na construção de um futuro promissor. Cada desafio ultrapassado é uma prova da vossa capacidade e do vosso compromisso com os valores desta Casa.
Continuem a honrar esta Instituição com o vosso esforço, com o vosso espírito de camaradagem e com a vossa firme vontade de crescer.
O Colégio Militar tem orgulho no seu passado e nas suas tradições,
São a razão pela qual esta instituição se mantém firme, actual e preparada para enfrentar os desafios dos tempos modernos.
Que este aniversário seja um momento de celebração, mas também de renovação do compromisso com os princípios que fazem do Colégio Militar uma referência na educação.
Continuemos este caminho com a certeza de que esta escola, inspirada pela sua divisa "Um por Todos, Todos por Um", seja mais do que um local de ensino – que seja uma casa; uma casa de valores, de cidadania e de responsabilidade, um lema de vida.
Exorto a que amanhã, no desfile, e como é apanágio dos alunos do
Com orgulho renovado no Colégio Militar, reafirmo o compromisso do Exército com a qualidade do ensino e a perpetuação do seu legado, desde sempre a honrar Portugal. Parabéns ao Colégio!
E permitam que vos diga, procuro vir com a razão ao Colégio, mas não consigo, aqui venho sempre com o coração e com a emoção e muitas vezes a lágrima corre no canto do olho e não é a chuva.
Parabéns a todos!
Façam deste projecto uma referência, no Exército. E como Chefe do Estado-Maior do Exército obrigado pelas muitas alegrias que me dão a título pessoal e institucional.
Muito Obrigado!
Estávamos em 2012, a crise económica tinha-se instalado no país, e os principais “motores” da economia estavam a travar, criando problemas às “milhentas” pequenas e médias empresas que sustentam a economia portuguesa.
Nesse contexto, chegou à Associação uma comunicação de um Antigo Aluno que queria deixar de ser sócio. Contactei-o para tentar perceber o que se estava a passar, e disse-me que a sua empresa familiar estava a atravessar dificuldades, o que tinha levado à necessidade de “hibernar” a atividade, e também de cortar todas as despesas pessoais não essenciais, para que o essencial não faltasse à família. O caso foi analisado na reunião de Direção seguinte, tendo sido
decidido o habitual nestas situações: ninguém deixa de ser sócio da Associação por atravessar dificuldades económicas. Foi comunicado ao Antigo Aluno que ele continuaria a ser sócio, estando dispensado do pagamento das quotas “até a tempestade passar”.
Doze anos depois, o referido Antigo Aluno procurou-me e disse-me que queria voltar a pagar as quotas. Eu disse-lhe que o podia fazer na App, e até lhe sugeri que, estando nós na altura a um mês do fim do ano, ele esperasse e recomeçasse o pagamento pela quota do ano seguinte. Ele agarrou no telemóvel, lançou a App, e disse-me de forma tranquila “pago já a deste ano, e em Janeiro pago a do próximo”. E a conversa seguiu.
No regresso a casa, “viajei” até Mafra e às provas de patrulhas. Recordei como os mais fortes levavam as mochilas e as G3 dos mais fracos, para que pudéssemos manter o ritmo e chegar todos ao mesmo tempo. Não havia favores, dívidas de gratidão ou cobrança, havia amizade e camaradagem.
Fora do Colégio, numa sociedade cada vez mais focada no indivíduo, mantemos vivo o espírito com que crescemos, num sentimento que atravessa gerações. Ontem foi para ele, amanhã pode ser para mim... somos “Um Por Todos, Todos Por Um”.
Pedro Roriz 519/1959
OAcender da Chama, na Feitoria, as cerimónias no Colégio Militar, o desfile, o jantar no Colégio Militar e o Apagar da Chama marcam as comemorações de cada aniversário de uma das mais antigas instituições nacionais, à qual o país muito deve.
De todas elas, o desfile, em particular o primeiro e o último, presenciados por centenas de Antigos Alunos que o acompanham ao longo da Avenida da Liberdade, antes o Batalhão desfilava na Avenida, com cada Companhia a ter uma frente de 12, e seguia, depois da missa na igreja de S. Domingos, até ao Terreiro do Paço, pela Rua do Ouro, em frente de seis, e o jantar, onde mais de uma centena marca presença, são os momentos mais marcantes.
Mas o Colégio Militar tem Antigos Alunos espalhados pelo mundo e eles não esquecem a data, pelo que onde haja dois Antigos Alunos eles não deixam de reunir-se num almoço ou num jantar para recordarem os seus tempos no Colégio, mesmo que não tenham sido contemporâneos.
É por isso que não esqueço jantares em Ponta Delgada, em algumas das vezes em que lá fui, organizados pelo
António Noronha (72/1959), na capital moçambicana, da única vez que a visitei, em Melbourne e no Rio de Janeiro, bastando um telefonema para que o convívio fosse uma realidade, na Austrália com o Fernando Meneses (5/1962), convocado com a frase “apresenta-te fardado de gala”, e no Rio de Janeiro, com o Pedro Queiroz Pereira (140/59), nos anos em que a F1 corria em Jacarepaguá.
No primeiro dia das cerimónias no Colégio Militar, destaque para a celebração no edifício da Formação no Largo da Luz, num almoço volante superiormente organizado pela Maria Leonor Santos 628/2014, agregando alunos, Antigos Alunos, pais e família.
Foi assim que, a propósito do 3 de Março, os Antigos Alunos, em alguns casos organizados pelas Delegações Regionais, mesmo longe do Colégio Militar, tiveram oportunidade de conviver em almoços ou jantares que decorreram, nomeadamente, em Évora, no Funchal, em Portimão e no Porto.
O desfile na Avenida da Liberdade, contou com um momento especial, com o Guião da AAACM, transportado pela Matilde Dias de Carvalho 37/2016, ladeada por uma Escolta com o Presidente do Conselho Supremo da Associação e pelo Director da ZACATRAZ, desfilando pela Avenida, até se posicionar no local da continência e no final do desfile até à Igreja de S. Domingos.
Uma particular referência ao dia do desfile na Avenida, com o jantar no Colégio Militar, em que o Director convida e recebe todos os Antigos Alunos, movidos pela vontade de celebrar o dia no Colégio que os formou, ali estiveram em peso, fechando o dia e a celebração, com um Zacatraz e o apagar da chama na Parada Teixeira Rebelo.
Na sequência das anteriores edições da “Zacatraz” prosseguimos com a rubrica Grafonola, que se dedica à recordação e caracterização histórica de alguns dos eventos mais relevantes ocorridos nos anos de entrada dos cursos que efectuaram recentemente romagens de saudade e celebração no Colégio Militar. No presente número figuram os Ratas de 1984 e 1997, que comemoraram respectivamente 40 e 25 anos de entrada no Colégio Militar.
Os Ratas de 1984, ao entrarem nesse ano no Colégio Militar, viveram um período no qual, quer o enquadramento político-social, quer o ambiente desfavorável da economia
nacional, tiveram as suas repercussões na vida dos Portugueses.
Em Portugal viviam-se tempos de instabilidade socioeconómica, já que a recessão de 1984 acabou por ser um acontecimento atípico na época. De facto, enquanto a economia mundial cresceu 4,6% e os países da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE) — de que Portugal era membro fundador — registavam um avanço de 5%, a economia portuguesa encolhia 1,3%. Uma década depois do 25 de Abril Portugal sofria uma segunda crise económica.
Com a desvalorização do escudo assistiu-se a um rápido equilíbrio das contas com os outros países, que veio a ser atingido em 1985. Mas esta recessão teve assinalável impacto a nível social, devido ao aumento do desemprego e à contracção real dos
rendimentos da população, provocada pela queda da moeda. Em 1984 a inflação atingiu um valor recorde de 29,3%.
Alguns dos temas que assumiram um protagonismo até então inédito, foram a despenalização da interrupção voluntária da gravidez, o planeamento familiar e a defesa da maternidade.
No dia 10 de Maio faleceu Joaquim Agostinho, em consequência de um acidente provocado por um cão, no decurso da Volta ao Algarve, no qual o grande ciclista português sofreu uma fractura craniana.
No final do ano a Assembleia da República aprovou a constituição de uma nova comissão parlamentar de inquérito à queda do avião que transportava o Primeiro-Ministro Francisco Sá Carneiro, o Mi-
nistro da Defesa Adelino Amaro da Costa, o Piloto Jorge Albuquerque, e mais cinco pessoas, ocorrida em Camarate.
No resto do mundo verificaram-se alguns eventos dignos de registo, como:
- O lançamento do PC (Personal Computer) da Macintosh nos EUA.
- A inovadora transferência de um embrião, de uma mulher para outra, que originou um nascimento, em Harbor-UCLA Medical Centre (EUA).
- O primeiro passeio no espaço sem qualquer ligação ao vaivém Challenger, dado pelos dois astronautas Bruce McCandless e Robert Stewart,
- A descoberta do vírus da SIDA por investigadores dos EUA, não obstante o virologista francês Luc Montagnier ter reclamado essa descoberta.
- A assinatura de um acordo entre o Reino Unido e a República Popular da China para a devolução de Hong Kong à China em 1997.
- O assassinato da primeira-ministra indiana Indira Gandhi (1917-1984), filha de Jawaharlal Nehru, por dois dos seus seguranças “sikh”, em Nova Deli, o que provocou a deflagração de motins “anti-sikh” nesta cidade e regiões circundantes de maioria hindu, provocando milhares de mortos.
Na área da Música há que assinalar a estreia discográfica de algumas bandas e músicos, dos quais salientamos: Bon Jovi, Steve Vai, The Smiths, Nik Kershaw, Roger Waters (solo), Steve Perry, Red Hot Chili Peppers, The Cult, Alphaville, Roger Hodgson (solo) e Julian Lennon.
Mas uma das bandas que surgiu em força no mercado discográfico, dominando rapidamente as tabelas de vendas do Reino Unido, ao lograr o feito inédito de colocar, durante o mesmo ano, 3 “singles” extraídos do seu primeiro álbum “Welcome To The Pleasuredrome”, foi o grupo britânico Frankie Goes To Hollywood.
No dia 1 de Abril ocorreu algo de chocante e inesperado, que infelizmente não foi uma mentira: o trágico homicídio do icónico cantor Marvin Gaye, provocado pelo seu próprio pai, durante uma discussão familiar.
Na tradicional cerimónia dos Grammys (a 26ª edição) sobressaiu Michael Jackson, que arrecadou 8 estatuetas das 12 nomeações que havia recebido.
Em Portugal os nomes que dominavam os “tops” de vendas eram os dos cantores José Cid, Carlos Paião, Marco Paulo, Rui Veloso, Armando Gama, e dos grupos Heróis do Mar, Doce, Salada de Frutas, UHF e GNR. No Brasil os já consagrados cantores Roberto Carlos, Caetano Veloso, Gilberto Gil, Ney Matogrosso e Chico Buarque, continuavam a editar com periodicidade anual os seus álbuns de estúdio. Em 7 de Junho o “pai” da Bossa Nova, João Gilberto, veio a Portugal e deu 3 concertos no Coliseu dos Recreios.
Ainda em Junho um dos personagens mais “sui generis” do panorama musical nacional, o músico António Variações, faleceu com 40 anos de idade.
Já em Agosto verificou-se a vinda a Portugal do reputado músico norte-americano Stevie Wonder, que deu um concerto no Estádio do Restelo. Entretanto, logo no primeiro dia desse
mês teve lugar a primeira edição do ciclo de concertos “Jazz Em Agosto”, realizados no Anfiteatro ao Ar Livre dos jardins da Gulbenkian, em Lisboa. Antes de terminar o ano, mais precisamente em 6 de Novembro, uma das publicações de referência na área musical, o jornal Blitz, iniciou a sua publicação. Procurava acompanhar as tendências mais modernas da música e da cultura juvenil. O seu último número saiu em 24 de Abril de 2006, tendo passado ao formato de revista em Junho desse mesmo ano. Ainda em Novembro, no dia 25, realizou-se o Cascais Jazz 84, no Pavilhão do Salesianos do Estoril.
No entanto um dos mais notáveis eventos do ano de 1984 foi mesmo a concertação de esforços e disponibilidade de diversos músicos de nomeada, liderados pelo inglês Bob Geldof, para gravarem um “single” solidário, intitulado “Do They Know It’s Christmas”, e destinado a angariar fundos para combater o holocausto da fome que vitimava a Etiópia, uma tragédia sem precedentes que já tinha causado milhares de mortos. O disco foi lançado em 3 de Dezembro.
Das músicas mais populares do ano de 1984 podemos elencar a seguinte lista de 10 canções que se destacaram nas tabelas de vendas e que se apresentam de seguida, por ordem alfabética dos seus intérpretes:
1. Band Aid
“Do They Know It’s Christmas”, 2. Frankie Goes To Hollywood “The Power Of Love”, 3. George Michael “Careless Whispers”, 4. Lionel Richie “Hello”, 5. Michael Jackson “Thriller”,
6. Prince and The Revolution
“Purple Rain”, 7. Sade
“Smooth Operator”, 8. Scorpions
“Still Loving You”, 9. Stevie Wonder
“I Just Called To Say I Love You”, 10. Tina Turner
“What’s Love Got To Do With It”.
Deste “top-ten” particular seleccionámos duas canções incontornáveis, de escolha obrigatória, que trazem recordações algo nostálgicas a muitos dos membros integrantes do Curso de 1984/92. São elas:
dor do mundo, tendo recebido a distinção de Melhor Álbum do Ano, em 1984.Para além disso todos os sete “singles” do álbum acabaram por se classificar entre as dez melhores posições nas tabelas de vendas dos EUA, com especial relevo para "Billie Jean" e "Beat It".
Este ano vincou claramente um cenário conducente a um vasto plano de privatizações de grandes empresas portuguesas, com a alienação de posições na Cimpor, Grupo Portucel, Siderurgia Nacional, Lisnave, Setenave, Estaleiros Navais de Viana do Castelo, Tabaqueira, ANA, TAP, Brisa, EDP, PETROGAL, GDP e EPAC.
No dia 15 de Setembro foi inaugurado o Centro Comercial Colombo, em Lisboa, o primeiro grande centro comercial e o maior da Península Ibérica.
Apesar de, quer o “single” com a canção “Thriller”, quer o vídeo-clip realizado por John Landis, terem sido lançados no final de 1983, a verdade é que o seu impacto em todo o mundo e a conquista de tempo de antena, na rádio e televisão, acabaram por ter a sua maior expressão durante o ano de 1984, consolidando a posição de Michael Jackson, e sobretudo do álbum “Thriller”, que se tornou no álbum mais vendido de todos os tempos, com vendas de mais de 66 milhões de cópias ao re-
A canção “Purple Rain” é um tema composto pelo músico Prince e pela sua banda The Revolution, e afigura-se como a faixa que dá o título ao álbum do mesmo nome, que por sua vez é a banda sonora do filme de 1984, também intitulado “Purple Rain” e protagonizado pelo próprio cantor. A canção consiste numa poderosa balada que combina influências de rock, R&B, gospel e música orquestral. Esta canção tem duas versões com durações distintas: a do álbum com 8 minutos e 45 segundos, e a do “single”, reduzida para 4 minutos. “Purple Rain” tornou-se numa das músicas mais vezes tocadas nos concertos do cantor, tendo sido mesmo a última música que Prince tocou no seu derradeiro concerto ao vivo, realizado em Atlanta, Georgia, no dia 14 de Abril de 2016.
Na esfera internacional, e envolvendo directamente o nosso País, há que referir a eleição de Portugal, pela segunda vez, para assumir a Presidência do Conselho de Segurança das Nações Unidas, e a realização no Japão, da célebre conferência internacional sobre alterações climáticas, da qual resultou o Protocolo de Quioto, que pretendia ser um tratado internacional com compromissos claros para a redução da emissão dos gases que agravam o efeito de estufa no nosso planeta.
Anotam-se alguns factos ou curiosidades que marcaram o ano de 1997:
- 23 de Fevereiro: foi noticiada a clonagem da ovelha Dolly - realizada por um grupo de cientistas do Roslin Institute de Edimburgo.
