Bio dezembro 2016

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PAPA

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Indicações pastorais do Papa Francisco na Carta Apostólica “Misericórdia e Mísera”

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esta solenidade de Cristo Rei do Universo, o Papa Francisco encerrou o Ano Santo extraordinário em Roma, com o fechamento da Porta Santa na Basílica de S. Pedro; o mesmo gesto se repetiu em várias dioceses do mundo, e também em nossa diocese. O pontífice nos surpreendeu com uma nova carta apostólica que aponta a missão pastoral da Igreja de continuar a anunciar a misericórdia de Deus sem interrupções. A carta é fruto da conclusão do Jubileu da Misericórdia, e carrega o título de “Misericordia et Misera”, com vinte e dois pontos que nos ajuda a entender como colocar em prática o amor misericordioso de Deus na vida da Igreja e de seus fiéis. O ponto central desta carta é o perdão e a caridade, dois eixos que norteiam a dinâmica pastoral. Abstrairmos sete propostas que poderemos trabalhar na Igreja para que continue a ser no mundo um sinal forte do amor misericordioso. O santo padre explica o título da carta a partir das palavras de Santo Agostinho ao “descrever o encontro de Jesus e com a adúltera”. Ele aponta tenazmente que a temática da carta “Misericórdia e Mísera” revela fielmente o sentido do perdão e da caridade, e que Santo Agostinho utiliza essa imagem do Evangelho segundo João para explicar a essência do perdão de Deus. E diz: “Não podia encontrar expressão mais bela e coerente do que esta, para fazer compreender o mistério do amor de Deus quando vem ao encontro do pecador: ‘Ficaram apenas eles dois: a mísera e a misericórdia’.” “Esta página do Evangelho pode, com justa razão, ser considerada como ícone de tudo o que celebramos no Ano Santo, um tempo rico em misericórdia”. O pontífice nos oferece sete implicações pastorais que poderão ser trabalhadas em nossa diocese, como um sinal de gratidão por todas as graças alcançadas neste Ano Santo. A Alegria, n. 3 - o pontífice indica a alegria como dom, graça divina concedida aos homens de boa fé e descreve o quanto foi imensa a alegria que deve ter brotado do coração da mulher adúltera e da pecadora, “a alegria do perdão é indescritível, mas Dezembro de 2016

transparece em nós sempre que a experimentamos”. Todo o homem alegre trabalha bem, pensa bem e despreza a tristeza. [...] “Viverão em Deus todas as pessoas que afastam a tristeza e se revestem de toda a alegria”. São múltiplas as experiências da alegria, a sua variedade encanta não só os relatos do Evangelho, mas o pontificado do papa atual. A alegria é um tema caro ao Papa Francisco, na “Evangelii Gaudium”, ele dedicou 18 pontos em que o tema da alegria aparece como necessário para o progresso da transmissão da fé. Também na Exportação Apostólica pós-sinodal, “Amoris Laetitia” – sobre o amor na família, o papa inicia a carta descrevendo que a “alegria do amor que se vive nas famílias é também o júbilo da Igreja”. Faz da alegria um dom necessário a vida e da dinâmica ad intra (interna) e ad extra (externa) de toda a comunidade de fé. Deixa assim, a sua assinatura por meio do seu testemunho pessoal da alegria em sua vida e missão. E convida-nos a experimentar, viver e fazer o mesmo. A Celebração Eucarística, n. 5 a 7 – o papa afirma que: “em primeiro lugar, somos chamados a celebrar a misericórdia”. A liturgia é o lugar primordial para experimentar a misericórdia de Deus, “na liturgia, não só se evoca repetidamente a misericórdia, mas é realmente recebida e vivida”. O pontífice indica que os sacerdotes devem ter zelo na preparação da homilia e da proclamação. Mas também ter cuidado com a catequese, e recomenda que “cada comunidade pudesse, num domingo do Ano Litúrgico, renovar o compromisso em prol da difusão, conhecimento e aprofundamento da Sagrada Escritura”. De que forma? Tendo “um domingo dedicado inteiramente à Palavra de Deus...” e práticas como a Leitura Orante etc, à luz da temática da misericórdia. Perdão, n. 8 a 11- O pontífice ressalta que o “sacramento da Reconciliação precisa de voltar a ter o seu lugar central na vida cristã”. Observa a importância do sacramento da Reconciliação e de sua celebração em nossas comunidades. Convida a manter as 24h para o Senhor nas proximidades do IV Domingo da Quares-

