Revista Xonguila Nº82

Page 1


MARIA JOÃO

Entre memórias e melodias

Between memories and melodies

LÉGUA DA BEIRA

A reafirmação como símbolo de saúde

Reaffirmation as a symbol of health

Grécia tropical em Vilanculos

A piece of Greece in Vilanculos

TONI MACHEVE

O estilo como manifesto Style as a manifesto

SANTORINI

No alto das falésias de Vilanculos, este boutique hotel traz um pouco da Grécia a Moçambique.

Fotografia:Cortesia de Santorini

Um pedaço da Grécia em Vilanculos

Escrito por: Emilia Gimo

Ergue-se como uma miragem branca entre o azul do Índico e a vegetação bravia da costa moçambicana. O nome evoca ilhas gregas, mas o coração bate em Moçambique. Santorini Mozambique representa um refúgio de luxo — uma narrativa esculpida à mão, com cimento, sol, mar e paixão. No alto das falésias de Vilanculos, este boutique hotel transforma hospitalidade em arte sensorial.

Na origem do Santorini está uma visão arrojada: construir uma villa de praia resistente ao clima tropical e aos ciclones. Inspirada na arquitectura mediterrânica, recorreu-se ao cimento branco — durável, fresco e ideal para ambientes exigentes. Assim nasceu uma villa moçambicana com alma das Cíclades. Domos, chaminés curvas, portões em arco e paredes ondulantes transportam os visitantes para outra latitude — uma ilusão meticulosamente construída. No interior, peças em estilo madeira flutuante, portas entalhadas à mão e uma decoração sob medida compõem o cenário. As camas em cimento branco, com linho e juta, equilibram rusticidade e elegância.

A expressão que melhor define a estadia é luxo descalço. Tudo é tratado com atenção, desde o espumante de boas-vindas aos jantares privados em cenários sempre diferentes. Com capacidade reduzida, aposta numa hos -

pitalidade acolhedora e personalizada. Aniversários, luas-de-mel e escapadelas românticas encontram aqui o cenário ideal. Famílias com crianças têm menus adaptados e actividades criativas. Cada suite dispõe de um tablet com aplicação interactiva que oferece informações sobre o arquipélago de Bazaruto, história local e serviços disponíveis — garantindo uma estadia fluida e personalizada.

A gastronomia é outro pilar essencial. Liderada pelo Chef Russell e sua equipa, privilegia ingredientes frescos e locais. A granola caseira, o fondant de chocolate, os gelados artesanais e o café irlandês destacam-se no livro de visitas. A pizzaria ao ar livre, a cargo do chef João — ou “Giovanni” — evoca os pátios italianos, com massas finas e crocantes. Para os apreciadores, a adega oferece uma selecção cuidada de vinhos, espumantes e destilados, incluídos na estadia, com opções premium.

Fotografia:Cortesia de Santorini

Santorini Mozambique transforma hospitalidade em arte sensorial, entre falésias, mar e elegância artesanal.

O leque de actividades vai de caiaque e paddle a piqueniques em praias recônditas. As crianças têm jogos, livros sobre o mar, brinquedos de praia e sessões de culinária. Para quem busca bem-estar, há cestos com material de yoga, halteres e um tratamento de spa à chegada. Os mais aventureiros podem explorar o mar com mergulho, pesca, passeios de dhow ou voos panorâmicos de helicóptero, em colaboração com parceiros locais.

O hotel integra-se com responsabilidade no seu contexto. A Escola Primária de Chigamane recebe mochilas escolares, refeições, apoio habitacional para professores e um projecto hortícola. A equipa participa em limpezas costeiras e promove alternativas ao plástico descartável. O programa Pack for a Purpose permite aos hóspedes doarem material escolar e médico, reforçando o elo entre turismo e desenvolvimento local. O investimento na formação contínua da equipa traduz-se num ambiente onde o talento floresce.

O futuro passa por ampliar experiências, mantendo a autenticidade que define o Santorini. A aposta na comunidade, na preservação ambiental e na excelência do serviço continuará a moldar uma hospitalidade inspiradora, enraizada no espírito moçambicano.

Neste lugar onde o branco da cal encontra o azul do oceano, o luxo veste-se de simplicidade e o conforto ganha o sabor das coisas feitas com alma. Santorini Mozambique é mais do que um destino — é uma história viva à beira-mar.

Fotografia:Cortesia de Santorini

Neste lugar onde o branco da cal encontra o azul do oceano, o luxo veste-se de simplicidade e o conforto ganha o sabor das coisas feitas com alma.

Fotografia:Cortesia de Santorini

A piece of Greece in Vilanculos

It rises like a white mirage between the blue of the Indian Ocean and the wild vegetation of the Mozambican coast. The name evokes Greek islands, but the heart beats in Mozambique. Santorini Mozambique represents a luxury retreat — a hand-sculpted narrative, with cement, sun, sea and passion. At the top of the cliffs of Vilanculos, this boutique hotel turns hospitality into sensory art.

At the origin of Santorini is a bold vision: to build a beach villa resistant to the tropical climate and cyclones. Inspired by Mediterranean architecture, white cement was used — durable, cool and ideal

for demanding environments. Thus, a Mozambican villa was born with the soul of the Cyclades. Domes, curved chimneys, arched gates and undulating walls transport visitors to another latitude — a meticulously constructed illusion. Inside, pieces in driftwood style, hand-carved doors and custom-made decoration complete the setting. The white cement beds, with linen and jute, balance rusticity and elegance.

Santorini Mozambique is more than a destination, it is a living story by the sea.

dled with care, from the welcome sparkling wine to private dinners in always different settings. With limited capacity, it focuses on warm and personalised hospitality. Birthdays, honeymoons and romantic getaways find here the ideal setting. Families with children have adapted menus and creative activities. Each suite has a tablet with an interactive app offering information about the Bazaruto archipelago, local history and available services — ensuring a smooth and personalised stay.

The expression that best defines the stay is barefoot luxury. Everything is han-

Gastronomy is another essential pillar. Led by Chef Russell and his team, it prioritises fresh, local ingredients. The homemade granola, chocolate fondant, artisanal ice creams and Irish coffee stand out in the guestbook. The outdoor pizzeria, run by Chef João — or “Giovanni”

— evokes Italian courtyards, with thin and crispy doughs. For connoisseurs, the wine cellar offers a carefully curated selection of wines, sparkling wines and spirits, included in the stay, with premium options.

The range of activities goes from kayaking and paddleboarding to picnics on hidden beaches. Children have games, books about the sea, beach toys and cooking sessions. For those seeking wellness, there are baskets with yoga materials, dumbbells and a spa treatment on arrival. The more adventurous can explore the sea with diving, fishing, dhow trips or scenic helicopter flights, in collaboration with local partners.

The hotel integrates responsibly into its context. The Chigamane Primary School receives school backpacks, meals, housing support for teachers and a horticultural project. The team takes part in coastal clean-ups and promotes alternatives to single-use plastics. The Pack for a Purpose programme allows guests to donate school and medical supplies, strengthening the link between tourism and local development. Investment in the continuous training of the team translates into an environment where talent flourishes.

The future lies in expanding experiences while maintaining the authenticity that defines Santorini. The commitment to the community, environmental preservation and service excellence will continue to shape inspiring hospitality, rooted in the Mozambican spirit.

In this place where the white of lime meets the blue of the ocean, luxury dresses in simplicity and comfort takes on the flavour of things made with soul. Santorini Mozambique is more than a destination — it is a living story by the sea.

Maria João

Entre memórias e melodias

Between memories and melodies

80 Txilar Black

A cerveja que os moçambicanos pediram de volta

The beer Mozambicans asked to bring back

66 Presidential Golf Day 2025

Golfe, diplomacia e orgulho nacional

Golf, diplomacy and national pride

72 BCI e Sir Motors

Juntos por uma mobilidade sustentável

United for sustainable mobility

Toni Macheve Jr.

Moda, cultura e propósito

Fashion, culture and purpose

88 Néctar

Um brinde à cultura do vinho

A toast to wine culture

96 ArtinDev Week 2025

A cultura como compromisso social

Culture as a social commitment

111 Triland

Encerramento de circuito em Mpumalanga

Closing of the circuit in Mpumalanga

Santorini Mozambique

Um pedaço da Grécia em Vilanculos

A piece of Greece in Vilanculos

Cornelder

Légua da Beira reafirma-se como símbolo de saúde

Légua da Beira reaffirms itself as a symbol of health

FICHA TÉCNICA/BIOS

Propriedade/Property: Veludo & Mentol, Sociedade Unipessoal Lda • Conselho de Administração/Administrative Council: Omar Diogo, Nuno Soares • Director: Nuno Soares • Gestão de Conteúdos Editoriais/Editorial Content Management: Nuno Soares, Fátima Ribeiro, Omar Diogo • Copy-desk (português): Fátima Ribeiro • Colunistas/Writers: Dércio Parker, Sany Weng, Emilia Gimo • Tradução (Português-Inglês)/Translation (Portuguese-English): Pedro Sargaço • Fotografia/Photography: Helton Perengue • Design de Capa/Cover Design: Nuno Azevedo • Grafismo/Visuals: Omar Diogo • Infografia e Paginação/ Infographics and Pagination: Omar Diogo • Produtores Audiovisuais/Audiovisual Producers: Omar Diogo, Nuno Lopes, Ana Piedade • Gestão de Redes Sociais/ Social Media Management: Nuno Soares • Conteúdos de Marketing e Comunicação/ Marketing and Communication Contents: Omar Diogo, Nuno Azevedo • Gestão de Homepage e Edição Online/Homepage Management and Online Editing: Omar Diogo, Jorge Oliveira • Departamento Comercial/ Commercial Department: Nuno Soares - comercial@xonguila.co.mz • Impressão/Printing: Txelene LDA • Distribuição/ Distribution: Flotsam Moçambique, Lda • ISSN: ISSN-0261-661 • Registo/Register: 02/Gabinfo-dec/2018 • Registo de Propriedade Industrial/Industrial Property Registration: 35065/2017 - 35066/2017 (15/01/2018)

Os artigos com assinatura reflectem a opinião dos autores e não necessariamente da revista. Toda a transcrição ou reprodução, parcial ou total, requer a autorização expressa da empresa titular da revista.

The articles reflect the authors opinion, and not necessarily the magazine opinion. All transcript or reproduction, partial or total, requires the authorization of the company that owns the magazine

Caro leitor,

Do Director / From the Director

Ao longo do nosso percurso, temos mantido o compromisso de valorizar o que é nosso, acompanhando a vitalidade cultural, económica e social do país e informando com rigor.

Nesta edição, apresentamos duas entrevistas: a conhecida cantora Maria João fala da sua ligação pessoal a Moçambique e do seu novo trabalho; já António Macheve Júnior, fundador da marca Xipixi, partilha as suas inspirações e os projectos que tem vindo a desenvolver.

No que toca a eventos, trazemos o “Néctar – Festival da Cultura do Vinho”, que levou ao Hotel Cardoso degustações, saberes, convívio e networking, o “Presidential Golf Day”, realizado em Xinavane, que, muito além de acontecimento desportivo, se tornou palco de diplomacia, turismo e afirmação nacional, e a “ArtinDev Week”, que, por sua vez, mostrou como a cultura pode ser ponto de encontro entre direitos humanos e criatividade.

Entre o muito que aqui tem para explorar, destacamos ainda o regresso da Txilar Black e o projecto “Um Município, Zero Acidentes”, um esforço colectivo para tornar as ruas mais seguras, especialmente para os mais pequenos.

Boa leitura, e até breve.

Dear reader,

Throughout our journey, we have maintained the commitment to valuing what is ours, accompanying the cultural, economic and social vitality of the country and informing with rigour.

In this edition, we present two interviews: the well-known singer Maria João speaks about her personal connection to Mozambique and her new work; and António Macheve Júnior, founder of the brand Xipixi, shares his inspirations and the projects he has been developing.

As for events, we bring you “Néctar – Festival da Cultura do Vinho”, which brought tastings, knowledge, conviviality and networking to the Hotel Cardoso; the “Presidential Golf Day”, held in Xinavane, which, far beyond being a sporting event, became a stage for diplomacy, tourism and national affirmation; and “ArtinDev Week”, which, in turn, showed how culture can be a meeting point between human rights and creativity.

Among the many things for you to explore here, we also highlight the return of Txilar Black and the project “One Municipality, Zero Accidents”, a collective effort to make the streets safer, especially for the little ones.

Enjoy the read, and see you soon.

Maria João entre memórias e melodias

Sinto-me metade portuguesa, metade moçambicana. Honestamente, de todo o coração, é assim que me sinto.

