29HORAS - julho 2025 - ed. 186 - RJ

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JULHO/2025 distribuição gratuita no aeroporto santos dumont

Rodrigo Simas

Ator encabeça o elenco da nova montagem de “Hair”, histórico musical que estreia este mês no Teatro Riachuelo resgatando a estética e o espírito hippie do movimento ‘flower power‘

JULHO

VEM AÍ

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Publisher Pedro Barbastefano Júnior

Conselho editorial Chantal Brissac, Clóvis Cordeiro, Didú Russo, Georges Henri Foz, Kike Martins da Costa, Leonardo Chebly, Luiz Toledo, Paula Calçade, Pedro Barbastefano Júnior e Ricardo F. Marques

redação Paula Calçade (editora executiva); Kike Martins da Costa (editor contribuinte); Rose Oseki (editora de arte), Vivian Monicci (repórter)

Colaboradores André Hellmeister, Chantal Brissac, Didú Russo, Georges Henri Foz, Karen Kohatsu, Luciane Araújo, Luiz Toledo, Patricia Palumbo, Vicky Romano

tratamento de imagens Karen Kohatsu, Rose Oseki

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Jornalista resPonsável Paula Calçade MTB 88.231/SP

29HORAS é uma publicação da MPC11 Publicidade Ltda.

A revista 29HORAS respeita a liberdade de expressão. As matérias, reportagens e artigos são de responsabilidade exclusiva de seus signatários.

Av. Nove de Julho, 5966 - cj. 12 — Jd. Paulista, São Paulo — Cep: 01406-200 Tel.: 11.3086.0088 Fax: 11.3086.0676

12 Capa

Foto da capa: Brunno Rangel

Rodrigo Simas estreia o espetáculo "Hair", no Teatro Riachuelo

Hora Rio

Festival de Inverno acontece na Marina da Glória com shows para todos os gostos

Vozes da cidade 11

Trilhas e aventuras para diferentes públicos no Rio

Economia criativa

Projeto destaca a língua portuguesa em exposições

Turnê comemorativa de Ana Carolina, Festival de Inverno na Marina da Glória e receitas frescas e saborosas em Paraty

Coquetelê, belisquê e bora cumê!

hora

O MELHOR DA CIDADE MARAVILHOSA

LEBLON O estrelado chef João Paulo Frankenfeld, do Casa 201, no Jardim Botânico, é o nome à frente do Balcão 201, um bar e bistrô recém-inaugurado no Leblon, com menu composto por sanduíches, aperitivos e pratos da culinária francesa, mais uma carta de clássicos da coquetelaria. Com poucas mesas, bancos altos e um balcão voltado para o bar, o espaço tem como destaques de seu cardápio belisquetes como os rollmops (peixe em conserva com picles), croquetes de pastrami com mostarda, mousse de fígado com gelatina de vermute, homus de feijão branco, rillettes de porco servidas com torradas e uma tábua de charcutaria e queijos com pão schiacciata e mel de abelhas nativas. Entre os pratos, as sugestões incluem brandade de bacalhau, steak tartare com fritas e filet au poivre.

BALCÃO 201: Rua Dias Ferreira, 113, Leblon.

Bombas juninas que são explosão de brasilidade

Confeitaria do BarraShopping cria três éclairs que combinam a técnica francesa e os sabores bem brasileiros, típicos dos festejos de São João

De Norte a Sul do Brasil, as chamadas festas juninas adentram o mês de julho. De olho nessa época de festejos, a cafeteria e bistrô Éclair preparou uma edição limitada de éclairs de São João. Também conhecidas como bombas, elas têm coberturas e recheios inspirados nas receitas que tradicionalmente povoam as mesas dessas celebrações. A chef Millena Sá criou versões que unem a sofisticação da confeitaria francesa e as memórias afetivas da cultura caipira brasileira. A éclair de milho verde é recheada com mousse de milho verde e tem cobertura de creme de milho e canela. Já a éclair de coco queimado tem mousse de

coco queimado no recheio e cobertura de coco queimado. E a éclair de amendoim é recheada com mousse de amendoim e finalizado com farofa de amendoim tostada. Cada éclair em tamanho grande custa R$ 35. Elas estão disponíveis somente até o final de julho na loja do BarraShopping.