- 1 de Julho. O Reino Unido entregou a soberania de Hong Kong à Republica Popular da China. GRAFONOLA
-26 de Junho: em Londres foi publicada a obra literária “Harry Potter and the Philosopher's Stone”, o primeiro livro da famosa escritora britânica J. K. Rowling.
- 4 de Julho: A sonda da NASA Mars Pathfinder aterrou na superfície do planeta Marte e enviou as primeiras imagens do solo marciano para a Terra.
- Em 31 de Agosto faleceu a Princesa de Gales, Diana, na sequência de um acidente de viação em Paris, juntamente com o seu namorado Dodi Al-Fayed.
- Em Setembro dois seres humanos de carácter oposto morreram no espaço de dois dias, respectivamente a madre Teresa de Calcutá, e Mobutu Sese Seko, o Presidente da República Democrática do Congo, que foi um dos líderes políticos mais cruéis e corruptos do mundo moderno.
- Em 19 de Novembro, na cidade de Des Moines, nos EUA, registou-se o segundo caso conhecido de nascimento de 7 gémeos, todos vivos, que foi também o primeiro em que todas as crianças sobreviveram ao período de infância.
No capítulo da Música 1997 ficou marcado por mais um fenómeno de popularidade no seio do público adolescente, com o aparecimento e sucesso de uma banda feminina, as Spice Girls, que ao colocarem diversos singles nos tops, criaram uma autêntica “Spicemania”. O primeiro álbum, intitulado “Spice”, forneceu diversos temas de sucesso e chegou ao primeiro lugar nos EUA, tornando-se no primeiro disco de estreia de uma banda britânica a chegar ao topo da tabela.
Entre os diversos festivais e digressões de concertos ao vivo, registou-se uma iniciativa inédita nos EUA, que foi a Lilith Fair Tour, um movimento de um largo grupo de mulheres, reconhecidas cantoras e compositoras, lideradas pela canadiana Sarah McLachlan, que decidiu defender os direitos femininos na rádio e promoção de concertos, lan-
çando uma digressão composta exclusivamente por artistas femininos.
Logo no primeiro de Janeiro faleceu o lendário músico Townes Van Zandt, enquanto quase a findar o ano, em Novembro, morreu Michael Hutchence, o carismático líder e vocalista da banda australiana INXS, com 37 anos de idade.
Para a história fica também o facto de Paul McCartney se ter tornado o primeiro membro dos Beatles a poder ostentar o título de “Sir”, honraria que lhe foi concedida pela Rainha Isabel II, em 11 de Março desse ano.
No nosso País o dia 11 de Setembro ficou registado como aquele em que a banda U2 esgotou completamente o Estádio José de Alvalade.
Dos muitos músicos que editaram álbuns em 1997, destacaram-se:
David Bowie, Van Morrison, Supertramp, Aerosmith, Whitesnake, U2, Nick Cave and The Bad Seeds, Chet Atkins & Tommy Emmanuel, Frank Zappa, Depeche Mode, John Mayall & The Bluesbreakers, Radiohead, James Taylor, INXS, Lynyrd Skynyrd, Tindersticks, Gary Moore, Ben Harper, Neil Young, Sarah McLachlan, Neko Case, Fleetwood Mac, Bob Dylan, Rolling Stones, Paul McCartney, Jackson Browne, Patti Smith, Portishead, Hanson, The Corrs, Diana Krall, Tindersticks, e Joan Baez, para além de diversas compilações.
Em Portugal o topo das vendas de discos de artistas portugueses foi ocupado pelo trio constituído pelos Delfins, Paulo Gonzo e Pedro Abrunhosa.
Das músicas mais populares de 1997 podemos seleccionar a seguinte lista de 10 canções que se destacaram nas tabelas de vendas e que se apresentam por ordem alfabética dos seus intérpretes:
1. Celine Dion
“All By Myself”, 2. Elton John “Candle In The Wind”, 3. Hanson “MMMBop”, 4. Jewel “Foolish Games”, 5. No Doubt “Don’t Speak”, 6.Puff Daddy & Faith Evans “I’ll Be Missing You”, 7. R Kelly “I Believe I Can Fly”, 8. Spice Girls “2 Become 1”, 9. Toni Braxton “Un-Break My Heart”, 10. U2
“Staring At The Sun”.
Desta lista particular seleccionámos os dois temas seguintes:
A canção “Candle In the Wind”, versão 1997, consiste numa reedição e
novo arranjo da letra e música da canção com o mesmo título gravada por Elton John em 1973. Foi comercializada em Setembro de 1997, como um single de tributo a Diana, a Princesa de Gales, com as receitas inerentes às suas vendas a serem destinadas para instituições de caridade. Entrou para o primeiro lugar da tabela de singles do Reino Unido um dia depois de se iniciarem as vendas, e tornou-se no single mais vendido da história, no Reino Unido e também do mundo depois de 1950. A letra da canção foi adaptada para homenagear Diana (The England’s Rose), dado que a versão de 1973 era dedicada a Marilyn Monroe.
A cantora e compositora Jewel Kircher, simplesmente conhecida pelo seu nome próprio, já vendeu mais de 30 milhões de álbuns e foi nomeada para diversos Grammys ao longo da sua carreira. O seu primeiro álbum, intitulado “Pieces Of You”, foi gravado em 1995, quando tinha 21 anos, e foi produzido por Ben Keith, um nome fundamental na discografia e nos estúdios de Neil Young. A maioria das canções foi, segundo a autora, composta entre os seus 16 e 19 anos de idade. Os dois primeiros singles extraídos do álbum foram as canções “Who Will Save Your Soul” e “You Were Meant For Me”,
“Foolish Games” – Jewel
aos quais se seguiu, em 1997, o tema “Foolish Games”, que veio a tornar-se o mais popular de todos.
ANTIGOS
José Villas-Boas Potes 3/1967
João Nascimento (332/1967), nascido em 1957 é um Compositor que se licenciou em Educação Física pela Faculdade de Motricidade Humana (antigo ISEF) e se doutorou em Música e Musicologia na Universidade de Évora. É Professor de Análise e Técnicas de Composição e Acústica Musical em vários estabelecimentos de ensino secundário e universitário e foi Professor Fundador do Conservatório Regional de Évora – Eborae-Mvsica.
No âmbito das comemorações do quinto centenário da Santa Casa da Misericórdia de Arraiolos realizou-se um concerto em que foi estreia a CELEBRAÇÃO – de Operubus Misericordiae, da autoria do João Nascimento. A estrutura da obra estabelece-se de acordo com a sequência do magnífico conjunto de painéis de azulejos de meados do século XVIII,
ostentando as sete Obras de Misericórdia corporais e espirituais, assim como várias virtudes teologais corporais, que revestem a igreja da Misericórdia de Arraiolos, cujas obras se iniciaram em 1585. A formatação construiu-se na organização em 10 pequenos andamentos, alusivos às obras de misericórdia e seguido de outro que contempla as 4 virtudes (Caridade, Esperança, Fé e a Justiça ou Fortaleza). Os textos usados são em latim e provenientes do Antigo e Novo Testamento. A ideia do concerto foi muito bem-apresentada pela Profª Ana Telles, Professora Catedrática e Vice-Reitora da Universidade de Évora, expressando o convite à viagem musical pelos painéis que decoram os panos murários da nave e transepto deste magnífico templo do século XVI.
A interpretação musical da obra esteve a cargo da Orquestra do Alentejo,
através de um quinteto de cordas, que acompanharam a interpretação vocal da soprano Margarida Pequito, natural e residente em Arraiolos.
O êxito do concerto foi digno de registo, pois considerando a oportunidade e profundidade da temática, que muito dignifica a obra das Misericórdias iniciada no século XV, também atesta a qualidade do autor e compositor.
ANTIGOS
No quadro das comemorações dos 100 anos da primeira Medalha Olímpica (Paris –1924) conquistada por Portugal, ocorreu em Dezembro de 2024 no Auditório do Colégio Militar em cerimónia presidida por Filipe Soares Franco (62/1963) - Presidente da Direcção da Associação dos Antigos do Colégio Militar - o lançamento do livro “O COLÉGIO MILITAR NA HISTÓRIA DO DESPORTO EM PORTUGAL” da autoria de Martiniano Gonçalves (9/1958) e do Prof. Nuno Leitão (ex-Prof. de Educação Física do Colégio Militar), obra prefaciada pelo Prof. Eduardo Marçal Grilo.
Filipe Soares Franco abriu a sessão considerando que o Livro “era uma obrigação” da Associação no sentido de demonstrar a importância que o Colégio Militar teve e tem para o desporto em Portugal, referiu-se ao elevado número de medalhas atribuídas aos Alunos nomeadamente em Aplicação Militar e Física e ao que esse excesso pudesse concorrer para uma menor exigência com consequente nível de formação exigido e, finalmente, que “era uma pena” o Colégio possuir a infraestrutura desportiva de que dispõe fechada ao fim de semana, o que impede a participação do Colégio em competições escolares por equipas.
Seguiu-se a intervenção de João Paulo Bessa (200/1957) subordinada ao tema “Formação Desportiva Aberta e em Rede” cujas primeiras palavras enalteceram a qualidade da formação desportiva no Colégio:
“ A melhor prova da qualidade da formação desportiva do Colégio Militar nos anos 50 e 60 do século passado está no facto de que, não existindo a prática do Rugby no Colégio, 18 Alunos que se dedicaram à modalidade e integraram as equipas dos principais dos clubes para, muito pouco tempo depois e após um período mínimo de aprendizagem das técnicas e do conhecimento das Leis do Jogo, terem sido internacionais enquanto jogadores da Selecção Nacional de Rugby.
Como foi possível? Foi possível porque o Colégio de então permitia que se juntasse à formação desportiva de excelência o conhecimento táctico do combate que ajudava, sendo o rugby um jogo colectivo de combate, à melhor compreensão táctica do jogo a que se juntava, pelo valor da camaradagem que nos envolvia, um elevado
sentido de relacionamento de grupo que nos ensinava a vantagem do nós sobre o eu a que a ordem unida tinha dado uma forma visível.
E assim, habituados à constância da superação como objectivo, estes 18 Alunos Alunos tornaram-se — a partir de 1965 e no final de um interregno de jogos internacionais que vinha de 1954 — reconhecidos jogadores internacionais.”
Martiniano Gonçalves (9/1958) fez de seguida uma breve apresentação do livro começando por um cumprimento especial aos atletas olímpicos e aos seus descendentes ainda vivos que se encontravam na sala, personalizando “este cumprimento colectivo nos descendentes dos Antigos Alunos da equipa que conquistou a primeira medalha olímpica para Portugal:
Manuel da Costa Latino (207/1888) Chefe da Equipa e Hélder de Sousa Martins (225/1912).
Apresentou de seguida a razão de ser do livro nos seguintes termos:
“O livro resulta da vontade de a Associação dos Antigos Alunos do Colégio Militar se associar às comemorações do Comité Olímpico de Portugal dos 100 anos da primeira Medalha ganha por Portugal em Jogos Olímpicos em 1924, e teve como principais objectivos:
- Evidenciar a importância do contributo do Colégio Militar para o Desporto Nacional;
- Através da participação colectiva de 26 Antigos Alunos para o livro com os seus textos, simbolizar o orgulho que temos naqueles de entre nós que representaram dignamente Portugal;
e
- Agradecer ao Colégio Militar a formação que, sem prejuízo de outras áreas, deu e dá aos seus Alunos numa área em que, como instituição de ensino, é único em Portugal.
Mas este desejo depressa se alargou à tentativa de compreender as causas da importância do Colégio, o que veio a constituir parte importante do livro, com um extenso e notável trabalho de investigação e compilação de documentos das mais diversas origens, feito pelo Professor de Educação Física Nuno Leitão, meu parceiro sobre a preparação física e desportiva dos Alunos no Colégio desde a fundação do Colégio no período de 1803 a 1924.
Trata-se da síntese dos conteúdos da documentação dos currículos escolares e do ensino das diferentes matérias com incidência na preparação física e desportiva, trabalho que cumpre o objectivo de repor o Colégio Militar no lugar que lhe é devido na história da educação física e do desporto em Portugal, com o reconhecimento que muito nos orgulha pela atribuição dos Troféus Olímpicos pelo Comité Olímpico de Portugal em 2008 e pelo Comité Olímpico Internacional em 2019” que constitui o Capítulo 1.
O Capítulo 2 é um trabalho colectivo de 26 Antigos Alunos e 3 não Antigos Alunos, que escrevem sobre as 4 modalidades em que Antigos Alunos se destacaram como atletas em representação de Portugal: o Hipismo, a Esgrima, o Pentatlo Moderno e o Tiro, interpretando a essência de cada modalidade no seu contributo para a formação dos jovens.
No Capítulo 3 sob o título “O ecletismo do Colégio Militar”, são apresentados os sucessos desportivos nas mais variadas modalidades de Antigos Alunos que se destacaram quer em Portugal quer no estrangeiro, mas fora do universo dos Jogos Olímpicos, com extractos da notável obra de Rui Figueiredo de Barros (62/1936) e Gonçalo Figuei-
redo de Barros (440/1967) “PARA LÁ DO COLÉGIO MILITAR, UMA ASSOCIAÇÃO CENTENÁRIA” editada em Outubro de 2008.
Finalmente no Capítulo 4, são apresentadas mini-biografias desportivas dos Antigos Alunos que participaram em Jogos Olímpicos, sendo de destacar o seguinte:
- 36 Antigos Alunos participaram em 21 Jogos realizados entre Paris 1924 e Paris 2024, com 74 participações das quais 44 como Atletas e 30 como Dirigentes, Treinadores, Delegado Técnico e/ou Júri de Recurso da Federação Internacional de Pentatlo Moderno e pelo Membro do Comité Olímpico Internacional para Portugal.
- Destes, participaram como Atletas 21 em Hipismo, 5 em Esgrima 3 em Pentatlo Moderno e 1 em Tiro.
Ao todo os Antigos Alunos do Colégio Militar conquistaram para Portugal 3 Medalhas de Bronze todas em Hipismo Saltos de Obstáculos por Equipas no Prémio das Nações, respectivamente a 1ª, a 3ª e a 4ª medalhas obtidas por Portugal.
O Presidente da Direcção da Associação agradeceu as presenças e deu por encerrada a sessão.
Martiniano Nunes Gonçalves (9/1958)
Nuno Mira Vaz 277/1950
Apartir de uma dúvida crucial – «o exercício da liderança é uma oportunidade para auto-satisfação ou, pelo contrário, para devolver o que a sociedade dá ao líder?» – o autor conduz e comenta conversas com três distintos profissionais: uma neurocientista, um filósofo e uma maestrina.
Na Introdução, Pedro Afonso deixa-nos antever o essencial do seu pensamento, ao defender que o líder deve “(…) estimular a motivação dos que estão um passo atrás para darem o que têm de melhor –em competências técnicas e comportamentos sociais que puxem pelo bem comum (…)”.
Trata-se, diz-nos ele, de encontrar o ponto de equilíbrio entre o egoísmo focado nos resultados financeiros essenciais à vida das
organizações e o altruísmo que permite optimizar o Giving back àqueles que trabalham com o líder. Pura sabedoria, completa o autor, porque mais tarde ou mais cedo recebemos de volta o que fomos deixando nos diferentes campos da vida.
No I Capítulo, com o sugestivo título «A ética não se treina, regula-se», aborda-se a possibilidade de melhorar o cérebro a nosso favor e a favor dos outros, sugerindo-se que essa acção pode iniciar-se na infância com uma educação orientada para a liderança e para a prática de actos de devolução, como o voluntariado.
Pelo caminho ficam referências às emoções, à memória, à empatia, ao ego e à cultura, com chamada especial de atenção para a ética,
que funciona como baliza enquadrante do campo de acção de cada um. Numa complexa amálgama de contributos, cabe ainda uma referência ao Colégio Militar, onde, diz-nos o autor, o esforço, a camaradagem e a solidariedade são valores sempre presentes.
No final do Capítulo, Pedro Afonso propõe um conjunto de conclusões, das quais podem destacar-se: a ética não se treina, mas a moralidade sim, até certo ponto; o que nos ajuda a tomar uma decisão intuitiva são as experiências que tivemos; os sucessos e os fracassos individuais devem ser repartidos por todos os membros da equipa.
