Revista Xonguila Nº84

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CHICARI CAMP

Uma nova experiência na Gorongosa

A new experience in Gorongosa

FATTÚ DJAKITÉ

Um grito ancestral

An ancestral summons

LENNA BAHULE

Quando a voz se torna uma viagem

When the voice becomes a journey

FACIM 2025

Negócios em destaque

Business in focus

Ao sair de Moçambique, percebi que o corpo carrega muito mais do que a casa da mãe, carrega um ecossistema inteiro, feito de cultura, política, língua e memória.

Lenna Bahule Quando a voz se torna uma viagem

Ouvir Lenna Bahule é entrar num território onde a voz se torna raiz e voo ao mesmo tempo. Entre Maputo e o mundo, leva consigo cantos que são memória e invenção, corpo e silêncio, tradição e futuro. A sua música é portal, e cada canção uma passagem. Nascida em Moçambique, mas com um percurso que a levou a São Paulo, Lisboa e outras cidades, Lenna carrega na sua arte a experiência de ser nómada. Atravessa fronteiras geográficas e sonoras, criando linguagens vocais que escapam às palavras conhecidas, mas comunicam de forma visceral. Mais do que cantar, Lenna convoca o público para um encontro: com a ancestralidade, com a comunidade, com o corpo e com a própria emoção.

Quando canta em changana, português, inglês ou até em códigos sonoros, sente que está a dar voz a diferentes “eus” ou é sempre a mesma Lenna? Eu acho que o artista nunca tem um único self. Gosto muito de ver, por exemplo, a persona da Beyoncé. Chegou um momento em que ela percebeu isso e criou os alter egos que tem. Quando estou no palco, também sou tomada por outra dinâmica, diferente do meu dia-a-dia. À medida que fui me apropriando do meu trabalho, percebi isso com mais clareza. Quando tomamos o poder daquilo que queremos materializar no mundo, precisamos encarar o nosso ego de forma verdadeira. A energia da conquista é o ego. Então, tive de aceder a diferentes versões de mim para ocupar o palco e dizer o que quero — seja crítica, sensorialidade, o que for. Sendo africana, moçambicana diaspórica, interagindo muito com o público brasileiro, perguntam-me sempre sobre as minhas origens. E não tem como não passar pela língua. Tive de estudar identidade e língua a sério. Quem sou eu além da cor da minha pele? Além da nacionalidade? E quem

sou eu dentro desse universo multilinguístico e musical que Moçambique tem? A língua expressa pensamentos, sensações, emoções. E esse ser humano vive várias fases, vários egos, várias identidades. Com certeza, várias Lenas. Nunca a mesma, mas todas da mesma fonte.

O seu corpo é, muitas vezes, instrumento — percussão, respiração, silêncio. Onde termina a voz e começa o corpo no seu processo criativo? Cara, essa pergunta vou até levar para o meu processo criativo actual. Neste momento, estou a subir uma montanha em direcção ao meu estúdio, e a voz ofegante já denuncia esse corpo vivo que quer expressar-se, que se coloca à disposição para que o som saia. Escolhi essa caminhada para manter o corpo vivo e disponível. Trabalho muito com essa ideia da disponibilidade — sensorial, física, criativa. Para mim, criatividade não se separa da existência. Criar é intrínseco ao ser humano. Tudo à nossa volta — o sapato, a roupa, o telemóvel — nasceu de uma necessidade. Quanto mais o corpo está sensí -

vel a essas necessidades, mais íntima é a troca. Não há fronteiras rígidas, só transições, fluxos, movimento. Gosto de pensar a minha relação com o corpo, a voz, o silêncio, o movimento e a respiração como uma continuidade. Apenas muda o estado da matéria. O som é matéria. A respiração também. O silêncio não é estaticidade — é movimento suspenso, um preparo, um começo. Tudo faz parte do mesmo campo de sensação, que apenas muda de estado.

Já houve algum momento em palco em que a voz falhou e, em vez de ruína, isso se transformou em beleza inesperada?

Esse é o meu processo. Foi libertador. Porque, se tem uma coisa que foi trauma para mim como cantora — e que é bem típica em Moçambique —, é essa cultura de troça. As pessoas fazem piada com vozes que falham. Isso é uma falta de profundidade, muito tosca. Quando finalmente me libertei da necessidade de soar sempre perfeita, comecei a entender que uma voz que “quebra” é um processo físico, fisiológico, emocional. A voz está dentro do corpo, e esse corpo é um ser vivo: dorme, sente, adoece. Não é como um instrumento que se afina e está pronto — mesmo esses têm as suas delicadezas. A voz que tenho hoje não é a mesma que vou ter amanhã. Pode ter o catarro, a noite mal dormida, a briga mal resolvida… tudo isso se expressa na voz. A “quebra” não é um problema — é prova de que esse corpo está vivo e não é uma máquina. Quando me libertei disso, aí sim me apropriei da minha voz. Aí sim comecei a cantar de verdade — quando deixei de atender às expectativas dos outros sobre como devo soar.

Lenna Bahule fala do nomadismo como quem fala de um espelho. Só ao sair de Moçambique percebeu até que ponto o corpo carrega o território — não apenas a casa da mãe, mas um ecossistema inteiro: sociopolítico, cultural, geopolítico.

“Quando estamos em casa, estamos simplesmente em casa. Mas ao sair, tudo muda — a língua, o clima, a comida, o ar. E ganhamos distância. E a distância dá-nos profundidade.”

Esse confronto com outras realidades não a afastou das origens — pelo contrário, aproximou-a de si mesma. Fez nascer perguntas: quem sou eu, o que quero manter, o que posso largar?

“Comecei a desidentificar-me de padrões que já não me serviam. E, nesse processo, tornei-me mais africana do que nunca — não no conceito, mas na prática.”

Com o tempo, deixou de ver Moçambique como um ponto isolado e passou a entendê-lo dentro de uma cosmogonia africana — e até universal. A sua música espelha isso. “Eu sou o que canto, e canto o que sou.” E o reconhecimento dos seus pares africanos tem-lhe dado sentido. “Não tem preço ouvir moçambicanos e africanos dizerem que se sentem representados na minha arte.” Mas esse lugar de retorno também é político. E não isento de crítica.

“Hoje, África virou trend. Todo mundo quer ser africano, mas ninguém quer viver as dores de ser africano. Ninguém quer estudar as filosofias, meter a mão na massa, entender as histórias e as lutas por trás do que o mundo agora admira”

O que significa para si cantar para plateias que não falam a sua língua, mas se emocionam mesmo assim? É rico, né? Porque isso só comprova que a música vai além de fronteiras, a música é universal. Sempre digo aos meus colegas, quando estamos a trabalhar em arranjos novos e a abrir possibilidades criativas, eu digo: “a música é soberana”. A música é soberana, é uma entidade por si só, e vai dizer o que precisa. É só uma questão de ouvir. E, quando chega, faz sentido. A gente

sabe: é aqui, é isto que precisa soar. Colaborando com artistas do mundo inteiro, isso torna-se cada vez mais real e verdadeiro. É de uma gratidão enorme poder ser reconhecida e validada, posso até dizer mundialmente, porque agora as minhas músicas estão a ser tocadas nos quatro cantos do mundo. Isso é muito legal, muito gratificante. Além-fronteiras. E considerando que a língua não é apenas a língua local de Moçambique, mas também uma língua nómada, que eu, a partir da busca da

minha identidade, fui explorando como possibilidade para dar vazão às minhas ideias. Exactamente para poder comunicar de forma mais universal com as pessoas. Às vezes parece haver esse lugar de não tentar regionalizar-se tanto, de procurar o equilíbrio entre ser regional e ser global, planetária.

A sua música fala de liberdade, corpo, ancestralidade. Em Moçambique, sente que o artista ainda pode ser guardião de memória e, ao mesmo tempo, provocador social? Nossa, estou a adorar essas perguntas, exactamente por causa dessa relação. Inclusive, tenho um projecto chamado Memórias D’Aqui. Quando nos percebemos responsáveis por um poder de acesso — não só de receber, mas de transmitir — entendemos o papel social do artista. Sempre digo: nos primórdios, o artista era quem recebia as dores do mundo e as transformava em arte. Isso continua actual. A dor muda de forma, mas o artista ainda tem esse dom de a transformar em beleza para aliviar a dor colectiva. Uma das formas de fazer isso é voltar ao centro: à memória, à ancestralidade. E, inevitavelmente, isso torna-nos provocadores sociais. Afinal, o que se passa aqui? Porquê esta dor? O artista percebe quando falta amor e transforma essa sensibilidade em arma de mudança. Em Moçambique, isso é sério. Muitos artistas que cumpriram esse papel morreram pobres — porque o sistema não quer transformação. É uma máquina muito maior contra a qual o artista luta. E se o povo não se engajar, o artista morre — porque já usou tudo o que tinha. Vide Azagaia. Lutou um bom combate, disse tudo o que precisava. Ficámos anos sem ouvir. Agora está a virar mártir, a ser reconhecido depois de partir. Que pena que não pôde viver as graças da sua luta. A verdade é que Moçambique está num estado crítico. Houve um episódio recente que deu um mínimo de esperança, mas o tamanho da bucha é muito maior. Para que haja justiça social, muita gente teria de abdicar dos seus privilégios. E nem todos estão dispostos a isso.

Fotografia: Cortesia de Lenna Bahule

No Brasil, Lenna Bahule sentiu na pele o poder da criação colectiva entre mulheres. Trabalhou com colectivos como Barbatuques e Clarianas, e viu nascer algo mais do que música: viu crescer uma rede. “Potência! Se tem uma coisa muito comum aqui no Brasil, é mulheres unirem-se para fazer arte juntas. Uma potencializa a arte da outra.” Essa experiência levou-a a repensar hábitos.

“Ainda confio mais em figuras masculinas para entregar o meu trabalho do que em figuras femininas. Acho que isso tem a ver com a sequela do sistema. Mas o movimento de potenciar mulheres está a acontecer — e é lindo de ver.”

Em Moçambique, reconhece, ainda é difícil. As mulheres continuam “sequestradas pelo sistema machista”, encaixadas nos papéis que lhes foram impostos. E há uma realidade básica que dificulta a transformação: “Enquanto estamos preocupados com o estômago, não há espaço para poesia.” Aprendeu, no Brasil, que chegar à excelência requer tempo, rede, apoio e cuidado. E embora reconheça que Moçambique ainda está longe dessa realidade, tenta replicar o que pode, sempre que pode.

Como arte-educadora, o que mais deseja despertar nos outros quando partilha a sua pesquisa vocal?

A possibilidade de que todo mundo pode. Todo mundo pode ocupar o lugar que quiser — desde que se dedique e se comprometa com as suas buscas, percebendo o que precisa mover para que aconteçam. É isso que desejo: ajudar pessoas a encontrarem a sua autenticidade criativa. Todo ser humano é criativo e artístico, cada um na sua arte, no seu talento. E somos seres versáteis, capazes de descobrir novos talentos ao longo da vida. Quero dar às pessoas essa potencialidade para ocuparem o seu lugar.

Sabemos que é mãe, mulher e arte-educadora. Como se entrelaçam essas facetas íntimas com a sua voz em palco? A sua maternidade, por exemplo, já sussurrou alguma canção que ainda não pôs no disco?

Já. E por acaso vai sair uma canção sobre isso, um single. A maternidade foi dos maiores presentes que recebi na vida. Com todos os perrengues e desafios, só vejo bonança. Transformou-me profundamente — como ser humano e como artista. A minha voz mudou depois da maternidade, isso é facto. Mudou fisiologicamente — porque o corpo da mulher muda — e eu abracei essa nova potência. A voz ganhou mais maturidade, mais corpo. E a minha performance em palco também mudou. Deixei de ter vergonha. Pensei: “Meu, pari uma criança, cuidei dela praticamente sozinha durante quatro anos… tô nem aí para o que vocês vão pensar. Vou divertir-me e fazer o que sei

fazer.” A maternidade trouxe-me essa coragem. Existe esse superpoder que todas as mulheres sentem: eu pari uma pessoa, posso fazer tudo. E agora que a criança está crescida, sinto que chegou a hora de aceder a outros portais. É isso que estou a buscar neste momento.

Se Kumlango significa portal, que porta interior ainda a espera — que canto, sentimento ou gesto ainda não ousou atravessar em público?

Estou nesse momento agora. Esta entrevista chegou mesmo numa fase certa. Como artista, tenho uma tendência muito grande a colectivizar os meus processos criativos. O Kumlango é um projecto meu, mas nasceu de um processo colectivo. Agora sinto que chegou a hora de ocupar mais o meu espaço, de me permitir ser melhor. É complexo dizer isso em voz alta… Mas estou nessa pesquisa: entender as minhas próprias portas. Sei quais são, mas talvez ainda não saiba dar-lhes nome..

Para terminar, qual é o sonho que ainda canta em silêncio?

Ai, meu Deus… É que já estou a viver a busca desses sonhos, então ele já não está tão silencioso assim. Neste momento, estou a perseguir um sonho que antes permanecia calado e para o qual agora ganhei coragem de correr atrás, de materializar. Esse sonho é ganhar mais intimidade com a minha própria voz, acompanhada por um instrumento de cordas. Um sonho que esteve em silêncio e que agora começa a ser ouvido.