Cantora de alma livre e voz inconfundível, Maria João é uma das artistas portuguesas mais ousadas e criativas da sua geração. A sua ligação a Moçambique atravessa o tempo e o sangue, e fez-se sentir de forma intensa na recente apresentação do seu novo trabalho no Centro Cultural Franco-Moçambicano, em Maputo. Nesta conversa com a Xonguila, a artista fala-nos dessa ponte afectiva e criativa entre Portugal e Moçambique, das raízes maternas que a moldaram e da forma como a cultura moçambicana se entranhou na sua música e no seu ser.

Qual é a origem da sua ligação a Moçambique?

A minha ligação a Moçambique é realmente extraordinária. É, de facto, muito forte — é através da minha mãe, que nasceu em Moçambique, é moçambicana. Nasceu no Chinde e foi criada durante os seus primeiros anos de vida lá. Tem uma história de vida inacreditável nesses primeiros 10 ou 12 anos. Foi criada num barco que o meu avô, médico veterinário, tinha. Esse barco navegava o rio para trás e para a frente, com mercadoria e animais. Ela cresceu ali, naquele universo. Contava que tinha um animal de estimação, uma cabrinha... e a história continua por aí.

Como foi essa influência materna? Sente-se, de alguma forma, moçambicana?

Sinto-me metade portuguesa, me -

tade moçambicana. Honestamente, de todo o coração, é assim que me sinto. É uma ligação brutal. Eu nasci em Portugal e cresci lá, mas Moçambique é, de alguma forma, o meu país também. E nem sei explicar bem porquê ou como. A verdade é que comecei a ir a Moçambique muitas vezes a partir dos 11 anos. A minha mãe só não me levou antes por receio que eu apanhasse malária, por ser ainda muito pequena. Mas, desde então, fomos muitas vezes a Maputo, à Beira, e até à África do Sul. Foi uma influência importantíssima para mim — um sentir moçambicano que não sei explicar bem. Vivi mais tempo em Portugal, mas acho que é o sangue que corre nas minhas veias, é a cor que habita a minha pele, são as minhas memórias. A minha mãe foi fundamental para manter essa sensação de pertença a Moçambique

Fotografia: Miguel Peral

De que modo a cultura moçambicana influenciou a sua carreira e a sua música?

A cultura moçambicana influenciou-me profundamente, de forma consciente, e eu sei exactamente quando. Foi em 2000, por ocasião das comemorações dos Descobrimentos. Fui convidada para criar dois trabalhos sobre as culturas do Índico. Supostamente, era para abordar a Índia, mas pedi para incluir Moçambique. E assim foi. Foi uma experiência avassaladora. Eu e o Mário Laginha fomos dar um concerto a uma ilha e ofereceram-me dois livros — Terra Sonâmbula, do Mia Couto, que é o meu livro de cabeceira, e Hamina e Outros Contos, do José Craveirinha, da editora Ndjira. Esses livros despertaram algo em mim. Senti que me pertenciam. Desde então, andam sempre comigo. Quando quero escrever letras, poemas, é neles que me inspiro. A poesia do Craveirinha, a prosa do Mia — habitam-me. Foi a partir daí que nasceu o disco Cor, que também versava sobre a Índia. Tocávamos com o músico indiano Trilok Gurtu, e esse disco foi importantíssimo para mim. Não por ser melhor do que os outros, mas porque foi aí que me encontrei como artista e como pessoa. Foi quando abracei verdadeiramente o meu orgulho de ser também moçambicana, de ser esta mistura que sou. O disco Cor marcou esse momento.

Apresentou o seu trabalho mais recente há dias no Centro Cultural Franco-Moçambicano. O que sente que o público moçambicano lhe devolve?

Foi uma festa enorme apresentar este disco, que celebra todos estes anos de carreira, em Moçambique, em Maputo, com os moçambicanos, com os meus amigos de coração e com músicos que tanto amo e que me influenciam profundamente. As cantoras moçambicanas são maravilhosas, o Texito Langa, que agora tem vindo muito a Portugal, o Stewart Sukuma, o Cheny, o Walter... e o António Prista, que é como um irmão. Estou

muito agradecida a todos, mas especialmente ao Prista, que é um verdadeiro dinamizador da cultura em Maputo — mexe mundos e fundos para que tudo aconteça. Foi mesmo incrível, conseguimos fazer este concerto, este disco. As pessoas recebem-me sempre muito bem, acho que compreendem esta mistura que sou. Enchem os concertos, batem palmas, vêm abraçar-me. Foi uma felicidade total. No dia seguinte, logo às 8 da manhã, estava num avião para Lisboa, a 10 mil metros de altitude, e no dia seguinte tinha um concerto numa mina de sal em Loulé, a 230 metros de profundidade! Esta vida de artista é uma loucura — tão alto e logo a seguir tão fundo. Mas não escolheria outra vida para mim.

Percebeu-se bem a cumplicidade com os muitos músicos com quem actuou. Pensa estar mais presente em Moçambique ou fazer um álbum todo produzido cá?

Isso seria incrível — fazer um disco inteiramente gravado em Moçambique! Algumas coisas já foram gravadas cá, mas misturadas depois em Portugal. Para isso, só preciso trazer o meu parceiro musical, o João Farinha, que é o meu director musical e sem quem eu não consigo fazer nada. Ele ajuda-me a juntar a parte electrónica à música, algo que me interessa cada vez mais. Gravar todo um disco aí seria maravilhoso. Tenho muita vontade. Neste momento, estou focada em tentar levar alguns músicos moçambicanos a Portugal. Já conseguimos trazer o Texito, e seria fantástico conseguir trazer as meninas também. Mas tudo é muito dispendioso — voos, estadias... Estamos a tentar apoios em Moçambique e também a ver se alguma empresa moçambicana com presença em Portugal pode ajudar. Meti na cabeça que tinha de fazer isto — gravar em Moçambique, com estas pessoas. Já conseguimos fazer uma parte. Mas se conseguir fazer um disco inteiro lá... sim, por favor, por favor, seria o que eu mais adorava. E é isto. Eu sou a Maria João, cantora.

Fotografia: Miguel Peral
“O disco Cor marcou o momento em que eu abracei verdadeiramente o meu orgulho de ser também moçambicana, de ser esta mistura que sou.”

Foi uma festa enorme apresentar este disco [Abundância] em Moçambique, em Maputo, com os moçambicanos, com os meus amigos de coração e com músicos que tanto amo e que me influenciam profundamente.

Between memories and melodies

A free-spirited singer with an unmistakable voice, Maria João is one of the boldest and most creative Portuguese artists of her generation. Her connection to Mozambique runs deep—through time and blood—and was intensely felt during the recent presentation of her new work at the Franco-Mozambican Cultural Centre in Maputo. In this conversation with Xonguila, the artist speaks to us about that emotional and creative bridge between Portugal and Mozambique, the maternal roots that shaped her, and how Mozambican culture has woven itself into her music and her very being.

What is the origin of your connection to Mozambique?

My connection to Mozambique is truly extraordinary. It’s very strong—through my mother, who was born in Mozambique; she’s Mozambican. She was born in Chinde and spent her early years there. She has an incredible life story from those first 10 or 12 years. She

was raised on a boat owned by my grandfather, who was a veterinary doctor. That boat travelled up and down the river, carrying goods and animals. She grew up there, in that world. She used to tell me she had a pet goat... and the story goes on from there.

How did that maternal influence shape you? Do you feel, in some way, Mozambican?

I feel half Portuguese, half Mozambican. Honestly, with all my heart, that’s how I feel. It’s an overwhelming connection. I was born and raised in Portugal, but Mozambique is, somehow, my country too. And I can't quite explain why or how. The truth is, I started travelling to Mozambique quite often from the age of 11. My mother didn’t take me earlier because she was afraid I might catch malaria, as I was still very young. But since then, we went many times—to Maputo, to Beira, and even to South Africa. It was a hugely important influence on me—this Mozambican feeling that I can’t fully put into words. I’ve lived longer in Portugal, but I think it’s the blood in my veins, the colour of my skin, my memories. My mother was essential in keeping that sense of belonging to Mozambique alive.

In what way has Mozambican culture influenced your career and music?

Mozambican culture has influenced me profoundly, consciously so, and I know exactly when. It was in 2000, during the commemorations of the Discoveries. I was invited to create two pieces on cultures of the Indian Ocean. Supposedly, I was to focus on India, but I asked to include Mozambique. And so it was. It was an overwhelming experience. Mário Laginha and I performed on an island, and they gave me two books—Sleepwalking Land by Mia Couto, which is my bedside book, and Hamina and Other Stories by José Craveirinha, published by Ndjira. Those books awakened something in me. I felt they belonged to me. Since then, they’re always with me. When I want to write lyrics, poems, they’re my inspiration. Craveirinha’s poetry, Mia’s prose—they live inside me. That was the starting point for the album Cor, which also explored India. We played with Indian musician Trilok Gurtu, and that album was hugely important for me. Not because it was better than the others, but because that’s when I found myself as an artist and as a person. That was the moment I fully embraced my pride in also being Mozambican, in being this blend that I am. Cor marked that turning point.

“And that’s it. I’m Maria João, singer.”
Fotografia: Miguel Peral

You recently presented your latest work at the Franco-Mozambican Cultural Centre. What do you feel the Mozambican audience gives back to you? It was an immense joy to present this album, which celebrates all these years of my career, in Mozambique, in Maputo, with Mozambicans, with dear friends, and with musicians I deeply love and who have such a strong influence on me. Mozambican female singers are incredible—Texito Langa, who’s been coming to Portugal a lot, Stewart Sukuma, Cheny, Walter... and António Prista, who is like a brother. I’m immensely grateful to all of them, but especially to Prista, who is

a true driving force behind culture in Maputo—he moves heaven and earth to make things happen. It was really amazing—we managed to pull off this concert, this album. People always welcome me so warmly, I think they understand this mix that I am. They fill the concerts, applaud, come to hug me. It was sheer happiness. The next morning, at 8am, I was on a flight to Lisbon, 10,000 metres up, and the following day I had a concert in a salt mine in Loulé, 230 metres underground! This artist’s life is madness— so high one day, and so deep the next. But I wouldn’t choose any other life for myself.

There was clear chemistry with the many musicians you performed with. Are you thinking of spending more time in Mozambique or even recording an album entirely produced there? That would be incredible—to record an album entirely in Mozambique! Some things have already been recorded there, but later mixed in Portugal. To make that happen, I just need to bring my musical partner, João Farinha, who is my musical director and without whom I can’t do anything. He helps me blend the electronic elements with the music—something I’m more and more interested in. Recording a whole album there would be wonderful. I’m really

keen to do it. Right now, I’m focused on trying to bring some Mozambican musicians to Portugal. We’ve already managed to bring Texito, and it would be fantastic to bring the women too. But it’s all very expensive—flights, accommodation... We’re trying to find support in Mozambique and also seeing if any Mozambican companies based in Portugal might be able to help. I’ve set my mind on this—recording in Mozambique, with these people. We’ve managed to do part of it. But if I can manage to record a whole album there... yes, please, please, it’s what I would love most.

And that’s it. I’m Maria João, singer.

Fotografia: Miguel Peral
“A Légua da Beira já é conhecida em várias partes do continente. É um activo da cidade que todos devemos acarinhar.”
– Sande Carmona, representante do Conselho Municipal da Beira

Légua da Beira Saúde, união e superação

No dia 19 de Julho, a cidade da Beira acolheu a 7.ª edição da Légua da Beira, uma iniciativa promovida pela Cornelder de Moçambique (CdM), em parceria com a Associação Provincial de Atletismo de Sofala (APAS). Mais uma vez, a capital de Sofala testemunhou um grande encontro desportivo, reunindo milhares de atletas e entusiastas num ambiente de animação, movimento e sentido comunitário.

Com um percurso de 7,2 quilómetros e epicentro no Largo dos CFM, a prova atraiu cerca de 3.750 participantes, provenientes de diferentes pontos do país e do estrangeiro. Federados, amadores, trabalhadores da CdM, estudantes, veteranos e representantes da comunidade portuária calçaram os ténis e alinharam-se para um dia de esforço, convívio e promoção da saúde.

Na categoria de Federados Masculinos, o sul-africano Abednico Mashaba voltou a impor-se, cortando a meta em 21 minutos e 18 segundos — tempo que passa a ser o melhor registado na história da prova. Atrás dele chegaram Ebel Chibanda (21.23) e Thabo Prince Ndlovu (22.09), também estrangeiros. No sector feminino, a vitória foi para Neriah Magan -

zo, com 26.16 minutos, seguida pelas moçambicanas Rosa Passipamira

Mais uma vez, a capital de Sofala testemunhou um grande encontro desportivo, reunindo milhares de atletas e entusiastas num ambiente de animação, movimento e sentido comunitário.

