Investindo no futuro Número de jovens que se preocupa com planos de previdência privada ou de saúde tem crescido
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Vagner Lima Foi-se o tempo em que os jovens não estavam nem aí com o futuro. Hoje, desde cedo se preocupam com a saúde financeira na hora de se aposentar. Aproveitando essa fatia de mercado crescente, os bancos oferecem planos e produtos voltados ao público jovem. Especialistas recomendam que a renda ao final do período produtivo seja de menos 70% da renda atual, já que os filhos estarão crescidos e a casa própria estará quitada. É consenso entre especialistas a quantia certa para poupar: divida sua idade por 2. Se tem 30 anos, deve poupar mensalmente 15% do salário; se tem 40 anos, poupe 20% do salário. Gisele Aparecida é gerente de banco e conta que atende em sua mesa a muitos jovens interessados em investir em planos que lhes rendam uma aposentadoria segura. “Os produtos de previdência privada destinados ao público em geral ainda apresentam custos elevados, principalmente os de administração. Não recomendo produtos que tenham mais que 1% de taxa anual, e dá para pesquisar e encontrar o que cabe no bolso. O problema da maioria dos jovens é que eles não se preocupam em poupar para o futuro nem procuram saber mais sobre esse assunto”, diz. Wellington Mendes da Silva tem 25 anos e há dois decidiu fazer um plano de previdência privada. “Achei interessante os juros que o banco aplicava, uma porcentagem boa para o rendimento, e uma forma de poupança que posso disponibilizar quando precisar, ou usar
para uma futura aposentadoria”, explica. Ele é o único na família que tem plano de previdência. “Eles preferem aplicar algum dinheiro que lhes sobram em poupança simples, ou investir em bens”. Silva está feliz com o plano e não pretende desistir dele tão cedo, pois acredita que lhe trará benefícios no futuro. “Gasto por volta de R$ 60 mensais, que não pesam no meu orçamento. Não penso em usar esse dinheiro em outra coisa. Os rendimentos que terei com o plano me interessam, além de vislumbrar a aposentadoria lá na frente”. O jovem recomenda aos amigos que façam como ele. “Procurem o banco que ofereça o melhor rendimento, informe-se sobre o plano e seus benefícios É muito interessante preocuparmos com o futuro”. Saúde também conta Ter um plano de saúde também é um investimento, não só para quando o peso da idade chegar, mas também para se prevenir, caso alguma surpresa indesejada bata à porta. Pesquisa recente mostra que ter um deles é o maior desejo da ascendente classe C. No Brasil, 47 milhões de pessoas são beneficiárias de planos de saúde privada – 30 milhões fazem parte do plano de empresas – mas o número de usuários únicos tem crescido. Nesse caso, conta a vantagem de quanto mais jovem mais barata é a mensalidade. Flavia dos Santos tem 23 anos. Desde os 17 resolveu bancar do próprio bolso um plano de saúde, porque nem sempre na rede pública recebe o atendimento que necessita. “Às vezes, você precisa ir ao médico
e tem que pagar por alguma especialidade que não tem no posto de saúde. Quando isso acontece, acaba tendo de ir para a rede particular. Fiz o convenio porque é bom até para facilitar exames e internações”, conta. Flávia mora com a mãe, que também tem plano de saúde, e conta que gasta aproximadamente R$ 200 por mês. “Já pensei em usar o dinheiro que invisto hoje no plano para outras coisas para mim, mas não desisto pelo fato de que é minha saúde que está em pauta, e com saúde não se brinca. Penso em fazer futuros tratamentos e, quando eu tiver meus filhos, um plano de saúde poderá ajudar, pois não ponho tanta fé no atendimento do SUS”, explica. “Costumo recomendar aos meus amigos que também façam planos. Saúde hoje em dia é tudo”.
