29HORAS - agosto 2025 - ed. 187 - RJ

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Onde desfilam as estrelas da Riviera Carioca

Com sua técnica apurada, o chef Ricardo Lapeyre, agora no comando do restaurante Nôa, transforma em verdadeiras joias gastronômicas os peixes e frutos do mar oriundos do litoral fluminense

BOTAFOGO

O manguezal como berço da vida terrena

Com o espetáculo “Carangueja”, Tereza Seiblitz elucubra sobre a capacidade de renovação e transformação desse ameaçado bioma, que é um reflexo do que acontece em todo o planeta

Até o dia 27 de agosto, a peça “Carangueja” é a atração nas noites do teatro Poeirinha. Escrita e protagonizada por Tereza Seiblitz (que até recentemente estava no ar como Doralice na novela “Volta Por Cima”, da TV Globo), a montagem fala da força criadora do nosso planeta. O manguezal funciona como a imagem para falar daquilo que está em permanente transformação e renovação.

Na peça, uma mulher que não sabemos de onde vem ou a que tempo pertence é atravessada por múltiplas vozes, que ouvimos como se estivéssemos dentro de sua cabeça. Uma espécie de metamorfose vai se dando ao longo da ação, levando essa mulher a viver num limiar entre humano e crustáceo, entre mulher e carangueja. A montagem emula a experiência sensorial de um manguezal e seus símbolos. “Carangueja” fala da necessidade tomar para si a responsabilidade pela preservação e defesa desse bioma e a sua relação direta com a qualidade de vida sobre a Terra.

Depois de uma temporada em São Paulo, onde comandou a cozinha do Le Bulot, o chef francobrasileiro Ricardo Lapeyre está de volta ao Rio. É ele quem comanda os trabalhos no restaurante Nôa, que tem uma proposta informal e leve, que funde a gastronomia mediterrânea à valorização do produto local. A cozinha do Nôa é um espelho da riqueza gastronômica da Riviera Carioca.

Aliando técnicas francesas, insumos frescos fornecidos diretamente por pequenos produtores e a alma descontraída do Rio, o menu dá destaque aos frutos do mar, como ostras e vieiras fresquíssimas ou ainda peixes do dia. Entre os carros-chefes da casa, brilham as lambretas com batatas fritas (versão carioca das clássicas moules et frites), o carbonara de lulas com bottarga, o strudel de pirarucu, o spaghetti fresco com camarões lambuzados em melaço e flambados na cachaça ou ainda o crudo de atum servido com stracciatella, páprika defumada e melaço de romã.

Nôa

Rua Garcia D’Ávila, 135, Ipanema, tel. 21 99745-0135.

Teatro Poeirinha
Rua São João Batista, 104, Botafogo, tel. 21 2537-8053. Ingressos de R$ 40 a R$ 80.
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Café da manhã

exclusivo e...flutuante!

Lagune Barra Hotel oferece experiência na piscina de seu rooftop para casais, com atendimento personalizado e muitas delícias para o dia nascer feliz

Localizado nas vizinhanças do Parque Olímpico, o Lagune Barra Hotel é uma opção bem prática para quem vem ao Rio para shows na Farmasi Arena ou eventos na Cidade das Artes e no Riocentro.

O rooftop do hotel é um espaço perfeito para relaxar e apreciar a vista da região. E os hóspedes ainda podem começar o dia por lá numa experiência única: o café da manhã flutuante inclui uma cesta de delícias servida sobre as águas da piscina do hotel. Aqueles que optarem pelo serviço tem acesso privativo à piscina, entre 8h e 9h, uma hora antes da abertura oficial do local. Para um atendimento mais personalizado, o serviço conta com um garçom.

A cesta para duas pessoas custa R$ 320 e inclui itens como tapioca recheada, cuscuz amarelo, panqueca com frutas, Croque Madame ou ovos benedict com presunto Parma, prato de frios, minibolo, salada de frutas, pães variados e pão de queijo, ovos mexidos, geleias, manteiga, requeijão, suco, água mineral e mini-espumante.

Lagune Barra Hotel

Avenida Salvador Allende, 6.555, Barra da Tijuca, tel. 21 2113-7000. Diárias a partir de R$ 360.

