Revista Xonguila Nº61

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XAVIER MACHIANA

O artista e o seu Indigo Blue

The artist and his Indigo Blue

EUNICE ANDRADE

30 anos de carreira

30-year career

PROJECTO ALICE Inspirando a nova geração Inspiring the new generation

BEAN COFFEE SHOP

Novidade para os amantes de café News for coffee lovers

Publicação mensal • Agosto - August 2023 • Ed. 61 • Ano 06 • 300 MZN • xonguila.co.mz
Fotografia: Mariano Silva

João Cabral

Perfeita harmonia entre ensino superior e performance musical

Para mim, ser músico e educar está interligado: quando ensino, também aprendo e, muitas vezes, recupero conteúdos musicais aprendidos no passado.

– João Cabral, músico e docente do ensino superior

João Cabral

Perfeita harmonia entre ensino superior e performance musical

Como começou a tua jornada na música?

O meu percurso começou na igreja, como baterista, mas, pouco tempo depois, mudei para a viola/guitarra como instrumento principal. Com o andar do tempo, fui conhecendo músicos da praça e aproximei-me de alguns, para aprender e interagir musicalmente. Desses, destacam-se o professor Orlando da Conceição, Angélico Manhique, Abílio Manjaze e o falecido Filipinho. Em 1996 conheci pessoalmente Jimmy Dludlu, na altura do lançamento do seu primeiro álbum, Echoes From The Past no Clube Desportivo de Maputo. Dessa interacção e amizade surgiu a oportunidade de ir conhecer, assistir e vivenciar alguns concertos e festivais de jazz em Cape Town, em 1999, e de conhecer o South African College of Music da University of Cape Town, que viria a ser o meu colégio de música de 2003 a 2007. Formei-me, e durante esse período tive oportunidades de tocar com músicos profissionais, estudantes e professores de música, e interagir com músicos norte-americanos que faziam parte do alinhamento de festivais e concertos, tais como Marcus Miller, John Scofield, Lee Ritenour, Norman Brown Mike Stern, Joe Mcbright, Pat Metheny, George Benson, e outros, isso durante sessões de jam, workshops, palestras, conferências, masterclasses e performances.

Como foi a experiência de estudar Jazz Performance na Universidade de Cape Town (UCT)? Que repercussões teve no teu trabalho? Foi uma experiência marcante, contagiante e indescritível. Após ter passado vários anos da minha infância e juventude a escutar e tentar transcrever obras de vários artistas amantes deste género de música, senti-me empolgado por ir para o South African College of Music of University of Cape Town, para poder absorver, reter e manusear (cientificamente ou não) quase tudo o que tem a ver com a linguagem e vocabulário do jazz: execução e improvisação (que é o ponto fulcral do jazz). Após a finalização do meu curso, em 2007 – no ano seguinte e ainda em Cape Town –, iniciei a gravação do meu primeiro álbum de músicas originais River of Dreams, que terminei e lancei em 2009. O álbum contou com a participação de músicos sul-africanos e alguns moçambicanos residentes em Cape Town.

Quais são as tuas principais influências musicais, tanto dentro como fora do jazz? De que maneira essas influências se reflectem no teu estilo de música?

Joe Pass, Pat Metheny, Kevin Eubanks, Garrison Fewell, Mike Moreno, Teddy Pendergrass, Luis Salinas, Nelson Faria, João Bosco, Manu Dibango, Papa Wemba e Ernesto Ndzevo. Essas influências ajudam-me, na maioria das vezes, a decidir que direcção deverei tomar em relação ao meu modo de compor, arranjar, orquestrar e alinhar sequencialmente as músicas num álbum ou show musical. Sinto-me sempre fascinado quando, ao escutar a música de alguém, noto que, para além desta ter uma melodia e harmonia linda, também é bem orquestrada e arranjada. Sonho em colaborar um dia com Richard Bona, Victor Wooten, Lizz Wright e Chris Potter.

Fotografia: Mariano Silva

“Nossa harmonia é simples, repetitiva e estática e precisa-se mudar isso, explorando e desenvolvendo mais os campos harmónicos, pois as nossas melodias e ritmos são bastante ricos, e muitas vezes também dinâmicos.”

Fotografia: Mariano Silva

Poderias falar-nos um pouco sobre a tua experiência como professor de música na Escola de Comunicação e Artes (ECA) da Universidade Eduardo Mondlane (UEM)? Como consegues equilibrar o teu trabalho como músico e educador?

A minha carreira de docência na Escola de Comunicação e Artes da Universidade Eduardo Mondlane, teve o seu início em 2010, como professor de teoria de música, instrutor de ensemble de música e big band (junto com a American International School of Mozambique). De 2011 a 2015, enquanto docente, desempenhei também a função de director do curso de música. Tive igualmente a oportunidade de leccionar em programas de intercâmbios internacionais na University of Ghana (Gana), University of Cape Coast (Gana), Universidade de Makumira (Tanzânia), Sibelius Academy (Finlândia), Rhythmic Music Conservatory (Dinamarca), Royal Academy of Music (Dinamarca), Estonian Academy of Music and Theatre (Estónia), Universidade Federal da Bahia (Brasil), Universidade Estadual da Bahia (Brasil), Faculdade Evangélica de Salvador (Brasil), Universidade Recôncavo da Bahia, Universidade Federal do Rio de Janeiro (Brasil), Universidade Estadual do Rio de Janeiro (Brasil), Universidade Federal do Rio Grande do Norte (Brasil), Universiti Teknologi MARA (Malásia) e Berklee College of Music (Estados Unidos da América). Nesse exercício de docência, não só tenho tido a oportunidade de transmitir e partilhar o conhecimento musical (performativo, científico e pedagógico), mas também de colaborar, interagir e saber manter a motivação e entusiasmo do estudante pela disciplina. Para mim, ser músico e educar está interligado: quando ensino, também aprendo e, muitas vezes, recupero conteúdos musicais aprendidos no passado. Assim, revitalizo essas matérias do passado e volto a incorporá-las no meu vocabulário e linguagem musical. Claro que isso requer planificar e adaptar-se as situações de última hora. De momento, estou concentrado em fazer a exposição do meu segundo álbum de músicas originais, Walks of Life, que foi publicado agora, em Maio de 2023.

Qual é a tua visão para o futuro da música moçambicana e do jazz em geral?

Em relação ao futuro da música moçambicana, creio que vai melhorar e ultrapassar um dos maiores obstáculos que a nossa música tem: harmonia fraca e/ou pobre, e isto não é só um problema da nossa música

folclórica (designada no nosso seio como música “popular” moçambicana), mas de todo o continente africano. Nossa harmonia é simples, repetitiva e estática e precisa-se mudar isso, explorando e desenvolvendo mais os campos harmónicos, pois as nossas melodias e ritmos são bastante ricos, e muitas vezes também dinâmicos. Em relação ao jazz, a coisa aí já é outra. Anda uma febre ilusória na nossa sociedade musical que quase tudo o que se toca hoje na nossa praça é jazz ou está associado ao jazz. É frequente ouvir-se um spot publicitário radiofónico ou ver-se um anúncio a dizer que o artista X vai dar um show de jazz ou afro-jazz, mesmo sabendo-se de antemão que o género ou estilo musical desse artista é música tradicional, ou pop, ou pandza, ou etc. Eu sempre tive algumas dúvidas sobre toda a ideia de enfatizar a americanidade do jazz ao ponto da exclusividade, mas esse é um outro assunto. Uma das muitas coisas que torna o jazz único é como ele é adequado para absorver tão bem materiais, estilos e tons infinitos de realizações humanas. Portanto, ele pode albergar (caso haja espaço para tal) qualquer cultura. Mas é preciso não confundir nem deturpar as coisas. O jazz tem a(s) sua(s) forma(s), linguagem e vocabulário, e é preciso que se respeite isso. Então, não se pode, por exemplo, pegar numa simples marrabenta e designá-la de afro-jazz só por se incluir um ou alguns acordes tétrades, ao invés de acordes tríades que constituem o campo harmónico da marrabenta. É da própria natureza do jazz mudar, desenvolver e adaptar-se às circunstâncias do seu ambiente. O jazz é uma ideia mais ponderosa do que os detalhes da sua história; um conceito maior do que qualquer um jamais poderia esperar ou saber definir na íntegra. Assim sendo, acho que o jazz vai provavelmente continuar a prosperar, embora possivelmente de maneiras inesperadas.

Como vês a evolução da tua música nos últimos anos e quais são as suas expectativas para o futuro?

Positiva e com tendência a melhorar, tendo em conta as oportunidades, vivências e experiências musicais, culturais e educacionais expostas, vividas e adquiridas nestes últimos anos. Quanto às expectativas para o futuro, continuar a investigar, pesquisar e buscar mais conhecimentos e experiências para enaltecer e aprimorar ainda mais a minha própria música.

Sons da Alma Agosto - August 2023 • Ed. 61 © Revista Xonguila | 9
Fotografia:
Sinto-me sempre fascinado quando, ao escutar a música de alguém, noto que, para além de esta ter uma melodia e harmonia linda, também é bem orquestrada e arranjada.
Mariano Silva
One of the many things that makes jazz unique is how well it is able to absorb the infinite materials, styles and tones of human endeavour. It can therefore harbour any culture.
– João Cabral
Fotografia: Mariano Silva

João Cabral

Perfect harmony between higher education and musical performance

How did your journey into music begin?

My career began in church as a drummer, but shortly afterwards I switched to the guitar as my main instrument. Over time, I got to know musicians in the square and got close to some of them to learn and interact musically. Of these, Professor Orlando da Conceição, Angélico Manhique, Abílio Manjaze and the late Filipinho stand out. In 1996 I met Jimmy Dludlu in person, at the time of the release of his first album, Echoes From The Past, at the Maputo Sports Club. From this interaction and friendship came the opportunity to go and see and experience some jazz concerts and festivals in Cape Town in 1999, and to get to know the South African College of Music at the University of Cape Town, which would become my music college from 2003 to 2007. I graduated, and during that time I had opportunities to play with professional musicians, students and music teachers, and interact with American musicians who were part of the line-up at festivals and concerts, such as Marcus Miller, John Scofield, Lee Ritenour, Norman Brown Mike Stern, Joe Mcbright, Pat Metheny, George Benson, and others, during jam sessions, workshops, lectures, conferences, masterclasses and performances.

How was the experience of studying Jazz Performance at the University of Cape Town (UCT)? What repercussions did it have on your work?

It was a remarkable, contagious and indescribable experience. After spending several years of my childhood and youth listening to and trying to transcribe works by various artists who loved this genre of music, I was excited to go to the South African College of Music of the University of Cape Town, so that I could absorb, retain and handle (scientifically or otherwise) almost everything to do with the language and vocabulary of jazz: performance and improvisation (which is what jazz is all about). After completing my degree in 2007 - the following year and still in Cape Town - I started recording my first album of original songs River of Dreams, which I finished and released in 2009. The album featured South African musicians and some Mozambicans living in Cape Town.

What are your main musical influences, both inside and outside jazz? How are these influences reflected in your style of music?

Joe Pass, Pat Metheny, Kevin Eubanks, Garrison Fewell, Mike Moreno, Teddy Pendergrass, Luis Salinas, Nelson Faria, João Bosco, Manu Dibango, Papa Wemba and Ernesto Ndzevo. Most of the time, these influences help me decide which direction I should take in terms of my way of composing, arranging, orchestrating and sequentially lining up the songs on an album or musical show. I'm always fascinated when, listening to someone's music, I realise that, as well as having a beautiful melody and harmony, it's also well-orchestrated and arranged. I dream of one day collaborating with Richard Bona, Victor Wooten, Lizz Wright and Chris Potter.

Could you tell us a bit about your experience as a music teacher at the School of Communication and Arts (ECA) of the Eduardo Mondlane University (UEM)? How do you manage to balance your work as a musician and educator?

My teaching career at the School of Communication and Arts at Eduardo Mondlane University began in 2010 as a music theory teacher, music ensemble and big band instructor (together with the American International School of Mozambique). From 2011 to 2015, as a lecturer, I was also the director of the music programme. I have also had the opportunity to teach on international exchange programmes at the University of Ghana (Ghana), University of Cape Coast (Ghana), Makumira University (Tanzania), Sibelius Academy (Finland), Rhythmic Music Conservatory (Denmark), Royal Academy of Music (Denmark), Estonian Academy of Music and Theatre (Estonia), Federal University of Bahia (Brazil), Universidade Estadual da Bahia (Brazil), Faculdade Evangélica de Salvador (Brazil), Universidade Recôncavo da Bahia, Universidade Federal do Rio de Janeiro (Brazil), Universidade Estadual do Rio de Janeiro (Brazil), Universidade Federal do Rio Grande do Norte (Brazil), Universiti Teknologi MARA (Malaysia) and Berklee College of Music (United States of America). In this teaching career, I have not only had the opportunity to transmit and share musical knowledge (performative, scientific and pedagogical), but also to collaborate, interact and know how to maintain the student's motivation and enthusiasm for the subject. For me, being a musician and educating are interlinked: when I teach, I also learn and often recover musical content learnt in the past. In this way, I revitalise this past material and incorporate it back into my musical vocabulary and language. Of course, this requires planning and adapting to last-minute situations. At the moment, I'm concentrating on showcasing my second album of original songs, Walks of Life, which was just published in May 2023.

