Z237 Revista ZACATRAZ - Web

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Na despedida...

um apelo à solidariedade.

Não conheço nenhum colégio no mundo que há mais de 140 anos, feche de forma continuada, a principal avenida da capital do seu país.

Também não conheço nenhuma comunidade de antigos alunos, de um qualquer colégio, que esteja toda interligada através de uma App.

E também não conheço nenhuma comunidade de antigos alunos, que receba trimestralmente em sua casa uma revista, a ZACATRAZ, com conteúdos diversos sobre a história e a atualidade do Colégio e da sua Associação.

Finalmente, não conheço nenhuma comunidade de antigos alunos, organizada em cursos de entrada, que faça romagens ao seu colégio para celebrar os seus 25 de saída ou os seus 40, 50,60,70 ou 75 anos de entrada ou saída, tendo ainda a oportunidade de conhecer o(s ) seu(s) sucessor(es).

Mas para que tudo isto exista, e existe, é necessário haver uma “sapata”, um “pilar”, ou um “casco”, que sustente tudo isto.

Chama-se Associação dos Antigos Alunos do Colégio Militar.

Está cá há 121 anos, porque até hoje houve centenas de Antigos Alunos, que deram o seu melhor e dedicaram-se à causa com enorme entusiasmo e um grande espírito de missão.

Contaram com muitos apoios e a solidariedade de muitos camaradas e é por isso mesmo, que vos deixo três apelos de apoio aos Órgãos Sociais, que vierem a ser eleitos para o triénio 2025 a 2027.

O primeiro é para que promovam a Associação, trazendo o maior número de Antigos Alunos para sócio.

O segundo é que todos os sócios paguem as suas quotas.

E o último, é para que sempre que sejam chamados a colaborar com a Associação, digam presente.

Só cumprindo todos estes três desígnios é que respeitamos o espírito com que a

Associação foi criada: a consolidação e o fortalecimento dos laços de solidariedade que unem os antigos e os atuais alunos do Colégio Militar.

Com um forte ZACATRAZ!

Ficha Técnica

Corpos Sociais da Associação para o Triénio 2022-2024

Assembleia Geral

Presidente José Eusébio Pereira Barata Cordeiro de Araújo (591/1973)

Vice-Presidente António Luis Henriques de Faria Fernandes (454/1970)

1º Secretário Afonso Castelo dos Reis Lopes Scarpa (222/2000)

2º Secretário Ricardo de Sousa Macedo Esteves Mendes (190/2006)

Direcção

Presidente Filipe Soares Franco (62/1963)

Vice-Presidente António Santos Serra (95/1959)

1º Vogal Victor Manuel de Sousa Meneses de Lorena Birne (522/1964)

2º Vogal Ângelo Eduardo Manso Felgueiras e Sousa (498/1976)

3º Vogal Luis Manuel Marques Cóias (190/1990)

1º Vogal Suplente Nuno Miguel Lopes Raposo (196/2006)

2º Vogal Suplente Maria Gargalo Silva Alexandre Roque (587/2014)

Conselho Fiscal

Presidente Nuno João Francisco Soares de Oliveira Silvério Marques (236/1966)

1º Vogal Luis Manuel Borges de Albuquerque Nogueira (323/1969)

2º Vogal Francisco Manuel Martins Pereira do Vale (471/1969)

Ficha Técnica

Nº 237 - Outubro / Dezembro - 2024

Publicação Trimestral

FUNDADA EM 1965

FUNDADOR

Carlos Vieira da Rocha (189/1929)

DIRECTOR

Adelino Fonseca Lage (176/1966) adelino.lage@gmail.com

CHEFE DE REDACÇÃO

João Barrento Sabbo (17/1967) joaosabbo@gmail.com

REDACÇÃO

Nuno Mira Vaz (277/1950)

Luís Ferreira Barbosa (71/1957)

Jorge Santos Pato (484/1966)

REGISTO E BASE DE DADOS FOTOGRÁFICA

Leonel Tomaz

CAPA

Abraço ao Batalhãozinho

ENTIDADE PROPRIETÁRIA E EDITOR

Associação dos Antigos Alunos do Colégio Militar

MORADA DO PROPRIETÁRIO e SEDE DA REDACÇÃO

Quartel da Formação – Largo da Luz 1600 – 498 LISBOA Tel. 217 122 306/8 Fax. 217 122 307

TIRAGEM - 1350 exemplares DEPÓSITO LEGAL - Nº 79856/94

Os artigos publicados são da responsabilidade dos seus autores. Esta publicação não segue o novo acordo ortográfico.

DESIGN E EXECUÇÃO GRÁFICA:

Tm. (+351) 933 738 866

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DISTRIBUIÇÃO GRATUITA AOS SÓCIOS DA AAACM

Isenta de registo na Entidade Reguladora da Comunicação Social (ERC), ao abrigo do n. º1 da alínea a), do Art.º 12º Do Decreto Regulamentar n.º 8/99 de 9 de Junho.

04 De "Turista a "Rata"

06 Uma Luz... à espera de reconhecimento

09 121º Aniversário da AAACM

11 Celebrar a AAACM

17 Tipicamente somos bons. Quando somos maus, somos melhores

18 Barracuda

23 Dia do Exército

24 A Grafonola em 1962 e 1974

29 O Képi do Comandante

31 Abraço ao Batalhãozinho

34 1924 Viagem aérea de Portugal a Macau

43 Saberes e Sabores

51 A Viagem do Allegro

55 Tertúlias à Volta da Mesa

57 Poesia nos Tempos Livres

59 XIX Torneio de Esgrima Veteranos Espada AAACM

60 Notícias e Notas Soltas

63 Curso de 1947/1954

65 Curso de 1962/1969

66 Curso de 1974/1982

68 Curso de 1986/1994

69 Os que nos deixaram

Abertura Solene do Ano Lectivo de 2024/25

Claustros em "Lego"

Até ao Estandarte

De “Turista” a “Rata”

Chegam da infância, ainda marcados pelos anos das primícias do 1º ciclo do ensino básico, vêm de escolas de todo o país, crianças ainda, pela mão dos pais chegam, vêm cautelosos, receosos, preocupados, afinal não é certamente banal, aos 10 anos, entrar para um Colégio adjetivado como “Militar”.

Chegam tímidos, quase todos. Alguns, poucos, cujos pais frequentaram esse mesmo Colégio Militar, sabem melhor ao que vêm, mas mesmo assim, crianças ainda, desconfiam, ainda por cima a maioria fica interna, a viver naquele espaço grande à Luz, com centenas de jovens, crianças ainda, da idade deles. Os que do Colégio só sabem o que a tradição oral conta, refletem os receios dos pais, será duro, serão vítimas de bullying, vão lavar-lhes o cérebro, haverá sevícias?

Mas se ali estão, se ali chegam crianças, em transição para miúdos, é porque sobre aquele estranho e antigo Colégio, apodado de Militar, se contam coisas bonitas, histórias com anos, décadas, séculos. Os antigos alunos, amigos dos pais, de barretina ao peito, asseguram: o miúdo vai adorar.

E agora, dois meses passados, o Natal à vista, preparam-se para um regresso prolongado a casa. Passaram dois meses apenas, mas estes miúdos, de antes crianças, já estão mudados, no início de um percurso que deles fará rapazes, raparigas.

Homens, mulheres.

Um dia destes, uma aluna minha cujo nome não vou revelar (ela saberá, se ler este texto) veio ter comigo no final de uma aula,

segundo ano da faculdade e, tímida, mas com uma coragem aprendida nos claustros do velho Colégio de que já aqui falei, contou-me que era ex-aluna. Confessou as saudades daqueles oito anos passados entre claustros, camaratas, salas de aula e de estudo. E saudades dos seus “meninos”, aqueles que chefiou como graduada, a marchar à sua voz e com quem se reúne amiúde.

Jovem de 20 anos, uma mulher moldada no cadinho onde se fundem valores como a honra, a lealdade, a camaradagem, o orgulho com que me falou dificilmente cabe nestas palavras.

Pensei depois nos jovens “Ratas”, a voltar a casa para o Natal, já mordidos pelo vírus do Colégio, e a satisfazer a curiosidade dos pais. Chegam, desta vez para

Paulo Sande 60/1967
O "Selar da Barretina".
Ratas de Hoje Antigos Alunos Amanhã

mais do que um simples fim de semana, certamente ainda com dúvidas, mas já carregados dos sentimentos complexos adquiridos em dois meses de uma vida partilhada com jovens da sua idade ou mais velhos, os graduados que os guiam e enquadram.

No último mês foram pintados, cara e corpo, pelos mais velhos, a barretina selada com a parte posterior amolgado, nas camaratas assim perpetuadas as velhas tradições que unem antigos e novos, graduados e ratas participaram no dia seguinte na “mocada”, e antecipam o ar desconfiado dos pais, assustados com o nome, sem saber tratar-se apenas de uma reconstituição pitoresca da ação dos conjurados do dia 1 de dezembro de 1640, com o Vasconcelos, em efígie, a cair das galerias para os claustros do velho Hospital Nossa Senhora dos Prazeres, onde o Colégio se instalou em 1814 e acabaram a correr o cross de Natal, uni-

dos na solidariedade colegial, felizes por se sentirem parte, por se sentirem vivos, partilhando um ideal e valores que, já em tenra idade, lhes transmite a dimensão militar do Colégio, alimentados, corpo e alma, pelos valores daquela instituição mais que secular.

Passaram dois meses e a criança que chegou ao Colégio Militar volta ao aconchego do lar por um tempo, para o Natal, e já não é criança, miúdo miúda a caminho de se tornar rapaz rapariga, chegou “turista” foi armado cavaleiro firme à voz de “Cê Op” tocado pelo sabre do graduado em cada ombro da farda de gala das mais antigas das forças armadas portuguesas e ao ouvir as palavras rituais “com este sabre faço de ti vencedor e nunca vencido” um aguilhão de puro orgulho trespassa-lhe o íntimo peito.

Mocada espingarda Mannlicher dólman de pano a barretina amolgada penacho

granadeiras pinturas (artísticas) sabres –os pais franzem o sobrolho, preocupam-se, temem pelo bem-estar dos filhos. Não é preciso.

Chegaram turistas agora são “Ratas” e ao chegar a casa os seus olhos brilharão desse orgulho puro que os pais, que os conhecem melhor do que ninguém, reconhecerão.

Ratas de Hoje Antigos Alunos Amanhã
Crosse de Natal.

Uma luz … à espera do reconhecimento

Visita de equipa do Ministério da Defesa Nacional.

Em 2023, perfizeram-se 25 anos de cedência do espaço “Quartel da Formação” (PM 34) para utilização pela Associação dos Antigos Alunos do Colégio Militar (AAACM).

O facto de a “Formação” se ter começado a transferir para o interior do Colégio em 1998, libertou a instalação, cedida em de-

finitivo à AAACM em dezembro de 2007, mas apenas foi possível o uso parcial da sua utilização a partir de 3 de março de 2008, fruto do seu avançado estado de degradação e mesmo ruína.

Foram vários os pressupostos na base da cedência e utilização, com especial significado para a comunidade colegial de que destacamos:

Aproximava a AAACM ao Colégio Militar;

Permitia ambição de crescimento à AAACM e ampliava a versatilidade de novas utilizações;

Profícua coabitação com o Colégio Militar, com a Associação das Antigas Alunas de Odivelas (AAAIO), e relacionamento com a envolvente.

Mas, sobretudo, a proteção de um património, à época, em avançado estado de degradação.

O primeiro protocolo foi celebrado com o Exército Português, em 20 de novembro de 1998, e atualizado em 26 de junho de 2002, integrando a AAAIO que inaugurou o Lar da terceira idade em janeiro de 2010, protocolo para um período temporal até 2038.

A AAACM, com esforço próprio, assente em doações de mecenato de Antigos Alunos, iniciou com um investimento de grande dimensão, a recuperação do edifício, dotando o espaço de condições de funcionamento e uso, assegurando a partir daí o processo de manutenção.

Cientes da necessidade de encontrar um regime que permitisse a angariação de

fundos, que as avultadas obras exigiam, constitui-se, em 28 de junho de 2007, uma sociedade por quotas, a “PM 34 –Gestão de imóveis e Promoção de Eventos, Sociedade Unipessoal LDA”, integralmente propriedade da AAACM.

Visando assegurar recursos financeiros, sempre injetados nas obras de recuperação que o edifício necessitava, essa entidade celebrou os seguintes contratos:

Restaurante Jardim da Luz (2008)

Bar Speliking (2012)

Armazém Aer(i)o atividades cénicas (2014)

Espaços (box) de arrumos ou arquivos (2023)

Estado de recepção do PM 34.
Da Vida da Associação

A AAAIO, em contrato com a Segurança Social, construiu, e é proprietária do Lar da terceira idade, implantado com autorização em terreno do PM 34, prestando um serviço de acolhimento de 44 residentes, num esforço financeiro cada vez mais difícil de gerir.

A partir de 2013 foram levantadas dúvidas quanto à legalidade da exploração dos espaços, mas o bom senso tem permitido confirmar que a mesma se enquadra no espírito que decorre do protocolo assinado com o Exército. No passado dia 4 de setembro de 2024, o Presidente Filipe Soares Franco e a Direção da AAACM, com a presença da AAAIO e da Associação de Pais e Encarregados de Educação dos Alunos do Colégio Militar, recebeu uma representação do Ministério da Defesa Nacional (MDN), do Exército e do Colégio Militar, numa

visita de conhecimento da realidade do “PM 34”, tendo sido entregue o “dossier que documenta todo o processo”, que a AAACM tem conseguido implementar na utilização mas, sobretudo, na recuperação do edifício e instalações onde foram aplicadas verbas que ultrapassam largamente 1 milhão de euros.

As fotos identificam o estado em que se encontrava o PM 34 quando foi concessionado à AAACM em 1998, dando uma ideia mais precisa do estado de profunda degradação em que se encontravam os edifícios, versus melhorias já implementadas.

Os representantes do MDN saíram conscientes do “protocolo vigente” e informados da realidade do uso, esforços financeiros já aplicados, dificuldades e exigências de manutenção, mas, sobre-

tudo, das necessidades estruturais que envolvem a cobertura em risco de colapso, que se entende ser esta última, da responsabilidade do Ministério e do Património do Estado.

Quartel da Formação na Luz (PM 34), UMA LUZ DE ESPERANÇA E BOM SENSO, que nos deixaram o Sr. Secretário de Estado Adjunto e da Defesa Nacional e a Sra. Secretária de Estado da Defesa Nacional, a quem nos compete deixar o agradecimento público à representação governamental que, pela primeira vez se deslocou ao PM 34, inteirando-se da realidade e esforço financeiro de melhoria das instalações, assegurado ao longo dos anos pela AAACM.

Filipe Soares Franco 62/1963 Presidente da AAACM

Estado actual do PM 34.
Da Vida da Associação

121º Aniversário da AAACM

Acelebração do aniversário da Associação dos Antigos Alunos do Colégio Militar, é também o momento para celebrar e reunir a “Velha Guarda”.

Assim, no passado dia 23 de Outubro, a AAACM completou 121 anos de existência e, como de costume, a Velha Guarda, Antigos Alunos com mais de 70 anos reuniu-se no Colégio Militar para assinalar a efeméride.

Compareceram 31 Antigos Alunos, com o Pezarat Correia (10/1943), a ser o mais antigo, o Adriano Cunha (2/1964) e o José Bismarck (51/1964), os mais novos do curso que cumpre o critério da idade.

Como de costume, o reencontro aconteceu nos Claustros e tudo começou com a deposição de uma coroa de flores no

busto do Fundador (Marechal Teixeira Rebelo), a que se seguiu a apresentação, pelo Subdirector, tenente-coronel Pedro Marinho, do que tem sido feito e do que está projectado fazer, para o Colégio Militar continuar a cumprir o seu papel de formar alunos capazes de se distinguirem nas mais diversas actividades.

Foi sublinhado que, ao contrário do que dizem os “rankings”, o ensino no Colégio Militar é melhor do que sua classificação, como o demonstram o facto dos 38 alunos que completaram o 12º ano, 31 entraram no Ensino Superior na primeira opção e os dois últimos Comandantes do Batalhão entraram em Medicina.

Seguiu-se a visita às instalações do 1º Ciclo, o acender da chama, o encontro com os sucessores, a fotografia na escada da enfermaria e o desfile do Batalhão Cole-

gial, antes do almoço, servido na Messe dos Oficiais, que permitiu continuar conversas e recordar tempos passados entre as quatro paredes do Colégio Militar.

Da parte da tarde houve oportunidade de percorrer várias instalações, com destaque para o novo Pavilhão Gimnodesportivo e assistir ao apagar da chama, que marcou o fim da reunião.

Para o ano, na mesma data haverá novo encontro esperando-se que mais elementos da Velha Guarda compareçam, identificando aqui as presenças deste ano.

Adriano Fraxenet de Chúquere Gonçalves da Cunha (2/1964); Martinano Nunes Gonçalves (9/1958); Pedro Júlio de Pezarat Correia (10/1943); Ricardo Manuel Simões Bayão Horta (25/1946); Luís José Passanha Braamcamp Sobral (34/1948);

Manuel Pedro da Costa Pereira
Da Vida da Associação

Da Vida da Associação

Filipe Soares Franco (62/1963); Rui Tomaz Vilaça de Castro Feijó (92/1960); José Eduardo Martinho Garcia Leandro (94/1950); José de Pina Cabral e Trindade (101/1955); João Manuel Ermida Corrêa (102/1959); António José Passanha Braamcamp Sobral (112/1950); António Rui Prazeres de Castilho (147/1948); António Hélder Monteiro de Sena e Silva (149/1948); Bernardo Manuel Diniz de Ayala (171/1953); Pedro Manuel de Almeida Serradas Duarte (192/1954); José Manuel da Luz Bravo Ferreira (204/1959); José Eduardo Fernandes de Sanches Osório (210/1951); António Cortez Freire Damião (236/1959); Mário João Conde de Carvalho Pereira (275/1956); Pedro do Canto Lagido (330/1947); José Francisco Machado Norton Brandão (400/1961); Francisco Xavier Godinho de Abreu Novais (406/1955); Manuel Pedro da Costa Pereira Roriz (519/1959); Luís de Carvalho Machado (582/1961); José Manuel Granja Gomes da Silva (586/1961); José Eusébio Pereira Barata Cordeiro de Araújo (591/1973); Manuel Ramos de Sousa Sebastião (604/1961); Luís Filipe Magalhães de Aguiar (616/1962).

Homenagem ao Fundador.

Oferta a marcar a cerimónia.
Acender da chama.
A Velha Guarda e os seus sucessores.

Celebrar a AAACM

OJANTAR ANUAL, mais uma vez realizado na Quinta dos Gafanhotos, é o ponto alto da vida da Associação, permitindo que na presença de algumas centenas de Antigos Alunos, se celebre a instituição, se promova o Colégio que nos formou, e se reconheça, pela atribuição dos “Prémio Barretina”, aqueles que por “valores e obra” se destacam entre os melhores.

O acolhimento e abertura do encontro, esteve a cargo do presidente da AAACM,

Filipe Soares Franco, que num discurso de despedida, apelou aos valores da solidariedade, evidenciado no seu editorial desta ZACATRAZ.

Um primeiro aplauso, foi dirigido aos finalistas, que depois de despirem pela última vez a farda cor de pinhão, são oficialmente Antigos Alunos, de que se espera agora, colaboração nos objectivos da associação.

Os “Prémios Barretina” são instituídos pela Associação dos Antigos Alunos

do Colégio Militar para, anualmente, distinguir personalidades ou entidades ligadas ao Universo do Colégio Militar, procurando por esta via sublinhar-se a especificidade e excelência da matriz formativa do Colégio Militar, e atribuídos nas categorias de “Colégio Militar no Mundo” e “Associação”.

Vista geral da sala.
Da Vida da Associação

Prémios Barretina

Colégio Militar no Mundo Da Vida

Graduado em 1993/94 como Comandante do 1º Pelotão, três estrelas da 1ª Companhia.

Cresceu profissionalmente a pulso, fruto de muito trabalho, competência e mérito, sempre alicerçado nos Valores que lhe foram incutidos no Colégio.

Fiel, cultivador e difusor dos valores do Código de Honra, tem pautado a sua vida

Prémio Barretina 2024

Rodrigo Marrecas de Abreu (432/1986)

profissional ao longo dos últimos vinte e dois anos por uma conduta de excelência, rigor, determinação e inteligência que o distingue entre pares no meio da Nutrição em atletas de alta competição, nacional e internacionalmente. Desenvolve o acompanhamento nutricional de atletas profissionais desde 2002, tendo trabalhado em modalidades como o Atletismo, Natação, Triatlo, Pentatlo Moderno, MMA e Futebol. É, desde 2015, o Nutricionista da Unidade de Saúde e Performance da Federação Portuguesa de Futebol, tendo contribuído decisivamente para vários títulos em vários escalões, tendo como expoente máximos o EURO 2016 e a Liga das Nações 2019.

Prémios

Barretina "Associação"

O Prémio “Associação” distingue Antigos Alunos ou Delegações da Associação dos Antigos Alunos do Colégio Militar, cuja acção tenha contribuído de forma notável para a concretização da missão da AAACM.

Colabora com várias ONG’s na criação e implementação de projectos de combate à desnutrição em países africanos, evidenciando solidariedade, altruísmo e generosidade na prática do bem.

A educação que teve no nosso Colégio, é a principal herança que os pais lhe proporcionaram e ajudaram o “Rato” a tornar-se um exemplo para a sociedade.

A nomeação para esta distinção serve de exemplo e motivação para as gerações mais novas de Alunos e Antigos Alunos.

OTomiki foi educado pelo seu pai com enorme exigência e princípios profundamente vincados, foi o melhor Aluno da Classe Especial de Ginástica do 1º ao 7º ano.

Líder natural e incontestável foi sempre Chefe de Turma e acaba como Ajudante do Comandante de Batalhão, onde nos tempos conturbados após o 25 de Abril,

Entrou para o Colégio em 1982 de onde saiu em 1990 como Comandante da 1ª e é pai do actual sucessor, o 377/2020.

Licenciado em Engenharia e Mestre em Electrónica e Engenharia de Computação no Instituto Superior Técnico.

Prémio Barretina 2024

Associação - Dedicação

António Vítor Reynaud da Fonseca Ribeiro (43/1968)

foi um dos maiores responsáveis pela coesão e disciplina de todas as Companhias e por manter puros os valores que nos regem.

Oficial Paraquedista e Licenciado em Direito, é Pós-Graduação em Direito do Desporto.

Em tudo o que tem feito na vida, o Colégio fica bem visto, ao ponto de deixar uma admiração profunda em tantos que nunca tinham ouvido falar do Colégio Militar e que ficam rendidos à nobreza, ao carácter e à generosidade que ele põe em qualquer relação.

Prémio Barretina 2024

Associação - Dedicação

Nunca o vimos vergar-se aos mais poderosos, mas sempre o vimos ter o maior respeito no trato com os mais humildes. Admirado nas relações de trabalho, é o primeiro a chegar e o último a sair e se um seu subordinado chega atrasado o que o espera, em vez de um castigo ou repreensão, é ele, seu superior a fazer a sua tarefa e um olhar que nunca mais esquecerá.

Merece aqui destaque o discurso de agradecimento do Tomiki, no momento da recepção do prémio, fazendo questão de enaltecer o espírito de grupo do seu curso, deixando a cada um dos seus colegas, o mérito do prémio que ali recebia.

