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ROBERTO FANTONI SAURIN A2 B1 C1 D1
| ANÁLISE SINTÁTICA DOS APARELHOS REPRODUTORES
O professor Constantino tinha um método próprio, que era muito didático, para nos ensinar análise sintática. O pouco que eu sei, hoje, de português eu devo ao Coronel Constantino, que era um excelente professor.
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Mas vamos à história: transcorria o ano de 1969 e nós estávamos no quarto ano ginasial, pertencentes à turma D3. Estávamos sentados num banco existente na Pérgola, ao lado da biblioteca, aguardando o início da aula. E estava uma patotinha ali reunida, que era composta pelo Miranda, pelo Scipião, pelo Silva Abreu. Acho que o Moraes e o Martini também estavam. Nós aguardávamos o início da aula e eu teria dito: – ”Hoje não vai ter aula, porque eu vou fazer uma pergunta para o professor Constantino... Ele vai se empolgar e assim nós vamos matar aula”. E foi feito: entramos em sala, começou a aula e eu, imediatamente, levantei o braço para fazer a pergunta, sendo observado pela patotinha mafiosa, todos já com um sorriso irônico no rosto. Fiz a pergunta, que era sobre sexo. Então, o professor Constantino interrompeu a sua aula, pois ele adorava falar sobre esse assunto, e começou a dissertar sobre o tema. Nós alunos, que éramos adolescentes naquela época, ouvimos, atentamente, a explanação do Coronel Constantino, pois esse assunto era tabu naquela época e nós pouco conhecíamos sobre esse tema. E, ainda mais, para ilustrar o assunto, o professor Constantino desenhava no quadro negro o aparelho reprodutor masculino e feminino e prosseguia em sua explanação. Assim, nós chegávamos ao final da aula sem termos tido a análise sintática, que era o tema proposto para aquele dia. E isso se repetiu em diversas oportunidades, não foi somente naquela aula. Portanto, meus companheiros, se algum de vocês aí tiver alguma deficiência em português, no nosso idioma pátrio, como eu também tenho, o culpado sou eu, porque, em várias oportunidades, como já disse, nós desviávamos o tema da aula e o nosso saudoso professor Constantino, prontamente, nos atendia com as suas explicações.
Anos mais tarde, já adulto, eu estava relembrando dos bons tempos nosso Colégio Militar e, fazendo uma reflexão, concluí que, na verdade, nós nunca enrolamos o professor Constantino, pois, com o máximo prazer, ele interrompia a sua aula para nos explanar sobre esse assunto que era tabu para nós, ou seja, era sobre sexo, um tema que jamais seria abordado em sala de aula, naquela época. Assim, e não só eu, mas tenho certeza que todos nós, somos gratos ao professor Constantino pelos ensinamentos que ele nos transmitiu, os quais, certamente, foram muito úteis para todos nós ao longo de nossa vida. Portanto, ao professor Constantino, os nossos agradecimentos.

AA Pöppl
| A EUFORIA DO PERFUME E A PUNIÇÃO
Lembro de uma história engraçada que me custou uma detenção de FDS em 1971. Um amigo do internato ganhou um enorme perfume Lancaster do pai e, no intervalo de almoço, me ofereceu o vidro todo.
Era a oportunidade de me perfumar, junto com meus amigos... Muitos. Rimos bastante, mas, na hora de entrar em forma, nossos risos continuaram contidos.
O Tenente Erildo, se não me falha a memória, de 50 anos, ficou intrigado, perguntou o que estava acontecendo e quem era o responsável. Um colega, que estava de Cabo de Dia, deu a dica ao Tenente. Assumi a “culpa” e passei sábado e domingo no CMPA, aprendendo a lição com alegria!
AA Reneu
| O PROFESSOR E OS ALIENÍGENAS

Narrativa baseada em fatos reais. O nome do professor não deve ser mencionado por questões de cunho pessoal. Aqui ele será denominado Professor X. O céu estava cheio de estrelas! Eis que o Professor X retornava de carro para Porto Alegre pelo litoral e resolveu alterar sua rota, desviando para transitar pela beira-mar.
Estacionou próximo do posto de salva-vidas. Recostou-se e apreciava as estrelas. De repente, se deparou com aquele enorme objeto em forma de disco.
Com certeza, não se tratava de balão de festa junina, meteoro, pandorga noturna, nada disso. Era, sim, um disco voador, um OVNI! E em terras gaúchas! Mas bah!
Entrevistado pela reportagem, o Professor X descreveu o que aconteceu. “A abdução foi muito além do irreal e do folclore. Posso lhes dizer que da terra eles não são! A coisa pairou sobre mim. Painéis de luzes piscavam, quase todas prateadas. Foi uma forte sensação de formigamento, seguida de intensa sonolência. Uma estranha energia me puxou para dentro do OVNI. O ambiente interno muito sombrio. Tive a impressão que o líder estava sentado, inquieto, com seus olhos movendo-se sobre uma tela que parecia ser um sonar com linhas e mapas. Tudo conformava um estranho ambiente. Os seres – cabeçudos e orelhudos – murmuravam coisas ininteligíveis. Foi a última imagem que tive dos alienígenas! Algum tempo depois, notei que estava com as roupas rasgadas e com os sapatos arranhados.
O curioso é que não me lembro do que havia se passado naquele trecho da viagem. Era como se as últimas horas tivessem sido apagadas da minha memória. Apenas consegui reproduzir um esboço inicial do que me aconteceu”. Caro Professor X