What is your vision for the future of Mozambican music and jazz in general?

With regard to the future of Mozambican music, I believe it will improve and overcome one of the biggest obstacles our music has: weak and/or poor harmony, and this is not

just a problem for our folk music (referred to in our midst as Mozambican "popular" music), but for the entire African continent. Our harmony is simple, repetitive and static, and we need to change this by exploring and developing the harmonic fields more, because our melodies and rhythms are very rich, and often dynamic too. As for jazz, it's a different story. There's an illusory fever in our musical society that almost everything that's played in our neighbourhood today is jazz or associated with jazz. You often hear a radio advert or see an advert saying that artist X is going to give a jazz or Afro-jazz concert, even though you know beforehand that the artist's musical genre or style is traditional music, or pop, or pandza, or etc. I've always had some doubts about the whole idea of emphasising the Americanness of jazz to the point of exclusivity, but that's another matter. One of the many things that makes jazz unique is how well it is able to absorb the infinite materials, styles and tones of human endeavour. It can therefore harbour (if there's room for it) any culture. But don't confuse or misrepresent things. Jazz has its own form(s), language and vocabulary, and this must be respected. So you can't, for example, take a simple marrabenta and call it afro-jazz just because it includes one or a few tetrad chords, instead of the triad chords that make up the harmonic field of the marrabenta. It is the very nature of jazz to change, develop and adapt to the circumstances of its environment. Jazz is an idea more ponderous than the details of its history; a concept bigger than anyone could ever hope or know how to define in full. As such, I think jazz will probably continue to thrive, although possibly in unexpected ways.

How do you see the evolution of your music in recent years and what are your expectations for the future?

Positive and with a tendency to improve, given the opportunities, experiences and musical, cultural and educational experiences that I have been exposed to, lived and acquired over the last few years. As for expectations for the future, I want to continue investigating, researching and seeking out more knowledge and experiences in order to further enhance and improve my own music.

14 | Revista Xonguila © Ed. 61 • Agosto - August 2023

28 EUNICE ANDRADE

30 anos de carreira

30-year career

46 PROJECTO ALICE

Inspirando a nova geração de mulheres moçambicanas Inspiring a new generation of Mozambican women

54 XAVIER MACHIANA

O artista e Indigo Blue, o seu novo projecto

The artist and Indigo Blue - his new project

20 ABSA BANK

Promove desfile beneficente com Shaazia Adam e Butcheca

Promotes charity fashion show With Shaazia Adam and Butcheca

74 MILLENNIUM BIM E ENH

Parceria em apoio a PMEs moçambicanas Partnership to support Mozambican SMEs

82 BANTUMEN

Uma plataforma pioneira na celebração da cultura negra

A pioneering platform for celebrating black culture

88 ECOTURISMO

A necessidade do ecoturismo para uma economia emergente

The need for ecotourism in an emerging economy

96

DRINKS AND SHOTS

by Pernod Ricard – My Whisky Sour by Pernod Ricard – My Whisky Sour

102 SABIAS QUE/

DID YOU KNOW

O Katina P e a catástrofe que assolou Maputo em 1992

The Katina P and the catastrophe that struck Maputo in 1992

104 ALCANCE

As sugestões da Alcance para este mês This month’s reading suggestions by Alcance Editores

110 CINEMA 35MM

Árvores da Paz, drama inspirado em acontecimentos verídicos Trees of Peace, a drama inspired by true events

114

KARINGANA

Textos livres com assinatura Signature freewriting

FICHA TÉCNICA/BIOS

4 JOÃO CABRAL

Perfeita harmonia entre ensino superior e performance musical

Perfect harmony between higher education and musical performance

38 BEAN COFFEE SHOP

O novo ponto de encontro para os amantes de café The new meeting point for coffee lovers

66 VILLA CASTELLOS

Elegância e exotismo na Baía de Guinjata

Elegance and exoticism in Guinjata Bay

Propriedade/Property: Veludo & Mentol, Sociedade Unipessoal Lda • Conselho de Administração/Administrative Council: Omar Diogo, Nuno Soares, Mariano Silva

Soares, Mariano Silva

• Director: Nuno Soares • Gestão de Conteúdos Editoriais/Editorial Content Management: Nuno

• Copy-desk (português): Fátima Ribeiro • Colunistas/Writers: Eliana Silva, Mariano Silva, Nuno Soares, Jaime

Álvaro, Precidónio Silvério, Aayat Irfan • Tradução (Português-Inglês)/Translation (Portuguese-English): Leocádia Valoi • Fotografia/

Photography: Mariano Silva • Design de Capa/Cover Design: Nuno Azevedo • Grafismo/Visuals: Omar Diogo • Infografia e Paginação/ Infographics and Pagination: Omar Diogo • Produtores Audiovisuais/Audiovisual Producers: Nuno Lopes, Ana Piedade, Mariano

Silva • Gestão de Redes Sociais/ Social Media Management: Nuno Soares • Conteúdos de Marketing e Comunicação/ Marketing and

Communication Contents: Omar Diogo, Nuno Azevedo • Gestão de Homepage e Edição Online/Homepage Management and Online

Editing: Omar Diogo, Jorge Oliveira

• Impressão/Printing: Minerva Print

02/Gabinfo-dec/2018

• Departamento Comercial/Commercial Department: Nuno Soares - comercial@xonguila.co.mz

• Distribuição/ Distribution: Flotsam Moçambique, Lda

• ISSN: ISSN-0261-661

• Registo/Register:

• Registo de Propriedade Industrial/Industrial Property Registration: 35065/2017 - 35066/2017 (15/01/2018)

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Sumário Agosto - August 2023 • Ed. 61 © Revista Xonguila | 17

Do Director / From the Director

Caros leitores,

É com um renovado entusiasmo que vos dou as boas-vindas à 61.ª publicação da revista Xonguila. A cada número, somos movidos pela vontade de trazer a publico histórias inéditas, recheadas de paixão, cultura e inovação. Neste mês, o nosso compromisso é elevar as vossas expectativas, proporcionando uma viagem além do habitual, e prometemos não desiludir.

De Maputo para o mundo, vamos apresentar o Bean Coffee Shop, o novo ponto de encontro para os amantes de café. Um lugar onde a tradição do café se entrelaça com o pulsar de uma cidade em transformação. Para os entusiastas da música, deixamos um olhar íntimo sobre Xavier Machiana e o seu mais recente projecto, Indigo Blue. Celebramos as três décadas de carreira de Eunice Andrade, a comunicadora que entra em nossas casas com regularidade pelos ecrãs de televisão ou celulares. Movendo-nos para a esfera social, destacamos a Fundação Alice, inspiradora da nova geração de mulheres moçambicanas, e a Bantumen, uma plataforma pioneira na celebração da cultura negra. Exploramos a necessidade do ecoturismo para uma economia emergente e levamos-vos até Villa Castellos, na Baía de Guinjata, onde elegância e exotismo prometem um refúgio inesquecível. Remontamos também à década de noventa com uma recordação amarga: o Katina P e a catástrofe que assolou Maputo, uma lição que nunca deverá ser esquecida. Mas estas são apenas algumas das matérias que aqui poderá encontrar.

Agosto traz no seu seio promessas de surpresas, e nós mal podemos esperar para as partilhar consigo. Com cada página que vira, surge um horizonte de descobertas e inspirações capazes de o ligar ao ritmo pulsante deste nosso país tão vasto e extraordinário, de o fazer esboçar um sorriso, tecer os fios dos sonhos, ou reflectir. As histórias e artigos que vai encontrar foram seleccionados e escritos pensando em si.

Quero agradecer-lhe, estimado leitor, por ser parte indispensável desta jornada e permitir que sejamos a sua companhia neste mês que promete ser singular. Juntos, com a paixão da descoberta a guiar-nos, vamos continuar a explorar, a aprender e a crescer.

Com o calor de um abraço moçambicano, espero que tenha uma extraordinária leitura.

Com o apoio de:

Dear readers,

It is with renewed enthusiasm that I welcome you to the 61st publication of Xonguila magazine. With each issue, we are driven by the desire to bring you new stories filled with passion, culture and innovation. This month, our commitment is to raise your expectations by providing a journey beyond the usual, and we promise not to disappoint.

From Maputo to the world, we are presenting the Bean Coffee Shop, the new meeting point for coffee lovers. A place where the tradition of coffee intertwines with the pulse of a city in transformation. For music enthusiasts, we take an intimate look at Xavier Machiana and his latest project, Indigo Blue. We celebrate the three-decade career of Eunice Andrade, the communicator who regularly enters our homes through television screens or mobile phones. Moving into the social sphere, we highlight the Alice Foundation, which inspires a new generation of Mozambican women, and Bantumen, a pioneering platform that celebrates black culture. We explore the need for ecotourism in an emerging economy and take you to Villa Castellos in Guinjata Bay, where elegance and exoticism promise an unforgettable getaway. We also take you back to the 1990s with a bitter memory: the Katina P and the catastrophe that struck Maputo, a lesson that should never be forgotten. But these are just some of the stories you'll find here.

August brings with it promises of surprises, and we can't wait to share them with you. With every page you turn comes a horizon of discoveries and inspirations capable of connecting you to the pulsating rhythm of this vast and extraordinary country of ours, of making you smile, weave the threads of your dreams or reflect. The stories and articles you'll find have been selected and written with you in mind.

I would like to thank you, dear reader, for being an indispensable part of this journey and for allowing us to be your companions during this month that promises to be unique. Together, with the passion of discovery guiding us, we will continue to explore, learn and grow.

With the warmth of a Mozambican hug, I hope you have an extraordinary read.

Editorial 18 | Revista Xonguila © Ed. 61 • Agosto - August 2023

Vê mais do que um sabor de Moçambique?

Nós vemos o resultado de todo um trabalho coordenado que vai desde o cultivo, ao transporte e processamento, até chegar aos melhores sabores da nossa gastronomia. Nós temos as soluções bancárias holísticas e especializadas para maximizar cada etapa da sua cadeia de valor.

Se vê o que nós vemos, juntos, podemos ter um impacto positivo no seu negócio e nas comunidades nas quais opera.

Fale com o Banco que tem a coragem para imaginar e a vontade para fazer as coisas acontecerem.

Isso é Africanicidade. Isso é Absa.

absa.co.mz/pt/corporativa-e-de-investimento/

Termos e Condições aplicáveis. Campanha válida até 31 de Dezembro de 2023. Para mais informações ligue para 1223/21344400, ou visite absa.co.mz

Absa Bank Moçambique, SA (registado sob o número 101220982) é regulado pelo Banco de Moçambique.

Banca Corporativa e de Investimentos
Bank promove
beneficente com Shaazia Adam e Butcheca
Absa
desfile
Fotografia: Cortesia de Absa Bank

Absa Bank promove desfile beneficente com

Shaazia Adam e Butcheca

O Absa Bank apoiou recentemente um desfile realizado pela estilista Shaazia Adam e o artista plástico Butcheca, numa acção solidária que teve lugar no Restaurante Zambi, na capital do País. Este evento teve como objectivo angariar fundos a serem convertidos em bens alimentares não perecíveis destinados ao Orfanato Arco-íris.

Para este evento, Shaazia e Butcheca uniram moda, arte e solidariedade, criando e apresentando peças exclusivas para crianças em que esteve patente a originalidade, inovação e a sofisticação da estilista.

A responsabilidade social tem sido um dos pilares fundamentais para o Absa, facto de que deu nota Ema Soares, Responsável de Eventos, Patrocínios e Cidadania do Absa Bank Moçambique, ao afirmar: “Temos estado a apoiar continuamente iniciativas que tragam impacto positivo às comunidades onde operamos. Ao sermos parceiros e colaborarmos com esta iniciativa, estamos a investir, por um lado, no desenvolvimento sustentável das crianças, em particular as do orfanato Arco-íris, e, por outro, para a formação de uma sociedade mais justa e inclusiva”.

Esta é mais uma iniciativa em que o Banco reitera o seu compromisso para com a promoção e investimento na cultura moçambicana através de acções de cidadania que representam a sua Africanicidade.

22 | Revista Xonguila © Ed. 61 • Agosto - August 2023 Absa Bank
Agosto - August 2023 • Ed. 61 © Revista Xonguila | 23 Fotografia: Cortesia de Absa Bank
Fotografia: Cortesia de Absa Bank

Temos estado a apoiar continuamente iniciativas que tragam impacto positivo às comunidades onde operamos.