Listening to Lenna Bahule is like entering a realm where the voice becomes both root and flight. From Maputo to the world, she carries with her songs that are memory and invention, body and silence, tradition and future. Her music is a portal, and each song a passage. Born in Mozambique, but with a journey that has taken her to São Paulo, Lisbon and other cities, Lenna carries the experience of being a nomad in her art. She crosses both geographical and sonic borders, creating vocal languages that escape familiar words, yet communicate viscerally. More than singing, Lenna invites her audience into an encounter: with ancestry, with community, with the body, and with raw emotion.

When you sing in Changana, Portuguese, English or even in sonic codes, do you feel you’re giving voice to different ‘selves’, or is it always the same Lenna?

I don’t think an artist ever has just one self. I really like seeing, for example, Beyoncé’s persona. There came a moment when she realised this and created the alter egos she has. When I’m on stage, I’m also taken over by a different dynamic — one that’s not present in my day-to-day life. As I became more grounded in my work, I realised this more clearly. When we take ownership of what we want to bring into the world, we need to face our ego honestly. The energy of achievement is the ego. So I had to access different versions of myself in order to take the stage and say what I want — be it critique, sensoriality, whatever it may be. As an African, a diasporic Mozambican, who interacts a lot with the Brazilian public, people always ask me about my roots. And there’s no way to avoid talking about language. I had to study identity and language seriously. Who am I beyond the colour of my skin? Beyond nationality? And who am I within this multilingual, musical universe that is Mozambique? Language expresses thoughts, feelings, emotions. And this human being goes through many phases, many egos, many identities. Definitely, many Lennas. Never the same, but all from the same source.

Your body is often an instrument — percussion, breath, silence. In your creative process, where does the voice end and the body begin? Wow, that’s a question I’ll actually take into my current creative process. Right now, I’m climbing a mountain on the way to my studio, and my breathless voice already reveals this living body that wants to express itself, that makes itself available for the sound to come out. I chose this walk to keep my body alive and open. I work a lot with this idea of availability — sensorial, physical, creative. For me, creativity can’t be separated from existence. Creating is intrinsic to being human. Everything around us — shoes, clothes, phones — was born out of a need. The more the body is sensitive to these needs, the more intimate the exchange becomes. There are no rigid boundaries, only transitions, flows, movement. I like to think of my relationship with body, voice, silence, movement and breath as a continuum. It’s just the state of matter that changes. Sound is matter. So is breath. Silence is not stillness — it’s suspended movement, a preparation, a beginning. Everything is part of the same field of sensation, only in different states.

Has there ever been a moment on stage when your voice failed, and instead of ruin, it became unexpectedly beautiful? That is my process. It was liberating. Because if

there’s one thing that was traumatic for me as a singer — and it’s quite common in Mozambique — it’s this culture of mockery. People make jokes when a voice fails. It’s a shallow, crude lack of depth. When I finally freed myself from the need to always sound perfect, I began to understand that a voice that “breaks” is a physical, physiological, emotional process. The voice lives inside the body, and this body is a living being: it sleeps, it feels, it gets ill. It’s not like an instrument you tune and it’s ready — even those have their delicacies. The voice I have today is not the one I’ll have tomorrow. It might have phlegm, a bad night’s sleep, an unresolved argument… all of that expresses itself in the voice. A “break” is not a problem — it’s proof that the body is alive and not a machine. When I let go of that, then I truly owned my voice. That’s when I really started to sing — when I stopped trying to meet other people’s expectations of how I should sound.

Lenna Bahule speaks of nomadism as one would of a mirror. It was only after leaving Mozambique that she realised how deeply the body carries the territory — not just the mother's home, but an entire ecosystem: sociopolitical, cultural, geopolitical.

“When we’re at home, we’re simply at home. But once we leave, everything changes — the language, the weather, the food, the air. And we gain distance. And distance gives us depth.”

This encounter with other realities didn’t distance her from her roots — on the contrary, it brought her closer to herself. It gave rise to questions: who am I, what do I want to hold on to, what can I let go of?

“I began to disidentify from patterns that no longer served me. And in that process, I became more African than ever — not in concept, but in practice.”

Over time, she stopped seeing Mozambique as an isolated point and began to understand it within an African — and even universal — cosmogony.

“There’s no price for hearing Mozambicans and Africans say they feel represented in my art.”

But this place of return is also political. And not free of criticism.

“Africa is trending again. Everyone wants to be African, but no one wants to feel the pain of being African. No one wants to understand the philosophies, get their hands dirty, or acknowledge the struggles African people endure to become what the world admires.”

What does it mean for you to sing to audiences who don’t speak your language but are still moved? It’s powerful, isn’t it? Because it proves that music goes beyond borders, music is universal. I always say to my colleagues, when we’re working on new arrangements and opening up creative possibilities: “music is sovereign”. Music is sovereign, it’s an entity in itself, and it will say what it needs to. It’s just a matter of listening. And when it arrives, it makes sense. You just know: this is it, this is what needs to be heard. Collaborating with artists from all over the world has made this more and more real and true. I’m immensely grateful to be recognised and validated — I can even say globally now, because my songs are being played in every corner of the world. That’s really cool, really rewarding. Beyond borders. And considering that language isn’t just the local Mozambican language, but also a nomadic one, which I’ve explored in my search for identity as a way to express my ideas. Exactly to be able to communicate more universally with people. Sometimes there seems to be this urge not to regionalise too much — to find a balance between being regional and being global, planetary.

Your music speaks of freedom, the body, ancestry. In Mozambique, do you feel that an artist can still be both a guardian of memory and a social provocateur? Wow, I really appreciate these questions — they touch on something central. I have a project called Memórias D’Aqui (Memories From Here), born from the belief that the artist isn’t just a receiver, but also a transmitter. Historically, artists have transformed the world’s pain into beauty — and that role remains vital today. Returning to memory and ancestry often turns us into social provocateurs. We feel the absence of love, and use that sensitivity to spark change.

In Mozambique, this is serious. Many artists who challenged the system died poor — because transformation threatens power. Without public support, the artist is left to fight alone. Azagaia is a clear example: he spoke truth, was silenced for years, and only now is recognised as a martyr. Sadly, he didn’t live to see the impact of his struggle.

Mozambique is in crisis. There’s been a flicker of hope recently, but real justice demands sacrifice — and not everyone is ready to give up their privileges.

In Brazil, Lenna Bahule experienced first-hand the power of collective creation among women. She worked with groups like Barbatuques and Clarianas, and saw more than music emerge: she saw a network grow.

“Powerful! If there’s one very common thing here in Brazil, it’s women coming together to make art. One woman amplifies the other’s art.”

This experience led her to rethink her habits.

“I still tend to trust male figures more when it comes to managing my work than I do female ones. I think that’s a legacy of the system. But the movement to uplift women is happening — and it’s beautiful to see.”

In Mozambique, she acknowledges, it’s still difficult. Women remain “held hostage by the patriarchal system”, confined to the roles assigned to them.

As an arts educator, what do you hope to awaken in others through your vocal work?

The sense that everyone can. Everyone can occupy whatever space they want — as long as they dedicate themselves and commit to their own paths, recognising what needs to shift for things to happen. That’s what I want: to help people find their creative authenticity. Every human being is creative and artistic, each in their own way, in their own talent. And we’re versatile beings, capable of discovering new talents throughout life. I want to give people that potential — to take up space.

How do motherhood, womanhood and teaching shape your voice on stage? Has motherhood ever inspired an unreleased song?

Yes. In fact, there’s a song about that coming out — a single. Motherhood has been one of the greatest gifts in my life. It transformed me deeply, both as a person and as an artist. My voice changed — physiologically and emotionally — gaining more maturity and depth. My stage presence shifted too; I lost the fear of judgement. I thought, “I gave birth and raised a child mostly on my own — I can do anything.” That courage came from motherhood. Now that my daughter is older,

I feel ready to access new creative portals. That’s what I’m exploring now.

If Kumlango means portal, what inner door still awaits you — what song, feeling or gesture have you not yet dared to express in public?

That’s exactly where I’m at right now. This interview came at the perfect time. As an artist, I have a big tendency to collectivise my creative processes. Kumlango is my project, but it was born from a collective process. Now I feel it’s time to take up more space, to allow myself to be better. It’s complex to say that out loud... But I’m doing that research: understanding my own doors. I know what they are, but maybe I don’t yet know how to name them.

Finally, what dream is still being sung in silence?

Oh my... It’s just that I’m already chasing those dreams, so they’re not that silent anymore. Right now, I’m pursuing a dream that used to stay quiet, and I’ve now found the courage to go after it, to make it real. That dream is to develop more intimacy with my own voice, accompanied by a string instrument. A dream that was once silent, and is now starting to be heard.

Fotografia: Cortesia de Lenna Bahule

60 BCI na FACIM

Modernidade ao serviço da proximidade

Modernity in the service of connection

68 Comarp Fórum 2025

Uma referência nacional

A national reference point

76 UBA

Premiado em Responsabilidade Social Awarded in Social Responsibility

84 CFAO Mobility

Celebrando o sucesso do Toyota Festival

Celebrating the success of the Toyota Festival

94 Mia Couto

Prémio Literário 2025

Literary Prize 2025

102 Olimpíadas de Soldadura

Realçando o valor do ensino técnico-profissional

Highlight the value of technical and vocational

20 Chicari Camp

Uma nova experiência na Gorongosa

A new experience in Gorongosa

4

Lenna Bahule

Quando a voz se torna uma viagem When the voice becomes a journey

32 Fattú Djakité

Um grito ancestral

An ancestral summons

44 Millennium bim

Reforçando a aposta na economia internacional

Reinforcing its commitment to the global economy

112 Festival Nacional da Cultura

A cultura como pilar da identidade e da paz

Culture as a pillar of identity and peace

114 Poesia e Sensorialidade

Quando os livros encontram o paladar

When books meet the palate

FICHA TÉCNICA/BIOS

Propriedade/Property:

Veludo & Mentol, Sociedade Unipessoal Lda

Conselho de Administração/Administrative Council: Omar Diogo, Nuno Soares Director: Nuno Soares

Gestão de Conteúdos Editoriais/Editorial Content Management: Nuno Soares, Omar Diogo, Fátima Ribeiro

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Colunistas/Writers: Dércio Parker, Sany Weng, Emilia Gimo Tradução (Português-Inglês)/Translation (Portuguese-English): Pedro Sargaço

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Registo de Propriedade Industrial/ Industrial Property Registration: 35065/2017 - 35066/2017 (15/01/2018) ISSN / Registo/Register: ISSN-0261-661 / 02/Gabinfo-dec/2018

Impressão/Printing: Txelene LDA

Estimado leitor,

Do Director / From the Director

Escrevo-lhe na 84.ª edição com a sensação de abrir um diário colectivo. A Xonguila tem sido isso: páginas onde guardamos momentos, encontros e gestos que definem Moçambique.

Nesta edição, trazemos o Chicari Camp, situado na Gorongosa, um espaço que sucede ao antigo Wild Camp e mostra como turismo e preservação podem andar juntos. Damos também espaço a vozes que nos transportam para territórios íntimos e colectivos: Lenna Bahule atravessa fronteiras com a sua música, fazendo da voz raiz e viagem ao mesmo tempo, e Fattú Djakité canta a resistência, transformando feridas em alertas.

Depois da FACIM, realizada em Maputo no passado mês de Agosto, o Festival Nacional de Cultura, que decorreu na cidade de Tete, mostrou a vitalidade do país, celebrando a unidade através da arte, e o COMARP Fórum 2025 reuniu vozes da comunicação e do marketing para pensar o futuro. No mesmo espírito, diversas outras actividades tiveram lugar:  o Toyota Festival by CFAO Mobility trouxe inovação e energia à indústria automóvel, aproximando marcas e pessoas.

Talvez encontre nestas páginas histórias que lhe falem ao coração, ou apenas detalhes que despertem a sua curiosidade. Seja como for, que esta edição seja um convite à proximidade e ao reconhecimento do que é nosso.

Um abraço moçambicanamente fraterno.

Dear reader,

I write to you in this 84th edition with the feeling of opening a shared diary. That’s what Xonguila has come to represent: pages where we preserve moments, encounters and gestures that define Mozambique.

In this edition, we introduce Chicari Camp, located in Gorongosa – a space that follows in the footsteps of the former Wild Camp, demonstrating how tourism and conservation can go hand in hand. We also give voice to individuals who transport us to both intimate and collective realms: Lenna Bahule crosses borders with her music, making her voice both a root and a journey, while Fattú Djakité sings of resistance, turning wounds into warnings.

Following FACIM, held in Maputo this past August, the National Festival of Culture, which took place in the city of Tete, showcased the country’s vitality – celebrating unity through the arts. The COMARP Forum 2025 brought together voices from the world of communication and marketing to reflect on the future. In the same spirit, a range of other activities took place: the Toyota Festival by CFAO Mobility brought innovation and energy to the automotive industry, bringing brands and people closer together.

You may find in these pages stories that speak to your heart, or perhaps small details that spark your curiosity. Either way, may this edition serve as an invitation to connection and a celebration of what is truly ours.

A warm, fraternal Mozambican embrace.

Num tempo em que o mundo procura equilíbrio entre sociedade e natureza, o Chicari Camp afirma-se como exemplo.

Fotografia: Cortesia de Chicari Camp
Fotografia: Cortesia de Chicari Camp

Chicari Camp

Uma nova experiência na Gorongosa

Entre planícies e lagoas do Parque Nacional da Gorongosa, abriu portas um espaço que celebra o renascimento e o compromisso com a natureza. O Chicari Camp, inaugurado em Junho de 2025, marca uma etapa decisiva da reserva moçambicana, exemplo inspirador de conservação em África.