ma. Mostra a força deste sacramento quando diz que “no sacramento do perdão, Deus mostra o caminho da conversão a Ele e convida a experimentar de novo a sua proximidade”. Expressa a sua gratidão aos sacerdotes missionários da Misericórdia, e estende a faculdade até novas ordens. E confia ao Conselho Pontifício para a Promoção da Nova Evangelização dar as orientações necessárias para uma resposta pastoral dos Missionários da Misericórdia cada vez mais profícuo, como um gesto de solicitude do pontífice, ao que ele próprio chamou de “exercício deste precioso ministério”. Aos demais sacerdotes o papa convida a sempre se prepararem cuidadosamente para o ministério da Confissão, porque é parte integral do seu ministério e da sua missão. Sejam capazes de traduzir no confessionário o gesto acolhedor, paternal, solícitos, claros, disponíveis, clarividentes e “generosos na concessão do perdão”. “O sacerdote no confessionário seja magnânimo de coração e ciente de que cada penitente lhe recorda a sua própria condição pessoal: pecador, mas ministro da misericórdia”. Absolvição do aborto, no n. 12 - o pontífice “concede a partir de agora a todos os sacerdotes, [...] a faculdade de absolver a todas as pessoas que incorreram no pecado do aborto”. Esta é a grande contribuição e novidade desta carta apostólica. Fraternidade de São Pio X, n. 12 - No mesmo ponto, o pontífice estende-se a faculdade de absolvição sacramental de forma válida e lícita dos pecados aos fiéis que frequentam as igrejas oficiadas pelos sacerdotes da Fraternidade de São Pio X, porque já gozaram deste privilégio no período do Ano Santo. Caridade - é outro tema que norteia a carta apostólica. “A porta Santa, [...] introduziu-nos no caminho da caridade, que somos chamados a percorrer todos os dias com fidelidade e alegria”. O pontífice afirma que “há verdadeiros protagonistas da caridade, que não deixam faltar a solidariedade aos mais pobres e infelizes”. Recorda que “muito sinais

concretos de misericórdia foram realizados durante este Ano Santo. Comunidades, famílias e indivíduos crentes redescobriram a alegria da partilha e a beleza da solidariedade”. E convida a inovarmos, a suscitar pelo Espírito Santo, “individuar novas obras de misericórdia e implementá-las com generosidade e entusiasmo”. Conclui o pontífice escrevendo que: “assim, ponhamos todo o esforço em dar formas concretas à caridade e, ao mesmo tempo, entender melhor as obras de misericórdia”. Dia Mundial dos Pobres, n. 21 – Mais um gesto concreto e magnânimo do pontífice a criação do Dia Mundial dos Pobres, devendo ser celebrado em toda a Igreja, na ocorrência do XXXIII Domingo do Tempo Comum. “Será um dia que vai ajudar as comunidades e cada batizado a refletir como a pobreza está no âmago do Evangelho e tomar consciência de que não poderá haver justiça nem paz social enquanto Lázaro jazer à porta da nossa casa. Além disso, este dia constituirá uma forma genuína de nova evangelização”. O pontífice oferece à Igreja, por meio desta carta apostólica, uma preciosa contribuição pastoral, não esgotando neste artigo tantos outros pontos a serem refletidos: como a Família, a Consolação e a pastoral da esperança. Esses imprescindíveis gestos de amor pastoral dado pelo pontífice é para que não venhamos a ter dúvida de colocar em prática o amor misericordioso de Deus à frente de qualquer outro gesto, não piedoso e oco de esperança, na vida dos nossos irmãos e irmãs. Pe. Ms. Rogério Lemos Paróquia N. S. Aparecida - Piratininga 11


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