- Ema Soares, Responsável de Eventos, Patrocínios e Cidadania do Absa Bank
26 | Revista Xonguila © Ed. 61 • Agosto - August 2023 Fotografia: Cortesia de Absa Bank

Absa Bank promotes charity fashion show

With Shaazia Adam and Butcheca

Absa Bank recently supported a fashion show by designer Shaazia Adam and artist Butcheca, in a charity event held at Zambi Restaurant in the country's capital. Their aim was to raise funds to be converted into non-perishable food items for the Rainbow Orphanage.

For this event, Shaazia and Butcheca brought together fashion, art and solidarity, creating and presenting exclusive garments for children that showcased the designer's originality, innovation and sophistication.

Social responsibility has been one of Absa's fundamental pillars, as Ema Soares, Head of Events, Sponsorship and Citizenship at Absa Bank Moçambique, pointed out: "We have been continuously supporting initiatives that have a positive impact on the

communities where we operate. By being partners and collaborating with this initiative, we are investing, both in the sustainable development of children, particularly those at the Arco-íris orphanage, and in the shaping of a fairer and more inclusive society".

This is yet another initiative in which the Bank reiterates its commitment to promoting and investing in Mozambican culture through citizenship actions that represent its Africanicity.

Agosto - August 2023 • Ed. 61 © Revista Xonguila | 27 Absa Bank
Fotografia: Helton Perengue

Eunice Andrade

30 anos de carreira

Enfrentei desafios por ser uma mulher jovem, extrovertida e amistosa. Muitas vezes fui mal interpretada, vista como ousada e destemida, o que criou obstáculos.

– Eunice Andrade, comunicadora

Eunice Andrade 30 anos

de carreira

A comunicadora partilha um balanço do seu percurso

Opercurso que tracei ao longo destes anos caracterizou-se por ser repleto de desafios.

No início, o panorama era radicalmente distinto do actual – existia somente a TVE, posteriormente TVM. As opções de escolha eram escassas, os comunicadores eram poucos, e eu encontrava-me a comunicar com o país inteiro sem conseguir obter retorno imediato dos telespectadores – apenas o obtinha através de cartas. As exigências centravam-se sobretudo na dicção e pronúncia.

Contudo, com o passar do tempo, emergiram importantes transformações: a transição da TVE Televisão Experimental, para a TVM, o surgimento de novos canais e a globalização, que permitiu o consumo de conteúdo internacional, valorizando simultaneamente o que é produzido internamente. Recordo-me das primeiras eleições presidenciais, da união da SADC e

da oportunidade que tive de ser pioneira em programas musicais de televisão, onde abri caminho com uma nova forma de expressão e interacção.

A comunicação no nosso país vivenciou uma evolução estrondosa, agora com inúmeros meios à disposição, desde a escrita à rádio, à televisão, às revistas de showbiz e às redes sociais. Estas têm-se mostrado uma forma poderosa de conectar directamente com o público e estar presente a qualquer momento.

Enfrentei desafios por ser uma mulher jovem, extrovertida e amistosa. Muitas vezes fui mal interpretada, vista como ousada e destemida, o que criou obstáculos. Felizmente, tive grandes mentores, como Calane da Silva, Victor José e João Ribeiro. Um episódio que me marcou aconteceu quando participei num debate sobre cultura, onde falei sobre globalização. Dias depois, fui criticada na secção Carta do Leitor do jornal Notícias. Na altura, o Calane assegurou-me

que estava no caminho certo, afirmando: “Se ninguém fala de ti, então algo estás a fazer de errado”.

Em comparação com o início da minha carreira, a mulher na comunicação em Moçambique está agora mais audaz, com mais espaço e voz. No entanto, algumas estão a seguir um caminho inadequado. Aconselho-as a sempre perseguir os seus sonhos, mantendo a sua essência, a ler muito e a cuidar da escolha dos seus modelos.

As marcas institucionais vêem-me como uma pessoa do povo que transmite credibilidade e confiança. Com o passar do tempo, consegui consolidar a minha marca pessoal associando a minha imagem e voz a várias empresas. A publicidade tem um impacto significativo na nossa cultura e sociedade, mas algumas marcas demoraram a entender a sua importância. Estamos numa nova era, onde quem não se posiciona bem no mundo digital acaba por perder.

Fotografia: Helton Perengue
“Com o passar do tempo, consegui consolidar a minha marca pessoal associando a minha imagem e voz a várias empresas.”
Fotografia: Helton Perengue

Ser uma figura pública traz muitas responsabilidades. Represento o meu país e a minha amada pátria sem nunca esquecer a menina do Bairro 9 no Xai-Xai. Levo comigo a voz do povo, da juventude, sabendo sempre de onde venho, onde estou e para onde quero ir. Durante o meu percurso, houve momentos que me marcaram, como o projecto Moçambique Dá Sorte, onde tive a oportunidade de conhecer o meu país a fundo, ou quando fui mestre de cerimónias na inauguração do Aeroporto Internacional Zona A. Também recordo o trabalho social na cadeia feminina de Ndlavela, a minha viagem à Zâmbia em 2019 para receber o prémio The Most Influential Woman on Business and Government on Media sector SADC North, e em 2020, quando fui considerada The Most Influential Woman on Business and Government on Media sector Africa Continent. Ambos os prémios foram reconhecimentos gratificantes do trabalho que venho desenvolvendo a nível do continente africano.

Hoje, enquanto Embaixadora da Boa Vontade e Bem Estar da Criança e membro do Conselho Consultivo da Visão Mundial, tenho a oportunidade de visitar áreas recônditas e trabalhar com comunidades, o que acredito ter-me feito uma pessoa melhor.

A minha vida deu uma volta incrível quando juntei a comunicação à política, revolucionando a visão da juventude, e das "mamanas" dos mercados. Quero poder contribuir para o povo que me moldou enquanto Eunice Andrade. Chegou o tempo de encarar este desafio e mostrar que, juntos, somos mais fortes - unidos somos imbatíveis.

Agosto - August 2023 • Ed. 61 © Revista Xonguila | 33

The communicator shares a review of her journey

The path I've traced over these years has been filled with challenges.

In the beginning, the panorama was radically different from today - there was only TVE, later TVM. There was a limited choices, there were few communicators, and I found myself communicating with the whole country without being able to get immediate feedback from viewers - I could only get it through letters. The demands centred mainly on diction and pronunciation.

However, with time, important transformations emerged: the transition from TVE Televisão Experimental to TVM, the emergence of new channels and globalisation, which made it possible to consume international content while at the same time valuing what was produced domestically.

I remember the first presidential elections, the union of SADC and the opportunity I had to be a pioneer in television music programmes, where I paved the way with a new form of expression and interaction.

Communication in our country has undergone a huge evolution, now with countless means at our disposal, from writing to radio, television, showbiz magazines and social media. These have proved to be a powerful way of connecting directly with the public and being present at all times.

I faced challenges because I was a young, outspoken and friendly woman. I was often misunderstood, seen as bold and fearless, which created obstacles. Fortunately, I had great mentors, such as Calane da Silva, Victor José and João Ribeiro. One episode that

marked me out happened when I took part in a debate on culture, where I spoke about globalisation. A few days later, I was criticised in the Reader's Letter section of the newspaper Notícias. At the time, Calane assured me that I was on the right track, saying: "If no one is talking about you, then you're doing something wrong".

Compared to the beginning of my career, women in communication in Mozambique are now bolder, with more space and voice. However, some are following an inappropriate path. I advise them to always pursue their dreams, keeping their essence, to read a lot and to take care when choosing their role models.

Institutional brands see me as a people person who conveys credibility and trust. Over time, I've managed to con -

34 | Revista Xonguila © Ed. 61 • Agosto - August 2023
Fotografia: Helton Perengue

solidate my personal brand, associating my image and voice with various companies. Advertising has a significant impact on our culture and society, but some brands were slow to realise its importance. We're in a new era where those who don't position themselves well in the digital world end up losing out.

Being a public figure brings many responsibilities. I represent my country and my beloved homeland without ever forgetting the girl from Neighbourhood 9 in Xai-Xai. I carry with me the voice of the people, of the youth, always knowing where I come from, where I am and where I want to go. During my jour-

ney, there have been moments that have marked me out, such as the Mozambique Dá Sorte project, where I had the opportunity to get to know my country in depth, or when I was master of ceremonies at the inauguration of Zone A International Airport. I also remember the social work at the Ndlavela women's jail, my trip to Zambia in 2019 to receive The Most Influential Woman on Business and Government on Media sector SADC North award, and in 2020, when I was named The Most Influential Woman on Business and Government on Media sector in Africa. Both awards were gratifying recognitions of the work I've been doing on the African continent.

Today, as a Goodwill and Child Welfare Ambassador and a member of the World Vision Advisory Board, I have the opportunity to visit remote areas and work with communities, which I believe has made me a better person.

My life took an incredible turn when I combined communication with politics, revolutionising the vision of youth and the "mamanas" of the markets. I want to be able to contribute to the people who moulded me as Eunice Andrade. The time has come to take on this challenge and show that together we are stronger - united we are unbeatable.

I represent my country and my beloved homeland without ever forgetting the girl from Neighbourhood 9 in Xai-Xai.
Fotografia: Mariano Silva

Acidade de Maputo ganhou um novo espaço que promete vir a dar que falar. Chegou o Bean Coffee Shop, a última novidade da Shaker HS, que vai procurar redesenhar a forma como encaramos o café e o convívio urbano. Mais do que um espaço para apreciadores de café, o Bean representa um conceito contemporâneo, jovem e dinâmico que nasceu da crença de que o café é uma arte a ser apreciada. Conjugando este pensamento com a sofisticação da gastronomia saudável e gourmet do CK Café, o Bean surge como uma resposta à necessidade de trazer um olhar inovador sobre a marca Shaker HS, tradicionalmente associada ao mundo da noite e das discotecas.

No Bean, a experiência do café é levada a um novo patamar. A oferta recai sobre um café premium, um blend Brasil e Uganda, 100% Arábica, cuja torra recente e moagem no momento garantem aromas muito mais intensos, cativando os apreciadores de café mais exigentes. A diversidade de bebidas à base de café, incluindo opções frias, com leite, com xaropes e até com álcool, promete alargar o horizonte do que é esperado de um estabelecimento de café. De igual forma, a selecção de sumos naturais e sumos à base de água de coco e cana-de-açúcar traz uma novidade que valoriza o comércio local. As estrelas imperdíveis da casa são o flat white, o matcha latté e, para os dias mais quentes,

os refrescantes iced coffees, com destaque para o Bean cold brew. Para um descontraído final de dia, sugere-se o famoso Spritz ou o

o dia-a-dia do estabelecimento através das redes sociais, aliando a facilidade das tecnologias modernas ao serviço ao cliente.

O ambiente do Bean é uma verdadeira experiência sensorial. O acolhimento aconchegante, a disponibilidade de Wi-Fi gratuito e a criteriosa selecção musical convidam os clientes a prolongar a sua estadia, tornando o Bean Coffee Shop muito mais do que um espaço de passagem. É, sem dúvida, um local para os amantes do bom gosto se encontrarem e desfrutarem da arte de apreciar um bom café.

inovador expresso mojito.

O menu gastronómico fica a cargo da competente Clemence do CK Café, trazendo ao espaço um toque gourmet e saudável. Estão disponíveis os apreciados Poke Bowls, o delicioso Chicken Olé Olé e, para acompanhar o café, o irresistível banana bread.

Além de proporcionar uma experiência gastronómica única, o Bean Coffee Shop cria uma relação próxima com os seus seguidores, permitindo que estes acompanhem

Paladares à solta 40 | Revista Xonguila © Ed. 61 • Agosto - August 2023
Fotografia: Mariano Silva

Mais do que um espaço para apreciadores de café, o Bean

Cofee Shop representa um conceito contemporâneo, jovem e dinâmico que nasceu da crença de que o café é uma arte a ser apreciada.

Fotografia: Mariano Silva

It is undoubtedly a place for lovers of good taste to meet and enjoy the art of appreciating good coffee.

The new meeting point for coffee lovers

Maputo has gained a new space that promises to be the talk of the town. Bean Coffee Shop has arrived, the latest innovation from Shaker HS, which will seek to redesign the way we

ising. More than just a place sents a contemporary, young and dynamic concept, born of the belief that coffee is an

bining this thought with the sophistication of CK Café's healthy and gourmet cuisine, Bean was born as a response to the need to bring an innovative look to the Shaker HS brand, traditionally associated with the world of nightlife and discos.

