Revista UBC #21

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18/UBC : pelo país

Foto: Pedro Cipriano

Guitarras na terra das violas O Centro-Oeste das duplas sertanejas se tornou um dos grandes polos do rock nacional, com festivais independentes entre os mais importantes do brasil Por Paulo Henrique Faria, de Goiânia Leandro & Leonardo, Zezé Di Camargo & Luciano, Bruno & Marrone, Lucas & Marcelo, Luan Santana... Fácil entender porque o Centro-Oeste é associado ao mundo sertanejo. Algumas das maiores estrelas deste que inegavelmente é o mainstream musical por aqui são produto legítimo de Goiás, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul. O que muitos não esperam é encontrar, fora de Brasília, uma cena roqueira tão forte e tradicional no Cerrado. Os festivais goianos Goiânia Noise, Bananada, Vaca Amarela, o mato-grossense Grito Rock e o brasiliense Porão do Rock são legítimos lugares de encontro e troca de ideias e sons, vitrines do mercado independente onde surgiram ou se consolidaram várias bandas que acabaram ganhando projeção nacional. Mais importante evento dedicado às guitarras na capital goiana, o Noise, como é conhecido na cena, chega este ano à 20ª edição. Criado em 1995, ganhou forma e corpo pelas mãos dos produtores culturais Leo Bigode e Márcio Júnior. Diretor de comunicação do evento, Leonardo Razuk lembra que as primeiras edições tiveram papel fundamental como celeiro roqueiro no estado. “Na época estavam rolando outros festivais de rock em cidades do interior de São Paulo, em Recife, e percebeu-se que poderia acontecer algo também em Goiânia. Leo e Márcio fizeram o primeiro na raça. Trouxeram algumas bandas e deram espaço às de Goiânia, num diálogo

de igual para igual”, conta Razuk, ressaltando a importância do deslocamento do eixo de produção de Rio-São Paulo-Porto Alegre-Belo Horizonte-Brasília para o interior. A lógica deu tão certo que acabou fortalecendo o improvável movimento heavy metal goiano. Fundada em 2006, a banda Mugo é presença constante na cena da cidade. Para o vocalista, Pedro Cipriano, Goiânia estimula a criação. “A nossa cidade tem produzido grandes festivais por muitos anos consecutivos, sem parar, e, se você frequentar esses eventos, vai ver que eles são constituídos basicamente de bandas daqui, bandas profissionais, com talento, material gravado, merchandising a postos e tudo o que pode se esperar de um grupo de verdade. A cidade tem colocado em circulação não só no Brasil, mas em outros países, bandas de rock de verdade, sem frescura, sem conversa fiada, como Hellbenders, Black Drawing Chalks e Boogarins. Essa galera não está de brincadeira, não. São todos muito esforçados e comprometidos com seus trabalhos”, analisa. Dos mais fortes representantes do stoner rock no país, o Black Drawing está em processo de composição do próximo álbum. “Estamos vindo de uma média de quase cem shows por ano, às vezes mais. Nos últimos sete anos, rodamos o Brasil todo e alguns lugares do mundo”, conta o guitarrista Edimar Filho. “Em Goiás existe há uns 20 anos um processo contínuo de produção de música autoral e alternativa. Todo mundo da minha geração cresceu ouvindo bandas autorais do mundo inteiro vindo tocar aqui em Goiânia, e acho que isso fortaleceu demais na formação de uma cena. Acho que temos, hoje, a cena alternativa mais interessante e ativa do Brasil”, crê o músico. A própria Mugo se conecta com a cena local há bastante tempo. Com nova formação, eles se preparam para um retorno aos palcos justamente onde tudo começou, o festival Vaca Amarela, que terá sua 14ª edição no mês que vem. “O Vaca

Banda Mugo


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