Animação garantida

DJ Scarlet é o nome por trás da trilha sonora que agita festas, casamentos e eventos fashion não só no circuito Rio-SP, mas também na Europa, nos EUA e no Caribe

Com 18 anos de carreira, hoje a DJ Scarlet é uma das profissionais mais requisitadas quando o assunto é música vibrante e atmosfera sofisticada. Dona de uma assinatura sonora que tem como base os elementos de house music, Scarlet tem um currículo e uma agenda repleta de apresentações não só no Rio de Janeiro, mas também na França, na Itália, na Grécia, no Marrocos, na Turquia, no México, na República Dominicana e nos Estados Unidos.

Foi Scarlet quem comandou a pista na festa de premiação do Guia Michelin no Hotel Rosewood, em São Paulo. No Rio, seus sets são presenças constantes em celebrações e casamentos realizados no Copacabana Palace. Scarlet é também co-fundadora do projeto DeuxLive, que há 10 anos une música eletrônica e instrumentos clássicos, em parceria com a violinista Daiana Mazza, e toca no Tritony, grupo que conta ainda com uma violinista e uma violoncelista que encanta o público ao combinar beats eletrônicos e cordas ao vivo.

Formada na DJ Scratch Academy, de Nova York, Scarlet começou sua trajetória no universo da moda. Essa ligação com o universo fashion já lhe rendeu convites de marcas como Louis Vuitton, Diesel, Michael Kors, Pandora, Versace e Hublot para animar festas e desfiles.

tel. 21 99737-1800,

BARRA
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DJ Scarlet Contatos pelo
pelo e-mail scarletdjj@gmail.com ou ainda pelo Instagram @djscarlet

PARATY

Paraty se torna a capital das letras pela 23ª vez

Edição 2025 da Flip reúne escritores do mundo todo e fãs da literatura na cidade do litoral fluminense para mesas de debates, palestras e lançamentos

PARATY

Bons drinques entre uma prosa e uma poesia

Bar Atlântico é uma das novidades que entretém os participantes da Flip, com coquetéis assinados pelos premiados Thiago Bañares e Caio Carvalhaes

Recém-inaugurado nos fundos da boutique da designer Flávia Aranha, na Praça da Matriz de Paraty, o Bar Atlântico funde alta coquetelaria, gastronomia do mar para a mesa e um ambiente acolhedor e intimista. São apenas 26 lugares em um espaço aberto, ideal para um happy hour ao entardecer ou um jantar informal.

A carta de drinques é assinada pelos premiados Thiago Bañares e Caio Carvalhaes, dos paulistanos Tan Tan (31º colocado no ranking World’s 50 Best Bars), Kotori e The Liquor Store. Ela é composta por sete coquetéis, dois deles sem álcool. O Rumo Reto, por exemplo, é preparado com bourbon whiskey, vermute tinto, cold brew, Angostura e especiarias. Outra boa pedida é o Volta do Fiel, à base de cachaça, especiarias, maracujá e suco de limão. Dos não-alcoólicos, destaque para o surpreendente Contra Vento, que combina mel de cacau, especiarias, limões e cupuaçu.

Até o dia 3 de agosto, a Festa Literária Internacional de Paraty (Flip) mais uma vez movimenta a outrora pacata cidade do litoral sul do Estado do Rio. A 23ª edição do evento tem como principais destaques a participação da jornalista e escritora espanhola Rosa Montero (autora de “O Perigo de Estar Lúcida”), da quadrinhista sueca Liv Strömquist, da escritora argentina María Negroni (autora da autoficção “A Arte do Erro”), e do italiano Sandro Veronesi, mais conhecido por “O Colibri”.

A ministra do Meio Ambiente e Mudança do Clima, Marina Silva, participa da mesa “O Lugar da Floresta”, que acontece no dia 1º de agosto, com mediação da jornalista Aline Midlej, apresentadora do canal GloboNews. E o escritor e poeta Paulo Leminski (1944-1989) é o homenageado do ano na Flip. Nascido em Curitiba, filho de pai polonês e mãe negra, ele foi um dos grandes poetas brasileiros do século 20, reconhecido por unir o erudito e o popular e levar a poesia às listas de mais vendidos. A poeta Alice Ruiz, ex-mulher de Leminski, participa da mesa “Vide o Verso”, mediada também no dia 1º pelo jornalista Fernando Luna. Os ingressos para a Flip 2025 têm preços a partir de R$ 20.