OChicari nasceu da longa jornada de restauração da Gorongosa e sucede ao antigo Wild Camp. Concebido como acampamento sazonal e intimista, convida os visitantes a mergulhar na vida selvagem recuperada e apoia directamente a missão de preservação. Localizado junto à Chicari Pan, nome inspirado no tradicional pote de barro, integra cultura local e riqueza ecológica. A sustentabilidade é a base do projecto: estruturas em contentores, desmontadas no fim de cada época, deixam apenas a memória da experiência. Graças à sua dimensão reduzida e carácter exclusivo, o Chicari garante encontros genuínos com a natureza, longe das multidões e sem a pressão de veículos em excesso, criando um ambiente raro em safáris africanos actuais.

Hospedar-se no Chicari é viver o mato em plenitude com conforto. As tendas deixam entrar os sons da noite, enquanto camas cómodas e hospitalidade calorosa asseguram bem-estar. A estadia combina aventura e serenidade: acordar com o canto das aves, explorar trilhos, regressar para histórias à volta da fogueira sob o céu estrelado. Os espaços comuns — lounge, bar e lareira exterior — oferecem ambiente tanto para convívio como para contemplação.

O serviço distingue-se pelo contacto genuíno e atento. Muitos colaboradores são das comunidades vizinhas, criando autenticidade e proximidade. A filosofia é simples: cada hóspede leva consigo a sensação de ter participado numa experiência maior. O feedback dos visitantes é parte activa desta construção: cada sugestão

é debatida pela equipa e traduz-se em ajustes rápidos, da ementa às actividades, reforçando a ideia de um serviço vivo e em constante evolução. À mesa, o Chef Eddy dá rosto e sabor à estadia. A sua cozinha cruza ingredientes frescos da região com influências internacionais, resultando em pratos simples e sofisticados. Sopa quente ao regresso do mato, pães caseiros à tarde e jantares ao ar livre fazem de cada refeição um momento especial.

O programa de actividades amplia a ligação ao parque. Safáris, caminhadas guiadas, observação de aves — mais de 500 espécies já registadas —, visitas a aldeias próximas e ao Centro de Biodiversidade E.O. Wilson enriquecem a experiência.

Para estadias prolongadas há oportunidades singulares, como acompanhar pangolins em reabilitação.

Escrito

Expedições de um dia ao Monte Gorongosa completam a aventura. Momentos clássicos de safári, como sundowners em locais de paisagem arrebatadora ou jantares no meio do mato, acrescentam uma dimensão de celebração e cumplicidade à experiência.

Cada visita ao Chicari contribui directamente para a protecção da vida selvagem e para projectos de educação, saúde e desenvolvimento sustentável nas comunidades locais. Energia solar, gestão eficiente da água e arquitectura de baixo impacto reforçam o compromisso ambiental. A ligação com a tecnologia é discreta: o acampamento funciona com sistemas solares e de água de última geração, mas, para quem precisa de estar ligado, há Wi-Fi por satélite nas áreas comuns — ainda assim, muitos hóspedes preferem desligar-se por completo.

O objectivo é consolidar o Chicari como referência de turismo sustentável em África, integrando cada vez mais iniciativas científicas e comunitárias no programa de actividades. O visitante pode desfrutar e, ao mesmo tempo, participar.

Num tempo em que o mundo procura equilíbrio entre sociedade e natureza, o Chicari Camp afirma-se como exemplo: um espaço onde hospitalidade, cultura e biodiversidade caminham juntas, oferecendo ao viajante a oportunidade de se integrar numa história maior.

Fotografia: Cortesia de Chicari Camp
O

Chicari nasceu da longa jornada de restauração da Gorongosa e sucede ao antigo Wild Camp.

Chicari Camp

A new experience in Gorongosa

Set amidst the sweeping plains and glistening lagoons of Mozambique’s Gorongosa National Park, a new destination has emerged — one that celebrates both renewal and a deep commitment to nature. Opened in June 2025, Chicari Camp marks a pivotal chapter in the park’s remarkable story, standing as a shining example of conservation in Africa.

Chicari is the product of Gorongosa’s long and inspiring journey of ecological restoration, and succeeds the former Wild Camp. Designed as an intimate, seasonal retreat, it invites guests to immerse themselves in the park’s revitalised wilderness while directly supporting its preservation efforts. Nestled beside Chicari Pan — its name drawn from the traditional clay pot — the camp blends local culture with ecological richness. Sustainability is at the heart of the project: container-based structures are dismantled at the end of each season, leaving nothing but memories in their place. With its small scale and exclusive feel, Chicari offers authentic encounters with nature, far from the crowds and without the pressures of over-tourism — a rarity in today’s African safaris.

Graças à sua dimensão reduzida e carácter exclusivo, o Chicari garante encontros genuínos com a natureza.

fort never compromised. Canvas tents welcome the sounds of the night, while cosy beds and warm hospitality ensure every guest feels at ease. Days unfold in harmony: waking to birdsong, exploring winding trails, and returning to stories shared around a campfire under a sky ablaze with stars. The communal spaces — a lounge, bar, and outdoor fireplace — strike a balance between conviviality and quiet contemplation.

Staying at Chicari means experiencing the bush in its purest form, with com-

The service is defined by genuine, attentive interaction. Many of the staff come from neighbouring communities, adding authenticity and a strong sense of connection. The camp’s philosophy is simple: every guest leaves with the feeling they’ve been part of something larger. Feedback is actively encouraged and taken seriously — suggestions are discussed by the team and quickly translated into improvements, from menus to activities, reinforcing a sense of a living, evolving service.

At the heart of the dining experience is Chef Eddy, who brings both character and flavour to the table. His cuisine fuses fresh, regional ingredients with international influences to create meals that are at once simple and refined. A hot soup after an afternoon drive, home-baked bread in the late afternoon, and al fresco dinners make each meal a special moment.

The activity programme deepens the bond with the park. Safaris, guided walks, and birdwatching — with over 500 species recorded — are complemented by visits to nearby villages and the E.O. Wilson Biodiversity Centre. For longer stays, there are truly unique opportunities, such as accompanying pangolins undergoing rehabilitation. Day trips to Mount Gorongosa round out the experience. Classic safari moments — like sundowners in breathtaking locations or dinners set in the middle of the bush — add a touch of magic and intimacy.

Each visit to Chicari directly supports wildlife protection and contributes to lo-

cal education, healthcare, and sustainable development projects. The camp is powered by solar energy, employs efficient water systems, and uses low-impact architecture, underscoring its environmental ethos. Its approach to technology is discreet: while the camp runs on advanced solar and water systems, satellite Wi-Fi is available in common areas for those who need to stay connected — though many choose to disconnect entirely.

The ambition is to establish Chicari as a benchmark for sustainable tourism in Africa, increasingly integrating scientific and community-led initiatives into its activities. Guests are not only welcome to enjoy the experience — they are invited to take part in it.

At a time when the world is seeking a renewed balance between society and nature, Chicari Camp stands as an inspiring model: a place where hospitality, culture, and biodiversity come together, offering travellers the chance to become part of a greater story.

Sinto um amor enorme, eterno, por este país onde vivo, mas sem perder a essência do meu país, que é a Guiné. Essa raiz está na minha alma e não se apaga.

Fotografia: Cortesia de Fattú Djakité
“Foi preciso muito trabalho de auto-estima e amor-próprio para deixar de ser apenas uma visitante da minha identidade.”

O grito ancestral de Fattú Djakité

Há presenças que nos atravessam antes mesmo da primeira palavra — invocam, abrem caminho, rasgam o silêncio. Fattú Djakité é uma dessas raridades. Filha da Guiné-Bissau, crescida em Cabo Verde, traz no corpo as marcas da travessia e no canto o peso da memória. A sua música não é apenas som: é resistência tornada linguagem, gesto de cuidado, escudo e semente. Fattú canta o que muitos não ousam nomear. Fala de casamento forçado, de mutilação genital, de infância roubada. Sobreviveu ao silêncio — dos outros e do seu — e hoje transforma feridas em gritos de alerta. Neste momento marcante da sua vida, onde a maternidade, a luta e a criação se entrelaçam sem pedir licença, sentámo-nos com ela para escutar a mulher por trás da voz.

A tua presença impõe-se antes mesmo da primeira nota, e carrega memórias, raivas, esperanças e feridas antigas. Quando é que percebeste que a tua forma de estar no mundo era, por si só, uma linguagem de resistência?

Acho que, desde sempre, mesmo sem saber que era um acto de resistência. Resisti desde o primeiro dia em que saí da Guiné-Bissau, ainda criança de cinco anos. Fui para Cabo Verde e resisti a adaptar-me, resisti sempre que sofri racismo — pela minha cor, pela situação política do meu país, pelo lugar de onde eu vinha. Na escola, diziam que eu era a que defendia os mais fracos. Sempre me vi assim, não só por causa do sítio de onde vim, mas também por causa de quem me criou. A minha avó deu-me esse espírito. Cresci numa casa que não era minha, onde tinha de limpar e trabalhar desde cedo para ser aceite. Tinha

de dar o meu best na escola para ser notada — ou tentar ser invisível. Acho que sempre fui resistente.

O que é que só a Guiné-Bissau te deu — e que levas para todos os palcos do mundo?

Uau, que pergunta… O que é que a Guiné-Bissau me deu? Foi a minha guinendade, que nunca saiu de mim. Nunca, nunca mesmo. Saí da Guiné-Bissau com cinco anos de idade, mas posso dizer: o crioulo da Guiné… é algo resistente. Falo com muito orgulho, porque já vivo há trinta anos em Cabo Verde e ainda consigo falar muito bem o crioulo da Guiné, cantar em crioulo da Guiné. Acho que o crioulo, a cultura da Guiné, a comida da Guiné, a maneira de ser do guineense — tudo isso nunca sai de nós. E eu expresso isso sempre: quando estou mais chateada ou mais feliz, solto um crioulo da Guiné. Acho que é isso.

Fotografia: Cortesia de Fattú Djakité

Cresceste entre ilhas e raízes. Em que momento sentiste que eras mais do que uma “visitante” da tua própria identidade?

Acho que levou tempo até eu perceber que não era apenas uma visitante da minha identidade. Foi quando aceitei as minhas duas identidades, porque sempre cresci a ouvir: gostas mais da Guiné ou de Cabo Verde? Sentes-te mais guineense ou cabo-verdiana? Hoje consigo responder. Mas tive de fazer muito trabalho de auto-estima e amor-próprio para poder afirmar: não sou só uma visitante aqui. Isto também faz parte de mim. Não dá para falar de mim sem falar destes dois países. Sinto-me cabo-verdiana pela vivência — conheci todas as ilhas através da música. Uma badia criou-me, a minha avó. Ela não é de sangue, mas foi viver para a Guiné-Bissau e ficou lá 25 anos. Adoptou a minha mãe, e nós tornámo-nos filhos dela. Depois, o marido morreu, ela voltou para Cabo Verde e mandou-nos buscar. Tive várias fases: a de não saber quem era, a de sentir vergonha… e a de aceitar quem sou. Hoje, quando digo que sou guineense e cabo-verdiana, sinto isso verdadeiramente. Já carreguei no ventre um cabo-verdiano, o meu marido é cabo-verdiano, cresci em Cabo-Verde com a minha avó. Sinto um amor enorme, eterno, por este país onde vivo — mas sem perder a essência do meu país, que é a Guiné. Essa raiz está na minha alma e não se apaga.

Entre Bissau e Mindelo, o que é que nunca coube na mala?

Ó, bom, se calhar a melhor pergunta

seria entre Bissau e Praia, porque vivi grande parte da minha vida na cidade da Praia e estou em Mindelo há menos de cinco anos. Acho que o que nunca coube na mala foi a minha família toda. Se pudesse, levava todos comigo, principalmente os que estão na Guiné-Bissau. É do que sinto mais falta, mais saudade.

Também há essa ausência da infância, de não viver realmente onde nasceste. Foi algo muito forte e difícil de digerir para mim. Então é isso: queria conseguir meter toda a minha família numa mala e levá-los comigo para onde fosse.

Se os teus avós pudessem ouvir o teu último single, o que achas que diriam?

Uau. Eu acho que se orgulhavam de mim, se orgulhavam de ter uma pessoa na família que toca nessa ferida, que não só abala um pouco a minha família, mas também muitas famílias da Guiné-Bissau que passam ou já passaram por essa situação do casamento forçado infantil. É algo que aconteceu na minha família. Eu soube disso depois de ter cantado a música, quando fui gravá-la na Guiné-Bissau. O meu pai contou-me então a história de uma tia que foi forçada a casar, levada para outro país, e acabou por falecer nesse país. Nunca mais souberam exactamente o que lhe aconteceu. Por isso, acho que eles podiam sentir-se orgulhosos por ter uma pessoa que toca nesta ferida.

A tua música é um manifesto em forma de melodia. Já alguma vez tiveste medo do silêncio — o teu,

ou o dos outros?

Já sim. Senti muito medo do meu silêncio, porque muitas vezes me senti afogada, sufocada por ele. Sofria muito em silêncio. E também há o silêncio dos outros. Para mim, o silêncio é uma forma de violência. Cresci num ambiente em que o silêncio era usado para resolver as coisas. Quando fazias algo errado, não havia conversa — havia silêncio. E isso é perturbador. Lidar com isso trouxe-me problemas sérios. Mas hoje sinto que consigo gritar. Já fiquei demasiado tempo em silêncio.