Nelson Manuel Machado Lourenço (377/1982)

Tem desempenhado funções de relevo no âmbito da sua ligação ao Colégio e à Associação dos Antigos Alunos, sendo de destacar a sua militância e eficiência como Delegado do Curso e Presidente do Conselho de Delegados de Curso durante 7 anos, como Vice-Presidente da Assembleia Geral da Associação de Pais e Encarregados de Educação dos Alunos do Colégio Militar no triénio 2021-2024 e desde 2020 é, pela AAACM, o organizador das ac-

ções de Formação Profissional “O teu Futuro na …” aos alunos dos últimos anos do Colégio.

Cultivando um perfil discreto e eficiente, o Nelson Lourenço é, aos 52 anos, um exemplo de militância e dedicação ao Colégio e à Associação, merecedor do reconhecimento da comunidade dos Alunos e Antigos Alunos.

Da Vida da Associação

OChulírio entra para o Colégio em 1966 com o número 230 e termina como Comandante da 4ª.

Desde 1985 serviu no Colégio Militar como Professor de Educação Física durante mais de 38 anos.

Foi Professor responsável pelo Futebol, de 1985 a 1991, modalidade na qual logrou que equipas do Colégio tivessem estado presentes em três finais Regionais do Desporto Escolar e participado em outras competições, onde o Colégio Militar obteve quatro primeiros e dois segundos lugares;

Prémio Barretina 2024

Associação - Amor ao Colégio

Nuno Maria Moreira Gomes Marques (230/1966)

Foi Professor responsável pelo Atletismo a partir de 1991, aí destacam diversos títulos de Campeão Distrital e Regional do Desporto Escolar obtidos pelas equipas do Colégio. Nove títulos consecutivos de Campeão Nacional do Desporto Escolar, quatro títulos consecutivos de Vice-Campeão Nacional do Desporto Escolar, oito participações em provas da Federação Internacional do Desporto Escolar em representação de Portugal, cinco presenças em Finais Nacionais de Corta Mato do Desporto Escolar.

No Pentatlo preparou durante 6 anos as equipas do Colégio.

Foi agraciado com a medalha D. Afonso Henriques.

Pelo significativo contributo que deu na valorização da Educação Física como valência

principal na educação integral ministrada aos Alunos do Colégio Militar e no reforço da sua imagem no exterior;

Pelo enorme respeito, simpatia e elevado apreço em que é tido por várias gerações de Antigos Alunos, por Alunos, pares, superiores e demais servidores do Colégio Militar.

O 230/1966, Gomes Marques, recebeu este prémio porque é um exemplo de dedicação ao Colégio Militar, não só pelos mais de 38 anos de serviço, mas também pela forma como actuou junto dos seus alunos: como Amigo, Conselheiro e Pedagogo.

Prémio Barretina 2024

Associação - Delegação

Ao longo de já muitos anos, a Delegação do Alentejo contribuiu para manter e desenvolver a coesão dos Antigos Alunos residentes no Alentejo e todos os que se identificam com a região, resultando em significativas afluências nas reuniões que têm

vindo a ser promovidas com regularidade, das quais se destacam os Almoços/Jantares por ocasião das festividades do 3 de Março e do período de Natal/dia de Reis.

Reuniões entre colegiais de diferentes gerações, mas com um espírito comum nor-

teado pelos valores do nosso Código de Honra, do nosso espírito de camaradagem, de lealdade e respeito mútuo.

A actividade da Delegação da Associação no Alentejo começou a ter expressão, como tal, a partir dos anos 90 do século passado,

pela acção empenhada de vários Antigos Alunos de entre os quais relevamos: o José Paiva Mourão (256/1946), o António Martins Barrento (40/1948), o Tavares de Almeida (362/1955), o António Salgueiro (461/1972), estes últimos também Directores do Colégio e o Pedro Fra-

zão Alpendre (412/1972), recentemente falecido, e que foi sempre um enorme entusiasta e dinamizador das iniciativas referidas contribuindo fortemente para manter a “chama do Colégio” bem acesa dentro de todos nós.

Despedida de Presidente do Conselho Supremo da AAACM

O encontro foi também o momento, para a despedida do Luís Barbosa (71/1957) das suas funções de Presidente do Conselho Supremo da AAACM, pelo que aqui vos deixamos as suas palavras, não de um adeus, já que continuará como sempre na colaboração com a Associação e em particular com a revista ZACATRAZ, onde nos continuará a privilegiar com os seus artigos.

Dirijo-me a todos vós, pela última vez, na qualidade de Presidente do Conselho Supremo da nossa Associação. Cessarei funções no próximo mês, quando o Conselho eleger novo Presidente. A substituição aqui anunciada, é o resultado da lei da vida, ou seja, da passagem dos anos. Resolvi cessar funções à beira de completar 80 anos.

É tempo de sair da ribalta e de dar lugar a um conselheiro mais novo.

Este é o lugar adequado para anunciar o final do meu mandato como Presidente. Faço-o em família, rodeado pelos “filhos do Colégio Militar”, meus irmãos e minhas irmãs. Recordo, que a expressão “filhos do Colégio Militar” foi usada oficialmente, pela primeira vez, em 1921, há mais de um século, no diploma de concessão ao

O Presidente do Conselho Supremo (71/1957), com a actual e antigo Comandante da Escolta.

Da Vida da Associação

Colégio Militar da Ordem Militar da Torre e Espada, do Valor, Lealdade e Mérito.

O que nos reúne aqui hoje não é só a celebração de mais um aniversário da nossa Associação e a admissão de novos membros da mesma. É também, e acima de tudo, um acto ritual de comunhão do “Espírito do Colégio Militar”, o cimento invisível que a todos nós une e que nos une ao colégio.

Silva-Puri Baba, sábio de Katmandu, disse um dia a um dos seus discípulos, acerca de uma banana, “pode mostrar-se o que é, mas não ao que sabe”. Segundo escreveu o falecido Luís Miguel Alcide de Oliveira (163/1952), no prefácio do livro “O Espírito do Colégio Militar”, publicado em 2003, no âmbito das comemorações do bicentenário do colégio, as palavras do sábio de Katmandu podem-se aplicar ao “Espírito do Colégio Militar”.

Ao espírito que aqui nos reúne, também já lhe chamaram a “Alma do Colégio Militar”, que não podemos agarrar ou ver. No entanto, ao longo dos anos, alguns dizem tê-la pressentido, ou até entrevisto, a altas horas da noite, deambulando pelos Claustros. Admito que assim possa ser, conforme disse, em relação aos Claustros, um antigo Director do Colégio, “Estas pedras têm feitiço”.

A finalizar as minhas palavras, faço-vos um apelo:

A todos:

Honrem sempre o nosso Colégio.

Aos Alunos e Alunas do Colégio: Honrem sempre a nossa farda.

Antes de nós, milhares de Antigos Alunos, na paz ou na guerra, honraram o nosso colégio. Daí resultou, possuirmos o Estandarte Nacional mais condecorado das Forças Armadas de Portugal.

Quanto à nossa farda, a mais antiga das nossas Forças Armadas, temos o privilégio de a mesma nos ter sido atribuída, no século XIX, pela Rainha D. Maria II.

Era a farda “Cor de pinhão” das tropas portuguesas de caçadores. Com ela cobriram-se de glória, na Guerra Peninsular, os nossos caçadores. Deles disse então Wellington, o Comandante do Exército Luso-Britânico:

SÃO OS MEUS GALOS DE COMBATE

A nossa farda é, pois, uma farda de peso.

Quis a Rainha D. Maria II, ao atribuir esta farda gloriosa aos alunos do Real Colégio Militar, homenagear seu pai, D. Pedro IV, o “Rei soldado”.

Segundo a sua própria vontade, D. Pedro IV foi a enterrar, envergando a farda de caçadores. Sendo comandante honorário de um dos seus batalhões, na hora da sua morte, convocou para a sua cabeceira um

soldado de caçadores, para, por seu intermédio, se despedir de todos os seus soldados, com um abraço.

É esta a farda, cuja origem deveis ter sempre presente.

É esta a farda, que testemunha o elevado apreço em que a Rainha D. Maria II tinha o Real Colégio Militar.

É esta a farda, que deveis sempre honrar.

Ao honrar a nossa farda, tornai-vos dignos de ser considerados, “OS CAÇADORES DA RAINHA”. Da Redacção

Os novos "Antigos Alunos".

Ângelo Felgueiras 498/1976

Tipicamente somos bons. Quando somos maus, somos melhores.

Asolidariedade somos nós e o que fazemos com os nossos valores.

Obviamente para ajudar, precisamos de ter disponibilidade financeira. A nossa Associação tem um fundo de auxílio para fazer face a problemas pontuais daqueles a quem a vida, por qualquer razão, deixou em situação mais vulnerável. Serve também para ajudar os alunos mais carenciados que precisam de alguma ajuda. Estamos deste modo a semear valores que decerto darão bons frutos no futuro.

Quando um camarada tem problemas, encaminhá-lo para a AAACM e “já está”, é muito pouco solidário. Serve talvez como alívio pontual da nossa consciência social. Ser solidário é darmos um bocadinho de nós. Como já disse, podemos fazer face a situações pontuais. Já pagámos uma passagem de avião a um camarada que quis ir morrer na sua terra; ajudámos a pagar algumas contas e obrigações momentâneas; custeámos um funeral; patrocinámos explicações. São alguns exemplos de ajudas financeiras que vamos dando. Mas

não temos condição de assumir encargos permanentes. Aí, o que é fundamental é encaminhar quem necessita para o seu curso e para as instituições apropriadas. Solidários, podemos marcar a diferença e continuar a dizer que não deixamos ninguém para trás.

Devo partilhar que nem sempre é fácil. Normalmente, quem necessita não nos procura: umas vezes por vergonha, outras por desconhecimento. Somos contactados por camaradas que têm conhecimento de situações delicadas e nós tentamos ajudar. Umas vezes diretamente, outras através dos mais próximos. Não é importante como. O importante é ajudar.

Também acontece, sermos contactados por oportunistas. Já aconteceu no passado e poderá acontecer no futuro. Costumo dizer que os Alunos do CM são bons, mas quando lhes dá para serem maus, são ainda melhores. Estes últimos são poucos, mas ruidosos. É vê-los/lê-los nas redes sociais. Peritos na critica à Associação que já os ajudou, sem uma retribuição positiva, de qualquer espécie. Disponibilidade para

visitar um camarada, um telefonema a dizer obrigado ou “se precisarem de mim digam”. Nada. Reforço que são poucos.

A Associação está ainda presente no apoio aos actuais alunos, em que a pedido do Colégio Militar, estive presente em dia de reunião de turma, dando a conhecer aos pais dos alunos do secundário que nos podem contactar se precisarem de apoio em explicações, deslocações para ir a alguma faculdade. Enfim, para dizer que existimos e podemos ajudar.

Tenho tido da parte da Direção que integro e em especial do Filipe Soares Franco (62/1963) todo o apoio e compreensão nas ações que temos levado a cabo.

É muito importante manter uma boa rede de contactos, que nos permita encaminhar quem precisa de apoio. O contributo de todos é fundamental. Se precisas de apoio ou conheces alguém que precise, contacta-nos. Se nos queres apoiar, mantém as tuas quotas em dia, já que as quotas são a fonte de financiamento da AAACM. Não desanimamos nem desistimos.

Barracuda

Grupo de Antigos Alunos do Colégio Militar visita submarino com 60 anos

Num dia em que o Tejo se vestiu de sol para nos receber, atravessámos o rio com a nostalgia de sessenta anos passados, em que um grupo de Antigos Alunos se reuniu para uma visita especial ao "Barracuda", submarino que carrega no seu casco as mesmas seis décadas de história ao serviço da Marinha portuguesa, em paralelo com a nossa entrada no Colégio Militar, na década de 60.

A iniciativa teve, desde logo, a intenção de reunir em tertúlia quase uma vintena de Antigos Alunos, com o objetivo não apenas de relembrar a vida colegial, mas também proporcionar um momento de aprendizagem e valorização da história naval do país. Ao chegarmos à doca seca em Cacilhas, tínhamos à nossa espera o Barroso de Moura (583/1967) que, naquele navio e nos outros dois da mesma classe, viveu mais de dois anos em imersão, e assim, melhor do

que ninguém, nos proporcionou uma explicação tão detalhada, que quase nos fez regressar aos distantes anos da década de 60.

Outra singularidade e coincidência foi contarmos com a presença entre os presentes dos irmãos Teixeira Chaves, João (220/1965) e Pedro (277/1966), cujo pai, oficial da Marinha, foi o primeiro comandante desta classe de submarinos e o trouxe de Nantes para Lisboa em 1967.

Depois de uma explicação, identificando os diversos componentes da estrutura exterior, avançámos para o interior do submarino descobrindo e conhecendo as diversas secções da embarcação, desde a sala de comando até aos exíguos compartimentos, onde a tripulação vivia e trabalhava.

O “Barracuda”, último submarino da 4ª Esquadrilha, foi abatido ao efetivo com

42 anos de serviço, foi o mais antigo na NATO a ser operado pela mesma Armada, com 46.636 horas de navegação (equivalente a mais de 36 circum-navegações ao Mundo) e mais de 300 missões e exercícios, tendo mantido uma grande operacionalidade, com cerca de 120 dias de navegação por ano.

Não menos importante foi a sua vida útil que ultrapassou o inicialmente previsto e programado em mais de 16 anos.

Tendo presente a indispensabilidade da componente submarina das forças navais portuguesas e, muito em particular, as condições únicas e verdadeiramente excecionais em que operam os submarinistas no silêncio do fundo dos oceanos, em compartimentos extraordinariamente exíguos, vivem dias e dias sem privacidade alguma, mas de forma serena, perfeitamente cons-

Fernando Barroso de Moura

Antigos Alunos na Sociedade e no Mundo

cientes que do seu comportamento e profissionalismo depende a sua operacionalidade e mitigação do risco.

A 4ª Esquadrilha de Submarinos constituída pelos NRP “Albacora”, NRP “Barracuda”, NRP “Cachalote” e NRP “Delfim”, trouxeram consigo a mais moderna tecnologia de submarinos convencionais e eram, à época, considerados as “Joias da coroa” da Armada Portuguesa que, pela primeira vez, dispunha de submarinos na verdadeira aceção da palavra, caracterizados por um elevado grau de discrição, grande capacidade tácita e operacional. Na década sessenta, Portugal passava a dispor, de um importante e eficiente dissuasor com capacidade de defesa das nossas águas, portos e rotas de navegação.

A visita ao submarino serviu não apenas como passeio nostálgico e de descoberta,

CARACTERÍSTICAS GERAIS

TIPO

DESLOCAMENTO

COMPRIMENTO

BOCA

CALADO

PROPULSÃO

VELOCIDADE

AUTONOMIA

PROFUNDIDADE

ARMAMENTO

SENSORES

TRIPULAÇÃO

Submarino de ataque 1043 T 57,8 m

6,8 m

5,2 m

2 motores diesl SEMT-Pielstick 12 PA4 185 de 1300 cv

2 motores eléctricos Jeumont- Schneider de 1,7 MW<br<2 eixos 16 nós

5000 Km a 12 nós

300 m

12 tubos de torpedos

Radar de navegação Kelvin Hughes KH-10007(F)

Sonar de pesquisa ativa e ataque

thomsom-CSF/Thales DSUV-2

54

60 anos depois, formados e "fardados"... com o "barrete".

Antigos Alunos na Sociedade e no Mundo

mas também como oportunidade de recordar os valores aprendidos no Colégio Militar, como a disciplina, o respeito à hierarquia e o compromisso para com a Pátria. Os antigos alunos saíram do "Barracuda" com uma sensação renovada de orgulho, lembrando que, apesar dos anos que passaram, os laços formados durante o período escolar continuam a ser uma parte fundamental das nossas identidades.

Pela proximidade à Fragata D. Fernando II e Glória, também em doca seca e aberta ao público, efetuámos uma visita em que, pela sua dimensão e interesse, merecerá oportunamente uma descrição pormenorizada

da descoberta, de um navio de guerra da Armada Portuguesa, última fragata à vela da carreira da Índia.

Após a visita, nada melhor do que um último momento de convívio em almoço, que permitiu recordar e recuperar algumas das estórias que nos ligaram num passado distante, mas presente nas nossas memórias, como se tivessem acontecido na semana passada.

A visita, e o programa no seu todo, foi um sucesso que implicou uma segunda visita para os que não puderam estar neste primeiro momento, e muitos manifestaram

interesse em futuras atividades que nos unam, reforçando a ideia de que, mesmo após anos, o espírito de união e amizade permanecem vivos entre aqueles que compartilharam a formação e vida no Colégio Militar, entrelaçam-se e criam um elo que transcende tempo e gerações.

Adelino Lage 176/1966

Fernando Moura 583/1967

Um Submarino convencional diesel-eléctrico. Esquema de funcionamento.
Compartimento de propulsão.
Mesa de registo (situação).

Colégio Militar no Século XXI

Integração do Estandarte Nacional na formatura do Batalhão Colegial.

Abertura Solene

do Ano Lectivo de 2024/25

Na abertura solene do ano lectivo do Colégio Militar, os Claustros foram o cenário habitual e histórico para a apresentação do Batalhão Colegial ao Vice-Chefe do Estado Maior do Exército, Tenente General Emanuel Maia Pereira, figura de destaque que presidiu à cerimónia. O evento começou com a integração do Estandarte Nacional ao Batalhão, simbolizando a união e o compromisso dos alunos com o Colégio e a Pátria.

Os novos alunos foram apresentados, formando nos Claustros, marcando o início do seu percurso no colégio. Um dos momentos mais significativos foi a entrega da réplica da espada do rei D. Carlos, símbolo de comando, ao aluno Comandante do Batalhão Colegial, seguido por um abraço ao "Batalhãozinho", representando a camaradagem e o espírito de fraternidade que se vive no Colégio Militar.

Abraço ao Batalhãozinho.

O aluno Comandante do Batalhão Colegial fez uma alocução, reflectindo sobre os desafios e as responsabilidades que os novos tempos impõem. Em seguida, e no protocolo da cerimónia, homenageou-se o Fundador do Colégio, com a deposição de uma coroa de flores, junto ao seu busto, recordando o 199° aniversário da sua morte.

O desfile do Batalhão Colegial foi um momento de orgulho e disciplina, encerrando a primeira parte da cerimónia, a que se deu continuidade no ambiente do pavilhão gimnodesportivo.

A abertura da segunda parte do evento, foi marcada pelo Hino do Colégio Militar, entoado em uníssono pelos presentes, criando um clima de patriotismo e união.

O director do Colégio Militar proferiu uma alocução, a que se seguiu a lição inaugural, apresentada pelo professor

Daniel Dias, que inspirou os alunos com suas palavras, dedicadas ao tema “Educação para o Desenvolvimento Sustentável”. O ponto culminante da cerimónia foi a entrega das medalhas aos alunos que se destacaram pelos resultados es-

colares do ano anterior, numa celebração da excelência académica e física. A cerimónia foi encerrada com a entoação do Hino Nacional, selando o compromisso de todos com a educação e os valores que o Colégio Militar cultiva.

Entrega da réplica da Espada do Rei D. Carlos.
Mesa de Honra no Pavilhão Gimnodesportivo. Alunos premiados.
Continência às entidades presentes.
Vice-Chefe do Estado-Maior do Exército.
Director do Colégio Militar no uso da palavra.
Guarda de Honra ao Busto do Fundador.

Colégio Militar no Século XXI

Dia do Exército Cidade da Guarda

De 22 a 27 de Outubro, a cidade da Guarda recebeu as cerimónias comemorativas do Dia do Exército e o Colégio Militar marcou presença em vários momentos, presenciados por milhares de pessoas, apesar de, as condições atmosféricas nem sempre terem ajudado, o que levou ao cancelamento de algumas das actividades programadas.

Ao longo dos dias estiveram patentes, no Museu da Guarda, as exposições “25 de Abril – 50 anos” e “25 de Abril na perspectiva dos jovens, enquanto no Parque Urbano

do Rio Diz o Exército expunha muito do material de combate de que dispõe.

Material que desfilou no sábado pelas ruas da cidade, com o mau tempo a impedir a Escolta a Cavalo do Colégio Militar de o fazer, por as condições do piso serem perigosas para os cavalos.

No Sarau Gímnico e Musical, que decorreu no Pavilhão de São Miguel, as classes especiais de ginástica do Colégio Militar estiveram em acção, num espectáculo onde também estiveram presentes as classes

especiais dos Pupilos do Exército, da Academia Militar e dos Agrupamentos de Escolas Afonso de Albuquerque e da Sé, dois dos estabelecimentos de ensino da cidade mais alta de Portugal.

Na cerimónia militar, que teve lugar no Parque Urbano do Rio Diz, a 4.ª Companhia do Colégio Militar encabeçou o desfile, presenciado por milhares de pessoas.

Manuel Pedro da Costa Pereira Roriz (519/1959)
4ª Companhia do Colégio Militar.
Guião do Colégio Militar.
Estandarte Nacional do Colégio Militar.
Demonstração Gímnica das classes Especiais do Colégio Militar.

Grafonola da ZACATRAZ

A Grafonola em 1962 e 1974

I. Introdução

Na sequência das anteriores edições, trazemos a rubrica “Grafonola da ZACATRAZ”, que aqui recorda os cursos que em romagem comemoraram 60 e 50 anos de entrada no Colégio Militar, mais precisamente os Ratas de 1962 e 1974, numa abordagem que de novo vos permite aceder à “nossa Playlist”, ou directamente a cada música, fotografando com a App “Spotify”, o QrCode presente nos grafismos.

II - Ano 1962

O ano de 1962 ficou marcado internamente pelos efeitos decorrentes de duas situações distintas, mas ambas perturbadoras do equilíbrio e tranquilidade sociopolítica do nosso País: A perda dos territórios ultramarinos de Goa, Damão e Diu para o governo da União Indiana, na sequência da ocupação e controlo exercido por aquela nação, em Dezembro de 1961, e a Crise Académica que perdurou durante alguns meses em Portugal.

Quando, em 18 de Dezembro de 1961, a Operação Vijay lançada por forças da União Indiana compostas por 50 mil soldados, com forte apoio aéreo e naval, derrubou a surpreendida guarnição portuguesa de apenas 3500 soldados, neutralizando completamente a sua resistência, chegou assim ao fim um período de quatro séculos e meio de presença portuguesa na Índia. Em 1962 Portugal e a União Indiana chegaram a um acordo para o repatriamento de

mais de 3000 prisioneiros portugueses, e foram aprovadas as bases para assegurar o funcionamento dos órgãos de governo do Estado da Índia, enquanto este território estivesse subtraído ao exercício pleno e efectivo da soberania portuguesa. Durante o mês de Maio, respectivamente nos dias 22, 26 e 30, três navios portugueses (Vera Cruz, Pátria e Moçambique) chegaram a Lisboa a quase totalidade dos prisioneiros que haviam ficado retidos em Goa.

No dia 24 de Março começou a chamada Crise Académica de 1962, que foi um dos mais expressivos levantamentos estudantis de protesto e revolta contra o Estado Novo (Segunda República), originado devido à proibição, pelo Governo, da comemoração do Dia do Estudante em 24 de Março. No dia 26 de Março os estudantes de todas as escolas superiores de Lisboa declararam luto académico (greve geral às aulas). Em 9 de Maio um plenário de estudantes aprovou uma nova forma de protesto: uma greve de fome colectiva, na cantina. Dois dias depois esta foi cercada pela polícia de choque e muitos estudantes foram detidos (cerca de 800, segundo a versão da PSP, ou cerca de 1200 segundo as associações de estudantes). Em 14 de Maio, após uma enorme onda de indignação, todos os estudantes detidos foram então libertados.