• Muitas pessoas afirmam já terem visto
OVNIs. Por outro lado, todos sabemos que os mistérios envolvendo os objetos voadores e seres extraterrestres dão espaço a teorias de arquivos secretos dos governos, que comprovariam suas existências. • Sua lembrança, querido Professor X, nos é muito grata, tenha certeza, mesmo 50 anos depois de convivermos no CMPA. Desculpe-nos pelas inverdades e irreverência do texto.
AA Zanotta
| O PROFESSOR HALTEROFILISTA
Aquela manhã, revelou que o professor não estava em seus melhores dias.
As aulas de Biologia eram muito práticas, microscópios à frente, preparação das lâminas, experiências com folhas etc. A turma estava inquieta, as coisas não andavam bem na sala, uns não paravam de falar, outros muito agitados.
Até que o professor apanha uma lata, dessas de leite condensado, segura em apenas uma de suas mãos, a esmaga como se fosse papel, e diz: – Adoraria fazer isso com vocês!
E fez-se o silêncio...
AA Zanotta
| O DIA EM QUE O 25 SE TORNOU O 24 + 1
Nossas aulas de Biologia realizavam-se na sala situada junto à quadra de futebol de salão, no corredor oposto ao que se situava o bar do Colégio.
As aulas aconteciam no primeiro horário, após o intervalo maior entre as aulas.
Este era o intervalo para comer as merendas trazidas de casa, quando não eram surrupiadas por um outro colega.
Mas havia, também, os que iam lanchar no bar, portanto, bem afastado da sala de aula de Biologia.
As prioridades do intervalo eram lanchar, bater papo, fumar escondido dos monitores, jogar bola com uma pedra e, ainda, não chegar atrasado para a entrada na sala de aula, sendo, esta última, pouca observada por alguns.
Um dia, cansado de deixar aluno entrar atrasado na sala, o prof. de Biologia resolveu parar os atrasados na porta da sala e, sentado em sua mesa, olha para o grupo e diz: – “Observo que os integrantes deste grupo não são sempre os mesmos, à exceção de um, o A. 25, o único constante neste grupo. Al 25, o senhor deve ser o 24 + 1 desta turma. Podem entrar para assistir a aula”.
O Al 25, sem perder o seu elevado grau de bom humor e camaradagem, colocou o casquete no rosto, se fez de encabulado e respondeu: – “Pois é Professor…”.
A turma e o próprio professor caíram na risada e, desta data em diante, o Al 25 passou a ser chamado de 24+1, fato que nunca o incomodou e até o divertia...
AA Karam
| ALUNO “BOMBER”

Consta que o caso ocorreu na turma B1, que era voltada para a rua Vieira de Castro. Contam as “testemunhas” que o aluno era magrinho, de bochechas avermelhadas, olhar distante, meio sinistro e muito calado, sempre de quepe. Número e nome não identificados.
Num dos intervalos, quando todos já haviam saído da sala, ele deixou um cigarro aceso na ponta de uma dessas bombas usadas nas festas juninas.
O estrondo foi muito forte! Muita fumaça... destruição total da carteira!
O aluno “bomber” teve curta duração no CMPA!
AA Zanotta
| À PROCURA DAS ANDAROLAS
O aluno desceu do alojamento, após algumas horas, ajustando cinto e talabarte, barretina, penacho, carabina, acertando a bandoleira, a posição exata das polainas, enfim, pronto! Eis que o monitor pergunta: – “E as andarolas, onde estão? Tens que apanhar com o Subtenente!”.
Em outra oportunidade, recém-chegado ao CMPA, o “bicho” foi instado a apresentar as andarolas, a fim de ver se tudo estava certo com sua vida escolar. Elas estariam à disposição na Sala 40. – “Anda logo, bicho, vai lá apanhar as andarolas!”.
E a criatura bichana, inexperiente e ingênua, saía à procura... – “Ah é fácil! Sala 38, sala 39, agora viro à direita... Pera aí, aqui é a cozinha e o rancho!”.
É que a Sala 40 não tem número, não existe, ou melhor, é o banheiro dos alunos!
O pior é que existe um significado atribuído às andarolas. Seria meio que “anônimo”, nada
de coisa culta e com credibilidade para o termo andarolas. Em tom de brincadeira, consta que andarola viria do latim “andarolum”, composto por dois elementos, um principal, e outro menos importante! Também há relatos que andarolas podem ser um par de almofadas, “forro de bunda”, literalmente, usado, antigamente, na cavalaria por recrutas da cidade, desacostumados à montaria, algo vexatório, pois demonstrava fraqueza perante o grupo.
Na verdade, buscar as andarolas foi um trote comum naqueles anos de CMPA. Quem aplica não se recorda, mas quem sofre não esquece o trote!
AA Zanotta
| A PROVA DE FÍSICA