Da cozinha saem petiscos como os camarões VG à provençal e o Hambúrguer Atlântico (servido no brioche com queijo, cebola e picles) – perpetrados pela chef Fernanda Valdivia, chef executiva geral do grupo Ocanto, que também é proprietário de outros três endereços icônicos de Paraty: a Pousada Literária, a Fazenda Bananal e o Empório Daqui.

Bar Atlântico

Rua Dona Geralda, 302, Centro Histórico, Paraty, tel. 21 3030-7198.

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“Sou sempre chamada para interpretar mulheres fortes”

ZEZÉ MOTTA ESTREIA NO RIO SEU PRIMEIRO MONÓLOGO, PLANEJA LANÇAMENTOS NA MÚSICA E VOLTA A ENCARNAR

PERSONAGENS FEMININAS MARCANTES NO CINEMA

INCANSÁVEL, ZEZÉ MOTTA CELEBRA UM ANO MUITO ESPECIAL. A artista está em cartaz no CCBB Rio de Janeiro com seu primeiro monólogo, “Eu Vou Fazer de Mim um Mundo” – adaptação para o teatro do livro “Eu Sei Porque o Pássaro Canta na Gaiola”, de Maya Angelou, que se tornou um clássico por apresentar um tocante retrato da comunidade negra dos Estados Unidos durante a segregação racial dos anos 1930-1940. A autora foi a primeira mulher negra a ser roteirista e diretora em Hollywood. O monólogo já passou por Brasília e Belo Horizonte e depois da temporada carioca seguirá para São Paulo.

A atriz também gravou neste ano os filmes “Mãe Bonifácia” e “Somos Tereza”, ambos como protagonista e interpretando líderes importantes para a história do Brasil. “Sou sempre chamada para viver mulheres fortes, eu sinto que é uma missão”, resume. Os próximos planos incluem ainda uma turnê e um novo álbum, que devem chegar ao público em 2026.

Aos 81 anos de vida, Zezé Motta percorreu uma trajetória inspiradora em suas quase seis décadas de carreira. Gravou diversos discos, fez mais de 100 personagens na TV e no cinema. Já esteve nos mais icônicos palcos do mundo, apresentou-se no Carnegie Hall de Nova York e no Olympia de Paris. E é uma das fundadoras do Movimento Negro Unificado (MNU), denunciando corajosamente casos de racismo. “Sou muito preocupada com a justiça”, afirma. Em entrevista à 29HORAS, a artista conta como despertou para o ativismo antirracista, compartilha suas impressões sobre envelhecer nas artes, detalha os próximos papeis que viverá nas telonas e comemora o momento festivo e promissor do audiovisual brasileiro, que ela mesma ajudou a fomentar. Confira os principais trechos da conversa nas páginas a seguir.

“Eu Vou Fazer de Mim um Mundo”, inspirado na obra da norte-americana Maya Angelou, carrega uma força poética e política profunda. O que essa montagem significa para você como artista e como mulher? Que diálogo você quis abrir com o público ao levar essa história aos palcos?

Primeiro representa um desafio grande. Fazer um monólogo baseado nesse bestseller da Maya é uma responsabilidade enorme. A história dela é intensa, dura, complicada, ela foi uma mulher que sofreu abusos na infância, tinha problemas com aceitação, é uma história difícil, mexeu comigo e fiquei com muitas dúvidas se iria dar conta de fazer. Também fiquei angustiada se o público iria gostar, mas o resultado está sendo incrível! Tanto em Brasília como em Belo Horizonte, os ingressos esgotaram em poucos minutos. E no final, o público

ama, me agradece, sai chorando...

É que as histórias das mulheres, principalmente das mulheres negras, sejam da Europa, da América, todas, sem exceção, são parecidas umas com as outras – todo mundo se sente um pouco naquele lugar. Mas também é uma história de superação, Maya se tornou uma das escritoras mais aclamadas, guru de inúmeras pessoas influentes, como a Oprah... Queremos mostrar essa narrativa que foi dura, mas com muita superação.

