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JOÃO SÉRGIO PEREIRA KELLER A2
| ENQUANTO ISSO, NOS BASTIDORES DA CAVALARIA
Égua Diacuí
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Diacuí era o nome de uma égua de polo. O Reinaldo (Patinho) requisitava o animal para os desfiles e instrução. Teve um dia que a Diacuí estava com um princípio de aguamento e avisei ao Capitão Rodrigues (Eu, como Subcomandante do Esquadrão, era encarregado da distribuição da cavalhada para os alunos). Mas ele disse que seria uma instrução leve! Resultado: a égua teve um aguamento sério, com descolamento de um casco. Deu um bochincho com o dono da égua, que era, se não me engano, o Ten. R1 Argeu.
AA Cantão Esquadrão Cavalaria - Marcha de Vanguarda/Reconhecimento

Rato das Baias
Em 1969, foi criada a seção de Equitação do CMPA, que treinava no CPOR (com os cavalos de pelotão), sob o comando do Capitão da Silva (Chicão). Foi a precursora do Esquadrão. Em 1970, foram criadas as Armas.
O Esquadrão recebeu selas completas (com cargas da frente, porta espada, porta ferradura, bornal, corda de cinzel, malotes para prender a manta, porta lanças nas estribeiras, cabeçadas completas com freio regulamentar, dotado com o símbolo de uma estrela, dourado com passador de língua bem baixo e as mantas negras reúnas. Nossas lanças foram benzidas pelo capelão militar Müller. E, a partir deste Sete de Setembro, o Esquadrão realizava a Guarda à pira do Fogo Simbólico em seu encerramento frente ao Monumento do Expedicionário.
O Sete de Setembro, para o Esquadrão, era trabalhoso, longo, mas com muita vibração. Nosso primeiro Comandante Aluno do Esquadrão foi Marcos Guimarães, hoje, Gen. de Brigada R1, que comandou o 3RCmec e depois a 3ª Brigada de Cavalaria. Somos amigos e jogávamos polo juntos toda a vez que serviu em Bagé. Ficamos acantonados no Centro Hípico do Exército, na Hípica de Porto Alegre. Eu tive a sorte e a honra de entrar para o Esquadrão, em 1970, como voluntário (uma história de insistência e persistência).
Fiquei no Esquadrão de 1970 a 1972. Fora do expediente e nos fins de semana, minha casa era o Centro Hípico. Era um rato das baias, trabalhando cavalos de polo e salto.
AA Cantão
Peleia de Lanças no Ônibus
O pessoal do Esquadrão estava treinando para uma linha de bandeiras históricas, onde entregaríamos, a cavalo, as bandeiras históricas do Brasil aos Alunos do CPOR de São Paulo. História muito bacana do altruísmo do Estado Maior da Cavalaria. Íamos todas as tardes após as aulas treinar no Centro Hípico, nos deslocando por
um velho ônibus. Certa feita, na volta, houve um problema com o Sgt. Santa Catarina (monitor do Esquadrão) e retornamos sozinhos. Levávamos as lanças no ônibus. De repente, começou, de farra, uma peleia de lança dentro do veículo. Não deu outra: lancearam o Boch no rosto.
Não tivemos dúvidas: desviamos o ônibus para o Pronto Socorro, costuramos o gaúcho (pedido de aluno naquela época era lei) e retornamos ao CM. Apresentei o grupamento para o Oficial de Dia para dispensar “SEM ALTERAÇÕES”.
A História do Raio
AA Cantão
Era uma vez, no passado, nos tempos da Cavalaria do CM! Vou contar uma das muitas e divertidas histórias do RAIO. O melhor pelotão de todos os tempos no CFR do Colégio Militar de Porto Alegre.
Olhando para trás, se fôssemos imaginar um acrônimo para o nome que demos ao RAIO, posso dizer que, inconscientemente, ou nem tanto assim, seria esse: R de Rápidos; A de Altivos; I de Intrépidos; O de orgulhos. No fundo, orgulhosos de imaginar que fazíamos tudo melhor e mais rápido que os outros pelotões.
Um pouco era verdade. Encilhávamos os Beiçudos, entrávamos em forma, cumpríamos nossa missão, desencilhávamos e banhávamos as montarias, sempre os mais rápidos! Prontos para escolher os melhores lugares no ônibus Brasinca do CM, “Fanfarra” ou “Costa-reta”, não lembramos mais, na volta da Hípica.
Mas como tudo, cá entre nós, essa história tem, também, o seu Lado “B”. E como vivíamos sempre aprontando alguma traquinagem, algumas incontáveis, ou “inscrevíveis”, vou contar essa.
Um belo dia, resolvemos aprontar para os nossos queridos companheiros e valorosos Comandantes, o Cantão e seu Sub, o “Dick Vigarista” (a bem da verdade nunca entendi o apelido), e infelizmente, não me veio à memória o seu nome, ao que peço mil desculpas.
Nos veio a ideia de levar ao extremo as habilidades da “Rapidez do RAIO” junto à tropa. Como íamos entrar em Ordem Unida, pensamos em obedecer às vozes de comando “super-rápido” mesmo. E assim fizemos: Sentido... Pá! Ordinário Marche... Pá! Direita volver... Pá! Alto... Pá! Descansar... Pá! Continuamos nessa batida por bom um tempo. Confesso que foi bem difícil conter nosso riso! Nossos chefes nos observavam meio desconfiados, não entendendo bem o que estava acontecendo, e imagino, buscando descobrir o que se passava.
Não descobriram! E posso garantir que, ainda hoje, não perceberam o “detalhe” sutil que nos fez quase morrer de rir por dentro, na hora e, ainda, durante muito tempo: todos colocaram “AS BOINAS VIRADAS PARA O LADO ERRADO”.
Passados 50 anos, é essa a história inocente e fantástica, a qual quis resgatar, junto a todos e, em especial, aos estimados colegas e amigos do Raio: Amaral; Cantão; Dick Vigarista; Jader; Motta (in memoriam); Mário Pires e Pedroso. Sinto saudades imensas de todos e daqueles tempos maravilhosos em que convivemos.
Ficou gravado forte em nossas lembranças... a “Rapidez do Raio e a Coragem do Leão”. Assim cruzávamos o Corpo da Guarda com o famoso Grito de Guerra da Cavalaria:
“E O FURACÃO... É A CAVALARIA... E A CAVALARIA... É O FURACÃO”.
AA Tupinambá