Éclair

Avenida das Américas, 4.666, Barra da Tijuca, tel. 21 3556-9808.

Fast food asiático pega a Ponte-Aérea

Rede paulista Mei Mei inaugura sua primeira unidade carioca, com seu variado bufê e também pratos à la carte, como o frango xadrez e os yakissobas

Fundada em 1991 em São Paulo, a rede Mei Mei, pioneira no segmento de fast food asiático, acaba de chegar ao Rio de Janeiro, com a abertura de sua primeira loja no BarraShopping. Com dezenas de unidades — todas em shoppings —, a rede traz para o público carioca o melhor da comida chinesa e japonesa com qualidade, rapidez, padronização e serviço.

No bufê que custa R$ 113,90/kg é possível encontrar mais de 30 variações de pratos quentes e frios, incluindo opções vegetarianas e veganas, com sabores autênticos asiáticos em uma combinação cuidadosa entre técnicas tradicionais e inovadoras. A rede não trabalha com produtos pré-prontos e os peixes são preparados no próprio local, garantindo qualidade e frescor.

Além de sushis, sashimis, usuzukuris, pokes e temakis, o bufê oferece pratos quentes como rolinhos primavera, guiozas de carne suína e frango xadrez. A casa também trabalha com um cardápio à la carte, com diversas opções de yakissobas de carne ou de camarão, pokes especiais e combinados de sushi e sashimi.

Mei Mei

Avenida das Américas, 4.666 (BarraShopping), Barra da Tijuca, tel. 21 4003-4131.

FOTOS
BARRA
BARRA

GLÓRIA

Noites frias com shows quentinhos

Festival de Inverno reúne artistas de variados estilos em encontros que prometem ser memoráveis. Line-up passeia de Liniker a Caetano Veloso, passando por Paulinho da Viola e Marina Sena

Nos dias 11, 12 e 13 de julho, e 1, 2 e 3 de agosto, acontece na Marina da Glória a 8ª edição do Enel Festival de Inverno Rio, que promove encontros notáveis que prometem aquecer as noites da estação mais fria do ano. A programação começa quente, com um line-up que inclui Gloria Groove, Duda Beat e Marina Sena na sexta-feira, dia 11 de julho. Na sequência, no sábado (12), sobem ao palco João Gomes, Alceu Valença e Zé Ramalho, numa noite de identidade bem nordestina. No domingo, dia 13, o rock de Biquini, CPM22 e Charlie Brown fecha o primeiro fim de semana do festival.

No segundo tempo, que começa na sexta-feira, dia 1º de agosto, acontece um mix escalafobético de Liniker com Ferrugem e Pedro Sampaio. O luxuoso sábado (2 de agosto)

CENTRO

O Rio do século 19 no olhar de Debret

Exposição em cartaz no Centro Cultural Banco do Brasil reúne obras do pintor francês que revelam como eram as roupas, o trabalho, a comida e as paisagens na capital do Império

reúne Paulinho da Viola, Teresa Cristina e Vanessa da Mata, e o domingo, dia 3, encerra a festa, com apresentações dos gigantes Caetano Veloso, Alcione e Frejat.

Marina da Glória Avenida Infante Dom Henrique, s/ nº, Glória. Ingressos de R$ 160 a R$ 640.

O pintor Jean-Baptiste Debret é um dos artistas que integraram a missão artística francesa, que visitou o Brasil em 1817. Como vários outros artistas estrangeiros que aportaram por aqui, Debret contribuiu para o desenvolvimento das belas-artes no Brasil e também soube construir uma interpretação fantástica de sua vida nos trópicos.

Em cartaz até o final de setembro no Centro Cultural Banco do Brasil, a exposição “Paisagens e Pessoas: O Rio Pelos Olhos de Debret” apresenta ao público uma seleção de obras que fazem parte da publicação “Viagem Pitoresca e Histórica ao Brasil: Aquarelas e Desenhos que Não Foram Reproduzidos na Edição de Firmin Didot – 1934”.

Para a exposição foram escolhidas reproduções que retratam a chegada de Debret ao Rio de Janeiro, paisagens brasileiras, representações da indumentária, da comida, do trabalho e da vida social da capital do Império no século 19.

