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LUIZ ANTONIO ROGGIA PITHAN A2 B1 C1 D1 E1 F1 G2
Assim sendo, seria natural que, além das aulas de Educação Física e do grande incentivo à prática de esportes, houvesse a promoção de grandes torneios, quer fossem internos ao Colégio, quer fossem externos, entre outros colégios.
Dessa forma, tivemos a realização das Olimpíadas entre os Colégios Militares, sendo uma promovida no Colégio Militar do Rio de Janeiro, em 1969, e outra realizada no Colégio Militar de Belo Horizonte, no ano seguinte.
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As Olimpíadas dos Colégios Militares que vivenciamos foram marcantes para os atletas que participaram. Os colegas voltavam exultantes e cheios de histórias, intensificando, desde cedo, a vontade de outros participarem.
Além das competições em si, essas Olimpíadas foram indiscutível marco das atividades educativas dos estabelecimentos de ensino médio, pelos resultados técnicos, pelo comportamento das equipes, pelo cavalheirismo e espírito de luta dos atletas, e pelo congraçamento altamente positivo entre os representantes dos demais Colégios Militares de sete capitais: Belo Horizonte, Rio de Janeiro, Curitiba, Salvador, Recife, Fortaleza e Porto Alegre.
Proporcionou, ainda, conhecimentos gerais do Brasil para os que viajaram e constituiu-se em excelente ação cívica militar.
AA Araujo
Olimpíada do Rio de Janeiro
A Viagem
Viajamos para o Rio de Janeiro em um avião Hércules C147, famoso vagão voador. Entramos, os bancos laterais, malas embaixo deles. Tudo gurizada, a maioria nunca tinha andado de avião, ninguém respeitou a decolagem e nem aterrissagem, subindo escada da porta, foi uma bagunça total. Fizemos uma escala em Curitiba para pegarmos a equipe do Colégio Militar de Curitiba. Bah, nessa escala, o Comandante do avião nos botou em forma e nos deu “aquela chamada”! Dali em diante, seguimos viagem bem quietinhos.
O Arremesso que virou tarefa de gincana
A maioria dos discos para lançamento tem a borda arredondada. Lá, nos apresentaram um disco com borda sextavada, que era o que o atleta deles treinava. Não nos deram opção. Fiquei muito revoltado, reclamei, mas não adiantou nada. O Cel. Tulio passou na hora e me perguntou o que houve. Expliquei para ele e disse que no outro dia iria ganhar o arremesso de peso. Falei e confirmei. Medalha de Ouro. Ficou meu amigo. No dia da formatura da turma de 73, ele era o paraninfo, quando fui receber o meu diploma, ele levantou e veio me cumprimentar.
Lembrando que a única medalha de primeiro lugar foi a minha, inclusive foi tarefa de gincana do CMPA. Era a prova que valia mais ponto. Eu não sabia, quando vi, começou a chegar carro lá em casa. O primeiro que chegou me levou.
A Confusão
Outra passagem foi a rivalidade que se criou entre o CMPA e CMRJ. Perdemos um jogo pra eles, se não me falha a memória, no vôlei. Quase fechou o pau na saída do ginásio. Veio o Comandante do corpo de alunos do CMRJ nos dar a maior bronca! O
Cap. Chicão enfrentou o cara, dizendo que quem mandava em nós era ele.
Grande Chicão. O nome do Comandante era Cel.
Mickey. No fim ficou tudo bem, mas foi por pouco…
AA Flores (Touro)

Delegação do CMPA partindo para Olimpíada do Colégios Militares no Rio de Janeiro em 1969
Olimpíada de Belo Horizonte

Seção “suor poupa sangue”.
Na Olimpíada de BH, o fato de eu ser um atleta “Caxias”, apaixonado pelo atletismo e dedicado nadador, me trouxe vantagem além do resultado: por ser um dos que competiam no maior número de provas (sete), viajei no confortável ônibus leito da TTL, juntamente com os alunos do 3° científico, pois o outro era um semileito. Outro colega que teve o mesmo privilégio foi o Touro, do atletismo e futebol.
A experiência na Olimpíada foi excelente, pois além das competições propriamente ditas, interagimos com alunos das mais variadas culturas. Forjaram-se intensas amizades que perduram até hoje. Os contatos multiplicaram-se nos alojamentos do CMBH e suas áreas de lazer, como, por exemplo, a piscina de 25 metros. Foram os locais mais propícios ao congraçamento. Muito nos encontramos, também, na cidade, onde passamos a maior parte do tempo. A delegação do CMPA não deixou de apoiar suas equipes, independentemente, das modalidades.
Especificamente quanto à torcida, a gauchada arrasou. Comparecíamos sempre em grande número e muito inflamados – hinos, gritos de guerra, cantigas, jargões que desafiavam os oponentes, buzinas, cornetas, tambores, faixas, apitos e tudo que inflamasse aquela barulhenta e ritmada massa. Esta vibração foi um elemento motivacional fantástico – um verdadeiro aditivo.
Há necessidade de serem relembradas algumas passagens.

Delegação do CMPA em parada de percurso em Caxias do Sul para as Olimpíadas de Colégios Militares 1970 - Belo Horizonte
Uma torcida com sangue quente Farroupilha
No futebol de campo e futebol de salão é que a torcida foi mais significativa e motivadora. Chegamos às finais, somente não superando o CMRJ. Desde a Olimpíada no Rio, existia séria rixa com os cariocas. Em 69, saíram no braço, havendo intervenção do Comandante do Corpo de Alunos do Rio e do Cap. Da Silva, o famoso “Chicão”, um admirável líder, representante à altura de atletas, devido a seu porte atlético.
A final do Futebol de Salão foi disputadíssima e dura, só foi decidida nas penalidades máximas, com pequena vantagem para o CMRJ.
Todos jogaram além da conta, mas o Touro (Flores) fechou o gol como um gato.
Encerrado o jogo, invadimos a quadra e transformamos a noite num grande carnaval. Era estandarte para um lado, tambores e cornetas para outro, uma torcida, predominantemente, feminina se misturando com a nossa torcida, com os jogadores vencidos, agora aliados aos vencedores. O ginásio tremia com as músicas e brados de guerra. Transformamos a quadra poliesportiva em um verdadeiro “salão de carnaval” e prolongamos a noite esbanjando alegria.
Testosterona da juventude transbordando, incentivou que vários saíssem garfados com belo-horizontinas para a noite da capital – “lindaças” gurias!
Vencedores ou perdedores, – que nada! – tudo era festa e fair play.
Foi instituído um troféu que não estava computado no início das competições: “Troféu Melhor Torcida”, concedido ao CMPA.
AA Aita