Preocupada com o futuro, Flavia tem plano de saúde desde os 17 anos
Escolha seu plano Como a aposentadoria, por idade ou tempo de serviço oficial só garante o pagamento de no máximo R$ 1.430 mensais, a previdência privada é indicada para quer ter renda superior a esse valor. A previdência privada consiste em duas fases: a primeira é a de acúmulo de capital e a segunda é a de recebimento dos benefícios. No Brasil há dois tipos de previdência: a aberta, que pode ser contratada por qualquer pessoa, e a fechada, para empresas. Plano Gerador de Benefício Livre (PGBL) - Recomendado para pessoas com renda mais alta, pois o valor pago ao plano pode ser abatido no Imposto de
Renda (desde que esse valor represente até 12% de sua renda bruta anual). Porém, quando o dinheiro é sacado, o imposto pago é referente ao total que havia no fundo. Por exemplo, se esse valor for de R$ 500 mil, o imposto será cobrado sobre ele. Vida Gerador de Benefício Livre (VGBL) - A diferença para o PGBL é que não pode ser abatido no Imposto de Renda. Porém, quando o dinheiro é sacado, o imposto cobrado é referente ao que o dinheiro investido rendeu. Por exemplo, se a quantia é de R$ 500 mil, mas o rendimento que houve ao longo do plano foi de R$ 200 mil, o imposto cobrado será referente
a este último valor. É indicado para quem têm renda menor e que, por isso, declaram imposto nos formulários simplificados ou nem declaram imposto. Plano tradicional de Previdência - Tem a garantia de uma rentabilidade mínima e correção monetária no período da aplicação. Se aplica a variação do IGP-M acrescido por juro de 6%. Nesse tipo de plano, pode-se abater até 12% da renda bruta na declaração do Imposto de Renda. Os rendimentos são repassados apenas em parte, que varia de 50 a 85% do total conseguido. Têm taxas de carregamento - aplicadas sobre a contribuição - de até 10%.
Inteligência não-artificial Raíssa Ribeiro Ao avaliar os ganhos de uma intensa rotina de estudos, o universitário de Direito Fábio Mascarenhas, considerado como um nerd pelo seu bom desempenho escolar, aponta que a busca pelo conhecimento melhorou, inclusive, a timidez que o acompanha: “Depois de ter começado a estudar me tornei menos tímido e tenho mais facilidade para dialogar e tomar posições”, conta. Além desse aspecto pessoal, o estudante, no ano passado, passou em sete vestibulares, seis deles em Engenharia: Universidade Tecnológica Federal do Paraná, Universidade Federal do Pampa, Pontifícia Universidade Católica de Campinas, Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP), Universidade Santa Cecília
e Universidade Paulista. E ainda: Economia, na Universidade de São Paulo (USP), sua segunda escolha na Fuvest. O seu objetivo era cursar Engenharia na USP, mas não houve quarta chamada. Então, optou pela universidade paranaense. Estudou um semestre em Curitiba, mas não se identificou com o curso. Com a greve dos professores das faculdades federais, prestou Direito na Universidade Mackenzie e na PUC-SP. Obteve bolsa integral nas duas e escolheu a primeira. Já no primeiro ano do curso conseguiu estágio no Tribunal de Justiça de São Paulo e monitoria em Linguagem Jurídica na mesma instituição de ensino. Outra estudante que é considerada nerd, Emile Casasco, também já foi recompensada pelos seus esforços. Desde o ensino médio recebe bolsas integrais. E na Faculdade de Biologia, por força
do trabalho de pesquisa que desenvolveu sobre a conservação da semente da uvaia, fruta brasileira da família da pitanga, obteve bolsa com menção honrosa na Universidade Federal do ABC. Algo visto pelo orientador Danilo da Cruz Centeno como fruto de um trabalho muito bem feito. Ela também sempre foi uma boa esportista. E representou a cidade de Praia Grande nas modalidades de handebol e xadrez entre 2004 e 2012. Como resultado recebeu bolsa durante os três anos do ensino médio no Colégio Novo Mundo. Quanto à estudante de Engenharia Química da FEI Júlia Ferreira, as fotos no Facebook não mentem. Está estudando em Ohio, Estados Unidos, no Instituto de Tecnologia Rose-Hulman. Tudo custeado - estudo, alimentação, Arquivo Pessoal
