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LEONARDO ROBERTO CARVALHO DE ARAUJO A1 B4 C2 D2 E2 F2 G2

os coturnos, lustrando a fivela do cinto ou passando as calças e camisas.

“Causo” 5

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Na 3ª Cia, uma noite/madrugada, não lembro ao certo, começamos uma escola de samba com bateria. A bagunça foi tamanha que o Capitão Cunha foi chamado a comparecer no CM. Todos os internos desceram para o pátio como estavam: pijama, calção etc. Era inverno e frio. Sorte que tivemos 45 minutos de ordem unida e, claro, aquele inesquecível xixi.

Gerais e Engraçadas:

Quem não se lembra das galinhas pulando antes de morrerem? Quando o prato era com carne de galinha, pela manhã, chegavam dois caminhões com frangos vivos.

Os soldados em cima da carroceria dos caminhões destroncavam o pescoço dos frangos e os deixavam no chão. Eles ficavam pulando até serem recolhidos pelo cozinheiro.

E aquele Capitão, o “HÔ, que, na “palestra”, dava duas palavras e dizia “HÔ, não é o mesmo que, quando estávamos em forma para o almoço, ele chamava o número de alunos para completar a mesa de dez falando cinco e com as mãos mostrando oito dedos?

“Causo” 6

Na 1ª Cia, tinha o Sargento Carvalho que, quando em serviço no fim de semana na Companhia, ligava seu baita rádio e ficava babando o som.

Capitão Resumindo

Em 1969, nossa turma estava na terceira série do ginásio, na 3ª Companhia de alunos, composta por estudantes da 3ª e 4ª Séries do ginásio.

Por volta das 21h, iniciamos uma guerra de travesseiros entre alguns alunos do internato, guerra essa que foi ganhando proporções e foi aumentando a participação de combatentes, bem como de meios de combate. Era água, vassoura a rodo, balde de água. Armários e camas que foram viradas serviam de trincheira.

Ao final dessa guerra, parecia que tinha passado um furacão pelo alojamento: era cama molhada, piso molhado, cama virada, armário fora do local, vassouras quebradas e baldes espalhados.

Eis que entra no alojamento o Sargento de Dia que, vendo tudo aquilo, chamou o Oficial do Dia, o, então, 1º Ten. Antônio Carlos Rodrigues. Ele tinha chegado há pouco no colégio e, talvez, fosse um dos primeiros serviços que realizara.

Rodrigues, vendo o estado do alojamento, mandou o Sargento de Dia colocar todos os internos em forma lá embaixo, na frente da Companhia.

O Sargento deu ordem unida e apresentou a turma para o Tenente que, por sua vez, deu uma senhora bronca em toda a turma e uma lição de moral, dizendo que aquilo não era comportamento de alunos do Colégio Militar. Toda essa bronca durou uns 15 minutos. Então, ele falou: – ”Resumindo…”.

Aí nós nos olhamos, porque já estávamos de saco cheio daquela conversa toda. Quando pensamos que ele iria terminar, falou por mais uma meia hora, até, finalmente, nos liberar.

Já eram 23h, quando subimos para o alojamento e começamos a comentar que era um saco tudo aquilo, com o Tenente dizendo que iria resumir, mas ainda falara o dobro do tempo! Ou seja, o resumo foi maior que a bronca, propriamente, dita!

A conversa continuava, com todos passando a dizer: – “Olha lá o Tenente Resumindo”, tendo essa forma de tratamento pegado, a ponto de todos passarem a chamá-lo, para sempre, de “Tenente Resumindo”.

Após o acontecido, o Ten. Rodrigues foi promovido a Capitão e designado Subcomandante da 3ª Cia de Alunos, mas continuou sendo chamado de Resumindo, agora por todo o Colégio.

AA Antunes

O Fim do Internato

No Velho Casarão da Várzea, a instituição do regime de internato aconteceu em 1887, quando ficaram prontos os alojamentos da Escola Militar e 133 internos ingressaram. Quando foi criado o CMPA, o regime se manteve, ao lado do semi-internato.

Ao iniciar sua segunda fase, em 1962, o CMPA continuou a funcionar nos dois regimes. Os alunos semi-internos tinham aulas pela manhã e pela tarde, podendo retornar aos lares após isso. Os internos só podiam sair nos finais de semana, mesmo assim com limitações. Até cerca do final dos anos 60, estes tinham dois tipos de cartão de saída: vermelho e azul. O vermelho indicava que só poderia sair acompanhado de seu responsável, enquanto o azul permitia que saísse desacompanhado.

A única saída possível nos dias de aula se dava após o jantar (18h), quando o internato tinha o “passeio higiênico”, até às 19h ou 19h30min. Nele, os alunos poderiam passear na quadra da frente da Av. José Bonifácio, até o limite do canteiro central. Nestas saídas, também, eram resolvidas, “no braço” e às escondidas, eventuais questões pessoais, já que brigas no interior do Colégio eram motivos de pesadas punições. No canteiro, ficavam o carrinho de pipocas do “Seu Filandro F. C. Alves” e o de cachorro-quente do “Seu Fidêncio”, tão célebres nos anos 60/70 que o primeiro foi alçado a membro honorário da Legião de Honra, em 1979.

Com o passar dos anos, o regime foi sendo abrandado e os cartões de saída foram extintos; mesmo assim, os internos do ciclo ginasial ainda precisavam de autorização para sair à noite.

Nesses tempos, havia um “estudo obrigatório”, das 19h ou 19h30min às 21h, quando acontecia a “revista do recolher”, onde eram dados alguns avisos e conferido o efetivo. Após isso, a maioria ia para a sala de recreação de cada uma das duas ou três Companhias de Alunos, (conforme a época), pois havia alojamento em todas, onde se via televisão ou se jogava pebolim, sinuca e outros jogos, enquanto outros preferiam ir tomar banho, dormir ou conversar no alojamento ou no pátio. Às 22h, era dado o toque de “silêncio”, apagadas as luzes amarelas, (ficavam apenas algumas vermelhas), e todos tinham que dormir. O estudo obrigatório noturno e os limites do passeio higiênico foram extintos por volta do início dos anos 70, permitindo mais liberdade para os internos saírem à noite, mas só até a revista do recolher.

Nas brigas com os “paisanos”, que aconteciam desde que alguém fosse chamado de “baleiro, balas”, num tom pejorativo, era o internato que saia para “defender a honra do CMPA”. Mesma coisa nas competições desportivas contra os colégios da Capital, quando se ouvia a “ofensa”. À noite, bastava alguém gritar no alojamento: “deu porrada!”, para os internos partirem para a rua e “socorrer” quem, eventualmente, fora “ofendido” ou estivesse apanhando.

Sobre o internato, já em sua versão mais abrandada, vale a pena transcrever o texto do aluno nº 28 Cardoso, publicado na Revista Hyloea de 1979:

“Deus inventou a bagunça. O diabo ficou com inveja e inventou o internato. Creio eu que esta tese seja a mais coerente a respeito do surgimento dessa raça de baleiros que habita o nosso colégio. O interno é geralmente muito alegre e isso às vezes me faz lembrar as hienas. Mas pensando bem, a alegria é a melhor arma existente para enfrentar cada osso duro de roer que é dose para pastor-alemão.

Já na hora da alvorada, quando estamos na melhor parte do sonho, uma irritante sirene soa aos nossos ouvidos, e aparece o sargento querendo botar o mundo abaixo, gritando como um desesperado e dando porrada nos armários.

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