O II Capítulo aponta-nos um caminho essencial para a liderança: «aprender destrói os nossos pre-
1 Pedro Miguel Gonçalves Afonso (503/1986). ANTIGOS
conceitos». Para lá chegar, o líder tem de perceber que na caminhada vai encontrar pessoas mais bem preparadas do que ele; deve ouvi-las, porque o conhecimento que outros nos transmitem é fundamental para compreender que há diferentes itinerários de pensamento, outras formas de fazer as coisas. No final da caminhada, o seu principal atributo é servir. Giving back é mais do que devolução – é uma forma de crescimento.
No III Capítulo, a maestrina Joana Carneiro mostra-se segura de que a preparação é a melhor arma do líder. Sobretudo no seu caso: aprende na presença dos músicos da orquestra, porque não pode treinar sozinha em casa a harmonia que só se alcança com trabalho conjunto e disciplinado. Mas hierarquia, relação e emoção com
os músicos não só são possíveis como desejáveis e em simultâneo, uma vez que a hierarquia apenas traz eficácia. Uma orquestra pode ter mais de cem músicos, mas a música tem de ser única.
Em jeito de conclusão, Pedro Afonso deixa alguns conselhos ao leitor:
a primeira tarefa de um bom líder é escolher (bem!) os colaboradores; um bom líder tem de promover a confiança entre todos os membros da equipa, motivar o
processo de superação e manter como objectivo o bem comum; e aprender com a experiência, para tornar mais seguro o seu caminho e o dos outros.
Este livro surpreendente transmite-nos uma estimulante lição para a vida:
O verdadeiro poder da liderança está em devolver.
Giving back é um poder inédito que pode transformar muitas vidas.
Luís Ferreira Barbosa 71/1957
Há algum tempo atrás, resolvi folhear um livro existente na nossa Associação, intitulado “O Colégio Militar”, da autoria de Alfredo Machado e Costa, Coronel de Artilharia e Professor do Colégio, editado em 1922, já lá vão mais de 100 anos, pelos Serviços Gráficos do Exército. Trata-se de uma “Memória Histórico-Pedagógica apresentada ao Congresso Luso-Espanhol reunido na cidade do Porto em 1921, e à Exposição Internacional do Rio de Janeiro de 1922”. É um livro de referência, ilustrativo da vida no Colégio no primeiro quartel do século XX, que permite apreciar a qualidade do ensino e o pioneirismo do nosso Colégio.
O livro permite-nos descobrir numa foto rara de uma lição de esgrima de baioneta, no antigo ginásio descoberto, o actual jardim da “Enferma”.
A esgrima de baioneta, hoje em dia quase esquecida, teve um papel importante na instrução dos soldados de Infantaria, no século XIX e no princípio do século XX. Com a baioneta calada no extremo do cano da arma, num prolongamento da mesma, o infante, em situações de combate corpo a corpo, em que já não podia disparar, continuava a dispor de uma arma temível.
Era uma arma, defensiva e ofensiva, do género de uma lança. Soubesse ele usá-la bem, estaria longe de estar fora de combate. O uso eficiente da baioneta calada na ponta da espingarda, exigia o conhecimento e a prática de um conjunto de movimentos específicos, daí ter nascido a designação esgrima de baioneta. Esta esgrima era ensinada ao combatente de Infantaria, de forma análoga à da tradicional esgrima com espada ou sabre.
No meu tempo no Colégio já não tive instrução de esgrima de baioneta, mas lembro-me de ver fotos e filmes desta esgrima, em que o inimigo, representado por um saco de areia ou por um fardo de palha, acabava com a baioneta espetada na “barriga”, ao som de urros selvagens dados pelo atacante, para o atemorizar.
Na 1.ª Guerra Mundial, em França, na "Flandres", onde o Corpo Expedicionário Português combateu, quando se efectuava um raid às trincheiras do inimigo, atravessando a “terra de ninguém”, o uso da baioneta calada era obrigatório, para a luta corpo a corpo, no final, dentro das trincheiras do inimigo.
Para melhorar o meu conhecimento sobre o assunto, resolvi obter alguma informação extra. Para tal recorri ao Coronel Pára, Nuno António Bra-
Reprodução de figuras do livro "De l'Escrime a la Baionnette".
vo Mira Vaz (277/1950). Também ele não tinha tido instrução de esgrima de baioneta. No entanto, conseguiu obter informação sobre o assunto através do seu camarada de curso, Coronel Comando, Raul Miguel Socorro Folques (380/1952).
O Raul Folques surpreendeu-nos com um manual relativo ao assunto, que generosamente nos emprestou. Este manual, do início do século XIX, publicado em simultâneo em Paris e em Bruxelas, é uma preciosidade. Tem como título, em francês, “De l`Escrime a la Baionette ou Instruction pour l`emploi du fusil d`infanterie comme arme d´attaque et de défence”. O autor do livro foi o Capitão M. Selmnitz, do Exército da Saxónia. A sua tradução para francês foi feita pelo Tenente Ajudante Major J.B.N.Merjay, do regimento de elite do exército belga. A edição
original do livro, em alemão, é de 1825, poucos anos após as guerras napoleónicas, o que diz algo sobre a importância dada então a esta matéria. O livro foi elogiado, tanto nas revistas militares alemãs da época, como pelo boletim das ciências militares em Paris.
O tradutor diz que o emprego completo da baioneta, tinha sido negligenciado, afirmando que “o soldado que só aprende a servir-se da sua espingarda, com o fim único de disparar, dará pouca importância à sua baioneta e pensará que fica sem recursos, a partir do momento em que deixar de poder disparar, sucumbindo necessariamente, ou pondo-se em fuga, quando poderia vencer com facilidade”. Tendo em conta esta situação, o Capitão Selmnitz, depois de anos de estudos e de experiências sobre o assunto, estabeleceu um conjunto de normas para o uso da baioneta calada. O livro de Selmnitz foi um êxito, foi adoptado pela maioria dos exércitos alemães, esperando, o seu tradutor, o mesmo êxito na Bélgica.
Classe de ginástica com arma. Década de 1930.
A invenção das armas de fogo relegou para segundo plano o uso da arma branca na guerra. A experiência demonstrou, mais tarde, que a táctica de fogo era insuficiente e que a espingarda devia ser usada também como arma de choque, na luta corpo a corpo. O infante, quando não pudesse disparar, se soubesse servir-se da baioneta e da coronha da arma, poderia, num caso de defesa e de perigo eminente, resistir com sucesso, mesmo ao ataque de dois cavaleiros. Considero esta asserção (dois cavaleiros) algo optimista. Só um homem de “nervos de aço” e exímio executante da esgrima de baioneta o conseguiria fazer.
A instrução da esgrima de baioneta foi largamente adoptada nos exércitos alemães e no austríaco. Esta adopção implicou a necessidade de transpor os princípios da ginástica
para a instrução militar, no sentido de os soldados adquirirem maior mobilidade e flexibilidade de membros, condição essencial para o uso da arma, tal como requerido pela esgrima de baioneta.
O manual de Selmnitz é um documento notável, pela forma prática como expõe o assunto, com rigor e detalhe. Tem cerca de 200 páginas de texto, complementado por belos desenhos ilustrativos da matéria. É obra de um alemão! Reproduzimos dois desenhos, que permitem avaliar da qualidade do manual.
O livro é apresentado com uma “Ordem metódica do ensino”, começando pela instrução sem arma, seguida da instrução com bastões, antes de se chegar à instrução com arma.
A esgrima de baioneta tem muitas analogias com a esgrima com espada.
Tem as posições de “em guarda”, tem as diferentes posições de paradas e respostas, ataques a fundo ou com saltos etc…. É curioso que a dado passo se recomenda a utilização de um “cavalo móvel em madeira”, para ser usado no inverno, quando a instrução era dada em espaço coberto.
Satisfeita a minha curiosidade sobre o assunto, que espero ter sido compartilhada por alguns leitores, termino apresentando uma foto, para mim inédita, de uma classe de “ginástica com arma”, tirada no Colégio, no final da década de 1930. Observando a foto, uma pessoa questiona-se. Isto era Educação Física ou Instrução Militar? A arma era utilizada naquele caso como um “aparelho” de ginástica, tal como as ginastas de hoje usam as fitas, os arcos, as bolas, ou as massas indianas. Que a foto é interessante, ninguém pode negar.
Para terminar, chamamos a atenção para detalhes da primeira e da última foto. Na primeira foto, os alunos praticavam a esgrima de baioneta com uma pequena mochila às costas e com as pernas protegidas por grevas, que eram umas fitas de tecido resistente, enroladas nas pernas, para sua protecção, usadas pelos nossos soldados na 1.ª Guerra Mundial. Na última, é de notar a correcção de postura e sincronia de movimentos dos alunos constituintes da classe de ginástica com arma, fruto de muito treino.
Nota final:
Agradecemos ao Raul Miguel Socorro Folques (380/1952) o empréstimo do livro que serviu de base ao presente texto.
Em 1924 foi publicado o livro Portugal na Grande Guerra. O 9 DE ABRIL DE 1918 E O MARECHAL HINDEMBURGO1, da autoria de Nuno Álvaro Brandão Antunes. Capitão de Artilharia, Nuno Antunes tinha combatido na Flandres durante a I Grande Guerra e sentira-se profundamente ofendido por uma expressão – a única dedicada ao comportamento dos militares portugueses – utilizada pelo Marechal Von Hindemburg, Chefe do Estado-Maior dos Exércitos alemães, no livro A Minha Vida:
“(…) os portuguezes abandonaram, na maior parte, o campo de batalha numa fuga louca, renunciando definitivamente ao combate a favor dos seus aliados (…)”.
Esta opinião, vinda de um militar que até os seus inimigos respeitavam, deixou Manuel Antunes profundamente indignado. Como deixou claro no seu livro, “(…) Nem os valentes soldados alemães, porque inegável é que o foram, nem a França sublime e heroica, nem os ponderados inglezes, nem nenhum paiz que fez a guerra, conseguiram o que obtivemos dos nossos homens. Não houve exercito nenhum que conseguisse dos seus soldados uma permanencia tão grande nas trincheiras como os nossos tiveram. Não houve soldado nenhum que se batesse em peores circunstancias do que o nosso.
Quem, tendo lidado com taes homens, se não sentiria revoltado perante palavras tão injustas, escritas com um cunho de sinceridade, sim, mas que, por isso mesmo e pela qualidade de quem as escreveu, constituíam um julgamento que passaria á Historia·? (…)”.
Forte nas suas convicções, Nuno Antunes decide escrever ao Marechal:
Portugal, Queluz, 20 de novembro de 1923
Ex.mo Senhor
Marechal Hindemburgo
“(…) Porque foi, então, que a divisão portugueza lutou, em tão desgraçadas circunstancias, até perder mais de 60 % dos seus efectivos? Porque nas veias d'aqueles pequenos soldados corre ainda o sangue dos que descobriram os mares, que conquistaram a Africa e as Indias, o sangue que ha muitos séculos tem sido vertido no mundo inteiro; o sangue d'aqueles soldados de quem
o imperador Napoleão dizia - se todos os meus soldados fôssem como estes, conquistaria o mundo inteiro. Vós direis, Senhor Marechal que os 7500 homens não foram todos mortos mas, alguns, aprisionados. Responder-vos-ei com as palavras que atribuís ao vosso imperador. - É, por. vezes, aquele que combate mais valentemente, que sofre a mais dura sorte, o cativeiro» (relato da batalha de Soissons-Reims). Se tivesseis visto os nossos pequenos soldados no combate, tel'os-ieis amado, como general, admirado, como inimigo. É, ainda, nas vossas memorias que encontro a defeza da 2.ª divisão portugueza, ao falardes do ataque de Rosberitz no dia 3 de julho de 1866. «O meu pelotão tinha perdido metade do seu efectivo, prova de que tinha cumprido todo o seu dever». Que a lucta e a acção da divisão portuguezas foram gloriosas, prova-o que dizeis a respeito do exercito austro-hungaro na frente do Isonzo. - «Esta luta exgotava terrivelmente as forças do exercito austro-hungaro que se batia nas mais penosas condições contra forças muitas vezes superiores; assim esta luta é digna da maior gloria)). E, para fazer salientar as dificuldades d'esse dia, eu não farei
senão transcrever das vossas memorias o que dizeis a respeito do dia 8 de agosto de 1918: - «Os carros de assalto, mais rapidos do que anteriormente, surpreenderam certos estados-maiores de divisões nos seus abrigos e destruiram as comunicações telefónicas com as tropas combatentes. D'aí resultou que os estados-maiores superiores perderam toda a possibilidade de comando. As primeiras linhas deixaram de receber ordens. A situação tornou-se ainda mais inquietadora porque, nesse dia, um nevoeiro intenso impedia a observação do campo de batalha». A divisão portugueza perdeu, no dia 9 de abril, todas as comunicações desde o começo e um nevoeiro intenso impediu a observação do campo de batalha.
Se, ao tratar-se da França, vós dizeis:–«muitas vezes eu vi oficiaes e soldados alemães deterem-se silenciosamente, mesmo em territorio alemão, deante de monumentos francezes, e experimentei, como eles, um profundo respeito ao pensar nos feitos realizados pelos nossos inimigos e nos sacrificios que suportaram» – eu estou certo de que não recuzareis a justiça devida á 2.ª divisão
portugueza. O exercito inglez e o exercito alemão não carecem da honra da divisão portugueza para conservarem as suas glorias.
Aceitae, Senhor Marechal, a expressão do meu mais profundo respeito.
Nuno Alvaro Brandão Antunes
Capitaine au Groupe de Batteries à Cheva
A resposta do Marechal demorou alguns dias:
Hannover, 19 de janeiro de 1924
Ex.mo Snr. Capitão
Peço desculpa de ter demorado a resposta à sua carta de 20 de novembro de 1923. O facto de eu ter de mandar rever o arquivo do nosso estado-maior de então, certamente explicará essa demora. Os factos narrados no meu livro baseiam-se nos depoimentos de um oficial inglez prisioneiro e nas informações dadas por Oficiais alemães que tinham tomado parte no combate. As investigações a que desde então se tem procedido, dão, porém, um juízo diferente do comportamento das tropas portuguezas, e não tenho duvida em declarar o seguinte: No meu livro «Da minha vida» acha-se, na narração da batalha do Lys, o seguinte periodo:
«As tropas portuguezas, na sua maior parte, retiraram-se do campo de batalha n'uma fuga desordenada, deixando aos seus aliados o cuidado de nos combater.»
Conforme fui informado, esta redacção deve ser modificada. O assalto dos alemães encontrou os portugueses em posição pouco favoravel, e o progresso do ataque alemão foi mais favorecido por este facto do que por falta de resistencia das tropas. Considerando-se as
circunstancias dificeis, as tropas, tanto o oficial como o soldado, bateram-se valentemente.
Nas novas edições do meu livro far-se-á igualmente a correspondente rectificação.
O meu coração de velho soldado regosija-se vendo a nobre atitude com que V. Ex.ª defende a honra das suas armas. Quanto mais valente é o inimigo, tanto mais gloriosa é a vitoria sobre o mesmo.
Saudo V. Ex.ª como camarada e subscrevo-me com toda a consideração.
