Jornal Sinditest | Número 29 - Janeiro 2018

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REMETENTE: SINDICATO DOS TRABALHADORES EM EDUCAÇÃO DAS INSTITUIÇÕES FEDERAIS DE ENSINO SUPERIOR NO ESTADO DO PARANÁ SINDITEST-PR | Av. Agostinho de Leão Júnior, 177, Alto da Glória. Curitiba - PR

JORNAL DO SINDICATO DOS TRABALHADORES EM EDUCAÇÃO DAS INSTITUIÇÕES FEDERAIS DE ENSINO SUPERIOR NO ESTADO DO PARANÁ

EDIÇÃO 29 | ANO 24 | JANEIRO 2018 | GESTÃO SINDICATO É PRA LUTAR

| WWW.SINDITEST.ORG.BR

CONJUNTURA

Um ano de muitas batalhas Calendário de lutas de 2018 começa em fevereiro, com a votação da Reforma da Previdência pág. 4 e 5

HOSPITAL DE CLÍNICAS

Ebserh atrasa concursos e não cumpre previsão de contratações pág. 3

SAÚDE DO TRABALHADOR

Saiba como prevenir o estresse no ambiente de trabalho pág. 8


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EDIÇÃO 29 | JANEIRO 2018

EDITORIAL

NOTAS

2018:

um ano de unidade de luta dos(as) trabalhadores(as)

BLOCOS DE CARNAVAL

Curitiba também tem carnaval! A folia começa cedo na capital paranaense, com os blocos de rua fazendo o esquenta para a festa do Momo! Em janeiro e fevereiro, aos fins de semana é possível se divertir pelas ruas do Centro Histórico ao som de marchinhas e sucessos atuais. A festa é democrática! Confira no Facebook a agenda dos blocos Garibaldis e Sacis, 10afinados & aí? e Sai do Armário e Me dei bem!

UM REINO UNIDO

Dica de filme! Baseado em fatos reais, o drama “Um reino unido” traz para a telinha a independência da República de Botswana. Dirigido por Amma Assante, o filme retrata, tendo como pano de fundo uma história de amor inter-racial, questões como o apartheid e conflitos culturais. No elenco, David Oyelowo, Rosamund Pike, Jack Davenport e Tom Felton.

CALENDÁRIO

Lutas e conquistas da classe trabalhadora no Brasil e no mundo. Este é o tema do calendário deste ano produzido pelo Sinditest. A “folhinha”, que já está sendo distribuída nos locais de trabalho, conta com ilustrações do artista gráfico curitibano Simon Taylor.

COLÔNIAS DE FÉRIAS ESTÃO DE CARA NOVA

Sinditest-PR

O

ano de 2018 será um ano de disputa intensa entre os projetos da Classe Trabalhadora e os Projetos dos banqueiros e patrões. E não é apenas pelo fato de ser um ano de eleições nacionais (Presidência, Senado, Câmara, Governadores e Assembleias Legislativas). Os principais desafios continuam os mesmos: enfrentar as medidas do Governo de Michel Temer que destroem as condições de vida dos trabalhadores. Desde que o ilegítimo assumiu o país, vem tentando aprovar a Reforma da Previdência, se utilizando de campanhas midiáticas falaciosas, atacando os serviços e servidores públicos, e culpando a população pela crise econômica. O governo inventa dados sobre o déficit e tenta ganhar o apoio dizendo que haverá economia de gastos públicos e retomada do crescimento econômico. Temer já demonstrou que consegue comprar os votos de muitos parlamentares, quando das votações sobre suas investigações. Agora, esses deputados e senadores têm o interesse imediato no voto dos trabalhadores e trabalhadoras nas eleições de outubro, e por isso teremos que utilizar esse cenário para pressionar cada um deles para que não votem a favor de Temer. Teremos que fazer muita pressão. O mais importante é mostrar que mesmo depois de ter sofrido vários ataques, como a EC95 (teto dos gatos), Terceirizações, Reforma Trabalhista, a classe trabalhadora não deixará que novos ataques sejam aprovados, e ainda exigirá revogação de todas as medidas de Temer. Para isso, é preciso que as direções das grandes centrais sindicais, federações e confederações, reeditem a greve geral que ocorreu em abril de 2017. E dessa vez será necessário mais força, maior adesão, para que assim possamos pressionar Governo e parlamentares que certamente estão pensando dia e noite nas eleições de outubro.