Centro Cultural Banco do Brasil: Rua Primeiro de Março, 66, Centro, tel. 21 3808-2020. Entrada gratuita.

25 Anas em um só palco

Ana Carolina dá o start na turnê que celebra seus 25 anos de carreira fazendo show na Qualistage recheado de hits e efeitos especiais

Celebrando seus 25 anos de carreira, Ana Carolina coleciona sucessos que recheiam seus 13 álbuns e 8 DVDs. Agora a cantora mergulha de cabeça no seu lado de compositora e produtora e lança “Ainda Já”, um EP só com faixas inéditas e de sua autoria.

Para marcar esse lançamento, ela dá início à turnê “25 Anas”. No Rio, o show acontece no dia 12 de julho, na casa de espetáculos Qualistage. Dividido teatralmente em cinco atos não cronológicos — “A História”, “A Paixão”, “A Memória”, “O Reencontro” e “A Celebração” —, o show é permeado por grandes sucessos, elementos cênicos e projeções em LED que ajudam a contar, de forma quase cinematográfica, as eras vividas pela cantora. É também nesse “armazém” simbólico que o público terá acesso, em primeira mão, às faixas inéditas do EP “Ainda Já”, que serão apresentadas ao vivo pela primeira vez.

Depois do Rio, a turnê segue por cidades como São Luís (16 de agosto), Porto Alegre (22/8), São Paulo (23/8), Curitiba (13 de setembro) e Belo Horizonte (15 de novembro).

Qualistage

Avenida Ayrton Senna, 3.000, Barra da Tijuca. Ingressos de R$ 80 a R$ 440.

Expedição pelo universo da botânica

Bar Liz renova sua carta de drinques exaltando os ingredientes do mundo vegetal e lança tinturas para o cliente incrementar o seu próprio coquetel

Único bar carioca presente na lista dos World Top 500 Bars em 2024, o Liz Cocktail & Co. acaba de renovar sua carta de coquetéis, assinada pelo premiado mixologista Tai Barbin. Nela, cada birinaite é um fragmento das vivências da Liz e se liga a um verbete da enciclopédia botânica da coquetelaria. O refrescante e terroso Açai, por exemplo, tem camu-camu amazônico, bourbon Maker’s Mark, açaí e vinagre de arroz. Já o intenso e seco Endro traz essa erva misturada com gim Beefeater, vodka Absolut, Lillet Blanc, vermute seco, semente de mostarda, tomilho e cravo.

Além disso, o Liz Cocktail & Co. inaugura um novo recurso na seção de clássicos da casa. Seis tinturas autorais foram criadas para cada um customizar o próprio coquetel. “É como uma essência extraída do sabor de um insumo, combinada com álcool de cereais. E a pessoa pode ajustar como desejar em uma receita clássica. E, assim, chegar num Martini com lavanda ou um Old Fashioned com mostarda, por exemplo”, explica Barbin.

Cocktail & Co. Rua

679, Leblon. tel. 21 98224-3611.

FOTOS
DIVULGAÇÃO
LEBLON
Liz
Dias Ferreira,

Os dias de glória chegaram

Como “le jour de gloire est arrivé”, o famoso verso de “A Marselhesa”, o cardápio do Glória Bistrô é um verdadeiro hino a um dos maiores tesouros da cultura francesa — sua rica gastronomia!

O Glória Bistrô é o mais novo projeto do restaurateur Leo Rezende. Inspirado nos bistrôs parisienses, o restaurante mistura cozinha tradicional francesa com as influências culturais dos imigrantes, como vem sendo observado há tempos em Paris. À frente da cozinha está o chef Ignácio Peixoto, que assina o cardápio recheado de delícias como o steak de atum com molho poivre e alho-poró frito, o magret de pato selado e servido com purê de cenouras, o pastrami de costela Angus com molho demi glace e purê de batata baroa (também conhecida como mandioquinha) e o linguine com camarões e beurre blanc. De sobremesa, vale apostar no mil-folhas de banoffee ou no mousse de chocolate com avelãs tostadas. À carta de vinhos esperta soma-se uma boa seleção de drinques clássicos e uma trilha sonora que passeia pelo jazz e soul dos anos 70 até o hip hop dos anos 90.