Gravaste um disco enquanto eras mãe recente. Como se escreve canções com uma criança ao colo e um mundo às costas?

Na verdade, quando gravei o disco, em 2017, estava grávida de seis meses do meu primeiro filho. Lembro-me de sentir que não estava sozinha. Eram dois corpos, dois corações numa só pessoa a gravar aquilo. Senti uma força. Mesmo com o bebé no ventre, ao colo ou às costas, sentia que era mãe do mundo. Não sabia o que seria aquela criança, nem o sexo — e veio um rapaz. Mas a sensação era muito forte. Talvez até hoje eu não saiba explicar bem o que é gravar um disco com um bebé ao colo. Já neste segundo single, não tinha bebé ao colo, mas dois filhos. E a pensar no futuro deles. Porque, quando tens um filho, queres transmitir uma mensagem melhor ao mundo. A responsabilidade é outra. Já não atiras qualquer palavra para qualquer lado.

Fotografia: Cortesia de Fattú Djakité

Qual foi a letra mais difícil de terminar? E a que ainda não tiveste coragem de escrever?

É uma letra sobre mutilação genital, que já é proibida na Guiné-Bissau, mas ainda precisa de muita sensibilização. Continua a acontecer em várias tabancas, longe dos olhos das pessoas. Já comecei a escrevê-la várias vezes, mas ainda não consegui terminá-la. E a que ainda não tive coragem de escrever é sobre o que se passou comigo quando era criança — sofri abuso sexual. Hoje já consigo falar sobre isso. Tenho até um canal de transmissão no Instagram, o Previne Abuso Sexual, onde partilho esse tema. Já fiz podcasts. Mas escrever sobre ainda não. Talvez precise de pensar mais, porque não quero que seja só chocante — quero que eduque, que sirva como prevenção.

A tua criação é corpo, voz, memória, luta. Quando uma canção começa a nascer, o que é que te move primeiro — a raiva, a ternura, o silêncio, o impulso?

Acho que depende muito do contexto. Mas já escrevi muito por impulso. No silêncio também nasceram letras completas — quando sinto algo forte e preciso de o pôr em música. Quando estou sozinha, no meu mundo de reset, de hibernação, saem as melhores canções, os melhores poemas. A raiva… às vezes evito escrever nesse estado. Muitas letras que escrevi com raiva, nunca as cantei. Não tive coragem de lhes dar voz. Mas fazem parte. E ainda bem que consegui pô-las no papel.

A tua estética é política. Achas que o cabelo, a roupa, o corpo, ainda são campos de batalha?

Com certeza. Digo isso como mulher negra. A minha pele já é um campeonato — como disse a Nene, “a minha cor de pele é um campeonato”. Para estar aqui hoje, livre a falar, a mostrar os meus penteados, o meu vestuário, a minha dança — foi preciso muita resistência. Já me odiei tanto, tanto… o cabelo, o corpo, a cor, as feições. Mas hoje aceito tudo em mim com uma força tão gritante que nem sei explicar. Faço isso como acto de resistência e para que meninas, principalmente crianças, se sintam representadas. Porque muitas vezes não vi mulheres como eu no poder. Quando estou em palco, quero mostrar uma rainha. E quando uma menina me diz: “Fattú, eu gosto muito de ti. Eu sou a Fattú Djakité que tem fogo para mim” — isso já é guerra. E estamos a ganhar. Pouco a pouco, estamos a ganhar a batalha.

O que te doeu mais — reconhecer que ‘Badja Tina’ precisava de existir, ou encontrar força para transformá-la num grito firme, num lugar onde tantas ainda escolhem o silêncio?

Acho que foi encontrar forças para transformá-la num grito firme, porque isto acontece há muito tempo. Desde cedo, vi casos de casamento forçado infantil. Lembro-me da minha avó dizer: “Ainda bem que vives em Cabo Verde, porque na Guiné-Bissau, a partir da menstruação, dão-te um ano ou dois e casam-te logo.” Era um pavor pensar que, ao regres-

sar, podia ser casada com qualquer velho. Sempre foi o meu medo — não só por mim, mas por outras meninas. Tenho irmãs e sobrinhas que ainda vivem lá, onde se ouvem coisas como: “Olha, vê lá o teu marido.” Isso abre portas para a violência — não só o casamento forçado, mas também a violência sexual. É muito triste. Escrever sobre Badja Tina foi difícil. Foi duro pensar. Mas a música saiu de forma fluída. Tive ajuda de colegas, escrevi, gravei o clipe, e consegui mostrar essa realidade. Hoje sinto-me feliz por conseguir falar sobre isso. As pessoas estão a ouvir. E muita gente se aproxima — não só pela canção, mas pela causa. Então, fogo! Eu hoje sinto-me feliz por conseguir falar sobre isso. As pessoas estão a ouvir no mundo, estão a abrir portas e muita, muita, muita gente se aproxima não só pela canção, mas também pela causa.

O público moçambicano tem caminhado contigo, canção após canção, com uma escuta atenta e coração aberto. O que é que gostarias de lhes dizer — não como artista, mas como mulher que se sente vista e acolhida desse lado do palco? Muito obrigada ao público moçambicano. Moçambique é um dos meus sonhos. Tenho vários amigos em Moçambique e queria muito, muito, muito, conhecer. O que tenho a dizer é: sejam fiéis ao que sentem, fiéis aos vossos ideais, ao que acreditam. Sejam fiéis à vossa consciência e corram atrás do vosso sonho, do que acreditam, sem medo.

Fotografia: Cortesia de Fattú Djakité

The ancestral summons of Fattú Djakité

Some presences reach us before the first word is ever spoken — they summon, open paths, tear through silence. Fattú Djakité is one of those rare forces. A daughter of Guinea-Bissau, raised in Cape Verde, she carries the marks of migration in her body and the weight of memory in her voice. Her music is more than sound: it is resistance turned into language, a gesture of care, a shield and a seed. Fattú sings what many dare not name. She speaks of forced marriage, genital mutilation, of stolen childhoods. She has survived silence — both her own and that of others — and now transforms wounds into warnings. At this pivotal moment in her life, where motherhood, struggle and creativity weave together unapologetically, we sat down with her to listen to the woman behind the voice.

Your presence makes itself felt even before the first note, and carries memories, anger, hope and ancient wounds. When did you realise that your very way of being in the world was, in itself, a language of resistance?

I think I always knew — even if I didn’t know it was an act of resistance. I’ve been resisting since the day I left Guinea-Bissau, still a five-year-old child. I moved to Cape Verde and resisted adapting, resisted every time I experienced racism — because of my skin, because of my country’s politics, because of where I came from. At school, I was known as the one who stood up for the weaker kids. I always saw myself that way, not just because of where I came from, but because of who raised me. My grandmother gave me that spirit. I grew up in a house

that wasn’t mine, where I had to clean and work from an early age to be accepted. I had to do my best at school to be noticed — or try to be invisible. I think I’ve always been a fighter.

What is it that only Guinea-Bissau gave you — something you carry to every stage in the world?

Wow, what a question… What did Guinea-Bissau give me? My “guinendade” — my sense of being from Guinea — which has never left me. Never, not once. I left Guinea-Bissau when I was five, but I can say this: the Creole of Guinea... it’s something resilient. I speak it with so much pride, because I’ve lived in Cape Verde for thirty years and I can still speak and sing in Guinean Creole fluently. The Creole, the culture, the food, the Guinean way of being —

that never leaves you. And I express it always. When I’m angry or really happy, it’s Guinean Creole that comes out. That’s what it is.

You grew up between islands and roots. When did you feel you were more than just a “visitor” to your own identity?

It took me time to realise I wasn’t just visiting my own identity. That came when I accepted both sides of it. I grew up hearing: “Do you prefer Guinea or Cape Verde? Do you feel more Guinean or Cape Verdean?”

Today I can answer that. But I had to do a lot of work on my self-esteem and self-love to be able to say: I’m not just a visitor here. This is part of me too. You can’t talk about me without talking about both countries. I feel Cape Verdean because of my experiences — I discovered every island through music. A badia woman raised me — my grandmother. She’s not related by blood, but she moved to Guinea-Bissau, stayed 25 years, adopted my mother, and we became her children. When her husband died, she returned to Cape Verde and brought us over. I’ve had many phases — not knowing who I was, feeling ashamed… and finally, acceptance. Today, when I say I’m Guinean and Cape Verdean, I feel that truthfully. I’ve carried a Cape Verdean child in my womb, my husband is Cape Verdean, I grew up with my Cape Verdean grandmother. I have endless love for this country I live in — but I’ve never lost the essence of Guinea. That root is in my soul and it doesn’t fade.

Fotografia: Cortesia de Fattú Djakité

Between Bissau and Mindelo, what never fit into your suitcase?

Ah, perhaps a better question would be between Bissau and Praia, because I spent most of my life in the city of Praia, and I’ve only been in Mindelo for under five years. What never fit in my suitcase was my whole family. If I could, I’d take them all with me — especially those still in Guinea-Bissau. That’s what I miss the most. And then there’s the absence of a childhood spent where you were born. That was very painful and hard for me to come to terms with. So that’s it — I wish I could pack up my whole family and take them with me, wherever I go.

If your grandparents could hear your latest single, what do you think they’d say?

Wow. I think they’d be proud of me, proud to have someone in the family who touches on this wound — someone who shakes not just our family, but many families in Guinea-Bissau who have experienced child forced marriage. It happened in my own family. I only learned about it after singing the song, when I went to record it in Guinea-Bissau. My father told me then about a great-aunt who was forced to marry, taken to another country, and ended up dying there. No one ever knew exactly what happened to her. So yes, I think they’d feel proud that someone is finally addressing this pain.

Your music is a manifesto in melody. Have you ever feared silence — your own, or other people’s?

Yes, definitely. I’ve felt deeply afraid of my own silence, because it often left me drowning, suffocating. I suffered a lot in silence. And then there’s other people’s silence. For me, silence is a form of violence. I grew up in an environment where silence was used to resolve things. When

you did something wrong, there was no conversation — just silence. And that’s disturbing. Dealing with that caused me serious issues. But today I feel I can shout. I spent far too long being silent.

You recorded an album while still a new mother. How do you write songs with a child in your arms and the weight of the world on your shoulders?

Actually, when I recorded the album in 2017, I was six months pregnant with my first child. I remember feeling that I wasn’t alone. It was two bodies, two hearts in one person recording that album. I felt powerful. Even with a baby in the womb, in my arms or on my back, I felt like a mother to the world. I didn’t know what that child would be like, or even the sex — and then came a boy. But the feeling was overwhelming. Maybe even now I can’t fully explain what it means to record with a baby in your arms. On this second single, I didn’t have a baby in my arms, but I had two children — and their future on my mind. Because when you have a child, you want to send out a better message to the world. The responsibility shifts. You can’t just throw any words around anymore.

Which lyric was hardest to finish? And which one haven’t you yet had the courage to write?

A song about female genital mutilation, which is already banned in Guinea-Bissau but still needs much more awareness. It still happens in many tabancas, away from the public eye. I’ve started writing it many times, but haven’t yet been able to finish. And the one I haven’t had the courage to write is about what happened to me as a child — I was sexually abused. Today, I can talk about it. I even have a channel on Instagram, Previne Abuso Sexual, where I share about the topic. I’ve

done podcasts. But writing about it? Not yet. I think I need more time, because I don’t want it to just be shocking — I want it to educate, to help prevent.

Your art is body, voice, memory, struggle. When a song starts to emerge, what drives it first — rage, tenderness, silence, impulse?

It really depends on the context. But I’ve often written on impulse. Complete songs have come from silence — when I feel something strongly and have to put it into music. When I’m alone, in my “reset” mode, in hibernation, that’s when the best songs, the best poems come. Anger... sometimes I avoid writing in that state. Many lyrics I wrote out of rage, I’ve never sung. I couldn’t bring myself to give them voice. But they exist. And I’m glad I managed to get them down on paper.

Your aesthetic is political. Do you think hair, clothing, the body, are still battlegrounds? Absolutely. I say this as a Black woman. My skin is already a battleground — like Nene said, “my skin colour is a championship”. To be here today, speaking freely, showing off my hairstyles, my clothes, my dancing — that took a lot of resistance. I used to hate myself so much… my hair, my body, my skin, my features. But today I accept every part of me with such a fierce strength I can’t even explain. I do it as an act of resistance, and so that girls, especially young ones, feel represented. Because I rarely saw women like me in positions of power. When I’m on stage, I want to show a queen. And when a girl says to me, “Fattú, I love you so much. I’m the Fattú Djakité with fire in me” — that’s war. And we’re winning. Slowly but surely, we’re winning.

What hurt more — realising that Badja Tina needed to exist, or finding the

strength to turn it into a powerful cry, a stand in a place where so many still choose silence?

I think it was finding the strength to turn it into a powerful cry, because this has been happening for so long. From a young age, I saw cases of child forced marriage. I remember my grandmother saying: “It’s a good thing you live in Cape Verde, because in Guinea-Bissau, once you start menstruating, they give you a year or two and then marry you off.” It terrified me — not just for myself, but for other girls. I have sisters and nieces who still live there, where people still say things like, “Look, that’s your future husband.” That opens the door to violence — not just forced marriage, but sexual violence too. It’s heartbreaking. Writing Badja Tina was tough. It was hard to think about. But the music flowed. I had help from friends, I wrote it, filmed the video, and managed to show that reality. Today, I feel proud to be able to speak about it. People are listening. Many are reaching out — not just because of the song, but because of the cause. So yeah — today, I’m glad I can talk about this. People are listening around the world, doors are opening, and so many people are reaching out — not just for the song, but for the cause.