Fachada da Sede de Itapoá

Pintura novinha, reformas no telhado, no deck das piscinas e no parquinho. Os filiados e filiadas já perceberam as mudanças: as colônias de praia do Sindicato estão prontas para a temporada 2018. Tanto Itapoá quanto Shangrilá receberam melhorias. Antigas demandas da base como telas nas janelas dos quartos, também já foram instaladas. “Fizemos todos os reparos que eram necessários para que os usuários e usuárias desfrutem de suas férias com conforto e segurança”, conta José Carlos de Assis, um dos coordenadoresgerais do Sinditest. As duas sedes contam ainda com o serviço de lanchonete, onde são servidos almoço, jantar e porções. O verão só está começando! Venha curtir a temporada nas colônias do Sindicato. Informações sobre reservas através do telefone: 41 3362-7373.

EXPEDIENTE O Jornal do Sinditest-PR é uma publicação do Sindicato dos Trabalhadores em Educação do Terceiro Grau Público de Curitiba, Região Metropolitana e Litoral do Estado do Paraná. Avenida Agostinho Leão Junior, 177 – Alto da Glória - Curitiba/Paraná | Telefone: (41) 3362-7373 | Fax: (41) 3363-6162 www.sinditest.org.br | imprensa@sinditest.org.br Fotos: Sinditest-PR. Jornalista Responsável: Silvia Cunha - MTB: 0009599/PR. Redação: Luisa Nucada e Silvia Cunha | Diagramação: Ctrl S Comunicação (www.ctrlscomunicacao.com.br) Tiragem: 5.000 exemplares | Gráfica: Gráfica Mansão - fone: 3598.1113 e 9926.1113. É permitida a reprodução com a citação da fonte.

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HOSPITAL DE CLÍNICAS

Após 380 DESISTÊNCIAS, EBSERH chama NOVO CONCURSO

A

divulgação UFPR

demora nas convocações e o adiamento da contratação de novos(as) funcionários(as) EBSERH provocaram mais de 380 desistências na última chamada da Empresa, no início do mês. Será realizado um novo concurso em abril para preenchimento de 524 vagas. Mais de três anos após assinar contrato com a UFPR, a EBSERH falhou em contratar os 1,7 mil funcionários(as) prometidos(as) para que o Hospital de Clínicas funcione em sua capacidade total. Começaram a atuar no dia 2 de janeiro 590 funcionários que atenderam à última convocação. “Muitos desistiram da vaga por vários motivos. Houve muita demora para convocar, foi nos 45 do segundo tempo, no último mês para expirar o prazo do concurso. Alguns candidatos já tinham conseguido passar em outro concurso. Outros desistiram por causa da exigência de ter que deixar o emprego. Tiveram receio de pedir demissão e não serem contratados, como ocorreu em outubro”, diz o coordenador de Administração e Finanças do Sinditest Max Colares. Em agosto e setembro do ano passado, 351 aprovados(as) no concurso de 2015 – primeiro e único realizado pela EBSERH para o HC até agora – foram convocados(as), com início das atividades previsto para outubro de 2017. No entanto, a EBSERH adiou para janeiro deste ano as contratações, alegando falta de verba. Muitos(as) já haviam pedido demissão ou exoneração de seu empregos. Os(as) de fora da cidade, já haviam mudado e alugado imóveis. Devido à prorrogação da Empresa, esses(as) trabalhadores(as) ficaram quatro meses sem salário. Como o concurso venceu em setembro, não houve como repor as desistências convocando os(as) próximos(as) da lista. De acordo