De V. Ex.ª dedicado Von Hindenburg General, marechal de campo
A nobre rectificação feita pelo Marechal acerca do comportamento dos militares portuguese em La Lys mereceu nova carta do capitão Antunes:
Queluz, 18 de fevereiro de 1924 Senhor Marechal
Em meu poder a vossa prezada carta de 19 de janeiro. Desejaria conhecer uma outra palavra para vos significar todo o meu reconhecimento mas, nenhuma me pareceu mais apropriada do que esta simples exclamação: obrigado. As palavras teem, porém, a significação que o sentimento lhes imprime, e eu ponho nesta todo o meu coração de portuguez e de soldado. Quando li o vosso livro, senti imediatamente um vivo desejo de vos escrever. Hesitei, passados os primeiros momentos, pois pensei na distancia que nos separava mas, pensei egualmente que, amando a vossa Patria, como se sente ao ler as vossas memorias, e sendo um velho soldado, como sois, a minha tentativa encontraria éco no vosso coração e a minha
Livro do Capitão de Artilharia Nuno Antunes.
ousadia seria perdoada, porque as compreenderíeis. Batemo-nos ontem; fizémos todo o possivel para destruir os planos formados de parte a parte; arriscámos as nossas vidas, que teriamos alegremente sacrificado, para glorificar as nossas Patrias; mas nenhuma razão havia que nos impedisse de sermos justos para com aqueles que haviam sido os nossos respétivos adversarios. E, foi esta ideia que me deu a coragem para executar a diligencia que tentei junto de vós. Agradeço-vos as boas palavras que me dirigís ao falardes da maneira como defendi a honra do exercito da minha Patria. São bem as palavras de um velho grande soldado e, asseguro-vos que foi como soldado que faz das armas uma profissão de honra e do amôr da Patria uma religião, que as recebi no meu coração. Mais uma vez vos digo: –obrigado, de todo o meu coração.
Aceitae, Senhor Marechal, a expressão do meu mais profundo reconhecimento.
NUNO ANTUNES Cap.
Nuno Mira Vaz (277/1950)
Manuel Vaz da Silva e Sousa 356/1948
Aevolução dos tempos vai, seguramente, produzindo algumas modificações no dia a dia da vida colegial. Mas, curiosamente, o espírito que caracteriza o seu modelo educativo e que marca a vivência colectiva dos que envergaram e dos que hoje envergam a farda cor de pinhão sente-se que permanece. Há como que uma unidade no pluralismo dos tempos.
Existem dois aspectos, que habitualmente não encontro referidos, mas que, creio, podem ter criado algumas dificuldades na manutenção do ambiente educativo. Um, a substituição dos funcionários que trabalhavam no Colégio e que, dia após dia ano após ano, viviam com entusiasmo
a plenitude de quem tem aí a totalidade do seu mundo, por serviços de outsourcing, com o anonimato e a indiferença de quem cumpre uma tarefa que hoje se realiza e que amanhã poderá ser substituída por uma outra qualquer. Também a perda da autonomia pedagógica não permite a escolha daqueles professores que, para além da sua capacidade pedagógica eram, pela sua personalidade e maneira de ser, capazes de se integrarem mais facilmente naquele ambiente colegial específico em que os alunos vão evoluindo, com carácter firme, em sabedoria, destreza física, capacidade de decisão, e cidadania.
Um dos professores por quem temos (é atrevimento não falar só por mim,
mas é o que depreendo das opiniões que tenho colhido de conversas com outros camaradas colegiais e que também já tenho encontrado expressas nalguns textos da Zacatraz) uma agradecida admiração e uma saudosa lembrança é o “nosso tenente, depois capitão” Dr. Jaime Pinto da Silva Mota. Foi nosso professor de Português do 1º ao 7º Ano e de Latim no 4º e 5º Ano.
Alguns episódios ainda retenho na memória e passarei, como curiosidade, a relatá-los.
Camilo Castelo Branco um dos nossos grandes escritores era, também, por temperamento, um grande polemista. Numa das suas polémicas,
com alguém cujo domínio da Língua Portuguesa não seria brilhante, aconselhava: “Manuseai o bom Morais com mão diurna e nocturna”. Referia-se ao Grande Dicionário da Língua Portuguesa de António Morais Silva, obra de lexicologia de referência na época.
Quando durante o estudo alguém perguntava, em vez de procurar no Dicionário de Francisco Torrinha, o significado de uma palavra, o “nosso capitão” curvava os dedos da mão direita e com a articulação inter-falângica do dedo médio disparava um “carolo” enquanto exclamava:
- Então o menino acha que eu tenho cara de Dicionário.
E assim, meio a sério meio a brincar, ia-nos levando a pesquisar a sinonímia, valorizando o nosso vocabulário e a hermenêutica dos textos.
Se lhe pediam uma caneta emprestada para colmatar qualquer imprevista ocorrência dizia:
- O menino tenha cuidado! Olhe que essa caneta não está habituada a escrever disparates.
Ficaram célebres algumas definições verdadeiramente paradigmáticas para as quais, chamando a atenção, dizia:
- Façam o favor de pegar no caderno diário e escrever estas definições. Não precisam de as saber de cor. Basta que as saibam como quem reza o Pai Nosso.
Porque me parecem de muita qualidade aqui as refiro. São elas:
Epopeia – é uma narração laudatória em que lendas e mitos, heróis e divindades se fundem num maravilhoso poético e na qual se cantam
em voz grandíloqua as lutas temerosas de um povo pela realização de um grande ideal colectivo.
Literatura Portuguesa – é o conjunto de documentos escritos originariamente em Português, em prosa ou em verso, capazes de produzir no leitor uma emoção estética pela excelência da ideia ou pela beleza dos elementos formais.
Ditongo – é uma emissão vocálica contínua cujo princípio e fim são nitidamente distintos e cuja parte média se caracteriza pela passagem de um timbre (som) para outro.
Questionei vários Professores da classe de Letras de algumas Universidades sobre o valor destas definições. Depois de um breve silêncio
apreciativo vieram sempre rasgados elogios.
Recordaram-me as expressões usadas pelo Oficial de Dia, nos meus tempos de Serviço Militar Obrigatório, quando fazia a apreciação da alimentação fornecida à Unidade e escrevia no Relatório: Boa, abundante e bem confeccionada.
Também me fizeram lembrar as classificações académicas das provas de grande mérito: Summa cum laude.
Eram, assim, os ensinamentos do Dr. Jaime Pinto da Silva Mota, o “nosso Capitão Mota”.
Álvaro Cruz Cordeiro 48/1967
Brás da Costa Rubim (23/1828) e José Jácome Rubim (21/1824) nasceram na cidade de Vitória, na Capitania do Espírito Santo, o primeiro em 1 de fevereiro de 1817 e o segundo em 1814. Eram filhos do Capitão de Mar e Guerra Francisco Alberto Rubim (1768-1842), que na altura desempenhava o cargo de Governador da dita capitania.
Em 1820 Francisco Alberto Rubim foi nomeado Governador da Capitania do Ceará, para onde parte com a família.
É já na capital (Fortaleza) desta capitania que, a 21 de outubro de 1821, nasce Lucas da Costa Rubim (54/1832).
Destituído do cargo de Governador por uma Junta Revolucionária nos finais de 1821, Francisco Alberto Rubim regressou com a família a Lisboa.
Brás da Costa Rubim ingressou no Real Colégio Militar em 1828, seguindo as pisadas de seu irmão José Jácome e lá se manteve até 1834, já na companhia do irmão Lucas.
Três anos após a morte do pai, regressa ao Brasil em 1846, desembarcando em 22 de abril no porto do Rio de Janeiro, cidade onde passará a residir, desempenhando vários cargos públicos:
- Em 1847 é referido como Amanuense da Alfândega do Rio Grande do Sul (Gazeta Oficial do Império do Brasil - edição 00120 de 1847/01/26 pág. 1)
- 1º Escriturário da Direção Geral da Contabilidade do Tesouro Nacional no Rio de Janeiro.
Paralelamente com a sua carreira de funcionário público, Brás da Costa
Rubim desenvolveu uma carreira literária que viria a notabilizá-lo, sendo autor de:
“Dicionário Topográfico da Província do Espírito Santo”
“Noticia Cronológica dos factos mais notáveis (da Província do Espírito Santo) desde o seu descobrimento até à nomeação do Governo Provisório”. "Memórias históricas e documentadas da província do Espírito Santo"
"Vocabulário brasileiro para servir de complemento aos dicionários da língua portuguesa".
“Cartografia da Província do Espírito Santo”
"Memória sobre a revolução do Ceará em 1821"
"Pomologia e frutologia portuguesa"
Obras de Braz da Costa Rubim (23/1828).
Fez estudos de glotologia, tendo publicado, no Rio, em 1853, “Vocábulo Brasileiro”, a que se seguiu:
“Vocábulos indígenas e outros introduzidos no uso vulgar”.
Afonso Cláudio, escritor, poeta, historiador, professor e primeiro Governador do Espírito Santo após a implantação da República, na sua “Historia da Litteratura Espirito-Santense” faz uma longa apreciação do contributo de Brás da Costa Rubim nos destinos e progressos de Espírito Santo.
Brás Rubim foi membro do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro, e foi fundador da Biblioteca Pública do Espírito Santo. No Relatório apresentado à Assembleia Legislativa Provincial do Espírito Santo, apresentado pelo Presidente da Provín-
cia, José Fernandes da Costa Pereira Júnior, em 1862, pode-se ler:
“Ha pouco mais de 2 mezes o cidadão Braz da Costa Rubim, cujo nome lembra a esta província os serviços de hum dos seus mais, zelosos administradores, remetteu 1 caixote com varias brochuras para a bibliotheca, contando-se entre ellas a copia authentica da compra da Capitania do Espirito Santo pela coroa Portugueza. Não é o primeiro donativo com que aquelle cidadão procura auxiliar o estabelecimento mostrando-se dignamente interessado pela prosperidade d'esta provincia que lhe deve ser duas vezes chara, jà por aqui lhe está o berço, jà porque ao nome d’ella se acha estreitamente ligado o de seo benemérito pai”.
Brás da Costa Rubim viria a falecer, no Rio de Janeiro, a 11 de agosto de 1871.
As suas obras sobre a Província do Espírito Santo têm sido alvo de numerosos estudos e teses de mestrado e doutoramento.
Em 2023 a Comissão de Constituição e Justiça da Assembleia Legislativa do Estado do Espírito Santo deu parecer favorável à criação da Medalha “Braz Costa Rubim” para homenagear profissionais de história e da cultura espírito-santense.
Fazem parte da toponímia de Antigos Alunos do Colégio Militar, com a presença de uma Rua Brás da Costa Rubim em São Paulo, e uma Rua Brás Rubim em Vitória.
Os irmãos Costa Rubim são tios-trisavôs dos irmãos Cruz Cordeiro (175/1960, 27/1963, 130/1964 e 48/1967).
Assim que se teve conhecimento, em Macau, da chegada dos nossos aviadores a Hong-Kong, a lancha-canhoneira MACAU, apesar da tempestade, largou para Hong-Kong, ao seu encontro. A viagem nocturna foi tremenda, mas a lancha atingiu, na manhã do dia 21, o seu destino. À tarde, foi a vez de arribar a Hong-Kong a canhoneira PÁTRIA.
Dia 24 de Junho, foi a vez de Manuel Gouveia chegar a Hong-Kong, depois de mil peripécias. No dia 25, a canhoneira PÁTRIA regressou a Macau, com os 3 tripulantes do avião seu homónimo. À chegada a Macau, os sargentos da canhoneira pediram
autorização ao seu comandante, para serem eles a tomar lugar aos remos do escaler que levaria os aviadores até ao cais. Tal honra foi-lhes, naturalmente, concedida pelo comandante Bivar. Macau recebeu os heroicos aviadores com o maior carinho. As homenagens sucederam-se, durante dias de festa ininterrupta.
A 7 de Julho, a canhoneira PÁTRIA transportou os aviadores para Cantão e depois para Hong-Kong, onde foram recebidos pelas colónias lusas locais. Seguiram depois para Shangai, de onde partiram, num paquete, para Vancouver. Depois de visitarem várias comunidades lusas da costa Oeste dos Estados Unidos, fizeram
a travessia do país, de comboio, até Boston. Na costa Leste visitaram também as principais comunidades lusas, que rivalizaram com as da costa Oeste, no calor das recepções proporcionadas aos aviadores.
A 28 de Agosto, partiram dos Estados Unidos, a bordo do transatlântico AQUITÂNIA, com destino a Londres, onde foram recebidos pelo General Norton de Matos, então embaixador de Portugal naquela capital.
A 7 de Setembro, partiram de Southampton, de novo em paquete, rumo a Lisboa, onde chegaram incógnitos, passados dois dias. O telegrama de Londres, que anunciava a sua chegada
a Lisboa, andava ainda a fazer o seu périplo pelos corredores do ministério. Ao desembarcarem, encontraram acidentalmente Sacadura Cabral, que estava no cais esperando alguém das suas relações.
No dia 13 de Setembro, foram os aviadores homenageados pelo governo, com pompa e circunstância, e pela população de Lisboa, em verdadeiro delírio. O Povo sentia-se irmanado com os aviadores na sua façanha. O PÁTRIA tinha sido pago com o produto de uma colecta de fundos, a que o povo tinha aderido entusiasticamente, e as despesas da viagem, tinham sido pagas com o produto de segunda colecta.
O governo atribuiu aos aviadores a Ordem da Torre e Espada do Valor, Lealdade e Mérito. Mais tarde, o Exército determinou a sua promoção aos postos imediatamente superiores aos seus.
A cerimónia da condecoração dos aviadores teve lugar no Terreiro do Paço, perante uma parada militar. Do Terreiro do Paço, seguiram os aviadores em cortejo triunfal, para o Rossio, passando sob o monumental arco da rua Augusta.
Também a Invicta homenageou os aviadores, em sessão realizada no teatro Sá da Bandeira. Sendo ainda realçar a festa realizada em Vila Nova de Milfontes, local de partida da grande aventura.
As funções desempenhadas por cada um dos três aviadores no decurso da viagem foram sintetizadas por Sarmento de Beires da seguinte forma:
«No ar, era Brito Paes quem, paternalmente, ia levando o Pátria pela mão. Eu ajudava-o a subir e a descer. Em terra entregávamo-lo ao médico, o Gouveia, que é especialista e que o tratava com cuidado extremo».
A razão de ser da viagem do PÁTRIA, que durante 80 dias polarizou a atenção de todo o Portugal, foi sintetizada por Brito Paes, num dos seus discursos, em Macau, da seguinte forma:
«A nossa viagem tinha dois fins. Primeiro: sendo nós oficiais do Exército e patriotas, precisávamos de vir a Macau, terra portuguesa entre as terras portuguesas, onde Camões se inspirou para escrever Os Lusíadas.
Aqui estamos.
Segundo: sabendo-se que todas as nações se empenhavam na realização de grandes viagens aéreas, a Aviação Portuguesa não podia permanecer apática e indiferente e cumpria-lhe não deixar de participar condignamente na grande competição.
Atingimo-lo também.»
Como frisou o Almirante Gago Coutinho, numa das homenagens aos autores da grande aventura, esta viagem, da ordem dos dezassete mil quilómetros, foi quase uma meia volta ao mundo.
Para finalizar esta evocação, não resistimos a transcrever um pequeno texto da História da Força Aérea Portuguesa, da autoria do Coronel Piloto Aviador Edgar Pereira da Costa Cardoso (272/1919).
«De uma janela da casa de jantar do Hotel Francfort, um «Menino da Luz», com uma solitária estrela doirada a luzir no veludo da sua farda cor de pinhão, vibrou de tal forma com a homenagem àquela constelação de estrelas da Aviação Portuguesa, sobretudo com Sarmento de Beires (que fora aluno do Colégio Militar), que o facto viria a decidir o seu destino: a escolher a honrosa profissão de aviador!
Esse moço, então de 15 anos, é o autor destas linhas, que viria a ser grande amigo de Sarmento de Beires, um aviador de eleição.»
No VI Encontro Anual da Investigação & Desenvolvimento em Ciências Militares, com a presença de S. Exa. o General Chefe do Estado-Maior-General das Forças Armadas, que decorreu no dia 26 de Novembro de 2024, na Escola Naval, foram reconhecidos e premiados trabalhos no âmbito do desenvolvimento em Ciências Militares.
As nossa forças armadas lidam com informações altamente sensíveis e classificadas. Proteger esses dados contra-espionagem, acessos e escutas é essencial para garantir e manter a vantagem táctica e estratégica. A falta de uma ciberdefesa adequada nas Forças Armadas resulta em vulnerabilidades críticas que comprometem a segurança nacional, a integridade das operações militares e a protecção de informações sensíveis. É essencial abordar esses desafios de forma proactiva para garantir uma defesa eficaz e resiliente contra as ameaças cibernéticas e defender os recursos digitais.
