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JOSÉ CARLOS LUZ CRIVOCHEIN A2 B1 C1 D1 E1 F1 G1

Ofegante, completei o exercício, mas logo o Sargento me chamou: – “Vai lá buscar aquele teu colega que ’congelou’”!

Olhando para cima, lá estava um colega em uma pequena saliência da rocha, encostado contra a parede, a meio caminho da descida, mas paralisado.

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Aos gritos de incentivo do Sargento para ambos, desci até ele e falei: – “Vem comigo, tu consegues, vamos”!

Descemos devagar, lado a lado, cada um na sua corda. Já no solo, com um breve tapinha nas costas um do outro, aprendemos o significado da máxima: “ninguém fica para trás”.

AA Cylon “Rapel em S” Campo de Instrução da Serraria CFR 1971

Desembarque de Viaturas em Movimento

O Cap. Da Silva, mais conhecido por Chicão, deu três batidas com a mão na capota do velho caminhão do Exército, uma Dodge, e arrancou por aquela rústica estrada do bairro Serraria.

Aos trancos e barrancos, ganhava velocidade, deixando-me cada vez mais assustado com o exercício que faríamos. Em fila, todos devidamente equipados, inclusive com um mosquetão na mão, ficamos recostados contra as laterais da caçamba, esperando o sinal de que o caminhão havia atingido a velocidade certa. Teríamos que correr com a máxima velocidade possível, antes de nos lançarmos da traseira do caminhão. Dizia a soma vetorial, aprendida nas lições de Física, que quanto maior fosse a nossa velocidade em relação ao caminhão, menor ela seria em relação ao solo... Assim dizia a Física... Mas, à medida que o caminhão corria, mais eu me convencia de que aquilo era uma loucura.

Sem muito tempo para hesitar, veio a ordem: – “Pulem!”.

Lá se foram os dois primeiros de cada uma das fileiras, mas tão logo um deles tocou o solo, bateu com a cabeça e ficou ali, estendido, sem movimento. Aos gritos do Cap. Chicão, o caminhão parou e correram em socorro do colega. Rádio para a ambulância e lá foi ele em uma maca, deixando-nos assustados com o ocorrido.

Não passou muito tempo e soubemos que ele estava bem, recuperado do desmaio.

Pensei: – ‘‘Bem, acabou o exercício’’. Ledo engano, lá fomos nós, novamente, para a caçamba do caminhão, iríamos continuar!

Novos tapas na capota e fomos nós, de novo, naquele corcovear do caminhão, agora ligeiramente mais devagar.

Ainda sem muito tempo para hesitar (desistir, nem pensar!), ao chegar a minha vez, corri o máximo que pude e me joguei da traseira do caminhão, caindo na estrada, dando uma pequena cambalhota para trás, involuntária, é claro! Sobrevivi – pensei!

Aos gritos de comando, assumimos as posições nas laterais da estrada e, aos poucos, meu batimento cardíaco voltava ao normal. Com nossos meros 17 anos, íamos nos tornando soldados.

AA Cylon

Desembarque da viatura em movimento

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