Gestão do HC recebe os novos funcionários da EBSERH

com a imprensa, a Ebserh irá realizar outro concurso, processo demorado e oneroso que postergará ainda mais as novas contratações que o Hospital precisa para resolver os problemas de falta de pessoal. “Contratação de médicos(as), enfermeiros(as) e técnicos(as) em enfermagem são as maiores demandas do Hospital. A superintendência apresentou planilhas de dimensionamento com o número de funcionários necessário para que o hospital trabalhe em gestão plena, a todo vapor, abrindo todos os leitos. No entanto, o dimensionamento inicial realizado pela empresa não levou

em conta a parte administrativa, já era um número insuficiente. Agora então, com as desistências, a defasagem de pessoal ainda permanece”, afirma Max. “O Sinditest defende melhores condições de trabalho e direitos para os trabalhadores da EBSERH. Precisamos iniciar um processo de isonomia entre os vínculos de trabalhadores no hospital. Direitos como jornada de 30 horas, estabilidade, plano de carreira, melhores salários e liberação para atividades sindicais. É no local de trabalho que começa a lutas por igualdade e direitos. Todos os trabalhadores juntos são mais fortes!”, completa o coordenador.

BOLETIM JURÍDICO

Ações Coletivas SINDITEST | Situação 2017 AÇÃO DE RESTITUIÇÃO DO FGTS 5010309-07.2014.404.7000 Trata-se de Ação Coletiva de 2014, que visa discutir a inaplicabilidade da Taxa Referencial (TR) como índice de correção do FGTS, pleiteando que o mesmo seja corrigido pelos índices INPC ou INPA desde janeiro de 1999, em todos os meses em que a TR foi menor que estes. Na situação atual o processo encontra-se suspenso por decisão do Superior Tribunal de Justiça, que determinou que todos os processos que discutissem a aplicabilidade da TR sobre aplicações financeiras deveriam aguardar que a questão seja decidida no tribunal superior, o que resultaria na pacificação da controvérsia em âmbito nacional.

AÇÃO CORREÇÃO DO FGTS 970022056-7/ 00220563519974047000

A Ação Coletiva foi proposta em 1997 e visava à correção do FGTS relativo às diferenças ocorridas entre 1986 e 1991. Após o provimento do pedido foi negociado com a Caixa Econômica o pagamento em bloco dos valores devidos. Com discordância sobre a inclusão de demais trabalhadores na ação, o processo ficou em recurso até abril de 2017, em que foi deferido a abrangência dos ganhos para trabalhadores da UFPR, UTFPR e FUNPAR. Após o deferimento os pagamentos serão retomados.

AÇÃO COLETIVA DA UNIDADE DE REFERÊNCIA DE PREÇOS (URP) 5027333-48.2014.404.7000 Trata-se de Ação Coletiva que visa anular o ato administrativo que determinou a supressão dos pagamentos referentes às parcelas da URP/1989, garantidas por decisão judicial anterior, decorrente das variações econômicas do período de final da década de 1980 até meados da década de 1990. Foi proferida decisão de antecipação de tutela favorável aos trabalhadores, determinando que a UFPR mantivesse os pagamentos das parcelas da URP/1989, para evitar prejuízo nos vencimentos dos servidores, até julgamento definitivo da demanda. Os pagamentos não retornaram e o processo aguarda que seja proferida sentença. Em caso de acolhimento do pedido os pagamentos serão retroativos.


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CONJUNTURA

Fotos: Sinditest-PR

2018:

Trabalhadores(as) da base do Sinditest participam de ato contra a retirada de direitos e as Reformas do governo Temer

UM ANO de BATALHAS para a classe trabalhadora Reforma da Previdência e desmonte da carreira estão entre principais ameaças

O

ano de 2018 inicia com a perspectiva de muitas batalhas para os(as) trabalhadores(as). O ataque inicial tem primeira votação prevista para 19 de fevereiro, data em que a Reforma da Previdência vai para o plenário da Câmara dos Deputados, em primeiro turno. Para convencer a população e, assim, conquistar os votos necessários, o governo Temer tem realizado uma campanha massiva na grande mídia para pintar os(as) funcionários(as) públicos(as) como privilegiados(as). “Nós já vimos essa tentativa de depreciar os servidores públicos na década de 90, no governo Collor, que dizia ‘vamos acabar com os marajás’. Era uma iniciativa para privatizar tudo que fosse público. Desta vez, Temer se aproveita e refaz a campanha, dizendo ‘vamos acabar com os privilégios’”, diz a coordenadora de Administração e Finanças, Mariane Siqueira. O custo até agora para os cofres públicos da campanha publicitária foi de R$ 100 milhões. A principal estratégia de defesa da classe trabalhadora no momento deveria ser a organização de uma greve geral para o dia da votação.