At Bean, the coffee experience is taken to a new level. The offer focuses on a premium coffee, a Brazil and Uganda blend, 100% Arabica, whose recent roasting and fresh grinding guarantee much more intense aromas, captivating the most demanding coffee lovers. The diversity of coffee-based drinks, including cold options, with milk, with syrups and even with alcohol, promises to broaden the horizon of what is expected from a coffee establishment. Similarly, the selection of natural juices and juices made from coconut water and sugar cane is a novelty that adds value to the local trade. The unmissable stars of the house are the flat white, the matcha latté and, for the hottest days, the refreshing iced coffees, especially the Bean cold brew. For a relaxed end to the day, we suggest the famous Spritz or the innovative mojito espresso.

Clemence from CK Café is in charge of the gastronomic menu, bringing a gourmet and healthy touch to the space. Available are the pop -

ular Poke Bowls, the delicious Chicken Olé Olé and, to accompany the coffee, the irresistible banana bread.

As well as providing a unique gastronomic experience, Bean Coffee Shop creates a close relationship with its followers, allowing them to follow the day-to-day running of the establishment via social media, combining the ease of modern technology with customer service.

Bean's atmosphere is a true sensory experience. The cosy welcome, the availability of free Wi-Fi and the careful selection of music invite customers to extend their stay, making the Bean Coffee Shop much more than just a place to pass through. It is undoubtedly a place for lovers of good taste to meet and enjoy the art of appreciating good coffee.

Palates on the loose
- August 2023 • Ed. 61
Xonguila | 45
Agosto
© Revista
Fotografia: Mariano Silva

Projecto Alice

Inspirando a nova geração de mulheres moçambicanas

O nome "Alice" é um tributo à mãe da sua fundadora, bem como a todas as mulheres que diariamente procuram superar-se, mostrar-se capazes e trabalhar incansavelmente para melhorar as suas vidas.

Fotografia: Cortesia de Projecto Alice

Projecto Alice

Inspirando a nova geração de mulheres moçambicanas

O Projecto Alice é um projecto inspirador cuja fundadora é Madina Esmeralda. O nome Alice é um tributo à sua saudosa mãe, bem como a todas as mulheres que diariamente despertam com o intuito singular de se superarem, de se mostrarem capazes e de trabalharem incansavelmente para melhorarem as suas vidas. Este projecto aspira a motivar e a incutir força numa nova geração de mulheres, tal como a mãe de Madina – um exemplo de amor, força, coragem, beleza e inteligência.

Aplataforma Alice pretende promover entre as líderes moçambicanas a sororidade, a amizade, a disciplina, o foco, a atitude e a ambição. O projecto assenta em três pilares fundamentais: As Alice Talks, sessões de conversa abordando variados temas pertinentes para a comunidade feminina; a mentoria destinada a mulheres entre os 21 e 25 anos, recém-graduadas, durante um período de 6 meses; e a assistência a orfanatos, centros de apoio e hospitais, por meio de doações e visitas.

As mentoras associadas ao projecto, carinhosamente apelidadas de Alicetes, são mulheres bem-sucedidas em diversos domínios da vida. A sua participação enriquece consideravelmente o projecto. A plataforma Alice apoia mulheres em fase de crescimento profissional ou empresarial por meio das sessões de mentoria. Actualmente, está a acompanhar 9 jovens, por 6 meses, garantindo um suporte integral, que engloba as esferas financeira, familiar, religiosa, profissional e social. Estas jovens foram seleccionadas a partir de um grupo de aproximadamente 100 candidatas, e receberão formação, mentoria e acompanhamento próximo, com o propósito de se tornarem melhores a cada dia.

moderadas, geralmente com 4 oradoras e 1 moderadora. As oradoras, frequentemente especialistas nos temas em questão, proporcionam uma compreensão mais aprofundada dos mesmos. Além das conversas, ocorrem eventos que expõem cerca de 15 empresas lideradas por mulheres, promovendo a sua visibilidade. Há também momentos de networking e música, uma oportunidade única de unir mulheres em uma celebração de convívio. Por meio de networking, facilitam-se oportunidades de negócio para as mulheres de variadas áreas e indústrias. Cada uma delas deixa clara a sua actividade para que todas possam ser potenciais clientes e parceiras umas das outras. São também organizadas feiras nas Alice Talks, com o intuito de exibir todo o potencial das empresárias e empreendedoras.

Por meio das suas actividades, o projecto acredita estar a contribuir para a criação de um mundo melhor. Cada mentora do projecto está inserida numa família, numa comunidade e numa sociedade que tem cada vez mais espaço para iniciativas desta natureza. A expectativa é que as suas iniciativas alcancem cada vez mais mulheres. Acredita-se que este objectivo tem sido alcançado, já que em cada evento se observa um número crescente de partici-

pantes, sinal de que possuem o apoio do público.

A empresa Medja, parceira do projecto, assegura a gestão dos eventos e presta apoio financeiro para a sua realização. O

48 | Revista Xonguila © Ed. 61 • Agosto - August 2023
As Alice Talks são conversas

projecto conta também com uma vasta equipa de pessoas que voluntariamente oferecem o seu tempo para as mentorias e outras actividades que vêm sendo realizadas. Consideram-se afortunadas, pois, desde a implementação do projecto até à data, não enfrentaram grandes desafios e tudo tem sido planeado de acordo com as suas condições. Consideram que estão a viver o seu propósito, e que tudo o que dele advier será uma grande bênção. Pretendem expandir a equipa, de forma a estender o projecto para além de Maputo e alcançar outras áreas do país. Acreditam que o futuro do projecto será promissor.

Fotografia: Cortesia de Projecto Alice
Fotografia: Cortesia de Projecto Alice
A plataforma Alice pretende promover entre as líderes moçambicanas a sororidade, a amizade, a disciplina, o foco, a atitude e a ambição.

Alice Project

Inspiring the next generation of Mozambican women

The Alice Project is an inspiring project whose founder is Madina Esmeralda. The name Alice is a tribute to her late mother, as well as to all the women who wake up every day with the singular intention of bettering themselves, proving themselves capable and working tirelessly to improve their lives. This project aims to motivate and instil strength in a new generation of women, just like Madina's mother - an example of love, strength, courage, beauty and intelligence.

The Alice platform aims to promote sorority, friendship, discipline, focus, attitude and ambition among Mozambican female leaders. The project is based on three fundamental pillars: Alice Talks, talk sessions addressing a variety of topics relevant to the women's community; mentoring aimed at women

between the ages of 21 and 25, who have recently graduated, for a period of 6 months; and assistance to orphanages, support centres and hospitals, through donations and visits.

The mentors associated with the project, affectionately known as Alicetes, are successful women in various fields of life. Their par-

ticipation enriches the project considerably. The Alice platform supports women in the process of professional or entrepreneurial growth through mentoring sessions. It is currently accompanying 9 young women for 6 months, guaranteeing comprehensive support that encompasses the financial, family, religious, professional and social

Fotografia: Cortesia de Projecto Alice

spheres. These young women were selected from a group of approximately 100 applicants, and will receive training, mentoring and close support, with the aim of becoming better every day.

Alice Talks are moderated conversations, usually with 4 speakers and 1 moderator. The speakers, who are often experts on the topics in question, provide a deeper understanding of the issues. In addition to the talks, there are events that showcase around 15 companies led by women, promoting their visibility. There are also moments of networking and music, a unique opportunity to bring women together in a cosy celebration. Through networking, business opportunities are made available to

women from a variety of areas and industries. Each woman makes her activity clear so that they can all be potential clients and partners for each other. Trade fairs are also organised at the Alice Talks to showcase the full potential of businesswomen and entrepreneurs.

Through its activities, the project believes it is contributing to creating a better world. Each of the project's mentors is part of a family, a community and a society that has more and more room for initiatives of this nature. The expectation is that their initiatives will reach more and more women. It seems that this objective has been achieved, as each event has seen a growing number of participants, a sign that they have the sup -

port of the public.

Medja, the project's partner, manages the events and provides financial support for their realisation. The project also has a large team of people who volunteer their time for mentoring and other activities. They consider themselves fortunate because, since the project's inception, they haven't faced any major challenges and everything has been designed according to their conditions. They feel that they are living their purpose and that everything that comes of it will be a great blessing. They intend to expand the team in order to extend the project beyond Maputo and reach other areas of the country. They believe that the future of the project will be promising.

O maior desafio de todos foi mesmo no início da carreira: fazer rock num país sem cultura de rock e com vários estereótipos à volta das artes, sobretudo sobre os fazedores deste estilo de música.

– Xavier Machiana

Fotografia: Mariano
Silva

“Indigo Blue significa, entre outras coisas, serenidade, integridade, reflexão e respeito. Algo que tem muito em comum com a nossa forma de estar como indivíduos, como grupo e como gostaríamos que o mundo fosse.”

XAVIER MACHIANA

O artista e Indigo Blue, o seu novo projecto

No palco vibrante da música moçambicana, Xavier Machiana emergiu como uma voz inconfundível. Nesta edição da revista Xonguila, temos o privilégio de conversar com ele sobre o seu novo projecto, Indigo Blue, e fazer uma viagem pela notável carreira que já possui.

O que inspirou Indigo Blue?

Indigo Blue surge quase que inocentemente. Depois de um período longo (pós-pandemia) sem tocar, comecei a pensar no quão terapêutico seria montar um estúdio e montar uma banda. A princípio, nada sério, uma espécie de clube de rapazes apenas para descomprimir aos fins-de-semana e, talvez, tocar em eventos pequenos ou festas. Nisto, veio-me à cabeça uma pequena lista de bons amigos que sempre admirei musicalmente e com quem nunca tinha realmente experimentado tocar ou gravar. Depois seguiram-se uns telefonemas e uns cafés para saber quem estava disponível e com vontade de experimentar algo novo, e a formação foi orgânica. O mais engraçado foi o primeiro dia de ensaio, em que a maioria chegou ao estúdio sem conhecer os outros e sem saber no que esta “experiência” iria dar. Depois de concordarmos em alguns temas comuns aos 5 elementos, começámos a tocar e, 30 minutos depois, parecíamos adolescentes numa banda de garagem que já não queria parar... Foi interessante começar dessa forma.

Podes dizer-nos em poucas palavras em que consiste esse projecto?

Eu diria que somos um conglomerado de indivíduos com diversas origens culturais e musicais. É interessante a riqueza que vem dos nossos backgrounds culturais, socias e, acima de tudo, da experiência musical de cada um. Eu, pessoalmente, tenho um percurso específico ligado ao rock nacional, o Mole Mussoco (baixista) vem de uma vertente de música tradicional moçambicana, o Ivan Ferreira (baterista) vem de uma escola mais formal de Jazz com um percurso internacional riquíssimo, o Jaime Ferreira (guitarra) também vem de um percurso de rock internacional com experiência com vários músicos, e o Ray Mauele (pianista) vem do jazz, gospel, soul, também com muitos anos de estrada. A forma como abordamos os temas e a combinação das diferentes metodologias de trabalho está a revelar-se algo em que faz sentido investir.

Hoje já não pensamos mais em apenas um clube de rapazes. A ideia é continuar a compor, gravar e tocar. Este ano queremos fazer mais alguns concertos e, quem sabe, alguns singles novos. Queremos trazer mais música para o mundo.

Por que escolheste Indigo Blue para nome do projecto? Tem algum significado especial?

Foi uma escolha colectiva depois de análise de muitas propostas. Indigo Blue significa, entre outras coisas, serenidade, integridade, reflexão e respeito. Algo que tem muito em comum com a nossa forma de estar como indivíduos, como grupo e como gostaríamos que o mundo fosse.

Quais foram os desafios que consideras mais marcantes no teu percurso musical?

O maior de todos foi mesmo no início da carreira: fazer rock num país sem cultura de rock e com vários estereótipos à volta das artes e, sobretudo, sobre os fazedores deste estilo de música. No princípio, foi complicado conseguir a aprovação familiar e conseguir manter o equilíbrio social, académico e profissional. Houve bons e maus momentos no percurso, mas gosto da forma como a sociedade se foi ajustando e se foi tornando cada vez mais receptiva. Hoje, passados mais de 25 anos, acho que foi uma viagem interessante que faria de novo.

Como vês a evolução da música moçambicana desde que começaste a tua carreira?

A música moçambicana evoluiu muito qualitativamente e quantitativamente. Hoje já há uma abertura muito maior, já existem instituições de formação superior em artes, já existe acesso a equipamento, existem ferramentas de gravação e inúmeras plataformas de divulgação. De certa forma, diminuíram-se algumas assimetrias e aumentou-se a oferta no nosso mosaico cultural. No entanto, acredito que ainda temos alguns desafios pela frente em termos de qualidade que acredito termos capacidade e vontade de vencer.

Sons da Alma Agosto - August 2023 • Ed. 61 © Revista Xonguila | 57
Fotografia: Mariano Silva

Como foi a transição de ser membro de uma banda popular para artista solo?