(28.27) e Domingas Checane (28.47), numa disputa bem renhida.

Mas a Légua é feita de muitos palcos e protagonistas. Nos Trabalhadores da CdM, destacaram-se João Simbe e Epifania

Sequeira, enquanto Brizito Casse e Olímpia Lamucene venceram entre os representantes da Comunidade Portuária. Nos Veteranos, Betinho Itato e Ester Chiweia cortaram a meta em primeiro lugar nas suas categorias, e entre os Populares, Manda Jaquecene e Isabel Basílio conquistaram os melhores tempos. Entre os estudantes, Jonas Vernijo e Lonia Sitoe lideraram as suas provas. Cada nome representa esforço, disciplina e o prazer de participar num evento que va loriza a superação individual e colectiva.

No Largo dos CFM, ponto de partida e chegada da corrida, decorreu também uma Feira de Saúde aberta a toda a população. Serviços de rastreio,

aconselhamento e actividades de sensibilização estiveram ao dispor dos presentes, reforçando o carácter social do evento e a sua ligação ao bem-estar da comunidade.

Jan de Vries, Administrador-Delegado da Cornelder de Moçambique, salientou o crescimento e o impacto da Légua na cidade. “É gratificante ver a cidade envolvida com esta iniciativa, que não só promove a saúde como reforça laços entre pessoas e instituições. Este ano tivemos ainda mais participantes, e sentimos o apoio de quem se juntou ao longo do percurso. Pessoas a

correr, a caminhar, cada uma à sua maneira, mas todas a ganhar saúde.

Isso é o que mais importa”, afirmou. Incentivou ainda os atletas a prepararem-se com mais antecedência, lembrando que a CdM disponibiliza espaços para treino meses antes do evento.

António Libombo, Director Executivo Adjunto da CdM, também participou na corrida e reforçou o balanço positivo da edição. “Conseguimos superar as expectativas. A nova plataforma digital que desenvolvemos para registo dos participantes permitiu uma inscrição mais simples e organi -

zada. A adesão mostra que estamos no caminho certo”, sublinhou. Apelou a que mais pessoas se juntem à próxima edição, lembrando que a Légua está a consolidar-se como referência no atletismo regional.

O governador de Sofala, Lourenço Bulha, que esteve presente, reconheceu o contributo da Cornelder para o desporto e o serviço público. “Esta prova valoriza a província e associa o exercício físico a outros serviços importantes, como os cuidados de saúde. São acções que devem ser replicadas por outras entidades.”

Sande Carmona, repre sentante do Conselho Municipal da Beira, re forçou o valor da Légua como evento de refe rência além-fronteiras.

“A Légua da Beira já é conhecida em várias partes do continente. É um activo da cidade que todos devemos acari nhar.”

Também o secretário -geral da APAS, Titos

Mulinga, destacou a evo lução da organização e a resposta positiva dos atletas moçambicanos.

“Tivemos mais partici pantes e conseguimos manter a qualidade. Esta edição lança novos desafios para o futuro e confirma que estamos a crescer em várias fren tes.”

O tempo fresco ajudou os corredores, segun do vários participan tes, que descreveram a prova como exigente, mas bem disputada. Os rostos à chegada espe lhavam cansaço e satis fação, num evento que alia desporto, saúde e cidadania. A Légua da Beira já conquistou o seu lugar no panorama desportivo nacional — e continua a somar quiló metros de motivação e exemplo.

Fotografia: Cortesia de Cornelder Moçambique
“Esta

prova valoriza a província e associa o exercício físico a outros serviços importantes, como os cuidados de saúde. São acções que devem ser replicadas por outras entidades.”

– Lourenço Bulha, Governador da província de Sofala

Légua da Beira Health, union and overcoming

On 19 July, the city of Beira hosted the 7th edition of the Légua da Beira, an in itiative promoted by Cornelder de Moçambique (CdM), in partnership with the Sofala Provincial Athletics Association (APAS). Once again, the capital of Sofala witnessed a major sporting event, bringing together thousands of athletes and enthusiasts in an atmosphere of excitement, movement, and community spirit.

With a 7.2-kilometre route centred around Largo dos CFM, the race attracted around 3,750 participants from across the country and abroad. Professionals, amateurs, CdM workers, students, veterans and members of the port community laced up their trainers and lined up for a day of effort, fellowship, and the promotion of health.

In the Men’s Professional category, South African Abednico Mashaba once again took the lead, crossing the finish line in 21 minutes and 18 seconds — the fastest time ever recorded in the event’s history. He was followed by Ebel Chibanda (21.23) and Thabo Prince Ndlovu (22.09), also from abroad. In the Women’s category, victory went to Neriah Maganzo, with a time of 26.16 minutes, followed by Mozambicans Rosa Passipa-

mira (28.27) and Domingas Checane (28.47), in a tightly contested race.

But the Légua is made up of many stages and protagonists. Among CdM Workers, João Simbe and Epifania Sequeira stood out, while Brizito Casse and Olímpia Lamucene won in the Port Community category. In the Veterans division, Betinho Itato and Ester Chiweia crossed the line first in their respective categories, and among the General Public, Manda Jaquecene and Isabel Basílio achieved the best times. In the Student category, Jonas Vernijo and Lonia Sitoe led their races. Each name represents effort, discipline and the joy of taking part in an event that values both individual and collective perseverance.

At Largo dos CFM, the start and finish point of the race, a Health Fair was also held,

open to the public. Screen ing services, counselling, and awareness activities were available to all attend ees, reinforcing the social aspect of the event and its connection to community well-being.

Jan de Vries, CEO of Cor nelder de Moçambique, highlighted the growth and impact of the Légua in the city. “It’s rewarding to see the city engaged with this initiative, which not only promotes health but also strengthens ties between people and institutions. This year we had even more participants, and we felt the support of those who joined along the way. People run ning, walking, each in their own way, but all gaining health. That’s what matters most,” he said. He also en couraged athletes to begin training earlier, noting that CdM makes training spaces available months ahead of the event.

António Libombo, Deputy Executive Director of CdM, also took part in the race and reinforced the positive outcome of this edition. “We managed to exceed expectations. The new digital platform we developed for participant registration allowed for simpler and more organised sign-ups. The turnout shows we are on the right path,” he noted. He called for more people to join the next edition, reminding that the Légua is establishing itself as a reference in regional athletics.

The Governor of Sofala, Lourenço Bulha, who was present at the event, acknowledged Cornelder’s contribution to sport and public service. “This race adds value to the province and links physical exercise to other vital services, such as healthcare. These are actions that should be replicated by other institutions.”

Sande Carmona, representative of the Beira City Council, highlighted the Légua’s value as a

cross-border event. “The Légua da Beira is now known in several parts of the continent. It’s an asset of the city that we should all cherish.”

Titos Mulinga, APAS Secretary-General, also praised the organisational progress and the positive response from Mozambican athletes. “We had more participants and maintained quality. This edition presents new challenges for the future and confirms that we are growing on several fronts.”

The cool weather was an advantage for the runners, according to several participants, who described the race as demanding but well contested. Faces at the finish line showed both exhaustion and satisfaction in an event that brings together sport, health, and citizenship. The Légua da Beira has already secured its place in the national sports calendar — and continues to add kilometres of motivation and inspiration.

Fotografia: Cortesia de Cornelder Moçambique

Moda, cultura e propósito: a estética e as ideias de

Toni Macheve Jr.

Se Moçambique fosse uma silhueta, seria uma mochila em movimento: flexível, resiliente e cheia de história. - Toni Macheve Jr.

Fotografia:Cortesia de Tony Macheve Jr.

Estilista, DJ e empreendedor, António Macheve Júnior — ou simplesmente Toni — é o nome por detrás da Xipixi, marca que conquistou lugar de destaque na moda moçambicana. Nesta entrevista, mergulhamos no seu universo criativo e nas referências que o tornam um dos rostos mais singulares da cultura urbana contemporânea.

Entre um corte de tecido e uma curva de vida, qual foi a decisão mais arriscada que já tomaste — enquanto homem, e não enquanto marca — e que hoje agradeces ter tomado?

Prefiro falar da decisão mais importante da minha vida: casar com a minha esposa. Essa escolha moldou o meu percurso pessoal e profissional. Ter ao meu lado uma parceira inteligente e alinhada com os meus valores tornou-se um pilar. Ela participa nas minhas decisões, sobretudo as mais arriscadas. Os nossos filhos também são parte deste equilíbrio. A família dá-me força e inspiração para continuar a criar e a enfrentar desafios com serenidade. Essa base tornou-me mais ponderado, mais consciente das consequências das minhas escolhas, tanto no trabalho como na vida.

Que elemento da cultura moçambicana nunca deixas fora de uma colecção – mesmo que seja só como símbolo invisível?

Há sempre um elemento invisível, mas constante: o Chamanculo, bairro onde cresci. As memórias da igreja, do campo do Zixaxa e dos detalhes arquitectónicos do bairro influenciam as minhas

peças — das estampas às texturas. Mais recentemente, tenho bebido inspiração da Galeria do Chamanculo, onde a arte e a história local continuam a alimentar a minha visão. Mesmo que não seja evidente à primeira vista, o Chamanculo é a alma discreta das minhas criações.

Se tivesses de criar uma peça para representar Moçambique numa só silhueta, que forma teria? E de que material seria feita?

Escolheria uma mochila duffel bag em poliéster resistente. Representa a resiliência do povo moçambicano — maleável, adaptável e capaz de carregar peso literal e simbólico. Tal como o nosso povo, esta mochila segue em frente, pronta para enfrentar desafios. Nas minhas viagens, prefiro este modelo por ser flexível e funcional, tal como a nossa identidade colectiva: moldável, mas firme, sempre em movimento.

Costura também é escuta. Há histórias que te chegam pelas mãos dos clientes? Qual foi a mais marcante?

Uma história tocante foi a de um jovem que acompanhava a Xipixi desde os 18 anos e, anos depois, escolheu a marca

para o seu fato de casamento. Sempre sonhou com esse momento e cumpriu a promessa silenciosa que fez a si próprio. Esta história mostrou-me como a marca cresce com o seu público, presente nos marcos importantes da vida de quem nos acompanha desde cedo. Foi um momento comovente e revelador do impacto da Xipixi na vida das pessoas.

Num país onde ainda se confunde moda com vaidade, como tem sido o teu papel em afirmar a moda como linguagem, identidade e até protesto? Para mim, a moda é uma forma de comunicação silenciosa, mas poderosa. Vai além da aparência — é identidade, bem-estar e funcionalidade. Nas nossas campanhas, procuramos transmitir mensagens que ultrapassem a estética, abordando temas sociais e estados de espírito. A roupa deve ser uma extensão da pessoa, confortável e coerente com quem a veste. Enquanto houver necessidade de se vestir, haverá espaço para a Xipixi inovar e comunicar.

As tuas Coffee Partys juntam moda, conversa e convivência. Em que consistem exactamente esses encontros e como tem sido a resposta do público?

As Coffee Parties nasceram do conceito internacional que junta café, música electrónica e bem-estar. Adaptámo-lo à realidade moçambicana com ritmos locais e identidade própria. São eventos diurnos que começam às oito da manhã e vão até às quatro da tarde, criando uma alternativa saudável à vida nocturna. A moda está sempre presente, com t-shirts e acessórios exclusivos que expandem a linha streetwear da Xipixi. É um espaço acessível, vibrante, com música, estilo e comunidade.

Na passarela da tua vida, quem foram os grandes mestres ou musas que te ensinaram a caminhar com estilo próprio?

Destaque para o Embaixador português José Filipe Moraes Cabral, pela sua elegância clássica e ousadia com laços. Virgil Abloh ensinou-me liberdade criativa e inspirou-me a voltar à música. Kanye West influenciou-me com a sua visão artística transversal. Mas a maior referência foi o meu pai — pela autenticidade e pela forma como sempre foi fiel a si mesmo. Isso moldou a minha identidade e ensinou-me a confiar no meu instinto.

Vivemos tempos de consumo rápido.

Como é que resistes à pressa e crias peças com alma?

Na Xipixi, praticamos slow fashion. Privilegiamos a consistência, a maturação e a identidade duradoura. Os elementos visuais e conceptuais repetem-se de forma estratégica para sedimentar o ADN da marca. Algumas peças são testadas internamente durante anos antes de serem lançadas. Esta lentidão é intencional: queremos que cada criação reflicta bem o nosso propósito e visão a longo prazo.