The Mozambican audience has walked with you, song after song, listening closely and with open hearts. What would you like to say to them — not as an artist, but as a woman who feels seen and embraced from that side of the stage?

A big thank you to the Mozambican audience. Mozambique is one of my dreams. I have many friends there and I really, really, really want to visit. What I want to say is: stay true to what you feel, to your values, to what you believe in. Stay true to your conscience and go after your dreams, what you believe in, without fear.

Fotografia: Cortesia de Fattú Djakité
Fotografia: Cortesia de Millennium bim

Millennium bim

Reforçado o compromisso com a internacionalização da economia moçambicana

O Millennium bim marcou presença na 60.ª edição da Feira Internacional de Maputo — FACIM 2025, que se realizou de 25 a 31 de Agosto, como patrocinador principal do novo Pavilhão do Exportador, organizado pela ExportaMoz Solutions em parceria com a APIEX (Agência para a Promoção de Investimento e Exportações). Este espaço foi uma verdadeira plataforma de encontro para empresários, parceiros e visitantes que acreditam no potencial de Moçambique no mercado internacional, reforçando o papel do Banco como parceiro estratégico da internacionalização da economia.

Aparticipação do Millennium bim na maior montra económica do país coincidiu com a celebração dos seus 30 anos de actividade em Moçambique — três décadas de proximidade, confiança e compromisso com o desenvolvimento das empresas e do país.

Num contexto em que Moçambique procura afirmar-se como actor relevante no comércio internacional, alavancado pelo seu potencial agrícola, energético e industrial, o Millennium bim posiciona-se como um catalisador do crescimento económico, oferecendo soluções financeiras modernas, flexíveis e ajustadas às exigências de empresas que operam ou pretendem operar em cadeias de valor globais.

Segundo o Administrador Executivo do Millennium bim, Januário Valente, “O sector financeiro cumpre o seu papel quando apoia directamente a economia real. O Millennium bim procura ser um facilitador do comércio internacional, oferecendo soluções adaptadas às necessidades de cada empresa, desde pequenos exportadores até grandes grupos empresariais. O nosso objectivo é acrescentar valor e abrir caminhos para que

Moçambique se afirme cada vez mais no mercado global.”

Durante a FACIM 2025, o Banco repre -

sentou um portefólio de soluções financeiras especialmente desenhadas para potenciar o crescimento e a competitividade das empresas moçambicanas. Entre estas soluções destacam-se mecanismos de apoio à exportação, financiamento e trade finance, bem como instrumentos de mitigação de riscos, que permitem às empresas reforçar a sua competitividade e projectar-se no mercado internacional.

Com uma actuação sustentada na especialização por sectores — como Energia e Infra-estruturas, Sector Público e ONG, Comércio, Indústria e Agricultura — o Millennium bim tem vindo a afirmar uma estratégia de proximidade, baseada no profundo conhecimento das necessidades dos Clientes e das dinâmicas das cadeias de valor. Com esta abordagem, o Banco reafirma o compromisso de apoiar o crescimento das empresas nacionais e de contribuir para a projecção de Moçambique no mundo.

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O Millennium bim posiciona-se como um catalisador do crescimento económico, oferecendo soluções financeiras modernas, flexíveis e ajustadas.

Millennium bim

strengthens commitment to the internationalisation of Mozambique’s economy

Millennium bim took part in the 60th edition of the Maputo International Trade Fair — FACIM 2025, held from 25 to 31 August, as the main sponsor of the new Exporters’ Pavilion. The initiative was organised by ExportaMoz Solutions in partnership with APIEX (Mozambique’s Investment and Export Promotion Agency). The Pavilion served as a key platform for entrepreneurs, partners and visitors who believe in Mozambique’s potential on the global stage, further reinforcing the Bank’s role as a strategic partner in the internationalisation of the country’s economy.

The Bank’s presence at Mozambique’s largest economic showcase coincided with the celebration of its 30th anniversary — three decades of proximity, trust and commitment to business development and national progress.

At a time when Mozambique is positioning itself as a key player in international trade, with its agricultural, energy and industrial potential driving growth, Millennium bim continues to play a catalytic role in the economy. The Bank offers modern, flexible and tailored financial solutions to meet the needs of companies operating — or looking to operate — in global value chains.

As Millennium bim’s Executive Director, Januário Valente, explains, “The financial sector fulfils its role when it directly supports the real economy. Millennium bim aims to act as a facilitator of international trade, providing solutions that are tailored to each company’s needs — from small-scale exporters to large business groups. Our goal is to add value and open new pathways for Mozambique to

establish itself more firmly on the global market.”

At FACIM 2025, the Bank presented a range of financial solutions specifically designed to support the growth and competitiveness of Mozambican businesses. These included export support mechanisms, financing and trade finance products, and risk mitigation tools — all aimed at helping companies strengthen their competitive edge and expand into international markets.

Millennium bim’s approach is underpinned by sector-specific expertise — across Energy and Infrastructure, the Public Sector and NGOs, Trade, Industry and Agriculture — combined with a strategy of proximity that draws on indepth knowledge of clients’ needs and the dynamics of value chains. Through this approach, the Bank reaffirms its commitment to supporting the growth of local businesses and contributing to Mozambique’s projection on the world stage.

Fotografia: Cortesia de Millennium bim

HEINEKEN Moçambique celebra cultura e proximidade na FACIM 2025

Fotografia: Cortesia de Heineken Moçambique

HEINEKEN Moçambique

celebra cultura e proximidade na

A HEINEKEN Moçambique voltou a estar presente na Feira Internacional de Maputo, confirmando a sua ligação ao país e a aposta em relações de proximidade. Durante a semana, a marca abriu as portas ao diálogo com consumidores, clientes e parceiros, criando um espaço de partilha onde se cruzaram experiências e se lançaram novas oportunidades de colaboração.

FACIM 2025

Mais do que uma participação institucional, a presença da cervejeira foi um convite à convivência e ao reforço da identidade nacional. A HEINEKEN destacou o seu papel como produtor de referência em Moçambique, assumindo a FACIM como um momento de encontro e de valorização mútua.

O encerramento ficou marcado por um espectáculo ao vivo patrocinado pela Cerveja TXILAR, numa iniciativa que valoriza a criatividade nas suas diversas formas. Uma vez mais, a empresa demonstrou o seu apoio às artes e a sua contribuição para que cada edição da feira seja também um palco de expressão cultural.

Ao integrar a FACIM 2025, a HEINEKEN Moçambique deixa claro o seu orgulho em fazer parte de um evento que, ano após ano, junta diferentes sectores em torno de um objectivo comum: impulsionar o crescimento e enaltecer o dinamismo do país.

Fotografia: Cortesia de Heineken Moçambique
Mais do que uma participação institucional, a presença da HEINEKEN na FACIM foi um convite à convivência e ao reforço da identidade nacional.

Once again, HEINEKEN reaffirmed its support for the arts and its contribution to ensuring that each edition of the fair also serves as a platform for cultural expression.

HEINEKEN Mozambique once again took part in the Maputo International Trade Fair (FACIM), reaffirming its strong ties to the country and its commitment to building close relationships. Throughout the week, the company opened its doors to conversations with consumers, clients, and partners, creating a space for exchange where experiences were shared and new opportunities for collaboration emerged.

More than just a corporate presence, the brewery’s participation served as an invitation to connect and strengthen national identity. HEINEKEN highlighted its role as a leading producer in Mozambique, embracing FA -

CIM as a key moment of engagement and mutual appreciation.

The week concluded with a live show sponsored by TXILAR beer, in a celebration of creativity in all its forms. Once again, the company demonstrated its support for the arts and its contribution to making each edition of the fair a true stage for cultural expression.

By taking part in FACIM 2025, HEINEKEN Mozambique proudly reinforces its place in an event that, year after year, brings together diverse sectors around a shared goal: to drive growth and celebrate the dynamism of the nation.

Fotografia:
Cortesia de Heineken Moçambique
Fotografia: Cortesia de BCI

BCI na FACIM Modernidade ao serviço da proximidade

A60.ª edição da Feira Internacional de Maputo (FACIM) reafirmou-se como o maior palco de encontros, negócios e visão de futuro em Moçambique. Uma vez mais, o Banco Comercial e de Investimentos (BCI) marcou presença como Alto Patrocinador, sublinhando o seu compromisso firme com o desenvolvimento económico de Moçambique.

Instalado no Pavilhão Gwaza Muthini, o stand do BCI destacou-se pela modernidade e pelo seu carácter inovador. Inspirado no conceito de transformação digital, o espaço foi concebido para abrir janelas ao

futuro, convidando o público a conhecer soluções bancárias práticas e acessíveis. Do e-banking aos cartões pré-pagos, da abertura de contas à actualização de dados, sem esquecer o Crédito para Funcionários Públicos, cada detalhe foi pensado para responder com simplicidade e eficiência às exigências do cliente moderno. Logo à entrada, os visitantes foram, ao longo dos dias, acolhidos por um ambiente que alia tecnologia à proximidade humana. Um espaço exclusivo para networking, destinado a empresas e particulares, tornou-se um ponto de encontro dinâmico, sempre animado pelo apoio atento das equipas técnicas e comerciais do Banco.

Um dos momentos altos da participação do BCI foi a visita do Presidente da República, Daniel Chapo ao stand, durante a cerimónia inaugural. O gesto de prestígio sublinhou a relevância da instituição no tecido económico e social do país. Ao longo da Feira, os visitantes foram surpreendidos com brindes exclusivos, pequenos gestos de gratidão que reforçam a proximidade que o BCI procura cultivar, dia após dia, junto dos seus clientes.

Sob o lema “Promovendo a Diversificação Económica rumo ao Desenvolvimento Sustentável e Competitivo de Moçambique”, a FACIM reuniu actores nacionais e internacionais, oferecendo ao BCI um palco privilegiado para reafirmar o seu posicionamento.

Foi neste contexto que o Banco e a Câmara de Comércio Moçambique–Itália (CCMI) renovaram o protocolo de cooperação que, desde 2017, une as duas instituições. O acto reafirmou uma parceria sólida, alicerçada na confiança e, numa visão partilhada, fortalecida ao longo de etapas sucessivas: 2020, 2023 e, agora, 2025.

Ainda no âmbito da Feira, teve lugar a conferência de imprensa que marcou o lançamento oficial do Fórum de Negócios Moçambique–Itália. O encontro, realizado posteriormente a 15 de Setembro, no Auditório do BCI, reuniu representantes governamentais, empresários e instituições financeiras dos dois países, num diálogo que abriu novas perspectivas de investimento e inovação, sobretudo no sector do agronegócio.

Com uma presença marcante e uma linguagem que une tradição e modernidade, o BCI demonstrou, nesta edição da FACIM 2025, realizada de 25 a 31 de Agosto, que inovação não é apenas tecnologia: é proximidade, é confiança, é visão partilhada de futuro.

Fotografia: Cortesia de BCI

Inspirado no conceito de transformação digital, o stand do BCI foi concebido para abrir janelas ao futuro, convidando o público a conhecer soluções bancárias práticas e acessíveis.

BCI at FACIM Modernity in the service of connection

The 60th edition of the Maputo International Trade Fair (FACIM) once again affirmed its place as Mozambique’s premier platform for business, exchange and forward-thinking. True to its ongoing commitment to the country’s economic development, Banco Comercial e de Investimentos (BCI) returned as a Major Sponsor, reinforcing its dedication to national progress.

Located in the Gwaza Muthini Pavilion, BCI’s stand stood out for its modern design and innovative spirit. Rooted in the concept of digital transformation, the space was created to offer a window into the future, inviting visitors to explore practical, accessible banking solutions. From e-bank-

ing and prepaid cards to account opening, data updates and dedicated credit lines for public servants, every detail was carefully curated to meet the needs of today’s customer with simplicity and efficiency.

From the outset, visitors were welcomed into an environment where cutting-edge technology was seamlessly blended with a sense of human connection. A dedicated networking area for both businesses and individuals quickly became a dynamic meeting point, always supported by BCI’s attentive technical and commercial teams.

A standout moment during the fair was the visit from President Daniel Chapo to the BCI stand during the opening ceremony — a gesture that underlined the bank’s importance within Mozambique’s economic and social fabric.

Throughout the event, visitors were treated to exclusive gifts – small tokens of appreciation that reflect the closeness BCI aims to foster with its clients, day after day.

Held under the theme “Promoting Economic Diversification towards the Sustainable and Competitive Development of Mozambique”, this year’s FACIM brought together national and international stakeholders, providing BCI with a key opportunity to reaffirm its position in the market.

It was in this context that BCI and the Mozambique–Italy Chamber of Commerce (CCMI) renewed their cooperation agreement – a partnership in place since 2017. This renewal marks yet another chapter in a trusted relationship that has evolved through successive milestones: 2020, 2023, and now 2025.

Also within the scope of the fair, a press conference was held to announce the offi-

cial launch of the Mozambique–Italy Business Forum. The forum, later held on 15 September at BCI’s auditorium, brought together government representatives, business leaders and financial institutions from both countries, fostering dialogue and opening new paths for investment and innovation – particularly in the agribusiness sector.

