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MÁRIO JORGE SILVA DE CASTRO A2 B2
II Olimpíada das Armas - 1972
A segunda Olimpíada das Armas foi realizada em junho de 1972, conjuntamente, com a I Olimpíada Ginasial.
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Ambas passaram a movimentar o corpo de alunos desde maio, com seleções dos atletas, treinamentos e organização das torcidas.
A Olimpíada das Armas contaria com atletas das três Armas, enquanto a Olimpíada Ginasial contaria com uma equipe de cada série do Ginásio.
Durante um mês e meio, o Colégio só respirava competições. A abertura dos jogos foi solene e emocionante, com pronunciamento do Comandante do Colégio, desfile das equipes, hasteamento do Pavilhão Olímpico, acendimento da Pira Olímpica, juramento dos atletas e canto do Hino do CMPA pelos alunos do Curso Primário.
A equipe campeã Olímpica Ginasial foi a 4ª Série, enquanto que a campeã da II Olimpíada das Armas foi a Infantaria.
AA Aita
O Pivô que não era do basquete
Durante as disputas dos jogos das Olimpíadas das Armas, um fato inusitado ocorreu em um jogo de basquete.
Antes de iniciar a partida, na quadra em frente à 2ª Cia, na fase de aquecimento com arremessos à cesta, o Al. Paz, do time da Cavalaria, também conhecido como “Quaraí”, estava a caminho de fazer uma bandeja quando outro aluno se atravessou na sua frente e ele bateu com a boca na cabeça do colega. Resultado: dente quebrado. Nosso heroico cavalariano joga sem o dente, com a torcida adversária pegando no pé dele:
– O Quaraí está sem dente! Houve muita risada a despeito do “banguela”.
Mas esta história não termina aí. O “Quaraí” consulta o professor Anacleto, de Biologia, que era dentista, e coloca um pivô para substituir o dente subtraído na cabeçada.
A Olimpíada termina, o tempo passa... Acampamento na Serraria, exercícios do CFR, fuga e evasão e o “Quaraí” perde o pivô... Não, ainda não para por aí... O Al. Ailton, conhecido também como “Baiano”, acha o tal do pivô, em meio àquela vegetação toda.
Esse pivô só foi trocado 38 anos depois…
AA Pedro Paz “Quaraí”
| GUARDA DE HONRA PARA O DEFENSOR PERPÉTUO DO BRASIL
A ideia de civismo foi colocada em prática de maneira festiva pelas ruas de todo o país durante o ano de 1972. O Brasil vivia o ápice dos conhecidos anos de ouro, o “Milagre Econômico”, implementado no governo do Presidente Médici.
Um dos principais eventos programados pela Comissão Organizadora dos festejos do Sesquicentenário da Independência foi o recebimento dos despojos mortais do Imperador D. Pedro I. O ataúde veio de Lisboa e seguiu em peregrinação por todas as capitais.
Coube ao Colégio Militar prestar as Honras Militares com Guarda de Honra (CFR de Infantaria), Escolta de Honra (CFR Cavalaria) e Salva de Gala (CFR Artilharia), e foi muito bem cumprida – gerando efusivos elogios das autoridades e comissão.
Tropa de Infantaria em forma – Curso de Formação de Reservistas (CFR), coturno apertado

Início de revista da tropa M113, Guarda-Bandeira e Comandante da Guarda de Honra

pelo cadarço branco, amarração tipo paraquedista; gota de suor pinga do nariz; escondidos, os dedos dos pés se agitam nervosos para circular melhor o sangue; olho na nuca do colega da frente.
Assistência e autoridades ansiosos pela chegada solene. Brigadeiro Antônio de Sampaio, o Patrono, com certeza estaria “orgulhoso” que só; Cap. Pinheiro, do curso, atento aos detalhes que cumpríamos corretamente; Cel. Jonas tenso ao desempenho de seus comandados; presidente da comissão de festejos, Gen. Antônio Jorge Corrêa, muito realizado; e o Gen. Borges Fortes, Comandante do III Exército, muito confiante.
Reinava longo silêncio naquela tarde de sol quente de abril.
Minha nossa, parecia que os pregos quentes transpassavam a sola do coturno!
Sempre que possível, deixava a tropa à vontade, até que a aeronave Hércules C-130 da FAB taxiou e estacionou no pátio do Aeroporto Salgado Filho.
Aconteceu longa e silenciosa espera; reinava atenção, respeito e curiosidade. E compenetrada imobilidade até que... Haaaa! Um blindado M113 manobrou e voltou-se para a tropa impecável. Roncou grosso por duas vezes e cuspiu fumaça negra na capital dos Pampas.
Alguém me fez um discreto sinal convencionado.
Determinei ao corneteiro: – “Toque Guarda de Honra – Sentido, Armar-Baioneta, Ombro Armas, Apresentar Armas e Olhar à direita!”.
Os alunos-soldados encaravam o féretro decididamente. Estavam perfeitamente alinhados. Era chegada a hora da verdade.
Como Comandante da Guarda de Honra, explodia de vibração! Estremeci de emoção e um frio correu pela espinha.
Minha espada tiniu quando perfilei, como se um raio cortasse meu corpo; choque de 150 anos.
A Viatura Blindada de Transporte de Pessoal M113 com a urna passou em revista a tropa.
“Quietos... peito para fora, barriga para dentro, mão espalmada, polegar também é dedo, olhar altivo, CARA DE MAU, não mexe!!!”.
Minha nossa! Tudo muito perfeito! Caxiagem máxima.
As peças da Poderosa Artilharia sacudiram o aeroporto, rugindo 21 vezes; tremularam as Bandeiras Históricas dos audazes cavalarianos da Arma Ligeira.
Há quem diga que viu arrepiar-se o Laçador, símbolo de Porto Alegre.
Encerrando o cerimonial do aeroporto, o Defensor Perpétuo do Brasil foi conduzido pela Escolta de Honra do Esquadrão de Cavalaria até o Palácio Piratini.
A atuação da Infantaria ficou à altura daquele maiúsculo capítulo – a chegada a Porto Alegre.
Missão cumprida! Independência ou morte!
AA Aita