Foi uma experiência riquíssima, algo que já queria experimentar há muitos anos, sair da zona de conforto, da banda conhecida, e explorar domínios. Explorar ritmos e formas de trabalhar novas, abrir horizontes e trabalhar com músicos diferentes sem ter um resultado/estilo pré-definido. Nesse período tive o privilégio de trabalhar com o Joni Schwalbach, o Rui Martins, o Arnaldo Manhice e também com músicos internacionais como Eli Menezes e John Caban. Acho que a beleza de ser artista a solo é poder trabalhar em projectos independentes. Aprendi que exige muita maturidade profissional. Aprendi a sua beleza de desafiar-nos, a nós mesmos, a criar novas convenções e dinâmicas.

Além da música, quais são as paixões que influenciam o teu trabalho?

Adoro belas-artes e adoro comunicação. Se não trabalhasse com comunicação e não tocasse numa banda, provavelmente estaria a pintar e a expor.

O que te dá mais prazer: compor, gravar em estúdio ou actuar ao vivo?

Eu acho que a minha maior paixão é compor e gravar em estúdio. Adoro o processo de construção de uma música a partir de um simples poema ou de uma pequena sequência de acordes. Adoro aquelas inúmeras horas de experimentação, de troca de ideias, de longas noites de discussão em equipe, do grava e repete, etc. Adoro o palco também, mas, se calhar, por causa da minha timidez (não aparente), expresso-me com maior velocidade no estúdio,

com um grupo restrito.

Quais as principais influências musicais que tiveste ao longo da vida?

Tive várias fases: entre os 13 e os 17, acho que eram bandas como Nirvana, Alice in Chains, Pearl Jam, etc. Aos 18, descobri Salif Keita, Youssou N’Dour, etc.; aos 23, comecei a ouvir Lenny Kravitz, Prince, Keziah Jones, U2, etc. Acredito que depois dos 28 descobri Miles Davis e Marcus Miller, entre outros, entrei noutra dimensão mais jazz... Entretanto, fiquei mais mente aberta e hoje ouço tudo o que me dê prazer e leveza, mas confesso que ultimamente ando fascinado com o pop dos anos 80.

E como equilibras a tua vida pessoal com a carreira artística?

De forma muito espontânea. Tento ser equilibrado na vida familiar, profissional e artística. Tenho muito apoio da família nesse sentido. Acho que a parte artística, na verdade, me torna melhor nas outras áreas. Funciona como terapia e vaso de escape. Sinto o mesmo nos meus colegas e acredito que todos nós deveríamos investir em actividades paralelas, sejam elas artísticas, desportivas ou outras. O único desafio é que, às vezes, a demanda dos vários lados aumenta no mesmo período. Mas quem corre por gosto não se cansa.

Planos para o futuro? Podes partilhar connosco quais serão os teus próximos passos na música?

Claramente continuar a tocar, gravar músicas novas e tocar ao vivo. Temos planos para alguns singles, vamos ver o que conseguimos fazer nos próximos tempos.

“Concordámos em alguns temas comuns aos 5 elementos, começámos a tocar e, 30 minutos depois, parecíamos adolescentes numa banda de garagem que já não quer parar...
Foi interessante começar dessa forma.”
Fotografia: Mariano Silva
Fotografia: Mariano Silva

Foi uma experiência riquíssima, algo que já queria experimentar há muitos anos, sair da zona de conforto, da banda conhecida, e explorar domínios.”

XAVIER MACHIANA

The artist and Indigo Blue, his new project

On the vibrant stage of Mozambican music, Xavier Machiana has emerged as an unmistakable voice. In this edition of Xonguila magazine, we have the privilege of talking to him about his new project, Indigo Blue, and taking a journey through his remarkable career.

What inspired Indigo Blue?

Indigo Blue came about almost innocently. After a long period (post-pandemic) without playing, I started thinking about how therapeutic it would be to set up a studio and put together a band. At first, nothing serious, a kind of boys' club just to unwind at weekends and maybe to play at small events or parties. Then a short list of good friends came to mind who I'd always admired musically and with whom I'd never really tried playing or recording. A few

phone calls and coffees followed to find out who was available and willing to try something new, and the line-up was organic. The funniest thing was the first day of rehearsals, when most of us arrived at the studio not knowing the others and not knowing what this "experiment" was going to lead to. After agreeing on some common themes, we started playing and, 30 minutes later, we sounded like teenagers in a garage band that didn't want to stop. It was interesting to start off like that.

“ I think my greatest passion is composing and recording in the studio. I love the process of building a song from a simple poem or a short sequence of chords. ”
Fotografia: Mariano Silva

Can you tell us in a few words what this project consists of?

I would say that we are a conglomeration of individuals with diverse cultural and musical backgrounds. It's interesting to see the richness that comes from our cultural and social backgrounds and, above all, from each person's musical experience. I, personally, have a specific national rock background, Mole Mussoco (bassist) comes from a traditional Mozambican music background, Ivan Ferreira (drummer) comes from a more formal jazz school with a very rich international journey, Jaime Ferreira (guitar) also comes from an international rock background with experience with various musicians, and Ray Mauele (pianist) comes from jazz, gospel, soul, also with many years on the road. The way we approach themes and the combination of different working methodologies is proving to be something that makes sense to invest in. Today we no longer think of ourselves as just a boys' club. The idea is to continue composing, recording and playing. This year we want to do a few more concerts and maybe some new singles. We want to bring more music to the world.

Why did you choose Indigo Blue as the project's name? Does it have any special meaning?

It was a collective choice after analysing many proposals. Indigo Blue means, among other things, serenity, integrity, reflection and respect. Something that has a lot in common with how we are as individuals, as a group and how we would like the world to be.

What do you consider to be the most significant challenges in your musical career?

The biggest of all was at the very beginning of my career: making rock music in a country without a rock culture and with various stereotypes surrounding the arts and, above all, the makers of musical style. In the beginning, it was difficult to get family approval and maintain a social, academic and professional balance. There were good and bad mo -

ments along the way, but I like the way society adjusted and became increasingly receptive. Today, more than 25 years later, I think it was an interesting journey that I would take again.

How do you see the evolution of Mozambican music since you started your career?

Mozambican music has evolved both qualitatively and quantitatively. Today there is much more openness, there are higher education institutions specialising in arts, there is access to equipment, there are recording tools and countless platforms for dissemination. In a way, some asymmetries have been reduced and the offer in our cultural mosaic has increased. However, I believe we still have some challenges ahead in terms of quality that I believe we have the capacity and will to overcome.

How was the transition from being a member of a popular band to a solo artist?

It was a very rich experience, something I've wanted to try for many years, to get out of my comfort zone and explore new areas. Exploring new rhythms and ways of working, opening up horizons and working with different musicians without having a pre-defined result/style. During this period I had the privilege of working with Joni Schwalbach, Rui Martins and Arnaldo Manhice and also with international musicians like Eli Menezes and John Caban. I think the beauty of being a solo artist is being able to work on independent projects. I've learnt that it requires a lot of professional maturity. I've learnt the beauty of challenging ourselves to create new concepts and new dynamics.

Apart from music, what passions influence your work?

I love fine art and I love communication. If I didn't work in communications and play in a band, I'd probably be painting and exhibiting.

What gives you more pleasure: composing, recording in the studio or per -

Fotografia: Mariano Silva

forming live?

I think my greatest passion is composing and recording in the studio. I love the process of building a song from a simple poem or a short sequence of chords. I love those countless hours of experimentation, exchanging ideas, long nights of team discussions, recording and repeating, etc. I love the stage too, but perhaps because of my (not apparent) shyness, I express myself more quickly in the studio, with a small group.

What have been your main musical influences throughout your life?

I had various phases: between 13 and 17, I think it was bands like Nirvana, Alice in Chains, Pearl Jam, etc. At 18, I discovered Salif Keita, Youssou N'Dour, etc.; at 23, I started listening to Lenny Kravitz, Prince, Keziah Jones, U2, etc. I believe that after 28 I discovered Miles Davis and Marcus Miller, among others, and entered another, jazzier dimension... In the meantime, I've become more open-minded and today I listen to anything that gives me pleasure and lightness, but I confess that lately I've been fascinated by 80s pop.

And how do you balance your personal life with your artistic career?

Very spontaneously. I try to be balanced in my family, professional and artistic life. I get a lot of support from my family in this regard. I think the artistic part actually makes me better in other areas. It works as therapy and an outlet. I feel the same way about my colleagues and I believe that we should all invest in parallel activities, be they artistic, sporting or otherwise. The only challenge is that sometimes the demand from different sides increases in the same period. But those who run for pleasure don't get tired.

Plans for the future? Can you share with us what your next steps in music will be?

Clearly we want to keep playing, recording new songs and playing live. We have plans for some singles, let's see what we can do in the near future.

Fotografia: Cortesia de Villa Castellos
As casas de férias da Villa Castellos têm quartos totalmente equipados e decorados com o maior conforto, com amplas varandas e belíssimas vistas para o mar.
Fotografia: Cortesia de Villa Castellos
A Villa Castellos é um singular refúgio que conjuga serenidade, privacidade, segurança, exclusividade e aventura.

Villa Castellos

Elegância e exotismo na Baía de Guinjata

Situada no ponto mais alto onde as deslumbrantes dunas da Baía da Guinjata se misturam com as águas calmas e mornas do canal de Moçambique, encontra-se a Villa Castellos, singular refúgio que conjuga serenidade, privacidade, segurança, exclusividade e aventura.

As casas de férias da Villa Castellos prometem uma estadia de excelência. Quartos totalmente equipados e decorados com o maior conforto recebem os hóspedes, que podem deleitar-se com amplas varandas e belíssimas vistas sobre águas azul-turquesa e cobalto, brilhando sob o sol quente tropical. As piscinas infinitas privativas conferem um toque especial, oferecendo um local para descansar sem perturbações. Um dos pontos fortes do estabelecimento é o serviço personalizado. Cada grupo de hóspedes beneficia da presença de uma governanta em tempo integral e, mediante solicitação, de um chef pessoal, a um preço razoável, garantindo uma estadia verdadeiramente relaxante e luxuosa.

A Villa Castellos não se contenta com o status quo. Sua equipa empenha-se constantemente em melhorar, com o objectivo de se tornar a melhor instalação auto-suficiente de luxo em Moçambique. A satisfação dos hóspedes é prioritária, e o feedback destes é valorizado como ferramenta vital para aprimorar o serviço. A gestão está também em vias de implementar formulários digitais para tornar as reservas, informações e check-ins mais convenientes.

Acolhendo grupos de 4 a 40 pessoas, seja de turistas nacionais ou estrangeiros, a Villa Castellos diferencia-se pela qualidade e luxo que oferece. É raro encontrarem-se acomodações com as mesmas características, tais como praia privada, ar condicionado, roupa de cama excepcional e piscinas privadas, na mesma faixa de preços em Moçambique. Embora seja uma instalação auto-suficiente sem restaurante, pode ser solicitado um chef especialista em pratos locais. Além disso, a equipa auxilia os hóspedes na aquisição de marisco fresco a excelentes preços. As solicitações especiais, como a instalação de gazebos na praia, assistência e aluguer de veículos 4x4, transporte para o aeroporto e reboque de barcos, são prontamente atendidas.

You're Invited Agosto - August 2023 • Ed. 61 © Revista Xonguila | 69
Escrito por: Emília Gimo

De Julho a Outubro, os visitantes podem testemunhar a migração anual de baleias jubarte, uma experiência inesquecível. A nova gestão está igualmente comprometida com projectos de sustentabilidade, incluindo reciclagem, economia de água

e conservação da vida marinha. As iniciativas sociais através do apoio financeiro à polícia e à escola para surdos, a criação de emprego e educação destacam o compromisso da Villa Castellos para com a comunidade local.

Fotografia: Cortesia de Villa Castellos

A Villa Castellos é, na verdade, um destino que se destaca pela excelência, comodidade e compromisso com a qualidade. Um refúgio verdadeiramente paradisíaco que espera

Para mais Informações: www.villacastellos.com |

por si no coração de Inhambane. Olha para o futuro com ambição, pretende aprender e crescer, proporcionando mais empregos e entretenimento.

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As piscinas infinitas privativas conferem um toque especial, oferecendo um local para descansar sem perturbações.

Situated on the highest point where the breathtaking dunes of Guinjata Bay blend with the calm, warm waters of the Mozambique Channel, is Villa Castellos, a unique refuge that combines serenity, privacy, security, exclusivity and adventure.

The holiday homes at Villa Castellos are a promise of an excellent stay. Fully-equipped rooms decorated with the utmost comfort welcome guests, who can revel in large balconies and beautiful views of turquoise and cobalt waters sparkling under the warm tropical sun. The private infinity pools add a special touch, offering a place to relax undisturbed. One of the establishment's strengths is its personalised service. Each group of guests benefits from the presence of a full-time housekeeper and, on request, a personal chef, at a reasonable price, guaranteeing a truly relaxing and luxurious stay.