Eu me lembro de uma passagem com o Motorzinho. Um TC de Física, se a memória não me trair, no ano de 1972, turma G1.
Era entregue aos alunos: a prova, papel de jornal para rascunho e papel branco para as respostas passadas a limpo.
Eram cinco questões. Eu tinha estudado muito e fiz a prova com muita confiança. Tanta, que uma das questões fiz direto na folha branca, não utilizando a folha para rascunho. Entreguei a prova, certo que havia gabaritado.
No dia da entrega das provas corrigidas, vi que a minha nota foi 8, apesar de todas as minhas respostas estarem certas.
Fui reclamar com o Motorzinho.
Ele pegou minha prova, olhou e me disse: “Esta questão não está no rascunho, você colou, portanto, é zero...’’. Ponderei o que pude, mas ele não voltou atrás... Até hoje estou mascando esta...
AA Karam
| LABORATÓRIO DE FÍSICA
Lembro-me como se fosse hoje! Aula no Laboratório de Física, ano de 1972, turma G1, professor Cel. Bayard (Motorzinho). O professor chamou o Rogério para resolver mais um problema no quadro.
Estávamos sentados naquele balcão em U, com tampo de granito. Eu estava na ponta e assoprei a solução inteira do problema para o Rogério, que apresentou o resultado, dando uma risadinha mista de satisfação e de sacanagem, ao concluir. Mas o Motorzinho não era bobo e perguntou para o Rogério qual era a unidade da resposta, dizendo: – “Que cor é isso? Azul, verde, amarelo?”.
O Rogério continuou rindo, sarcasticamente, e respondeu: – “Amarelo!”.
O Motorzinho gritou: – “Amarelo é o sol lá fora, ruuua!”.

AA Rogério e AA Cylon
| SEMPRE GOSTEI E PASSEI POR MÉDIA EM GEOMETRIA DESCRITIVA
Trabalho Corrente (TC) de Geometria Descritiva em 72. Reunimos um grupo habitual de estudo no apartamento do Paula Dias, na João Pessoa.
Naquela noite, contrariamos, radicalmente, o princípio básico do estudo de não apelar para o “gagá de desespero”. Viramos a noite. Agravando a situação e raiando o dia, surgiu um litro da famosa aguardente Ypióca, que me embaralhou retas, curvas, círculos, planos e diedros. Coroando o estudo, surgiu uma prova antiga da matéria. Checamos nosso estudo por ela.
Na sala, pronto para o teste, para meu espanto, quando abri a prova, ainda meio zonzo, a prova era muito semelhante – na verdade era igual a que tínhamos acabado de resolver.
Todos os do grupo se olharam, vibrando. EU NÃO!... Por quê? Milagrosa e infelizmente, a “marvada” e a noite em claro “apagaram” tudo que estudei. “Congelei” e fui mal nas quatro questões. Desenho, uma matéria que já havia passado por média.
AA Aita
| OS SETE DE PIRASSUNUNGA

Lembro do início, quando fui para o Colégio Militar. Éramos sete de Pirassununga. Quem nos levou para o Colégio Militar foi o nosso antigo Comandante, o Coronel Túlio Chagas Nogueira. Recordo que, quando à noite, todo mundo já estava deitado, pronto para dormir lá no alojamento, um alojamento comprido e cheio de armários e muitas camas, não havia divisão nenhuma. E uma das coisas que notei é que ninguém falava para ninguém o nome da sua mãe.
Era tabu, ninguém podia saber o nome da mãe do outro, porque, à noite, quando todos já estavam deitados, alguém gritava: “C... a mãe do fulano, c… a mãe de beltrano”. Quer dizer, a mãe estava sendo comida por todo mundo. Eu achei muito interessante e engraçado porque era uma forma de interagir com todos os colegas, todos os baleiros internos.
AA Said
| MACACOS NA ÁRVORE?
Segunda série ginasial, turma B3, aula de francês, o professor entusiasta da teoria da presença dos extraterrestres, cada vez que instigado ao assunto, se delongava sobre o tema, deixando de lado a matéria linguística, meta da gurizada para uma sessão pós-almoço.
Empolgado com o interesse da turma, o mestre avança no assunto e conta um incidente ocorrido numa estrada, no interior do Estado, final de tarde, início da noite, teria o mestre testemunhado a aparição de uma nave, na época “disco voador”, planando sobre as árvores que ladeavam a via, duas luzes muito fortes não permitiram o reconhecimento da forma do objeto. O silêncio reinava na turma, na verdade, muitos dormindo, outros apenas deixando o tempo passar, quando um colega (não vou dizer o nome, apenas o número: 120) pronunciou as fatais palavras: – “Sei o que era, Professor, eram macacos em cima das árvores carregando lanternas”.
O nobre ensinador tomou a coloração rubra na face, cerrou os pu-