Para a defesa nacional e as forças armadas, a ciberdefesa não é apenas uma questão de proteger sistemas e dados, mas sim uma componente vital da estratégia de segurança nacional. Ela assegura a protecção de infra-estruturas críticas, a preparação para cenários de guerra cibernética e a manutenção das vantagens estratégicas informacionais sobre os adversários e inimigos.
Num mundo onde as ameaças estão em constante evolução, a ciberdefesa é uma necessidade imperativa para a soberania e a segurança de qualquer nação.
Infra-estruturas críticas, como redes de energia, sistemas de comunicação, e instalações militares, são alvos atraentes e remuneradores para ciberataques. É sabido que estados-nação e actores não estatais, como grupos terroristas e hackers, estão constantemente a desenvolver novas capacidades cibernéticas para contornar e comprometer os nossos sistemas de defesa, quer nacionais, quer NATO.
Raúl Rato (374/1968), dando resposta a esta problemática, utilizando as capacidades da tecnologia WAVING, que é uma inovadora tecnologia de índole quântica, para
proteger e garantir a segurança dos sistemas de dados e de telecomunicações principalmente nos níveis um, dois e três, mereceu assim, a atribuição do prémio “Inovação das Forças Armadas 2024”. A Redacção
Declaração de intenções: Não fui parte interveniente. Como nos filmes: Qualquer semelhança com pessoas ou acontecimentos é pura coincidência.
O graduado de dia chamou os alunos que iam a doentes, formou-os e, determinado, comandou:
- Em freeente… marche.
Chegaram à Enferma. Os alunos destroçaram. Começou a consulta.
O médico que substituiu o Tof-Tof (excelente clínico, mas que com a sua macroglossia distorcia a fonética quando mandava tossir, o que lhe valeu a alcunha) perguntou ao aluno:
- De que te queixas?
O aluno baixou a cabeça e sussurrou:
- Tenho febre
Iniciou-se o habitual interrogatório de pesquisa sintomática que foi quase todo negativo. A observação das amígdalas, a auscultação cardiopulmonar e a palpação do abdómen não mostraram alterações. Nem sequer havia uma simples ferida que pudesse estar infetada.
- Hum… acho muito estranho, mas... Valério, põe o termómetro a este aluno.
O 2º sargento enfermeiro Valério apressou-se a cumprir a ordem. Levou o aluno para a sala do lado, entregou-lhe o termómetro e dirigiu-se para a sala seguinte onde tinha de tirar um aparelho de gesso a um aluno cuja fratura já tinha consolidado.
Esqueceu-se da serra adequada para o efeito e voltou à sala anterior para a ir buscar. Viu que o aluno, pseudo-febril, esfregava afanosamente o sítio do mercúrio do termómetro. Valério ficou irritado e, com mau modo, pegou no termómetro e levou-o ao médico:
-39,5º
- Valério, desinfeta o termómetro e mede a temperatura debaixo da língua.
- 35,8º - gritou, triunfante, o enfermeiro. Com ele não havia “abébias”.
O aluno enrubesceu. Os olhos marejaram-se de lágrimas. Aprumou o seu corpo de 13 anos e, perfilado, diz ao médico:
- Meu capitão, nos dois primeiros períodos só tive “negas”.
Nos estudos “encravava” e os intervalos e recreios serviam para encher a caderneta com as figuras dos jogadores da bola que vinham com os rebuçados que pedia ao corneteiro para ir comprar à “tasca” em frente ao Colégio. Os que tinha repetidos eram para colar nas “caricas” para formar as equipas com que jogamos futebol nas mesas de ping-pong.
- Jogar futebol nas mesas de ping-pong? interrogou o médico.
- Sim. As “caricas” são os jogadores e a bola é um botão dos que estão na caixa do pequeno equipamento onde se guardam as agulhas e as linhas.
Arrisquei-me a “chumbar”. No 3º período tenho-me esforçado nos Estudos
e, nas vésperas dos pontos, ponho um papel na caixa da parede do fundo da camarata, onde está a chave que dá corda ao relógio para a ronda registar a sua passagem:
“Acorde o aluno nº… às 5 horas para estudar”. Os alunos da minha turma têm-me ajudado. Já quase estou “safo” para ir a exame. Só me falta a Matemática. Preciso de doze no Período e já tenho dois Suficiente +. O problema é que o “Incas”, excelente professor, mas muito exigente, vai fazer um ponto sobre toda a matéria e eu estou com medo de me “espalhar”.
O médico fez uma longa pausa reflexiva, a ponderar e, com ar grave, sentenciou:
- Afinal tu és responsável, corajoso e veraz. Estou a pensar na tua
doença e, na realidade, há febres ondulantes. É mais prudente baixar-te à Enfermaria e manter-te em observação durante dois dias.
O aluno conseguiu notas para ir a exame, que lhe correu muito bem, e concluiu o 3º ano com a nota de 14 valores.
Manuel Vaz da Silva e Sousa 356/1948
Matilde de Carvalho 37/2016
Desde o primeiro ano de Colégio que quis ser interna. Observava os meus camaradas, a sua rotina; a formatura do pequeno-almoço e a do jantar, o elo mais próximo aos graduados e as experiências que, ao fim ao cabo, apenas um Menino da Luz que vivencia o internato tem.
Como já referi no artigo anterior a esta, em 2013, quando o colégio abriu as suas portas a alunas, o regime de internato não nos era possível. Porém, após dois anos, o primeiro edifício de internato feminino deu por terminada a sua construção e pôde receber algumas Meninas da Luz que pretendiam o regime interno.
É com enorme saudade que me relembro de ser uma dessas meninas, ansiosa perante uma nova rotina, a tal rotina que imaginava desde o primeiro ano. E as expectativas corresponderam à realidade: desde o acordar numa camarata rodeada das que estavam lá para mim, até ao recolher, na mesma camarata, com brincadeiras e sorrisos que marcavam o final de um dia preenchido.
Além disso, o internato abriu-me as portas a experiências únicas como os jogos culturais, a noite das patrulhas, a noite das pinturas, os jogos na companhia, as conversas à noite nos cantos dos graduados e o estudar com um camarada que percebesse mais de alguma matéria.
Nunca me esquecerei do meu tempo na segunda companhia. Foi uma altura que me marcou, não só pela formação do meu curso, o Curso 2013, como também pelo elo que senti que criei com os meus graduados. Acredito que foi um dos momentos em que dei uma volta de 180 graus enquanto aluna e Menina da Luz.
Lembro-me do exato momento em que me apercebi da influência e impacto que o Colégio tinha em mim: tínhamos acabado um treino de armas, na altura era pequena e a arma pesava…, contudo, nesse treino, decidi que ia dar tudo, batimentos, postura, braços à altura dos ombros, alinhamentos… após esse treino, um graduado deu-me os parabéns. A partir desse momento dei o meu melhor em cada treino. Umas me-
ras palavras ditas a uma menina de 13 anos auxiliaram a tornar-me no que sou hoje e jamais me esquecerei desse momento. No ano seguinte, o Curso 2013 passou para o andar de baixo, 3ª Companhia. Tinha consciência de que, com o avançar dos anos as exigências aumentavam e foi o que, efectivamente, senti. Aos meus olhos, a terceira não foi nada fácil, contudo, tenho a noção de que o apoio e ajuda entre os meus camaradas nos permitiu ultrapassar a “vassoura”, e persistir enquanto Curso naquela enorme casa.
Finalmente, gostava de deixar umas palavras sobre o internato no Colégio Militar. Poucas são as escolas que possuem este tipo de regime e muitos, especialmente os de fora, que desconhecem esta casa, o encaram como uma forma de punição ou de correção. A verdade, dito por alguém que o viveu, é que é uma oportunidade única que encoraja a autonomia dos alunos, fortalece relações e os torna mais próximos de serem homens e mulheres preparados para a sociedade.
Um Forte Zacatraz!
SABERES E SABORES DO VINHO
ARegião do Douro é mais uma região vitivinícola milenar portuguesa, considerada a primeira região demarcada do Mundo, face à criação em 1756 da Companhia Geral da Agricultura das Vinhas do Alto Douro e consequente “demarcação das serras” pelos célebres 335 marcos de pedra “pombalinos” que bordavam a então designada “Feitoria”. Fica, assim, definido o primeiro modelo institucional de uma região vinícola, visando-se, pela primeira vez, regulamentar e garantir a qualidade do vinho do Porto, produto que, com o Tratado de Methuen de 1703, beneficia de um notável incremento das exportações para Inglaterra.
O processo de vinificação foi evoluindo a partir daí para vinhos mais fortificados, sendo certo que apenas em 1820 surge o processo de “aguardentação” que conduziu a vinhos do Porto com características semelhantes aos atuais. Os vinhos de mesa, que sempre existiram na Região, foram secundarizados, só vindo a ganhar um novo élan e relevância a partir da segunda
metade do século XX. Face a esta evolução, há atualmente uma repartição praticamente em partes iguais entre a produção de vinhos generosos e vinhos tranquilos.
A região do Douro abarca atualmente duas denominações de origem – a DOC Porto (vinho generoso) e a DOC Douro (vinho tranquilo), esta última que só viria a ser reconhecida e regulamentada em 1982 – e está, desde 2001, inscrita na lista do património mundial da UNESCO. O Instituto dos Vinhos do Douro e do Porto (IVDP) é o organismo responsável pela regulação, controlo, promoção e defesa das DO e IG desta região demarcada.
A Região Demarcada do Douro conta com 247.420 hectares, com a área de vinha a ocupar 43.813 hectares, dos quais 32.964 hectares aptos para a DO Porto (2023). As vinhas aptas a produzir Vinho do Porto estão classificadas de A a F, por qualidade decrescente, de acordo com parâmetros edafo-climáticos e culturais pré-definidos. Cada ano o IVDP estabelece o
montante máximo de mosto para Vinho do Porto a produzir bem como o benefício (parcela da vinha que pode realmente ser destinada a mosto para este vinho), podendo a restante parte ser orientada para a produção de vinhos tranquilos.
A Região Demarcada estende-se pelo Vale do Douro e seus afluentes, entre Barqueiros e Barca d’Alva; é uma zona montanhosa com altitudes entre os 30 m e mais de 1000 m de altitude e com inclinações por vezes superiores a 30%; e é protegida a oeste pela Serra do Marão, a norte pela Serra do Alvão e a sul pela Serra de Montemuro. As plantações são tradicionalmente feitas em terraços e em patamares horizontais com taludes em terra, mas mais recentemente têm surgido vinhas plantadas segundo as linhas de maior declive do terreno, mais adaptadas ao minifúndio.
Esta Região encontra-se dividida em três sub-regiões: o Baixo Corgo (30% da área de vinha), o Cima Corgo (47%) e o Douro Superior (23%). O solo é es-
sencialmente xistoso, com aflorações graníticas no Douro Superior e alguns solos de aluvião no Baixo Corgo.
O Vinho do Porto – com teor alcoólico geralmente entre os 19 e os 22% volapresenta uma grande diversidade de tipos, a que corresponde uma larga paleta de aromas e cores: nos tintos entre o retinto e o alourado-claro, nos brancos entre o branco pálido e o dourado.
Relembramos as categorias mais relevantes: o Porto Vintage, produzido a partir de uvas de um único ano e especialmente selecionado para envelhecer em garrafa, engarrafado dois a três anos após a vindima e com forte potencial de evolução; o Porto Late Bottled Vintage, engarrafado quatro a seis anos após a vindima, é também de um único ano e está pronto a beber quando é comercializado; os Tawny são envelhecidos em madeira, de um único ano ou de lote de vários anos, com cor bem mais aberta e aloirada, e engarrafados mais tarde após o período de envelhecimento nas tradicionais pipas de 550 litros. Os Porto bran-
cos seguem em larga medida o tipo de estágio em madeira dos Tawny.
Os vinhos brancos do Douro são frescos, equilibrados e aromáticos, com presença de citrinos; os tintos são encorpados e longevos, de cor rubi e aromas de frutas vermelhas com notas florais e de madeira, evoluindo com o passar dos anos para maior macieza. São, portanto, vinhos aveludados e ricos, com capacidade para serem bebidos cedo, mas também com bom potencial de envelhecimento.
As seis castas mais utilizadas na Região Demarcada do Douro na elaboração de vinhos brancos e tintos (generosos e de mesa) são, por ordem de dimensão e com referência a algumas das suas características principais, as seguintes:
NOS BRANCOS:
Rabigato (aroma a acácia e flor de laranjeira, mineralidade, acidez); Síria/Roupeiro (laranja e limão, melão, flores silvestres); e Malvasia Fina/Boal (acidez moderada, mel, noz moscada)
NOS TINTOS:
Touriga Franca (notas florais e herbáceas, amora, cereja preta) Tinta Roriz/Aragonez (retinto, frutos pretos, compota e especiarias); e Touriga Nacional (cor intensa, frutos silvestres, violeta, compota).
O rendimento máximo permitido por lei é de 55 hl/ha mas a produtividade média é de cerca de 30 hl/ha. Em relação ao vinho certificado, este representa 96% do vinho produzido na Região, sendo certo que a IG pouco ultrapassa 0,3% do total; os vinhos DO Douro e Porto, em conjunto, atingem quase 97% do total certificado na Região.
Desde 1932 que a Casa do Douro, enquanto federação sindical dos viticultores do Douro, foi incumbida do cadastro e da distribuição do benefício pelos produtores; as sucessivas alterações organizativas e regulamentares e a criação mais recente do IVDP fez com que essas atribuições passassem para este Instituto. A maioria dos pequenos viticultores da Região, dada a muito pequena dimensão das propriedades, integra uma das 18 coope-
rativas agrícolas existentes, que começaram a ser criadas na década de 1950 do século passado e que eram responsáveis pela maioria do vinho de mesa produzido na Região.
É sabido que também data desta altura o início da produção dos grandes vinhos tranquilos do Douro, com o célebre Barca Velha a nascer em 1952 e a fazer despertar - sobretudo a partir dos anos 1990 - os grandes produtores de Vinho de Porto para os vinhos de mesa de alta qualidade, com preços por vezes a ultrapassar agora os vinhos generosos. Surgem, assim, os chamados “vinhos de quinta” das empresas de Vinho do Porto, a partir da vinificação das uvas que não tinham direito a benefício.
Para além do Barca Velha, da Casa Ferreirinha, produzido apenas em anos excecionais, existem vários produtores, frequentemente ligados à produção do Vinho do Porto, que têm de facto feito evoluir o patamar dos vinhos tranquilos para níveis de excelência, com uma identidade própria muito marcada que a progressiva redução de castas utilizadas tem vindo a acentuar. Quando se fala de vinho do Douro, vêm desde logo à memória quintas, que são também marcas consagradas, como as do Vale Meão, Roriz (Chryseia), Leda, Nova de Nossa Senhora do Carmo (Mirabilis), Crasto, Vesúvio, Vallado, e por aí adiante. Os vinhos do Douro são normalmente vinhos “blend” de várias castas e é interessante realçar o sucesso de alguns vinhos de terroir produzidos a partir de vinhas muito velhas, em plantação de castas misturadas, como o Pintas, o Abandonado, o Vinha Maria Teresa ou o Legado.
Numa primeira fase, os tintos constituíram o essencial desta ativida-
de, mas progressivamente o Douro tem-se vindo a afirmar igualmente na produção de vinhos brancos de elevada qualidade e complexidade aromática.
Voltando ao Vinho do Porto, de notar que nas últimos décadas tem-se vindo a assistir a uma progressiva concentração da produção e exportação em apenas três grupos económicos — Symington Family Estates (Graham’s, Cockburn’s,...), The Fladgate Partnership (Taylor’s, Fonseca,...) e Sogrape Vinhos (Sandeman, Ferreira...) —, os quais representam juntos aproximadamente 60% do mercado deste vinho. Mas outros produtores e marcas, como a Kopke, Noval ou Niepoort, para citar apenas mais três, têm contribuído decisivamente para o prestígio de um dos vinhos mais afamados do Mundo.