No desporto 1962 foi um ano de grata memória para a “nação benfiquista”, pois no dia 2 de Maio o Sport Lisboa e Benfica conquistou a Taça dos Clubes Campeões Europeus pelo segundo ano consecutivo, ao vencer o Real Madrid por 5-3, no Estádio Olímpico de Amsterdão, na Holanda, com dois golos de Eusébio.

No dia 6 de Novembro iniciou-se oficialmente a construção da Ponte sobre o Tejo, em Lisboa, obra para a qual os EUA

tinham concedido, em 23 de Abril, um empréstimo de 1,5 milhões de contos.

No resto do mundo há que destacar a denominada Crise dos Mísseis de Cuba, também conhecida como a Crise de Outubro ou Crise do Caribe (16 a 28 Outubro de 1962) entre os EUA e a União Soviética, relacionada com a implantação de mísseis balísticos em Cuba. Além de ter sido televisionada em todo o mundo, foi o mais próximo que se chegou do início de uma guerra nuclear.

No campo da Música salienta-se a edição de um dos discos mais importantes da carreira da Diva do Fado, Amália Rodrigues. O álbum, conhecido como “Busto” (devido à estatueta que trazia na capa) para obviar a ausência de título, foi preenchido com um alinhamento de canções absolutamente extraordinárias e marcantes para a cantora, como são as faixas em que canta o seu poema “Estranha Forma de Vida”, além de poemas de Pedro Homem de Mello (“Povo que Lavas no Rio”), de David Mourão-Ferreira e de Luís de Macedo. Pela primeira vez a maioria das músicas eram de Alain Oulman. A revista The Gramophone considerou-o um dos melhores discos de 1962.

Esse disco marcou o encontro histórico entre Amália, já então a Voz do Fado, e o compositor Alain Oulman. E, em criações imortais, como "Abandono" ou "Madrugada de Alfama", deu novas cartas de nobreza ao fado, elevando-o a um nível melódico e literário ate aí insuspeito.

Lá por fora assistiu-se à definitiva afirmação de um estilo de dança e de uma variante musical, o “twist”, que no início da década de 60 conquistou as gerações mais adultas. Foi também o ano de entrada na ribalta da banda do século, já que depois de, em 16 de Agosto, o mú-

sico Ringo Starr ter substituído Pete Best como baterista, os Beatles lançaram no dia 5 de Outubro o seu primeiro disco: o single “Love Me Do”.

Mas o ano de 1962 foi também aquele em que Bob Dylan gravou e editou o seu álbum de estreia, e no qual surgiram os Rolling Stones, que, entretanto, só viriam a editar o seu primeiro single em 1963 e o primeiro álbum em 1964. Da vasta gama de discos editados no ano de 1962, tivemos a árdua tarefa de proceder à escolha de uma possível lista de 10 das canções que tiveram especial destaque ou relevância nas tabelas de vendas de singles, e se apresentam de seguida por ordem alfabética dos seus intérpretes:

1. Chubby Checker

– “The Twist”

2. Cliff Richard & The Shadows – “The Young Ones”

3. Elvis Presley

– ”Can’t Help Falling In Love”

4. Little Eva – “The Loco-Motion”

5. Ray Charles – “I Can’t Stop Loving You”

6. Roy Orbison

– “Dream Baby (How Long Must I Dream)”

7. The Beach Boys – “Surfin’ Safari”

8. The Beatles – “Love Me Do”

9. The Isley Brothers – “Twist And Shout”

10. The Shadows

– “Wonderful Land”

Deste “top-ten” particular seleccionámos duas canções incontornáveis que decerto vão trazer recordações algo nostálgicas a muitos dos membros integrantes do Curso de 1962/69 que recentemente comemoraram os seus 60 anos de entrada no CM:

"The Twist”

Chubby Checker

A canção “The Twist” foi originalmente escrita em 1958, por Hank Ballard, inspirada num novo estilo de dança, apelidado de “twist”, claramente inspirado pelo “rock and roll”. Entre 1959 e inícios dos anos 60 gozou de imensa popularidade, não obstante algumas críticas controversas que a consideravam demasiado provocadora. No entanto foi com a versão de 1960, gravada por Chubby Checker, que atingiu um enorme sucesso, chegando ao top 1 da tabela dos EUA, feito que se repetiu ainda com maior relevo em Janeiro de 1962, marcando um ponto de viragem histórico para o grau de aceitação do “rock and roll” por parte do público mais adulto. A revista “Billboard” considerou esta canção como o maior “hit” da década de 60.

III - Ano 1974

O ano de 1974 terá sido, provavelmente, aquele que mais marcou a passagem dos alunos no Colégio Militar, já que o internato em que se vivia, dificilmente podia ficar alheio às vicissitudes e mudanças radicais que marcaram definitivamente o cenário sociopolítico do nosso País durante esse período.

Assim, no seu primeiro ano de vivência no CM os “Ratas” de 1974 encontraram e encararam algumas realidades com as quais a sua (então ainda muito jovem) idade teria que aprender a lidar.

Portugal atravessou nesses tempos uma mudança cabal, que se traduziu num rompimento com o regime político e as regras de governação do passado. Os primeiros meses do ano iam dando indícios de que brevemente outros ventos iriam soprar, já que se iam intensificando os surtos de greves e manifestações de descontentamento popular, quer no foro estudantil universitário, quer no meio laboral.

"Love Me Do”

The Beatles

A canção “Love Me Do” foi escolhida como o primeiro single dos Beatles, contendo ainda, no lado B, o tema “P.S. I Love You”. Quando o disco foi editado no Reino Unido, em 5/10/62, chegou ao 17º lugar da tabela, mas dois anos depois chegou ao top 1 nos EUA, na Austrália e na Nova Zelândia. Foi composta alguns anos antes de ser gravada, e até mesmo da própria formação da banda, com um dueto vocal de Lennon e McCartney e uma utilização proeminente da harmónica, tocada por John Lennon, e apareceu também incluída no álbum de estreia “Please, Please Me”, editado em Março de 1963.

Entretanto em 23 de Fevereiro foi colocado à venda o livro de António de Spínola, intitulado “Portugal e o Futuro”. A obra contestava a política colonial, defendendo a liberalização do regime, a adesão de Portugal à CEE, o fim da guerra, a “descentralização administrativa, a progressiva autonomia dos estados e províncias ultramarinas” e a constituição de uma federação de Estados parcialmente soberanos, numa publicação com grande impacto na opinião pública e meios políticos.

No dia 24 de Março, numa reunião clandestina da Comissão Coordenadora do MFA, decidiu-se avançar com o derrube do regime por via militar. Desse modo, um mês depois, às 22h55mn do dia 24 de Abril, o locutor João Paulo Diniz emitiu na

Grafonola da ZACATRAZ

rádio a canção “E Depois do Adeus”, da autoria de José Luís Tinoco e interpretada por Paulo de Carvalho. Era a senha para os revoltosos tomarem posições para a primeira fase das operações militares, visando a queda do regime.

No dia 25 de Abril, às 0h20mn, o locutor Leite de Vasconcelos emitiu a canção “Grândola, Vila Morena”, de José Afonso, no programa «Limite» da Rádio Renascença, dando o sinal definitivo de que as operações estariam em marcha e eram já irreversíveis. O golpe militar colocaria assim fim a quase meio século de um regime político ditatorial e autoritário, e consequentemente ao termo da 2ª República Portuguesa.

Do ponto de vista cultural a revolução do 25 de Abril, ao abolir a censura, permitiu o contacto com filmes e publicações até então proibidos, dos quais são exemplos flagrantes os seguintes:

- A estreia em Lisboa, no Cinema São Jorge, do filme “O Último Tango em Paris”, de Bernardo Bertolucci, com Maria Schneider e Marlon Brando. Este filme erótico e “niilista” foi um enorme sucesso de bilheteira, numa sociedade até então marcada pela censura e pelo puritanismo dos costumes.

- O início da publicação da revista humorística, satírica e erótica “Gaiola Aberta”, em 15 de Maio, dirigida por José de Vilhena, com uma periodicidade mensal. Os seus textos e “cartoons” foram várias vezes objecto de processos em tribunal.

- Entre Setembro e Outubro de 1974 foram publicados os primeiros quatro números da revista pornográfica “Gina: Histórias Sexy Internacionais”, que vendeu 150 mil exemplares. A pornografia era fortemente reprimida durante o Estado Novo e circulava de forma clandes-

tina. Ano e meio depois do 25 de Abril já existiam em Portugal mais de dez revistas do género.

No domínio da Música alguns destaques merecem referência nesse longínquo ano de 1974. Em Portugal a chamada “canção de intervenção” ou protesto, protagonizada no antes e depois do 25 de Abril, assumiu um papel deveras preponderante na esfera musical nacional. Uns anos antes já o icónico programa televisivo Zip-Zip, de existência curta, mas com um teor interventivo importante, viu passar pelo seu palco alguns nomes de músicos como Francisco Fanhais, Pedro Barroso, José Jorge Letria, e, em particular, Manuel Freire com a sua canção “Pedra Filosofal”, que se tornou antecipadamente um hino da revolução, com a sua alusão à busca da liberdade.

O derradeiro episódio de cantigas contra o regime realizou-se em 29 de Março de 1974. Nesse dia ocorreu o 1º Encontro da Canção Portuguesa, que reuniu nomes sonantes como os de Zeca Afonso, Adriano Correia de Oliveira, Carlos Alberto Moniz, Fausto, Fernando Tordo, José Barata Moura, José Jorge Letria, Manuel Freire, Ary dos Santos, Vitorino, Carlos Paredes e Paulo de Carvalho.

Mas de um modo geral, e sobretudo no foro da música de raiz anglo-saxónica, pode-se afirmar que 1974 foi um dos anos mais ricos e prolíferos em termos de produções discográficas de enorme qualidade, muitas das quais povoaram decisivamente a banda sonora das nossas adolescências. Poderíamos assinalar aqui pelo menos uma centena de músicos e bandas que editaram naquele ano alguns dos seus álbuns mais icónicos e que são “obrigatórios” nas nossas discografias, mas tal seria desajustado para um artigo destes, pelo que não obstante a inevitável gestão de espaço, não resistimos a referir uma vintena deles: Bob Dylan, Gram

Parsons, Jackson Browne, John Denver, Elton John, Neil Young; Gene Clark, Van Morrison, Joni Mitchell, Gordon Lightfoot, Eagles, Santana, Lynyrd Skynyrd, The Beach Boys, America, Traffic, Genesis, Supertramp, Barclay James Harvest e The Rolling Stones.

Não sendo consensual eleger qualquer lista de 10 das canções mais populares desse ano, apresenta-se, contudo, um rol que contém um conjunto daquelas que mais se destacaram nas tabelas de vendas de singles e se apresentam por ordem alfabética dos seus intérpretes:

1. Abba –“ Waterloo”

2. Barry White –“Can´t Get Enough Of Your Love, Babe”

3. Billy Joel – “Piano Man”

4. Elton John – “Candle In The Wind”

5. Gordon Lightfoot –“ Sundown”

6. Jim Croce –“I’ll Have to Say I Love You In A Song”

7. John Denver –“Annie’s Song”

8. Lynyrd Skynyrd – “Sweet Home Alabama”

9. Roberta Flack – “Feel Like Making Love”

10. The Hollies – “The Air That I Breath”

Deste “top-ten” particular seleccionámos duas canções compostas no continente americano, respectivamente da autoria de uma banda e de um cantor particularmente importantes para a história da música da década de 70, os quais, curiosamente, tiveram a infelicidade de terem sido vítimas de acidentes aéreos com consequências dramáticas, que custaram a vida aos seus intérpretes.

São elas:

"Sweet Home Alabama”

Lynyrd Skynyrd

A canção “Sweet Home Alabama”, incluída no segundo álbum (“Second Helping” – Abril 1974) da icónica banda americana Lynyrd Skynyrd, que ainda é hoje considerada um dos maiores expoentes do “southern rock”, foi um dos maiores sucessos do grupo. Composta inicialmente como resposta às letras de duas canções de Neil Young, as quais punham em causa o carácter das gentes dos estados do sul dos EUA, adeptos da escravatura, esta canção obteve grande sucesso e arvorou-se como hino de defesa e exaltação dos estados do Sul, designadamente do Alabama. Foi editada em single no dia 24 de Junho de 1974.

"I´ll Have To Say I Love

You In A Song”

Esta é provavelmente uma das mais belas e puras canções de amor dos anos 70 e foi escrita pelo malogrado Jim Croce, um cantor e compositor de enorme talento que pereceu num desastre de avião, em Setembro de 1973, com apenas 30 anos de idade, tendo sido esta música editada em single, postumamente, em Março de 1974. Conta-se que Jim Croce escreveu a canção depois de uma breve altercação com a sua esposa Ingrid, após o regresso de uma digressão. Em vez de continuar a discutir, Croce fechou-se noutro compartimento e compôs a letra e a música da canção, a qual tocou logo na manhã seguinte, dedicando-a a Ingrid.

Grafonola da ZACATRAZ

O Képi do Comandante

Em 2003, no ano do bicentenário do Colégio, foi publicada a obra monumental de José Alberto da Costa Matos (96/1950), a História do Colégio Militar. É uma obra de peso, não só pelo seu peso, no sentido usual do termo, mas também pela profundidade com que os assuntos são nela tratados. Uma das partes de leitura mais agradável da obra, é a parte referente aos uniformes usados pelos Alunos durante os dois primeiros séculos de existência do Colégio. Essa parte é profusamente ilustrada. Como uma ilustração vale por mil palavras, imagine-se a quantidade de palavras que foram poupadas pelo autor.

De todas as ilustrações apresentadas, houve uma que me surpreendeu. Tratava-se da ilustração apresentada na página 132, do Volume II, da obra, que neste artigo reproduzimos, que tem a

legenda “1901 – Uniforme do Comandante de Batalhão de alunos do Real Colégio Militar (Luz)”. O aspecto mais saliente desta ilustração é o képi (cobertura de cabeça) usado pelo Comandante de Batalhão em pequeno uniforme, ou uniforme de passeio, como anos mais tarde se veio a designar. Segundo Costa Matos, este képi resultou de uma alteração ao Plano de Uniformes de 1898, de autoria do Director do Colégio, Coronel José Estevão de Morais Sarmento.

A alteração em causa, foi comunicada ao Colégio por nota da 3.ª Repartição da Direcção Geral do Ministério da Guerra, de 7 de Maio de 1901, publicada na Ordem do Colégio n.º 127, de 8 de Maio desse ano. Consultado o livro de autoria do Major Balula Cid “O Colégio Militar, através das Ordens e Livros de Correspondência Colegiais. 1803 – 1960”, aí se encontra referência àquela Ordem de Serviço, com a descrição detalhada do

képi em causa. A surpresa que tive ao ver a ilustração referida, resultava do facto de nunca ter visto qualquer fotografia do Colégio com algum Comandante de Batalhão envergando aquela cobertura de cabeça. Presumi que tal se devesse ao facto de aquela peça do uniforme ter tido uma vida efémera, pois, de acordo com Costa Matos, “esta espécie de fantasia exclusiva não resistiria às mudanças resultantes da abolição da monarquia”. Um dia, em conversa com Costa Matos, sobre este képi “desconhecido”, ele disse-me que o mesmo poderia ter sido criado, não para ser usado pelo Aluno Comandante do Batalhão, mas apenas pelo seu Comandante Honorário, o Príncipe D. Luis Filipe.

Durante muito tempo, não voltei a pensar no Képi do Comandante de Batalhão, até que, há um par de anos atrás, fui ao museu do Palácio da Ajuda, visitar uma expo-

Luís Filipe Ribeiro Ferreira Barbosa 71/1957

Baú das Coisas de Antanho

sição temporária, que aí teve lugar. Ao sair da exposição e passar na loja do museu, deparei com um belo livro do Pedro Soares Branco, para mim o maior especialista português em matéria de uniformes, intitulado “Família Real Uniformes”. Não resisti à compra do livro, para o poder consultar com o devido vagar. Ao folhear o livro, deparei-me finalmente com uma fotografia do képi. Na página 206 da obra citada, são apresentadas duas fotos com a indicação “S.A. o Príncipe Real Dom Luís Filipe, 1901”, acompanhada do seguinte texto “No dia 20 de Maio de 1901, o Príncipe Real prestou juramento como legítimo e presuntivo herdeiro da coroa. Nestas fotografias, Dom Luis Filipe enverga dois uniformes de Comandante do Batalhão de Alunos do Real Colégio Militar: o grande uniforme, com barretina, granadeiras e bandoleira (o mesmo que usou no juramento) e o pequeno uniforme, com o képi”. Deste conjunto de dados, infere Pe-

dro Soares Branco, que “o képi foi concebido expressamente para ser usado pelo Príncipe Real no dia do seu último grande acto público com o uniforme do Real Colégio Militar”. Parece assim poder concluir-se, que o képi tão procurado só foi usado num único dia, sendo, pois, provável que haja apenas esta fotografia do mesmo.

Caso algum leitor esteja em condições de acrescentar algo de novo sobre a efémera existência deste képi, pedimos que se pronuncie. Estamos sempre a aprender.

Aguarela ilustrativa da História do Colégio Militar.Príncipe D. Luís Filipe em pequeno uniforme. Príncipe D. Luís Filipe em grande uniforme.

Cerimónias e Tradições em Banda Desenhada

Abraço ao Batalhãozinho

Abertura Solene do ano lectivo.

Éuma tradição que se reveste de grande significado e se integra na solenidade com que se procede à abertura formal de cada Ano Lectivo.

Realiza-se nos Claustros, em formatura do Batalhão Colegial, que integra pela primeira vez os “Ratas”, para eles a primeira cerimónia naquele espaço secular, ainda recordados como “turistas”, motivados pela presença de pais e encarregados de educação, para muitos também na descoberta da primeira tradição do ano lectivo.

A tradição inicia-se com a tomada de posse do aluno Comandante de Batalhão, através da entrega que lhe é feita, da réplica da espada do Rei D. Carlos, símbolo de comando do Batalhão Colegial.

A entrega da espada ao Comandante de Batalhão é feita pelo Batalhãozinho, o “aluno Rata” mais pequeno, seguido de um abraço entre os dois.

Esse abraço significa o reconhecimento pelo Rata, da legítima autoridade de comando, ainda desprovido dos conhecimentos que irá adquirir na sua vida colegial, e por outro lado o reconhecimento e gratidão do Comandante de Batalhão, por tudo o que recebeu ao longo da vida no

Colégio, e que naquele momento assume o seu ponto mais alto, com a responsabilidade de comandar, respeitando o legado que lhe foi atribuído.

O Comandante de Batalhão profere uma pequena alocução, explicando a todos os Alunos e suas famílias o significado desse Abraço de boas vindas, dado em nome dos restantes Alunos, ao mais pequeno dos novos, o qual fica, então, carinhosa e simbolicamente conhecido como “Batalhãozinho”, exortando a ele e a todos, a prosseguir a Obra de Teixeira Rebelo.

A cerimónia termina com o desfile do Batalhão Colegial, seguido da assinatura do Livro de Honra, na Biblioteca do Colégio.

Não sendo fácil o exercício de descrever todos os sentimentos que assolam a responsabilidade entregue ao mais pequeno dos novos alunos, nas páginas seguintes e pelo “traço” do António Sacchetti, a tradição contada e vista pelos olhos da “Batalhãozinho”.

Texto:

Martiniano Gonçalves 9/1958

Adelino Lage 176/1966

Desenhos: António Sacchetti 33/1965

Antigos Alunos na Sociedade e no Mundo

1924 Viagem aérea de Portugal a Macau

Parte III

A Viagem do Pátria

A8 de Maio, após uma noite dormida na Guest House do Marajá de Jodhpur, Brito Paes e Sarmento de Beires foram visitar a cidade e apresentar cumprimentos ao 1º ministro, que os informou, que o piloto inglês MacLaren tinha sido obrigado a aterrar em Parlu, devido a uma avaria no seu avião.

Na tarde de 8 de Maio, os aviadores receberam um telegrama do major Cifka Duarte informando-os que o governo português poria à sua disposição um novo aparelho, caso quisessem prosseguir com a viagem. Sarmento de Beires sugeriu a compra de um avião ao Governo da Índia. Aceite a sua sugestão, logo nessa noite partiram os aviadores, de comboio, para Karachi, para tratar da aquisição de um novo avião.

A 20 de Maio, os aviadores receberam um telegrama de Delhi, propondo-lhes a venda de um avião De Havilland tipo 9A, por 4.700 libras. Apesar do preço ser exagerado, Brito Paes, com a anuência de Cifka Duarte, decidiu aceitar.

Acordada a compra do avião, Brito Paes e Manuel Gouveia, seguiram de comboio para Lahore, onde lhes seria entregue o avião adquirido. O novo avião recebeu o nome PÁTRIA II.

A 28 de Maio, depois de concluídas todas as formalidades e o pagamento do avião, Sarmento de Beires viajou até Lahore (24 horas de comboio), ficando a equipa de novo completa.

A 29 de Maio, já em Lahore, Sarmento de Beires fez a sua adaptação ao novo avião, apenas em 4 voos. Dado o PÁTRIA II ser um avião do tipo bilugar, a partir de Lahore, Brito Paes e Sarmento de Beires fariam a viagem de avião e Manuel Gouveia segui-los-ia, por terra, por outros meios de transporte possíveis. O desgosto de Manuel Gouveia foi enorme.

Pátria II.

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PÁTRIA II

As características principais do PÁTRIA II eram as seguintes: avião monomotor terrestre, de trem de aterragem convencional fixo, com patim de cauda, biplano, revestimento misto (contraplacado e tela), com duas cabinas descobertas para os tripulantes.

Construtor: Projecto de De Havilland Aircraft Co. Ltd/Grã-Bretanha. Motor (1): Liberty de 12 cilindros em V, arrefecidos por líquido, de 400hp. Performances: Velocidade máxima 198 km/h, tecto de serviço 5.486 m e autonomia 5H15.

O PÁTRIA II era um pouco mais pequeno e mais leve do que o PÁTRIA, com maior potência de motor, maior velocidade e um tecto de serviço mais elevado, o que permitiria tornar a viagem mais fácil e mais rápida.

A partida foi marcada para dia 30. Apesar de todas as dificuldades, a viagem tinha sido interrompida cerca de 3 semanas, apenas.

16ª ETAPA

Dia 30/5/1924

Lahore (Índia) – Amballa (Índia)

Tempo de voo: 2H05.

Distância percorrida: 290 km.

Condições atmosféricas: tempo calmo.

A viagem foi calma, mas feita com «a mesma temperatura asfixiante, insuportável, sempre, numa tortura contínua que nos esgota».

À noite os aviadores acompanharam à gare dos caminhos de ferro, um oficial do aeródromo, que seguia para Calcutá, para «ali preparar a pista para nela podermos aterrar». No comboio que o oficial tomou, vinha Manuel Gouveia, que se dirigia a Allahabad (local da próxima escala), onde não havia mecânicos, pelo que a sua presença era aí indispensável.

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17ª ETAPA

Dia 31/5/1924

Amballa (Índia) – Allahabad (Índia)

Tempo de voo: 4H30. Distância percorrida: 800 km. Condições atmosféricas: vento Oeste forte.

