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JADER SALLES BRAUNER A2 B3 C3 D3 E3 F1 G2
se foi. Com o tempo, veio a transformação, não rara na contingência das relações humanas, que modificou a postura dos antigos alunos do Casarão da Várzea.
As contendas com os civis foram acabando e, praticamente, terminaram a partir do ingresso das meninas. Assim, os alunos passaram a se apropriar do apelido, tornando-o motivo de orgulho para todos, como o é atualmente.
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É o fenômeno que sucede quando a referência pejorativa a um grupo passa a ser assumida pelo grupo e utilizada como sinete de identificação fraternal. E foi assim que os antigos e novos alunos do CMPA carregam, com orgulho e honra, por toda vida, a distinção de ser Baleiro.
AA Vilhena, AA Pinent, AA Karam
| HÁ 50 ANOS, FOI ASSIM CONOSCO.
“Era um garoto, que como eu, amava os Beatles e os Rolling Stones”... Dizia a canção de sucesso que rodava nas estações de rádio em 1967. No Brasil, o conjunto Os Incríveis interpretava o hit.
Nos impressionantes anos 1960, o mundo mergulhava em profundas transmutações, entre elas, as estéticas. Garotos, então, passaram a usar cabelos longos, algo só aceito, pelos bons costumes da época, em mulheres. Era tempo de rock’n’roll e uma juventude “iéiéié”. Raízes do mundo pop. E nós, alunos do Colégio Militar, bastiões da educação tradicional, ficamos, esteticamente, anacrônicos com nossos cabelos cortados à cadete na máquina Zero, em uma década na qual era obrigatório ser cabeludo para estar na onda. Frustração! Nossas cabeças, quase raspadas, criavam uma indisfarçável dificuldade de aproximação junto às belas jovens, vestidas com insinuantes minissaias (Uau!). Ora, o que mais um adolescente masculino aprecia? Acertou! Garotas. Naquele tempo, meninos e meninas se encontravam em festinhas de colégios, clubes sociais e reuniões dançantes. E os alunos do Colégio Militar ficavam em desvantagem estética para se enturmar.
Vergonha. Vontade de sair do colégio. Mas a família jamais permitiria e, também, é preciso fazer o Curso de Formação de Reservista (CFR) no próprio colégio. Afinal, era bem mais desgastante servir na dureza de recruta. Bem, o cabelo cortado na forma militar foi uma frustação juvenil, cuja compensação os ex alunos demonstraram quando da saída dos bancos do Velho Casarão.
Aqueles alunos que não seguiram para as academias militares, todos, acabaram por transformarem-se em cabeludos tardios. Hoje, com a visada distante 50 anos desta época, tudo parece sem importância.
Contudo, é inescapável do coração e das mentes daqueles “baleiros” que viveram, na pele, as relações no mundo juvenil, com as mudanças de costumes e relações nos quase dourados anos 60’s e 70’s.
AA Vilhena
| AS BATALHAS NO BOLICHE, NÃO NO BOLICHO
Lá pelos idos de 67 ou 68, nós estávamos cursando o segundo ou terceiro ano ginasial, todos ainda pequeninhos. Lembro que as sextas-feiras, ou sábados, aqueles alunos internos, que não iam para casa, eram convocados pelo pessoal do científico, acho que da Segunda Companhia, a ir fardados, à noite, num boliche que tinha na Venâncio Aires, quase esquina com a João Pessoa. E ali a gente entrava e ficava, todos nós fardadinhos, esperando que alguém gritasse: “Aí, Baleiro”. Era só questão de tempo. Nós então saíamos do boliche e retornávamos ao Colégio para chamar o pessoal do científico. Voltávamos para lá, acompanhados dos “grandões” e, quando entrávamos novamente, imediatamente apontávamos quem tinha chamado a gente de Baleiro. É claro, fechava o pau. E isto se tornou rotina aos finais de semana, até por conta de que o pessoal do científico mandava na gente e a nossa missão era ir no boliche atrair briga para o pessoal mais velho.
Em um domingo, quando o pessoal que era interno retornava para o colégio, à noite, chegou o aviso que o Rudigar tinha levado uma surra, num boliche entre a Vieira de Castro e Santa Terezinha. Todos os alunos que estavam no colégio neste horário, da 2ª e 3ª CIA, foram para o tal boliche com o cinto de gala na cintura, com duas enormes fivelas. A batalha foi grande, mas vingamos nosso amigo e “honramos” a tradição do Baleiro.
Mas como tudo que é bom dura pouco, esta foi a nossa última ida ao boliche, pois foi a gota d’água para o Comandante do Colégio proibir de frequentarmos este local.
AA Carlismar (Padre), AA Aita, AA Pedro Paz (Quaraí)
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LEGIÃO DE HONRA

O ano de 1964, também, marcou a história do CMPA pela criação da Legião de Honra, instituição que seria parâmetro para a criação de congêneres em todos os demais colégios do SCMB (Sistema Colégio Militar do Brasil).
Pioneira no SCMB, a Legião de Honra do Colégio Militar de Porto Alegre foi inspirada, como suas demais similares no mundo, na Legião de Honra francesa criada pelo Primeiro-Cônsul General Napoleão Bonaparte, em 1802, com o fim de recompensar os cidadãos que se houvessem distinguido por feitos militares na defesa da Liberdade ou por outros méritos civis ou militares, qualquer que fosse a origem do cidadão. A Legião de Honra francesa tornou-se, assim, a primeira ordem moderna que visava distinguir serviços meritórios prestados à sociedade, independentemente, da condição social do agraciado, e que o Chefe do Estado personificando a Nação, podia conferir a qualquer cidadão disso merecedor.
No CMPA, foi criada no dia 27 de Junho de 1964, sob inspiração do, então, Cap. Dirceu Pivatto da Silva, com total aprovação do Comandante Cel. Plácido. A publicação de seu Estatuto se deu a 21 de outubro.
Sob a presidência do aluno Marco Antônio Longo, a Legião iniciou com trinta alunos. Posteriormente, passou a comportar dois efetivos: – Legião de Honra Beta (Beta Legionários): alunos que recém ingressavam. – Legião de Honra Alfa (Alfa Legionários): alunos que, após o período de prova de um ano como Beta Legionários, eram promovidos (por unanimidade) a essa condição, na Semana de Caxias.
Os Alfa e Beta Legionários utilizavam vários distintivos no uniforme: • Alfa: bastão, divisa de braço amarela e insígnia de bolso (metal). • Beta: divisa de braço cinza.
Além destas distinções, a Guarda-Bandeira e o Porta-Estandarte, também, eram funções reportadas, apenas, aos Alfa Legionários.