No entanto, as maiores centrais sindicais ainda sequer confirmaram uma paralisação para a data. A CSP-Conlutas, à qual o Sinditest é filiado, já lançou a campanha “Se colocar pra votar, o Brasil vai parar!”. Na avaliação do Sinditest, as bases devem pressionar as cúpulas das centrais sindicais e exigir a articulação da greve geral.

Mudanças

O texto da Reforma da Previdência foi alterado. Por não ter apoio popular, o governo Temer teve de ceder em alguns pontos, e retirou o tempo mínimo de trabalho para aposentadoria dos(as) trabalhadores(as) rurais, por exemplo. De acordo com o professor de Direito Previdenciário Marco Serau, a última redação da Reforma unifica os regimes público (funcionalismo) e privado (celetistas). Uma das principais alterações é a redução de 25 anos para 15 anos do tempo mínimo de contribuição para requerer a aposentadoria parcial (60% do benefício) no Regime Geral da Previdência (RGPS). O tempo mínimo de contribuição dos(as) servidores(as) permanece em 25 anos (70% do benefício).

Pela nova regra de cálculo, para ter acesso a 100% do teto da aposentadoria, o tempo de contribuição dos(as) beneficiários(as) do RGPS e do serviço público será de 40 anos. “Já para os servidores públicos que entraram antes da EC 20/98 e 41/03, vigoram regras de transição, que são basicamente a exigência de idade mínima de 60 anos para homens e 55 para mulheres, bem como 35 ou 30 anos de contribuição, respectivamente, além de pedágio de 30% das contribuições que faltem para completar esse tempo na data de promulgação da Reforma”, afirma o professor.

Desmonte do serviço público

O funcionalismo público federal está na mira do governo Temer. São muitas as ameaças que a categoria terá de enfrentar em 2018. Saiba as principais:

Reestruturação da carreira

O Ministério do Planejamento está editando uma minuta que modifica as carreiras no serviço público federal. A proposta de reestruturação das carreiras do Poder Executivo amplia para 30 o número de níveis à progressão, prevê a extinção de cargos e do incentivo à qualificação.

Estabilidade

Os(as) servidores(as) correm ainda o risco de perder a estabilidade. O PL do Senado nº 116/17 prevê a demissão do(a) servidor(a) público(a) por insuficiência de desempenho. É o conceito de meritocracia e performance empresarial que não se aplica ao serviço público, a começar pelas condições de trabalho desiguais. O PL aguarda ser incluído na ordem do dia para votação, e caso aprovado, segue para sanção presidencial.

Contribuição previdenciária

A Medida Provisória (MP) 805/17 prevê o aumento da contribuição previdenciária de 11% para 14% sobre o valor que exceder o teto do INSS, além de adiar reajustes do funcionalismo. O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Ricardo Lewandowski, suspendeu provisoriamente a medida no dia 18 de dezembro de 2017. O governo federal está recorrendo.


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CONJUNTURA | ENTREVISTA

Divulgação

ENTREVISTA D

enise Gentil é economista e professora da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), onde defendeu sua tese de doutorado sobre a falsa crise da Seguridade Social. A pesquisadora do tema respondeu algumas perguntas sobre a Reforma da Previdência. Confira:

Categoria mobilizada participa de ato e “ovada” contra a Reforma da Previdência

PDV

Após fracasso em 2017, o governo de Michel Temer pretende lançar uma nova Medida Provisória (MP) e reeditar o Programa de Desligamento Voluntário (PDV). A antiga MP caducou no Congresso. O PDV é uma cilada que se apresenta como oportunidade. O governo prevê a demissão de cerca de 5 mil servidores(as). Foi esse o número de trabalhadores(as) que caiu no engodo do PDV de FHC, na década de 90, e não obtiveram as contrapartidas prometidas pelo governo, como estímulos para o empreendedorismo, com linhas de crédito e cursos de capacitação.

