REVISTA UBC #31

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10/UBC : MERCADO

YOUTUBE: MODOS DE USAR SAIBA COMO MANTER UM CANAL POPULAR – E LUCRATIVO – NA MAIOR PLATAFORMA DE VÍDEOS DA INTERNET Por Bruno Albertim, do Recife Estourar ou, usando um termo mais contemporâneo, viralizar na internet nem é o mais difícil. Acontece até à revelia de quem persegue a fama virtual. A tarefa dura, mesmo, é continuar em alta em meio à enxurrada contínua de novos conteúdos, novas tendências. Se o terreno onde se busca a glória é o YouTube, então, prepare-se para uma batalha permanente. Na maior e mais popular plataforma de consumo de música na internet (e, como se sabe, também uma das que menos pagam aos artistas), a presença ativa na alimentação do canal e o domínio de técnicas de divulgação, bem como alguns conceitos básicos de marketing, representam a diferença entre vida e morte digital. Não basta apenas publicar um vídeo e esperar a coisa andar sozinha, por melhor que ele seja. “Antes de mais nada, é preciso ter comprometimento. Não se trata de uma mídia social como o Facebook ou o Twitter. O YouTube exige mais do usuário do que qualquer outra mídia”, aconselha Bárbara Apiacá, sócia-diretora da Locomotive, empresa de assessoramento e marketing digital que, em cerca de dois anos de atuação, virou referência nacional para artistas sem o suporte tradicional das antigas gravadoras ou agências de promoção. “Se o artista fica muito tempo sem alimentar a página, dá a impressão de que não há comprometimento, de que o conteúdo é meio desleixado. A não regularidade de envios pode acabar por gerar um desinteresse por parte do usuário”, continua.

FALA QUE EU TE ESCUTO E não é preciso, lembra a expert digital, ter uma música nova para mostrar a cada semana a fim de garantir assinaturas no canal. Até nomes de audiências superlativas como Marisa Monte, Anitta e Luan Santana alimentam seus canais falando com os fãs, dando pequenas entrevistas, depoimentos, fazendo covers – afinal, não é todo mês (ou ano) que se tem um disco novo. “Se você já é grande no mercado, a própria audiência o empurra. Mas, se é pequeno, é preciso alimentar a página com regularidade. Faça vídeos ensaiando, ensinando a tocar uma música, falar do processo de criação ou um diário de composição.... São muitas possibilidades”, Bárbara sugere. Nem todo mundo sabe, mas é possível ganhar dinheiro diretamente com os vídeos publicados no YouTube. A chamada monetização é uma tática lançada pelo gigante do grupo Google para estimular a constante publicação de novos conteúdos e, assim, manter sua posição hegemônica como banco de armazenagem de conteúdo audiovisual na internet. Por meio da ferramenta Google AdSense, o youtuber, ou seja, o usuário que publica vídeos ali, recebe 55% do valor dos anúncios (não se empolgue ainda, é preciso ter dezenas de milhares de visualizações mensais para ganhar algo

como US$ 100), assim como 55% da receita com assinaturas provenientes do canal que tiver criado. Os baixos pagamentos no YouTube são uma realidade mundial, e muitos artistas, de superestrelas a ultra-alternativos, vêm se queixando há anos de receber pouco por seu trabalho. Além disso, disseminou-se nos últimos tempos uma espécie de intermediário para esse negócio. Como redes de TV que usam a plataforma para agregar conteúdos produzidos por terceiros, as chamadas networks, também conhecidas como agregadores digitais, prometem maior exposição e visibilidade em troca de um percentual variável no total arrecadado pelo titular do canal com anúncios. No quadro abaixo você pode conhecer mais sobre essas estratégias de monetização.

VAMOS FALAR DE DINHEIRO? MONETIZAÇÃO, ADSENSE, 'NETWORKS': A PARTE QUE NOS CABE NESSE LATIFÚNDIO Os números são a base do negócio. Primeiro, é preciso publicar bastante (recomenda-se, no mínimo, três publicações por semana a princípio, a fim de gerar interesse e criar uma audiência). Com isso, a base de seguidores do seu canal tende a crescer. Por meio da ferramenta mais elementar de monetização do YouTube, o Google AdSense, que promete pagar 55% do valor de cada anúncio exibido durante um vídeo seu, é possível lucrar algumas centenas de dólares caso atinja uma base razoável de 30 mil a 40 mil seguidores. Isso demanda tempo e, claro, investimento em novos conteúdos (volte ao início deste parágrafo). Nos últimos anos, como já dissemos, disseminaram-se as chamadas networks, também conhecidas como agregadores digitais. São, basicamente, redes que reúnem conteúdos produzidos por milhares de canais mundo afora. Essas empresas ficam com um percentual variável do anúncio e, em troca, oferecem uma maior exposição que aumentaria o lucro total de quem adere a elas. Com usuários contentes (geralmente, os que têm milhões de seguidores) e outros nem tanto, essas empresas têm se popularizado e acabaram se transformando em uma ponte entre o gigante YouTube e os donos dos canais, a tal ponto que, no primeiro pagamento de todos os tempos realizado pelo portal aos titulares de direitos de reprodução, em meados do ano passado, o acordo foi fechado com algumas grandes networks brasileiras, e não diretamente com os youtubers. “Meus ganhos mensais caíram de mais de US$ 600, quando eu lucrava diretamente com o Google AdSense, para, às vezes, US$ 50, quando me associei a uma network americana. Lá, a estrutura é desenhada para atender aos donos de canais enormes, com milhões de seguidores. Portanto, antes de fazer um contrato, procure conhecer as boas networks, que realmente promovem os canais”, diz a youtuber curitibana Narumi Kataiama, cujos vídeos tratam de temas tão diferentes quanto música e cosplay, maquiagem e aborto.


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