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MAURÍCIO DE FREITAS MOTA A1 B2

dos. Tomando o microfone, cumprimentou a todos pela presteza da entrada em forma e pelo garbo dos uniformes traquejados, citando os intensos treinamentos feitos ao longo da semana. Ao finalizar sua alocução, o Comandante bradou: – “Meus alunos, independente das condições do tempo, hoje, em comemoração ao Dia da Pátria Brasileira, o Colégio Militar de Porto Alegre realizará o mais vibrante desfile de sua história, fazendo tremer a Av. João Pessoa com a cadência de sua marcha! Avante, CMPA!”.

Dito isso, e sob as ordens do Maj. Sittoni, o Btl. Esc. iniciou seu deslocamento pela Av. Osvaldo Aranha, liderado pelos bumbos da “Furiosa”, magistralmente, tocados pelo Pecois, pelo Stoll, pelo Pinent e pelo “Quadrado”, chegando na área de espera, junto à esquina com a Rua Sarmento Leite. Lá já estavam o CPOR e a Academia da Brigada Militar, formados na posição “descansar” correta e, totalmente, imóveis. A seguir, foram chegando as demais tropas militares que iriam desfilar, posicionando-se atrás do CMPA.

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Proféticas as palavras do Cel. Túlio. De repente, não mais que de repente, um trovão se fez ouvir e a chuva começou. Não eram uns poucos pingos, mas sim o que, no interior, é conhecido como “chuva de balde” que, misturada a um forte vento e à baixa temperatura, enregelava até os ossos dos mais resistentes, quem dirá da piazada da 1ª e da 2ª Série.

Ficamos uma meia hora nessa situação de penúria até que veio a ordem: – “Está suspenso o Desfile de Sete de Setembro!”. Mas nós já estávamos a meio caminho, ou seja, tanto faria voltar pela Osvaldo Aranha ou pela João Pessoa, pois a chuva, o vento e o frio seriam os mesmos.

Foi aí que o Cel. Túlio reuniu seus Oficiais e Sargentos e, coerente com o que havia antes afirmado, transmitiu sua ordem: – “Digam aos alunos para levantarem a cabeça, estufarem o peito e se prepararem, pois o CMPA irá desfilar!”.

Por sua vez, o Comandante da 2ª Cia Al, Cap. Denardim, estimulou seus alunos dizendo: – “Podem quebrar o chão, que o Colégio manda arrumar depois!”.

Assim foi dito e assim foi feito, para a vibração da garotada, que não queria voltar para o Casarão com “o rabo entre as pernas” por causa do tempo. Afinal, molhados por molhados, todos já estávamos encharcados até a medula.

Foi só esperar as tropas do CPOR e da Academia da BM retraírem para iniciarmos o desfile, com a “Furiosa” à testa.

Chegando na Avenida João Pessoa, o CMPA “rachava” o chão com sua cadência, enquanto a chuva gelada não dava tréguas. Na altura da Policlínica Militar, onde se localizava a Pira da Pátria (junto ao Parque Farroupilha), o General Médici e o Cel. Túlio estavam, marcialmente, postados. Eram das poucas autoridades a receber e a retribuir a continência do Btl. Esc. E nós vibrávamos a cada passo, estufando o peito de orgulho por ser a única tropa a desfilar, enfrentando a inclemência do tempo, sob o aplauso das pouquíssimas e corajosas pessoas que assistiam (na maioria, nossos pais).

Enfim, depois do épico desfile, chegamos ao CMPA onde, para nossa completa surpresa, além dos cumprimentos do Cel. Túlio e de todos os Oficiais e Sargentos, recebemos um copinho (de cafezinho) cheio de... cachaça! Só isso mesmo para esquentar as entranhas depois do frio, da chuva e do vento!

Imaginem a nossa alegria! Única tropa a desfilar desafiando o temporal, armados com nossa CAL e recebendo um copinho de cachaça na chegada! Mesmo os mais piás se sentiram verdadeiros homens naquele dia inesquecível.

AA Pinent, AA Araujo

A REDENÇÃO E A 4ª COMPANHIA

O Parque Farroupilha, mais conhecido como Parque da Redenção, ou, simplesmente, por Redenção, é o parque mais tradicional e popular da cidade de Porto Alegre.

O local onde hoje está o parque, antigamente, era a chamada Várzea do Portão, uma grande planície alagadiça próxima do antigo portão da Vila de Porto Alegre.

Em 1870, a Várzea recebeu sua primeira denominação oficial, passando a se chamar Campo do Bonfim, em vista da construção da Capela do Bonfim em seu limite norte. Houve, ainda, posteriores ameaças à integridade da área, geralmente frustradas, mas, em 1872, o Presidente da Província autorizou a construção de um quartel militar no seu limite sudeste, a origem do atual Colégio Militar de Porto Alegre.

O portentoso prédio em que funciona, sem dúvida nenhuma, faz parte do patrimônio histórico da cidade de Porto Alegre, desde sua fundação em 1872. A bela arquitetura que o caracteriza, onde predomina o estilo neoclássico, mudou a fisionomia da várzea onde foi construído, criando um espaço onde questões ligadas ao ensino e à vida da cidade, do Estado e do Brasil foram, intensamente, vividas por aqueles que circulavam pelas arcadas do “Velho Casarão da Várzea”.

O Parque da Redenção, ao longo de sua história, sempre foi um lugar muito especial para todos os alunos do Colégio Militar, pois simbolizava um pouco de liberdade da rotina escolar. Na realidade, esse Parque sempre foi uma extensão do Colégio Militar.

Nele, praticávamos as nossas corridas das aulas de educação física; as nossas instruções militares. Impossível esquecer estas atividades sob a orientação dos nossos saudosos Sargentos Instrutores. Na Redenção, eram disputadas nossas olimpíadas.

Mas, mais do que tudo isso, era, principalmente para os alunos internos, um lugar para as mais variadas atividades e experiências “extracurriculares”.

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