Glória Bistrô

Rua Barão da Torre, 340, Ipanema.

GLÓRIA

José

de Abreu em papel de alto peso dramático

Em cartaz no Teatro Adolpho Bloch com a peça “A Baleia”, ator usa próteses e figurino especial para interpretar no palco um personagem com mais de 300 kg

O ator José de Abreu retorna ao teatro após um hiato de mais de dez anos. Ele é o protagonista da peça “A Baleia”, do dramaturgo norte-americano Samuel D. Hunter, que deu origem ao filme que em 2023 rendeu o Oscar de melhor ator a Brendan Fraser.

Em cartaz no Teatro Adolpho Bloch até o dia 20 de julho, o texto aborda temas como isolamento e reconexão. Conta a história de Charlie, um professor de inglês obeso e recluso que tenta se reconciliar com sua filha Ellie, adolescente revoltada e sem papas na língua, interpretada por Gabriela Freire.

Para viver o personagem de quase 300 quilos, José de Abreu tem uma caracterização complexa. O ator usa, além de prótese facial, um figurino com enchimento e climatizado (tem mais de 4 kg de gelo). O elenco também conta com Luisa Thiré, Eduardo Speroni e a participação especial de Alice Borges.

160.

Teatro Adolpho Bloch Rua do Russel, 804, Glória, tel. 21 3553-3557. Ingressos de R$ 25 a R$
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PARATY

Exaltação ao mar

Seja em terra firme ou a bordo de uma charmosa embarcação, a chef Gisela Schmitt oferece uma seleção especial de peixes e frutos do mar em receitas criativas e verdadeiramente saborosas

A PAULISTANA GISELA SCHMITT se adaptou muito bem às águas esverdeadas e ao encanto cultural de Paraty. É na terra da Flip que ela inaugurou, em 2017, o Gastromar, na Marina Porto Imperial, a 10 minutos do centro histórico da cidade. Atendendo quem chega pelo mar e pela terra, o restaurante reserva opções do café da manhã ao jantar, além de presentear locais e turistas com festas especiais ao longo do ano.

As criações de Gisela exalam frescor com produtos da rede de fornecedores desenvolvida localmente pela chef, incluindo pescadores artesanais e pequenos produtores de ingredientes orgânicos, como cachaça e mel. No menu, os destaques ficam para o Curado Caiçara, blinis de tapioca com prejereba curada na cachaça e beterraba, creme azedo, conservas da casa e tobiko; e ainda para a isca de ostra, o arroz de polvo e os sandubas de peixe e camarão. A oferta de bebidas apresenta uma carta de vinhos composta

quase 100% por rótulos nacionais e drinques autorais e clássicos.

Essas e outras delícias podem ser degustadas também no Sem Pressa –embarcação da chef que é um verdadeiro restaurante flutuante e intimista. Com paradas em pontos pouco conhecidos, o pacote inclui almoço de seis tempos baseado nos produtos mais frescos do dia, sobremesa, bebidas e mesa montada nos mínimos detalhes. Muito mais do que comes e bebes para um passeio de barco, a experiência é completa e serve grupos de até 18 pessoas.

E depois de tanto indicar pousadas para aqueles que chegam ao seu restaurante e barco, Gisela abriu no ano passado a Casa Tomate, no condomínio Porto Imperial – uma locação para temporada com paredes vividamente vermelhas e decorada com móveis e peças na identidade do Gastromar. O lugar dispõe de quatro suítes para acomodar até 12 pessoas, cozinha equipada, piscina e sauna úmida.

Os hóspedes podem contar ainda com produtos da horta orgânica da chef e serviço de catering do restaurante.

Por Paula Calçade

Gastromar

BR101, km 578,5 - Marina Porto Imperial, Paraty. tel. 24 99844-3788.