Se um estilista é também um contador de histórias, que capítulo da tua própria vida ainda está por costurar?

Prefiro não antecipar demasiado, mas estou motivado a estimular a colaboração entre diferentes sectores das indústrias criativas em Moçambique. Acredito profundamente no poder de construir juntos.

O que podemos esperar, nos próximos tempos, de alguém tão multifacetado?

Quero dedicar mais tempo à música. Já iniciei faixas instrumentais em estúdio, mas o perfeccionismo atrasou-me. Agora sinto que é o momento de partilhar música original assinada como DJ No Requesss. Esta será mais uma extensão da minha criatividade, em harmonia com o trabalho que desenvolvo noutras áreas.

Stylist, DJ and entrepreneur, António Macheve Júnior — or simply Toni — is the name behind Xipixi, a brand that has earned a prominent place in Mozambican fashion. In this interview, we dive into his creative world and the references that make him one of the most distinctive faces of contemporary urban culture.

Between cutting fabric and life’s turns, what has been the riskiest decision you've ever made — as a man, not as a brand — and that you're grateful for today?

I prefer to speak about the most important decision of my life: marrying my wife. That choice shaped my personal and professional journey. Having an intelligent partner by my side, someone aligned with my values, has been a pillar. She’s involved in my decisions, especially the riskier ones. Our children are also part of this balance. My family gives me strength and inspiration to keep creating and face challenges calmly. That foundation has made me more thoughtful, more aware of the consequences of my choices, both in work and in life.

What element of Mozambican culture do you never leave out of a collection — even if only as an invisible symbol?

There is always an invisible but constant element: Chamanculo, the neighbourhood where I grew up. Memories of the church, the Zixaxa field and the area’s architectural details influence my pieces — from prints to textures. More recently, I’ve drawn inspiration

from the Chamanculo Gallery, where local art and history continue to feed my vision. Even if not immediately obvious, Chamanculo is the quiet soul behind my creations.

If you had to create a piece to represent Mozambique in a single silhouette, what shape would it take? And what material would it be made of? I’d choose a duffel backpack made of durable polyester. It represents the resilience of the Mozambican people — flexible, adaptable, and capable of carrying both literal and symbolic weight. Like our people, this backpack keeps moving forward, ready to face challenges. It’s my preferred travel model because it’s both functional and flexible, much like our collective identity: malleable, but firm, always in motion.

Sewing is also listening. Do stories come to you through the hands of your clients? What has been the most striking one?

One touching story was that of a young man who had followed Xipixi since he was 18 and, years later, chose the brand for his wedding suit. He had

always dreamed of that moment and fulfilled the silent promise he made to himself. That story showed me how the brand grows with its audience, present in the milestones of those who’ve been with us from the start. It was a moving moment, revealing Xipixi’s impact on people’s lives.

In a country where fashion is still confused with vanity, how has your role helped establish fashion as language, identity — even protest?

For me, fashion is a silent but powerful form of communication. It goes beyond appearance — it’s identity, wellbeing and functionality. In our campaigns, we aim to convey messages that go beyond aesthetics, addressing social themes and emotional states. Clothing should be an extension of the person, comfortable and consistent with who wears it. As long as there’s a need to dress, there’ll be room for Xipixi to innovate and communicate.

Your Coffee Parties bring together fashion, conversation and socialising. What exactly are these events, and how has the public responded? Coffee Parties were inspired by an international concept that blends coffee, electronic music, and wellbeing. We adapted it to Mozambican reality with local rhythms and a unique identity. They’re daytime events that start at eight in the morning and go until four in the afternoon, offering a healthy alternative to nightlife. Fashion is always present, with exclusive t-shirts and accessories that expand Xipixi’s streetwear line. It’s an accessible, vibrant space with music, style and community.

On the runway of your life, who were

the key mentors or muses who taught you to walk with your own style?

I’d highlight Portuguese Ambassador José Filipe Moraes Cabral for his classic elegance and boldness with bow ties. Virgil Abloh taught me creative freedom and inspired me to return to music. Kanye West influenced me with his cross-disciplinary artistic vision. But my greatest reference was my father — for his authenticity and the way he always stayed true to himself. That shaped my identity and taught me to trust my instincts.

We live in fast-paced times. How do you resist the rush and create pieces with soul? At Xipixi, we practise slow fashion. We value consistency, maturation and lasting identity. Visual and conceptual elements are strategically repeated to cement the brand’s DNA. Some pieces are tested internally for years before being released. This slowness is intentional: we want each creation to reflect our purpose and long-term vision.

If a fashion designer is also a storyteller, what chapter of your own life remains to be stitched?

I’d rather not reveal too much, but I’m motivated to foster collaboration across different sectors of the creative industries in Mozambique. I deeply believe in the power of building together.

What can we expect next from someone as multifaceted as you?

I want to dedicate more time to music. I’ve already started instrumental tracks in the studio, but perfectionism held me back. Now I feel it’s time to share original music signed as DJ No Requesss. This will be yet another extension of my creativity, in harmony with the work I do in other areas.

Millennium bim celebrou protocolo de cooperação com o Camões

O Millennium bim e o Camões – Centro Cultural Português celebraram, no passado dia 3 de Julho, um protocolo de cooperação com o objectivo de impulsionar a cultura moçambicana através de um conjunto de iniciativas a serem desenvolvidas ao longo de dois anos.

Esta parceria insere-se no âmbito do programa de Responsabilidade Social do Banco, “Mais Moçambique pra Mim”, sob o pilar da Cultura, e visa estimular projectos intergeracionais, acções dirigidas ao público infantil, actividades de valorização do património e da memória colectiva, bem como o apoio à criação artística contemporânea.

“A cultura é uma força mobilizadora que une comunidades e constrói futuro. Esta parceria com o Camões, estabelecida num ano tão simbólico, não só para Moçambique, como também para o Millennium bim, que celebra 30 anos de compromisso com o País, representa mais um passo firme na nossa missão de contribuir para uma sociedade mais inclusiva, criativa e consciente

da sua história”, afirmou Moisés Jorge, Presidente do Conselho de Administração do Millennium bim.

Mais do que registos visuais, as imagens da exposição
Moçambique
50 anos de Independência provocam uma leitura crítica, inclusiva e intergeracional da nossa história colectiva.

Por sua vez, o Camões –Centro Cultural Português destacou a importância de parcerias com o sector privado para dinamizar o teci-

do cultural e reforçar os laços de cooperação bilateral entre Moçambique e Portugal, colocando a cultura como vector de transformação e de aproximação entre os povos.

O Camões – Centro Cultural Português em Moçambique visa, com o estabelecimento desta parceria, valorizar o património comum que resulta enriquecido com a interacção das diferentes identidades e a diversidade cultural e artística que caracterizam e representam os dois países.

Com o apoio do Millennium bim, a programação do CCP Maputo passará a contar com mais iniciativas que integrem parcerias luso-moçambicanas, sendo de destacar o resultado positivo e profícuo para os dois países que resulta da cooperação nos domínios da cultura e do conhecimento.

Com este compromisso, que começou a materializar-se com a associação do Millennium bim à exposição comemorativa dos 50 anos de Independência de Moçambique a decorrer na Galeria do Camões, o Millennium bim afirma-se como catalisador de iniciativas que integram tradição, inovação e inclusão, num esforço conjunto com parceiros estratégicos para construir um legado cultural sustentável e participado.

Com curadoria de António Sopa, a exposição “Moçambique 50 Anos de Independência”, reúne fotografias e outros documentos que ilustram mudanças profundas do país desde 1975, convidando à reflexão sobre identidade, memória e futuro, e afirmando a cultura como pilar de pertença, diálogo e mudança social.

As imagens em exposição dão corpo a cinco décadas de independência, retratando a evolução social de Moçambique. Mais do que registos visuais, provocam uma leitura crítica, inclusiva e intergeracional da nossa história colectiva.

"Nestes cinquenta anos de independência, o Millennium bim tem caminhado lado a lado com

Moçambique há três décadas, com o firme compromisso de apoiar a cultura, o desenvolvimento social e a afirmação da identidade do nosso povo. Esta exposição simboliza essa jornada partilhada. Acreditamos que a cultura tem o poder de unir, inspirar e transformar. Com esta parceria com o Camões – Centro Cultural Português, renovamos o nosso compromisso de apoiar iniciativas que ligam o passado ao futuro, contribuindo para uma sociedade mais inclusiva", afirmou Moisés Jorge, Presidente do Conselho de Administração do Millennium bim, na inauguração.

“Quando o sector privado se junta à cultura, constrói-se mais do que eventos, constroem-se pontes duradouras entre comunidades, gerações e países. Esta colaboração com o Millennium bim é prova disso mesmo.”

– salientou José Amaral, Director do Centro Cultural Português.

Integrada no programa de Responsabilidade Social do Millennium bim, Mais Moçambique pra Mim, a exposição ganha um significado especial num ano emblemático seja para Moçambique, seja para o Millenium Bim, dadas as importantes efemérides que nele se verificam.

“Esta parceria [...] representa mais

um passo firme na

nossa

missão de contribuir para uma sociedade mais inclusiva, criativa e consciente da sua história.” – Moisés Jorge, PCA do Millennium bim.

Millennium bim signed cooperation protocol with Camões

Millennium bim and Camões – Portuguese Cultural Centre signed, on 3 July, a cooperation protocol with the aim of promoting Mozambican culture through a set of initiatives to be developed over two years.

This partnership is part of the Bank's Social Responsibility programme, “Mais Moçambique pra Mim”, under the Culture pillar, and aims to stimulate intergenerational projects, actions aimed at children, activities that value heritage and collective memory, as well as support for contemporary artistic creation.

“Culture is a mobilising force that unites communities and builds the future. This partnership with Camões, established in such a symbolic year – not only for Mozambique but also for Millennium bim, which celebrates 30 years of commitment to the country – represents another firm step in our mission to contribute to a more inclusive, creative and historically

conscious society,” said Moisés Jorge, Chairman of the Board of Directors of Millennium bim.

In turn, Camões – Portuguese Cultural Centre highlighted the importance of partnerships with the private sector to energise the cultural fabric and strengthen bilateral cooperation ties between Mozambique and Portugal, placing culture as a vector of transformation and rapprochement between peoples.

Camões – Portuguese

Cultural Centre in Mozambique aims, with the establishment of this partnership, to value the shared heritage that is enriched by the interaction of different identities and the cultural and artistic diversity that characterises and represents the two countries.

With the support of Millennium bim, the CCP Maputo programme will now include more initiatives that integrate Luso-Mozambican partnerships, highlighting the positive and fruitful outcome for both countries that results from cooperation in the fields of culture and knowledge.

With this commitment, which began to materialise with the association of Millennium bim to the commemorative exhibition of the 50th anniversary of Mozambique’s Independence taking place at the Camões Gallery, Millennium bim affirms itself as a catalyst for initiatives that integrate tradition, innovation and inclusion, in a joint effort with strategic partners to build a sustainable and participatory cultural legacy.

Curated by António Sopa, the exhibition “Mozambique 50 Years of Independence” brings together photographs and other documents that illustrate the profound changes in the country since 1975, inviting reflection on identity, memory and the future, and affirming culture as a pillar of belonging, dialogue and social change.

The images on display give shape to five decades of independence, portraying Mozambique’s social evolution. More than visual records, they provoke a critical, inclusive and intergenerational reading of our collective history.

“In these fifty years of independence, Millennium bim has walked side by side with Mozambique for three decades, with a firm commitment to supporting culture, social development and the affirmation of our people's identity. This exhibition symbolises that shared journey. We believe that culture has the power to unite, inspire and transform. With this partnership with Camões –Portuguese Cultural Centre, we renew our commitment to supporting initiatives that link the past to the future, contributing to a more inclusive society,” said Moisés Jorge, Chairman of the Board of Directors of Millennium bim, at the opening.

“When the private sector joins culture, more than events are built – lasting bridges are built between communities, generations and countries. This collaboration with Millennium bim is proof of that,” emphasised José Amaral, Director of the Portuguese Cultural Centre.

Integrated into the Millennium bim Social Responsibility programme, “Mais Moçambique pra Mim”, the exhibition gains special significance in a symbolic year for both Mozambique and Millennium bim, given the important anniversaries being celebrated.

A parceria entre o Millennium bim e o Camões visa apoiar iniciativas culturais intergeracionais, infantis e de criação artística.