With a strong presence and a language that bridges tradition and modernity, BCI demonstrated at FACIM 2025 – held from 25 to 31 August – that innovation is not just about technology. It is about proximity, trust, and a shared vision for the future.

COMARP Fórum 2025 já é uma referência nacional

Maputo acolheu, no dia 11 de Setembro de 2025, a terceira edição do COMARP Fórum — Fórum de Comunicação, Marketing e Relações Públicas — que se tem afirmado como o maior encontro moçambicano do sector. Realizado no Hotel Glória, o evento reuniu especialistas, decisores políticos, académicos e jovens talentos para debater e mapear o futuro da comunicação e do marketing digital no país e na região.

Sob o lema “Transformação Digital e as Novas Fronteiras da Comunicação e Marketing”, o fórum mostrou como as tecnologias emergentes — redes digitais, inteligência artificial e Big Data — podem impulsionar o desenvolvimento económico, social e cultural de Moçambique. O ministro das Comunicações e Transformação Digital, Américo Muchanga, representado por Lourino Chemane, destacou que a transformação digital vai além da tecnologia e traduz-se numa mudança de mentalidade. Foi sublinhada a importância de actuações éticas e inclusivas, indispensáveis para modernizar organizações e expandir mercados. O fundador do fórum, Edson Rufai, chamou a atenção para a actual realidade da conectividade em Moçambique: apenas cerca de 20% da população tem acesso à internet, mas o crescimento anual de qua-

se 200 mil novos utilizadores abre uma via promissora para a inclusão digital.

A presidente da Confederação Africana de Marketing (ACM), Helen McIntee-Carlisle, afirmou que “a comunicação é a chave para desbloquear o potencial de África” e sublinhou que a economia digital africana poderá atingir 712 mil milhões de dólares até 2050. Na sua intervenção, defendeu a comunicação como instrumento para construir confiança, moldar percepções e inspirar acções, sempre associada a estratégias de marketing bem estruturadas. Considerou ainda essencial que África, em vez de celebrar apenas sucessos isolados, avance para a construção de uma marca colectiva africana, alicerçada em inovação, resiliência e sustentabilidade.

O programa trouxe intervenções de renome em torno de temas como “Media intelligence na era da

transformação digital”, “Marketing humanizado”, “Marketing 5.0”, “ESG e marketing sustentável” ou “Comunicação governamental na era da IA”. Entre os oradores destacaram-se Filipe Manuel Pereira, Lúcia Brito, Ayaz Hassam, Marlene Chambule, Cláudia Manjate, Vasco Rocha, Sérgio Jeremias Langa, Tiago Fonseca, Emília Jubileu Moiane e Sylla Faruk. As sessões plenárias dividiram-se em dois grandes eixos. O primeiro, sobre o impacto da inteligência artificial e do Big Data na comunicação, abordou resistências culturais, diplomacia das marcas, gestão de crise e comunicação governamental. O segundo, centrado nos negócios digitais e no futuro da inovação no marketing, englobou o marketing local (BAZARKETING 2.0), o marketing tecnológico (5.0), a sustentabilidade via ESG, a inovação empresarial e a humanização das estratégias.

Além dos debates, o evento proporcionou espaços de networking, uma zona expo-lounge e momentos dedicados a estudantes e profissionais em início de carreira, consolidando-se como palco de inspiração e novas oportunidades. Foi igualmente realizado o pré-lançamento da ACM –Associação Moçambicana de Comunicação e Marketing, criada para unir profissionais do sector e valorizar o impacto da comunicação, do marketing e das relações públicas no desenvolvimento do país. A nova associação nasce como plataforma de representação, colaboração e promoção da classe, dando voz a um sector cada vez mais determinante para a economia e para a sociedade. No mesmo contexto, foi também

apresentado o livro “O Poder Integrado da Comunicação”, uma colectânea de experiências e reflexões de profissionais da área, que regista boas práticas e procura inspirar as novas gerações de comunicadores e marketeers.

Nesta edição, o fórum contou ainda com os COMARP Awards 2025, que distinguiram projectos, empresas e profissionais em diferentes categorias. Foram entregues prémios corporativos e individuais, reconhecendo iniciativas de comunicação, marketing e relações públicas que marcaram o último ano e inspiraram o sector a elevar os seus padrões de excelência.

O COMARP Fórum 2025 representou um ponto de

inflexão para a comunicação em Moçambique. Ao colocar a transformação digital no centro do debate, lançou um apelo claro à adopção de práticas mais inovadoras, éticas e inclusivas. A presença de lideranças regionais como a CAM acrescentou perspectiva continental, relacionando o avanço tecnológico à construção de uma marca africana forte. O fórum deixou ao país um legado ambicioso: transformar a comunicação e o marketing numa alavanca estratégica para o progresso. Moçambique olhou para o futuro digital com esperança e tem agora o desafio de consolidar esse caminho, envolvendo empresas, instituições e cidadãos na construção de um projecto colectivo.

Fotografia: Cortesia de COMARP

COMARP Forum 2025 is already a national reference

Maputo hosted, on 11 September 2025, the third edition of the COMARP Forum — the Forum on Communication, Marketing and Public Relations — which has established itself as Mozambique’s leading industry gathering. Held at the Hotel Glória, the event brought together experts, policymakers, academics and young talent to debate and chart the future of communication and digital marketing in the country and the wider region.

Under the theme “Digital Transformation and the New Frontiers of Communication and Marketing”, the forum showcased how emerging technologies — digital networks, artificial intelligence and Big Data — can drive Mozambique’s economic, social and cultural development. Américo Muchanga, Minister of Communications and Digital Transformation, represented by Lourino Chemane, underlined that

digital transformation goes beyond technology, requiring a profound shift in mindset. He stressed the importance of ethical and inclusive practices as vital to modernising organisations and expanding markets. Forum founder Edson Rufai drew attention to Mozambique’s connectivity reality: just 20% of the population currently has access to the internet, yet the addition of nearly 200,000 new users each year signals a promising pathway to -

wards digital inclusion.

Helen McIntee-Carlisle, President of the African Confederation of Marketing (ACM), declared that “communication is the key to unlocking Africa’s potential”. She noted that Africa’s digital economy could reach USD 712 billion by 2050. In her remarks, she highlighted communication as a tool to build trust, shape perceptions and inspire action, always linked to well-structured marketing strategies. She

Fotografia:
Cortesia de COMARP

further emphasised that Africa must move beyond celebrating isolated successes to building a collective continental brand, rooted in innovation, resilience and sustainability.

The programme featured high-profile interventions on topics such as “Media intelligence in the age of digital transformation”, “Human-centred marketing”, “Marketing 5.0”, “ESG and sustainable marketing”, and “Government communication in the age of AI”. Notable speakers included Filipe Manuel Pereira, Lúcia Brito, Ayaz Hassam, Marlene Chambule, Cláudia Manjate, Vasco Rocha, Sérgio Jeremias Langa, Tiago Fonseca, Emília Jubileu Moiane and Sylla Faruk.

The plenary sessions were divided into two main strands: the first explored the impact of AI and Big Data on communication, addressing cultural resistance, brand diplomacy, crisis management and government communication. The second focused on digital business and the future of innovation in marketing, covering local marketing (Bazarketing 2.0), techno -

logical marketing (5.0), ESG-driven sustainability, business innovation and the humanisation of strategies.

Beyond debates, the event offered networking opportunities, an expo-lounge, and sessions dedicated to students and early-career professionals, further consolidating its role as a space for inspiration and opportunity. It also saw the pre-launch of the ACM — Associação Moçambicana de Comunicação e Marketing — created to unite professionals and highlight the role of communication, marketing and public relations in national development. The new association is set to become a platform for representation, collaboration and professional growth, giving voice to a sector increasingly vital to both the economy and society.

The same context also saw the presentation of the book “O Poder Integrado da Comunicação” (The Integrated Power of Communication), a collection of reflections and best practices from industry professionals, designed to inspire the next generation of communicators and marketers. This year’s edition also

featured the COMARP Awards 2025, recognising outstanding projects, companies and professionals across various categories. Both corporate and individual awards were presented, celebrating initiatives in communication, marketing and public relations that have defined the past year and raised standards of excellence in the industry.

The COMARP Forum 2025 marked a turning point for communication in Mozambique. By placing digital transformation at the heart of discussions, it issued a clear call for more innovative, ethical and inclusive practices. The presence of continental leadership such as the ACM added a broader African perspective, linking technological advancement with the construction of a strong African brand. The forum leaves Mozambique with an ambitious legacy: to turn communication and marketing into a strategic lever for progress. The country has looked to its digital future with hope — and now faces the challenge of consolidating this path, engaging businesses, institutions and citizens in building a collective project.

UBA é premiado como

O United Bank for Africa (UBA) - Moçambique foi distinguido com o prémio de Me lhor Programa de Responsabilidade Social na edição 2025 dos COMARP Awards, evento inserido no COMARP Forum – Fórum de Comunicação, Marketing e Relações Públicas, a maior plataforma em Moçambique dedicada a profissionais e organiza ções das áreas de comunicação, marketing e relações públicas. Evento realizado em parceria com a Southern Africa Community Marketing Association (SADCMA).

Oreconhecimento foi atribuí do ao UBA Moçambique pelo impacto do Tony Elumelu Entrepreneurship Program, uma iniciativa que tem transformado a vida de milhares de jovens empreen dedores em Moçambique e em todo o continente africano. O programa dis tingue-se por impulsionar o desenvol vimento económico sustentável através de formação, mentoria, financiamento inicial e acompanhamento de projec tos. Graças a esse apoio, jovens visio nários têm conseguido não só lançar

os seus negócios, como também gerar empregos e dinamizar as economias locais.

Esta distinção reafirma o compromisso contínuo do UBA com o empreendedorismo, a inovação e o investimento no futuro dos jovens africanos, promovendo impacto social duradouro e crescimento económico inclusivo.

Durante a cerimónia, o Administrador-Delegado do UBA Moçambique, Pedro Maranguene, reforçou a importância do prémio:

“Este prémio não pertence apenas ao UBA ou à Fundação Tony Elumelu. Pertence a todos os jovens empreendedores que, com resiliência, criatividade e determinação, estão a transformar Moçambique e o continente africano. Continuaremos firmes no compromisso de apoiar e impulsionar o potencial africano.”

Maraguene acrescentou ainda que o empreendedorismo é essencial para o conceito de Africapitalismo, defendido pelo presidente do grupo UBA, Tony Elumelu, segundo o qual o sector privado africano deve desempenhar um papel de liderança no desenvolvimento do continente através de investimentos de longo prazo que criem valor social e económico. Desde a sua criação, o Programa de Empreendedorismo TEF já capacitou cerca de 2,5 milhões de jovens africanos através da plataforma digital TEFConnect, destinou mais de 100 milhões de dólares em financiamento directo a mais de 21.000 empreendedores, e contribuiu para a criação de 1,5 milhões de empregos directos e indirectos. Estima-se que, com estas iniciativas, mais de 2 milhões de africanos tenham sido retirados da pobreza.

Fotografia: Cortesia de UBA

O reconhecimento foi atribuído ao UBA Moçambique pelo impacto do Tony Elumelu Entrepreneurship Program, uma iniciativa que tem transformado a vida de milhares de jovens.

Fotografia: Cortesia de UBA

UBA awarded ‘Best Social and Corporate Responsibility Programme’

United Bank for Africa (UBA) – Mozambique has been awarded the title of Best Corporate Social Responsibility Programme at the 2025 COMARP Awards. The prestigious accolade was presented during the COMARP Forum – the country’s largest platform for professionals and organisations in communication, marketing and public relations – held in partnership with the Southern Africa Community Marketing Association (SADCMA).

The award recognises the profound impact of the Tony Elumelu Entrepreneurship Programme, a transformative initiative that has changed the lives of thousands of young entrepreneurs in Mozambique and across the African continent. The programme is notable for driving sustainable economic development through training, mentorship, seed funding and long-term project support. Thanks to this backing, young visionaries have been able not only to launch their own businesses but also to generate employment and invigorate local economies.

This recognition reaffirms UBA’s ongoing commitment to entrepreneurship, innovation and investing in the future of Africa’s youth – fostering lasting social impact and inclusive economic growth.

Speaking at the awards ceremony, Pedro Maranguene, CEO of UBA Mozambique, highlighted the importance of the recognition:

“This award does not belong solely to

UBA or to the Tony Elumelu Foundation. It belongs to every young entrepreneur who, with resilience, creativity and determination, is helping to transform Mozambique and the African continent. We remain firmly committed to supporting and propelling African potential.”

Maranguene also emphasised that entrepreneurship is central to the concept of Africapitalism, championed by UBA Group Chairman Tony Elumelu. The philosophy calls for the African private sector to take a leading role in the continent’s development through long-term investments that generate both social and economic value.

Since its inception, the Tony Elumelu Foundation Entrepreneurship Programme (TEF) has empowered approximately 2.5 million young Africans via its TEFConnect digital platform, allocated over $100 million in direct funding to more than 21,000 entrepreneurs, and contributed to the creation of 1.5 million direct and indirect jobs. It is estimated that, through these initiatives, more than 2 million Africans have been lifted out of poverty.

A commitment to supporting Africa’s future through entrepreneurship and inclusive economic growth

Fotografia: Cortesia de COMARP

CFAO Mobility celebra sucesso da 2ª edição do Toyota Festival by CFAO

Fotografia: Cortesia de CFAO

“O Toyota Festival é mais do que um evento automóvel; é um símbolo da nossa ligação com os clientes e parceiros. Criámos experiências que inspiram emoção, confiança e orgulho em fazer parte do universo Toyota. Esta iniciativa reforça o nosso compromisso de estar cada vez mais próximos de todos e de tornar a mobilidade uma fonte de alegria e inspiração.”

