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ESP ECIAL
Imóveis
Entre crescer e concentrar O mercado imobiliário de São Paulo expandiu continuamente para as periferias da cidade até esse crescimento ficar insustentável. Agora, a solução é valorizar o adensamento para as regiões com infraestrutura bem consolidada
POR JOÃO BENZ AO PASSEAR POR SÃO PAULO, vemos arra-
nha-céus ao lado de pequenos prédios, construções modernas indo de encontro a cortiços, e condomínios de luxo contornados por favelas. Em meio a tantos contrastes, é de se imaginar que a expansão da cidade aconteceu de forma desordenada, sem que houvesse políticas para direcionar seu crescimento. Contudo, elas existem, e agora, mais do que nunca, estão voltadas para conter os seus limites. O Plano Diretor Estratégico (PDE) é o principal articulador de uma série de
instrumentos que organizam o planejamento urbano do município – como as leis de zoneamento, o código de obras e os planos para cada setor e região da cidade. São Paulo já teve vários planos de urbanização, cada um concebendo um modelo diferente de cidade. Depois de anos de expansão constante, o projeto atual, aprovado em 2014, promete adensar a cidade para torná-la mais eficiente, aproximando moradia e trabalho. Em 1972, a Câmara Municipal aprovou políticas que impulsionariam
o crescimento da cidade. “Nessa época, o Plano Diretor de Desenvolvimento Integrado e a Lei de Zoneamento de 1972 favoreceram a expansão da cidade para áreas mais remotas e dificultaram o uso misto, isto é, a presença de prédios residenciais, comércios e serviços em um mesmo lote – algo que sempre foi muito característico de São Paulo, mas que a lei foi apagando”, conta Valter Caldana, professor da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade Presbiteriana Mackenzie.