O Presidential Golf Day 2025 lançou luz sobre o que Moçambique tem para oferecer — dentro e fora dos campos de golfe.

Fotografia: Cortesia de Danilo Nhantumbo

Golfe, diplomacia e orgulho nacional

Entre os dias 21 e 24 de Junho de 2025, Xinavane, no distrito da Manhiça, acolheu um dos eventos mais emblemáticos do calendário nacional: o Presidential Golf Day – Edição Especial. Integrado nas celebrações dos 50 anos

Integrado

nas

Eswatini e Namíbia, marcando o carácter africano e cooperativo do encontro.

Na perspectiva do Presidente Chapo, a presença internacional evidenciou a confiança crescente no potencial do continente e na capacidade de Moçambique para criar pontes duradouras. “É um sinal inequívoco de que o nosso continente está vivo, confiante e determinado a construir, juntos, um futuro de prosperidade partilhada”, afirmou.

A iniciativa foi coordenada por Danilo Nhantumbo, presidente da Associação Moçambicana para o Desenvolvimento da Indústria de Golfe (AMOGOLFE), que foi publicamente elogiado pelo Presidente da República pelo contributo dado à organização do evento e à projecção do golfe moçambicano a nível regional e internacional.

Mais do que uma competição, o Presidential Golf Day 2025 serviu de palco

celebrações

dos

50 anos

da

Independência, o Presidential Golf Day –Edição Especial ultrapassou o âmbito desportivo para se afirmar como uma vitrina de excelência para a marca Moçambique, reunindo cultura, turismo, investimento e diplomacia económica.

da Independência Nacional, o encontro ultrapassou o âmbito desportivo para afirmar-se como uma vitrina de excelência para a marca Moçambique, reunindo cultura, turismo, investimento e diplomacia económica num mesmo cenário.

O Presidente da República, Daniel Chapo, marcou presença e, num discurso marcado pela solenidade e convicção, sublinhou a importância do evento en -

quanto expressão da vitalidade nacional. Para o Chefe de Estado, “este dia transcende a mera celebração desportiva. É um marco simbólico que tece a história de um povo resiliente, a energia de uma Nação em crescimento e a visão de um futuro promissor para todos os moçambicanos, do Rovuma ao Maputo e do Zumbo ao Índico”.

Participaram delegações empresariais e desportivas de Angola, África do Sul,

para causas prioritárias como a educação, a saúde comunitária e a inclusão social. O evento reafirmou o compromisso nacional com o progresso partilhado e a valorização de cada cidadão, independentemente da sua origem, crença ou condição. No contexto do Jubileu de Ouro, a mulher moçambicana ganhou também uma plataforma especial com o lançamento do First Lady Golf Classic, promovido pela AMOGOLFE e apadrinhado pela Primeira-Dama da República, Gueta Chapo, que deu a tacada inaugural. Esta iniciativa, de periodicidade anual, terá enfoque em causas da mulher, educação e saúde, tendo já nascido com um espírito solidário e inclusivo.

A Comissão Interministerial para os Grandes Eventos Nacionais e Internacionais (CIGENI) reconheceu o mérito da iniciativa e recomendou a sua inclusão no calendário oficial. No encerramento da cerimónia, o Presidente Chapo declarou: “O futuro joga-se com visão, ganha-se com união e enfren -

ta-se com coragem. E hoje, também com um taco na mão e Moçambique no coração, faço a minha parte como moçambicano orgulhoso das minhas raízes”.

O Presidential Golf Day 2025 foi, assim, uma celebração ampla e bem-orquestrada, que lançou luz sobre o que Moçambique tem para oferecer — dentro e fora dos campos de golfe.

Fotografia: Cortesia de Danilo Nhantumbo

Golf, diplomacy and national pride

From 21 to 24 June 2025, Xinavane, in the district of Manhiça, hosted one of the most emblematic events on the national calendar: the Presidential Golf Day – Special Edition. Integrated into the celebrations of the 50th anniversary of National Independence, the event went beyond the sporting sphere to assert itself as a showcase of excellence for the Mozambique brand, bringing together culture, tourism, investment and economic diplomacy in a single setting.

The President of the Republic, Daniel Chapo, was present and, in a speech marked by solemnity and conviction, underlined the importance of the event as an expression of national vitality. For the Head of State, “this day transcends mere sporting celebration. It is a symbolic milestone that weaves together the history of a resilient people, the energy of a Nation in growth and the vision of a promising future for all Mozambicans, from the Rovuma to Maputo and from Zumbo to the Indian Ocean.”

Business and sports delegations from Angola, South Africa, Eswatini and Namibia took part, highlighting the African and cooperative character of the gathering. In President Chapo’s view, the international presence demonstrated growing confidence in the continent’s potential

and Mozambique’s ability to build lasting bridges. “It is a clear sign that our continent is alive, confident and determined to build, together, a future of shared prosperity,” he said.

The initiative was coordinated by Danilo Nhantumbo, president of the Mozambican Association for the Development of the Golf Industry (AMOGOLFE), who was publicly praised by the President of the Republic for his contribution to the organisation of the event and to the promotion of Mozambican golf at regional and international levels.

More than just a competition, the Presidential Golf Day 2025 served as a platform for priority causes such as education, community health and social inclusion. The event reaffirmed the national commitment to shared progress and the appreciation of every citizen, regardless of their origin, belief or condition. In the context of the Golden Jubilee, Mozambican women also received a special platform with the launch of the First Lady Golf Classic, promoted by AMOGOLFE and endorsed by the First Lady of the Republic, Gueta Chapo, who made the opening stroke. This initiative, to be held annually, will focus on women's causes, education and health, and was born with a spirit of solidarity and inclusion.

The Interministerial Commission for Major National and International Events (CIGENI) recognised the merit of the initiative and recommended its inclusion in the official calendar. At the closing ceremony, President Chapo declared: “The future is played with vision, won with unity and faced with courage. And today, also with a club in hand and Mozambique in my heart, I do my part as a Mozambican proud of my roots.”

The Presidential Golf Day 2025 was, therefore, a broad and well-orchestrated celebration that shed light on what Mozambique has to offer — on and off the golf course.

BCI e Sir Motors

juntos por uma mobilidade sustentável e uma educação com propósito

“A utilização de autocarros eléctricos representa não só uma experiência inédita para estas crianças, como também um passo concreto rumo a uma mobilidade mais ecológica.”
- Francisco Costa, PCE do BCI

BCI e Sir Motors juntos por uma mobilidade sustentável e uma educação com propósito

Numa iniciativa que reflecte visão, responsabilidade e compromisso com o futuro, o Banco Comercial e de Investimentos (BCI), em parceria com o Grupo Sir Motors, lançou no passado dia 26 de Junho, no seu Auditório em Maputo, o programa “Metrobus: Daqui Pr’aqui”. Trata-se de um projecto inovador que combina mobilidade sustentável, educação e inclusão social, com o objectivo de proporcionar experiências transformadoras para crianças em idade escolar.

Através da utilização de autocarros 100% eléctricos, o programa garante o transporte periódico de crianças entre a província e a cidade de Maputo, proporcionando visitas a instituições e espaços públicos de referência. Mais do que um simples percurso, trata-se de uma jornada de descoberta, que amplia o repertório cultural das crianças, estimula o pensamento crítico e desperta novas possibilidades de futuro.

Durante a cerimónia de lançamento, o Presidente da Comissão Executiva do BCI, Francisco Costa, destacou o alinhamento do projecto com os pilares estratégicos do Banco: “Este é o tipo de projectos que o BCI quer apoiar e no qual faz todo o sentido

estar presente. Temos no Banco uma nova Direcção de Sustentabilidade, e esta acção enquadra-se exemplarmente na sua missão. Cruza duas dimensões essenciais para nós: a responsabilidade social e a sustentabilidade ambiental.”

E concluiu com ênfase: “com esta iniciativa, acrescentamos uma componente inovadora: a utilização de autocarros eléctricos, que representa não só uma experiência inédita para estas crianças, como também um passo concreto rumo a uma mobilidade mais ecológica”.

Por sua vez, o Presidente do Grupo Sir Motors, Amade Camal, partilhou uma mensagem inspiradora, aludindo ao poder do sonho como motor do desen-

volvimento: “o primeiro passo para o crescimento e o desenvolvimento é este: sonhar. Para isso, é fundamental conhecer, estudar e aprender a aprender. Só depois de sabermos o que nos inspira, conseguimos descobrir o que realmente gostamos e, com isso, nasce o verdadeiro sonho, aquele pelo qual vale a pena lutar.” E acrescentou: “este projecto visa precisamente isso: dar às crianças oportunidades para sonhar”.

O evento contou com a presença de representantes dos Municípios de Maputo e da Matola, colaboradores do BCI, membros do Grupo Sir Motors e dezenas de alunos da Escola Primária 16 de Junho, cuja curiosidade e entusiasmo foram a melhor tradução do espírito da iniciativa.

Fotografia:Cortesia do BCI

Com o programa “Metrobus: Daqui Pr’aqui”, o BCI reafirma o seu compromisso com um desenvolvimento mais inclusivo e sustentável, promovendo soluções que aproximam geografias e realidades, ampliam horizontes e constroem pontes para um amanhã mais consciente, verde e equitativo.

É neste cruzamento entre inovação, responsabilidade e educação que se constroem as bases de um futuro ao serviço de todos.

O “Metrobus: Daqui Pr’aqui” é um projecto que combina mobilidade sustentável, educação e inclusão social.

BCI and Sir Motors united for sustainable mobility and purposeful education

In an initiative that reflects vision, responsibility and a commitment to the future, Banco Comercial e de Investimentos (BCI), in partnership with the Sir Motors Group, launched the programme “Metrobus: Daqui Pr’aqui” on 26 June at its Auditorium in Maputo. This is an innovative project that combines sustainable mobility, education and social inclusion, with the aim of providing transformative experiences for school-aged children.

Through the use of 100% electric buses, the programme ensures the regular transport of children between the province and the city of Maputo, offering visits to institutions and landmark public spaces. More than just a journey, it is an experience of discovery that broadens children’s cultural horizons, stimulates critical thinking and opens up new possibilities for the future.

During the launch ceremony, BCI’s CEO, Francisco Costa, highlighted the project’s alignment with the Bank’s strategic pillars: “This is exactly the kind of project BCI wants to support and be a part of. At the Bank, we now have a new Sustainability Department, and this initiative fits perfectly within its mission. It brings together two essential dimensions for us: social responsibility and en-

vironmental sustainability.”

He concluded emphatically: “With this initiative, we add an innovative component — the use of electric buses, which not only offers a new experience for these children, but also marks a concrete step towards more ecological mobility.”

Meanwhile, Sir Motors Group President Amade Camal shared an inspiring message, referring to the power of dreams as a driver of development: “The first step towards growth and development is this — to dream. To do so, it is vital to know, to study, and to learn how to learn. Only after we understand what inspires us can we discover what we truly enjoy, and from that comes the real dream — the one worth fighting for.”

He added: “This project is exactly about that: giving children the opportunity to dream.”

The event was attended by representatives of the Municipalities of Maputo and Matola, BCI employees, members of the Sir Motors Group and dozens of pupils from the 16 de Junho Primary School, whose curiosity and enthusiasm were the clearest reflection of the spirit of the initiative.

With the “Metrobus: Daqui Pr’aqui” programme, BCI reaffirms its commitment to more inclusive and sustainable development, promoting solutions that connect geographies and realities, broaden horizons and build bridges towards a more conscious, green and equitable tomorrow.

It is at this crossroads between innovation, responsibility and education that the foundations for a future in the service of all are built.

“O

primeiro passo para o crescimento e o desenvolvimento é este: sonhar. Este projecto visa precisamente isso: dar às crianças oportunidades para sonhar.”

Amade Camal, Presidente do Grupo Sir Motors

Txilar Black a cerveja que os moçam B icanos

pediram de volta

Nas prateleiras e nas conversas de quem aprecia cerveja preta, um nome volta a surgir com entusiasmo: Txilar Black. Depois de uma ausência que deixou saudades entre os verdadeiros apreciadores, a cerveja preta premium moçambicana está de volta — e com motivos de sobra para celebrar.

Lançada pela primeira vez em 2022, a Txilar Black não se limitou a ser mais uma opção no mercado. Chegou com ambição, propondo-se a redefinir o conceito de cerveja preta em Moçambique. Com o lema “Sabe bem ter escolha”, a marca veio contrariar o hábito enraizado de poucos rótulos nesta categoria e afirmar que o consumidor moçambicano merecia mais — e melhor. A promessa era clara: oferecer uma alternativa

que combinasse qualidade, suavidade e carácter.