Casa Tomate

Reservas: www.gastromarparaty.com/casatomate

Em sentido horário, camarão e mexilhões do Gastromar, mesa posta do Sem Pressa e a chef Gisela Schmitt
FOTO @FOTOSINCRIVEISPARATY / DIVULAGAÇÃO

@junglemerio

Vozes da cidade

POR THIAGO MOURÃO*

Imersões na natureza

Trilhas e parques espalhados pelo Rio revelam experiências ricas de contato com o meio de ambiente para diferentes públicos

Mirante do Caeté

“Pouca gente sabe, mas a Prainha é também um parque. Quem estiver disposto, tem a chance de percorrer a trilha que leva ao Mirante do Caeté em 30 minutos. De lá, é possível admirar uma vista bacana para a própria Prainha, a orla da Zona Oeste e o ‘Gigante Adormecido’.”

Prainha, Recreio dos Bandeirante

Pedra da Gávea

“É uma das trilhas mais clássicas e emblemáticas da cidade.

Porém, umas das mais difíceis! Prepare-se para 3h30 de subida em terreno acidentado, com lindas vistas para a parte Sul e Oeste do Rio. Recomendo ir acompanhado de um guia de turismo e equipamento de escalada.”

Estrada Sorima, Barra da Tijuca

Pedra Bonita

“Uma opção mais fácil é a trilha da Pedra Bonita, que também é um clássico. Com 40 minutos de subida leve a moderada, o caminhante chega ao cume com vistas deslumbrantes para Ipanema, Leblon, São Conrado, praias e lagoas da Zona Oeste e o melhor... a vista para a Pedra da Gávea, que é linda!”

Estrada das Paineiras, Santa Teresa

Floresta da Tijuca

“O Parque Nacional da Tijuca tem quatro setores, e o do Alto da Boa Vista oferece uma infinidade de trilhas com todos os níveis de dificuldade. Por ali, o aventureiro tem uma experiência rica com natureza, cultura e história, podendo visitar ruínas de antigas fazendas de café, a Capela Mayrink, fontes e caminhos históricos, e ainda cachoeiras, grutas e picos com vistas incríveis.”

Estrada da Cascatinha, Alto da Boa Vista

*THIAGO MOURÃO é empresário, guia de turismo, condutor de aventura e diretor da Jungle Me, empresa especializada em soft adventure e trilhas no Rio de Janeiro

As dicas de quem adora o Rio

FLORESTA DA TIJUCA
PEDRA BONITA
PEDRA DA GÁVEA

Força na

cabeleira!

EXPLORANDO NOVAS POSSIBILIDADES E NOVOS DESAFIOS COMO ATOR, RODRIGO SIMAS ENCABEÇA O ELENCO DA NOVA MONTAGEM DO MUSICAL “HAIR”, EM CARTAZ ATÉ SETEMBRO NO TEATRO RIACHUELO, E REVELA SEU LADO MAIS OUSADO, MAIS SÉRIO E MAIS INTENSO

CABELO QUANDO CRESCE É TEMPO / Cabelo embaraçado é vento / Cabelo vem de lá de dentro / Cabelo é como pensamento”. A poesia de Arnaldo Antunes imortalizada na voz de Gal Costa diz muito sobre o cabelo, mas não diz tudo. No musical “Hair”, que abalou as estruturas da sociedade no final dos anos 1960 e agora ganha nova versão em cartaz a partir de 4 de julho no Teatro Riachuelo, cabelo também é um símbolo de transgressão, de irreverência e de liberdade.

Com longas madeixas, Rodrigo Simas encabeça o elenco dessa nova montagem do espetáculo. Aos 33 anos, o ator carioca que ficou famoso nacionalmente ao vencer o reality “Dança dos Famosos” e participar da novelinha teen “Malhação” em 2012 vem se notabilizando por papéis mais complexos que vem interpretando nesses últimos anos.

“Eu sempre fui uma pessoa muito leve. Mas, desde os meus 27-28 anos, entrei num processo para me conhecer melhor. Isso fez com que eu me tornasse uma pessoa mais focada, intensa e carregada. Posso ainda ser bem tranquilo e superficial em alguns momentos, mas também tenho um lado mais profundo e denso, que venho gostando de explorar”, avisa o ator.