Julia está estudando em Ohio, nos EUA, com toda despesa bancada pelo Ciência sem fronteiras, patrocinado pelo Governo Federal
hospedagem, transporte, passagem de ida e volta, plano de saúde - pelo programa governamental brasileiro Ciências sem fronteiras. Devido as notas boas, foi selecionada na universidade como um dos alunos com bom desempenho para participar do programa. “Todo o esforço teve muito reconhecimento, mas o maior deles foi ter conseguido a bolsa (de um ano) no Ciências sem fronteiras”, garante. Desde que foi para os Estados Unidos, Júlia já esteve em sete estados. Conheceu Las Vegas, o Grand Canyon, o Capitólio, Times Square e até acampou. Mesmo assim, foi destaque nos estudos: seu nome apareceu na lista preparada pela reitoria dos principais alunos. O que contará muito na hora de estagiar na América. Mas, antes disso, Julia estudou em colégio bilíngue em Santa Cruz de La Sierra, na Bolívia, onde tornou-se fluente em espanhol e inglês. Prestou o Exame Nacional do Ensino Médio e o exame de proficiência em língua inglesa da Universidade de Cambridge, onde passou com nota B. Muito a aprender Os ganhos com os estudos não são apenas financeiros, mas pessoais. Para Fábio Mascarenhas o conhecimento traz respeito, admiração e bons contatos. Além disso, lhe proporcionou uma visão mais altruísta. “Procuro disseminar aquilo que aprendo e saber que tenho muito a aprender”. Ele acredita que o mundo contemporâneo tenha uma perspectiva cada vez mais tecnológica e teme que a ciência seja utilizada somente para a obtenção de lucros. “Faltam pessoas com brilho nos olhos”, completa. Emile segue o mesmo raciocínio. Segundo ela, se o estudante não faz dos estudos um simples acúmulo de
conteúdo, é possível utilizá-la para além da vida acadêmica. Foi exatamente o que fez. Deu algumas aulas de Biologia para uma amiga com dificuldade. ”Acho que fiquei mais feliz que ela ao saber que o desempenho dela melhorou de uma forma muito significativa”, comenta. Outro aprendizado é o autoconhecimento. Ela acredita que é importante compreender o próprio limite, saber o quanto pode doar de si. “Já tive crise de estafa e estresse, mas foi bom por um lado. Aprendi que devo respeitar os limites que a mente e o corpo me impõem, pois ambos precisam de descanso. Foi válido passar pela experiência para saber que devo evitá-la”. Nem tão estudiosos A princípio, nenhum dos três foi sempre tão estudioso. Júlia se intitula curiosa; Emile começou a se dedicar mais pelo desafio da experiência universitária. Já Mascarenhas resolveu recuperar o tempo perdido. “A partir da metade do segundo ano do ensino médio, exercitei o autodidatismo, li até o início dos vestibulares 30 livros didáticos, cursei Contabilidade na Escola Técnica, fiz curso pré-vestibular e me esforcei na escola”, revela. Ser chamado de nerd ou CDF já fez parte da rotina deles. Júlia, por exemplo, era alvo de piadas quando tirava boas notas na oitava série. Contudo, Mascarenhas pensa ser normal que uma pessoa que não o conheça o imagine como alguém com ideias, opiniões e conceitos chatos sobre tudo. “Entendo que isso seja uma vivência comum com alguém que estude tanto, porém no âmbito universitário entendo que pouquíssimos devam ter essa concepção, pois as ideias e os ideais são muito parecidos com os meus”, finaliza.
Edição e diagramação: Natacha Negrão PRIMEIRA IMPRESSÃO w Maio de 2013
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