A recepção não deixou margem para dúvidas. Com o seu sabor rico em malte e corpo leve, rapidamente conquistou um nicho de fiéis seguidores. No entanto, no final de 2023, a marca foi retirada do mercado numa aposta estratégica que privilegiava novas experiências dentro do portfólio da HEINEKEN Moçambique. A decisão, ainda que pensada, não

passou despercebida ao consumidor — e foi precisamente esse clamor popular que ditou o rumo dos acontecimentos.

Em Junho de 2025, a Txilar Black regressa em edição limitada, como resposta directa àqueles que não esqueceram o sabor inconfundível da cerveja. Mas este relançamento vai além da nostalgia. É, acima de tudo, um gesto de reconhecimento ao consumidor moçambicano, que se mostrou exigente, atento e leal àquilo que valoriza: autenticidade, sabor e identidade.

Com 4,5% de teor alcoólico e um processo de produção mais lento, esta cerveja distingue-se por uma maior intensidade do malte

e um paladar mais suave, sendo mais acessível do que as restantes da sua categoria. É precisamente essa combinação — entre sofisticação e leveza — que lhe confere o estatuto de premium, sem perder atracção junto de novos curiosos.

Este regresso reafirma também a estratégia da HEINEKEN Moçambique em inovar com critério e respeito pelo gosto nacional. Ao recuperar a Txilar Black, a empresa renova o seu compromisso com a diversidade de oferta e com a valorização de produtos que fazem eco do que é nosso.

Porque, como bem diz o seu slogan, sabe mesmo bem ter escolha — e quando a escolha tem sabor moçambicano, ainda melhor.

O relançamento da Txilar Black é uma resposta ao consumidor, que dela não se esqueceu.

Entre sofisticação e leveza, a cerveja preta premium conquista velhos fãs e novos curiosos.

Txilar Black

the B eer m ozam B icans asked to bring back

On the shelves and in the conversations of those who appreciate dark beer, one name is re-emerging with enthusiasm: Txilar Black. After an absence that left a lasting impression among true aficionados, the Mozambican premium dark beer is back — and with plenty of reasons to celebrate.

First launched in 2022, Txilar Black was never just another option on the market. It arrived with ambition, aiming to redefine the concept of dark beer in Mozambique. With the motto “It feels good to have a choice”, the brand set out to challenge the ingrained habit of having few labels in this category and to assert that the Mozambican consumer deserved more — and better. The promise was clear: to

offer an alternative combining quality, smoothness and character.

The reception left no room for doubt. With its rich malt flavour and light body, it quickly won a loyal niche following. However, at the end of 2023, the brand was withdrawn from the market in a strategic move prioritising new experiences within HEINEKEN Mozambique’s portfolio. Though planned, the decision didn’t go

unnoticed by consumers — and it was precisely that public demand which shaped what happened next.

In June 2025, Txilar Black returns in a limited edition, as a direct response to those who never forgot the beer’s unmistakable taste. But this relaunch goes beyond nostalgia. Above all, it is a gesture of recognition to the Mozambican consumer, who has shown to be discerning, attentive and loyal to what they value: authenticity, flavour and identity.

With 4.5% alcohol content and a slower brewing process, this beer stands out for its intensified malt and smoother taste, making it more accessible than others in its catego -

ry. It is precisely this combination — of sophistication and lightness — that gives it its premium status without losing appeal among the curious.

This comeback also reaffirms HEINEKEN Mozambique’s strategy of innovating with purpose and respect for national taste. By bringing Txilar Black back, the company renews its commitment to offering variety and to valuing products that echo what is truly ours.

Because, as the slogan says so well, it really does feel good to have a choice — and when that choice carries Mozambican flavour, even better.

This bear stands out for its intensified malt and smoother taste.

Néctar foi mais do que um festival, foi uma celebração da cultura vínica em toda a sua riqueza sensorial.

Néctar, um brinde à cultura do vinho

No passado dia 5 de Julho, o emblemático Hotel Cardoso, em Maputo, foi palco da primeira edição do Néctar – Festival da Cultura do Vinho, evento que reuniu amantes do vinho, produtores, sommeliers, instituições de ensino e público em geral, num ambiente de celebração, aprendizagem e descoberta.

Organizado pelo

Connoisseur

Prestige Club, A Malta do Vinho e a Revista Xonguila, o Néctar contou com o apoio do Ministério da Economia, do INATUR, da Escola Portuguesa de Moçambique, e de um leque diversificado de parceiros, entre os quais se destacam os seguintes: Grupo MEGA, Tropigália, Socimpex, Lactopaiva, Wine Lovers, Midway, Cosel, YAO e Inspiration Locações. Foram patrocinadores o banco UBA Moçambique, a HEINEKEN Moçambique, o Grupo CFAO e o Hotel Cardoso.

A abertura oficial esteve a cargo do Secretário de Estado do Turismo, Fredson Bacar, que destacou o potencial transformador da cultura do vinho para o turismo nacional e o posicionamento de Moçambique como destino de experiências sofisticadas e sustentáveis. Com perto de 500 par-

ticipantes, a programação decorreu entre jardins e salas de conferência, interligando momentos de degustação, aprendizagem, reflexão e celebração. O recinto contou com 10 espaços dedicados à prova de vinhos, onde os distribuidores e representantes apresentaram os rótulos que comercializam em Moçambique, dando a conhecer ao público uma selecção alargada de referências internacionais.

O bilhete incluía três provas à escolha, com a possibilidade de se adquirirem mais, assim se promovendo uma experiência livre e personalizada.

Um dos pontos altos do evento foi o percurso interactivo “Da Uva ao Brinde”, uma viagem educativa concebida pelo Grupo CFAO que atravessava 10 estações temáticas tratando desde castas e vindima até ao engarrafamento e serviço. Guias especializados acompanharam os visitan-

tes, tornando a experiência muito informativa, envolvente e memorável. Quanto a surpresas refrescantes, destacou-se uma banca que servia sorvete de vinho e de espumante, muito apreciada pelos visitantes ao longo da tarde.

Em paralelo ao que ia decorrendo nos jardins, três breves e interessantes sessões dinamizaram a sala de conferências: primeiro, “Como degustar vinho”, orientada por A Malta do Vinho; depois, “As marcas da HEINEKEN Moçambique”; e a terceira, com o contributo do Grupo MEGA, dedicada aos vinhos portugueses das regiões do Douro, Dão e Alentejo.

Os discursos protocolares e a cerimónia de entrega de prémios, que distinguiram os melhores vinhos em prova, decorreram no mainstage. O júri técnico atribuiu o prémio ao Totus Pinotage, apresentado pelo Wine Lo-

vers, enquanto o público elegeu como favorito o tinto Fado, do Grupo Midway — dois nomes que se destacaram pela qualidade, equilíbrio e carácter.

A actuação ao vivo do Deodato Siquir Trio, grupo moçambicano de jazz, trouxe ao festival uma atmosfera elegante e envolvente, sublinhando a sofisticação do evento sem quebrar a leveza e informalidade do ambiente. Áreas de gastronomia, arte e sustentabilidade, espaços verdes e zonas de relaxamento permitiram cruzar o vinho com ricas experiências sensoriais, criatividade e consciência ambiental. Além disso, a presença da nova gama de viaturas Toyota, numa mostra interactiva que permitia ao público agendar test drives no local, enriqueceu a experiência com um toque de inovação no domínio da mobilidade.

O festival distinguiu-se ainda por integrar uma formação teórico-prática em vinicultura, realizada ao longo de três dias, envolvendo instituições de ensino técnico-profissional e superior. A primeira sessão teve lugar na Escola Portuguesa de Moçambique (EPM-CELP), no âmbito do curso técnico de Turismo, tendo os dois dias seguintes decorrido no Ministério da Economia,

com participação activa do INATUR (Instituto Nacional do Turismo) e das seguintes instituições de ensino: UEM – Escola de Hotelaria e Turismo de Inhambane, IFPELAC, Instituto Industrial e Comercial Eduardo Mondlane, Instituto Técnico Profissional de Marracuene e Instituto Comercial da Cidade de Maputo. Professores e alunos puderam, depois, aplicar os conhecimentos adquiridos directamente nas actividades do festival — uma ponte prática entre o saber e a acção, a sala e o mercado

A terminar, o Néctar deixa uma certeza: esta primeira edição foi apenas o começo. A organização já fez saber que pretende tornar o festival anual, ambicionando inscrevê-lo como referência turística na região e ponto de encontro obrigatório para apreciadores e profissionais da cultura vínica. E as novidades não se ficam por aqui. Está já confirmado o próximo grande evento da equipa: um festival dedicado à cultura da cerveja, que terá lugar a 25 de Outubro, no Galeria de Maputo. Mais detalhes serão revelados em breve — mas uma coisa é certa: depois do vinho, Moçambique prepara-se para brindar também à cerveja, com a mesma paixão e excelência.

Fotografia: Helton Perengue

O ‘Nectar - Festival da cultura do vinho’ criou uma ponte prática entre o saber e a acção, a sala e o mercado.

Fotografia: Helton Perengue

Néctar, a toast to wine culture

On 5th July, the iconic Hotel Cardoso in Maputo played host to the inaugural edition of Néctar – Festival of Wine Culture, a vibrant gathering that brought together wine enthusiasts, producers, sommeliers, academic institutions, and the general public in a celebratory atmosphere of learning, discovery and appreciation.

Organised by Connoisseur Prestige Club, A Malta do Vinho and Revista Xonguila, the event was supported by the Ministry of Economy, INATUR (National Institute of Tourism), the Portuguese School of Mozambique, and a diverse array of partners including Grupo MEGA, Tropigália, Socimpex, Lactopaiva, Wine Lovers, Midway, Cosel, YAO and Inspiration Locações. Sponsors included UBA Mozambique, HEINEKEN Mozambique, CFAO Group and Hotel Cardoso.

The official opening was led by Fredson Bacar, Secretary of State for Tourism, who emphasised wine culture’s potential to elevate national tourism and to position Mozambique as a refined and sustainable destination. With close to 500 attendees, the programme unfolded across the hotel's gardens and conference rooms, blending tastings, learning

sessions, thoughtful dialogue and celebration. The venue featured 10 dedicated wine-tasting stands, where distributors and representatives showcased the international labels available in Mozambique. Each ticket included three tastings, with the option to purchase additional ones – offering guests a flexible and personalised experience.

One of the festival’s highlights was the interactive trail “From Grape to Glass”, an educational journey curated by CFAO Group spanning ten themed stations that explored everything from grape varieties and harvesting to bottling and wine service. Expert guides led participants through each stage, ensuring a highly informative and memorable experience. For a refreshing twist, a popular stall served wine and sparkling wine sorbets – a crowd favourite on the warm afternoon.

Meanwhile, three engaging talks took place in the conference room: “How to Taste Wine”, presented by A Malta do Vinho; “HEINEKEN Mozambique's Brands”; and a session led by Grupo MEGA focusing on Portuguese wines from the Douro, Dão and Alentejo regions.

The formal speeches and awards ceremony were held on the main stage, where the jury awarded the top prize to Totus Pinotage, presented by Wine Lovers. The public's choice went to Fado red wine, from Grupo Midway – two standout names recognised for their quality, balance and character.

The elegant, laid-back mood of the festival was perfectly complemented by a live performance from the Deodato Siquir Trio, a Mozambican jazz ensemble that infused the event with a touch of musical sophistication. Culinary offerings, art installations, sustaina-

Fotografia: Helton Perengue

bility zones and lush green areas combined to create a rich, multisensory experience that celebrated creativity and environmental awareness. Adding a contemporary edge, Toyota’s latest vehicle line-up was on interactive display, with on-site test drives available to attendees.

Néctar also distinguished itself by incorporating a threeday theoretical and practical course in winegrowing, targeting vocational and higher education institutions. The first session was held at the Portuguese School of Mozambique as part of

their tourism curriculum, followed by two sessions at the Ministry of Economy, involving active participation from INATUR and several institutions, including UEM – Inhambane School of Hospitality and Tourism, IFPELAC, Eduardo Mondlane Industrial and Commercial Institute, Marracuene Technical Institute and Maputo City Commercial Institute. Students and lecturers were then able to apply their knowledge directly at the festival, forging a valuable link between theory and practice.

In closing, one thing is clear:

this first edition of Néctar was only the beginning. Organisers have already announced plans to make it an annual event, aiming to establish it as a regional tourism highlight and a must-attend gathering for wine lovers and professionals alike. And there’s more on the horizon. The team has confirmed its next major event – a festival celebrating beer culture, scheduled for 25th October at Galeria de Maputo. More details will be shared soon – but one thing is certain: after wine, Mozambique is ready to raise a glass to beer, with the same passion and excellence.