O voo decorreu sem novidades, tendo sido possível observar o Ganges, o rio sagrado dos hindús.

A aterragem deu-se no aeródromo de Boumari. Ninguém esperava aí os aviadores portugueses. O oficial inglês responsável pelo apoio à tripulação, pensava que chegariam uma hora mais tarde. Quando chegou ao aeródromo, constatou que estava tudo em ordem, havendo gasolina, óleo e água.

Manuel Gouveia só chegou mais tarde e foi uma «nova explosão de alegria o abraço que nos estreita os três». O oficial inglês, que apoiara a tripulação, tomou o comboio em que chegou Manuel Gouveia, para seguir para Calcutá. O general comandante militar da região convidou os aviadores para uma recepção, em que teve palavras de felicitação para os seus convidados. No decurso do jantar um oficial do regimento aquartelado na cidade informou Sarmento de Beires acerca da origem do mesmo.

«Este regimento foi fundado para defender Fez e Tânger, quando Carlos II de Inglaterra desposou Catarina de Bragança, a princesa portuguesa cujo dote incluia aquelas duas cidades africanas». O mundo é bem pequeno!

18ª ETAPA

Dia 1/6/1924

Allahabad (Índia) – Calcutá (Índia)

Tempo de voo: 4H15.

Distância percorrida: 800 km.

Condições atmosféricas: agitado. A viagem decorreu normalmente, tendo-

-se observado do ar a cidade de Benares, na margem do Ganges.

A aterragem foi atribulada. Sarmento de Beires teve de abortar a aterragem e o PÁTRIA II atirou-se para cima, em subida íngreme, e passou resvés da ramaria alta do arvoredo, existente logo a seguir ao final da pista. À segunda tentativa consumou-se a aterragem.

No aeródromo, os aviadores foram recebidos pelos cônsules de Portugal e do Brasil, pelo piloto inglês para ali destacado, para lhes prestar auxílio, e por outros oficiais.

Os aviadores passaram 3 noites em Calcutá, «para satisfazer aqueles que desejam render-nos homenagem». A numerosa colónia goesa em Calcutá ofereceu um banquete aos aviadores.

Durante a estadia dos pilotos em Calcutá, chegou Manuel Gouveia. Mais uma vez se dedicou a preparar o PÁTRIA II para a etapa seguinte. Foram estes os últimos cuidados prestados por Manuel Gouveia ao avião. A tripulação só se voltaria a juntar em Macau, no final da viagem.

19ª ETAPA

Dia 4/6/1924

Calcutá (Índia) – Akyab (Índia)

Tempo de voo: 3H55. Distância percorrida: 650 km. Condições atmosféricas: regular.

A etapa iniciou-se sobrevoando o delta do Ganges. Durante a etapa começaram a ser visíveis, no horizonte, os sinais de monção. Sobrevoou-se a pitoresca cidade de Chittagong. Na parte final da etapa, o vento de Sudeste retardou a marcha do avião.

A aterragem deu-se no pequeno aeródromo de Akyab, onde os nossos aviadores foram recebidos, para sua surpresa, por Panderleith,

o piloto que acompanhava MacLaren na volta ao mundo. Panderleith informou-os sobre as várias peripécias da sua viagem, a última das quais fora a queda do avião à descolagem, ali em Akyab, ficando com o avião destruído. O piloto inglês não estava preocupado, informando «Agora estamos à espera do avião que tínhamos de reserva em Tóquio. É um destroyer americano que no-lo traz». Eram dois mundos diferentes em contraste. O inglês não foi capaz de esconder a sua surpresa, quando os nossos aviadores lhe contaram as condições em que faziam a sua viagem.

À tarde, quando os nossos aviadores preparavam o avião para a etapa do dia seguinte, receberam, de Lisboa, um telegrama enigmático dizendo «Dirijam toda a correspondência ao Aero Club. Cifka Duarte». Só dias mais tarde, teriam conhecimento do que se passara em Portugal, com a «revolta dos aviadores» do Serviço Aeronáutico Militar.

20ª ETAPA

Dia 5/6/1924

Akyab (Índia) – Akyab (Índia) Voo com regresso à origem.

Tempo de voo: 1H55.

Distância percorrida: 260 km. Condições atmosféricas: temporais, vento SO forte.

De manhã, à hora da descolagem, o tempo estava ameaçador. Panderleith, que assistia aos preparativos da largada, olhando para atmosfera carregada, alertou «Sinais de monção…É preciso aproveitar uma aberta! Mas parece-me que vocês já não passam!»

O inglês não se enganou. Com cerca de uma hora de viagem, o PÁTRIA II foi obrigado a retroceder. Passadas cerca de duas horas de voo, aterrou de novo em Akyab. A etapa Akiab – Rangoon ficou adiada para o dia seguinte.

À noite os aviadores encontraram-se com MacLaren, que os desaconselhou a sobrevoar a cordilheira de Arakan Yoma, como era sua intenção. Terminou dizendo-lhes «Eu tenciono seguir a costa. E não julgo possível fazer, nesta época, a travessia da cordilheira». O encontro terminou com MacLaren a marcar novo encontro com os nossos aviadores «em Hong Kong, no dia 20 de Junho, à hora do lanche».

21ª ETAPA

Dia 6/6/1924

Akyab (Índia) – Rangoon (Birmânia)

Tempo de voo: 4H05.

Distância percorrida: 650 km. Condições atmosféricas: regular, céu coberto e aguaceiros.

Nesta manhã os deuses estavam com os nossos aviadores «o céu, benévolo, na manhã do dia seis, permite-nos atingir quatro mil metros, pouco depois de partirmos». Atingida esta altitude, foi possível transpor a cordilheira de Arakan Yoma. Transposta a cordilheira «descemos para mil metros; o calor aperta; a agitação do ar fatiga».

A pista que os esperava em Rangoon era um campo de corridas de cavalos «em pleno centro da cidade, entre árvores, torres de igreja, pontas de pagodes e casario». A aterragem só foi possível à terceira tentativa, devido á acção do vento transversal à pista, que se veio juntar às dificuldades atrás descritas.

Os aviadores eram aguardados por numerosas entidades, que acompanhavam o cônsul de Portugal na Birmânia, que mais tarde entregou aos aviadores um cheque de vinte libras, que era a sua participação pessoal na subscrição nacional que tinha subsidiado a viagem.

Durante dois dias, o nevoeiro e a chuva impediram a descolagem do PÁTRIA II.

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22ª ETAPA

Dia 9/6/1924

Rangoon (Birmânia) – Bangkok (Sião)

Tempo de voo: 5H15.

Distância percorrida: 680 km. Condições atmosféricas: mau tempo até à cordilheira, seguido de tempo regular até Bangkok.

Tal como na etapa anterior, também nesta houve que transpor uma cordilheira imponente, desta vez a cordilheira de Tinaserrim. De novo o avião teve de subir, desta vez até aos 4.500 m, o que teve o seu efeito sobre os aviadores «um frio penetrante trespassa-nos e faz-nos tiritar».

A aterragem deu-se no aeródromo de Dawn Muang, vinte quilómetros a Norte de Bangkok, com uma pista magnifica.

A recepção pela aviação siamesa não podia ter sido melhor. Foi posta à disposição dos nossos aviadores uma equipa de mecânicos e todo o combustível de que necessitassem.

Em Bangkok os nossos aviadores foram recebidos pelo Chefe do Estado-Maior, irmão do Rei, sendo de seguida hospedados num hotel da capital.

Na manhã seguinte, tentaram prosseguir viagem, mas tal não foi possível «por verificarmos, ao experimentar o motor, que uma das bombas elevatórias de gasolina se encontrava avariada». O avião foi, de novo, entregue aos cuidados dos mecânicos siameses. Os aviadores aproveitaram o dia para tomarem contacto com o serviço-postal aéreo no Sião, servido por 72 aeródromos, facto verdadeiramente notável para a época.

23ª ETAPA

Dia 11/6/1924

Bangkok (Sião) – Oubon (Sião)

Tempo de voo: 3H05.

Distância percorrida: 550 km. Condições atmosféricas: nuvens e chuviscos.

Durante a viagem no Hangar em Carachi.

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Apesar do tempo medíocre, o PÁTRIA II chegou a Oubon, depois de uma viagem em que foi posta à prova a capacidade de Brito Paes, como navegador.

Oubon era então uma «cidadezinha modesta, quase uma aldeola, no interior do Sião», perdida no meio da selva.

Os nossos aeronautas foram recebidos por um sargento aviador, chefe de pista, que apenas conhecia duas ou três palavras de francês, o suficiente para providenciar assistência ao PÁTRIA II.

O sargento siamês levou os navegadores, numa moto com sidecar, até à pequena cidade ao Palácio do Alto-Comissário, que lhes oferece um lauto almoço, no qual não tomou parte.

24ª ETAPA

Dia 12/6/1924

Oubon (Sião) – Hanói (Tonquim)

Tempo de voo: 5H50.

Distância percorrida: 780 km.

Condições atmosféricas: chuva no Sião, cortina de nuvens sobre as montanhas, nevoeiro sobre o delta do rio Vermelho.

De Oubon, o PÁTRIA II descolou na demanda de Hanói. Transposto o rio Mekong, o avião sobiu para os dois mil e quinhentos metros de altitude «para saltar a barreira de penedias da cordilheira anamítica». De seguida, o objectivo era o Golfo de Tonquim, seguindo-se o voo ao longo da costa, para alcançar o delta do rio Vermelho. Aí chegados, o motor começou a vibrar de tal forma, que Sarmento de Beires duvidou que o avião conseguisse voar assim até Hanói. O aparelho mergulhou dos 1.800 m, até estabilizar a cerca de 20 m do solo. A partir daí, foi um voo emocionante, a rapar sobre os arrozais lamacentos, durante os últimos cem quilómetros da viagem, até se atingir o aeródromo de Bac-Mai. Na pista «que as chuvas transforma-

ram em autêntico atoleiro, o PÁTRIA II aterra e não capota nem sei porquê».

Os aviadores foram recebidos pelo director da Aeronáutica do Tonquim, pelo cônsul de Portugal, por aviadores e membros da imprensa local. No dia seguinte, o Residente da França em Hanói condecorou os aviadores com a Ordem Real do Cambodja.

Dois dias passaram, sob trovoadas e fortes chuvadas, que transformaram o campo de Bac-Mai «num lodaçal cada vez maior, donde não é prudente descolar». Aconselhados por um tenente piloto francês, os aviadores decidiram ir a Tong reconhecer o aeródromo local, que teria melhores condições para a descolagem do avião com plena carga. Efectuado o reconhecimento, foi decidido transferir o PÁTRIA II, com 100 litros de gasolina apenas, de Bac-Mai para Tong.

Só em Hanói os aviadores tiveram notícias da «revolta dos aviadores» em Portugal, que os deixou muito preocupados.

25ª ETAPA

Dia 17/6/1924

Bac-Mai (Tonquim) – Tong (Tonquim)

Transferência do avião do aeródromo de Bac-Mai para Tong, devido ao mau estado da pista em Bac-Mai.

Tempo de voo: 0H45. Distância percorrida: 100 km. Velocidade média: 166 km/h

Altitude máxima de voo: 1.600 m. Condições atmosféricas: regulares.

O avião, reduzido à sua carga mínima, fez uma descolagem espectacular de Bac-Mai, que deixou os franceses estupefactos.

O Pátria acidentado.

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O voo entre Bac-Mai e Tong foi de apenas quarenta e cinco minutos, mas foi o suficiente para ocorrer a primeira avaria séria do PÁTRIA II. O gerador deixou de funcionar. Só dia 19 à tarde, foi possível ter o motor a funcionar normalmente.

26.ª ETAPA

Dia 20/6/1924

Tong (Tonquim) – Macau (território português)

Tempo de voo: 4H50. Distância percorrida: 1.050 km.

Condições atmosféricas: tempo excelente até Yang Kiang. Trovoadas, chuva, vento, temporal desfeito no restante percurso.

Era a última etapa da longa viagem. Macau estava já ali bem perto. A ânsia de chegar era tremenda.

Sobrevoaram Haifongue, de onde tinham partido, três dias antes, os aviadores americanos que estavam a fazer a viagem aérea de circum-navegação. Pela uma hora da tarde, Brito Paes passou a Sarmento Beires, a informação «Yang Kiang. 208 kms à hora. Faltam 150».

Iniciou-se então a tempestade. O avião subiu aos 2.800 m para a ultrapassar. O gerador deixou de funcionar, mas seria possível voar ainda duas horas com a carga da bateria. De súbito, Brito Paes pediu a descida do avião para uma altitude menor. Tinha reconhecido um ponto da costa que não queria perder «O Pátria II pica, aproveitando a goela aberta de um verdadeiro poço de chuva».

Às duas e meia da tarde sobrevoaram Macau. «A água caía em cortinas espessas, intransponíveis», não era possível aterrar. Brito Paes decidiu então rumar a Cantão.

Voando a muito baixa altitude, mudaram de seguida de rumo, dirigindo-se para Hong-Kong. O motor começou a falhar e foi forçoso aterrar de emergência, num pequeno campo que se destacava no meio dos arrozais. Ao aterrar o avião «vai bater de encontro a um socalco que lhe parte a hélice e o trem de aterragem».

Já no solo, Brito Paes, consultando os seus mapas, verificou que estariam a cerca de dois quilómetros da pequena cidade de Shum Chun. Os aviadores caminharam então até à cidade, que atravessaram, descobrindo, do outro lado da mesma, uma pequena estação de caminho de ferro. Nessa estação, indicaram-lhes a Alfândega Chinesa na fronteira dos territórios de Hong-Kong. Quinhentos metros adiante, situava-se a gare de Fan Ling, já em território inglês.

Os nossos aviadores voltaram ao avião, para recolher os seus parcos pertences, e dirigiram-se à estação de Fan Ling, onde tomaram o comboio. Ás sete horas da tarde, deste longuíssimo dia 20 de Junho, os nossos aviadores, exaustos, desembarcaram do comboio em Kowloon. Aí chegados, perguntaram, de imediato por MacLaren. Não havia notícias do piloto inglês. Sarmento de Beires escreveu no seu livro «A Inglaterra faltara ao rendez-vous. Mas Portugal, embora com ligeiro atraso, não deixara de comparecer no dia marcado».

Luís Filipe Ribeiro Ferreira Barbosa (71/1957)

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Pedro Chagas 357/1977

Claustros em "Lego"

Pelas mãos de um "Rata" de 1977

Tudo começou com uma peça. Ao montar um Lego, fiquei a olhar para ela e a pensar que me fazia lembrar os Claustros... Depois, dei um salto até ao computador, onde tinha um software de desenho de modelos Lego usado pelos “gurus”, e comecei a “empilhar” peças.

Ao fim de alguns minutos, já tinha uma estrutura que se assemelhava vagamen-

te a dois arcos dos Claustros... ou talvez antes a um segmento de um aqueduto romano. Era um início.

Depois o foco passou para os cantos. Nos Claustros, os pilares dos cantos são maiores do que os restantes, uma vez que têm de suportar arcos a sair em duas direções perpendiculares. Será que eu iria conseguir fazer um canto com um desperdício mínimo de espaço? Mais

umas simulações e tínhamos um canto com um aspeto razoável... e nessa altura pensei “isto vai mesmo acontecer!”.

Usando fotografias, fui procurando trabalhar em alguns detalhes: os rebordos dos topos dos pilares, a divisão entre a pedra e o cimento pintado de branco, as pedras baixas e compridas que unem as bases de alguns pilares, as varandas do piso superior, as lajes da parte cen-

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tral, etc. Pouco a pouco, uma imagem familiar começava a surgir no ecrã: os arcos debaixo dos quais eu tinha passado inúmeras vezes, a maior parte delas nos dois primeiros anos, no trajeto entre a entrada sul dos Claustros e o Pátio das Osgas, onde tínhamos as aulas. Considerando que havia dois pontos quase diametralmente opostos pelos quais não queríamos mesmo passar – a porta do Gabinete do Diretor e a porta

do Bar de Oficiais – o percurso era feito pelo meio dos Claustros, desde a entrada sul até ao canto mais próximo do Pátio das Osgas.

As paredes e o chão debaixo da arcada eram o próximo desafio. Havia azulejos, portas, placas, motivos desenhados no empedrado. Nas experiências seguintes fui tentando perceber que cores é que poderiam ser usadas, como iria fazer as

portas, como iria representar as placas nas paredes, como iria fazer o teto da parte interna dos arcos, etc.

Ao fim de algumas semanas, durante as quais gastava algum tempo todos os dias a fazer simulações, cheguei finalmente ao design que eu achava que ia montar: ia ser um dos cantos, o do Gabinete do Diretor. Depois pensei “isto é pequenito...”.

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O meu objetivo era expor um conjunto de Meninos da Luz em miniatura que tinha comprado há umas décadas, e não ia ter espaço para o fazer.

Sendo assim, voltei ao computador e acrescentei mais um arco, mas depois acabei por decidir fazer toda a “parte da frente” dos Claustros.

Ao desenhar um modelo em Lego, o mais difícil é saber quando parar. Por um lado, o modelo tem de ser suficien-

temente grande para representar de forma inequívoca o que se pretende representar; por outro lado, tem de ter uma dimensão adequada ao local onde vai ser exposto. O modelo criado representa de forma inequívoca os Claustros, com os arcos, as portas, a sineta, as placas, etc., está à escala dos Meninos da Luz em miniatura, e cabe numa prateleira de um armário... objetivo atingido.

O processo global demorou cerca de oito meses, quatro para o design e qua-

tro para a montagem. No final, fiz um conjunto de vídeos que mostram todo o processo de montagem, que publiquei no YouTube. O modelo final tem 4.614 peças, mede 1 metro de largura e pesa cerca de 5 kg.

Um destaque? Fiquei particularmente satisfeito com o design da porta principal, em que ambos os lados abrem, e que tem do lado esquerdo a sineta.

Vídeos do processo de montagem

Saberes e Sabores do Vinho Região Bordéus

Ainda que já não seja a região maior produtora de vinho do país maior produtor de vinho –esse lugar pertence atualmente ao Languedoc-Roussillon – a Região de Bordéus é porventura a região vitivinícola mais famosa em todo o Mundo e uma das que mais cedo foi alvo de medidas de proteção e garantia de qualidade e autenticidade. Daí a justificação para a sua eleição como a primeira das regiões estrangeiras a ser tratada nesta rubrica.

A Região de Bordéus foi classificada, em 2007, como Património Mundial da UNESCO, sendo certo que a mesma distinção já tinha sido atribuída a uma das suas sub-regiões – Saint-Emilion – em 1999.

A Região está localizada ao longo do estuário do Gironda, que recebe os rios Garona e Dordonha, e beneficia de um

clima temperado marítimo, influenciado pela proximidade do Oceano Atlântico. Este clima moderado, com verões quentes e invernos suaves, combinado com a variedade de solos, cria condições ideais para a viticultura. Os solos da margem esquerda são sobretudo arenosos misturados com cascalho grosso, enquanto que a margem direita dá lugar a calcário e argila.

A classificação dos vinhos do Médoc em 1855, estabelecida para a Exposição Universal de Paris desse mesmo ano, a pedido de Napoleão III, é a primeira referência oficial da preocupação de valorizar e proteger os vinhos de Bordéus, ainda que abrangendo apenas a margem esquerda do rio Garona; categoriza os “melhores vinhos” em cinco níveis, desde o primeiro ao quinto “grand cru”, por ordem decrescente de categoria.

Contudo, a criação e regulamentação das "AOC Appellation d’Origine Controlée", designação específica de Bordéus que corresponde ao DOC “Denominação de Origem Controlada” em Portugal, é efetuada apenas em 1935, tendo, na sua sequência, sido constituídas 57 appellations d’origine controlée (AOC) entre 1936 e 2007 nas duas margens do estuário do Gironda e entre os seus dois rios – Entre-Deux-Mers.

A maior parte do vinho produzido em Bordéus é tinto (85% do total), dado que que a grande maioria das AOC só autoriza este tipo de vinho. Os vinhos brancos (12% do total) são sobretudo produzidos em Entre-Deux-Mers, mas os mais reputados provêm da AOC Pessac-Léognan. O afamado vinho de sobremesa de Bordéus – o Sauternes – é também produzido a partir de uvas brancas.

Luís Manuel Baptista Madureira Pires 336/1966
Saberes e Sabores do Vinho

Os vinhos rosé e espumante (designação AOC Bordeaux) correspondem aos restantes 3% do total.

Embora exista um número elevado de AOC na Região, com as suas especificidades e terroirs próprios, a verdade é que as castas utilizadas para os blends, que são característica de Bordéus, se limitam sobretudo a cinco:

Vinhos Tintos:

- Merlot (66% da área plantada)

- Cabernet Sauvignon (22,5% da área plantada)

- Cabernet Franc (9,5% da área plantada)

Vinhos Brancos:

- Sauvignon Blanc (45% da área plantada)

- Sémillon (47% da área plantada)

Esta limitação de castas acaba por conferir aos vinhos de Bordéus uma tipicidade e identidade muito próprias. Enquanto que na margem esquerda domina o Cabernet Sauvignon, aveludado pelo Merlot, na margem direita predomina o Merlot, a quem o Cabernet Franc confere a necessária estrutura.

A cor do vinho tinto oscila entre rubi profundo e granada; no nariz, revela aromas de frutos negros (groselha negra, ameixa, amora), tabaco e especiarias; na boca, apresenta taninos firmes, boa acidez e complexidade. Quanto aos brancos, a cor vai de amarelo-pálida a dourada, a paleta de aromas inclui os florais, mas também frutas cítricas e tropicais, e o paladar é fresco, com acidez viva. Ambos envelhecem em regra muito bem, ganhando maior complexidade e suavidade com o tempo.

Bordéus é sobretudo conhecida pelos seus grandes vinhos, de renome internacional, e cada AOC tem uma ou outra marca de topo que a distingue e valoriza. Alguns exemplos serão, por AOC: Saint-Estèphe (Château Montrose), Pauillac (Château Latour, Château Lafite Rotschild, Château Mouton Rotschild), Saint-Julien (Château Léoville Las Cases), Margaux (Château Margaux), Pessac-Léognan (Château Haut Brion), Sauternes (Château d’Yquem), Pomerol (Petrus) e Saint-Emilion (Château Cheval Blanc). Como sabemos, o termo château designa, em Bordéus, uma propriedade vitivinícola, associada muitas vezes a um paço senhorial ou solar.

Praticamente todos os grandes vinhos disponibilizam os chamados segundos vinhos, produzidos com a mesma técnica de vinificação, mas provenientes de videiras mais jovens, o que cria vinhos mais leves e capazes de ser bebidos mais cedo. A nossa experiência pessoal conduz-nos a não beber um grande vinho com menos de 7-8 anos a seguir ao ano da colheita, podendo facilmente estar ainda em ótimas condições de degustação 30 anos mais tarde. Face à evolução dos preços dos grandes vinhos, os segundos vinhos têm vindo a ganhar popularidade, ainda que, em comparação com o preço dos vinhos portugueses, se mantenham no percentil superior.