Com muitos vinhos, em particular em tintos de eleição, a atingir preços de nível internacional, torna-se difícil fazer sugestões que não valorizem o que de melhor se faz na Região sem colocar em causa o orçamento familiar. Numa escolha necessariamente pessoal, e unicamente relativa a vinhos tranquilos, optaríamos por um Chryseia para um momento muito especial e, em termos de qualidade-preço, tanto para brancos como tintos, a gama de ofertas da Casa Agrícola Roboredo Madeira, em particular os CARM reserva, tem sido, a nosso ver, garantia de vinhos de qualidade a preços controlados.
De notar que o Douro Vinhateiro é património mundial e os projetos de enoturismo têm-se desenvolvido na mesma escala e em paralelo à qualidade dos vinhos: vale muito a pena ir pelo menos até ao Pinhão, de carro, barco ou comboio, e aproveitar para
degustar os vinhos do Douro ou optar mesmo por estadias mais longas e ficar alojado numa das quintas famosas da Região que proporcionam ambientes e vistas deslumbrantes sobre o Vale do Douro. As quintas do Vallado, Ventozelo, Nova de Nossa Senhora do Carmo, Pacheca ou de la Rosa, por exemplo, oferecem experiências inesquecíveis, mas há várias casas senhoriais na Região que, igualmente, aliam um serviço luxuoso a um passado majestoso.
(IVV e IVDP)
A área de vinha total da Região Demarcada do Douro é de 43.813 hectares (24,4% do total nacional)
A área de vinha inscrita para produzir vinhos DO é de 40.585 hectares.
A produção foi de 1,56 milhões de hectolitros de vinho (20,7% da produção nacional)
A produção média por hectare é de 30 hl.
Existem 19.633 viticultores no Douro (com uma dimensão média de vinha de 2,23 ha, a qual, em média, ainda se subdivide em 5,3 parcelas) (2020)
O volume de exportações correspondeu a 57% da produção regional e a 40,6% das exportações totais nacionais de vinho (em valor); só o Vinho do Porto atingiu cerca de 33% das exportações nacionais de vinho.
Hoje, 23 de Novembro, apanhámos uma aberta e zarpámos rapidamente para East London, pois teríamos tempo suficiente, para perfazer as 255 milhas que nos separam desta cidade, sem deparar com problemas ligados a más condições atmosféricas. De outra forma, após este curto período, já havia indicações que o SW iria entrar novamente.
Nestas paragens, como já foi dito, é imprescindível que se percorram distâncias curtas - com largadas inadiáveis, logo que as condições meteorológicas o permitam.
Assim, às 13 horas, saímos ainda com bastante mar, 2.5/3.0 metros, mas com previsões favoráveis. O vento e a chuva terminam, mas é
normal, que a vaga permaneça por mais um a dois dias - com tendência nítida para baixar.
Foi um período com muita navegação a cruzar a nossa rota, pois navegávamos junto à Costa Leste da Africa do Sul, a uma distância aproximada de 12/15 milhas e no destino das suas principais cidades:
- Richards Bay, Durban, East London, Porto Elizabeth e Cape Town.
Para quem “fazia” leme, não obstante a atenção permanente que era necessário ter com este tráfego, o Allegro tem instalada aparelhagem eletrónica moderna – cartografia digital, AIS e radar- o que facilita o seu governo e aumenta o grau de segurança. Registámos situações, com embarca-
ções, principalmente de pesca, que cortaram a nossa rota a 1 milha de distância!!!
Na sua grande maioria eram pilotos profissionais e amáveis, desviando-se da nossa rota, em caso de colisão, ou, chamando – “Allegro”, “Allegro”, via rádio, para resolver algum problema de passagem. O nosso aparelho VHF está colocado junto da roda do leme e é usado instantaneamente, sempre que a situação e as circunstâncias o exigirem – nomeadamente de segurança.
O tempo estava francamente favorável - chegámos a atingir velocidades de 15 nós, mercê do vento e da corrente marítima das Agulhas, que passou dos 4 nós! De qualquer forma, ainda não sabíamos qual o
porto de chegada – para nós, obviamente, seria o mais longe possívelEast London, Porto Elizabeth ou Cape Town, dependendo sempre, como é evidente, da meteorologia.
E é, e foi, mesmo assim, na noite de 24 para 25, o barómetro começou a baixar rapidamente dos 2020 até os 1007 e o SW entrou em força, acompanhado, como sempre, de um “marzão”, com vaga de 3m. Tudo mudou – como da noite para o dia – e entrar em East London foi a opção mais consensual, quanto segura.
do clube e preparei um arroz de tomate, muito apreciado pelos restantes elementos da mesa - gente do Norte sabe fazer bom arroz!!!
Para além dos habituais veleiros, ainda confraternizámos com barcos da Galiza, Argentina e México.
A manhã, 26 de Novembro, foi de “faina” muito dura. Os serviços do Porto, não têm bombas de combustível para abastecer os barcos. Desta forma, para atestar o Allegro tivemos, primeiramente, que pas-
Com este tempo e neste local, não se brinca!
Com a aproximação a terra, as condições melhoraram, e, às 16 horas, entrámos naquela cidade por um porto de rio - o Buffalo River, depois de 2 dias e 3 horas de mar. É um local sossegado, sem ondulação, nem vento.
A noite da chegada é normalmente de festa - o Buffalo Yacht Club organizou um barbecue com todas as tripulações dos veleiros ali estacionados. Cada barco levava o seu jantar. Eu temperei uns suculentos bifes, que foram cozinhados no grelhador
Esta cidade era uma terra civilizada, que eu conheci nos anos 70 !!!...
Só encontrei situações idênticas, nas maravilhosas, paradisíacas, mas não menos remotas e longínquas ilhas do Pacífico.
No dia 27/11, depois de quase dois dias, largámos de Richard Bay em direção ao Sul, pelas 15h30.
Já não deve parecer estranho dizer – em direção ao sul – não fixando à partida, a cidade de chegada!
sar todo o gasóleo que estava de reserva nos jerricans, para os depósitos do barco; colocar os jerricans no dinghy e levá-lo para o clube, onde havia um transporte para a estação de serviço local; encher os jerry cans e colocá-los no transporte para o clube; passar os jerricans para o dinghy e levá-lo para junto do Allegro; subir os jerricans cheios, um a um, para o barco; vazá-los para os seus depósitos; repetir a mesma operação, enchendo os jerricans que ficaram vazios.
Estas condições são espantosamente inadmissíveis no século 21.
Saímos com tempo maravilhoso, à “bolina”, com vaga de 2 metros e vento de 10/12 nós.
No segundo dia de viagem, o vento foi aumentando, gradualmente - 15/20/25 nós e do mesmo modo a vaga- 2.5/ 3 metros – mas nada que fosse insustentável.
Continuámos a nossa rota, passando a 18 milhas da Ilha dos Pássaros; às 9h30, a 14 milhas, a cidade de Port Elisabeth; logo de seguida, bastante notório, apareceu o Cape Recife, ponta da terra a “dobrar” com muita atenção, garantindo um bom “resguardo”.
Pelas 16 horas, confirmava-se o agravamento do tempo, com vento a rondar os 25/30 nós, pontas de 40 e vagas de 3/ 3.5 metros. Foi violento, aguentámos a navegar nestas condições, durante seis horas, só com a “genoa” bem rizada. Antes da meia-noite, felizmente, a tormenta caiu e tudo ficou mais calmo.
Otimistas em relação ao estado do tempo, e pensando já em Cape Town - destino notável da nossa estadia em Africa, o Luís marcou um “W.P.” (way point) no Cabo das Agulhas.
vela, a uma velocidade de cruzeiro muito razoável!!!
Deus continua a ajudar o Allegro e a sua tripulação, neste complicado e não menos perigoso trajeto da Volta ao Mundo.
Dobrámos o Cabo das Agulhas com um “resguardo” de 8 milhas a Sul, ponto mais meridional da nossa viagem:
Latitude: 34º 57´,7 Sul; Longitude: 20º 0,9´ Este.
Cape Point.
A estimativa para passar este Cabo era de um dia de viagem e a entrada na Cidade do Cabo, estaria marcada para dia 1 de Dezembro!
Caso a meteorologia nos atraiçoasse, tínhamos a escapatória de entrar e recorrer a Mossel Bay, cidade na linha da nossa rota e que faz parte da lista dos portos de abrigo e apoio – principalmente, à navegação de pesca e de recreio.
O tempo continuava muito bom, com todos os elementos a nosso favor – mar, vento e corrente –permitindo ao Allegro navegar à
meira vez - anunciava e transmitia a ESPERANÇA da tão desejada chegada à Índia.
Por esta razão, este Cabo é tão falado na História de Portugal e do Mundo, e não, por se tratar de um acidente geográfico de grande monta – antes pelo contrário, é um pequeno promontório rochoso, com alguma vegetação!
Para a tripulação do Allegro é verdade e, com efeito, o Cabo da Boa Esperança , pois o dobrámos
Vista geral de Cape Town.
O Cabo das Agulhas é considerado para fins hidrográficos, o ponto extremo sul do Continente Africano e o local onde o Oceano Atlântico encontra o Oceano Índico.
De cabo em cabo lá íamos singrando na nossa viagem, já tendo à proa o Cabo das Tormentas, denominação que lhe foi dada pelo navegador português, Bartolomeu Dias, depois de terem apanhado grandes tempestades – tormentas – à sua passagem. Porém, o Rei de Portugal, Dom João II alterou-lhe o nome para Cabo da Boa Esperança, porque ao ser dobrado pela pri-
com um tempo magnífico – sem tormenta – e com a Esperança de chegarmos sãos e salvos a Cape Town .
Geograficamente, antes deste emblemático Cabo, dobrámos um outro, este sim, o majestoso Cape Point. Trata-se de uma ponta de terra abrupta e altíssima, que entra pelo Atlântico, formando uma escarpa alcantilada e inacessível pelo mar. Com grande dificuldade foi construído um farol, que sinaliza a sua presença, a toda a infinidade de embarcações que cruzam estas paragens.
VOLTA AO MUNDO NUM BARCO À VELA
Este movimento terrível de embarcações, que sulcam estas águas, principalmente de barcos de pesca, nem sempre cumprem as regras de navegação, nem têm o equipamento indispensável para serem governados com segurança!
A nossa experiência salvou-nos de um acidente, possivelmente grave, quando um pesqueiro não alterou o seu rumo, depois de ter acordado por VHF, mudar o mesmo, obrigando-nos a uma manobra de recurso - in equestre minis -para salvar a situação!
Tínhamos chegado a Cape Town, como tínhamos previsto, no dia 1 de Dezembro de 20015, depois de 3 dias e 16 horas de viagem.
Esta cidade é uma meta incontornável da nossa Volta ao Mundo -por tudo que ela, para nós, tripulação, representa:
- depois de tormentas, sustos, perigos e calmarias. Não diria, de tudo um pouco… mas, de tudo muito…!!!
Ultrapassado este contratempo, iniciámos a aproximação à Cidade do Cabo, com vento zero e mar “chão” – a dar-nos as boas vindas. Inicialmente com muito cuidado e atenção, pois caiu uma neblina que rapidamente se transformou em nevoeiro cerrado.
Com o Luís ao leme, a ajuda da cartografia digital, o AIS (automatic identification system) e do radar, eu na proa e a Manuela a bombordo entrámos na Waterfront Marina, depois de passar por duas pontes levadiças.
Mas, apesar – de tudo muito - temos que ser também um pouco “poetas”, relembrando o nosso inesquecívelFernando Pessoa, no seu simbólico poema, “MAR PORTUGUÊS”:
...“Deus ao mar o perigo e o abismo deu
Mas foi nele que espelhou o Céu”.
... E SIGA A MARINHA…
POESIA NOS TEMPOS LIVRES
Na penumbra suave do entardecer, Teus lábios dançam, como a chama do desejo, Cada toque é um verso, um doce enleio, Que se entrelaça nas notas do nosso querer.
Teus olhos, dois oceanos, profundos e quentes, Reflectem segredos, promessas de ardor, Um mundo de ânsias, de vícios e amores, Onde o tempo se dissolve, e somos só correntes.
A pele em brasa, um campo em flor, Os nossos corpos, um poema em movimento, Sussurros de pele, um amor em tormento, Na dança do amor, perdemos a dor.
Teu toque é um vento que embala a razão, Desperta os sentidos, acende a paixão, E em cada suspiro, um universo se cria, Dois mundos que se encontram, uma eterna sinfonia.
Na penumbra dos lençóis, enredados, Os nossos sonhos se tornam realidades, E entre risos e gemidos, na intimidade, Descobrimos o amor, em gestos sagrados.
Oh, como anseio o calor do teu corpo, A lua como testemunha, a noite em fervor, E nos ecos da cama, o nosso clamor, Um amor que transcende, um amor que é ouro.
Assim, na paixão, dançamos sem fim, Teus olhos são faróis, o meu lar é assim, E no abraço eterno, onde tudo se funde, Descubro que amar-te é o que mais me inunde.
Ao Colégio Militar, onde aprendi a SERVIR e a todos aqueles, Meninos da Luz ou não, que conhecem o sentido da palavra SOLIDARIEDADE.
*
* Que tem siso, juízo ou bom senso
Mil oitocentos e três: Nasceu! Inda eu nem tinha
Nascido. No insondável e oculto voava.
Estava ainda na Luz, porque da Luz eu vinha
E para outra luz, humana, me lançava.
Mil-nove-cinco-três: Cento e cinquenta fez!
Tinha eu vinte e três, era então cavaleiro
Não de elmo e arnês. Na alma, apenas Português!
Só a espada brilhava, em mim, como um luzeiro.
Posso morrer tranquilo, a vida abençoando.
Em três Ordens andei e em todas a alma pus: Fui Menino da Luz, Cavaleiro e Comando.
Dois nil e três: Duzentos anos só! Voltei
Para te agradecer e abençoar a Luz
Que quiseste oferecer-me e a Deus devolverei.
Roberto Durão 15/1942
À cidade de Évora, onde nasci
(Yeborath)
Bendita sejas, sempre assim, cidade!
Museu do mundo, joia universal, Berço da glória, mãe da liberdade!
Em ti ressoa a voz de Portugal.
Abre-se em ti a alma lusitana:
Na planície, na paz, no pão que cresce.
És o esplendor da terra alentejana,
Na charneca ou no monte que adormece.
“Liberalitas Julia”, como és bela!
Terra do «Sem Pavor» e de Florbela, Na guerra e na poesia, brava e franca.
Em cada pedra tua ou cruz, de novo, Renasce a alma nobre deste povo.
Como te amo, cidade branca, Branca!
Roberto Durão 15/1942
OCurso dos Ratas de 1958, incluindo todos os camaradas que passaram pelo Curso (153 que connosco conviveram naquele período), festejou no passado dia 7 de Fevereiro os “60 anos de Saída” do Colégio, participando na comemoração 26 Antigos Alunos.
Como é tradicional, após concentração na AAACM, reunimo-nos na Biblioteca onde foram apresentados cumprimentos à Direcção do Colégio representada pelo Subdirector Tenente-Coronel Magrinho que se referiu ao actual universo dos alunos - do 1º Ciclo ao Batalhão e à integração de externos e raparigas - seguindo-se uma breve exposição pelo Presidente da Direcção da AAACM sobre alguns aspectos do actual contexto económico do Colégio, e uma leitura
do documento que, há 20 anos em idêntica romagem do Curso, o nosso Comandante de Batalhão recordou como foi a nossa vida naqueles 7 anos, e como era o Mundo naquele período da nossa juventude.
Seguiu-se a assinatura do Livro de Honra e a deposição de um ramo de flores junto ao busto do Marechal Teixeira Rebelo em sua memória e dos nossos camaradas que já nos deixaram.
Já com os nossos sucessores presentes, o Curso descerrou nos Claustros a placa comemorativa da comemoração e, nas Escadas da Enferma foi tirada a fotografia de grupo. O Batalhão Colegial desfilou, depois, garbosamente na parada do Corpo de Alunos (o “Colégio Novo” inaugurado por nós quando fomos Ratas)
frente aos “cabelos brancos” que, deliciados, relembraram o seu tempo em que batiam os calcanhares - de forma bem diferente da actual - quando desfilavam ... mas o Colégio continua, diferente, mas sendo “o Colégio”.