Aproximação do ataúde com os restos mortais de D. Pedro I
| PROVAS SEM FISCALIZAÇÃO ACREDITEM!

Na esfera militar, desde muito tempo atrás, o grau, enquanto medida de avaliação do desempenho escolar, sempre teve muita importância. Por sua vez, o ato de colar em uma prova sempre foi reprimido e punido com severidade, podendo levar até à exclusão disciplinar dos estabelecimentos de ensino.
No CMPA não era diferente. As regras eram severas. Não pode colar! Os professores distribuíam as provas e a fiscalização presencial era o tempo todo. Nos primeiros minutos, os alunos podiam tirar dúvidas de impressão e nada mais. Daí em diante, era só o relógio mostrando o tempo para resolver as questões.
Os alunos mantinham o silêncio e aquele ar de aprovação x reprovação! Pensavam eles: – “E agora, qual a fórmula disso aqui?”. – “Mas que coisa, caiu justamente o que não sei!”. – “Ei, caiu só o que não estudei!”.
Até que vinha a conhecida fala: – “Terminou o tempo. Parem de escrever. Entreguem a prova!”.
Eis que, nos idos de 1970, o Comandante do CMPA anuncia que passaríamos a fazer provas sem fiscalização. O anúncio causa perplexidade! Vai dar certo, vai dar errado, incertezas conservadoras e inovadoras!
Naquela época, fomos colocados diante de uma situação, completamente, nova, que derrubou vários mitos. O principal ganho? Materializou o importante objetivo de desenvolver valores relacionados à honestidade, responsabilidade, ética e disciplina consciente, entre outros.
O novo procedimento era simples. Em dias de provas, os volumes com as folhas de questões eram distribuídos, dúvidas porventura existentes eram sanadas e professores e monitores não mais se preocupavam em ficar na sala de aula. O aluno que terminasse, levantava e colocava sua prova no local indicado.
Certamente, oportunidade ímpar de comprovar uma boa ideia, a intensa valorização de nossos comportamentos e uma lição de hombridade que levamos do CMPA!
Foi uma inédita experiência na área de avaliação educacional. O mesmo Comandante, posteriormente, introduziu a mesma ideia na Academia Militar das Agulhas Negras, AMAN.
Pérolas sobre provas:
Famoso era o caso do Professor “Motorzinho”: – “Professor, a prova vai ser de cruzinha (múltipla escolha)”? – perguntavam os alunos. – “Cruzinha só no cemitério!” – respondia o professor.
AA Zanotta
| UM DESFILE INESQUECÍVEL
Sete de Setembro de 1969, Domingo, Alvorada 6h30min.
O céu escuro, já cedo, mostrava o que vinha pela frente. Ao toque da sirene, as luzes do alojamento foram acesas para compensar o breu celeste naquele momento.
O Sargento de Dia, delicadamente, pedia que os alunos deixassem os leitos: – “As meninas querem convite pessoal; saltem fora da cama, bando de lesmas”.
– “Uniforme para descer para o café: calça garança, camisa bege e casquete, NINGUÉM de túnica branca, pra não sujar; os bebês vão babar na roupa”.
A movimentação era grande, os semi-internos e externos chegavam para a preparação, o almoxarifado estava aberto, o Subtenente já estava pronto para a distribuição do material e armamento para o desfile.
Os internos se vestindo, num vai e vem frenético entre o banheiro e os “apartamentos”, uns seminus, outros malvestidos e até alguns nus.