Saberes

De notar a este propósito que, desde 1950, se instituiu em Bordéus o chamado negócio de primeurs, sistema de pré-venda que permite a compra de vinhos ainda em processo de envelhecimento, antes de serem engarrafados e lançados no mercado. Este sistema de pré-financiamento, a que aderiram praticamente todos os grandes produtores de Bordéus, tem tido grande aceitação por investidores e colecionadores de vinho, visto que os preços assim conseguidos são no mínimo 30% inferiores aos que mais tarde serão praticados no mercado. Tal significa que, no exemplo mais recente, a colheita de 2023 foi posta à venda em primeur em junho de 2024 e será entregue aos compradores apenas dois anos depois (final do primeiro semestre de 2026) quando o vinho, já engarrafado, começar a ser comercializado normalmente.

Tratando-se de vinhos com preços muito acima dos que habitualmente acompanham as nossas refeições, torna-se difícil sugerir que vinhos adquirir, visto que depende muito da carteira de cada um e do esforço que quiser fazer para degustar algo de especial – de facto, os grandes vinhos de Bordéus têm, no nosso entender, uma finesse e aromas e sabores que vale a pena experienciar, ainda que, por vezes, uma primeira experiência possa desiludir aqueles que estão habituados a estilos de vinho mais encorpados e a castas diferentes das ali produzidas e vinificadas.

Não queremos, no entanto, eximir-nos a deixar algumas notas sobre o assunto:

- Os melhores vinhos de cada AOC estão apenas reservados a alguns, mas podem representar experiências únicas e inolvidáveis, também pelo imaginário que lhes está subjacente;

- Os vinhos da margem esquerda do Gironda (Médoc) são à partida mais encorpados e mais próximos do perfil português, devi-

do à força do Cabernet Sauvignon que ali representa a casta maioritária do blend;

- Das diversas AOC do Médoc, as que apresentam melhor qualidade/preço são Haut Médoc e Saint-Estèphe;

- Na margem direita do Gironda, a principal AOC é Saint-Emilion, cujo preço médio está bem abaixo de Pomerol; trata-se de vinhos mais leves e suaves e que podem ser bebidos um pouco mais cedo do que os da margem esquerda, devido à presença predominante do Merlot.

Alguns dados estatísticos

1. A área de vinha total da Região Vitivinícola de Bordéus é de 111.400 hectares (2022).

2. A dimensão média das propriedades é de 19 ha, variando entre 40 ha no Médoc e 7 ha em Pomerol.

3. A idade média das videiras oscila entre 20-30 anos nos vinhos tintos e 15-25 anos nos vinhos brancos.

4. Existem cerca de 6.000 viticultores na Região de Bordéus (contra cerca de 14.000 em 1995).

5. A produção anual é de 5,5 milhões de hectolitros de vinho (2022), correspondendo a um volume de vendas de cerca de 4 mil milhões de euros.

6. A produção média por hectare é de cerca de 45 hl, variando entre 55-65 em Entre-Deux- Mers e 15-25 hl em Sauternes.

7. O volume anual de exportações é de 2,2 milhões de hl, correspondendo a uma receita de 2 mil milhões de euros (2022)

Saberes e Sabores do Vinho t-Emilion e Puisseguin-Saint-Emilion são as AOC que rodeiam Saint-Emilion e que, não podendo usar o “título”, têm de comercializar o vinho a preço menos elevado para qualidade similar.

Finalmente, a nossa experiência quanto a aquisição de vinhos franceses leva-nos a concluir que, regra geral, as melhores propostas de valor são as oferecidas pelo site online francês vinatis.pt. Independentemente de as promoções – que existem todo o ano para todos os tipos de vinhos –nem sempre serem interessantes, o facto de o custo de transporte para Portugal ser igual ou apenas ligeiramente superior ao de compras de vinho online em território nacional, conduz a que um habitual obstáculo de peso a experimentar um vinho estrangeiro fique muito esbatido.

Entronização do autor como Vigneron d’Honneur et Bourgeois de Saint-Emilion na Jurade de Saint-Emilion, Bordéus.

- Deste lado do estuário, as Côtes de Castillon, Montagne-Saint-Emilion, Lussac-Sain-

O Colégio pelos olhos de uma Menina da Luz

Uma Vida até ao Estandarte

Com 10 anos entrei pelo portão do Colégio, criança e inocente. Com 18 saio com a sensação de dever cumprido e segura de que trago comigo pessoas que me vão acompanhar e ser o meu suporte no futuro.

Em 8 anos, posso dizer que não houve nenhum que fosse fácil, entre a exigência escolar, as representações exteriores, os momentos nas Companhias, as tradições colegiais e o desgaste físico não houve mesmo dias aborrecidos. Esta ocupação constante molda o nosso caráter de forma drástica. Ao longo dos anos são-nos incutidos valores éticos e morais que se esperariam serem pilares na formação de qualquer pessoa integrada em sociedade, porém estes são cada vez mais raros e tornam aqueles que os têm presentes pessoas valiosas.

Lembro-me como se fosse hoje de chegar à camarata para me vestir de cotim pela primeira vez e ter uma graduada a pergun-

tar se eu sabia fazer um rabo de cavalo, e eu, que aprendera a atar o cabelo sozinha há uns meses, disse que sim, depois de o tentar a fazer sozinha e de ter obtido um atado mísero vi-a rir-se, e logo de seguida ajudar-me a fazê-lo corretamente.

Este tipo de episódios, marcam-nos muito, porque passar toda a semana interna pode ser um desafio no início e os nossos irmãos mais velhos orientam-nos, todavia incentivam sempre a que façamos o nosso percurso de uma forma independente. Crescemos, e connosco cresce a exigência e expectativa a todos os níveis, na 2ª e 3ª Companhias espera-se que saibamos melhor o que andamos a fazer (não sabemos), e quando chegamos à 4ª somos já senhores e senhoras de quem se espera um comportamento exemplar e um plano delineado para o futuro. Devemos relembrar que, nesta altura, ainda temos 16 ou 17 anos e que não conhecemos o mundo o suficiente para tomar estas decisões, contudo é

A autora quando "Rata".
Matilde de Noronha Borges Dias de Carvalho 37/2016

a partir de aqui, ou para alguns até antes, que damos a nossa cara nas cerimónias militares nacionais, nas quais somos os mais novos, porém os mais elogiados pela sua postura e garbo.

Chegar ao penúltimo ano e ser graduada dos mais novos e simultaneamente da escolta a cavalo revelou-se um desafio, mas ao mesmo tempo foi gratificante poder dar o meu contributo para a continuidade de um sistema que se apoia nos próprios alunos para que o espírito colegial de uma instituição bicentenária perdure.

Chegar ao 12º ano e ser Porta-Estandarte Nacional foi para mim uma surpresa, rapidamente tive de me adaptar à ideia e perceber que tipo de exigência esta graduação realmente me impunha. Poder ser portadora de um símbolo nacional como este foi

O

Colégio pelos olhos de uma Menina da Luz

cias positivas foi o apoio da minha família e dos membros colegiais em todas elas.

Ainda que tenha adorado ter feito parte de várias cerimónias, nada se equipara ao que senti ao descer a minha última avenida como Porta-Estandarte Nacional. Desde o meu 2º ano (6º ano de escolaridade) sempre fizera parte da Escolta a Cavalo e, como tal, ainda não estava integrada nesta “nova” realidade de descer a avenida a pé, especialmente carregando o Estandarte.

Não escondo que em mim ainda existe uma parte que gostaria de a ter descido a cavalo, mas a devoção e diligência que ofereci ao estandarte. com o apoio oferecido pela minha família e amigos, e colmatado pela excelência que me foi disposta pelos alunos que constituíram a minha guarda de honra, trouxeram-me um sentimento que só as lágrimas no decorrer do desfile souberam expressar.

sem dúvida um grande reconhecimento e orgulho. Todavia, este carece de uma devoção especial, pois a exclusividade desta função traz responsabilidades únicas.

Um dos fatores que mais adorei nesta jornada foi poder viajar por Portugal com a missão de levar o nosso Estandarte aos palcos e cerimónias mais aclamadas do nosso país. Poder desfilar num pelotão reservado a alunos e militares com a mesma função que a minha, em múltiplas ocasiões e em representação ao Colégio, proporcionou-me uma visão singular daquilo que realmente é ser Porta-Estandarte Nacional.

Eu gostei bastante de ter participado nas diversas comemorações em que a minha presença foi solicitada e considero importante referir que um dos fatores que mais consagrou estas memórias como experiên-

Confesso que não foi uma tarefa fácil, carregar o estandarte é sempre um desafio, mas considero que a recompensa e a gratificação que esse sacrifício me trouxe compensou todo o esforço e dedicação que o mesmo exigiu durante o meu último ano no colégio.

Um obrigado à Casa e a todos os que me viram crescer nunca será suficiente para expressar 8 anos cheios de memória. Deixo apenas um apelo a todos os que herdam o legado que agora o meu curso deixa para trás, não tenham medo da mudança! O mundo e a sociedade estão em constante evolução, não receiem o novo e o diferente, abracem essas diferenças e tornem-nas uma parte de vós. Somos o que somos hoje porque nos adaptámos a mais de 200 anos de acontecimentos históricos, estou certa que o continuaremos a fazer. E assim me despeço do meu colégio: triste por ter acabado, mas para sempre feliz por ter acontecido!

Um Forte Zacatraz.

Matilde Carvalho (37/2016) Porta Estandarte Nacional em 2024.

Antibióticos: Dr. Jekyll e Mr. Hyde

Conta-se que Cristo, preocupado com as queixas que ouvia sobre a prática da Medicina, resolveu visitar um Centro de Saúde. Vestiu uma bata e, como médico, mandou entrar o primeiro doente. Vinha numa maca, imobilizado e cheio de dores. Queixou-se:

- Estou nesta maca há vinte anos e dela não consigo sair.

Cristo, condoído, disse-lhe:

- Levanta-te, pega na maca e vai para casa.

Ao sair do consultório passou pela sala onde vários doentes aguardavam a sua vez e que, com curiosidade, perguntaram:

- Que tal o novo médico?

De mau humor o ex-paralítico resmungou:

- É sempre a mesma coisa. Mal falou comigo e nem sequer me mediu a tensão.

Vem esta anedota a propósito de uma doente que falou para o seu médico particular a quem referiu:

- A minha filha está desde ontem com febre. Levei-a a uma consulta, a médica observou-a, pediu-lhe análises, recomendou que voltasse à consulta passadas 48 horas, mas nem sequer lhe receitou um antibiótico.

O médico telefonicamente consultado respondeu:

- Provavelmente até fez muito bem.

Que deceção! Mas que justeza!

Com efeito os antibióticos, agentes terapêuticos muitas vezes salvíficos (Dr. Jekyll) devem ser usados de uma forma prudente e cientificamente correta. Isto para se conseguir a máxima eficácia terapêutica e prolongar essa eficácia ao longo do tempo, diminuindo o apare-

cimento de resistências e o número de efeitos adversos que, inevitavelmente, poderão surgir com a sua administração (Mr. Hyde).

Manuel António Vaz da Silva e Sousa 356/1948

As bactérias talvez preservem mais o seu ecossistema do que as populações humanas e, perante a agressão brutal que o uso dos antibióticos para si representa, defendem-se criando mecanismos que as tornam resistentes aos agressores e que podem propagar à espécie. E da eficácia terapêutica passa-se à ineficácia.

Merece a pena enfatizar que febre não é sinónimo de prescrição de antibiótico. Um simples golpe de calor ou uma desidratação grave podem causar febre e, obviamente, não se tratam com a administração de antibióticos. O mesmo nas doenças virais ou na malária, entre muitas outras.

Isto significa que a prescrição de um antibiótico só deva ser feita contra um microrganismo causador de doença que se localize dentro do seu espectro de ação, ou seja, do conjunto de agentes sobre os quais o antibiótico atua. Por vezes, para conhecer o agente basta olhar para o doente e fazer o diagnóstico. É o caso de

uma amigdalite ou de uma erisipela. Noutros casos, é necessária a realização prévia de um antibiograma para identificar o microrganismo causador. Isto porque o mesmo quadro clínico pode ser causado por bactérias distintas, como numa infeção urinária ou numa septicemia.

Em suma, se queremos continuar a obter os maiores benefícios há que usar corretamente os antibióticos o que implica a atitude de quem faz tiro ao alvo. Só se dispara depois de feita uma boa pontaria.

Do Médico e da Enferma
Testes de resistência a antibióticos.
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O Colégio Militar na História do Desporto em Portugal

A viagem do Allegro

Ilha Reunião - Richard Bay (Africa do Sul)

Depois de uma estadia de sete dias, muito agradáveis em Reunião, largámos para a cidade de Richard Bay, na Africa do Sul, no dia 31 de outubro, com uma previsão meteorológica pouco favorável.

Esta viagem, e toda a costa até à cidade do Cabo, foram e são para mim, zonas de bastante preocupação, atendendo às condições pouco propícias que o mar, o vento e as correntes marítimas normalmente apresentavam.

A corrente das Agulhas que se desenvolve de norte para sul, desde a região meridional do estreito de Madagáscar até ao Cabo das Agulhas, esbarra habitualmente com ventos de sentido oposto, tornando o estado do mar muitíssimo alterado, com ondulação alta, forte e desencontrada. Estas condições são perigosíssimas para a navegação, no-

meadamente para veleiros. Assim, há que ter a maior atenção e respeitar os avisos que felizmente são facultados aos navegadores em todos os portos desta área. Como estes ventos mudam com uma certa frequência de direção – as correntes marítimas não –é possível fazer este percurso com alguma segurança, quando o vento ronda para sul, fazendo rotas de cidade em cidade, de forma a navegar pequenas distâncias.

Vivi em Moçambique alguns anos, tendo tido a oportunidade de ouvir relatos de viagens bastante complicadas nestas paragens. Esta perna para Richard Bay era encarada por todas as tripulações que navegavam connosco de risco muito elevado, por isso, desde a Ilha Maurícia que a meteorologia tinha sido um assunto de primeira ordem, principalmente no que respeita às trocas de informações obtidas nas principais fontes.

Com esta previsão pouco agradável, preparámo-nos mentalmente para o pior. O Allegro, como habitualmente, foi abastecido de acordo com a extensão da «perna», reforçando algumas provisões, caso as condições do tempo alterassem a duração da viagem, para além de algumas revisões do barco.

Pelas 10 horas, largámos no melhor ambiente possível, inicialmente a motor, depois com uma mareação «largo / alheta», vaga de 1,00/1.50 m, e vento de 14/16 nós. Montámos o «pau de spi» na vela de proa e marcámos um rumo para um way point colocado a 130 milhas, a sul da Ilha de Madagáscar.

“Não há bem que sempre dure…” e ao terceiro dia de trajeto sentimos nitidamente que o mau tempo estaria muito perto - que caminhava na nossa direção.

Volta ao Mundo em barco à vela
António Rui Prazeres de Castilho 147/1948

O vento aumentou progressivamente de 17/20/23 nós e a vaga de 2.0/2.5/3.0 metros, mantendo-se durante toda a noite. «Rizámos» a vela grande e aguentámos a borrasca da melhor maneira. As previsões davam um agravamento das condições do tempo, com a aproximação rápida de uma frente bastante cavada.

O mar varria o convés, entrava e enchia o «poço» do barco, local onde permanecíamos, assegurando as manobras necessárias, garantindo o rumo para Richard Bay. A água do «poço» era tanta que entrava para o salão e para a casa das máquinas, alagando tudo por completo!!! Outro sim se pode dizer dos albóis e das vigias, que

A ondulação passou para 3.0/3.5 metro, arreámos a vela grande e «rizamos» a de proa, mantendo o barco mais estável e com algum andamento.

Cerca da meia-noite do 4º dia, estávamos preparados para enfrentar a famigerada frente, fatos de mar vestidos, coletes e arneses colocados, revistos os fechos dos albóis e vigias, porta do barco fechada. Rapidamente a frente bateu-nos com violência. O vento rondava por todos os quadrantes, soprando forte com ondas de 4 metros, rodeado de tremenda chuva e trovoada – dantesco, como nunca tinha apanhado.

Esta situação manteve-se por mais dois dias. Ao sexto dia, as condições pioraram ainda mais, o vento soprava a 30/35 nós com refregas de 40 - consequentemente as ondas passaram para mais de 5 metros.

nobras necessárias, lembrei-me de Nossa Senhora dos Aflitos, evocando as minhas preces de ajuda. Porquê Nossa Senhora dos Aflitos? – perguntaria o leitor curioso.

- Nossa Senhora dos Aflitos tem uma capela em sua honra, à entrada de Vila Nova de Foz Côa, terra dos meus ante-

não aguentaram a violências do mar, acabando por deixar entrar alguma água.

Tudo ficou molhado, incluindo camas e restante roupa. Para além de tudo molhado, o problema seguinte, foi o sal que ficou depositado na totalidade das coisas, mantendo-as sempre húmidas. Em relação a cabos e contactos elétricos e eletrónicos, as avarias podem sem graves e difíceis de reparar no mar. A apreensão maior era, sem dúvida, a casa das máquinas e a aparelhagem eletrónica – duas áreas muito sensíveis que garantem o andamento do Allegro nas melhores condições.

Foram quatro dias muito maus, de trabalho, preocupações e algum (para não dizer muito) perigo.

Aí, tenho que confessar, que apesar de manter a calma e a concentração nas ma-

passados, cuja capela, na minha juventude, costumava visitar.

No fim do 6º dia, parece que entrávamos noutro mundo - vento e mar acalmaram a sua fúria!!!. Navegávamos à velocidade de 3/5 nós com mar de pequena vaga e um «COG» Course over grounde de 260º.

Acabo, assim, de registar o velho ditado popular, iniciado anteriormente “… nem mal que não se acabe.”

Com esta calmaria instalada, o primeiro trabalho foi inspecionar o barco, fazer a lista das possíveis avarias, para além de tentar secar a roupa e limpar água, humidade e salitre, depositados por tudo que era sítio. Esta faina de bordo é trabalhosa, mas fundamental e básica, para manter o Allegro minimamente habitável.

Volta ao Mundo em barco à vela
Foto 1.
Foto 2.

Foi feita uma vistoria geral e apuradas as seguintes anomalias:

- A bomba da sanita da casa de banho da proa não trabalhava e o Luís depois de um trabalho muito pouco cómodo, substituiu-a.

- O inversor deixou de indicar 220 V.

nhado uma corrente favorável de cerca de 3 nós e beneficiado de um downwind até ao canal de chegada. Nestas condições, o Allegro deslizava perfeitamente nestas águas, de tal forma, que conseguimos escapar à aproximação de uma baixa de SW, que varreu a costa SE de Africa, a partir do dia 11/11, deslocando-se preci-

- O gerador não trabalhava, mas o Luís verificou que o impeler estava avariado e trocou-o por um novo, que tinha de reserva e a avaria ficou resolvida.

O circuito de refrigeração não ferrava. Foi fechado o macho de fundo e arrancou definitivamente.

O piloto de vento partiu o pino de fixação. Não foi reparado.

Para festejar a vinda do bom tempo e a solução dos incómodos causados pelo mau tempo, abrimos uma garrafa de espumante.

Finalmente, chegámos a Richard Bay, à marina de Zululand Yacht Club pelas 12.30, do dia 11 de novembro, depois de 10 dias e 2 horas de viagem. Os últimos dias deste tormentoso trajeto foram esplêndidos, com a felicidade de ter apa-

Foi com esta cerimónia simples (foto 2) e despretensiosa que o continente africano nos deu as Boas Vindas.

Dia 12, demos uma pequena volta pela cidade, pois estava marcado um safari no Parque Nacional Hluhluwe Umfolosi. Para quem gosta deste tipo de eventos

samente e com grande perigo para a navegação, no sentido contrário à corrente das Agulhas !!!

Pouco antes da chegada, tivemos a sorte de ter encontrado um tipo de baleias gigantes, conhecidas por humpback, mas, que apesar do seu tamanho, dão saltos altíssimos, saindo quase todas fora de água!!! Um deslumbramento!…

À entrada do canal fomos recebidos pelo Vítor, o yellow shirt, e pelo vice Comodoro do Zululand Yacht Club, que nos indicaram o cais de amarração.

Chegados ao pontão foi-nos oferecida uma garrafa de champanhe, com a indicação que seria para abrir no momento, beber, compartilhar, brindando de igual modo ao Oceano Índico – agradecendo, assim, uma amena e segura viagem!!!

ou não tenha feito a sua vida por terras de Africa, este dia foi muito bem passado - a organização tinha um programa bem estruturado, que incluía um almoço volante, com uma visita a este Parque (fotos 3, da fauna), detentor de uma riqueza fabulosa de espécies diferentes de animais selvagens. Só encontrei semelhante, no Kruger Park, também na Africa do Sul.

Sexta feira, 13, o WCC organizou um jantar na marina, incorporando um espetáculo de danças Zulu (foto 4), com um folclore e uma coreografia tipicamente africana, ligados a um ritmo trepidante. Foi uma noite bem passada, rodeada de um ambiente mexido e diversificado.

Como disse, o jantar (foto 5) foi variadíssimo de acontecimentos, incluindo dois concursos:

Volta ao Mundo em barco à vela
Foto 3.
Foto 3.

- Para a melhor máscara de Halloween.

- O prémio "fun competition". Consistia em dizer quantas horas toda a frota navegou a motor, desde Reunião a Richards'Bay?!!!

Ganhou o Allegro (foto 6) com o número mais aproximado.

Mas tudo e todos indicavam no mesmo sentido - não sair: Pilots", almanaques náuticos e os skippers locais relatavam experiências muito pouco recomendáveis.

Finalmente, prémio para a melhor "seamanship" desta perna. Foi ganho pelo veleiro Ayama, que alterou a sua rota, para transportar ao veleiro Aretha o material necessário para reparar um equipamento, de forma a poder continuar viagem!

Atendendo às condições meteorológicas já conhecidas e descritas anteriormente e associadas às respetivas medidas de segurança - noblesse oblige - só conseguimos largar de Richard Bay no dia 23 de novembro, pelas 13 horas. Uma estadia de 12 dias, demasiado longa para o que efetivamente havia para ver e fazer nesta terra. Depois de abastecer, limpar e secar o interior do barco, pouco ou nada havia para efetuar, acrescido às dificuldades em obter os contactos habituais, com a Família, amigos e profissionais, atendendo à falta ou ineficiência dos serviços de Internet, Skype, WhatsApp e outros!!!

Volta ao Mundo em barco à vela
…E SIGA A MARINHA
Foto 3.
Foto 3.
Foto 6.
Foto 5.
Foto 4.

Tertúlias à Volta da Mesa

Normalmente à volta de uma mesa, as “Tertúlias de Antigos Alunos” e são muitas todas importantes, pelo que, ao referirmos apenas algumas, estamos a ser injustos com as restantes, as quais, no entanto, acolheremos e divulgaremos no futuro, sobretudo as transversais que abrangem diversos cursos, ou as que, apesar de afectas a um curso, abertas a qualquer outro.

Não identificamos as presenças em cada um desses encontros, o que pela sua extensão, retiraria espaço a um texto que merece ser dedicado à caracterização de cada uma delas.

Algumas são reuniões mensais, outras trimestrais, e ainda algumas mesmo anuais, merecendo particular destaque a “Tertúlia do 3 de Março na Portugália”, a cada ano com mais presenças, celebrando o aniversário do Colégio e recuperando as energias gastas, a acompanhar o desfile na Avenida.

O jantar dos Antigos Alunos no Colégio, promovido pela AAACM, não é aqui referido por ser tratado no âmbito do aniversário do Colégio Militar.

Nestes encontros, as memórias e estórias do passado parecem ter acontecido ontem, e até os cheiros e sabores foram convocados e estão ali connosco.