Em conversa com a reportagem da 29HORAS, Rodrigo fala sobre o desafio de interpretar um personagem tão icônico e rico como o Berger de “Hair”, confessa sua admiração e seu respeito pelos hippies, evita fazer grandes revelações sobre sua relação com a atriz Agatha Moreira e conta um pouco de como foi sua experiência na gravação da versão em áudio do romance “Orgulho e Preconceito” para a plataforma Audible. Confira nas páginas a seguir os principais trechos da entrevista.

Como você se sente protagonizando um espetáculo que, em sua estreia no Brasil, foi encenado por grandes atores como Antonio Fagundes, Sonia Braga, Ney Latorraca, Aracy Balabanian, José Wilker e Neuza Borges?

Está sendo uma honra, porque todos esses são profissionais que têm carreiras brilhantes e que eu admiro muito. Não imaginava que um dia eu teria essa oportunidade de interpretar o Berger, um personagem que me atravessa em vários aspectos. É um grande desafio para mim, e eu adoro desafios, gosto de me colocar num lugar vulnerável como ator e ter de encontrar soluções.

O que mais te estimula e te desafia nessa produção?

O canto, para mim, é algo muito instigante, é algo que eu estou indo atrás nesse momento. A musicalidade entrou na minha vida desde cedo, pelo caminho da capoeira, que é algo que eu trago em meu DNA [Rodrigo é filho do capoeirista Beto Simas]. É algo corporal. Já fiz aulas de canto em vários momentos da minha vida, mas nunca algo com muita profundidade e com continuidade. O último contato que eu tive com a música foi na preparação para atuar em “As Aventuras de José & Durval”. Agora, para atuar em “Hair”, que eu considero o meu primeiro musical de verdade [Rodrigo participou de montagens amadorísticas de “Grease”, “Mamma Mia” e “High School Musical” no início de sua carreira], tive três mentores: Dani Lima, com quem já venho tendo aulas há um bom tempo; Gilberto Chaves, um fonoaudiólogo fera de São Paulo, que é também professor de canto e preparador vocal; e o maestro Marcelo Castro, que é o diretor musical do espetáculo. É uma trinca poderosa que tem ajudado diariamente no meu aprimoramento.

Quantas vezes você já assistiu ao filme de 1979?

Teve a oportunidade de ver alguma montagem da peça no Brasil ou no exterior?

Vi o filme algumas vezes e tive também a oportunidade de ver ao vivo a montagem brasileira de 2010, que foi igualmente adaptada pela dupla Charles Möeller e Claudio Botelho e tinha o elenco encabeçado pelo Igor Rickli com o Hugo Bonemer, a Letícia Colin e a Karin Hills. Fiquei muito impressionado com a força dessa tribo hippie. O filme e a peça têm a mesma essência, mas são bem diferentes. As linguagens são distintas e a adaptação para o cinema permitiu algumas pirações impossíveis no palco.

Rodrigo e Felipe Simas em "As Aventuras de José & Durval"; o ator na novela Renascer, ao lado de Juan Paiva; com Thomás Aquino em "Vidas Bandidas"; e com Thati Lopes e Jonas Bloch em "Viva a Vida"

Na sua estreia mundial, “Hair” surgiu não apenas como um fenômeno ou como uma celebração da contracultura, era também um manifesto pela paz, contra a guerra do Vietnã, contra a caretice, a opressão e o capitalismo selvagem. Não acha impressionante que agora, quase 60 anos depois, o mundo esteja novamente ou ainda cheio de guerras e na mesma luta contra forças retrógradas e ultraconservadoras?

Pois é, depois de tanta mudança, voltamos todos ao mesmo lugar! Mas é por isso que eu acho que “Hair” é um espetáculo tão potente mesmo tendo sido concebido há décadas. Outro dia mesmo eu estava conversando com meus colegas da peça que o fato de sermos atores, de estarmos no palco e de sermos a favor da cultura mesmo depois de tudo que vivemos recentemente neste país, isso já é um manifesto. É de fato uma resistência e uma demonstração do quanto a arte é importante e necessária para a vida das pessoas. E o espetáculo ainda ter essa mensagem pela paz, pela liberdade e pelo amor só reforça ainda mais sua força e sua relevância nos dias de hoje.

A liberação sexual e o amor livre são duas das principais questões abordadas pela peça. Em 2023 você declarou publicamente ser bissexual. Isso facilita de alguma forma o seu trabalho de compor e interpretar o Berger, que tem uma sexualidade fluida?