Villa Castellos doesn't settle for the status quo. Its team is constantly striving to improve, with the aim of becoming the best luxury self-catering facility in Mozambique. Guest satisfaction is a priority, and guest feedback is valued as a vital tool for improving service. Management is also in the process of implementing digital forms to make bookings, get information and make check-ins more convenient.

Welcoming groups of 4 to 40 people, whether national or foreign tourists, Villa Castellos stands out for the quality and luxury it offers. It is rare to find accommodation with the same features, such as a private beach, air conditioning, exceptional bed linen and private pools, in the same price range in Mozambique. Although it is a self-catering facility without a restaurant, a chef specialising in local dishes can be requested. In addition, the team assists guests in acquiring fresh seafood at excellent prices. Special requests, such as the installation of gazebos on the beach, assistance and hire of 4x4 vehicles, transport to the airport and boat towing, are promptly attended to.

From July to October, visitors can witness the annual humpback whale migration, an unforgettable experience. The new management is also committed to sustainability projects, including recycling, saving water and conserving marine life. Social initiatives through financial support for the police and the school for the deaf, job creation and education highlight Villa Castellos' commitment to the local community.

Villa Castellos is truly a destination that stands out for its excellence, comfort and commitment to quality. A truly paradisiacal haven awaits you in the heart of Inhambane. It looks to the future with ambition, intending to learn and grow, providing more jobs and entertainment.

For more information: www.villacastellos.com | Instagram @villacastellos | facebook.com/villacastellos1

You're Invited 72 | Revista Xonguila © Ed. 61 • Agosto - August 2023
Fotografia: Cortesia de Villa Castellos

MILLENNIUM BIM E EMPRESA

NACIONAL DE HIDROCARBONETOS

APOIAM PME’S MOÇAMBICANAS

Fotografia: Cortesia de Millennium bim

MILLENNIUM BIM E EMPRESA NACIONAL DE HIDROCARBONETOS APOIAM PME’S MOÇAMBICANAS

A parceria entre as duas instituições surge no âmbito do apoio ao conteúdo local pelo Millennium bim, através do programa LinKar, da Empresa Nacional de Hidrocarbonetos

O Millennium bim, uma instituição de crédito líder em Moçambique, e a Empresa Nacional de Hidrocarbonetos (ENH), braço comercial do Estado na indústria de petróleo e gás, anunciaram, no dia 1 de Agosto de 2023, em Maputo, a assinatura de um Memorando de Entendimento (MdE) estratégico, marcando um importante compromisso com o desenvolvimento económico do país e a promoção do conteúdo local na indústria de petróleo e gás, permitindo igualmente alavancar as capacidades organizativas, técnicas e financeiras das Pequenas e Médias Empresas (PMEs) moçambicanas. O MdE foi assinado pelo Presidente

da Comissão Executiva (PCE) do Millennium bim, João Martins, e pelo Presidente do Conselho de Administração (PCA) da ENH, Estêvão Pale.

Esta parceria tem como objectivo fortalecer a colaboração entre o Millennium bim e a ENH, com foco na implementação bem-sucedida do Programa LinKar, uma iniciativa pioneira da ENH, com a visão central de transformar economicamente o país, ao estimular e facilitar conexões produtivas entre as PMEs e empresas de petróleo e gás em evolução, multiplicando assim os benefícios nacionais e os investimentos no sector.

Principais disposições do Memorando de Entendimento (MdE):

1Desenvolvimento do conteúdo local: O MdE visa promover o conteúdo local na indústria de petróleo e gás, permitindo que as PMEs moçambicanas participem activamente no sector. Implementado pela ENH, o Programa LinKar, com a duração de 8 anos, visa trabalhar, de forma colaborativa e construtiva, em prol da consolidação e participação do empresariado nacional na indústria de gás, bem como noutras indústrias com grandes projectos em curso no país.

2Acesso a produtos e serviços financeiros: O Millennium bim concederá condições especiais de acesso aos produtos e serviços financeiros oferecidos às PMEs previamente identificadas pela ENH, no âmbito do Programa Linkar. Isso inclui assistência financeira para actividades relacionadas à cadeia de abastecimento, apoio na obtenção de certificações essenciais para a competitividade na cadeia de valor, além de acesso à formação, capacitação e actividades lideradas pelo Banco para clientes preferenciais.

3Empoderamento de jovens e mulheres: O Programa LinKar está comprometido em promover o empoderamento das mulheres, estabelecendo uma meta específica de 30% dos ganhos/ benefícios para as Mulheres nos Negócios (WEBs) envolvidas no programa. Essa iniciativa visa fomentar a participação activa das mulheres moçambicanas no sector de petróleo e gás, contribuindo para um crescimento económico mais inclusivo e sustentável.

Por ocasião da assinatura do memorando, o PCE do Millennium bim, João Martins, referiu: "Estamos entusiasmados em firmar esta parceria estratégica com a ENH por meio deste Memorando de Entendimento. Esta colaboração é um marco significativo para o Millennium bim, pois permite-nos contribuir activamente para o desenvolvimento económico de Moçambique e apoiar a iniciativa inovadora do Programa LinKar. Estamos comprometidos em fornecer condições especiais de acesso aos nossos produtos e serviços financeiros para as Peque -

nas e Médias Empresas identificadas pela ENH, visando fomentar o crescimento do conteúdo local na indústria de petróleo e gás. Juntos, esperamos impulsionar o progresso sustentável e criar novas oportunidades para o tecido empresarial moçambicano”.

Por sua vez, o PCA da ENH, Estevão Pale, assinalou: "Este Memorando de Entendimento assume um papel fundamental pois, através do mesmo, as PMEs moçambicanas terão acesso aos serviços financeiros do Millennium BIM em

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condições preferenciais. Vamos juntos, a ENH e o Millennium BIM, trabalhar na criação de oportunidades e condições favoráveis para que as PMEs possam oferecer serviços de qualidade e desenvolver a indústria petrolífera nacional; e, de igual forma, para que as PMEs possam prosperar e contribuir activamente para o crescimento sustentável do nosso país. Ao Millennium BIM, por compartilhar desta visão

e pela sua pré-disposição em apoiar as PMEs moçambicanas, o nosso muito obrigado. Temos a certeza de que esta parceria será frutífera e trará benefícios significativos para todas as partes envolvidas.”.

O MdE entre o Banco e a ENH entrou em vigor a 1 de Agosto, data da sua assinatura, e vigorará pelo período de 1 ano.

Agosto - August 2023 • Ed. 61 © Revista Xonguila | 77 Millennium bim
Fotografia: Cortesia de Millennium bim
Fotografia: Cortesia de Millennium bim

“Esta colaboração é um marco significativo para o Millennium bim pois permite-nos contribuir activamente para o desenvolvimento económico de Moçambique e apoiar a iniciativa inovadora do Programa LinKar.”

- João Martins, PCE do Millennium bim

MILLENNIUM BIM AND EMPRESA NACIONAL DE HIDROCARBONETOS SUPPORT MOZAMBICAN SME'S

The partnership between the two institutions is part of Millennium bim's support for local content through the National Hydrocarbons Company's LinKar programme

Millennium bim, a leading credit institution in Mozambique, and Empresa Nacional de Hidrocarbonetos (ENH), the state's commercial arm in the oil and gas industry, announced the signing of a strategic Memorandum of Understanding (MoU) on 1 August 2023 in Maputo, marking an important commitment to the country's economic development and the promotion of local content in the oil and gas industry, while also making it possible to leverage the organisational, technical and financial capacities of Mozambican Small and Medium-sized Enterprises (SMEs). The MoU was signed by Millen -

nium bim's Chief Executive Officer (CEO), João Martins, and ENH's Chairman of the Board, Estêvão Pale.

This partnership aims to strengthen collaboration between Millennium bim and ENH, with a focus on the successful implementation of the LinKar Programme, a pioneering ENH initiative with the central vision of transforming the country economically by stimulating and facilitating productive connections between SMEs and evolving oil and gas companies, thus multiplying national benefits and investments in the sector.

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Fotografia: Cortesia de Millennium bim

Main provisions of the Memorandum of Understanding (MoU): 1

Development of local content: The MoU aims to promote local content in the oil and gas industry, enabling Mozambican SMEs to participate actively in the sector. Implemented by ENH, the 8-year LinKar Programme aims to work collaboratively and constructively towards the consolidation and participation of the national business community in the gas industry, as well as in other industries with major projects underway in the country.

Access to financial products and services: Millennium bim will grant special conditions of access to the financial products and services offered to SMEs previously identified by ENH under the Linkar Programme. This includes financial assistance for activities related to the supply chain, support in obtaining essential certifications for competitiveness in the value chain, as well as access to training, capacity building and activities led by the Bank for preferred clients.

2

On the signature of the memorandum, Millennium bim's CEO, João Martins, said: "We are thrilled to enter into this strategic partnership with ENH through this Memorandum of Understanding. This collaboration is a significant milestone for Millennium bim, as it allows us to actively contribute to Mozambique's economic development and support the innovative LinKar Programme initiative. We are committed to providing special conditions of access to our financial products and services for the Small and Medium Enterprises identified by ENH, with a further aim of fostering the growth of local content in the oil and gas industry. Together, we hope to drive sustainable progress and create new opportunities for the Mozambican business community."

For his part, Estevão Pale, said: "This Memoran -

Empowerment of young people and women: The LinKar Programme is committed to promoting women's empowerment, setting a specific target of 30% of the gains/benefits for Women in Business (WEBs) involved in the programme. This initiative aims to encourage the active participation of Mozambican women in the oil and gas sector, contributing to more inclusive and sustainable economic growth.

3

dum of Understanding plays a fundamental role because, through it, Mozambican SMEs will have access to Millennium BIM's financial services under preferential conditions. Let's work together, ENH and Millennium BIM, to create opportunities and favourable conditions so that SMEs can offer quality services and develop the national oil industry; and, likewise, so that SMEs can prosper and actively contribute to the sustainable growth of our country. We would like to thank Millennium BIM for sharing this vision and for their willingness to support Mozambican SMEs. We are sure that this partnership will be fruitful and bring significant benefits to all parties involved."

The MoU between the Bank and ENH came into force on 1 August, the date it was signed, and will run for a period of one year.

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This Memorandum of Understanding plays a fundamental role because, through it, Mozambican SME's will have access to Millennium BIM's financial services under preferential conditions.
- Estevão Pale, ENH's CEO
Uma plataforma pioneira na celebração da cultura negra
Fotografia: Cortesia de Bantumen
A Bantumen distingue-se pela sua abordagem inovadora e criativa, adoptando uma linguagem e estética jovem para alcançar uma audiência cada vez mais ampla.

Uma plataforma pioneira na celebração da cultura negra

A Bantumen, conhecida como uma ilustre plataforma digital dedicada à promoção e divulgação da cultura negra dos países que partilham o português como língua oficial, é fruto de uma iniciativa de dois jornalistas que data de 2013. Desde então, o principal foco da plataforma tem sido a visibilidade da cultura negra, actuando de forma activa na promoção do talento que pulsa sobretudo entre os descendentes de Angola, Cabo-Verde, Guiné-Bissau, Moçambique e São Tomé e Príncipe espalhados pelos quatro cantos do mundo.

Integrando uma equipa multifacetada e multicultural, a Bantumen, que actualmente integra uma revista digital, uma agência de comunicação e uma livraria dedicada a novos autores afrodescendentes, disponibiliza aos seus fiéis, mais de 300 mil seguidores e leitores globais, um conteúdo exclusivo e variado, que abrange música, moda, arte, gastronomia, e em especial cultura africana. A plataforma utiliza o seu site e as redes sociais como meios privilegiados para desenvolver um trabalho significativo na celebração da diversidade cultural e no combate às percepções enviesadas sobre África e a população negra em geral, principalmente nos meios de comu-

nicação mainstream internacionais.

A Bantumen distingue-se pela sua abordagem inovadora e criativa, adoptando uma linguagem e estética jovem para alcançar uma audiência cada vez mais ampla. O seu portfólio de projectos recentes engloba a organização de eventos culturais e colaborações com marcas, empreendedores e artistas negros, enaltecendo e contribuindo para a valorização da sua identidade e reconhecimento.

Dedicando-se à promoção de personalidades negras que se destacam em diversos sectores da socie-

Fotografia: Cortesia de Bantumen

dade, a Bantumen criou também, em 2021, a PowerList100. Esta lista procura homenagear anualmente 100 figuras negras entre as mais influentes no universo lusófono, funcionando como um mecanismo de reconhecimento e valorização dos esforços que empreendem nos seus diferentes campos de actuação profissionais e associativos. Através da PowerList100, a plataforma pretende motivar a sociedade a reconhecer e valorizar esses esforços e contribuições, uma iniciativa de inegável importância, uma vez que a representatividade é a chave para uma sociedade

mais inclusiva e igualitária. Ao destacar aquelas figuras negras, a Bantumen procura evidenciar a riqueza cultural e o potencial de desenvolvimento dos respectivos países lusófonos e seu capital humano, uma vez que é frequente não obterem a devida atenção no palco internacional.