Do tradicional almoço na Portugália, em que o bife é opção sem alternativa, mas aprovado por todos, sem excepção, passamos a duas tertúlias em que o “Amarelo” é rei.

No Algarve, sob a batuta do 413/1965 Joaquim Paleta Marreiros, o “amarelo de carne” é a cada ano, segundo os presentes, do melhor que alguma vez provaram, e aqui as mulheres acompanham os maridos, contribuindo para um dia bem passado, recordando e celebrando memórias colegiais.

Na Feitoria, que com justiça também reclama para si o “melhor dos amarelos” alguma vez degustado, o toque a reunir é dado pelo 236/1959 António Damião, num local privilegiado pelas memórias e cheiros do passado.

No Oeste quem convoca a tertúlia é o 429/1962 Luís Reis, para muitos o “Náná”, com o local, a Quinta do Castelo dos antigos alunos Azeredo Lopes, que disponibilizam a “sua casa” para a “contenda”, oferecendo também os vinhos tintos, que se juntam aos brancos do 277/1960 Carlos Fonseca, numa referência que marca presença sistemática no jantar, aplaudindo todos a habitual reportagem fotográfica do Leonel Tomaz.

Na AFAP, cada almoço é preparado com testes de degustação criteriosamente seleccionados pelo “Mestre de cerimónia” 192/1966 José Monteiro, que já contou com a presença do “Marinho” na explica-

Almoço na Portugália.
Tertúlia na Roda de Leme.
Almoço Valeira - Alentejo.

Tertúlias de Antigos Alunos

ção da confecção do “amarelo”, e em que a fotografia no jardim é obrigatória logo no início da contenda.

Nos Sabores de Goa, manda a cozinha indiana, com o 587/1961 Artur Pardal, responsável pelo “tocar a reunir”, num ambiente em que as “chamuças” são a referência, usadas mesmo como justificação de alguém vir de Coimbra a Lisboa, para as levar de regresso a casa.

Na Roda do Leme, pela proximidade à marina que leva os barcos até ao mar, manda o peixe, mesmo quando alguns dos convivas distantes, vêem do Alentejo. Aqui sobressai a voz do 17/1967 João Sabbo, não a falar mais alto, mas a convocar cada “irmão” para a tertúlia.

Esta divulgação pretende celebrar a capacidade aglutinadora de cada “Tertúlia”, identificando os seus organizadores, o local e periodicidade, permitindo o conhecimento

alargado e potenciando ainda o número de novas presenças.

Almoço na Portugália (3 de Março)

João Carvalho 464/1965

Almoço na Feitoria (Mensal)

António Damião 236/1959

Jantar no Oeste (Maio)

Luís Reis 429/1962

Jantar no Algarve (Anual)

Joaquim Marreiros 413/1965

Jantar no Alentejo (Trimestral)

António Salgueiro 461/1972

Almoço na AFAP (Trimestral)

José Monteiro 192/1966

Almoço nos Sabores de Goa (Mensal)

Artur Pardal 587/1961

Jantar na Roda do Leme (Mensal)

João Sabbo 17/1967

Algumas destas tertúlias, privilegiadas com a presença de algum aniversariante, mesmo que de sexagenário se trate, chegam a surpreender quem ali está próximo, pela “coreografia” da aplicação do merecido “Ramalho”.

Deixamos aqui o aplauso a cada uma destas Tertúlias que fazem viver o Colégio através dos Antigos Alunos, e um desafio aos organizadores, na lógica da “solidariedade” que a AAACM pratica, promovam em cada “Tertúlia” uma recolha de donativos, bem-vindos ao fundo de solidariedade que permite que a Associação, sem disso fazer bandeira, consiga estar presente e apoiar antigos alunos nos momentos difíceis com que a vida os surpreende.

Um ZACATRAZ, a todas estas manifestações de celebração do espírito colegial.

Adelino Augusto Fonseca Lage 176/1966

Amarelo da Feitoria.
Algarve.
Almoço na AFAP.
Jantar do Oeste.
Sabores de Goa.

O poeta é um esgrimista da palavra…

Em si mesmo, na luta então travada, Ele vai receber, rindo, a estocada.

Quando se lança a fundo, nada a trava.

Se a palavra é rebelde mas sagrada, E em farrapos o faz, ele não grita

Nem se queixa, nem chora pois, na espada

Que esgrime contra ele, mais se incita.

Ninguém o vê sangrar, pois continua

A renascer de cada nova ferida…

A espada na baínha nunca! Nua!

Quebra-se a espada. Num gesto perfeito

Lança um punhal à suja cor da vida, E este crava-se, limpo, no seu peito.

Esgrima Tirânica Celebrar a Velha Guarda

Meu caro João Mesquita

Que coisa esquisita

É este almoço

Esta reunião!

Já passaram tantos anos?

Ainda ontem.

- Que emoção!

Estávamos no Curso de Oficiais Milicianos

De Cavalaria

Em Torres Novas

E agora

Falam-me em 80 anos!?

Há aqui

Muitos enganos!

Quem a sente com eu: Amante e vil tirana?

Do meu pranto ela ri; cruel, meu ar respira.

Meus olhos são a luz que seu olhar emana.

Exalta meu amor e a vontade me tira.

Ah! Porque me escolheu nesta frágil matéria,

Seu sorriso emprestando às lágrimas que choro

E me quere elevar na glória e na miséria?

Maldita! Eu a bendigo, eu a venero e adoro.

Que vida ingrata a minha, sempre aberta chaga

Onde vos confrontais os dois, Masoch e Sade.

Até que a morte, enfim, o sossego me traga.

Farto! Farto já estou da poesia e há-de

Em carícias fatais matar-me a sua adaga. Quanto mais lhe fugir, mais ela, oh Deus, me invade!

Roberto Durão 15/1942 Roberto

Eu explico:

Somos Meninos da Luz.

E somos Cavaleiros.

Os Meninos da Luz,

Façam os anos

Que fizerem, Venham os desejamos

Que vierem, São sempre Meninos …. da Luz!

Quando do tal borrego

A um valado

Dos Campos da Golegã!

Um abraço

Da mesma idade,

A um velho amigo,

Com todo o afã

Da verdadeira verdade

Da vida.

A amizade.

Poesia nos Tempos Livres

Dedicado em 4 de Julho de 1990, ao seu camarada de Colégio e de armas da cavalaria, João de Carvalho Mesquita 95/1920, no âmbito da Romagem ao Colégio, da Velha Guarda, celebrando 70 anos de entrada.

XIX Torneio de Esgrima Veteranos Espada AAACM

Atiradores participantes no Torneio.

No passado dia 30 de Novembro, realizou-se o XIX Torneio de Esgrima de Veteranos de Espada da AAACM.

Contou com a presença de 18 atiradores, entre 5 Salas de Armas.

A edição deste ano voltou a ser conquistada por um atleta da Casa. De qualquer modo, devo realçar toda a dedicação e esforço dos nossos atiradores, que tanto enalteceram a nossa Sala de Armas, bem como os seus valores. Resultado à vista, onde nos 11 primeiros, a AAACM teve 7 atiradores.

Atiradores medalhados.

1º Lugar - Alfredo Alves (AAACM)

2º Lugar - Jaime Vinha (GCP)

3º Lugar - Sebastião Garcia (AAACM) e Edgar Oliveira (GCP)

Resta agradecer a quem tornou tudo possível:

- Agradecer o extraordinário apoio do Colégio Militar, ao disponibilizar a sua Sala de Armas e instalações, e pelo total apoio para a realização do Torneio.

- Agradecer ao Mestre Ten. Cor. Hélder Alves e ao Ten. Miguel Sequeira pelo apoio logístico e preparação do Torneio.

- Agradecer ao Alfredo Alves e Joaquim Videira, pela direcção técnica do Torneio.

Bem hajam todos, pela inegável disponibilidade e apoio neste Torneio que tanto enaltece a AAACM, como o Colégio Militar. Foi um excelente dia de esgrima, onde o convívio e a camaradagem esteve presente entre todos os atletas, do início ao fim.

Para o ano há mais!

Será o XX Torneio, onde prometemos uma organização correspondente à efeméride!

Podem contar com isso! Zacatraz

Notícias e Notas Soltas

Notícias e Notas Soltas

Eduardo antes de ser LourençoNomeação

Eduardo Lourenço de Faria 92/1934 do Curso 1933/40

Num evento no dia 6 de Novembro de 2024, e no âmbito do Ciclo de Conferências da Fundação Cidade de Lisboa, denominado Poentes Olisiponenses, o Presidente da Fundação Cidade de Lisboa, Prof. António Carmona Rodrigues dedicou a conferência da FCL ao tema, “Eduardo antes de ser Lourenço”, numa apresentação da palestrante Luciana Leiderfarb.

No espólio de Eduardo Lourenço, na Biblioteca Nacional, havia um tesouro escondido. Escritos inéditos da sua juventude, o mais antigo de quando tinha 17 anos. Mergulhar neles significou descobrir a génese do filósofo muito antes ter ele consciência de estar a produzir obra. E compreender como, desde o início, o seu olhar foi crítico, indagador e transformador. O homem que antes de ser Eduardo Lourenço foi Eduardo Faria — deste modo ensaiava, ensaiando-se, a assinatura — foi voraz e sistemático na produção de páginas sobre assuntos como a fé, Deus e a religião, o amor e a filosofia, a literatura, a política, os pais, a morte a infância. Algumas delas são brilhante. Vamos desvendá-las.

Luciana Leiderfarb

Presidente da Comissão de Segurança de Barragens

OCarlos Alberto de Brito Pina

AA 16 e Comandante de Batalhão do curso 1964/71

Regulamento de Segurança de Barragens (RSB) ao estabelecer um quadro normativo para o controlo da segurança das mesmas, contribui decisivamente para minimizar o risco potencial para pessoas e bens situados a jusante das infra-estruturas hidráulicas, definindo as regras aplicáveis ao projeto, construção, exploração, inspeção, observação, manutenção e qualificação técnica dos agentes envolvidos. O controlo da segurança das barragens é atribuído às entidades da Administração Pública competentes, entre as quais a Comissão de Segurança de Barragens (CSB), para a qual foi designado muito recentemente como Presidente, o Eng. Carlos Alberto de Brito Pina, ex-aluno 16 e do Curso de 1964/71 do Colégio Militar, através do Despacho nº12208/2024 do Ministério do Ambiente e Energia, de 9/10/2024.

Atribuição do Título

de Professor Emérito

Professor Doutor José Manuel Nunes Salvador Tribolet.

AA 230 e Comandante de Batalhão do curso 1959/66

AUniversidade de Lisboa decidiu atribuir recentemente, em 29/10/2024, o título de Professor Emérito ao Prof. Doutor José Manuel Nunes Salvador Tribolet, através do Despacho 13921/2024, ao considerar que as qualidades demonstradas por este, Professor Catedrático Jubilado do Instituto Superior Técnico, designadamente as várias posições de inequívoca liderança académica, reveladoras da sua visão estratégica, o contributo para o reforço da ligação entre universidade e indústria, o papel notável de intervenção cívica e de promotor da investigação científica, e os importantes serviços prestados ao Instituto Superior Técnico e à Universidade de Lisboa ao longo da sua carreira de Professor, constituíram-no como uma referência incontornável do ensino, formação e investigação na sua área de especialidade.

Membro Conselheiro e Especialista em Estruturas, Câncio Martins é distinguido com o Prémio Carreira na Gala da

Ordem dos Engenheiros

em 12 Setembro 2024

José Luís Faria Câncio Martins 268/1946

Licenciado em Engenharia Civil pelo Instituto Superior Técnico em 1959, executou, mais de uma centena de projectos de pontes e viadutos além de outros projectos de estruturas para fins industriais, comerciais e de habitação. Entre eles encontram –se a Ponte Macau -Taipa que foi Prémio Secil em1995, a Ponte de Viana do Castelo, provavelmente a maior peça monolítica de betão pré-esforçado do mundo com 2180 m, ou a ponte sobre o Guadiana em Castro Marim.

Foi Professor Catedrático convidado na Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade de Coimbra, onde lecionou a cadeira de Pontes.

Em 2006 recebeu o grau de Grande Oficial da Ordem de Mérito.

Das muitas distinções em que foi alvo, destacam-se a da Association Française de Génie Civil com o Prix Caquot 2007 atribuído “pelo conjunto da sua carreira, em particular pelos seus trabalhos científicos e técnicos e pelos seus projectos e realizações, mas também pelas suas qualidades morais e pela sua dimensão no mundo da construção civil” e no passado dia a que a Ordem dos Engenheiros de que é Membro Conselheiro e Especialista em Estruturas.

Câncio Martins é membro do Conselho Supremo da Associação desde Março de 2006 e foi Prémio Barretina – “Colégio Militar no Mundo” em 2008.

Notícias e Notas Soltas

Antigos Alunos em DestaqueMissão de cooperação na Colômbia

MJoão Manuel Mendes

Caramês 42/1972

édico dentista pioneiro da Implantologia em Portugal e referência na Medicina Dentária mundial foi galardoado no passado dia 13 de Setembro com os Prémios DentalPro Best Dentist em três das onze categorias existentes: Carreira, Implantologia e Inovação.

Licenciado na Faculdade de Medicina Dentária de Lisboa em 1984, partiu em 1994 para os Estados Unidos, onde realizou uma primeira pós - graduação a que se seguiram mais duas na New York University College of Dentistry.

É Professor Convidado e Director Internacional de Educação Contínua, da Universidade de Nova Iorque, Professor Catedrático e Director da Faculdade de Medicina Dentária da Universidade Clássica de Lisboa.

Como conferencista e professor, são inúmeras as suas participações em conferências e reuniões científicas na Europa, nas Américas e na Ásia.

Nos Estados Unidos da América, foi distinguido pela Universidade de Nova Iorque, com a atribuição de um prémio (atribuído pela 2ª vez, na história da Universidade) pelo contributo dado à difusão internacional e intercâmbio do conhecimento na área da Medicina Dentária.

No plano da investigação aplicada à inovação tecnológica, é autor de numerosos trabalhos com carácter científico contribuindo para o desenvolvimento de materiais e técnicas na área da Implantologia dentária, sendo consultor científico de várias companhias internacionais dedicadas ao desenvolvimento de novas biotecnologias.

Fundou em 1997 em Lisboa o Instituto de Implantologia, Instituição Médica de excelência, de que é Presidente e onde desenvolve a sua faceta de empresário e médico dentista com assinalável sucesso.

APedro Esteves Grilo

427/1988

Polícia de Segurança Pública

Polícia de Segurança Pública (PSP) participa activamente no esforço de paz, no âmbito das missões da Organização das Nações Unidas.

O Intendente Pedro Grilo, Antigo Aluno 427/1988, participou na missão de verificação das Nações Unidas, na Colômbia, que providencia a segurança e reincorporação económica, social e política dos ex-combatentes, face à violência dos grupos armados e criminosos que continuam a ter um impacto grave nas comunidades.

É com enorme satisfação que assistimos ao regresso do nosso Polícia e destacamos os públicos agradecimentos pelos serviços prestados em prol da paz na Colômbia, quer seja através do reconhecimento pela missão, pelas autoridades colombianas e pela PSP, no excepcional trabalho realizado pelo Intendente Pedro Grilo.

Bem-vindo!

Romagens de Saudade

Curso de 1947/1954

Romagem dos 70 anos de Saída

15 de Novembro de 2024

Se bem que todas as romagens de saudade efectuadas pelos cursos que passaram pelo Colégio Militar mereçam a nossa devida vénia, há casos particulares, como os da Velha Guarda, que requerem uma referência muito especial e afectuosa, como foi o caso do Curso de 1947/54, que no passado dia 15 de Novembro regressou ao Colégio para comemorar os 70 anos de saída. Trata-se de uma efeméride extraordinária na qual foi ainda possível reunir um grupo resiliente de 9 Antigos Alunos que muito orgulham, também, todos aqueles que viveram entre as paredes daquela tão nobre Instituição.

Porque se não pode aqui incluir o muito que se falou e todas as saudades que se

mataram naquelas curtas, mas maravilhosas horas, limitamo-nos a transcrever algumas passagens das palavras proferidas pelo orador que o curso entendeu nomear de entre os seus:

Um discurso sem o recurso ao papel teria, sem dúvida, uma emotividade muito maior. Mas, representando o dia de hoje algo imensamente importante para o nosso viver, para as nossas recordações, fazê-lo, representaria um risco que eu entendi não deveria correr. A emoção apertar-me-ia a garganta, ser-me-ia ainda mais difícil transmitir-vos o que me vai na alma, o que, afinal, vai na alma de todos nós.

©Foto Leonel Tomaz

Romagens de Saudade

Sr. Sub-director do Colégio Militar

Ainda que eu pense que a nossa vinda representa a visita de filhos, mais velhos, que vêem matar saudades da sua casa, o nosso agradecimento é caloroso pelo modo como sempre ocorre o planeamento destas visitas: desejado e fraterno. Muito obrigado.

Sr. Presidente da AAACM

A associação a que preside é, a grande família dos filhos mais velhos a que me referi há pouco. Mesmo que devamos considerar a vossa disponibilidade e apoio como uma obrigação, há sempre uma palavra merecida de agradecimento pelo vosso trabalho eficaz e permanente. Permita-me ainda que saliente a competência, dedicação e amor ao Colégio do ex-aluno honorário Leonel Tomaz a quem o nosso curso já tanto deve.

Meus senhores, caros camaradas de curso.

A escrita das palavras que vos vou dirigir, foi muito difícil e tristonha. Nunca tinha sentido a pena tão emperrada e a minha musa tão longínqua como naquelas horas! É fácil entender o porquê! Éramos cinquenta naquele belo ano de cinquenta e quatro do século passado! Olhando os que aqui estamos - somos tão poucos - não podemos deixar de sentir uma profunda tristeza. Deus já chamou a si, mais de metade. A diáspora longínqua arrastou alguns, embora poucos; mas a distância é tão ditadora quanto o pode ser a que nos separa do Brasil ou da Austrália. Longe da Grande Lisboa, residem alguns para quem as distâncias são multiplicadas por um factor proporcional à nossa antiguidade … nome simpático dado à velhice! Com a saúde muito afectada, mais alguns a quem a ausência forçada os mergulha na melancolia de uma perda irreparável!

Nós sabemos que a realidade da vida se impõe, mas custa muito!

Não importa a profissão que cada um de nós teve; não importa os sítios por onde andámos; não importa a família que constituímos; importa apenas sentir e recordar o que desta nossa casa levámos, o ânimo e a ética que aqui aprendemos; afinal, a estrutura, sólida e indestrutível, que nos acompanhou a vida inteira e nos permitiu enfrentar ventos e tempestades!

E se esta visita é um misto de alegria e de tristeza, não poderá nunca deixar de ser a alegria do reencontro, o matar das saudades cada vez maiores, o ver e sentir que o nosso Colégio continua a ser aquela escola de virtudes, aquele alfobre de homens — e, agora também de mulheres — com letra grande, cujo comportamento continuará a imprimir uma marca indelével em todas as profissões, em todos os lugares que sejam ocupados por um ex-aluno.

Eu, e todos nós, vemos e sentimos cada vez mais o mundo onde vivemos. Ouçam o que alguém escreveu sobre o tema. Algo que, a nós ex-alunos, nos diz muito apesar desse alguém nem sequer o ser:

É destas coisas onde se mistura a razão e a Fé, que se geram as tradições, se forja a coesão nacional e se dá substância à espiritualidade da Pátria. Algo que a sociedade e a vida dita moderna, positivista, ateia, de moral relativa, parca de ética, egoísta e cheia de “ismos”, não entende, desvirtua e escarnece.

Ao Colégio cabe um papel importante na formação de pessoas de bem. Serão poucas? É utopia? Talvez seja, mas quando se chega à nossa idade temos a obrigação de dizer o que nos vai na alma. Pouco tempo temos para viver, é verdade, mas temos o dever de cuidar da nossa descendência que, para alguns de nós já vai na geração dos bisnetos.

E, a propósito dessa utopia por sermos poucos, deixem-me usufruir da minha condição de ex-aluno, velho e descomprometido, para vos ler uma poesia, possivelmente já conhecida de alguns de vós.

LUTA

Um contra o mundo, é pouco.

Mesmo que seja louco, É muito pouco ainda.

Mas que pode fazer o homem que endoidece

E se esquece

De medir o poder do seu tamanho?

Ah, se houvesse um fotógrafo no céu

Que filmasse

Uma aventura assim, ridícula e perfeita!

D. Quixote sozinho

A combater as velas do moinho

Que mói, ronceiro, a última colheita.

Miguel Torga

Uma última palavra contendo um apelo: sejamos todos D. Quixotes na defesa dos princípios que, desde 1803, o Colégio, os seus alunos e ex-alunos sempre defenderam. Atrevo-me a afirmar que quem nunca lutou contra moinhos de vento como se de um maravilhoso Quixote se tratasse, não é digno de usar a barretina!

Estiveram presentes os Antigos Alunos seguintes:

Pedro Manuel de Vasconcelos Caeiro (14/1947); Carlos José Sanches Vaz Pardal (100/1947); António da Costa Gil de Sousa Prates (138/1947); Nuno Rui da Fonseca Santos Pinheiro (249/1947); João Augusto de Oliveira Ayala Botto (254/1948): Fernando Manuel Alcântara Mota Ferreira (307/1947); João Manuel Ribeiro da Fonseca Calixto (314/1947); Jorge Alberto Gabriel Teixeira (315/1947); José Fernando Oliveira Vilar Saraiva (320/1947).

Romagens de Saudade

Curso de 1962/1969

Romagem dos 60 anos de Entrada

6 de Dezembro de 2024

No dia 6 de Dezembro de 2024 teve lugar no Colégio Militar mais uma reunião de antigos alunos do curso de entrada de 1962 (1962 – 1969), envolvendo cerca de 30 camaradas. Apenas agora se comemoraram os 60 anos de entrada, completados em 2022, devido às vicissitudes relacionadas com a pandemia de Covid-19 de má memória.

A meio da manhã, após concentração na AAACM, reunimo-nos na Biblioteca para apresentação de cumprimentos à Direcção e assinatura do Livro de Honra, a que se seguiu a deposição de um ramo de flores no busto do Marechal Teixeira Rebelo, fundador do Colégio Militar.

Pelas 13h e já na presença dos alunos sucessores, descerrou-se nos claustros uma

placa evocativa da efeméride, ao que se seguiu uma fotografia de grupo frente ao Palácio Mesquitela.

Seguidamente, teve lugar o desfile do Batalhão Colegial na Parada Serpa Pinto, frente ao internato, durante o qual pudemos apreciar o tradicional garbo dos nossos alunos, com a grande diferença, em relação aos nossos tempos, que metade dos alunos são agora alunas, cuja energia e aprumo nos apraz realçar.

Por último, teve lugar um almoço na Messe de Oficiais e Professores, com a presença da Direcção do Colégio. O menu foi o habitual amarelo, sendo a visita encerrada com um Porto de brinde e um Zacatraz.

©Foto Leonel Tomaz

Romagens de Saudade

Curso de 1974/1982

Romagem dos 50 anos de Entrada

25 de Outubro de 2024

No dia 25 de Outubro de 2024 o Colégio Militar recebeu uma vasta delegação de Antigos Alunos pertencentes ao curso de 1974/82, numa romagem de saudade alusiva à comemoração dos 50 anos de Entrada.