Eu acho que o fato de eu ter falado disso me dá mais segurança sobre quem eu sou e isso me potencializa como ator, amplia o meu leque de possibilidades. É algo que me libera, que permite que eu seja um artista mais livre e tenha mais ousadia para experimentar e encarnar esse personagem e muitos outros. Eu fico mais à vontade e as pessoas conseguem me ver melhor no papel de alguém com o Berger.

O Rodrigo gostaria de ser um hippie? Ou, melhor, você se identifica com as ideias e causas defendidas pelo movimento hippie?

Numa utopia eu gostaria, sim, de ser hippie. Mas, no mundo de hoje, ser hippie significa viver completamente à margem da sociedade. Vivemos em um sistema que cobra um preço muito alto por essa escolha. É uma opção complicada. Eu admiro quem se propõe a viver dentro desses princípios, mas precisa querer muito e ter muita convicção. Naquela época da peça, as pessoas precisavam abrir mão de menos coisas para aderir a um estilo de vida hippie. Atualmente, a gente teria que desapegar de muuuita coisa para entrar nessa.

Você e a Agatha Moreira vivem juntos há cerca de sete anos, mas em declarações recentes disseram que filhos não estão nos planos, ao menos no curto/médio prazo. Que outros projetos você tem junto com ela? Planejam atuar juntos em algum filme ou peça? Pretendem adotar um cachorro?

Ou comprar um bebê reborn?

Olha, a gente vive muito o presente. Temos muita vontade de atuar juntos e temos certeza de que o universo um dia vai nos unir novamente numa novela, num palco ou em uma produção para o cinema ou para o streaming. Mas são coisas que a gente não fica planejando. Tentamos não programar o nosso futuro e levar uma vida com leveza e sem ansiedade — se é que isso é possível.

A gente dá mão um para o outro sempre que eu ou ela demonstramos algum sinal de ansiedade.

Você chegou a ter contrato fixo de longa duração com a Globo, afinal esteve por mais de dez anos

Rodrigo Simas com parte do elenco da nova montagem do musical "Hair"
FOTO DIVULGAÇÃO

atuando na emissora, não? É melhor ter contrato de exclusividade ou estar sempre mais disponível para novos trabalhos?

Cada alternativa — o contrato fixo ou a ausência de vínculo de exclusividade com quem quer que seja — tem seus pontos positivos e negativos. Tive contrato com a Globo durante uns sete ou oito anos e posso afirmar com toda certeza que cresci e evoluí muito enquanto estive lá. Foi maravilhoso, fiz trabalhos que me dão muito orgulho. Quando fiz “Renascer”, já não tinha mais contrato fixo, mas foi ótimo voltar, a porta se mantém aberta. Até por causa disso, hoje eu prefiro a liberdade e estar aberto para novos projetos. Estou num momento em que eu posso dizer ‘não’ se eventualmente o personagem ou a história não me atravessam. São tantas opções no mercado, é difícil ficar atrelado a uma só produtora de conteúdo. Será que se eu ainda estivesse contratado na Globo eu teria disponibilidade e seria liberado para fazer o “Hair”, que é algo que eu estou amando?

E você também gravou recentemente uma versão de “Orgulho e Preconceito” para a plataforma de audiolivros Audible. Fale para a gente um pouco sobre esse trabalho.

Esse é outro projeto que eu pude fazer por estar

livre para aceitar o convite. Eu já tinha assistido ao filme lá atrás, quando foi lançado, em 2005, mas essa história entrou mesmo na minha vida quando fui convidado para atuar na novela “Orgulho e Paixão”, em 2018, cuja história também é inspirada no livro de Jane Austen que deu origem ao filme. E foi justamente nessa novela que eu comecei a namorar a Agatha! Nossos personagens pertenciam ao mesmo núcleo da história. Quando a Audible me chamou, fiquei muito feliz, por seu uma trama que conheço bem. Nessa versão, interpreto um personagem que na novela foi vivido pelo Thiago Lacerda. O processo todo foi divertido e interessante, tive a oportunidade de experimentar uma nova linguagem — foi um desafio entender como é colocar toda a interpretação só na voz — e contracenar com a Julia Dalavia foi muito legal. Essa “audionovela” será disponibilizada na plataforma Audible no dia 6 de outubro.