Extinção de cargos

Temer assinou decreto que extingue 60,9 mil cargos federais que estão ou ficarão vagos na administração pública federal direta, autárquica e fundacional, no último dia 10. A medida também barra a abertura de concursos públicos para estes cargos. O Decreto 9262/18 extingue diferentes carreiras do serviço público federal, incluindo a de TAE’s das IFE’s. A medida prevê, de imediato, a não realização de novos concursos públicos para 58 cargos, dos níveis de classificação C, D e E. Há ainda a indicação de extinção imediata dos seguintes cargos vagos, não ocupados: 128 vagas de Enfermeiro do Trabalho e 523 de Datilógrafo de Textos Gráficos.

Utilize o leitor de QR Code do seu celular para acessar a ENTREVISTA na íntegra

A principal justificativa para a Reforma da Previdência é a de que existe um déficit no sistema. Essa afirmação procede? Denise Gentil - Não, não existe um déficit. Nas contas que eu faço e naquelas que a ANFIP e outros pesquisadores também fazem, não há déficit. A diferença entre o cálculo realizado pelo governo e as afirmações que nós fazemos é que seguimos o que está disposto nos artigos 194 e 195 da Constituição Federal para fazer o cálculo fiscal do resultado da Seguridade Social. Não tratamos a Previdência de forma isolada, mas como um dos pilares da Seguridade Social. A Previdência Social não é um mero seguro, ela é parte componente do sistema proteção social, o nosso welfare state, que chamamos de Seguridade, e que também inclui a Assistência social e a Saúde. Isolando a Previdência é que o governo chega ao resultado do déficit? Denise Gentil - É isso mesmo, o governo isola a Previdência e, do lado das receitas, desconsidera a Contribuição Social sobre o Lucro Líquido - CSLL, o PIS/PASEP, que financia o seguro desemprego, a Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social - Cofins, e algumas receitas próprias que pertencem a órgãos da Seguridade Social. Com esse mecanismo o governo subestima as receitas. Por outro lado, infla os gastos ao colocar, do lado da despesa, as aposentadorias e pensões do regime de previdência dos servidores públicos, dos militares e dos funcionários dos antigos territórios federais. Ou seja, o governo não segue a Constituição. Sua fórmula de cálculo se transformou numa manobra contábil para fazer com que o sistema previdenciário pareça um sistema inviável. Se for feito um cálculo totalmente apoiado na Constituição Federal, um cálculo não da Previdência Social, mas para a Seguridade Social, o resultado será outro. Qual seria uma solução às reformas de Temer e outras medidas de ajuste fiscal? Denise Gentil - Ao invés de arrocho fiscal, redução do crédito, câmbio valorizado e taxas de juros elevadas, precisamos de políticas que se voltem para o pleno emprego, para a reindustrialização do país, para as exportações, para a construção da infraestrutura econômica e social no setor de habitação, transportes, energia, sa-

neamento básico, ou seja, precisamos desesperadamente da superação do subdesenvolvimento. O que quero dizer é que não é fazendo uma reforma paramétrica que se corrige um déficit na Previdência, se ele existisse. Não adiantará nada fazer reforma para cortar aposentadorias. Nada, mesmo. Nosso problema é estrutural. Precisamos de um novo projeto de sociedade, um verdadeiro projeto de desenvolvimento, um projeto de nação solidária que tenha como meta central o combate à pobreza e à desigualdade. Esse outro projeto que a senhora sugere elevaria o endividamento do Estado? A dívida pode se elevar no início do processo de retomada da intervenção do Estado, mas quando a economia começar a se recuperar, a arrecadação de tributos será maior, e essa dinâmica que se estabelece entre o crescimento do gasto, elevação do PIB e o aumento das receitas públicas será forte o suficiente para gerar recursos para cobrir os gastos com a dívida de forma que a tendência é a dívida cair. Essa estratégia já foi usada em várias economias no passado. O movimento sindical continua ocupando um espaço central na resistência dos trabalhadores? Caso contrário, o que precisa ser mudado? Denise Gentil - Com certeza tem um espaço central. É a única chance que nós temos. Que os sindicatos se tornem mais aguerridos, mais agressivos, mas persistentes na sua luta. Até hoje, foi a melhor forma de organizar os trabalhadores, mas é importante que ampliem suas fronteiras de atuação ao máximo que puderem. Isso significa fazer movimentações em Brasília. Um exemplo importante foi o dos trabalhadores da área de segurança que invadiram uma sessão de votação da Câmara e conseguiram uma resposta. A ocupação dos trabalhadores da área rural é outro exemplo, essa ocupação foi mais pacífica, porém eficiente. Esses dois grupos atuaram de uma forma extremamente persistente, muito mobilizados e conseguiram fazer com que as regras que a Reforma está querendo passar fossem modificadas. No caso dos rurais, conseguiram desfazer tudo, de tal forma que, para eles, nada vai mudar, as regras permanecerão as mesmas de hoje. Mas tem que estar lá, repito, para que essa reforma da Previdência, na sua integridade, não tenha nenhuma chance de ser aprovada.