Como cantora, por vezes você também está sozinha nos palcos. Qual é a diferença de experienciar essa solitude no teatro?

A música te traz liberdade, você circula no palco, fecha os olhos, entrega-se para ela, sente o barulho e o som dos instrumentos, vive aquela melodia...

Interpretação, leitura, é algo bem diferente, você é realmente o centro das atenções. Na música, você divide o palco com os músicos, a banda, mas em ‘Vou Fazer de Mim um Mundo’, eu consigo mostrar meu lado atriz e o de cantora. Como a peça é pesada, fala de assuntos delicados, a gente colocou algumas canções nessa adaptação. No palco, tenho dois músicos, o Pedro Leal David e a Mila Moura, que me acompanham nas canções.

Maya Angelou foi próxima de figuras como Martin Luther King Jr. e Malcolm X, e participou ativamente do movimento pelos direitos civis nos EUA. Quais paralelos você traça entre a trajetória de ativismo dela e a sua aqui no Brasil? Quais figuras brasileiras foram importantes, com você dividindo suas lutas e apoiando suas vozes?

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Em sentido horário, Zezé Motta em cena com Marília Pêra na novela da TV Globo "Supermanoela", de 1974. A atriz e cantora com Maria Bethânia, no Teatro da Praia, em Copacabana, em 1981; ela no palco em "Ciranda Cirandinha", de 1978; e Zezé no longa "A Serpente", de Nelson Rodrigues, em 1992
FOTO NELSON
RAGO

Quando as coisas começaram a dar certo para mim e estourei fazendo o papel de Xica da Silva, percebi que tinha alguma coisa errada, eu não tinha um discurso articulado, não conhecia a nossa história. Foi então que, ao fazer um curso de cultura negra com minha saudosa Lélia Gonzalez, eu acordei para a vida e entendi que precisava fazer alguma coisa, tinha que usar o espaço na mídia para denunciar, brigar, cobrar mesmo. Comecei a cobrar dos autores, dos diretores, o porquê dessa quase invisibilidade do artista negro. E deu certo! Você olha a televisão hoje e vê quanta gente negra está em cena... Isso foi uma luta que começou lá atrás. Tenho muito orgulho também de ter criado o Cidan (Centro Brasileiro de Informação e Documentação do Artista Negro), em 1984. Sou muito preocupada com a justiça. Eu sempre digo que mesmo que eu não fosse negra, faria parte do movimento. Todo ator negro que encontrava ou que tinha o telefone, eu pedia: ‘traz foto e currículo!’.

Como uma mulher octogenária, você viveu grande parte de sua vida nas artes e presenciou mudanças profundas em formatos, plataformas e representatividade. Você sente que a arte ainda é uma forma de resistência e transformação social?

Com certeza! É só você olhar para a minha vida, a minha história. Eu fui transformada pela arte. Pela arte eu consegui me tornar uma mulher que é respeitada.

Vivemos um momento especial para o cinema nacional, com filmes premiados em festivais internacionais e artistas aclamados mundo afora. Como você enxerga a força da cultura brasileira hoje?

Em 1976, por causa de ‘Xica da Silva’, conseguimos levar mais de 3 milhões de brasileiros para as salas de cinema. Uma época que não tinha internet e muita divulgação! Esse filme foi um divisor de águas. Fiz, inclusive, shows nos Estados Unidos, onde eles punham no cartaz ‘Show com Zezé Motta, atriz

do filme Xica da Silva’. Quando estourou, eu estava fazendo uma comédia com a Eva Todor, ‘Rendez-Vous’, no Teatro Maison de France. Era um papel minúsculo. De empregada, claro. Tirava o pó dos móveis e provocava o patrão, naquela tradição de mucama que dá mole para o senhor. Entrava muda, saía calada. Antes do filme, as pessoas iam ao teatro para ver a Eva. Depois, passaram a ir para me ver também. A Eva, então, aumentou meu nome no cartaz. Estamos falando de um filme que mudou a minha vida, me levou para 16 países, e levamos o Brasil lá para fora, falando de um produto nosso. Isso me orgulha muito! Temos muita coisa boa feita aqui e tem repercutido positivamente lá fora. Isso foi e ainda é emocionante.