Seus últimos trabalhos na TV foram “Renascer” (novela exibida entre janeiro e setembro de 2024) e “As Aventuras de José & Durval” (minissérie disponível na Globoplay desde agosto de 2023 e exibida na TV Globo entre outubro e novembro de 2024). Pretende voltar em breve? E no cinema e no teatro, onde poderemos te ver depois de “Hair”?

Na televisão não tenho nada engatilhado para o curto prazo. Para o cinema e o streaming eu só posso te dizer que já apareceram outros convites e possibilidades, mas este ano eu estou 100% focado em “Hair”. Ficaremos em cartaz no Rio até setembro e, em outubro, começa a temporada do musical em São Paulo, na inauguração do BTG Pactual Hall, no prédio onde funcionava o Teatro Alfa. Porém, para quem quiser me ver hoje na TV, o longa “Viva a Vida”, no qual eu contraceno com a Thati Lopes e com o Jonas Bloch, estreou há algumas semanas na Netflix.

Acima, Rodrigo com Agatha Moreira na novela "Orgulho e Paixão". Abaixo, o casal na vida real, juntos há 7 anos

Economia criativa

Força

de conexão

Projetos culturais que envolvem a língua portuguesa e suas histórias celebram a potência criativa na literatura, no cinema e na oralidade

Percebi nas redes sociais que imagens publicadas por fotógrafos e artistas dos países falantes da língua portuguesa revelavam pontos de contato profundos entre culturas separadas por oceanos. Os contextos eram diversos, mas havia ritmos visuais, afetos, estéticas e histórias que se entrelaçavam. A pergunta veio em seguida: como transformar essa sintonia em algo concreto?

Assim nasceu o “Nossa Língua” –um movimento de intercâmbio social, cultural e econômico capaz de estimular alianças reais entre países que compartilham um idioma — e desafios, soluções e desejos de futuro. Unindo Brasil, Angola, Moçambique, Guiné-Bissau, Portugal, Cabo Verde, São Tomé e Príncipe, Timor-Leste e Guiné Equatorial, além de comunidades como Macau (China), Goa (Índia) e

Galícia (Espanha), ativamos redes de criação, circulação e colaboração em todas essas regiões.

O propósito é posicionar a língua portuguesa como um eixo vivo da economia criativa global, que pode, e deve, ser vetor de desenvolvimento e protagonismo entre as culturas. Estamos presentes nos quatro continentes e somos a quarta língua mais falada na internet – 250 milhões de falantes espalhados pelo mundo!

O projeto conecta pessoas, territórios e oportunidades. Já se desdobrou em livro de arte, galeria virtual, exposição coletiva e documentário feito por iPhones – selecionado para o Festival de Cannes em 2016. E em plena pandemia, tivemos a primeira edição do Nossa Língua Festival, no formato online, reunindo artistas e pensadores

LUCIANE ARAÚJO é idealizadora do projeto Nossa Língua e sócia-diretora da Núcleo da Ideia.

Exposição "Nossa Língua"

como Kalaf Epalanga, Ondjaki, Valter Hugo Mãe e Jards Macalé.

Este ano, em que o Rio de Janeiro é reconhecido como Capital Mundial do Livro pela Unesco, acontecerá a 2ª edição do festival, dessa vez presencial, em novembro, no Museu de Arte do Rio (MAR) – celebrando a potência da língua portuguesa nas artes, na literatura, no cinema e na oralidade, mostrando que a diversidade cultural se apresenta como uma força de conexão, não de separação.

Essa vocação para a escuta, a imagem e a palavra também norteia o trabalho da Núcleo da Ideia, agência da qual sou sócia-diretora. Nossos projetos são pensados sob a ótica da cultura como ferramenta de transformação e do entretenimento como linguagem acessível e mobilizadora. Olhar para o outro com interesse genuíno é o que move nossas ideias criativas. “Nossa Língua” não é só nosso: é de quem quiser construir esse futuro com a gente.

POR
Luciane Araújo
FOTO DIVULGAÇÃO

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