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INCLUSÃO

Noemi Froes/Alep

Projeto de Lei regulamenta profissão de

INTÉRPRETE DE LIBRAS

U

ma vitória para a categoria. Em dezembro do último ano, tradutores(as), intérpretes de Libras e Guias-Intérpretes (TILS) conquistaram a aprovação do Projeto de Lei que regulamenta a profissão de TILS, além de outras provisões. O documento é fruto da construção coletiva de vários(as) profissionais juntamente com o poder legislativo. O gatilho para esta série de avanços foi uma Audiência Pública realizada no começo de 2017. Por meio dela, criou-se uma “Subcomissão Especial para Discutir e Propor Regulamentação e Outras Providências Afetas ao Exercício Profissional dos Intérpretes, Guia intérpretes e Tradutores da Língua Brasileira De Sinais – Libras”. Instaurada dentro da Comissão de Direitos Humanos da Pessoa com Deficiência da Câmara de Deputados Federais, esta subcomissão estabeleceu um calendário de reuniões e de ciclos de debates pelas cinco regiões do país, com a leitura e aprovação do relatório final no último dia 13 de dezembro. Em seu conteúdo, o relatório buscou contemplar outras indicações ao poder executivo, como a proposta de abertura de mais cursos superiores para formação de TILS, criação de conselho

Audiência regional do Paraná discutiu o Projeto de Lei aprovado no fim de 2017

profissional para a categoria, abertura de novos concursos nas diversas esferas do atendimento público e a imediata convocação de profissionais já aprovados(as) em concursos anteriores.

Tramitação

O relatório segue agora para tramitação em subcomissões dentro da Câmara de Deputados até chegar ao Plenário para aprovação. “Isso quer dizer que pode haver mudanças em qualquer momento. Precisamos estar atentos e mobilizados a fim de esclarecer aos parlamentares que compõem as subcomissões sobre as nuances que são tão importantes para nós. Precisamos, inclusive, pressionar para que o texto tramite de maneira ágil, sem ficar anos no limbo. A perspectiva otimista é de dois anos de tramitação”, explica Anderson Gomes, coordenador de Combate às Opressões do Sinditest e primeiro secretário da APTILSPR - Associação dos Profissionais Tradutores e Intérpretes de Língua Brasileira de Sinais e Guias Intérpretes do Paraná.

Extinção de cargos

O momento é de luta. O recém-publicado De-

creto 9.262/18 assusta a categoria. Ele extingue o cargo em nível superior de TILS e proíbe a abertura de concursos no âmbito do executivo. “Avançamos e precisamos nos organizar ainda mais. Não apenas os TILS estão nessa situação de falta de horizontes, mas Secretário Executivo, Auxiliar em Administração, Enfermeiro do Trabalho entre outros também se somam nesta luta”. Para Anderson, este é um ataque direto ao PCCTAE (Plano de Carreira dos Técnicos em Educação). “Ele já era previsto e começa a aparecer de maneira sorrateira, com ataques pontuais, a fim de desestruturar a classe trabalhadora, e exatamente por isso precisamos ficar atentos e nos unirmos contra estes despropósitos deste governo ilegítimo.” Ele completa: “é uma luta que precisa ser travada entre TILS e com estes outros cargos e com todo o funcionalismo público, já que em última análise esse decreto deixa esses cargos em extinção. O reconhecimento de sermos esta classe de trabalhadores em educação nos coloca, aqui no Paraná, junto ao sindicato que nos representa federalmente, o Sinditest, assim como em outros sindicatos pelo país e com a FASUBRA”.