- Henrique Bettencourt, Director-Geral da CFAO Mobility Mozambique.

CFAO Mobility celebra sucesso da 2ª edição do Toyota Festival by CFAO

Um dia de adrenalina, inovação e lifestyle automóvel em Maputo

A CFAO Mobility Mozambique celebrou com entusiasmo a 2ª edição do Toyota Festival by CFAO, realizado no passado dia 13 de Setembro, na Pista do ATCM, em Maputo. O evento superou todas as expectativas, consolidando-se como um dos momentos mais marcantes do calendário automóvel nacional. Ao longo do dia, cerca de 4000 pessoas passaram pelo recinto, entre clientes, parceiros e entusiastas, que viveram experiências únicas num ambiente vibrante de emoção, inovação e entretenimento.

Um dos grandes destaques foi o Toyota GR Experience, onde os participantes puderam experimentar a potência da gama desportiva GR da Toyota. Os modelos FT-86, GR Corolla e o icónico Supra proporcionaram hot laps emocionantes, conduzidas por pilotos profissionais, numa experiência repleta de adrenalina, segurança e puro ADN desportivo Toyota. Os mais fanáticos puderam ainda comprar merchandising da marca.

O novo Toyota Land Cruiser Prado também esteve em evidência, permitindo aos visitantes testar e descobrir de perto a potência, o conforto e a tecnologia, na pista 4 x 4, que tornam este modelo ideal para qualquer estilo de vida. A programação incluiu ainda a apresentação da renovada gama citadina Toyota, com especial destaque para o novo Corolla Cross SUV e também com a presença da robusta Toyota LC79, todas estas viaturas disponíveis para test-drive para todos os presentes.

A criatividade automóvel teve palco no concurso “O Prado Mais Txunado de Moçambique”, que premiou o Toyota Prado mais original. Carlos Miguel foi o grande vencedor da competição, com o seu Prado clássico de 1990 conquistando o topo com o seu estilo e criatividade. Recebeu como prémio um voucher de 30.000,00 MZN em serviços de oficina Toyota.

O dia começou cedo com o Toyota Cycling Challenge, uma corrida todo-o-terreno, cronometrada, que envolveu participantes de todas as idades. O festival ofereceu uma ampla variedade de actividades para toda a família, incluindo uma kids zone com formações rodoviárias divertidas para os mais novos, uma zona radical com slide, escalada, realidade virtual e outras tantas actividades infantis. A gastronomia diversificada e a música ao vivo durante o dia, com destaque para a actuação do artista Dudas, completaram a experiência.

A celebração culminou com o After Party Toyota, que manteve o ritmo até de madrugada. Com um line-up internacional e nacional de DJs de renome – Jord Zuffo, The Contraband, DJ Malvado e DJ Sakay da Magadascar – a pista de dança incendiou-se ao som dos melhores ritmos do mundo, garantindo uma noite inesquecível de celebração e alegria.

A CFAO Mobility Mozambique, representante oficial da Toyota no país e integrante do grupo CFAO – líder pan-africano no sector da mobilidade – continua a apostar na inovação e na criação de experiências memoráveis que reforcem a confiança e a ligação dos moçambicanos à marca Toyota.

O Toyota Festival by CFAO superou todas as expectativas, consolidando-se como um dos momentos mais marcantes do calendário automóvel nacional.

Os modelos FT-86, GR Corolla e o icónico Supra proporcionaram hot laps emocionantes, conduzidas por pilotos profissionais.

CFAO Mobility celebrates success of the 2nd Toyota Festival by CFAO

A day of adrenaline, innovation and automotive lifestyle in Maputo

CFAO Mobility Mozambique marked the second edition of the Toyota Festival by CFAO with great enthusiasm on 13 September at the ATCM Track in Maputo. The event exceeded all expectations, securing its place as one of the standout highlights of the national automotive calendar. Over the course of the day, around 4,000 visitors – including clients, partners and car enthusiasts – enjoyed unique experiences in a vibrant atmosphere of excitement, innovation and entertainment.

Amajor highlight was the Toyota GR Experience, which gave participants the thrill of testing Toyota’s GR sports range. The FT-86, GR Corolla and the iconic Supra delivered adrenaline-fuelled hot laps driven by professional pilots – an exhilarating blend of power, safety and pure Toyota sporting DNA. True fans also had the chance to purchase exclusive Toyota merchandise.

Another centrepiece was the new Toyota Land Cruiser Prado, showcased on the 4x4 track, where visitors could experience its strength, comfort and technology first-hand – all designed to suit a wide variety of lifestyles. The refreshed urban range was

also presented, featuring the new Corolla Cross SUV alongside the rugged Toyota LC79, both available for test drives. Automotive creativity took the spotlight in the “Most Tuned Prado in Mozambique” contest, which rewarded the most original Toyota Prado. Carlos Miguel emerged as the winner, with his classic 1990 Prado impressing the judges with its unique style. He received a voucher worth 30,000 MZN in Toyota workshop services.

The day kicked off with the Toyota Cycling Challenge, an all-terrain timed race that brought together participants of all ages. The festival also catered for families, with a dedicated kids’ zone offering fun road safety ac -

Fotografia: Cortesia de CFAO
Automotive creativity took centre stage in the “Most Tuned Prado in Mozambique” contest, which awarded the most original Toyota Prado. Carlos Miguel emerged as the overall winner.

tivities for children, alongside a thrill area with zip lines, climbing walls, virtual reality experiences and more. Food stalls with diverse culinary options and live music, headlined by Mozambican artist Dudas, added to the festive atmosphere.

The celebrations culminated in the Toyota After Party, which kept the energy alive late into the night. With a star-studded international and local DJ line-up – Jord Zuffo, The Contraband, DJ Malvado and DJ Sakay from Madagascar – the dance floor lit up to the world’s hottest rhythms, ensuring a night of unforgettable celebration.

“The Toyota Festival is more than just an automotive event; it’s a symbol of our connection with clients and partners. We’ve created experiences that inspire excitement, trust and pride in being part of the Toyota universe. This initiative reinforces our commitment to staying ever closer to our customers and making mobility a source of joy and inspiration,” said Henrique Bettencourt, Managing Director of CFAO Mobility Mozambique.

CFAO Mobility Mozambique, the official representative of Toyota in the country and part of the CFAO Group – Africa’s leading mobility company – continues to invest in innovation and in creating memorable experiences that strengthen Mozambicans’ trust in and connection to the Toyota brand.

Léo Cote e Mélio Tinga foram os vencedores

Léo Cote, com a obra “Instalação do Corpo”, na categoria de poesia, e Mélio Tinga, com “Névoa na Sala”, na prosa, são os vencedores do Prémio Literário Mia Couto-2025, foi anunciado esta sexta-feira, dia 5 de Setembro, na Beira, pela organização.

Numa cerimónia que decorreu na Universidade Zambeze, na capital de Sofala, os dois laureados receberem os seus prémios monetários, 400 mil meticais cada um, ao conquistarem esta terceira edição do “Mia Couto”. O

Prémio distingue as melhores obras literárias publicadas anualmente por autores moçambicanos, e é organizado pela Cornelder de Moçambique (CdM) em parceria com a Associação Kulemba.

Na categoria de poesia,

Léo Cote bateu a concorrência das obras “As Coisas do Morto”, de Francisco Guita Júnior; “O Pouso do Casco”, de Lino Mukurruza; “Tocar o Ser”, de Sánia Iacuti; e “Um Umbigo Arde na Boca”, de M. P. Bonde, que foram os outros quatro finalistas.

Já na categoria de prosa, Mélio Tinga foi melhor em relação aos livros “A Queda do Macombe Chipapata: Tramas e Revoltas”, de Celestino Joanguete; “As Origens”, de Lavimó da Verónica; “O Código das Serpentes”, de Hélder Muteia; e “Última Memória. Entrevista com Sthoe”, de Lucílio Manjate.

Léo Cote e Mélio Tinga são ambos residentes na cidade de Maputo. Mélio Tinga tem 31 anos e possui dez livros publicados em três países, Moçambique, Brasil e Portugal. Léo Cote tem 44 anos e possui seis livros publicados, todos apenas em Moçambique.

Na presença do escritor moçambicano que dá nome ao Prémio, Mia Couto, dos dirigentes da província de Sofala e da cidade da Beira, bem como dos representantes dos organizadores, o presidente do júri, Nataniel Ngomane, disse que a escolha dos dois vencedores foi por “unanimidade” dos elementos do Júri, de que fizeram ainda parte Teresa Noronha, Vanessa Riambau Pinheiro, Joaquim Arena e Marcelo Panguana.

Nesta terceira edição concorreram 36 escritores, sendo 21 para a categoria de poesia e 15 para a de prosa, cujas obras que foram publicadas por 14 editoras moçambicanas.

Foram elegíveis para este ano as obras publicadas entre 1 de Janeiro e 31 de Dezembro de 2024, nas duas categorias.

O Prémio, lançado em Junho de 2023, na Beira, na presença do escritor moçambicano Mia Couto, é anual e foi instituído no âmbito dos 25 anos que a

O Prémio Mia Couto tem duas
categorias –prosa e poesia – e distingue uma obra em cada categoria publicada no ano anterior.

Cornelder de Moçambique celebrou em Outubro de 2023.

A iniciativa pretende estimular a produção literária de qualidade no país, distinguindo as melhores obras publicadas anualmente. Cada vencedor do Prémio Literário Mia Couto é agraciado com o valor pecuniário de 400 mil meticais.

O Prémio tem duas catego-

rias (prosa e poesia) e distingue uma obra em cada categoria, publicada no ano anterior. Para a categoria de prosa, nos anos pares, o Prémio é atribuído ao melhor livro de conto, e, nos anos ímpares, ao melhor romance. Assim sendo, neste ano de 2025, o Prémio distinguiu um romance.

Em 2023, na sua primeira edição, em que foram aceites excepcionalmente obras publicadas em 2021 e 2022, foram vencedores Bento Baloi, com a obra “No Verso da Cicatriz”, na categoria de romance (prosa com ficção), e Belmiro Mouzinho, com “Pétalas Negras ou a Sombra do Inanimado”, na categoria de poesia.

Em 2024, na segunda edição, o galardoado foi Adelino Albano Luís, com o livro “Estórias trazidas pela ventania”. Os membros do Júri nesta edição, nomeadamente Lourenço do Rosário (presidente), Teresa Manjate, Marcelo Panguana, Ondjaki e Tânia Macedo, decidiram, por “unanimidade”, não premiar qualquer das obras inscritas para a categoria de poesia, “por ter constatado a existência de algumas fragilidades na sua construção poética, uma decisão que está prevista no Artigo 23 do Regulamento do Prémio”, conforme explicou na altura Marcelo Panguana.

O Prémio Mia Couto pretende estimular a produção literária de qualidade no país, distinguindo as melhores obras publicadas anualmente. É organizado pela Cornelder de Moçambique em parceria com a Associação Kulemba.

Léo Cote and Mélio Tinga named this year’s winners

Léo Cote and Mélio Tinga have been announced as the winners of the 2025 Mia Couto Literary Prize. Cote claimed the poetry category with his work Instalação do Corpo, while Tinga triumphed in prose with Névoa na Sala, according to an announcement made on Friday 5 September in Beira.

During a ceremony held at Zambeze University, in the provincial capital of Sofala, the two writers each received a monetary award of 400,000 meticais. Now in its third edition, the Mia Couto Prize recognises the best literary works published annually by Mozambican authors. It is organised by Cornelder de Moçambique (CdM) in partnership with the Kulemba Association.

In poetry, Léo Cote’s Instalação do Corpo stood out among a shortlist that included As Coisas do Morto by Francisco Guita Júnior, O Pouso do Casco by Lino Mukurruza, Tocar o Ser by Sánia Iacuti, and Um Umbigo Arde na Boca by M. P. Bonde.

In prose, Mélio Tinga’s Névoa na Sala was selected over A Queda do Macombe Chipapata: Tramas e Revoltas by Celestino Joanguete, As Origens by Lavimó da Verónica, O Código das Serpentes by Hélder Muteia, and Última Memória. Entrevista com Sthoe by Lucílio Manjate.

Both laureates reside in Maputo. Mélio Tinga, aged 31, has ten published

books across Mozambique, Brazil and Portugal. Léo Cote, 44, has published six works, all in Mozambique.

The award ceremony was attended by Mia Couto himself—the prize’s namesake—alongside provincial leaders from Sofala, officials from Beira, and representatives from the organising bodies. Jury president Nataniel Ngomane stated that the winners were chosen “unanimously” by the panel, which also included Teresa Noronha, Vanessa Riambau Pinheiro, Joaquim Arena and Marcelo Panguana.

This year’s edition attracted 36 submissions: 21 in poetry and 15 in prose, all published by 14 Mozambican publishers. Eligible entries were those published between 1 January and 31 December 2024.

Launched in June 2023 in Beira, the Mia Couto Prize was established as part of Cornelder de Moçambique’s 25th anniversary celebrations. Its aim is to foster high-quality literary production in Mozambique, awarding the best books published each year. The prize includes a monetary award of 400,000 meticais per category.

The prize recognises one winner each in poetry and prose. In even-numbered years, the prose award is given to a short story collection; in odd-numbered years, as is the case in 2025, it goes to a novel.