As iniciativas da Bantumen confirmam o papel crucial que a plataforma desempenha na promoção de uma sociedade inclusiva onde se celebra a diversidade cultural e racial.

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A plataforma utiliza o seu site e as redes sociais como meios para celebrar a diversidade cultural e combater as percepções enviesadas sobre África e a população negra em geral, principalmente nos meios de comunicação mainstream internacionais.

A pioneering platform for celebrating black culture

Bantumen, known as an illustrious digital platform dedicated to the promotion and dissemination of black culture in countries that share Portuguese as an official language, is the result of an initiative by two journalists dating back to 2013. Since then, the platform's main focus has been the visibility of black culture, actively promoting the talent that pulses above all among the descendants of Angola, Cape Verde, Guinea-Bissau, Mozambique and São Tomé and Príncipe spread across the four corners of the world.

As part of a multifaceted and multicultural team, Bantumen, which currently includes a digital magazine, a communications agency and a bookshop dedicated to new Afro-descendant authors, offers its faithful, more than 300,000 followers and global readers, exclusive and varied content covering music, fashion, art, gastronomy and especially African culture. The platform uses its website and social media as privileged means to carry out significant work in celebrating cultural diversity and combating biased perceptions of Africa and the black population in general, especially in the international mainstream media.

Bantumen stands out for its innovative and creative approach, adopting a youthful language and aesthetic to reach an ever wider audience. Its portfolio of recent projects includes the organising cultural events and collaborations with black brands, entrepreneurs and artists, highlighting and contributing to the strengthening of their identity and recognition.

Dedicated to promoting black personalities who stand out in various sectors of society, Bantumen also created the PowerList100 in 2021. This list seeks to honour 100 of the most influential black figures in the Portuguese-speaking world every year, acting as a platform for recognising and valuing the efforts undertaken in their different professional and associative fields. Through PowerList100, the platform aims to motivate society to recognise and value these efforts and contributions, an initiative of undeniable importance, since representation is the key to a more inclusive and equal society. By highlighting these black figures, Bantumen seeks to emphasise the cultural richness and development potential of the respective Portuguese-speaking countries and their human capital, since they often don't get enough attention on the international stage.

Bantumen's initiatives confirm the crucial role the platform plays in promoting an inclusive society where cultural and racial diversity is celebrated.

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A ESSENCIALIDADE

DO ECOTURISMO PARA

UMA ECONOMIA EMERGENTE

Uma ideia. Três especialistas.

No nosso país, tem de se começar pela exposição das futuras gerações à natureza, para que possam valorizá-la e usufruí-la.

– Miguel Gonçalves, Reserva Especial de Maputo

A ESSENCIALIDADE DO ECOTURISMO PARA

UMA ECONOMIA EMERGENTE Uma ideia. Três especialistas.

Um crescente número de nações em desenvolvimento tem vindo a praticar ecoturismo para proteger a sua biodiversidade e gerar receita, por não serem tão estáveis financeiramente quanto países mais desenvolvidos. O ecoturismo desempenha um papel fundamental não só na melhoria das condições económicas de um país, mas também na construção de comunidades sustentáveis com possibilidade de alcançar um futuro melhor e mais verde.

Entrevistei três especialistas moçambicanos para compreender melhor todo este conceito e esclarecer o seu significado para fazer florescer a economia do turismo de Moçambique.

Citando Test Malunga, gestor de safáris e actividades do Parque Nacional da Gorongosa, “o ecoturismo é uma estratégia de conservação eficaz para uma nação em desenvolvimento, pois ajuda a preservar áreas naturais, salvaguardar tradições culturais, gerar receita para o desenvolvimento nacional e empregar locais, criando simultaneamente conservacionistas da nova geração, que crescem com uma ética de conservação que será transmitida às gerações futuras. Significa isto que não será necessário tanto esforço assim para incutir a mentalidade."

Logo após a pandemia, a indústria do turismo, como em qualquer outro país, foi severamente afectada em Moçambique. Tal como outros países em desenvolvimento, Moçambique ainda tem de trabalhar na promoção e divulgação do turismo e tornar-se um país amigo do turista como um todo.

Quando questionado sobre a exigência do ecoturismo em Moçambique, Malunga afirmou: "O ecoturismo baseado na natureza é o melhor meio de estimular iniciativas de conservação, preservando áreas

naturais para a vida selvagem, bem como diminuindo o desperdício e a poluição, o que ajuda significativamente o meio ambiente. São tangíveis os benefícios decorrentes das actividades turísticas, como a criação de emprego, que permite aos membros da comunidade local assumir a propriedade dos recursos naturais (da vida selvagem, por exemplo), que, para eles, são os instrumentos de geração de renda. As formas como todos contribuem para a conservação incluem não se envolverem em caça furtiva ou actividades de caça ilegal, uma vez que têm rendimentos." Test acredita que o ecoturismo é um excelente incentivo económico para ajudar a preservar os ecossistemas não só de Moçambique, mas também de África.

Muita compreensão e sensibilização têm de ocorrer no país para ajudar a reconhecer o verdadeiro significado do turismo baseado na natureza. A ética de viagens responsáveis pode ser mais bem implementada do que já é. Para preservar as jóias ecológicas de Moçambique, têm de ser enfrentadas de forma eficaz sérias questões, como os conflitos entre o homem e a vida selvagem, e muitas outras questões sociais, como a pobreza e o adequado acesso à educação, têm de ser abordadas para se conseguir fazer prosperar a indústria do turismo.

A Reserva Especial de Maputo, um conhecido parque nacio-

nal moçambicano, oferece uma rica experiência aos ecoturistas. É o lar de espécies animais ameaçadas de extinção e paisagens impressionantes. Miguel Gonçalves, guarda do parque galardoado com o prémio Tusk desta reserva especial, dá-nos a sua perspicaz opinião ao afirmar: "No nosso país, tem de se começar pela exposição das futuras gerações à natureza, para que possam valorizá-la e usufruí-la, melhorar os acessos, as infra-estruturas, os serviços públicos, etc. para ou nessas áreas, entre outros."

O Objectivo de Desenvolvimento Sustentável (ODS) 8, um dos muitos objectivos estabelecidos pelas Nações Unidas para se alcançarem melhores condições para os países em todo o mundo, é trabalho digno e crescimento económico. Através do ecoturismo, não só este objectivo está a ser praticado, mas também muitos outros. Muitos membros da comunidade conseguem adquirir uma renda para a sua família através do ecoturismo, o que leva a alcançar o ODS 1 –erradicação da pobreza. Com razão, diz Test: "Em Moçambique e nas culturas africanas em geral, as pessoas vivem em famílias alargadas, o que significa que, quando se emprega um membro da família, a renda facilmente chega a beneficiar dez ou mais pessoas."

O ecoturismo também ajuda a alcançar os ODS 11 e 12, que

90 | Revista Xonguila © Ed. 61 • Agosto - August 2023 Turismo

põem a ênfase em cidades e comunidades sustentáveis, bem no consumo e produção responsáveis. Isto porque envolvem profundamente o consumo de alimentos de origem local, a utilização de energia de forma mais responsável e a gestão de resíduos de forma mais eficiente.

O progresso pode ser feito passo a passo, lenta mas cons-

tantemente. Muito mais pode crescer nesta indústria. Resumindo todo o conceito deste artigo em poucas linhas, Carlos Serra, destacado activista ambiental especializado em direito ambiental, diz: "É um tipo de turismo que depende do meio ambiente, ou seja, baseado na riqueza e diversidade do património ambiental. Os turistas querem, neste caso, entrar em contacto com

um ambiente natural saudável e protegido e, com isso, o operador vê a sua actividade ser sustentável. Assim, todos ganham: o Governo – através de impostos e receitas; os turistas – sentem-se relaxados e experimentam prazer no seio da natureza; a comunidade local – através do emprego e da oferta de serviços; e o meio ambiente – que é conservado e sustentado."

Agosto - August 2023 • Ed. 61 © Revista Xonguila | 91
Todos ganham: o Governo – através de impostos e receitas; os turistas – sentem-se relaxados e experimentam prazer no seio da natureza; a comunidade local – através do emprego e da oferta de serviços; e o meio ambiente – que é conservado e sustentado.
– Carlos Serra, activista ambiental.

“O ecoturismo é uma estratégia de conservação eficaz para uma nação em desenvolvimento, pois ajuda a preservar áreas naturais, salvaguardar tradições culturais, gerar receita para o desenvolvimento nacional e empregar locais, criando simultaneamente conservacionistas da nova geração.”

- Test Malunga, gestor de safáris e actividades do Parque Nacional da Gorongosa

THE ESSENTIALITY OF ECOTOURISM FOR AN EMERGING ECONOMY One idea. Three experts.

With time, growing numbers of developing nations are practicing ecotourism to protect their biodiversity and generate revenue, this is because they are not as financially stable as more developed countries are. Eco-tourism plays a key role in not only boosting the economic condition of a country but also building sustainable communities with the chance of a better and a greener future.

Iinterviewed three Mozambican experts to better comprehend this entire concept and shed light on its significance in order to bloom Mozambique’s tourism economy.

To quote what Test Malunga, the safari and activities manager of the Gorongosa National Park said, “ecotourism is an effective conservation strategy for a developing nation, as it helps to preserve natural areas, safeguard culture traditions,

generate revenue for national development, and employ locals, while creating conservationists of the new generation, who grow up with conservation ethics which will be conveyed down to generations to come. This means that there will not be as much effort required to instill the mentality.”

Mozambique is one of these countries. It has national parks, a whole heap of natural reserves, ecological parks as well as pro-

tected areas. It has smooth carpets of savannas, native forests and woodlands along with a rich marine ecosystem. In 2018, 2.87 million tourists visited this country, which was the highest since 2001. During the latest years, in 2021, 188.00 million US dollars were generated solely by the use of tourism. This definitely shows that a country like Mozambique has so much more potential to grow in its tourist sector and help sustain many jobs that are linked to this particular sector.

94 | Revista Xonguila © Ed. 61 • Agosto - August 2023

So where is the problem?

Right after the pandemic, the tourist industry, like in any other country, was also severely affected in Mozambique. Mozambique, like other developing countries, still has to work on promoting and advertising tourism and becoming a tourist-friendly country as a whole.

Mr. Malunga, when asked about the requirement of eco-tourism in Mozambique, said: “Nature based ecotourism is the best means of encouraging conservation initiatives, preserving natural areas for wildlife, as well as decreasing waste and pollution, which significantly helps the environment. There are tangible benefits derived from tourism activities, such as creation of employment, which allows the local community members to assume the ownership of natural resources such as wildlife which are the income generating tools for them. Ways in which they all contribute towards conservation include not involving themselves in poaching or illegal hunting activities as they have an income.”

Test believes that eco-tourism is an amazing economic incentive to help preserve not only Mozambique but also Africa’s ecosystems.

A lot of understanding and awareness-raising has to occur within the country to help acknowledge the true significance of nature-based tourism. Ethics of responsible trav-

el can be better implemented than they already are. To preserve the ecological jewels of Mozambique, severe issues such as human-wildlife conflicts need to be effectively combated. Quite a few other social issues also need to be tackled in order to successfully prosper the tourism industry, such as poverty and proper access to education.

Maputo Special Reserve, a wellknown Mozambican national park, offers a rich experience to ecotourists. It is home to endangered animal species and striking landscapes. Miguel Gonçalves, a Tusk award-winner park warden of this special reserve, gives us his insightful opinion by stating: “It has to start first within our country with exposing the future generations to nature so that they can value and enjoy it, improve access, infrastructure, public services, etc. to or in these areas, among others.”

Sustainable development goal (SDG) 8, one of the many goals set by the UN to bring in better conditions for countries globally, is decent work and economic growth. Through ecotourism not only is this goal being practiced but also many others. A lot of community members get to earn an income for their family via ecotourism, which leads to achieving SDG 1 –no poverty. Rightly, Test says: “In Mozambique and in an African

culture in general, people live in extended families which means that when you employ one family member the income will benefit easily up to ten or more people.”

Ecotourism also helps achieve SDGs 11 and 12, which emphasize on sustainable cities and communities as well as responsible consumption and production. This is because it greatly involves consuming locally sourced food, using energy more responsibly and managing waste more efficiently.

Progress can occur one step at a time, slowly but steadily. A lot more can grow in this industry. Summarizing the entire concept of this article in a few lines quoting Carlos Serra, a prominent environmental activist specializing in environmental law: “It is a type of tourism that depends on the environment, that is, based on the richness and diversity of the environmental heritage. Tourists want, in this case, to make contact with a healthy and protected natural environment and with that the operator sees its activity being sustainable. So, everyone wins: the government – through taxes and revenue; tourists – feel relaxed and experience enjoyment within the lap of nature; the local community – through job and supply of services, and the environment – it is conserved and sustained.”