Você será protagonista do filme “Mãe

Bonifácia”, interpretando justamente essa figura histórica, que é símbolo da luta de pessoas escravizadas na região de Cuiabá. Você pode falar um pouco mais sobre esse projeto?

Eu me sinto muito honrada em poder contar a história de mais uma mulher guerreira, à frente do tempo e resiliente como foi a Mãe Bonifácia. Ainda em 2025 e no Mato Grosso, rodei outro filme chamado ‘Somos Tereza’, que conta a história de Tereza de Benguela, outra mulher guerreira. Ela foi uma líder quilombola que viveu em um lugar incerto, mas se sabe que o Quilombo do Piolho, o qual liderou, estava às margens do rio Guaporé, localizado na cidade de Vila Bela da Santíssima Trindade, atual estado do Mato Grosso. Há pouco tempo fiz também outra protagonista, que fala sobre Esperança Garcia, a

Zezé Motta como Xica da Silva, no filme de Cacá Diegues
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primeira advogada negra do Brasil, no Piauí. Enfim, sou sempre chamada para viver mulheres fortes e marcantes, eu sinto que é uma missão!

Você é uma das artistas mais versáteis do Brasil. O que te move a continuar criando e se reinventando? Tem algum papel que ainda gostaria de interpretar?

O que me move? Amar o que eu faço, me sentir viva e lúcida, como estou agora. Personagem? Talvez uma vilã... Eu faço tantas coisas ao mesmo tempo que, sempre que me fazem essa pergunta, eu fico sem saber muito bem o que responder. Eu acredito que conquistei tudo que eu gostaria como artista. Penso em um futuro assinar algumas direções, de shows, eu já dirigi algumas vezes e gosto disso. Já tive oportunidade de dirigir Leci Brandão, Jamelão, a Ana Carolina, bem no comecinho da carreira dela. Talvez mais para a frente eu volte a explorar esse lado.

E falando em música, no álbum “Pérolas Negras Ao Vivo”, lançado no ano passado, você canta sucessos como “Tigresa” (Caetano Veloso), “Estácio, Holly Estácio” (Luiz Melodia) e “Dengue” (Leci Brandão). Em um volume 2, quais músicas você cantaria?

Tem tanta música maravilhosa que nunca tive a oportunidade de gravar. No momento estou apaixonada por ‘Amor de Índio’, do Beto Guedes, que ficou famosa na voz do Milton Nascimento. Eu canto essa música na peça, é uma obra-prima! Mas pretendo gravar meu próximo disco até o final deste ano, é sempre difícil a escolha do repertório, mas adoro, sou canceriana, romântica...

Sobre “Tigresa”, Caetano declarou há pouco tempo que escreveu a canção nos anos 70 pensando em você, encantado por sua beleza, personalidade forte, independência e presença magnética. Como foi se ouvir ali, naquelas palavras dele? E como é cantar essa música hoje, tantos anos depois, agora com sua própria voz marcando essa história? Foi um presente lindo saber que fui a

musa inspiradora de ‘Tigresa’, no início de 2015. Sempre ouvi esse boato, e ficava tímida com o assunto. Realmente as unhas negras da ‘Tigresa’ sempre imaginei que fossem minhas, eu pintava com um esmalte preto comprado na boutique Biba, em Ipanema, quando esmaltes coloridos ainda eram raridade, em meados dos anos 1970. Eu fazia o estilo exótico, com os cabelos curtinhos e batom também preto. Só não trabalhei no ‘Hair’, nem namorei Caetano. Caetano disse para o Nelsinho, meu compadre – sou madrinha da Nina, filha dele com a minha saudosa amiga Marília Pêra – que eu fui uma de suas inspirações nessa música. Até então se dizia que a Sônia Braga tinha sido a fonte inspiradora dos versos. Quase tive um treco! Foi um presente lindo. Não posso reclamar da vida, tenho música feita para mim por Rita Lee, Moraes Moreira, Rosinha de Valença e Bethânia. Que sorte!