In its inaugural year, 2023, the prize was awarded to Bento Baloi (No Verso da Cicatriz, fiction/prose) and Belmiro Mouzinho (Pétalas Negras ou a Sombra do Inanimado, poetry), covering works published in 2021 and 2022.

The 2024 edition saw Adelino Albano Luís win for his book Estórias trazidas pela ventania. That year, the jury, chaired by Lourenço do Rosário and including Teresa Manjate, Marcelo Panguana, Ondjaki and Tânia Macedo, unanimously decided not to award a poetry prize. As Marcelo Panguana explained at the time, this decision— allowed under Article 23 of the Prize’s regulations—was due to perceived weaknesses in the poetic construction of the submissions.

Fotografia: Cortesia de Cornelder

Olimpíadas de valorizam ensino

técnico-profissional

de Soldadura técnico-profissional

A empresa Talento promoveu a primeira edição das Olimpíadas de Soldadura em Moçambique. No passado dia 5 de Setembro, o Instituto Industrial e Comercial da Matola (IICM) foi palco de um momento inédito no panorama da formação profissional no país, uma iniciativa que visou aproximar estudantes e formadores do mercado de trabalho, enquanto procurou dignificar o ensino técnico-profissional, tantas vezes visto como uma opção de segunda linha face ao ensino superior.

Uma competição para mudar mentalidades

Mais de vinte participantes, entre formandos, profissionais e formadores, puseram à prova as suas competências em técnicas como TIG, MIG/MAG e eléctrodos revestidos. A competição não se limitou à destreza prática: os concorrentes foram avaliados também pela interpretação de desenhos, cumprimento das normas de segurança e gestão de tempo, demonstrando a exigência e a sofisticação que a

profissão requer. Na abertura do evento, Frederico Silva, fundador da Talento, defendeu que é preciso “desmistificar o ensino técnico-profissional e mostrar aos jovens que este percurso deve ser encarado como primeira escolha”. Sublinhou ainda que Moçambique precisa de talentos prontos para sustentar a industrialização e responder aos desafios impostos pela transição energética.

Indústria e bancos dão o exemplo

O encontro contou com o patrocínio da Exxon Mobil Mozambique, cujo director-geral, Arne Gibbs, enalteceu a relevância da soldadura no desenvolvimento do sector de petróleo e gás. “Estas Olimpíadas são um passo firme na preparação do país para se destacar na transição energética”, afirmou. Também o banco Absa se juntou como parceiro estratégico. Para Tânia Oliveira, responsável de Marketing e Relações Corporativas, o apoio do banco traduz-se num investimento claro na capacitação técnica e na promoção da empregabilidade: “É um compromisso com o futuro dos jovens moçambicanos e com as comunidades onde actuamos.”

Premiar talento, valorizar a inspiração

No encerramento, os melhores foram distinguidos em duas principais categorias. Entre os formadores e profissionais, os vencedores foram Ingerino Sitoe, Jorge Nhachengo e António Manjate. Já no grupo dos formandos, os premiados foram Lúcia Uamusse, Flora Chau e António Muchanga. Os primeiros classificados de cada categoria receberam um cheque de 25 mil meticais oferecido pelo Absa, além de certificações, formações complementares e kits completos para apoiar o seu desenvolvimento pessoal e as suas actividades. O júri atribuiu ainda o Prémio Mulher Inspiração a Flora Chau, jovem que se destacou pelo seu percurso notável numa área tradicionalmente dominada por homens, mostrando que o futuro da indústria pode – e deve – ser inclusivo.

Uma plataforma para o futuro

A iniciativa não se limitou à competição. Houve espaço para debates sobre “O Futuro da Soldadura na Era do Gás e da Indústria”, sessões de networking, feira de talento e assinatura de memorandos de entendimento com parceiros institucionais como a Associação Industrial de Moçambique (AIMO), a Associação de Conteúdo Local de Moçambique (ACLM), o IICM e o Absa. Estes compromissos visam garantir que os talentos nacionais sejam reconhecidos e valorizados, não apenas a nível interno, mas também no plano internacional. A primeira edição das Olimpíadas de Soldadura deixou claro que o ensino técnico-profissional pode ser motor de desenvolvimento e porta de entrada para um futuro mais industrializado, competitivo e inclusivo em Moçambique. E deixou igualmente a promessa: a segunda edição já está a ser preparada, com a ambição de alcançar mais jovens e consolidar esta visão transformadora.

Fotografia: Cortesia de Talento

O ensino técnico-profissional pode ser motor de desenvolvimento e porta de entrada para um futuro mais industrializado, competitivo e inclusivo.

The company Talento has launched the first-ever edition of the Welding Olympics in Mozambique. Held on 5 September at the Matola Industrial and Commercial Institute (IICM), the event marked a significant milestone in the country’s vocational training landscape. More than just a competition, the initiative aimed to bridge the gap between education and employment while elevating technical and vocational education—too often viewed as a second-tier alternative to university.

A competition to change mindsets

Over twenty participants, including trainees, professionals and instructors, demonstrated their skills in techniques such as TIG, MIG/MAG and shielded metal arc welding. The contest went beyond manual proficiency: competitors were assessed on their ability to interpret technical drawings, adhere to safety regulations, and manage time effectively—highlighting the rigour and sophistication the pro -

fession demands.

In his opening remarks, Talento founder Frederico Silva stressed the need to “demystify vocational education and show young people that this path should be a first choice.” He also emphasised Mozambique’s urgent need for skilled professionals capable of supporting industrialisation and responding to the challenges posed by the energy transition.

Industry and finance lead by example

The event was sponsored by Exxon Mobil Mozambique, whose Managing Director, Arne Gibbs, underscored the importance of welding in the development of the oil and gas sector. “These Olympics represent a strong step forward in preparing the country to stand out in the energy transition,” he

said. Absa Bank also joined as a strategic partner. According to Tânia Oliveira, Head of Marketing and Corporate Relations, the bank’s support reflects a clear investment in technical training and job creation: “It’s a commitment to the future of Mozambican youth and to the communities we serve.”

Fotografia: Cortesia de Talento

Recognising talent, celebrating inspiration

At the closing ceremony, awards were presented in two main categories. Among trainers and professionals, the winners were Ingerino Sitoe, Jorge Nhachengo and António Manjate. In the trainee category, Lúcia Uamusse, Flora Chau and António Muchanga took top honours. First-place winners in each group received a cheque for 25,000 meticais from Absa, along with certificates, additional training, and complete

starter kits to support their professional growth.

In a special tribute, the jury awarded the Inspiring Woman Prize to Flora Chau, a young welder whose outstanding achievements in a traditionally male-dominated field stood out. Her recognition served as a powerful reminder that the future of industry can— and must—be inclusive.

A platform for the future

The initiative extended beyond competition. The event featured discussions on “The Future of Welding in the Age of Gas and Industry”, networking sessions, a talent fair, and the signing of memorandums of understanding with institutional partners including the Mozambican Industrial Association (AIMO), the Mozambican Local Content Association (ACLM), IICM, and Absa. These partnerships aim to ensure Mozambican talent is not only recognised and developed lo-

cally, but also promoted internationally.

The inaugural edition of the Welding Olympics made one thing clear: vocational education can be a driving force for development and a gateway to a more industrialised, competitive, and inclusive future in Mozambique. And the momentum is set to continue—the second edition is already in the works, with the ambition to reach even more young people and further cement this transformative vision.

Fotografia: Cortesia de Talento

Sob o lema “50 anos consolidando a unidade nacional e a paz através da cultura”, a cidade de Tete acolheu, de 18 a 22 de Agosto, a décima segunda edição do Festival Nacional da Cultura (FNC), o maior encontro cultural do país. O evento juntou mais de cinco centenas de artistas e técnicos provenientes de todas as províncias do país, tendo recebido diariamente milhares de pessoas.

A sessão inaugural foi dirigida pelo Presidente da República, Daniel Francisco Chapo, que destacou a cultura como pilar da identidade nacional, motor de desenvolvimento sustentável e elemento central de coesão social, tam -

bém sublinhando que o FNC contribui para dinamizar a economia criativa e valorizar o capital humano do país.

Um espectáculo coreográfico com cerca de mil participantes evocou os 50 anos de Independência Nacional, marcando de forma expressiva o arranque das festividades. Neste espírito de celebração, os palcos de Tete abriram-se a teatro, música, dança, literatura, gastronomia, artesanato e outras formas de expressão artística. Vários palcos da cidade transformaram-se em verdadeiros pontos de encontro onde tradição e inovação estiveram em pleno convívio, criando um retrato abrangente da diversidade moçambicana. Feiras de artesanato, exposições

gastronómicas e mostras de escultura completaram o programa, oferecendo ao público uma experiência variada e interactiva.

Entre os protagonistas, a juventude assumiu lugar central, apresentando criações que preservaram e, ao mesmo tempo, reinventaram tradições, um contributo destacado pelo Presidente da República como fundamental para afirmar a identidade nacional e promover uma harmoniosa convivência. Também a Ministra da Educação e Cultura salientou o papel da cultura como motor de coesão social e crescimento económico, referindo os relevantes conteúdos para sectores como moda, design, audiovisual, turismo cul-

tural e gastronomia criados pelo festival.

O festival não foi apenas um evento artístico, mas uma afirmação da identidade moçambicana como património vivo e dinâmico. Deixou em Tete uma marca de unidade nacional, diversidade cultural e projecção para o futuro, reforçando a cultura como instrumento de paz e de desenvolvimento para Moçambique.

Neste enquadramento mais amplo, o FNC integrou-se nas prioridades do Governo no quadro da Estratégia Nacional de Desenvolvimento e do Plano Quinquenal 2025–2029, em consonância com os Objectivos de Desenvolvimento Sustentável.

Poesia e Sensorialidade

A Nwanyi, marca dedicada à promoção de experiências sensoriais através da literatura, realizou o evento “Poesia e Sensorialidade: Versos que Degustam a Vida”, no passado dia 29 de Agosto, no Garden Grill (antiga Estufa), em Maputo.

O evento propôs uma experiência única que uniu literatura, poesia e vinhos seleccionados, criando um encontro cultural e sensorial que transcendeu os formatos tradicionais.

“A nossa proposta pretende criar um ambiente que valorize o livro, mas também o vinho, oferecendo uma plataforma que maximiza o impacto cultural e comercial, ao mesmo tempo que aproxima pessoas em torno de experiências significativas”, disse Yazalde Ibraimo, coordenador do evento.

“Mais do que um evento, foi uma celebração da cultura nas suas múltiplas formas, onde a palavra se encontrou com o paladar e a comunidade partilhou momentos de arte, reflexão e prazer.”

De entre as actividades, destacaram-se a exposição e venda de livros da Alcance Editora, Inter-Escola Editores, Catálogus e The Bookshelf (livraria online), a Chapateca, oficina de escrita criativa, e rodas de conversa com os escritores Macevildo Bonde, Lucílio Manjate, Álvaro Taruma e José Carimo.

Houve também música ao vivo, com a performance do projecto “Poemas Cantados – Tributo a José Craveirinha”, do compositor e director musical D’Manyissa, interpretado pela cantora Helena Rosa, e outro momento musical com o músico Eddy Dimande.

Última Memória | Entrevista com Sthoe De Lucílio Manjate

Com a idade já bastante avançada, solitário e com dificuldades de usar as mãos, Sthoe, o agente policial que Lucílio Manjate cria na novela “A Legítima Dor da Dona Sebastião” e a que volta a dar vida no romance “Rabhia”, contrata os serviços de Dezassete, um taxista que, no passado, o agente suspeitou de ter cometido um crime, para o ajudar a redigir cartas destinadas ao seu antigo estagiário, Bernardo Bastante Sozinho.

As cartas surgem, alegadamente, porque Sthoe deseja partilhar com Bernardo casos antigos, na esperança de que a correspondência leve o antigo discípulo a aplicar-se em processos de investigação

Last Memory

An interview with Sthoe

Now elderly, alone, and struggling with limited use of his hands, Sthoe—the police officer first brought to life by Lucílio Manjate in the novella A Legítima Dor da Dona Sebastião, and later revisited in the novel Rabhia—hires Dezassete, a taxi driver he once suspected of a crime, to help him write letters to his former trainee, Bernardo Bastante Sozinho.

The letters are, ostensibly, an attempt by Sthoe to share past cases with Bernardo, in the hope that this correspondence might inspire his former apprentice to take investigative work more seriously. But this may not be the only motive—and for the reader, it could prove to be a misleading one…

Dezassete, meanwhile, eager to share with the world the time he spent with the officer—moments of a friendship never acknowledged by the investi-

policial. Mas esta não será a única razão, e ela pode, inclusive, revelar-se para o leitor ilusória…

Dezassete, por sua vez, ansioso por partilhar com o mundo a experiência dos momentos que privou com o agente, momentos de uma amizade, entretanto jamais assumida pelo investigador, decide solicitar os serviços de um escritor para, em honra de Sthoe, se publicar o livro que o leitor tem em mãos. Uma vez encontrado o acolhimento de Lucílio Manjate, constrói-se uma rede de afectos e desafectos entre o velho investigador policial, o seu antigo estagiário, o taxista e o escritor.

gator—decides to hire a writer to publish the very book the reader now holds, in honour of Sthoe. Once Lucílio Manjate agrees to take on the project, a web of connection and disconnection begins to take shape between the ageing investigator, his former trainee, the taxi driver and the writer.

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