Durante seis dias, a cidade foi tomada por exibições cinematográficas, concertos, oficinas, exposições e rodas de conversa.

Entre os dias 3 e 8 de Julho, Maputo acolheu a segunda edição da ArtinDev Week, um festival multisciplinar organizado pela plataforma de Desenvolvimento de economias criativas ArtinDev, fez da cultura um acto de cidadania activa. Sob a direcção de Lisandro Jordão e o lema “Criatividade com Impacto”, o evento voltou a demonstrar que a arte pode ser mais do que estética: pode ser ferramenta de transformação, provocação e construção de futuros. Durante seis dias, a cidade foi tomada por exibições cinematográficas, concertos, oficinas, exposições e rodas de conversa que juntaram mais de 10 painelistas, oradores e artistas locais e internacionais, que atraíram centenas de visitantes desde adultos a crianças, de centros culturais a escolas, em torno de um objectivo comum: impulsionar os Objectivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) e os Direitos Humanos, através da criação artística.

Arte como linguagem de intervenção

A programação da ArtinDev Week foi cuidadosamente desenhada para responder a temas prementes da sociedade moçambicana e global. Da saúde mental à igualdade de género, da justiça à acção climática, o festival posicionou-se como uma plataforma de advocacia criativa,

onde cada forma de expressão carregava intenções profundas. Entre os eixos mais marcantes, o cinema assumiu papel central com sessões temáticas de “cinema de impacto”, projectadas em parceria com a Netkanema. No Instituto Camões, o festival arrancou com curtas de jovens estudantes da Universidade Lusófona, abordando a juventude como agente criador e sujeito de direitos. Já na Casa Velha, os dias seguintes trouxeram filmes como Vândalos, 18 de Março ou Cliché, que abordaram desde a coesão social até à identidade LGBTQIA+ e aos direitos das pessoas com deficiência. A fechar, a Embaixada dos Países Baixos acolheu os debates ArtinDev Exchange, com documentários que cruzaram geografias e linguagens — como o botswanês Baratani: A Colina dos Amantes comentado pela Produtora Tricia Sello ou o moçambicano Silêncio Quebrado, comentado pela jornalista Nair Bastos.

Música, moda e educação: a arte como construção de sentidos Na vertente musical, dois concertos na Casa Velha deram voz a causas urgentes. A fusão sonora e ancestral de May Mbira envolveu o público numa celebração da identidade cultural, enquanto Denilson L.A trouxe para o palco e à consciência do público o impacto nocivo das relações amorosas mal resolvidas na saúde mental da juventude, num espectáculo de empatia e libertação. Já a ArtinDev Academy, componente formativa da plataforma, destacou-se como espaço de capacitação para jovens criadores. A produtora brasileira Ana Camila Esteves orientou uma masterclass sobre a presença africana em festivais internacionais de cinema. Do lado de Moçambique Lenna Bahule e Ivandro Maocha abriram as portas dos bastidores da composição musical. E Louiggi Junior, num exercício entre a

Fotografia: Cortesia de Lisandro Jordão

moda e o cinema, mostrou como o figurino contribui para o desenho simbólico dos personagens, numa masterclass realizada no Orange Corners Maputo.

Escuta, debate e compromisso

O festival não se limitou à fruição passiva. As rodas de conversa trouxeram à superfície temas delicados, como a violência sexual infantil — num exercício de escuta conduzido por Nair Bastos após a exibição de Silêncio Quebrado. Em colaboração com a incubadora CRIARTE, discutiu-se ainda o papel da educação na inserção de mulheres em profissões tradicionalmente masculinas, numa conversa franca com Carla Seleça e Adelaide Machele. A dimensão visual também teve o seu lugar de destaque. A exposição Green Art Can Make a Change, do artista Chaná de Sá, combinou resíduos com criação plástica para questionar o nosso papel na crise ambiental. E o Gift Tattoo Studio desafiou o corpo como tela de afirmação, oferecendo tatuagens com mensagens as-

sociadas à sustentabilidade e aos direitos humanos.

Um palco colectivo para o futuro

A ArtinDev Week 2025 foi produzida pela Nuprattu, com co-produção da Netkanema e da CRIARTE, e apoio institucional da organização internacional Movies That Matter, Instituto Camões e Embaixada dos Países Baixos. O festival encerrou reafirmando aquilo que desde o início o moveu: a arte como acção, como denúncia e como proposta. Ao reunir artistas, activistas, académicos e comunidades em experiências que desafiam o senso comum, o evento consolidou-se como um espaço onde a cultura não é acessório, mas alicerce de mudança. Em cada sessão, performance ou debate, fez-se ouvir um apelo: que a criatividade não se esgote na estética, mas se converta em prática transformadora. A ArtinDev Week voltou a provar que a arte pode ser, de facto, um dos caminhos mais promissores para o desenvolvimento sustentável.

From July 3 to 8, Maputo hosted the second edition of ArtinDev Week, a multidisciplinary festival organised by the creative economy development platform ArtinDev, which turned culture into an act of active citizenship. Under the direction of Lisandro Jordão and the theme “Creativity with Impact”, the event once again demonstrated that art can be more than aesthetics — it can be a tool for transformation, provocation, and building the future. Over six days, the city came alive with film screenings, concerts, workshops, exhibitions and roundtables that brought together more than ten speakers, panellists and artists, both local and international. From cultural centres to schools, and from children to adults, hundreds of participants gathered around a shared goal: to advance the Sustainable Development Goals (SDGs) and Human Rights through artistic creation.

Art as a language of intervention

ArtinDev Week’s programme was carefully curated to address urgent issues in Mozambican and global society. From mental health to gender equality, and from justice to climate action, the festival positioned itself as a platform for creative advocacy, where each form of expression carried deep intent. One of the strongest

strands was cinema, which played a central role through “impact cinema” sessions presented in partnership with Netkanema. At Instituto Camões, the festival opened with short films by students from Universidade Lusófona, portraying youth as both creators and rights-holders. At Casa Velha, the following days featured films such as Vândalos, 18 de Março, and Cliché, addressing themes from social cohesion to LGBTQIA+ identity and the rights of persons with disabilities. To conclude, the Embassy of the Netherlands hosted the ArtinDev Exchange debates, with documentaries that spanned geographies and artistic languages — including the Botswanan film Baratani: The Lovers’ Hill, commented by producer Tricia Sello, and the Mozambican Silêncio Quebrado, discussed by journalist Nair Bastos.

Music, fashion and education: art as meaning-making

On the music front, two concerts at Casa Velha gave voice to urgent causes. May Mbira’s ancestral sonic fusion immersed the audience in a celebration of cultural identity, while Denilson L.A. used his performance to expose the emotional toll of unresolved romantic relationships on youth mental health — a show of empathy and emotional release. ArtinDev Academy, the platform’s educational arm, stood out as a capacity-building space for young creatives. Brazilian producer Ana Camila Esteves led a masterclass on African presence in international film festivals. Mozambican artists Lenna Bahule and Ivandro Maocha offered insight into the behind-the-scenes of musical composition. Meanwhile, Louiggi Junior, in a crossover between fashion and cinema, demonstrated how costumes contribute to the symbolic construction of characters, in a session held at Orange Corners Maputo.

Listening, dialogue and commitment

The festival went far beyond passive enjoyment. The roundtables brought sensitive issues to the surface, including child sexual abuse — in a listening session led by Nair Bastos after the screening of Silêncio Quebrado. In collaboration with incubator CRIARTE, another discussion addressed the role of education in integrating women into traditionally male-dominated professions, in an open conversation with Carla Seleça and Adelaide Machele. The visual arts also took the spotlight. The exhibition Green Art Can Make a Change, by artist Chaná de Sá, used waste materials in plastic artworks to question our role in the environmental crisis. Meanwhile, Gift Tattoo Studio challenged the body as a canvas for affirmation, offering tattoos with messages related to sustainability and human rights.

A collective stage for the future

ArtinDev Week 2025 was produced by Nuprattu, co-produced by Netkanema and CRIARTE, and supported by the international organisation Movies That Matter, Instituto Camões and the Embassy of the Netherlands. The festival closed by reaffirming what had driven it from the start: art as action, denunciation and proposal. By bringing together artists, activists, academics and communities in experiences that defy conventional thinking, the event established itself as a space where culture is not a luxury, but a foundation for change. In every session, performance or debate, one message resounded: creativity must not end at aesthetics — it must become a tool for transformation. ArtinDev Week once again proved that art can, indeed, be one of the most promising paths to sustainable development.

Dicas financeiras para uma vida melhor

Conversas corajosas sobre dinheiro com o seu parceiro

O dinheiro é o elefante na sala – o factor silencioso de stress, a origem de discussões murmuradas e de ressentimentos acumulados. Mas não tem de ser assim. Para os casais, a transparência financeira e uma comunicação honesta são a base de uma relação forte e duradoura. Ainda assim, falar de finanças pode parecer tão desafiante como escalar uma montanha de chinelos. O receio do julgamento, os hábitos de consumo diferentes e os traumas financeiros do passado podem erguer barreiras difíceis de ultrapassar. Mas aqui está a verdade: conversas corajosas sobre dinheiro não servem para evitar conflitos – servem para construir uma parceria mais sólida. Trata-se de definir uma visão comum para o vosso futuro financeiro e de enfrentar, lado a lado, os inevitáveis altos e baixos da vida. Este artigo oferece ferramentas e estratégias práticas para abordarem essas conversas essenciais, que podem transformar profundamente a vossa relação.

AS 5 ACÇÕES FUNDAMENTAIS PARA CONVERSAS CORAJOSAS SOBRE DINHEIRO

1. Criar as condições certas: Momento e ambiente importam. Esta não é uma conversa para ter à pressa ou no meio de um dia atribulado. Criem um espaço onde ambos se sintam tranquilos e disponíveis.

• Agendem um horário específico – Tratem esta conversa como um compromisso importante.

• Escolham um local neutro e confortável

– Evitem locais associados ao stress, como a sala onde pagam contas. Uma caminhada ou uma esplanada tranquila pode ser ideal.

• Adoptem uma atitude positiva e colaborativa – Lembrem-se de que estão no mesmo barco.

• Eliminem distracções – Guardem os telemóveis e desliguem a televisão. A vossa atenção deve estar um no outro.

2. Comecem pelos valores e sonhos comuns: Qual é o vosso “o quê”? Antes de mergulharem em números, falem sobre o que realmente importa para cada um.

• Sonhem em conjunto – Querem comprar uma casa? Viajar? Reformar-se cedo? Criar um negócio?

• Identifiquem os vossos valores – Segurança, liberdade, estabilidade, experiências... o que vos move?

• Criem uma visão partilhada – Escrevam objectivos e valores. Isso será o vosso guia para decisões futuras.

• Explorem o significado do dinheiro para cada um – Para alguns é tranquilidade, para outros liberdade. Compreender isso é meio caminho andado.

3. Pratiquem escuta activa e empatia: Compreendam-se. Falar de dinheiro pode tocar emoções profundas. É fundamental ouvir com atenção, validar sentimentos e evitar julgamentos.

• Ouçam mais do que falam – O objectivo é compreender, não responder.

• Façam perguntas abertas – “O que é que mais te preocupa?”, “Como é que te sentes em relação a isto?”

• Reconheçam emoções – Mesmo que não concordem: “Entendo porque é que te sentes assim.”

• Evitem acusações e críticas – Foquem-se em soluções, não em culpas.

• Reformulem para mostrar que ouviram – “O que percebi foi que te sentes inseguro quando...”

4. Sejam transparentes: Ponham tudo em cima da mesa. Confiança exige honestidade. Isso inclui:

• Revelar rendimentos, despesas e dívidas – Sem segredos.

• Partilhar erros financeiros do passado –Aprender com o que passou é melhor do que esconder.

• Falar sobre medos e inseguranças – Todos temos. Expressá-los fortalece a ligação.

• Criar um registo acessível a ambos –Uma folha de cálculo ou uma aplicação para acompanhar tudo em conjunto.

5. Construam um plano conjunto: Da conversa à acção. Falar é essencial, mas agir é o que traz resultados.

• Elaborem um orçamento realista – Que respeite os vossos valores e metas.

• Definam objectivos específicos – Dividam sonhos grandes em etapas alcançáveis.

• Reavaliem hábitos de consumo – Onde podem ajustar? Onde podem poupar?

• Preparem-se para emergências – Um fundo de reserva evita dramas em tempos difíceis.