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EDIÇÃO 29 | JANEIRO 2018

UTFPR

Oposição a Pilatti ocupa QUATRO das CINCO cadeiras do COUNI

U

m feito histórico. Esta é a avaliação da bancada dos técnicos e técnicas da UTFPR sobre o resultado da última eleição para escolha dos representantes titulares e suplentes para o Conselho Universitário da instituição - COUNI, quadriênio 2018-2022. A categoria fez bonito! Foram eleitos(as): Rodrigo Deren Destefani e Carlos Augusto Pegurski, Belmiro Marcos Beloni e Elton Moura Santos, Claudineia Lucion Savi e Claudia Nardin, além de Edna Marta Pelosi e Karina Heberle. “Das cinco vagas, elegemos quatro duplas de oposição à Reitoria, mesmo com o peso da administração, com relatos de assédio e pressão. E a chapa não eleita também teve ótimo desempenho. Isso mostra como os técnicos-administrativos não se veem representados por esse grupo que há anos ameaça

as 30h e que puniu os grevistas que lutaram pela Universidade. É um recado inédito”, explica Pegurski, novo conselheiro e um dos coordenadores-gerais do Sinditest.

importantes para a categoria e para a Universidade passam por ali. É preciso ocupar o Conselho no sentido de uma UTFPR que ouça mais a comunidade e espelhe seus anseios”, enfatiza Carlos.

Compromisso

Desafios

Para Claudia Nardin, que também integra a coordenação do Sindicato, o número reduzido de TAEs que compõem o COUNI implica na necessidade de representantes “fechados” com a categoria. “Nosso compromisso é debater e ajudar na construção de uma universidade democrática, socialmente responsável, igualitária e justa”. Prevista para acontecer ainda neste primeiro trimestre, a posse do grupo representa mais que um simbolismo. “A eleição tem uma importância prática: as políticas mais

E não serão poucos os desafios dos novos conselheiros e conselheiras no órgão deliberativo e consultivo máximo da Universidade: “o fato de ter um Reitor (e presidente do Conselho) intransigente, impositivo e que não dialoga com a comunidade, como foi com relação as 30h, certamente torna a missão ainda maior”, finaliza Claudia. Confira abaixo o placar final das candidaturas ao COUNI:

RESULTADO DA APURAÇÃO | Representantes dos técnicos-administrativos Representando o Câmpus