Tourism

MY WHISKY SOUR

INGREDIENTES:

CHIVAS 12 – 50 ML

FUMO DE ALECRIM

XAROPE DE ALECRIM – 30 ML

SUMO DE LIMÃO – 25 ML

CLARA DE OVO

Queima-se um ramo de alecrim e tapa-se para reter o fumo num copo on the rocks. Colocam-se todos os restantes ingredientes num shaker com gelo e agita-se vigorosamente. Vira-se o copo com fumo e verte-se o líquido. Espremem-se os óleos de uma zest de limão [casca de limão sem chegar à parte branca] e está pronto a consumir! Decorar com flores e pedaços de coco.

Fotografia: Mariano Silva
“Frescura e o aroma do alecrim com um whisky muito especial. Dizem que a vida é sour, mas, com este cocktail, fica mais doce.”
– Ivan Lopes, Spice Your Soul

MY WHISKY SOUR

INGREDIENTS:

CHIVAS 12 - 50 ML

ROSEMARY SMOKE

ROSEMARY SYRUP - 30 ML

LEMON JUICE - 25 ML

EGG WHITE

In a shaker, add ice, Jameson, sugar syrup and, finally, coconut water. Shake vigorously for 30 seconds and serve. Garnish with flowers and coconut pieces.

Fotografia: Mariano Silva
“Freshness and the aroma of rosemary with a very special whisky. They say life is sour, but this cocktail makes it sweeter.”
– Ivan Lopes, Spice Your Soul

A SOLUÇÃO NA PREVENÇÃO, MANUTENÇÃO E REPARAÇÃO

• Prestação de serviços

• Manutenção Industrial

• Formação técnica e engenharia

• Montagem de equipamentos industriais

Fotografia: Cortesia de Millennium bim

O Millennium bim reabriu, no passado dia 3 de Agosto, o seu balcão de Palma, na província de Cabo Delgado, dando assim um contributo importante no processo de retoma da economia local.

O KATINA P E A CATÁSTROFE QUE ASSOLOU

MAPUTO EM 1992

Sabias que, a 16 de Abril de 1992, ocorreu um dos maiores desastres ambientais da história de Moçambique? Nessa data, um petroleiro grego denominado Katina P, que transportava 66.700 toneladas de crude da Venezuela para os Emirados Árabes Unidos foi apanhado em ondas gigantescas ao largo de Moçambique. Dois tanques romperam, libertando 13.000 toneladas de crude. No dia seguinte, a tripulação encalhou o navio num banco de areia na Baía de Maputo, a 6 milhas da costa, e outras 3.500 toneladas foram derramadas no mar. Dias depois, a 26 do mesmo mês, a embarcação foi rebocada para o Canal de Moçambique, onde a carga deveria ser removida para outro petroleiro, mas, a cem milhas da costa de Moçambique, afundou-se, libertando todo o crude que restava a bordo.

Várias praias dentro e fora da baía de Maputo, estuários de rios e mangais foram atingidos pelos derrames, que causaram graves danos no ecossistema da região,

provocando a morte de inúmeros peixes, aves e outros animais marinhos e prejudicando fortemente a pesca e o turismo, importantes actividades económicas da região.

Diz-se que o Katina P, mesmo antes do acidente, já estava assinalado para ser destruído por não se encontrar em condições de navegar. Se, por um lado, é essencial que as empresas que operam no sector marítimo implementem efectivamente medidas para prevenir acidentes como este, por outro lado, compete aos governos tomarem medidas para garantir que essas empresas cumpram as normas ambientais e se responsabilizem pela reparação de danos eventualmente causados.

O desastre ambiental do Katina P ressaltou a importância da protecção e preservação dos nossos ecossistemas costeiros, para nós e para as gerações futuras. A sustentabilidade ambiental é responsabilidade de todos, requerendo a colaboração de governos, empresas e indivíduos.

Várias praias dentro e fora da baía de Maputo, estuários de rios e mangais foram atingidos pelos derrames do Katina P, que causaram graves danos no ecossistema da região.

The Katina P environmental disaster highlighted the importance of protecting and preserving our coastal ecosystems, for ourselves and for future generations.

THE KATINA P AND THE CATASTROPHE THAT STRUCK MAPUTO IN 1992

Did you know that on 16 April 1992, one of the biggest environmental disasters in Mozambique's history took place? On that date, a Greek tanker called Katina P, carrying 66,700 tonnes of crude oil from Venezuela to the United Arab Emirates, was caught in giant waves off Mozambique. Two tanks ruptured, releasing 13,000 tonnes of crude. The next day, the crew ran the ship aground on a sandbank in Maputo Bay, 6 miles off the coast, and another 3,500 tonnes spilled into the sea. A few days later, on the 26th of the same month, the ship was towed to the Mozambique Channel, where the cargo was to be removed to another tanker, but a hundred miles off the coast of Mozambique, it sank, releasing all the crude oil left on board.

Several beaches in and around Maputo Bay, river estuaries and mangrove swamps were affected by the spill, which caused serious damage

to the region's ecosystem, killing countless fish, birds and other marine animals and severely damaging fishing and tourism, important economic activities in the region. It is said that the Katina P, even before the accident, was already flagged for scrapping because it was unsuitable for sailing. While it is essential for companies operating in the maritime sector to effectively implement measures to prevent accidents like this, it is also up to governments to take steps to ensure that these companies comply with environmental standards and take responsibility for repairing any damage caused.

The Katina P environmental disaster highlighted the importance of protecting and preserving our coastal ecosystems, for ourselves and for future generations. Environmental sustainability is everyone's responsibility, requiring the collaboration of governments, companies and individuals.

Samora Machel

Uma vida interrompida

Um retrato de um grande líder africano que é rico, encantador e incisivo. O livro recorda-nos como os povos de África têm sido e devem continuar a ser interdependentes.

Samora era um africano orgulhoso, um libertador orgulhoso, um internacionalista orgulhoso e um ser humano orgulhoso e humano, com grande sensibilidade cultural. Tinha os seus defeitos — e o sistema em que cresceu e que ajudou a desenvolver tinha as suas lacunas. Mas, com defeitos e tudo, o Povo tem razão em enaltecer a sua memória.

Samora Machel An Interrupted Life

A portrait of a great African leader that is rich, charming and incisive. The book reminds us how interdependent African people have been and must continue to be.

Samora was a proud African, a proud liberator, a proud internationalist and a proud and humane human being with great cultural sensitivity. He had his faults - and the system in which he grew up and helped develop had its shortcomings. But flaws and all, the People are right to honour his memory.

106 | Revista Xonguila © Ed. 61 • Agosto - August 2023

Marcelino dos Santos

Personalidade multifacetada e homem do povo

Esta obra narrativa de Marcelino dos Santos resulta de várias sessões de entrevistas autobiográficas com aquele que consideramos ser “o Embondeiro” da Independência de Moçambique. O seu percurso de vida confunde-se com a trajectória da Luta de Libertação de Moçambique, nas suas várias vertentes, com destaque para a diplomacia e a solidariedade. Não se trata de uma obra analítica do engajamento de Marcelino, sob o ponto de vista científico e académico, mas sim de uma obra que se pretende seja um instrumento de referência e que possa servir de base para outros estudos relacionados com esta figura emblemática e incontornável da revolução moçambicana. Estamos cientes de que estas pouquíssimas páginas que contém o livro não contemplam uma boa parte da história de Marcelino dos Santos. A diminuta cobertura deve-se às limitações que tivemos de “arrancar” mais informações, em detalhe, por parte do nosso conceituado entrevistado, limitações decorrentes do seu estado de saúde no período em que realizámos as entrevistas. Movidos pelo dever de prestar um tributo ao velho Marcelino, arriscamos nesta proeza.

Marcelino dos Santos

Multifaceted personality and man of the people

This narrative work by Marcelino dos Santos is the result of several autobiographical interview sessions with whom we consider to be the "Baobab" of Mozambique's Independence. His life journey is intertwined with the trajectory of the Mozambican Liberation Struggle, in its various guises, especially diplomacy and solidarity. This is not a work analysing Marcelino's commitment from a scientific and academic point of view, but rather a work that is intended to be a reference tool that can serve as a foundation for other studies related to this emblematic and unavoidable figure of the Mozambican revolution. We are aware that the very few pages contained in the book do not cover a large part of Marcelino dos Santos' story. The limited coverage is due to the limitations we had in "extracting" more detailed information from our respected interviewee, limitations resulting from his state of health during the period in which we conducted the interviews. Moved by the duty to pay tribute to the old Marcelino, we have risked this feat.

Agosto - August 2023 • Ed. 61 © Revista Xonguila | 109

ÁRVORES DA PAZ

Árvores da Paz é um filme inspirado em factos verídicos ocorridos em Abril de 1994, durante o genocídio cometido no Ruanda pela comunidade hutu contra a comunidade tutsi. O enredo gira em torno de Annick, uma mulher hutu que abriga 3 mulheres distintas – Peyton, Muteshi e Jeanette – durante os terríveis ataques. Todas se refugiam na cave de armazenamento de alimentos da sua cozinha.

O marido de Annick, um hutu de nome François, confiantemente garante que tudo ficará bem com a intervenção da ONU e promete a sua esposa que voltará um dia para resgatar todas elas. Contudo, os dias passam e o socorro não aparece. As mulheres encontram-se fechadas num depósito subterrâneo que apenas abre pelo exterior. Através de uma pequena janela, observam os homens hutu a cometerem crimes hediondos, e empenham-se em sobreviver ao terror mortal da guerra que presenciam.

O filme, rodado inteiramente no espaço

confinado do armazenamento subterrâneo, consegue arrepiar-nos com o que acontece às personagens. Transforma-se num jogo de espera angustiante, não só para aquelas mulheres, mas também para os espectadores. A pergunta constante sobre se elas conseguirão sobreviver consome-nos até ao fim.

Dirigido por Alanna Brown, o filme conta com a representação soberba de Ella Cannon no papel de Peyton, Bola Koleosho como Muteshi, Charmaine Bingwa no papel de Jeanette, Eliane Umuhire como Annick e Tongayi Chirisa a encarnar François.

Com uma duração de 1 hora e 38 minutos, a película expõe-nos ao dano emocional e mental provocado pelos assassinatos e conflitos bélicos. É um conto perturbador de sobrevivência que arrepia qualquer um que o assista. Disponível na plataforma de streaming Netflix, o filme proporciona uma valiosa perspectiva sobre a história do Ruanda, eventualmente por poucos conhecida.

35mm

35mm TREES OF PEACE

Trees of Peace is a film inspired by true events that took place in April 1994, during the genocide committed in Rwanda by the Hutu community against the Tutsi community. The plot centres on Annick, a Hutu woman who shelters three different women - Peyton, Muteshi and Jeanette - during the terrible attacks. They all take refuge in the food storage cellar of her kitchen. Annick's husband, a Hutu named François, confidently assures her that everything will be fine with the UN's intervention and promises his wife that he will return one day to rescue them all. However, days go by and no help arrives. The women find themselves locked in an underground warehouse that only opens from the outside. Through a small window, they watch the Hutu men commit heinous crimes, and endeavour to survive the deadly terror of war that they are witnessing.

The film, shot entirely in the confined space of underground storage, manages to give us chills with what happens to the characters. It becomes an agonising waiting game, not only for the women, but also for the audience. The constant wondering whether they will survive consumes us until the very end.

Directed by Alanna Brown, the film features superb performances from Ella Cannon as Peyton, Bola Koleosho as Muteshi, Charmaine Bingwa as Jeanette, Eliane Umuhire as Annick and Tongayi Chirisa as François.

Lasting 1 hour and 38 minutes, the film exposes us to the emotional and mental damage caused by murder and war. It's a disturbing tale of survival that chills anyone who watches it. Available on the Netflix streaming platform, the film provides a valuable insight into the history of Rwanda, which few people know about.

ÁFRICA GELADA, ALMA INCENDIADA

No ventre de África, a noite cai fria, Sob estrelas veladas, a savana adormecida, Mesmo quando a geada a terra cobria, Pulsavam os corações, na vida incendida.

Os tambores soam, sob o manto do luar, Ecoam as vozes, ao vento contidas, No frio que corta, há calor a dançar, São almas calorosas, em peles endurecidas.

Apesar do Inverno, que o corpo maltrata, No centro de cada ser, arde uma chama. Neste continente, onde o frio desata, Os corações continuam quentes, nenhuma alma reclama.

África fria, porém, quente no amor, Nos corações que batem, encontramos calor.

Pintado Gaspar

116 | Revista Xonguila © Ed. 61 • Agosto - August 2023
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