Nesse ano era director do Colégio Militar o Brigadeiro José Luís de Mendonça Ramires e houve 222 candidatos, tendo sido admitidos 114 novos alunos que engrossaram o Batalhão Colegial para para um efectivo total de 690 Alunos, comandados pelo aluno 642/1968 – José Ventura Contente, infelizmente já falecido. Foi particularmente gratificante constatar que estiveram presentes cerca de 70% dos alunos que fizeram o primeiro ano do curso em

1974, um ano marcante para a História de Portugal, e que decerto perdurou nas memórias daqueles Meninos da Luz.

Estiveram presentes os Antigos Alunos seguintes:

1974 (assinalados com *)

José Paulo Peyssonneau Nunes Montalvão e Silva (1/*); José Eduardo Correia Barrento Sabbo (11/1973); Artur Manuel Pimentel da Costa Santos Marques (25/*); Miguel Frazão Alpendre (29/1975); Carlos Duarte Dias de Ayala Botto (32/*); Paulo Jorge Machado Dutra (48/*); João Manuel Ramos Vieira (51/*); Carlos Manuel Fael Quintela Marques da Costa (64/*); Gonçalo Nuno da Costa Alves de Calheiros (68/*); José Humber-

©Foto Leonel Tomaz

Romagens de Saudade

to Batista Malaquias (84/*); Jorge Gentil de Sousa Pinto Faustino (100/*); Nuno Manuel Vitorino Soares Monge (101/*); Nuno José Galo Estevens (109/*); João Carlos Paiva Sarreira Lopes (116/*); António José da Cunha Bidarra Andrade (124/*); José Miguel Lopes de Guimarães Serôdio (133/*); Paulo Almadanim de Nápoles Santa Marta (137/*); Luis Miguel Guedes de Andrade Bacharel (141/1975); Pedro Manuel Nunes dos Santos Arrabaça (158/*); António Luís Sanches de Castro Forte (161/1973); Fernando João Tavares Florindo (182/*); Fernando Eduardo Costa e Silva (188/*); Paulo Alexandre Mendonça Andrade (193/1975); Rui Miguel Pedrosa Tavares Luc (195/1975); Joaquim Pedro Nobre das Neves Oliveira (199/*); Tito Augusto Pimenta de Quintanilha e Mendonça (213/*); Paulo Alexandre da Cunha Nogueira Pelicano (255/*); Tiago Cabral Paes de Sousa Afonso (250/*); Luís Má-

José Oliveira de Almeida Figueiredo (276/1975); Pedro Emanuel Martins do Couto (291/*); Paulo Nuno Diniz Ferreira Pinto (324/1973); Vitor Alberto Cardoso de Sousa Simões (343/*); Pedro Miguel Antunes Gouveia Rodrigues (359/1973); Paulo Alexandre Pimenta de Quintanilha e Mendonça (371/1973); Luis Aníbal Santana Pereira (372/1976); José Eduardo da Costa Silva Pereira (391/*); José Eduardo Cacela Pesquinha da Silva (404/*); Luis Miguel Pessanha Gomes do Souto (411/1976); José Fernando Lopes Rocha (413/*); Pedro Gião Pires Lopes Morais (417/1976); Rui Jorge da Silva Rebelo (422/*); João Manuel da Costa Monteiro Vieira Matias (432/*); Carlos Manuel Garcia Correia Vaz Portugal (483/1973); Nuno Eduardo Moura dos Santos da Costa Taveira (486/*); Jorge Manuel Macias Gomes dos Santos Roldão (493/*); Paulo Manuel Rebelo Candoso (496/1975); Luis Miguel Coen-

çalves Alexandre (527/*); João Miguel Rebelo Socorro (532/1975); Bernardo José Aleixo Gomes Pinto (538/*); António Miguel Guimarães Oliveira Rodrigues Areia (564/1973); Raúl Luz Xavier Rebelo Gonçalves (565/1975); José Pedro Leitão do Carmo Costa (576/1975); João José Rogado Curado Leitão (578/*); Luis Miguel Mendes Leal Fernandes (583/*); José Falcão de Melo (587/1975); Paulo Jorge Messias Filipe Viegas (595/*); António Pedro Wrem Viana Abrantes da Silva (596/1975); Eduardo Manuel Hipólito Pires Mateus (615/*); Eduardo Pedro de Barros Távora e Miranda Galvão (632/1973); Abel José Neves da Silva Santos Leite (633/1975); José Joaquim Tabuada Barata (634/1975); Alberto Jorge da Silva Machado (640/*); Rui Manuel Cunha Campos e Silva (651/*); Eduardo Manuel Palma e Santos Alves Carpinteiro (658/*); João Carlos Pereira Coelho (663/*); Rui Manuel Mendonça Rodri-

ANTIGO ALUNO

Romagens de Saudade

Curso de 1986/1994

Romagem dos 50 anos de Saída

29 de Novembro de 2024

No dia 29 de Novembro de 2024 o Colégio Militar recebeu uma vasta delegação de Antigos Alunos pertencentes ao curso de 1986/94, numa romagem de saudade alusiva à comemoração dos 30 anos de Saída.

Pedro Manuel Cabral da Costa Maurício Gomes (23/1986); Carlos Daniel Fernandes da Silva (62/1984); Nuno Filipe de Almeida Borges Isaías (68/1986); Hugo Manuel dos Santos Roma (69/1986); João Miguel Nunes Ferreira (71/1986); Jorge Manuel Barroso Patrão (79/1986); Jorge Miguel Afonso Marques (119/1986); Emanuel António Roque Ventura Gomes (122/1985); Rogério Miguel Madeira Gaspar (134/1986); Sérgio Dino Neves de Melo Cunha (148/1988); Gui-

lherme Nuno Vasconcelos Beleza Vaz (151/1986); Manuel Mário de Araújo Pequito (159/1986); Dário Alexandre Nunes de Sá Guerreiro (207/1986); Bruno Miguel da Silva Couto Ferreira Quaresma (214/1986); Nuno João Martins dos Santos Ribeiro (248/1986); Rui Pedro da Costa Conceição (252/1985); Luís Miguel Santos Pacheco (276/1986); Nuno André Lourenço de Carvalho Allen (281/1986); João Miguel de Sousa Pinto Chambino Carreiro (282/1985); Pedro Manuel da Silva Marques (309/1985); Bruno Miguel Carrilho de Oliveira Dias (355/1986); Nuno Pedro Cristóvão Martins Mendonça (373/1986); Rodrigo Marrecas de Abreu (432/1986); Ricardo Afonso Sequeira de Sousa (450/1985); José Luís dos Santos Costa e Sousa (486/1986); José Nunes Pe-

reira David Pereira (494/1986); Pedro Miguel Gonçalves Afonso (503/1986); Diogo Rodrigues da Cruz (504/1986); Frederico Mendes Macias (505/1986); Miguel Ângelo dos Reis Martins (508/1986);

©Foto Leonel Tomaz

Os que nos deixaram

Um Menino da Luz

não morre, apenas passa a viver dentro de nós

Antigos Alunos

Faleceu no passado dia 15 de Agosto o José Pedro de Lucena, o 24/ 1962, após doença prolongada.

Nascido em 2 de Julho de 1952 na freguesia da Lapa, em Lisboa, o Zé Pedro foi um dos cinco irmãos que andaram no Colégio, além do Vasco, Gonçalo, Manuel e Francisco Lucena.

Tendo saído do Colégio no quinto ano, frequentou durante 3 anos a Faculdade de Direito em Lisboa.

Esteve depois ligado à indústria hoteleira durante cerca de 10 anos, como

José Pedro de Lucena (24/1962)

Indústria Hoteleira

Nasceu a 2 de Julho de 1952

Faleceu a 15 de Agosto de 2024

executivo nas unidades do Clube Med no Brasil e no Caribe. Mais tarde, depois de frequentar um curso de paisagística em Espanha, foi morar para Faro e dedicou-se com sucesso, durante 25 anos, à actividade de desenho, construção e manutenção de jardins nas zonas do Algarve e Alentejo.

Com uma personalidade jovial, afável, e dedicado à família e aos seus muitos amigos, o Zé Pedro sempre conduziu a sua vida pessoal e profissional guiado pelos altos princípios ético-morais inculcados pelo Colégio Militar, Instituição da qual muito se orgulhava de ter pertencido.

Quando um irmão parte, é como algo de nós partisse também…

Que descanse em paz.

Manuel Lucena (405/1953)

Francisco Lucena (405/1959)

À Memória do Joaquim Quintas

Depois de todo um percurso escolar no Colégio Militar, ao longo dos 5 a 7 anos, em alguns casos 8 anos, é natural que os Finalistas se reúnam mensalmente, em Almoços convívio.

Os Cursos começam a desenhar a sua vivencia futura, quase uma rotina, e assistem à redução a menos de metade, os respectivos membros.

Algumas dezenas de anos depois, começa a imperar o cuidado de cada um para as ‘’doenças e maleitas’’ que a vida vai trazendo.

Infelizmente, e com a idade já avançada, não podemos sempre alegrar-nos com a sua volta, pois a lei da morte nos vai libertando.

Joaquim Manuel Dinis Quintas (72/1953)

Engenheiro civil e Empresário

Nasceu a 6 de Julho de 1942

Faleceu a 22 de Setembro de 2024

E o número a que inicialmente me referi, passa a um terço do efectivo inicial, ou menos ainda.

A satisfação de nos vermos, mensalmente com a saúde por vezes debilitada, alegra a todos.

Se além dessa satisfação, podermos partilhar alguma história de vida, a reunião fica ainda mais agradável.

Se a essa história, o seu protagonista adicionar sempre uma nota de graça como ...’’ deu a volta ao problema’’, fica sempre uma nota pitoresca de como foi resolvendo a sua vida....

Foi assim o Joaquim Quintas (o 72/53), que muito raramente faltou a um Almoço, e

nos brindou sempre com divertidas histórias e protagonistas de Todo o País, tal era a sua actividade de Engenheiro Civil e da sua Empresa.

Deixamos de ter o seu Convívio e as suas histórias há alguns meses, até que a morte o levou, a 22 de Setembro de 2024.

Caro Quintas, contigo, foram sempre bons momentos de divertido convívio.

Muito Obrigado Quintas, até sempre.

JOAQUIM,

MEU QUERIDO AMIGO!

Trago-te um longo, muito longo, abraço do nosso curso. Todos gostávamos muito de ti. A tua presença, sempre serena e discreta, transmitia uma contagiante calma interior que nos invadia quando tu, por fim, lá falavas. Deixando na fala macia antever o teu profundo gosto pela vida. Gosto que cada um de nós em ti pressentia e a que queríamos, poder também aceder.

Escutando-te…

Poucas vezes te vi zangado. Era preciso que a coisa fosse mesmo, mas mesmo, forte!

E tinhas outra coisa. Uma profunda ironia interior. Sim, e essa era a tua mais funda “pegada”. Ouvias, ouvias com paciência, e depois saía quase sempre uma palavra, uma pequena frase, dita a meia voz e quase sussurrada. Mas que, acentuando de forma cristalina algum aspecto da conversa que estava a decorrer no grupo, provocava de imediato uma irreprimível gargalhada geral…

Nunca fui da tua turma. No Colégio tu eras o número 72 e eu o 392, muito mais alto. Por isso ia parar sempre noutra turma. Mas lembro-me muito bem dos relatos.

De os professores serem apanhados de surpresa nas aulas, quando repentinamente davam por uma gargalhada geral da malta, sem se aperceberem de imediato de onde tinha partido a “graça” … E que essa sua desorientação era ainda um segundo, e maior, motivo para continuação do gozo geral!

Carlos Batista 303/1951

Julgo que essa era uma tua maneira, muito própria, de ir levando a vida de uma forma amena e calma. Sublimando as dificuldades e contrariedades que ias sentindo, por meio de uma forte dose de bonomia interior!

Tu foste o meu amigo mais antigo. Conhecemo-nos no Colégio Nuno Álvares, já lá vão uns anos, em Outubro de 1948. Quando fomos para a primeira classe. Os nossos pais conheciam-se da Igreja de São João de Deus, e decidiram que era esse o melhor lugar. E aí começou tudo. As tuas irmãs também foram para o Colégio de Santa Joana a Princesa, ali perto. As histórias que aí todos vivemos foram muitas, mas, por agora, vão ter de ficar por contar…

Depois, andei sempre atrás de ti pela vida fora. Pouco anos depois fomos fazer, como internos, o primeiro ano no Infante de Sagres. Mais e muitas histórias. Depois os teus pais colocaram-te no Colégio Militar (e às tuas irmãs em Odivelas). A lógica deles, aí, escapa-me. Porque o Infante de Sagres já era, na altura, uma escola de “elites” …

Nos fins de semana continuámo-nos a encontrar. Muitas vezes em tua casa, os teus pais gostavam de sentir a casa cheia, outras vezes em “explorações” nos arredores, assim lhes chamávamos nós. Eram as aventuras. Tratava-se de descobertas a pé em grupos de três ou quatro (só rapazes) e para nordeste. Direcção Marvila e Poço do Bispo, zonas “habitadas” que não chegávamos a atingir. As explorações eram só no mato interior. A ideologia de suporte vinha do Mundo de Aventuras e do Cavaleiro Andante. E também do Emílio Salgari e dos seus heróis Sandokam, Kamamuri, etc…

Mas nessas terras de ninguém, que atravessávamos, havia também uma linha de caminho de ferro com cancelas. Aí já percebíamos claramente que estávamos a pisar o risco, ou seja, a linha…

Foste-me contando como era o Colégio (Militar) e aí, lá convenci o meu pai e entrei também. Estávamos ambos no terceiro ano, em 1954.

Depois escolhemos os dois Engenharia Civil, e lá fomos para o Técnico. Mas aí andaste à minha frente, porque eu, depois de ter concluído o primeiro ano limpinho, como prova de “menino certinho” para o Pai ver, e tirei depois dois anos de “Sabática” para tratar de saber como era a vida, “cá fora”. Fora dos colégios internos.

Entretanto na tua vida apareceu a Lena. O casamento no bonito restaurante da Casa do Leão, no Castelo de S. Jorge, apanhou-me em dia de exame oral, de novo e retornado ao IST. A Lena estava num grande virote, de um lado para o outro a acolher-me porque tinha chegado atrasado. Apresentou-me ao seu Pai, oficial de Marinha e muito simpático. Foi um grande dia.

Recentemente já os três na João XXI, convidado pelo casal, e sentados no café ou a almoçar, ouvi da boca da Lena o relato das peripécias do vosso namoro. Confesso que foi uma narrativa enternecedora e tão bonita que me comoveu. Mas me fez entender os porquês e a razão da vossa vida em comum nestes anos todos. O relato teve a ver com uma estação de comboio da linha do Estoril e de uma frase da Lena, curta, mas expressiva: foste o único que me deu “uma tampa” …

Amor, na primeira pessoa.

Depois veio o serviço militar na Marinha e vocês foram para Cabo Verde. Disseste-me que era bom. E então meti os papéis e fui render-te ao Mindelo, em Junho de 1971. Mas aí estavas esbaforido comigo. Tinha-te pedido umas semanas para, entretanto, me casar também antes de ir. E nunca mais chegava…

Mas acabei por chegar e lá fomos os dois do aeroporto para o Hotel Praia Grande, na Pracinha do Corêto. Onde tu ao beber água me surpreendeste, e fiquei a saber: eu gosto muito de água. Gosto de a saborear. Nunca tinha ouvido isto de ninguém! Saborear a água…

De Cabo Verde levaste o “bichinho da empresa” de construção. Confessaste-me há tempos. E organizaste, logo que possível, uma empresa com o teu colega Vinagre. Chamaram-lhe, logicamente, QUINAGRE. E foram muitas as obras que se seguiram. Em especial na difícil frente da recuperação do edificado antigo patrimonial. Fizeste um espesso relato com todas elas, também me disseste. E esse é uma preciosidade para a Engenharia Portuguesa. Fizemos ainda uma obra juntos, em Setúbal, com a participação do teu filho Pedro.

Que podemos nós, os mais velhos, esperar neste nosso final de percurso? Que possamos servir de referência e de exemplo para os que ainda estão a singrar. E tu és um bom exemplo, como pessoa, como marido, como pai, como engenheiro. Assim te olhem.

Vais fazer-me muita falta. Mas uma coisa te posso desde já garantir. Mais tarde ou mais cedo vou ter de novo contigo, estejas lá onde estiveres. Porque essa é a nossa sina….

Adeus, meu querido amigo!

Francisco (o “Kid”) 392/1954 O Curso de 1953

OJó (vão-me desculpar, mas era assim que todos nós o tratávamos) lutou contra a ELA (Esclerose Lateral Amiotrófica), uma doença maldita que durante anos o foi matando lentamente.

Foram mais de 10 anos de confronto com uma realidade que progressivamente o consumia fisicamente, mas não intelectualmente, mantendo uma lucidez ativa e presente. Vivia à sua maneira e adaptado à sua debilidade, comunicando com as pessoas mais chegadas por mensagem ou por sinais, vendo televisão, os noticiários, filmes, o ténis que tanto adorava jogar e o nosso Sporting a cujos jogos assistíamos, enquanto conseguiu, juntos na bancada de Alvalade.

Nunca, mas nunca o Jó se queixou da maldita doença que o foi corroendo fisicamente. NUNCA! Boa disposição, uma ironia fina e muitas vezes desconcertante, queria saber tudo o que se passava com os amigos mais próximos. Teve sempre o apoio incondicional da sua mulher Sofia e dos seus filhos, Gonçalo, Joana e Tomás.

Jorge Manuel Moreira de Melo Sampaio

(115/1967)

Licenciado em Gestão

Nasceu a 3 de Dezembro de 1956

Faleceu a 29 de Julho de 2024

Deixou-nos em paz.

Conheci o Jó no Colégio, tínhamos 9 anos e entravámos numa nova fase das nossas vidas. A primeira imagem que tenho do Jó (ele na turma A e eu na D) foi no ginásio, um dia ou dois depois de termos entrado no Colégio. Era o momento da decisão sobre o grupo de ginástica em que ficávamos. Chamavam-nos pelo número e eu ouvi: 115! Nunca mais me esqueci desse momento e do 115, na altura o número telefónico de emergência nacional, hoje 112.

Os anos passaram e só mais tarde nos tornámos amigos próximos quando nos começámos a encontrar fora do colégio, juntamente com outros Antigos Alunos como o 209, o 512, o 101 e muitos outros. Tornou-se no meu melhor amigo e contei sempre com ele nos bons e maus momentos.

Era o meu pendura nas deslocações ao Algarve e tinha tanta confiança em mim que chegava a adormecer nas viagens de moto. Sempre disponível, sempre amigo, sempre brincalhão.

Era assim o Jó, o Józinho, o Jorge ou o 115.

Para mim, o meu mano Jó.

Não sendo assíduo nos eventos do colégio, compareceu sempre nas comemorações referentes às efemérides do seu curso de 1967 e teve o prazer de conhecer a sua sucessora com quem tirou uma fotografia. Na lapela o símbolo do Colégio Militar que usava com orgulho e como referência da sua vida.

José Barata 597(1967)

Luís Joel Pascoal foi o aluno n.º 145 no Colégio Militar, num percurso colegial de 1948/54, tendo entrado com o meu curso, o de 1948/55, mas para o 2.º ano.

Foi graduado da 3.ª companhia colegial, em 1953/54, três estrelas, sendo comandante da companhia o Seixas Serra, n.º 30, que também seguiu a carreira de oficial de Marinha, mas o Joel chegou a almirante, tal como o seu grande amigo

No passado dia 19 de agosto tivemos a triste notícia do falecimento do nosso camarada de curso Zé Miguel que, tendo circulado pela nossa plataforma de comunicação, originou imensas manifestações de pesar na proporção do prestígio e estima que tinha entre nós.

A sua vida profissional centrou-se na dedicação que teve à Prevenção Rodoviária, que lhe deu significativa visibilidade pública, fruto das frequentes intervenções para que foi solicitado nos vários órgãos de comunicação social, os quais, nos dias

Luís Joel de Azevedo Pascoal (145/1948)

Contra-Almirante

Nasceu a 2 de Julho de 1951

Faleceu a 23 de Agosto de 2024

Fausto Brito e Abreu (141/48), também falecido recentemente…

O meu primeiro uniforme n.º 1 da Escola do Exército foi-me cedido pelo Joel que só fez os Preparatórios na Amadora, tendo seguido para a Escola Naval. Morava, então, próximo do Restelo. E, também, me cedeu a sua casa na Caparica, na rua dos Ílhavos, casa onde fiz muitas sardinhadas para muita malta colegial e que hoje está com um dos meus filhos…

Fez parte do Núcleo da Feitoria da AAACM e, recentemente, ofereceu-me o livro sobre o Grupo dos 80 que me permitiu organizar uma tertúlia no CAS. Oeiras, com colaboração de almirantes e ex-alunos…

José Miguel Guedes Reis Trigoso (324/1959)

Presidente da Prevenção Rodoviária Portuguesa

Nasceu a 2 de Agosto de 1949

Faleceu a 19 de Agosto de 2024

seguintes, noticiaram o acontecimento e expressaram, não apenas o pesar, mas igualmente o reconhecimento pelo relevo da sua intervenção naquele domínio.

A paixão e a competência como desempenhou, durante décadas, o cargo de presidente da Prevenção Rodoviária Portuguesa, a forma como exerceu a coordenação do Plano de Segurança Rodoviária Nacional e os serviços prestados enquanto Membro da Federação Europeia de Segurança Rodoviária são exemplos concretos do valor do seu percurso profissional e que

justificaram o justo, elevado e unânime prestígio que granjeou a nível nacional.

Não obstante, o prestígio alcançado internacionalmente, porventura menos conhecido, não teve menor expressão, nem impacto. A presidência exercida da Prevenção Rodoviária Internacional, entre 1999 e 2007, constitui só por si prova desse reconhecimento, cujo alcance geográfico excedia o espaço europeu, como atesta, a título de exemplo, as homenagens recebidas da Tunísia e de vários Países Árabes.

Manuel Barão da Cunha (150/1948) Pedro Lagido (330/1947) Núcleo da Feitoria da AAACM

Os que nos deixaram

As qualidades pessoais e profissionais, aqui resumidamente expostos, não podiam deixar de ter um impacto coletivo, que a nota oficial emitida pela Presidência da República, no dia seguinte ao seu falecimento, onde reiterou aqueles méritos profissionais e prestou uma justa homenagem à sua memória, veio conferir a devida formalização.

Ficando, assim, registadas as suas públicas virtudes, gostaríamos aqui e agora de nos debruçarmos essencialmente sobre os seus “vícios” privados.

O Zé Miguel tinha a adição de colecionar e conservar amizades, não deixando ninguém indiferente aos afetos que cultivava e distribuía. Em síntese, digamos que era reconhecido no serviço e estimado fora dele.

De facto, nunca se conseguiu libertar dos valores que o Colégio lhe transmitiu, cultivando intransigentemente uma camaradagem sincera, o sentido da verdade, nas suas relações, e da responsabilidade, nos seus atos. Também não disfarçava o repúdio pela mesquinhez e mediocridade.

Exuberante nos movimentos e não valorizando a imagem externa, era simultaneamente elegante no gesto, atencioso no diálogo e afetuoso no abraço, o que lhe dava um charme especial e um poder de atração, que justificava, em grande parte, o gosto generalizado que tínhamos pela sua amizade. A sua constante boa disposição e apurado sentido de humor faziam o resto.