Chapa

Votos obtidos

Titular

Suplente

AP

CP

Héber David Dias

Thiago Fernando Mendes

62

118

Curitiba

Elsa Moreira

Vitor Reinaldo Bordignon

1

2

Curitiba

Marcelo Magrim

Thasiana Maria Kukolj da Luz 1

2

Curitiba

Rodrigo Deren Destefani

Carlos Augusto Pegurski

Guarapuava

Belmiro Marcos Beloni

Medianeira

Apucarana

CT

DV

FB

GP

MD

PB

PG

1

1

6

3

1

7

5

2

1

157

3

1

2

242

9

3

349 2

1

14

Resultado

LD

4

3

1

4

52 2

SH

TD

Total 202

2

171

8

365

4

1

288

Chapa eleita

1

4

7

1

255

Chapa eleita

152

3

1

28

231

Chapa eleita

1

2

Elton Moura Santos

40

2

80

7

1

2

Clóvis Ricardo Remor

Fabiana Aparecida Pansera

0

0

1

15

1

7 1

58

1

3

81

147

4

1

1

16

61

4

3

3

159

3

255

102

180

Londrina

Cassiano Andrade Silva

Daniel Zadra Luz

Pato Branco

Claudineia Lucion Savi

Claudia Nardin

Ponta Grossa

Gil Anderson Rodrigues

Cintia Aparecida Paião

Edna Marta Pelosi

Karina Heberle

Toledo

CM

2

1

73 2

4

3 11

11

58

2 21

1

35

3

1

21

42

82

213

Chapa eleita Chapa eleita

UNILA

UNILA: acordo de greve ainda não foi formalizado Os técnicos e técnicas da UNILA aguardam a formalização do acordo de greve firmado verbalmente com a Reitoria no final do último ano. Na ocasião, o atual reitor, Gustavo Vieira, bateu o martelo: todo o trabalho represado já foi reposto, não restando aos servidores e servidoras nada a compensar. A negociação é referente à greve da Fasubra de 2016. Os termos do acordo da greve de 2017 também foram postos à mesa e aprovados pelas partes. Agora, a categoria espera que a gestão oficialize os documentos. “A celebração do acordo foi muito positiva, mas queremos que ele esteja no papel”, afirma o técnicoadministrativo Warner Lucas, delegado de base que participou das rodadas de negociação.

Divulgação

Reitor assume compromisso com técnicos(as) em ato de encerramento da greve.


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EDIÇÃO 29 | JANEIRO 2018

SAÚDE DO TRABALHADOR

Ninguém fica ESTRESSADO de um dia para o outro Por Janaína de Azevedo Leão Rêgo, departamento de Saúde do Trabalhador do Sinditest-PR

O

estresse é uma defesa natural que nos ajuda a sobreviver, mas que a cronicidade do estímulo estressante acarreta consequências danosas para o organismo. Algumas destas consequências são conhecidas por todos nós, mas muitas vezes não as identificamos rapidamente e nem mesmo as associamos ao ambiente de trabalho e à vida privada. A dupla jornada, o acúmulo de pequenos problemas, as contas que muitas vezes não fecham e outros fatores contribuem para um aumento do número de adoecimentos. Adaptamo-nos, rapidamente e sem perceber ao ambiente causador de estresse e aos poucos aquilo que a mente não registra passa a se manifestar no corpo. São batimentos cardíacos acelerados, pressão arterial aumentada, pequenas dores que se intensificam com o tempo, como dores de

cabeça, dores nas costas, desânimo, insônia, aumento de consumo de álcool e outras drogas e por fim a exaustão. Todos estes fatores podem ser decorrentes do estresse. É necessário que cada indivíduo possa iden-

O acúmulo de pequenos problemas contribui para o adoecimento tificar e reconhecer quais são os seus limites, nem todos reagem da mesma forma no mesmo ambiente, mas certamente todos podem identificar fatores de risco no ambiente de trabalho. Se você tem um chefe que considera intransigente, busque ajuda com os seus colegas de trabalho, juntos todos podem encontrar uma solução sem que um só fique evidência.

Expor os problemas de forma coletiva, conversar abertamente com os colegas e com a chefia, pode evitar que todos do setor sejam prejudicados de uma forma ou outra bem como, pode evitar que o ambiente torne-se adoecedor. Duas perguntas são fundamentais para ajudar a identificar o adoecimento relacionado ao trabalho: Como está o seu Trabalho? Como você se sente no trabalho? A partir do momento em que é feita a identificação da causa do estresse ou dos fatores desencadeantes de qualquer sofrimento psíquico é necessário criar estratégias de enfrentamento, como por exemplo: aprender a administrar os problemas do dia a dia. Nem sempre a solução que será encontrada será a ideal, muitas vezes será a solução possível naquele momento. Em alguns casos a ajuda de um profissional torna-se indispensável. O Sinditest conta com um Serviço de Saúde do Trabalhador! Não deixe de nos procurar o quanto antes!

Principais manifestações apresentadas pelos trabalhadores: GERAIS

Insônia, “dor nas costas”, uso regular de bebidas alcoólicas, de maconha (cannabis) ou de tranquilizantes.

FÍSICA

Astenia (debilidade generalizada), dores abdominais, dores musculares, dores articulares, distúrbios do sono, distúrbios do apetite etc.

EMOCIONAIS

Irritabilidade aumentada, angústia, ansiedade, excitação, tristeza, choro frequente, sentimentos de malestar indefinidos etc.

COMPORTAMENTAIS Modificação dos hábitos alimentares, comportamentos violentos e agressivos, isolamento social, dificuldades para cooperar.

INTELECTUAIS

Distúrbios de concentração, distúrbios de memória, dificuldades para tomar iniciativas ou decisões etc.

Fonte: Cartilha para profissionais do Sistema Único de Saúde - SUS


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