Como é a vida aos 80 anos? O que essa fase tem de melhor e de pior? Como você definiria o seu envelhecimento? Eu acabei de completar 81, são 60 de carreira, graças a Deus eu tive a sorte de receber quase todos os prêmios mais importantes que uma atriz poderia receber. Eu sempre digo que essas

homenagens são fundamentais para nós artistas, porque nos ajudam a seguir, nos dão força para continuarmos o trabalho nas artes. Eu realmente não penso que tenho 80 anos, é engraçado isso, as pessoas que ficam me lembrando, principalmente quando vou fazer algo sozinha, em casa, na rua, e fica todo mundo meio preocupado. Outro dia perguntaram para a minha produção se eu subia dois lances de escada, eu morri de rir! Antigamente, uma mulher de 60 anos não fazia mais nada, só bordava, costurava, e olhe lá! Hoje em dia estamos mais vivos do que nunca. Eu acho que o envelhecer está dentro da mente de cada um, nós somos aquilo que a gente imagina que é. Depois dos 60, 70, 80 eu desencanei de um monte de coisa, parei de sofrer, cansei de me cobrar, fiquei solidária comigo mesma.

Depois de tantos trabalhos marcantes no cinema, na música e no teatro, o que mais vem pela frente?

Não faço muitos planos, vou seguindo o fluxo! Hoje, tenho uma equipe jovem, criativa, dinâmica, que faz planos por mim e eu adoro (risos)! Ano que vem, quero me dedicar ao meu novo show, de comemoração dos 80 anos. Com o disco também novo, por aí vai...

Aos 81 anos, a atriz e cantora estreia seu primeiro monólogo, que roda o país este ano

Economia criativa

Marketing e eventos caminham juntos

Diferentes equipes de produção e agência podem trabalhar em sintonia para entregas completas e diversificadas para clientes em grandes encontros e ativações

Ao celebrar 25 anos de mercado, com mais de 20 labels no portfólio, festivais de música brasileira entre os maiores do país e uma base sólida de clientes corporativos, percebo o quanto a internalização do marketing e a criação de uma agência própria — com um time experiente e criativo “in house” — foi decisivo para nos tornarmos o que somos hoje, uma empresa que planeja, executa, realiza e cria experiências por meio da música.

Montar uma agência de publicidade dentro de uma produtora de eventos nos exigiu muito mais do que boas ideias: foi preciso empenho para integrar processos, criar uma dinâmica fluida entre todos os setores, redesenhar fluxos e colocar, lado a lado, as equipes de marketing, programação artística, planejamento e produção, trabalhando em sintonia, sob a supervisão da direção de arte. Todos conecta-

dos e com um olhar estratégico!

É um movimento natural de quem entende que, na economia criativa, conteúdo e contexto precisam estar alinhados desde o início. Em um mercado em que os espaços costumam ser simplesmente vendidos, sem a visão estratégica do todo, seguimos em outra direção: a marca entra no projeto com tudo estruturado. Pensamos no “live marketing” como experiência integrada, uma parte essencial da engrenagem. A cenografia, o storytelling, a comunicação digital e as ações de branding conversam entre si.

Além de idealizar, produzir e realizar os festivais de música, a Peck cria e desenvolve toda a concepção do projeto e o 360º de oportunidades para as marcas, sejam elas patrocinadoras ou apoiadoras. Nossos clientes recebem soluções integradas, já pensadas em ações digitais, ativações de estande,

construção de photo opportunity, estratégias de captação de leads ou mídia OOH. Tudo criado aqui dentro, o que nos possibilita uma entrega com agilidade, impacto, relevância e, acima de tudo, conectada aos pilares ESG.

A gestão que implementamos valoriza ainda o marketing de influência e as ativações de marca já estão incluídas na cota de patrocínio. A 8ª edição do Enel Festival de Inverno Rio, que realizamos recentemente, ilustra bem esse conceito. Criamos um Pavilhão de Experiências para reunir marcas que mantêm suas identidades, se integram em uma narrativa comum e estão alinhadas aos objetivos do evento: sustentabilidade, entretenimento e emoção. Pensar na forma mais inteligente e completa de entregar valor é o que nos move.

POR
Andrea Mecenas
Festival de Inverno Rio 2025, na Marina da Glória

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