Por último “assaltámos” o Pavilhão da Química, não para acender Bicos de Bunsen ou fazer reacções quími-
cas em provetas, mas para - na agora Messe de Oficiais – almoçarmos o tradicional “amarelo” finalizando com um Porto e um Zacatraz pelo Colégio.
Estiveram presentes os Antigos Alunos seguintes:
Martiniano Nunes Gonçalves (9/1958); António Augusto Mello Gomes Duque (12/1958); Luís Manuel de Almeida da Silva Carvalho (49/1958); Luís Fernando Tierno Nunes da Silva (65/1958); Jorge Manuel de Morais Kol de Carvalho (79/1958); João
Manuel Vieira de Moura (87/1960); Carlos César Lima da Silva Motta (98/1958); João Manuel Ermida Corrêa (102/1959); António Luciano Carrilho Roma Torres (114)1957); João Carlos da Cunha Bruno Soares (128/1958); José António Graça Pereira de Almeida (144/1958); João do Passo Vicente Ribeiro (153/1958); Alberto Nuno Lara Ponces de Carvalho (162/1958); João Paulo de Castro e Silva Bessa (200/1957); José Carlos Margarido Lima Bacelar (241/1958); Arnaldo José Lima dos Reis Maya (242/1957); Gumersindo Júlio da Silva Bastos (251/1958); Manuel Dimas e Silva
Cordeiro (310/1956); Carlos Henrique Elias Casanova Burnay (319/1958); Rui Cardoso Telles Palhinha (418/1958); José Manuel da Costa de Souza Medeiros (442/1958); Manuel José Marcelly Coelho de Carvalho (443/1958); José Augusto Pereira Peres Brandão (446/1958); Pedro João Reis Matos Silva (449/1958); José Manuel Vaz Tenreiro (456/1958); João Manuel Filipe Capristano (457/1958); Tomaz Júlio Teixeira de Azevedo e Guimarães Metello (462/1958); Isidro Alberto Silva Santos (531/1960);
No dia 10 de Janeiro realizou-se a primeira romagem do ano corrente, desta vez a referente ao Curso de 1984/1992 que regressou ao Colégio para comemorar os 40 anos de Entrada.
Estiveram presentes 45 Ratas dos alunos admitidos em 1984, ano em que, pelo facto de celebrar a “Entrada no Colégio Militar”, é devidamente tratado no artigo “Grafonola”, presente nesta revista, e cuja
leitura identifica de forma alargada, o que foram os acontecimentos desse ano no Colégio, no país e no mundo, recordando ainda as músicas que os acompanharam, nesses primeiros meses de internato.
Estiveram presentes os Antigos Alunos seguintes:
André Ponces de Carvalho (30/1984); Rui Borges Isaías (34/1984); Hélder Dias Teixeira (35/1984); Pedro Costa Branco (38/1984); Henrique Rebello da Silva (50/1984); João Shoerder Coimbra (54/1984); Nuno Dias da Costa (93/1984); Rui Borgado Lérias (102/1984); Gonçalo de Matos Gonçalves (105/1984); Hernâni da Rosa Bonifácio (107/1984); Pedro Cordeiro Ventura (114/1984); Mário Martins Bento (127/1984); Fernando Romão de Lacerda (133/1984); João Oliveira Fresco (135/1984); Arlindo Rosado Rodrigues (140/1984); Gonçalo Marcão Figueiredo (142/1984); Rui Ferreira e Costa (163/1984); Sérgio Faria
Lourenço (179/1984); António de Oliveira Casimiro (186/1984); Tiago Bossa Dionísio (202/1984); Luís Simões Viegas (218/1984); Pedro Morgado de Fonseca (224/1984); Marco da Cruz dos Santos (243/1984); João Mariz Fernandes (261/1984); Miguel Cascaes Guiné (269/1984); Pedro Alves Delgado (278/1984); Gonçalo dos Santos Lopes (288/1984); José Rolo Duarte (364/1984); João de Almeida Tété (383/1984); Pedro Pires Salvado (392/1984); Pedro Almeida da Silva (397/1984); Tiago Duarte Ramos (404/1984); Paulo da Silva Curto (431/1984); António Nogueira Lúcio (437/1983); Pedro Raposo Filipe (441/1984); Paulo Gonçalves Serrano (449/1983); Pedro Dias Madeira (452/1983); Marco Martinho da Silva (456/1983); Rui Sobrinho
Fernandes (463/1983); Rodrigo Teixeira Monteiro (488/1984); Ricardo Afonso Barata (491/1984); António Calhabrês Fiarresga (495/1984); António Dá Mesquita (498/1984); João Ramos Ferreira (499/1984); Celso Leal Pisco (500/1984).
No passado dia 14 de março de 2025 o Curso de 1992/2000 realizou a sua “Romagem” ao Colégio evocando os seus 25 Anos de Saída.
Momento de confraternização, de reencontro e de grande emoção para todos (em especial para os mais afastados do dia-a-dia colegial), ficou marcado por algumas particularidades.
Desde logo, por se tratar da primeira iniciativa pública do recém-eleito Presidente da AAACM, o António Menezes (568/69), escassas horas após a eleição dos novos órgãos sociais da nossa Associação, como teve oportunidade de referir na sua breve alocução ao Curso.
Ainda, pela evocação por todos sentida ao nosso camarada 365, o Branco, que infeliz e precocemente nos deixou pouco depois da nossa última “Romagem”, há escassos cinco anos. Um grande Zacatraz para ele!
Também, pela feliz coincidência de dois de nós sermos pais de dois
tuando a nossa ligação à “casa” que muito honradamente nos formou para a vida.
E, por fim, pelo reencontro com alguns dos nossos “Mestres”.
Os Professores Sena Neves, o Bata (com quase 90 anos), Vítor Oliveira (o nosso Coordenador de Ano nos 6º, 7º e 8º Anos colegiais), Balança Lopes e José Teixeira (os dois últimos permanecem na sua vital missão de Professores no Colégio, doutrinando gerações de alunos).
Faltou, à última hora, o José Maria Paula Santos (644/68), Coronel de Cavalaria, nosso muito estimado Comandante do Corpo de Alunos enquanto Graduados.
Foi um dia cheio, memorável e inesquecível para todos.
Estiveram presentes os Antigos Alunos seguintes:
Tiago Beirão Almeida (54/1992); Ricardo Jorge Ferreira Monteiro (58/1992); Luis Pedro Santos Calçada (88/1992); Jorge Tiago Pinheiro da Fonseca (140/1992); (169/1992); Pedro Alexandre Gaspar de Campos Leal (211/1992); Tiago Farinha Torres (227/1992); Cláudio Isaac Ivan Moly Julaia (250/1993); Ricardo Joaquim de Almeida Ribeiro (251/1992); Luis Miguel de Bettencourt Jordão de Noronha Krug (269/1992); Hugo Ricardo Martins Farinha (278/1992); Bruno Miguel Martins Farinha (279/1992); Frederico Antunes Sanches de Miranda (326/1992); Filipe Matos Cortes Abelha da Silva (330/1992); Luis Pedro Magalhães Mendes (334/1992); Murtala Aladge Mussa Dabó (339/1992); André Tiago Pardal da Silva (353/1992); Rui João Santos Pereira (401/1993); Tiago Lopes da Silva Cristóvão (405/1992); Vasco Manuel Veloso Josefino (412/1992); Gonçalo José Costa Santos (413/1992); Nuno Jorge Silva Figueira (456/1992); João Pedro
Quem é Quem
No dia 24 de Janeiro, foi a vez do curso de entrada de 1997, marcar presença no Colégio Militar, para a celebração dos seus 25 anos de entrada, ligeiramente fora de prazo.
A ordem de trabalhos começou cedo, com um ajuntamento na Gel, o ponto de encontro habitual dos nossos tempos de "cavanço".
De seguida rumou-se à AAACM para acertar contas, lembranças e fazer um brinde com uma ginjinha.
A paragem seguinte, e certamente a mais importante, foi a visita ao Colégio Militar, com as habituais cerimónias, almoço e uma visita para nos actualizarmos sobre as infra-estruturas e o funcionamen-
to do Colégio. Para terminar o dia, jantou-se no Clube Militar Naval.
Os 25 anos de entrada são naturalmente um marco bastante importante, e apesar de apenas terem marcado presença 27 camaradas, na preparação do evento fez-se o possível e o impossível para tentar recuperar contacto com todos os que passaram por este curso.
Contactos que se perdem ao longo do tempo, muitas vezes de malta que após o final de um trimestre simplesmente tinha saído do colégio e ainda sem redes sociais apenas ficamos com um nome e a terra onde os pais viviam na década de 90. Agora estamos em contacto 68. Partilhámos memórias, rimos e reforçámos a amizade e a camarada-
gem que nos unem. Nem distância nem tempo apagam a chama que vive dentro de nós. Por uma firme existência, fiel à sua essência!
Estiveram presentes os Antigos Alunos seguintes:
André Garcês Reis (21/1997); Eduardo Manuel Arruda do Nascimento (31/1997); Sérgio Alexandre Bento Esteves Gomes (37/1997); João Pedro Coelho Pereira Barreira (39/1997); André Filipe Carrondo Pimenta (64/1997); Tiago Miguel Rodrigues Teixeira (78/1997); Pedro José Dias Moreira (96/1997); Paulo Ricardo Ferrage Jaura (97/1996); Hugo Manuel Vieira Peralta (117/1997); Rodrigo Inglês Alpendrinho Forte da Silva (122/1996); Tiago Manuel da Costa Rodrigues (155/1998);
Pedro Maria Alves Pereira de Freire Andrade (156/1997); Rui Pedro Santos Calçada (176/1997); Filipe Manuel Cavaco Bismarck (187/1997); Francisco José Nogueira Correia (197/1997); João Pedro Félix Machado da Guia Costa (201/1996); Filipe Miguel dos Reis Trabuco (203/1996); José Manuel Cordeiro Ranhola (210/1997); Manuel Maria Teixeira d'Aguiar Norton Brandão (220/1997); João Pedro Machado Couceiro (231/1997); Tiago José Machado Leiria de Brito (232/1997); Nelson
Filipe Leal Vaz Nobre (258/1996); Diogo Miguel Pardal Alves (288/1997); Miguel Pinto dos Santos Matias (305/1997); Ricardo Neto Galvão (347/1997); João Nuno Vareda Tomé (380/1997); Carlos Miguel Ferreira da Silva (427/1996); Miguel Burguete de Bacelar Marreiros Figueira (482/1996).
“UmMeninodaLuznãomorre, apenaspassaaviverdentrodenósAntigosAlunos”
Os antigos alunos do Colégio militar têm o cuidado de na sua Revista ZACATRAZ registarem para a posteridade textos sobre os nossos mortos, mas naturalmente existem figuras, que pelo seu passado brilhante, merecem ser recordados pela sua carreira, e no caso, pela dedicação à Pátria que souberam honrar, numa homenagem que aqui presto ao Tenente-General Vasco Rocha Vieira.
Trata-se de um ato de amizade e cidadania, mas também de respeito e justiça por aqueles que frequentaram o Colégio Militar com mais ou menos idade, sendo ou não nossos contemporâneos.
Neste caso e sendo um ato de justiça torna-se muito doloroso para mim por termos trabalhado juntos e mantido uma ligação de grande amizade para o resto da vida; não eramos do mesmo curso tendo ele entrado no CM para o 2º ano, ao mesmo tempo que
eu entrei para o 1º e durante os anos do Colégio não convivemos muito. Foi sempre um excelente aluno, bom desportista e camarada.
Nasceu em 16 de agosto de 1939 em Lagoa/Algarve tendo vivido alguns anos em Moçambique tendo daí vindo para o CM em 1950. Depois do Colégio ingressou na (então) Escola do Exército onde frequentou o Curso de Engenharia com seis anos no Instituto Superior Técnico (IST) e um sétimo ano de formação militar cuja Escola já se passara a designar como Academia Militar (AM), onde voltou a ser um aluno de grande qualidade.
Depois começou uma vida militar, tendo sido instrutor na AM e com o início da guerrilha em Angola como Capitão comandou uma Companhia de Engenharia entre 1966 e 1968, voltando depois à AM.
Entre 1970 e 1973 frequentou no Instituto de Altos Estudos Milita-
res (IAEM) o Curso de Estado Maior que fez sem grande dificuldade, mas onde a exigência era muito grande. Em 1973 foi fazer o estágio de dois anos que se seguia como Chefe do Estado Maior do Comando Territorial de Macau (CTIM) e a partir daqui começou uma carreira em cargos de grande responsabilidade militares e civis que desempenhou sempre com grande e reconhecida eficiência.
Em finais de 1974 passou do CTIM para Secretário Adjunto de Obras Públicas e Comunicações do primeiro Governo depois do 25 de Abril quando eu era o primeiro responsável e o seu conhecimento do Território me ajudou muito em época muito complexa e de grandes dificuldades e problemas, já que a população de origem portuguesa estava muito dividida incluindo também os militares e o futuro era muito imprevisível.
Em Julho de 1975 foi eleito Diretor da Arma de Engenharia e regressou
Tenente-General Vasco Joaquim Rocha Vieira. Cerimónia de transferência da soberania de Macau de Portugal para a República Popular da china 19 DEZEMBRO 1999).
a Lisboa tendo tido grande intervenção no Verão Quente de 1975 e na solução encontrada com o chamado “25 de Novembro” tendo o General Ramalho Eanes ascendido a Chefe de Estado Maior do Exército (CEME), depois de um período como responsável pela RTP onde grangeou muito respeito; quando este em Julho de 1976 foi eleito Presidente da República Rocha Vieira foi nomeado CEME e por inerência membro do Conselho da Revolução; esta situação era especialmente sensível face à sua idade (37 anos) tendo de lidar com Generais muito mais velhos e na maioria muito conservadores e estando o Exército dividido. Embora em situação rara teve uma atuação muito cuidadosa e ganhou a consideração generalizada do Exército
numa altura em que tudo era muito imprevisível; manteve-se nestas difíceis funções até 1978 tendo em seguida sido colocado como Representante de Portugal junto do Supremo Comando Aliado na Europa SACEUR (em Mons, Bélgica) quando era Comandante do SACEUR o General Americano Alexander Haig, onde teve grande influência para a modernização do nosso Exército com o material e equipamentos vindos para a Brigada de Santa Margarida 1º Primeira Brigada Mista Independente; foi um trabalho já quase esquecido, mas de uma grande importância para o nosso Exército.
Três anos depois veio frequentar o Curso de Altos Comandos (o que poderia ter evitado já que durante dois
anos já havia sido CEME, demonstrando assim um grande sentido de responsabilidade institucional).
Depois foi Professor do Instituto dos Altos Estudos Militares (IAEM) e mais tarde Subdiretor do Instituto da Defesa Nacional (IDN); as funções foram sempre mais difíceis e seguidamente (meados de 1986 até princípios de 1991) foi Ministro da República nos Açores, sendo Presidente da República (PR) Mário Soares e Primeiro Ministro (PM) Cavaco Silva); foi verdadeiramente uma prova de fogo já que a situação na futura Região Autónoma dos Açores (RAA) era extremamente complexa e fê-lo com muito cuidado e diplomacia conseguindo em ligação com o Governo da República e
os representantes locais da população a regionalização e o caminho para a estabilidade.
Mais tarde e como a situação em Macau passava por uma crise governativa foi nomeado Governador onde esteve de maio de 1991 até ao final em 20 de dezembro de 1999; com o seu passado em funções militares e civis conhecia bem o Território, mas a missão recebida estava cheia de escolhos, trabalho e dificuldades; já tinha sido assinada a “Declaração Conjunta” entre Portugal e a China (13 de abril de 1987) pelo Professor Cavaco Silva em Pequim, o que nos dava 12 anos para tudo poder preparar para a transferência da Administração (tendo o seu antecessor, Eng. Carlos Melancia, estado em funções pouco mais que três anos). E era uma missão cheia de questões conhecidas (era “só alterar tudo” para preparar um futuro novo e estável, com eficiência o que se podia chamar de «missão hercúlea», mas para além daquilo que é conhecido (como o Aeroporto Internacional inaugurado em 8 de dezembro de 1995) havia outros processos longos, complexos e indispensáveis; quero referir-me às três localizações (das leis, da língua e dos quadros). Segundo um texto do próprio haveria que “oferecer a Macau o respeito pela equidade linguística num território de realidade multicultural, a continuidade de uma administração pública de qualidade que, antes e depois de 1999, desse resposta às necessidades da população e a construção de um edifício judicial e jurídico autónomo e independente no qual se alicerça o estado de direito, base fundamental para garantir a integração de Macau no segundo sistema, após 1999”. Isto obrigou à nomeação de dezenas de especialistas, não se podendo esquecer as grandes obras que
então foram feitas e as preocupações com a Segurança Interna que nalgumas fases foi muito preocupante.