Por outro lado, o seu registo disciplinar colegial estava longe de ser exemplar, não apenas devido a uma dificuldade atávica de cumprir certos regulamentos, especialmente se relacionados com horários, como também pela sua salutar irreverência. Mas também aí se verificava alguma singularidade. O seu maior castigo resultou da sua imediata confissão, numa incursão efetuada ao bar de oficiais em hora desapropriada e, segundo consta, sem autorização superior, logo que soube

que havia a intenção do castigo a aplicar ao único identificado vir a ser agravado. Apesar da nobreza do gesto, não escapou a uma suspensão, pois em lugar do louvor à ousadia, prevaleceu o castigo ao atrevimento.

Era também notório o seu genuíno prazer do convívio e da gastronomia associada, conjugando, neste domínio, não só o gosto do consumo como igualmente da confeção. Assim o atestam as incursões realizadas de aprendizagem da cozinha francesa, italiana e japonesa. Embora se tratasse dum gosto pessoal, os resultados propiciaram um prazer alargado ao seu círculo mais íntimo que beneficiava do produto realizado, tais como os memoráveis risotos, ceviches e um fois gras de autor. Era também um enorme prazer para as suas tertúlias a presença do Zé Miguel, do saber e aplicação como geria o repasto e da simpatia e humor que garantia nas conversas.

Releva-se também a sua dimensão cosmopolita, adquirida desde logo pelas suas ligações profissionais, mas complementadas pela sua paixão das viagens, em família ou em grupo, e sempre interessado em conhecer outras gentes, outra culturas e novos horizontes.

Uma nota ainda sobre o seu vício pela vida e a teimosia de se manter sempre de bem com ela. Não obstante todas as qualidades e virtudes que já tinha demonstrado, deixou-nos para o final a prova duma faceta também extraordinária do seu carácter. Na luta que travou contra a doença que há uns anos o vinha consumindo e que o levou, em várias ocasiões, a estados de extrema gravidade, o Zé Miguel nunca esmoreceu e demonstrou uma determinação e força de vontade absolutamente notáveis, renascendo das cinzas por diversas vezes e conseguindo sucessivas recuperações surpreendentes e admiráveis que, só uma relação perfeita com a vida o poderia motivar. Foi neste quadro que perdemos o nosso incondicional amigo de sempre, cuja ausência

nos nossos futuros encontros e celebrações, que ele tanto apreciava, será agora preenchida pelo seu exemplo e pela memória dum ser humano singular e extraordinário.

É com um sentido pesar que, também por esta via, o manifestamos à sua família.

Desde logo à sua mãe, Sra. Dª. Maria Regina, também ela cúmplice das nossas aventuras colegiais, prontificando-se a aguardar por nós na sua viatura para nas nossas saídas furtivas após o jantar nos transportar ao pavilhão dos desportos para assistirmos às sessões, na altura muito em voga, de luta livre. Outros de nós puderam também beneficiar das suas lições de bridge que eram ainda acompanhadas de lanches magníficos e inesquecíveis.

À sua mulher Milu, sua companheira de sempre que, sobretudo, no acompanhamento da sua doença demonstrou uma dedicação inexcedível e, com enorme estoicismo, suportou as exigências e privações decorrentes, mantendo sempre a atenção e disponibilidade para, mesmo nos momentos mais difíceis, nos informar do estado clínico do Zé Miguel.

À sua filha Marta, que nunca escondeu a paixão como o admirava e que, ao lado de sua mãe, suportou idênticos sofrimentos.

E ao seu filho Miguel, também ex-aluno, 131/85, que, radicado na Austrália, teve a premonição de em visita a Portugal lhe poder ter dado a alegria da sua presença nos seus momentos finais.

Com o desaparecimento do Zé Miguel, desapareceu um notável ex-aluno do Colégio, amplamente respeitado e admirado e é com enorme orgulho que o seu curso o tem como sua pertença.

Pelo 324/59: ZACATRAZ, ZACATRAZ, ZACATRAZ

Um grupo de amigos do seu curso 1959/1966

Homem de grande intuição e inteligência, espírito crítico sempre fiel às suas convicções por isso também algo individualista e rebelde a certas convenções...andou nas lides equestres e foi sobretudo artista e professor de Artes plásticas distinto e exigente.

Teve vários alunos que se evidenciaram nessas Artes. Tive a sorte de ser seu cunhado e conheci-o bem...lúcido, generoso e independente e por vezes parecendo assumir uma posição algo radical. Teve sempre um grande amor pelo seu Colégio da LUZ.

Coronel Tirocinado da Arma de Transmissões do Exército, na situação de reforma, Carlos Alberto do Rego Falcão (366/1949) nasceu em três de Julho de 1939, deixou o nosso convívio em nove de Novembro do corrente Ano.

Completado o curso secundário no Colégio Militar em 1957, ingressou nesse ano na então Escola do Exército onde veio a

Manuel Pedro Gonçalves Peig Dória (363/1949)

Engenheiro Têxtil e empresário

Nasceu a 22 de Março de 1939

Faleceu a 10 de Outubro de 2024

Foi Engenheiro Têxtil e fez em Angola e Moçambique duas fábricas, de tecidos e roupas, que com o período conturbado do pós 25 de Abril e à guerra civil que se viveu naqueles territórios, se viu obrigado a fechar.

Outros Antigos Alunos do seu tempo poderão escrever sobre ele com mais exatidão e pormenor. Por mim só posso desejar isto com esperança e fé... vai com Deus Pedro e leva contigo à tua irmã, minha Mulher e Companheira sempre, esta "certeza" inabalável de um dia a voltar a abraçar como, quando, onde... não sei.

PS. Enviado pela filha Teresa Dória, agradecendo a amizade demonstrada por diversos Antigos Alunos, partilhou uma última memória do pai, que pela sua mão se preparava para celebrar o Natal.

Carlos Alberto Borges do Rego Falcão (366/1949)

Oficial da Arma de Engenharia

Nasceu a 3 de Julho de 1939

Faleceu a 9 de Novembro de 2024

completar a formação de Oficial para a Arma de Engenharia. Licenciado, também, em Engenharia Civil pelo Instituto Superior Técnico, ingressou, no posto de Capitão, no quadro de engenheiros da Arma de Transmissões. Prestou serviço nas Unidades e Órgãos da Arma de Transmissões, devendo destacar-se as comissões de serviço na Guiné, como Capitão, de Agosto de 1967 a Setembro de 1969, e em Moçambique,

como Major, de Maio de 1972 a Junho de 1974.Promovido a Coronel em 1976, frequentou o Curso Superior de Comando e Direcção no ano lectivo de 1988/89, tendo passado à situação de reforma em 1992, como Coronel Tirocinado.

Da sua Folha de Matrícula constam dez louvores e dez condecorações de que se destacam o Grau de Comendador da Or-

Roberto D. Durão (15/1942)

Os que nos deixaram

dem Militar de Avis (1986), Mérito Militar de 1ª Classe (1984), Comportamento Exemplar Ouro (1988) e Mérito da Cruz Vermelha Portuguesa (1979).

Os camaradas da Arma de Transmissões prestam-lhe devida homenagem pelo elevado valor humano e profissional sempre demonstrado ao longo da carreira militar, lembrando-o como camarada afável, de tracto fácil e amigável, simples, leal, franco e honesto – um profissional muito dedicado, um trabalhador incansável com excelente capacidade de organização, em cuja acção era notório o desprendido entusiasmo com que vivia os desafios que se lhe deparavam.

AO CARLOS FALCÃO,

O Carlos Alberto Borges Falcão o 366/49, faleceu serenamente por doença grave e prolongada, no Hospital Militar aos 85 anos de idade. Conhecia-o desde o meu 1º ano do Colégio Militar, mas como tinha apenas 10 anos, tive nessa altura pouco contacto com ele.

Em 2 de janeiro de 2024, faleceu o Antigo Aluno 412/1972, Pedro Frazão Alpendre.

Conheci o Pedrinho em outubro de 1972, quando ele ingressou no Colégio no 1º

Na Repartição de Logística da Direcção da Arma de Transmissões teve um papel impulsionador fundamental no desenvolvimento do Emissor Receptor PRC-425 e em diversos projectos de I&amp;D da Arma. O seu espírito de iniciativa e dinamismo foram, também evidentes no Depósito Geral de Material de Transmissões (Linda-a-Velha) na criação e funcionamento da Secção de Recuperação do Material Evacuado do Ultramar, onde se procedeu à recuperação e renovação do material incapaz e à sua reinserção, como novo, na cadeia de reabastecimento.

Dotado de memória extraordinária, conhecia a designação e nomenclatura de

todos os componentes do material de Transmissões. Colaborou também activamente com o DGMT na organização e elaboração de vastíssimas composições de material de Transmissões e na atribuição de nomenclaturas a equipamentos de fabrico nacional, trabalhos que mereceram a aprovação da Secção de Catalogação NATO do Exército. Com igual entusiasmo impulsionou o estudo e a organização de diversas Unidades de Transmissões, incluindo a elaboração dos respectivos quadros orgânicos de material.

Prestou serviço militar nas colónias, na área de engenharia e telecomunicações, em Moçambique e na Guiné. Foi um militar com uma longa carreira, destinta e brilhante.

Conheci-o melhor mais tarde porque jogámos Bridge durante 15 anos todas as terças e quintas feiras. Era um óptimo jogador de Bridge, mas no final da sua vida estava

Pedro Frazão Alpendre (412/1972)

limitado e a sua capacidade de jogar diminuiu, gostava de ser ele a escolher as cartas e a fazer as marcações.

Sentidos Pêsames a toda a família, Um abraço Falcão até sempre, Havemos de nos encontrar novamente

Francisco Abreu Novais 406/1955

Docente na Universidade de Évora – Ciências Agrárias

Nasceu a 2 de Julho de 1962

Faleceu a 2 de Janeiro de 2024

ano, turma C, enquanto eu estava no 2º Ano A, ambos na 1ª Companhia. Desde cedo, destacou-se como um “Rata” sempre vivo e alegre, simpático e comunicativo. Era conhecido como “o neto do Dito”, o General Mendóça Frazão. Os sete anos

no Colégio não mudaram o seu caráter e, talvez por isso, foi Comandante de Pelotão na 1ª Companhia, sendo sempre um bom aluno e distinguindo-se nas disciplinas de Aplicação Militar e Física.

Major-General Pinto de Castro e Coronel TecnManTm, António Pena.

Saí do Colégio em 1978 e voltámos a nos reencontrar em Évora, nos anos 80, eu como oficial do Exército e ele como docente na Universidade de Évora, onde se formou e fez carreira na área de Ciências Agrárias. Nesse reencontro, pude confirmar que o Pedrinho mantinha o carisma: era estimado por seus pares e cultivava um ótimo relacionamento com os alunos, sempre humilde e com uma alegria quase contagiante.

Nos nossos encontros, o tema recorrente era sempre o Colégio e nossas aventuras. Realizávamos almoços em locais como o restaurante do Mário, com colegas de diferentes gerações, partilhando vivências dos que ingressaram nos anos 60, 70, 80 e 90. A vontade de servir o Colégio levou o Pedrinho a organizar três “3 de março”, especialmente após os grandes jantares

Meu Querido António!

Escrevo estas linhas ainda incrédulo com a tua partida.

Não nos chegámos a cruzar no Colégio Militar (CM). Entraste para o Colégio em 1962, saíste no final do ano letivo 63/64 e eu entrei em outubro de 64.

Começámos a nossa caminhada juntos, no segundo ano da Academia Militar (AM). Estávamos em 1974, ano em que se deu o 25 de Abril.

na Messe do Convento da Graça em Évora. Arregaçou as mangas, atualizou a lista de contatos que se mantém até hoje e reativou a boa convivência colegial entre gerações, com presença de antigos alunos vindos de várias regiões do país.

Apesar das dificuldades que enfrentou ao longo da vida, demonstrou grande resiliência e espírito de sacrifício, mas também vivenciou muitas alegrias, como o nascimento de seu filho, também Pedro, e o casamento com Gabriela, que tive a honra de testemunhar. Um dia, em Valverde, durante um almoço de cozido de grão, com um brilho nos olhos, confidenciou-nos sobre sua doença e que provavelmente ela iria antecipar o seu fim.

Vimos o Pedrinho viver intensamente, dividindo-se entre a Academia, a Família

e os Amigos, aproveitando cada momento. Participou de todas as reuniões, seja no Colégio, nos almoços ou nas comemorações de Páscoa e Natal. Apesar dos exames e das dificuldades físicas, sua alegria e amor pelo próximo permaneceram intactos. Nos últimos tempos, afastou-se um pouco, mas continuou a escrever, e quando já não podia, ditando uma missiva de despedida para ser lida nas suas cerimónias fúnebres — um texto sublime, lido por um colega da Universidade de Évora.

Quando dizemos que “um Menino da Luz não morre, mas vive dentro de nós”, sentimos que é verdade. O Pedrinho continuará presente em todos aqueles que tiveram a sorte de compartilhar momentos de sua vida.

António Arnaldo Rocha Brito Lopes Mateus (430/1962)

Coronel de Cavalaria

Nasceu a 14 de Abril de 1951

Faleceu a 4 de Agosto de 2024

No nosso terceiro ano da A.M., vivemos o 11 de março. Tu e outros camaradas nossos, três dos quais do nosso Curso de Cavalaria (o Caldas, o Gonçalves e o Mário Rui), foram presos. Um choque! Ainda fiz os possíveis para também ir preso, mas o oficial de Marinha que te prendeu, disse que o meu nome não constava da lista de Oficiais a deter e assim fiquei em liberdade... contrariado.

Assim nos separaram, mas por pouco tempo. Voltámos a juntar-nos na Escola Prática de Cavalaria (EPC), durante o Tirocínio. No 25 de Novembro, estávamos juntos e

A nossa paixão pelo Cavalo proporcionou-nos uma vida cheia de alegrias e algumas tristezas, uma permanente procura no sentido de melhorar os nossos cavalos, uma preocupação incansável para nos apresentarmos em pista, representando o Exército, com a melhor dignidade possível. Os que nos deixaram

desta vez não nos separaram. Lá fomos até Lisboa, com o Capitão Salgueiro Maia e regressámos alguns dias depois, a Santarém, para começarmos uma vida normal, sem revoluções.

Edmundo Melo do Cruzeiro 95/1971

Os que nos deixaram

O teu especial “tacto equestre” desde muito cedo se revelou! Por isso foste, ainda Alferes, para Mafra, para o Centro Militar Educação Física e Desportos (CMEFED), frequentar o Curso de Instrutor de Equitação (CIEq).

Desta vez, fui eu que, mais tarde, fui ter contigo. Também fiz o CIEq.

Vivemos anos maravilhosos, numa “Casa” que nos habituámos a defender com unhas e dentes, pois desde que me lembro sempre pairou sobre ela o espetro da extinção.

Juntos integrámos a Reprise da Escola de Mafra, eu ainda aluno do CIEq, na Semana Equestre Militar de 1983. O “Téte” da Reprise era o nosso Coronel Jorge Mathias. Que orgulho! Que emoção! Que responsabilidade!

Seguiram-se cerca de 20 anos e muitas dezenas de apresentações pelo país fora e também em Genève e em Salamanca. Lembro-me que numa das apresentações em Salamanca, eras tu o “Téte” e eu o Nº 2, tu esqueceste-te do esquema, a partir daí fomos desenhando figuras à tua voz, os Espanhóis não deram por nada e no final fomos aplaudidos, de pé, efusivamente!

Ao longo dos anos, concursámos quase fim de semana após fim de semana, com os nossos cavalos, pelas mais variadas pistas. Mas quero lembrar as nossas participações nos Campeonatos do Mundo Militares, no âmbito do “Conseil Internacional du Sport Militaire” (CISM), nos anos de 1984 em Mafra e 1988 em Fontainebleau, ambos em Concurso Completo de Equitação.

Em Mafra, caíste num salto a meio do cross, voltaste a montar e quando terminaste a prova percebemos que tinhas feito a segunda metade do cross com uma clavícula partida e com as rédeas só numa mão. Que coragem! Que determinação!

Curioso... eu também caí num duplo de oxers do cross, mas tive a sorte de não me magoar e também consegui acabar. Em Fontainebleau, fomos os dois eliminados quase no final do cross. Os nossos cavalos tinham chegado muito debilitados a França porque, “à portuguesa”, para não gastar muito dinheiro em ajudas de custo, chegaram no dia da inspeção veterinária, quando podiam ter partido de Portugal com uma semana de antecedência.

Pelo meio, em 1986, também participei em Madrid, no Concurso Completo de Equitação, onde ganhei a Medalha de Bronze individual e Portugal ganhou a Medalha de bronze por equipas; lembro-me de à minha chegada a Portugal, ver em particular, a tua enorme e sentida alegria pelo êxito que acabara de alcançar. Entretanto tínhamos feito em anos separados, o Curso de Mestres de Equitação.

Curiosamente as nossas vidas foram correndo de forma semelhante.

Tu estavas em Estremoz, no Regimento de Cavalaria nº 3, acabaste o teu deslocamento e fui eu que te substituí.

Eu estive na Academia Miliar, como Mestre de Equitação e quando terminei funções foste tu que me substituíste.

Tu foste Diretor de Ensino no CMEFED e mais uma vez fui substituir-te.

Fomos em simultâneo Segundos Comandantes, tu no Regimento de Lanceiros nº 2, em Lisboa e eu no Regimento de Cavalaria nº 4, em Santa Margarida.

Finalmente, fomos também Comandantes em simultâneo, tu no Regimento de Cavalaria nº 6, em Braga e eu no CMEFED, em Mafra.

Depois de passarmos à Reserva ainda demos aulas pela Escola Nacional de Equitação.

No dia 30 de setembro de 2013 o CMEFED foi extinto! Triste, criminoso, injusto, revoltante! Não merecíamos este desfecho.

Finalmente separámo-nos um pouco, quando tu assumiste a tempo inteiro as tuas funções de Comissário Chefe na Federação Equestre Portuguesa.

Meu Querido António!

Foram décadas, que vivemos muito perto um do outro.

Por isso quero que todos saibam que eras um Amigo de “mão cheia”, um Coração de Ouro, um Homem Puro, íntegro, super divertido, com um sentido de humor invulgar, um “tipo” excecional.

Que sorte eu tive por ter vivido tantos anos perto de ti! Divertimo-nos imenso, muito mesmo, fizemos muitas coisas boas e bonitas em prol da Equitação Militar.

Tivemos dezenas e dezenas de alunos comuns e de todos sem exceção senti sempre que tinham um carinho muito especial por ti. Convivemos, trabalhámos e privámos com muitas, muitas pessoas e não me lembro de uma que não tivesse uma grande estima, admiração e respeito por ti.

Estive contigo e com o teu filho Tiago, no hospital, num dos últimos dias de julho de 2024. Ainda nos rimos um pouco, até falámos do “nosso novo” Futebol Clube do Porto!

No dia 1 de agosto fiz 70 anos e no dia 4 de agosto juntei cerca de 30 amigos, quase todos comuns, num almoço a que tu não pudeste ir. Nesse almoço pedi a todos que pensassem um bocadinho em ti, desejando que tivesses forças para continuar a lutar. Quando terminámos o almoço soubemos que tinhas acabado de nos deixar...

Termino, enviando-te em nome de todos quantos por cá privaram contigo um abraço muito apertado.

Até um dia, António!

Manuel Teles Grilo 222/1964

Os que nos deixaram

Quando a notícia chegou, logo se espalhou uma onda de comoção e surpresa pela morte de quem muitos lembraram a bondade e a camaradagem. Partira sem avisar, discretamente, como o bem que ao longo da vida foi fazendo a quem precisava ou lho pedia, designadamente como médico oftalmologista. Depois do Colégio, de 1961 a 1968, onde foi 1* da 2ª companhia, licenciou-se em 1976 pela Faculdade de Medicina de Lisboa, cumpriu o serviço militar em 79-80 no Hospital Militar Principal – Serviço de Oftalmologia e iniciou o internato complementar da especialidade no Instituto Dr. Gama Pinto em 1984.

Obteve o grau de Especialidade pela Ordem dos Médicos em 1988 e o de Assistente Hospitalar de Oftalmologia em 1991.

Meu querido Irmão,

Avida separou-nos cedo de mais, tomamos caminhos diferentes, mas a dor desta perda nunca se irá apagar e ficarão todas as memórias e lembranças que dividimos desde a nossa infância na casa dos avós na Cerdeira, em Lourenço Marques e

Fernando Reinaldo Luís Pereira dos Santos (563/1961)

Médico Oftalmologista

Nasceu a 5 de Fevereiro de 1951

Faleceu a 17 de Julho de 2024

Em 1997 entrou no quadro do Sindicato dos Bancários dos Sul e Ilhas. Após 14 anos de colaboração no Instituto Dr. Gama Pinto, desenvolveu a sua atividade nos S.A.M.S., na Associação de Socorros Mútuos dos Empregados do Comércio de Lisboa e em clínica Privada.

Como cirurgião trabalhou no Instituto Dr. Gama Pinto, na Clínica de Santo António, na Clínica S. João de Deus, na Clínica de S. Lucas, no Hospital dos S.A.M.S e na Associação dos Empregados do Comércio de Lisboa.

Vem do tempo do Colégio a grande amizade que sentíamos por ele. Discreto, íntegro e honesto, personificava o bom camarada. Num dia em que, numa aula de História sobre a Grécia Antiga e o século de Péri-

cles, face à distração geral o prof. Romão resolve perguntar ao Fernando de quem tinham estado a falar, ele, hesitante, arriscou: – Não foi do Pérides, jogador do Sporting? A risada foi tal que a alcunha ficou. Sendo um bom velocista, era sempre escolhido para a equipa de estafetas. Em Espanha perdeu tempo nos blocos por lhe ter escapado o “listos”.

Saiu da vida, mas não da nossa vida; como poderíamos acreditar que morreu quem tão vivo está nos nossos corações, lê-se na pagela, citando Stº Agostinho.

Vamos conversando, Fernando. Qualquer dia tocamos-te à porta.

Fernando Jorge de Sousa Monteiro Vicente (636/1972)

Faleceu a 19 de Julho de 2024

dos meus primeiros passos no Colégio Militar onde sem dúvida foste o meu leme, bem como depois no resto das nossas vidas que de encontros e desencontros.

Vou sentir falta da nossa convivência e até das nossas brigas. Todos os dias penso nos pais e em ti, pensando porque será que teria de ser assim, de teres partido tão cedo

deixando saudades do teu riso, das conversas, das implicâncias e das nossas brincadeiras, sobretudo da nossa juventude. Saudades eternas meu irmão, sei também que juntamente com os nossos pais estás lá no céu a olhar por mim em todos os momentos da minha vida.

Marcos Vicente (22/1975)

Pelo Curso de 1961
Nuno Matos Silva 91/1961

Armando Vicente da Silva Bernardo (55/1953)

Faleceu a 16 de Outubro de 2024

Feliciano José Mora Moniz Santos (392/1959)

Faleceu a 10 de Outubro de 2024

António Manuel Estrela Teixeira (424/1972)

Faleceu a 17 de Julho de 2024

Recebemos na “Zacatraz”, a triste notícia do falecimento deste nosso camarada, que subiu ao “Zimbório”, na Cúpula da Capela dos Claustros.

Na impossibilidade de termos assegurado algumas palavras que aqui o recordassem, endereçamos a todos os seus familiares, as nossas mais sentidas condolências. Os que nos deixaram

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Z237 Revista ZACATRAZ - Web by AAACM - Issuu