• Agendem revisões regulares – Façam check-ins mensais ou trimestrais.

• Comemorem conquistas – Cada passo alcançado merece ser celebrado!

Conversas corajosas sobre dinheiro são um processo contínuo, e não um momento único. Ao privilegiarem a comunicação aberta, a empatia e o trabalho em equipa, constroem não só uma base financeira sólida, mas também uma relação mais saudável e resiliente. Encarar o tema com frontalidade é um acto de amor e maturidade. E, passo a passo, é assim que se constrói o futuro que ambos desejam.

Conversas corajosas sobre dinheiro não servem para evitar conflitos – servem para construir uma parceria mais sólida.

Financial Wellbeing for a Better Life Brave conversations about money with your partner

Money is the elephant in the room – a silent source of stress, whispered arguments, and simmering resentment. But it doesn't have to be that way. For couples, financial transparency and honest communication are the foundation of a strong and lasting relationship. Still, discussing money can feel as daunting as climbing a mountain in slippers. Fear of judgement, differing spending habits, and past financial traumas can all create formidable barriers. Here’s the truth: brave conversations about money aren’t about avoiding conflict – they’re about building a stronger partnership. It’s about setting a shared vision for your financial future and tackling life’s inevitable ups and downs as a team. This article offers practical tools and strategies to help you approach these essential conversations – the kind that can truly transform your relationship.

THE 5 ESSENTIAL STEPS TO BRAVE FINANCIAL CONVERSATIONS

1. Set the Right Conditions

Timing and setting matter. This is not a conversation to rush or squeeze into a hectic day. Create a calm, open space where you both feel relaxed and present.

• Schedule a specific time – Treat this conversation as a priority.

• Choose a neutral, comfortable setting

– Avoid stress-linked places like the room where bills are paid. A quiet café or a walk in the park may be ideal.

• Adopt a positive, team-focused mindset – Remember, you’re in this together.

• Minimise distractions – Put phones away and switch off the TV. Give each other your full attention.

2. Start with Shared Values and Dreams What’s your “why”? Before diving into the numbers, talk about what truly matters to each of you.

• Dream together – Do you want to buy a home? Travel? Retire early? Start a business?

• Identify your values – Security, freedom, stability, adventure… what drives you?

• Create a shared vision – Write down your goals and values. Let them guide your decisions.

• Explore what money means to each of you – For some, it’s peace of mind; for others, it’s independence. Understanding this is half the battle.

Escrito por: Sany Weng

3. Practise Active Listening and Empathy

Seek to understand. Talking about money can trigger deep emotions. It’s vital to listen attentively, validate each other’s feelings, and avoid judgement.

• Listen more than you speak – The goal is understanding, not debating.

• Ask open-ended questions – “What worries you most?”, “How do you feel about this?”

• Acknowledge emotions – Even if you disagree: “I see why you’d feel that way.”

• Avoid blame and criticism – Focus on finding solutions, not assigning fault.

• Paraphrase to show you’ve heard – “So what I’m hearing is that you feel unsure when…”

4. Be Transparent

Put everything on the table. Trust demands honesty – and that means no secrets.

• Share income, expenses, and debts –Complete openness.

• Talk about past financial mistakes –Learning from them is better than hiding them.

• Voice your fears and insecurities –Everyone has them. Sharing strengthens connection.

• Use a shared record – A spreadsheet or budgeting app can help you track things together.

5. Build a Joint Plan

From words to action. Conversation is vital, but taking steps together is what brings progress.

• Create a realistic budget – One that reflects your values and aspirations.

• Set clear, tangible goals – Break big dreams into achievable steps.

• Review spending habits – Where can you adjust or save?

• Plan for emergencies – A buffer fund prevents crises from becoming catastrophes.

• Schedule regular check-ins – Monthly or quarterly reviews keep things on track.

• Celebrate milestones – Every achievement, however small, is worth acknowledging!

Brave money conversations are not a oneoff event – they’re an ongoing practice. By prioritising open communication, empathy, and teamwork, you’re not only laying a solid financial foundation but also nurturing a healthier, more resilient relationship. Facing money matters head-on is a powerful act of love and maturity. And step by step, that’s how you build the future you both want.

CFAO Mobility assina Memorando de Entendimento com a Associação Chapateca

ACFAO Mobility Mozambique celebrou recentemente um Memorando de Entendimento com a Associação Chapateca, reforçando o seu compromisso com soluções locais que promovem a mobilidade sustentável, a segurança rodoviária e o impacto social.

O memorando do Projecto Educação Sobre Rodas, foi assinado pelo Director-Geral da CFAO Mobility, Henrique Bettencourt, e pela Vice presidente da Associacao chapateca , Shádia Gafur, e contempla um apoio financeiro para o desenvolvimento de uma Txopa-Teca eléctrico — uma Txopela alimentada por energia verde, que circulará nos

Bairros Que circundam a CFAO (Lhamankulo, Malanga) e bairros onde a Chapateca já implementa as suas actividades, levando livros e conteúdos educativos sobre segurança rodoviária a crianças.

Esta colaboração nasce do Desafio de Empreendedorismo CFAO realizado em 2024, promovido em parceria com a revista Xonguila, da qual a Chapateca foi a grande vencedora entre dez iniciativas finalistas, graças à sua abordagem criativa e ao forte impacto social da proposta apresentada.

CFAO, por um futuro mais inclusivo e seguro.

Triland encerra circuito em Mpumalanga

Aprovíncia sul-africana de Mpumalanga acolheu o encerramento de uma rota iniciada em Eswatini e continuada em Moçambique, desenhada para reforçar a cooperação turística entre três países com patrimónios distintos e interesses convergentes. Durante três dias, operadores turísticos, representantes governamentais e jornalistas partilharam experiências e consolidaram ligações regionais no quadro do Triland, uma iniciativa que aposta no turismo como motor de desenvolvimento e integração.

Sob coordenação do Instituto Nacional do Turismo (INATUR), Moçambique participou activamente nesta etapa final. O encontro serviu para estreitar contactos, alargar perspectivas e promover pacotes turísticos articulados entre os três países.

À chegada, Ntwanano Mtungwa, CEO da Mpumalanga Tourism and Parks Agency, deu as boas-vindas à comitiva, destacando a importância da iniciativa para a integração regional: “Que nestes três dias explorem o máximo a nossa província e a programação que foi organizada cuidadosamente para tornar o Triland um projecto de verdadeira integração turística.”

A agenda combinou actividades ao ar livre — passeios a cavalo, safaris de moto, tiro ao alvo e provas de vinho — com espaços de diálogo entre profissionais do sector. O cenário montanhoso e o ambiente descontraído estimularam o surgimento de novas parcerias e reflexões sobre sustentabilidade, turismo comunitário e integração de produtos culturais. Para Gisela Malauene, Directora Nacional-

-Adjunta do Turismo de Moçambique, o Triland reforça o conhecimento dos operadores sobre os destinos vizinhos, incentivando a criação de propostas mais sólidas e diversificadas. Já Vusi Dlamini, CEO da Autoridade do Turismo de Eswatini, frisou o impacto prático da iniciativa no trabalho dos operadores, agora mais preparados para desenhar pacotes com conhecimento profundo da região.

Ao longo da viagem, consolidaram-se redes de contacto, alinharam-se estratégias e lançaram-se bases para colaborações futuras. Mais do que uma visita, Mpumalanga representou o culminar de um esforço regional para posicionar Eswatini, Moçambique e África do Sul como um destino turístico coeso e competitivo.

Com este ciclo concluído, o Triland afirma-se como plataforma de convergência entre os três países, promovendo uma oferta conjunta assente na autenticidade, sustentabilidade e visão partilhada. A África Austral avança, assim, com passo firme rumo a uma presença mais forte no panorama turístico internacional.

Regresso ao Sagrado Macurungo, de Adelino Timóteo

Leram Nós, os do Macurungo? E leram tudo? Pois, mesmo que tenham lido tudo, ainda não leram até ao fim! Continua aqui, e o “Regresso ao Sagrado Macurungo” é a mais profunda e tragicamente significativa das pedras da calçada desta continuação.

Já desde o título, ficamos certos de que vamos ter humor do melhor. Regressamos ao mesmo ambiente de quem joga em casa, às mesmas personagens, de nomes e jeitos pomposos e caricatos. Nós, os do Macurungo e, mais ainda, nós, os turistas desse fabuloso bairro beirense, voltamos lá, para assistirmos às cenas da Maria Cafufa, a menina fatal, centro de todas as atenções e desejos, e da sua rival Rosa Confusa, e do seu namorado Simão, o dandy do nome extenso e pretenso, do secretário Tchitcho, do Miliciano Tchote, o protagonista da malvadez, do Ti Manuel e do Ti Mateus, e de tantas outras figuras típicas,

pitorescas e patuscas. Vamos conviver, de novo, nessa nesga do Globo, que é Terra Viva e Terra Morta, pátria de vivos e de mortos, reino da carne e dos espíritos.

Estamos perante uma narrativa que é como um permanente sorrisinho traquina. Por vezes, até de gostosa gargalhada. Mas sobretudo da ironia amarga e amargurada da tragicomédia, como na visita ao Montegiro, “Museu do Socialismo”. E sobretudo quando toda a narração acaba por afundar-se no trágico, revoltante desfecho “revolucionário” do amor revolucionariamente assassinado de Simão e Cafufa. Poderá parecer-nos um mini-mundo, com pessoas e problemas aparentemente mesquinhos, mas é nesses problemas que se concentra o grande mundo, porque, afinal, a medida é o próprio coração do Homem. E o Macurungo acaba por ser o observatório, de onde se analisa o mundo, e o tribunal, onde ele se julga e se decide.

Return to the Sacred Macurungo, by Adelino Timóteo

Did you read We, the Macurungo Folk? All of it? Well, even if you did, you haven’t reached the end just yet. The story continues, and Return to the Sacred Macurungo is the most profound and tragically meaningful piece in this ongoing tale.

From the title alone, we’re promised top-tier humour. We’re back on familiar ground—with the same cast of flamboyant, comically named characters. We, the Macurungo folk—or better yet, tourists in that marvellous Beira neighbourhood— return to scenes featuring Maria Cafufa, the femme fatale at the centre of all desire, her rival Rosa Confusa, her dandy suitor Simão, the ever-scheming Tchitcho, villainous Militiaman Tchote, Ti Manuel, Ti Mateus, and many more vivid, quirky personalities. Once again, we’re immersed in that narrow strip of the globe that is both living and dead earth, home to both bodies and spirits.

This is a story that carries a mischievous grin—sometimes bursting into hearty laughter, but more often tinged with the bitter irony of

tragicomedy. Think of the visit to Montegiro, the “Museum of Socialism”, or the heartbreakingly unjust, “revolutionary” fate of Simão and Cafufa’s love. What may appear a small, provincial world is, in fact, a mirror of the greater one— because ultimately, everything is measured by the human heart. Macurungo becomes an observatory, a court where the world is examined, judged, and fate is sealed.

Julho, esse meio-fio do tempo

Julho chega como quem entra de mansinho numa casa em silêncio. Não pede licença, não bate à porta. Apenas se instala, e com ele vem a consciência súbita de que o ano já não é menino — já caminhou, tropeçou, sorriu e chorou. Estamos no meio da travessia, onde o rio hesita entre ser nascente ou foz.

Há neste mês um peso invisível, como se o calendário tivesse ombros e neles repousasse a responsabilidade de um juízo. É tempo de olhar para trás e perguntar: o que fizemos com os meses que nos foram dados? Que sementes lançámos à terra? Que silêncios calámos por medo? Que sonhos ainda resistem à erosão dos dias?

Julho é a balança. Pende para o lado do que se perdeu ou do que ainda se pode salvar. Há quem o veja como copo meio vazio — os planos que não se cumpriram, as palavras que faltaram, o amor que não vingou. Outros, porém, olham para o mesmo copo e vêem promessas ainda por brindar, gestos que esperam apenas coragem para nascer.

É nesta encruzilhada que o caminho se revela. Não se trata de escolher entre direita ou esquerda, passado ou futuro. Trata-se de entender que cada passo é uma decisão, e que decidir é também aceitar o risco de se perder para depois se encontrar.

Julho não exige certezas. Apenas nos convida a parar um instante, escutar o silêncio entre dois meses, e decidir, com a alma inteira, se ainda queremos chegar onde dissemos, lá atrás, que queríamos ir.

Turn static files into dynamic content formats.

Create a flipbook
Issuu converts static files into: digital portfolios, online yearbooks, online catalogs, digital photo albums and more. Sign up and create your flipbook.