Valerá também a pena citar a criação da Fundação Jorge Álvares (FJA) e o Centro Científico e Cultural de Macau (CCCM), ambos sediados em Lisboa com a finalidade de manter uma relação permanente histórica e científica com Macau e com a China e também do Instituto Internacional de Macau (IIM) sediado em Macau que embora com grandes dificuldades têm tido um papel de relevo. Simultaneamente foi criada a Fundação Casa de Macau para apoio à Casa de Macau existente desde 1965 à qual esteve sempre ligado.
Nas relações externas manteve uma relação de sucesso com Hong Kong e com a República Popular da China (RPC) tendo ganho o seu respeito o que facilitou muitas das questões em causa, ao mesmo tempo que conseguiu a apoio do Presidente Mário Soares e do PM Cavaco Silva; quando Mário Soares terminou o seu mandato foi reconduzido nas funções por Jorge Sampaio que esteve nas cerimónias de 19 de dezembro de 1999 relativas à transferência da Administração que decorreram com grande dignidade e bom ambiente.
Regressou no dia 20 a Lisboa e dedicou-se muito ao CCCM e à FJA; entre 2006 e 2016, sendo Presidente da República o Professor Cavaco Silva, foi Chanceler do Conselho das Antigas Ordens Militares, tendo sido condecorado com a Grã-Cruz da Ordem Militar da Torre e Espada de Valor Lealdade e Mérito em 18 de dezembro de 2015 pelo PR Cavaco Silva.
Foi membro dos Conselhos Supremos da AAACM e da SHIP (Sociedade
Histórica de Portugal), membro do Conselho Geral do Instituto Superior de Ciência Sociais e Políticas e mais recentemente Presidente do Conselho Estratégico da CCILC (Câmara de Comércio e Indústria Luso-Chinesa).
Teria sido alguém perfeito? ; não foi porque ninguém o é, mas ao longo da sua vida demonstrou um grande patriotismo, inteligência, discrição, capacidade de planeamento, diálogo e execução. Não podia ter ido mais longe nos serviços prestados e nos resultados alcançados o que foi do conhecimento não só da AAACM, dos militares, mas também da sociedade civil com mais responsabilidades.
Faleceu a 22 de janeiro de 2025 depois de um longo período hospitalizado.
As cerimónias fúnebres tiveram lugar na Capela da Academia Militar em 23 e 24 que estava completamente cheia. Como resumo bastará dizer que estavam presentes três Presidentes da República (o atual, Ramalho Eanes e Cavaco Silva) tendo feito o seu elogio fúnebre os dois primeiros, tendo a missa de corpo presente sido presidida pelo Cardeal Patriarca de Lisboa. Tudo fica dito e não tenho espaço para mais. Apenas dizer que se honrou a si próprio, ao CM, ao Exército e acima de tudo honrou Portugal tendo sido, talvez, um dos melhores Generais e Homens de Estado da sua geração.
Que descanse em paz! Com a amizade de sempre!
José Eduardo Garcia Leandro 94/1950
Tenente-General (R) Ex-Governador de Macau 1974/79
OS QUE NOS DEIXARAM
O
antigo cavaleiro olímpico Álvaro Augusto Sabbo, 133/1938, várias vezes campeão nacional, morreu na noite de domingo do dia 22 de Dezembro de 2024, de forma tranquila, como desejava, junto dos seus e em particular da sua mulher.
Álvaro Augusto Sabbo, que contava 98 anos, participou em várias modalidades durante a sua juventude, tendo sido o hipismo a que escolheu definitivamente.
Ao longo da sua carreira, sagrou-se campeão de Portugal em Concurso Completo de Equitação, por uma vez, e em Saltos de Obstáculos, duas vezes, 1956 e 1971. Em Estocolmo 1956 e Roma 1960, participou nos Jogos Olímpicos, em Concurso Completo de Equitação. Num total de 689 provas das quais 40 internacionais, conta 120 vitórias e 569 classificações.
Álvaro
Tenente-Coronel de Cavalaria
Nasceu a 2 de Fevereiro de 1926 Faleceu a 20 de Dezembro 2024
Além da carreira desportiva, Álvaro Augusto Sabbo recordava com orgulho o facto de ter estudado no Colégio Militar, onde entrou em 1938 com o número de aluno 133, percurso a que deu continuidade na Escola do Exército, onde iniciou a sua carreira militar na Arma de Cavalaria, alcançando o posto de Tenente-Coronel.
Essa relação com o Colégio Militar, fez com que os seus filhos (e um neto) também aqui tivessem estudado, todos eles ligados à Escolta a Cavalo e ao hipismo.
A sua dedicação, talento e paixão pelo desporto equestre marcaram gerações e contribuíram para a promoção da equitação em Portugal.
As coincidências que a vida reserva, fez com que tivesse sido recordado, a poucos dias do seu falecimento,
Álvaro Augusto Fonseca Sabbo (133/1938).
uma última vez em vida, no livro dedicado ao “Colégio Militar na História do Desporto em Portugal”.
Até sempre 133/1938
Os filhos de Álvaro Sabbo
No dia 24 de Maio de 2024, faleceu o nosso Amigo e Camarada Fausto José do Lago Domingues Antigo Aluno 257/1945 que, tal como muitos de nós, fez os preparatórios de acesso ao Ensino Superior na então Escola do Exército, na Amadora, tendo ingressado na Escola Naval, como cadete do Curso Pêro de Alenquer, em Outubro de 1954 e no quadro de Oficiais da Classe de Marinha, como 2º Tenente em Dezembro de 1958.
Efectuou comissões de embarque, tanto no Continente como nos Açores, Madeira, Cabo Verde (62-63), Angola (63-65) e Guiné (69-71), em diversos navios desde Draga Minas costeiros e Patrulhas até ao Contra Torpedeiro "Vouga" e à Fragata "Almirante Gago Coutinho", tendo comandado a LFG "Cassiopeia" na "Operação Mar Verde”.
Para além dos embarques, uma grande parte da sua vida naval foi dedicada ao sector da instrução onde, como oficial especializado em Armas Submarinas (AS), foi Instrutor e Director de Instrução na Escola de AS e Director Escolar do Grupo Nº2 de Escolas da Armada. Na Es-
Capitão de Mar-e-Guerra
Nasceu a 11 de Outubro de 1935
Faleceu a 24 de Maio de 2024
cola Naval, para além de Instrutor de Marinha foi, através de concurso, Professor da cadeira de AS.
Finalmente, foi Chefe da 1ª Repartição da Direcção do Serviço de Instrução e Treino e Chefe da Repartição de Recrutamento e Selecção - 7ª Repartição da Direcção do Serviço do Pessoal.
Passou à situação de Reserva em Outubro de 1992, tendo sido convocado para continuar ao serviço activo, como adjunto do Director do Serviço do Pessoal. Exerceu ainda as funções de Juiz Vogal do Tribunal Militar da Marinha e, estando a desempenhar as funções de secretário da Comissão Cultural da Marinha, a seu pedido, foi licenciado e passou à situação de reforma em Março de 1998.
Durante a sua carreira naval foram-lhe concedidos diversos louvores e atribuídas as medalhas de ouro de Mérito Militar de 1ª Classe, medalhas comemorativas das campanhas das FA's com as legendas," Norte de Angola 1963-65" e "Guiné 1969-71, medalha comemorativa das Comissões de Serviço Especial
das FA's com a legenda "Cabo Verde 1962-63", medalha naval comemorativa do "5º Centenário da Morte do Infante D. Henrique" e a medalha de "Mérito Tamandaré".
Oficial íntegro, honesto e cumpridor, mas também muito reservado e discreto, colocou sempre o "Dever" e as suas "obrigações militares" em 1º lugar.
Os nossos sentidos pêsames à Jovita, sua mulher e a toda a sua Família.
João Geraldes Freire 82/1945
Omeu contacto com o José Baptista Pereira (318/1947), enquanto servi na FAP, foi escasso, tinha, porém, noção do valor da sua carreira militar, que o levou a Inspector Geral da FAP, após o desempenho de vários comandos superiores, incluindo o de Comandante da Academia da Força Aérea e Director do Instituto de Altos Estudos da Força Aérea. De Inspector Geral da FAP transitou para Comandante Operacional dos Açores.
Já como general na reserva foi distinguido, pelo Presidente da República, com a Grã-Cruz da Ordem Militar de Aviz. Teve uma carreira militar brilhante e completa, pontuada por factos que sublinhavam o seu «estilo» pessoal. Como Comandante da Academia da Força Aérea fez de todos os cadetes paraquedistas. Como «cadete mais antigo», tirou com eles o curso de pára-quedismo. Era o seu «estilo» a comandar. Os «seus cadetes», alguns deles actuais oficiais generais no comando da FAP, não o esquecem. Aliadas á sua integridade de carácter e exigência, para com os outros e para consigo próprio, tinha uma bondade e uma simpatia cativantes.
Tenente-General Piloto Aviador
Nasceu a 18 de Outubro de 1936
Faleceu a 24 de Janeiro 2025
Passámos a ter contacto próximo, quando, no ano de 2014, fui admitido no Conselho Supremo da nossa Associação, de que ele fazia parte há largos anos, após ter sido Presidente da Direcção da AAACM durante o biénio de 1991 e 1992.
A Associação conferiu-lhe um «Prémio Barretina», pela sua dedicação ao Colégio e à Associação.
O nosso contacto passou a ser ainda mais próximo, quando me convidou a integrar o Instituto Bartolomeu de Gusmão (IBG), de estudo e divulgação de temas aeronáuticos, por si criado, há cerca de dez anos, na Sociedade Histórica da Independência de Portugal (SHIP), da qual era também membro do Conselho Supremo.
No IBG fui seu secretário, durante cerca de 8 anos, ao longo dos quais o nosso conhecimento se aprofundou e a nossa amizade se consolidou.
Nunca fui capaz de o tratar por tu, como ele de mim exigia, mas autopromovi-me a seu «cabo condutor privativo», quando deixou de poder guiar o seu carro.
Seguiu até ao fim, com o maior interesse, a vida do «seu» IBG, que eu lhe relatava telefonicamente. No final do meu último relato, que ouviu atentamente, manifestou a sua concordância, com uma só palavra «BOA!».
Partiu. Vamos sentir muito a sua falta. Espero voltar a encontrá-lo, para de novo falarmos da "sua" Força Aérea, à qual dedicou toda uma vida, e do "seu" IBG. Que descanse em Paz.
Amanhã irei dar uma 2.ª volta, à procura de mais "gatos".
Um abraço.
Luis Filipe Ribeiro Ferreira Barbosa 71/1957
OS QUE NOS DEIXARAM
Onosso camarada e amigo Vasco Rocha Vieira já partiu. O camarada do Colégio desde os anos cinquenta e camarada militar cuja vida acompanhei com tanta amizade e admiração, deixou-nos.
É a vida, um começo, um meio e um fim. Mas se o fim foi penoso para quem o conheceu, o meio, a sua vida,
Em 1957 entrei para o 1º ano do Colégio com mais 56 miúdos. Não conhecia ninguém excepto o Fernando Seixas, o 24. Não éramos parentes directos, mas tínhamos primos em comum, as nossas irmãs e os nossos pais eram amigos e tratávamo-nos por primos. Entre os nossos verdadeiros primos comuns havia uma miúda muito bonita, a Regina, que esteve na origem da alcunha pela qual todo o nosso curso passou a conhecer o meu “primo” 24. A “Gina”.
O Fernando saiu do Colégio no 4º ano e seguiu arquitectura. A vida se-
Tenente-General
Nasceu a 16 de Agosto de 1939
Faleceu a 22 de Janeiro de 2025
é o exemplo de um militar distinto, que como General foi Comandante do Exército e que desempenhou, nos Açores e em Macau, elevados, exigentes e difíceis cargos políticos, onde também demonstrou ser um Homem notável, um Português de excepção.
Perdemos um amigo, mas Portugal ganhou em ter tido um dirigente
militar e político de rara grandeza. Connosco ficou muita admiração e muita saudade.
Arquitecto
Faleceu a 6 de Março de 2025
parou-nos e estive muitos anos sem o ver. Fui sabendo dele, aqui e ali, por familiares e camaradas, mas não nos encontrámos muitas vezes.
Reapareceu com mais assiduidade há meia dúzia de anos nos encontros que o nosso curso vai promovendo e, ultimamente, convidou-nos um par de vezes para a sua casa em Alqueidão de Santo Amaro e, há pouco tempo, para um inesquecível passeio e almoço na barragem de Castelo de Bode onde tinha uma magnífica lancha que importou do Canadá.
Em todas estas ocasiões nos recebeu com uma inexcedível hospitalidade e simpatia.
Tenho pena que o nosso reencontro tenha sido tão breve, e por não ter tido oportunidade de estreitar o nosso relacionamento.
O 24 faleceu no Hospital da Luz após uma longa doença.
“Allez allez a l’éternité” Descansa em paz
José Bastos e Silva 67/1957
Licenciado em História
Faleceu a 10 de Dezembro 2024
Carlos Moura, nos primeiros anos da sua carreira profissional esteve ligado ao Ministério da Defesa mais propriamente no Batalhão de serviço de transportes (BST) tendo nos últimos anos pertencido à Direcção do Instituto Português do Sangue ministério da Saúde, do qual se reformou.
Durante esse período formou-se em História, sempre estudioso.
Homem de grandes princípios, de muita leitura e ponderação.
Seu conhecimento era abrangente e viciante.
Faleceu a 20 de Dezembro 2024
João Manuel Almeida Viana (107 - 1947)
General - Oficial de Transmissões
Sempre orgulhoso de ter sido um Menino da Luz, a Barretina sempre o acompanhava.
Pai e Avô orgulhoso. João Moura (filho)
A Redacção
Faleceu a 27 de Janeiro de 2025 OS QUE NOS DEIXARAM
Recebemos na “Zacatraz”, a triste notícia do falecimento destes nossos camaradas, que subiram ao “Zimbório”, na Cúpula da Capela dos Claustros. Na impossibilidade de termos assegurado algumas palavras que aqui os recordassem, endereçamos a todos os seus familiares, as nossas mais sentidas condolências.
A Redacção
Fins Pereira de
Machado (143/1953)
Arquitecto
Faleceu a 10 de Dezembro 2024
Júlio Augusto Mauhin da Cruz (163/1959)
Faleceu a 10 de Dezembro 2024
José Luís Viegas (421/1955)
Capitão de Mar e Guerra
Faleceu a 10 de Dezembro 2024
Luís Daniel Alves Gato de Azambuja Fonseca (164 - 1975)
Nasceu 4 de Julho de 1965
Faleceu 10 de Janeiro de 2025
Recebemos na “Zacatraz”, a triste notícia do falecimento destes nossos camaradas, que subiram ao “Zimbório”, na Cúpula da Capela dos Claustros. Na impossibilidade de termos assegurado algumas palavras que aqui os recordassem, endereçamos a todos os seus familiares, as nossas mais sentidas condolências.
A Redacção
(432 - 1965)
Faleceu a 19 de Dezembro de 2024
(577 - 1965)
Médico Dentista
Faleceu a 8 de Janeiro de 2025 OS QUE NOS DEIXARAM
Recebemos na “Zacatraz”, a triste notícia do falecimento destes nossos camaradas, que subiram ao “Zimbório”, na Cúpula da Capela dos Claustros. Na impossibilidade de termos assegurado algumas palavras que aqui os recordassem, endereçamos a todos os seus familiares, as nossas mais sentidas condolências.
A Redacção